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Surf Ribeira Grande: Intenções VII

Intenções – VII



Eleita em finais de Novembro, a 6 do mês seguinte, a nova Direcção vai (em peso) apresentar-se (e ao seu programa) à Câmara da Ribeira Grande. Só a 22 de Novembro de 2022 (com polémica à mistura) é que a AASB conhecera uma nova Direcção.[1] Porém, ainda que Filipe Mendonça - o Presidente -, e a sua equipa, se comprometessem a cumprir por inteiro o mandato de quatro anos, pouco menos de sete meses depois, pediriam a demissão.[2] Como é que uma associação tida (havia bem pouco tempo) como estável - com as contas limpas, com crédito e prestígio, permite a demissão de uma Direcção? [3] Para (tentar) explicá-lo de forma razoável (e convincente), há que ter (creio) em conta (certas) contradições inerentes (vindas de trás). A começar, havia um obstáculo conhecido de todos (de muito difícil solução): ‘Sabe-se que os desportos de ondas, pelas suas características e riscos associados, terão sempre um número limitado de praticantes, não sendo propriamente um desporto de prática fácil e de rápida aprendizagem como outros desportos ditos tradicionais.[4] Depois, havia (e há) a natureza inteiramente amadora da AASB quando (devido à complexidade do programa apresentado e às – normais -, exigências burocráticas dos apoiantes institucionais) já se exigiria (algum) profissionalismo.[5] E ainda: como poderia a Direcção promover (com sucesso) a angariação de mais praticantes se, no caso da Ilha de São Miguel, a formação dependia (quase) exclusivamente (da disponibilidade e da boa vontade) dos clubes/empresas cada vez mais (consequência do aumento do turismo) virados para a vertente da empresa?[6] Só (por conseguinte) levando em linha de conta esses obstáculos, se poderá (eventualmente) chegar a entender (em parte) a razão da demissão da Direcção.[7] No entanto, provavelmente, as razões decisivas, comuns às direcções anteriores, foram (bem) outras (remeto-vos para as notas). Estarão ligadas (até melhor prova) a falhas no seio da própria equipa directiva, a falhas da equipa directiva com (alguns) clubes, e vice-versa. Poderiam ter (alguns desses conflitos) sido resolvidos com mais tacto? A faúlha final (ou o pretexto final?) é atribuída à crescente falta de tempo disponível.[8] Diferente das direcções anteriores?

Quem é Filipe Mendonça (o novo Presidente da AASB)? Que vantagem dispunha (eventualmente) sobre o candidato da Lista A? Não consegui obter uma resposta que me satisfizesse por completo, confesso, todavia, terá sido por apresentar uma lista de continuidade e por ser filho da terra.[9]  Jovem engenheiro em início de carreira e surfista desde a adolescência, havia acumulado (alguma) experiência na organização de competições internacionais.[10] Pertencera à USBA, onde chegara a Vice-Presidente. Havia (ainda) participado na reunião (inicial) do Castanheiro que iria levar à criação da AASB, no entanto, como preferisse reactivar a USBA a criar (do nada) uma nova associação, afastara-se.[11] Mais tarde, porém, agradado com o rumo escolhido (entretanto) pela AASB e (extremamente) descrente do rumo que (no seu entender) esta tomaria, caso a lista B (a única até então apresentada) vencesse as eleições (sobretudo no pendor mais empresarial, assim a classificou), avança com a lista (A), (apanhando completamente de surpresa aquela outra lista). Dito isso, qual foi a proposta de Filipe e da sua equipa? Reforço do desporto federado em todas as ilhas, aumentando o número de atletas e praticantes, integrando mais clubes na AASB, dar mais visibilidade do desporto de ondas nas várias ilhas e trabalhando com as várias associações e clubes no sentido de apostar na formação de treinadores e juízes, bem como na formação e treino de atletas.’[12] Como seria isso possível? [13]Trabalhar em conjunto para fazer lobby junto das entidades regionais e patrocinadores para canalizarem parte do investimento que tem sido feito, para os escalões de formação e para a dotação de infraestruturas de apoio que permitam o desenvolvimento da atividade (ex.º edifícios de apoio para os atletas/praticantes guardarem material nas praias, zona de ginásio, duches, proteção contra a chuva e vento, apoio aos clubes para o transporte dos praticantes/atletas entre os estabelecimentos de ensino e os locais de treino, ATL ligadas ao Surfing, apoio à aquisição de material para famílias carenciadas, entre outros).Queriamprosseguir com o aumento do número de atletas, dirigentes, treinadores e juízes federados.O plano, apresentado em Novembro, viria a morrer no mês de Junho seguinte.[14] Seria o programa da lista A diferente do da lista B? Não sei.[15]

Que acontece (nesse entretanto) na capital do Surf? Pela primeira vez, a Direcção da AASB integrava elementos ligados à Cidade da Ribeira Grande.[16] Marco Medeiros (o responsável pelos nadadores-salvadores da Costa Norte e surfista divulgador das ondas gigantes da costa Norte) entra como vogal e José Moreira (piloto da aviação civil) entra como relator do Conselho de Disciplina. Vai (até) mais longe essa ligação. Francisco Faria e Maia (tesoureiro, formado em gestão de empresas e hoje profissional no sector das seguradoras) passava os verões nas Caldeiras da Ribeira Grande e nas Poças (Piscinas). Onde pela primeira vez se aventurou no bodyboard.[17] O próprio Filipe passava os verões nos Moinhos. Francisco Cabral de Melo morara na Ribeira Grande (passando verões nos Moinhos). Até Paulo Ramos (Sagão) trabalhava (ou já trabalhara) na Secundária da Ribeira Grande. Aparentemente, havia bons motivos para (esta) crer numa mudança favorável ao Surf da Ribeira Grande (e da Ilha). Para 2023, a AASB revelou à Câmara o seu calendário de provas.[18] Tão ou mais importante, foram as ‘questões logísticas relacionadas com o surf, na Praia do Areal de Santa Bárbara.’ A autarquia comprometeu-se a ‘continuar a cooperar com a AASB no reforço da marca ‘Capital do Surf,’ assim como nas respetivas atividades.[19] Nessa mesma reunião, ‘o projeto ‘Save The Waves,’ mereceu uma tomada de posição conjunta: ‘quer a Câmara Municipal, quer a AASB, reforçaram o seu compromisso e empenho para com o propósito ambiental do mesmo.’ Em finais de 2022, cinco anos após a revelação (ao público em geral) da onda da Viola, Marco Medeiros - já fazendo parte da Direcção da AASB -, revelara a onda gigante da ponta do Farol dos Fenais da Ajuda.[20] Era (seguramente) a maior dos Açores. Quanto (ainda) a ondas e à sua protecção (algo que deve ser sempre visto à luz da intenção - ainda não concretizada -, da candidatura da Ribeira Grande a Reserva Mundial de Surf), em finais de Novembro de 2023, no Teatro Ribeiragrandense, ‘a Portuguesa Surf Festival, em parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Grande, com a Associação de Surf da Terceira (AST) e com a Save The Waves Coalition,’ apresenta ‘uma mostra de cinema relacionada com a literacia sobre a proteção dos oceanos, das ondas e da sustentabilidade, da qual o surf é parte activa.[21] Voltando a 2023, na recepção à visita da ‘(…) Associação para a Formação, Investigação e Desenvolvimento Social dos Trabalhadores, sobre o teletrabalho e os desafios laborais que se colocam no pós-pandemia’ Alexandre Gaudêncio voltara a referir ‘a aposta na atração de nómadas digitais e na valorização da marca Ribeira Grande enquanto capital do surf.’[22] Na BTL, a autarquia (que entende a atracção turística de forma bastante abrangente) volta a colocar em grande destaque (além das provas de ilha e regionais) a aposta no Surfing: uma etapa do nacional de surf, o Allianz Ribeira Grande Pro e a World Surf League, com o Azores Pro.[23]

Prova (mais uma) de que as praias da Ribeira Grande eram essenciais ao surfing, vem no Edital de 1 de Junho da Capitania do Porto.[24] Dos 28 ‘corredores’ disponibilizados aos desportos ‘de deslize,’ 17 situam-se nas duas praias gémeas da Ribeira Grande: Santa Bárbara (8) e Monte Verde (9).[25] Enquanto se (re)confirma a (estreita) ligação entre as actividades no litoral e a (construção da) via litoral, em Junho desse ano de 2023, confirma-se o (renovado) empenho da autarquia pelo (marginalizado) Monte Verde. A autarquia ‘aprovou por unanimidade a nova unidade de execução do Monte Verde (…).’ A propósito dessa praia, André Rosa, surfista e arquitecto, que a conheceu bem de perto, deu lá aulas de surf, diz: ‘tem condições melhores ainda do que as de Santa Bárbara.’ Porquê? ‘Porque tem vários pontos de acesso. Está dentro da Cidade e está perto de tudo.’ Conclui: ‘Precisa somente de estruturas de apoio e de resolver o saneamento básico. [26] E diz ainda: São – no mundo inteiro -, poucas as cidades que têm dentro de si praias. Qualquer autarca do continente roer-se-ia de inveja do colega que tivesse uma praia dentro da sua cidade.O que propunha a unidade de execução do Monte Verde? ‘(…) Um novo acesso à zona litoral, através da rotunda do surfista, mas também (da) criação de novas zonas públicas como um amplo parque de estacionamento para a praia do Monte Verde e um parque urbano que servirá de apoio à praia e toda a zona envolvente.’[27] Ainda em Junho, ‘devido às condições do mar,’ a praia de Monte Verde foi ‘o local escolhido pela organização’ da Liga MEO Surf, o Allianz Ribeira Grande Pro 2023. A autarquia garantia que ‘as análises à qualidade da água são excelentes, pelo que é seguro fazer-se a prova naquele local.’[28] Informava (na mesma nota) que iria ser lançado até ao final do mês o concurso público para a requalificação de uma zona envolvente à praia do Monte Verde ‘pelo valor de 4,1 milhões de euros.’[29] Numa entrevista a um jornal da Ribeira Grande, Gaudêncio repetia (ainda) a intenção da autarquia em resgatar aquela praia: ‘(…) estamos a terminar as obras de saneamento básico da cidade que vai permitir limpar definitivamente aquela praia.’[30]

Mais uma boa notícia. Em Outubro, é inaugurado um ‘alojamento turístico para surfistas, o Surfin Azores, o novo Eco Surf Lodge localizado na freguesia da Ribeira Seca,’ algo que poderá vir a ter (bastante) impacto no futuro. Que é ‘o único surf camp desta empresa internacional nos Açores.[31] O Presidente (na ocasião) destacou (ou volta a destacar) a tentativa (entretanto já com algum sucesso) em atrair ‘nómadas digitais,’ adiantando um (novo) motivo adicional: ‘a abertura da Incubadora de Empresas da Ribeira Grande.[32]

Ora, se a autarquia (com a demissão da Direcção da AASB) tinha motivos para estar apreensiva, outro tanto teriam os pais da Ribeira Grande – que desejassem pôr os filhos no surf -, e os surfistas (da primeira e segunda levas).[33] Acusam os clubes/empresas: de só quererem ‘dinheiro.’ Acusam a autarquia e a ASSB: podiam fazer melhor.[34] Sei, de fonte segura, que (ambas) prometem (tentar) fazer mais. E criar um clube (de preferência escolar) de surf da e na Ribeira Grande?[35] Luís Melo conta que um dia, estando com Rodrigo Herédia a surfar na praia do Monte Verde, defronte da Vila Nova, Herédia lhe terá dito: ‘Não tardará muito a sair dali campeões.’ Será que (um dia) iremos lá chegar?

Café Lectus – Cidade da Ribeira Grande (continua)



[1] AASB, Acta da Assembleia Geral de 22 de Novembro de 2022:  A Lista A – de Filipe Mendonça -, venceu com 8 votos, contra 3 da Lista B, de Gonçalo Girão.

[2] Comprometendo-se, no entanto, a funcionar como Comissão de Gestão até ser encontrada nova Direcção. A qual, só viria a ser encontrada (após várias tentativas goradas) oito meses.

[3]A pouco mais de um ano de terminar o mandato, a Direcção que ia sair (e que apanhara em cheio com as restrições do Covid-19) procurou (activamente) encontrar quem lhe sucedesse. Entre outros possíveis exemplos, Aires sondou Sofia Brandão que após ponderar, declinou o convite, Benjamim sondou João Decq e Gonçalo Girão que aceitaram o desafio e formaram uma lista. Segundo consegui apurar, da lista faziam parte, Gonçalo Girão, empresário, que seria o Presidente, João Decq, artista plástico, Miguel Contreiras, professor de Educação Física, Pedro Amaral, enfermeiro, Pedro Correia, Bodyboarder. Praticavam surfing, eram federados mas nem todos pertenciam a clubes. Apresentaram (isso já confirmei) o seu projecto em Assembleia-Geral, com o qual, segundo fui informado (aguardo cópia do powerpoint para o confirmar), pretendiam ter mais atletas federados, fazer mais formação, criar uma estrutura associativa mais profissional e apostar nas competições. A reacção foi mista: houve quem saudasse o projecto mas houve quem ficasse de pé atrás. Filipe Mendonça achou que iriam subalternizar as provas regionais e avançou com uma lista sua. Deu (antes) conta dessa sua intenção aos Presidentes cessantes (Benjamim e Avelar). Tanto quanto pude perceber, haverá (eventualmente) dois outros motivos (talvez mais decisivos) para o aparecimento (e subsequente sucesso eleitoral) desta segunda lista, creio. A lista de Girão não partira dos clubes e isso criava um precedente indesejado numa associação de clubes. A lista de Girão não fazia segredo de que os clubes/empresas micaelenses eram (por estarem mais ocupados com a empresa) a causa de algum marcar passo. Dever-se-ia angariar mais sócios federados – também em S. Miguel – sobretudo em São Miguel (como fez muito bem o André Avelar na Terceira). A continuar a situação, os votos da Terceira também decidiam o rumo da AASB. O ‘buraco’ estatutário que permitia (numa associação de clubes) freesurfers federados sócios da AASB passarem por cima dos clubes, iria ser a seu tempo corrigido. No fundo, não encontro diferenças intransponíveis entre as duas listas, então porque razão se preferiu uma a outra? ‘Votámos na lista do Filipe porque lá estava o Benjamim, o Marco e outros que conhecíamos. Ao Filipe conhecia o seu trabalho do WSL com o Rodrigo Herédia. Dava-nos garantia de continuidade. A do Girão era-nos desconhecida.[3] Foi tida também em conta (segundo apurei) as personalidades distintas de quem encabeçou as duas listas. 

[4] Arquivo da AASB, de Filipe Mendonça, Apresentação e Plano de Actividade para 2023, Ponta Delgada, Fevereiro de 2023

[5] Tanto mais que os parceiros institucionais (com quem era disposto dialogar) exigiam (legalmente) crescentes (e complexas) burocracias. Só talvez com algum profissionalismo, seria isso (eventualmente) possível.

[6] O ano de 2023 bateria todos recordes dos últimos vinte anos) mais absorvidos pela vertente empresarial. Ou seja, a questão de quem elege a AASB: também os sócios individuais ou só os clubes/empresa. Ou seja, a questão de quem elege a AASB: também os sócios individuais ou só os clubes/empresa.Questão que, devido ao sobressalto eleitoral, iria ser resolvida (ou adiada) numa assembleia-geral após a demissão da Direcção.

[7] Filipe na sequência da Assembleia-geral do dia 13 de Junho de 2023, que fora marcada em 26 de Maio, cuja ordem de trabalhos não denunciava a verdadeira gravidade do assunto. Arquivo Digital da AASB, Convocatória para Assembleia-Geral (ordinária), pelo Presidente, André Avelar, datada de 26 de Maio de 2023: ‘Marcada para o dia 13 de Junho. A realizar no Corpo dos Bombeiros da Ribeira Grande. Ordem de trabalhos: Aprovação do Relatório e Contas do ano de 2022; Esclarecimentos sobre o Campeonato Regional de Surfing 2023 (etapa da Graciosa); outros assuntos. Henrique Linhares, Entrevista Surf. Filipe Mendonça presidente da AASB, Açoriano Oriental, 23 de Maio de 2023, p. 20. E no entanto, havia problemas graves por resolver, que esperava poder ultrapassar na Assembleia-Geral de 13 de Junho. O que se passou que tenha levado a Direcção a pedir a demissão? AASB, Arquivo de Filipe Mendonça, Carta endereçada ao Presidente da Assembleia-Geral, André Avelar, 13 de Junho de 2023. Filipe Mendonça explicara-o de viva voz na Assembleia-Geral, porém, na carta datada daquele mesmo dia 13, e endereçada a André Avelar, Presidente da Assembleia-Geral, e aos sócios da AASB, dando a entender que o havia explicado, como razão apenas alega: infelizmente (…) atualmente não se reúnem as condições para continuar a desempenhar as funções para as quais fomos mandatados.’ Até porque, apenas três dias antes da nota de convocação da Assembleia-Geral, Filipe Mendonça dera uma entrevista a um jornal local, na qual não se vislumbra qualquer sinal de pedido de demissão.

[8] A cada vez maior exigência da vida profissional e familiar de cada elemento da direcção. Até que ponto isso (que seria comum a outras direcções) seria motivo inultrapassável? Não sei. Testemunho de Filipe Mendonça, 29 de Fevereiro de 2024. Nós que não estivemos presentes na Assembleia-Geral, querendo saber (para dar a conhecer a quem lá não esteve) o que (aí) alegou em concreto para fazer o pedido de demissão, e para que o aceitassem, fizemos-lhe a pergunta há dias:Começou com uma desavença na etapa da Graciosa. Houve um choque. Fiquei praticamente sozinho. Tive reuniões em que ninguém apareceu. Estavam todos – e eu também -, muito ocupados com as nossas vidas. Os relatórios (a estrutura estava pré-feita) mas o Tesoureiro atrasava-se de completar os pormenores necessários. Os clubes queriam mais dinheiro para as provas. Para antecipar o dinheiro que vem (e tarda em vir) do Governo Regional, não se devia mexer no fundo de maneio que servia de tábua de salvação. Não conseguia e pedi a minha demissão.’ Testemunho de André Avelar, 6 de Março de 2024. Versão de André Avelar, Presidente da Assembleia-Geral: ‘A falta dos relatórios. Esse foi o motivo central. Não nos enviava os relatórios, nem atendia o telefone. E era necessário por motivos burocráticos. Testemunho de António Benjamim, 29 de Fevereiro de 2024. Mas conseguiu-se o compromisso de formar uma Comissão de Gestão até ser encontrada a solução. Acrescentou. A versão de António Benjamim, anterior Presidente, vogal desta nova Direcção, vai a mais pormenores: ‘A Direcção do Filipe – de acordo com os clubes – só clubes -, e os outros - clubes/empresas -, chegara a um entendimento que seriam estes a organizarem as provas. Ora, quem as promovia, teria - por conseguinte -, de apresentar os relatórios. Nos quais consta a explicação das actividades e despesas. Como o não fizessem (não sei se todos ou só alguns) a Direcção – após dar um prazo -, demitiu-se na Assembleia-Geral do dia 13 de Junho de 2023.’

[9] Girão, segundo Filipe, queria (além de outras coisas) profissionalizar a AASB e dar menos importância às competições regionais, alarmado telefona a Benjamim diz que vai avançar com uma lista e convida-o a fazer parte dela. Faz o mesmo a André Avelar. Para a direcção Filipe vai buscar gente da sua geração: Francisco Faria e Maia para tesoureiro e João Sequeira de Medeiros para seu Vice (Advogado – 41 anos). Hoje têm 42 anos ou a caminho de fazê-los. Depois, integrou os senadores: Benjamim (na Direcção); Luís Miguel Silva Melo, Presidente do Conselho Fiscal; Francisco Cabral de Melo, vogal do Conselho de Disciplina. André Avelar na Presidência da Assembleia-Geral. Esse equilíbrio (obviamente) agradou tanto aos clubes como aos senadores, no entanto, desagradou a quem queria romper com isso. A exemplo do que acontecera na formação das listas anteriores, pretendeu equilibrar a renovação (incluindo gente da sua geração) acrescentando-lhe (porém) uma garantia de continuidade (incorporando senadores da AASB - fundadores e anteriores presidentes).

[10] Fazia parte da AAS (Atlantic Action Sports) organizadora das provas internacionais que abrindo os Açores ao Mundo do Surf, haviam (na passada) aberto o caminho à formação de empresas na área (e não só).

[11] Em parte, também por incompatibilidade com alguns dos participantes. Segundo me disse.

[12]Tanto quanto (me foi, até ao momento, possível ver), será uma proposta que em pouco divergirá da de Girão (mas falta confirmar).

[13] Apesar dos investimentos feitos até então pela ‘Direção Regional do Turismo e pelas Autarquias na realização de eventos nacionais e internacionais,’ algo que reputam de muito positivo. Como alterar essa situação? ‘o investimento nos escalões de formação e nas estruturas de apoio (era) insignificante ou nenhum. Daí resultar, continuam, ‘ser o número de atletas açorianos com nível competitivo para poder representar a região num evento nacional, internacional ou até no campeonato nacional de esperança, muito reduzido (cerca de 6), com resultados muito fracos, sendo eliminados na maioria das vezes na primeira ronda da competição.

[14] Era esse plano (muito) diferente do apresentado pela lista concorrente? Tanto quanto sei, aparentemente não divergiria tanto assim. Cf. AASB, missiva de André Avelar para Gonçalo Girão, 24 de Novembro de 2024: ‘tinha – segundo António Benjamim -, um perfil adequado pela minha visão experiência pessoal/profissional e conhecimento da indústria do surf para fazer crescer a AASB e captar investimento.’

[15] Aguardo que alguns elementos me facultem o Powerpoint apresentado ou outro documento.

[16]Só quem não conheça o espírito orgulhoso e independente da Ribeira Grande, poderá achá-lo um capricho ou uma bizarria. É provável que, sendo Capital do Surf, em que a Câmara apoiava a modalidade como nenhuma outra da Ilha, local da realização das Assembleias-Gerais da AASB, palco das principais provas (oficiais) e local (de grande parte dos) dos treinos da modalidade, que Filipe Mendonça quisesse rodear-se de elementos da Ribeira Grande.

[17] Francisco Faria e Maia (que depois aprendeu o surf com Luís Melo – outro com ligação privilegiada à Ribeira Grande – pois fez a pré e a primária na Ribeira Grande, onde a mãe leccionava) mais o Filipe foi ajudar o Luís Melo no projecto de Rabo de Peixe. (juntamente com os Pilão, Tiaguinho, e outros daqui que por lá também andavam)

[18]quatro provas na Praia do Areal de Santa Bárbara: duas provas no âmbito do campeonato regional, uma prova da Taça Açores e outra integrada no circuito da ilha de São Miguel.

[19] 07/12/2022: https://www.cm-ribeiragrande.pt/associacao-acores-de-surf-e-bodyboard-recebida-na-camara-municipal-da-ribeira-grande. Por ser de extrema importância e (inequivocamente) de interesse mútuo: ‘Por ambas as entidades, foi salientada a importância do Surf na educação e formação dos mais novos, na promoção da sustentabilidade e preservação do meio-ambiente, assim como a relevância da modalidade na atração de turistas e praticantes à Ribeira Grande.

[20] Correio dos Açores, 14 de Dezembro de 2022, p.18: Na costa Norte de São Miguel, Marco Medeiros surfa a maior onda dos Açores na ponta do farol dos Fenais da Ajuda. Fê-lo ao lado de Sebastian. Cinco anos antes, 2017, havia sido a onda da Viola surfada por João Macedo.

[23] 06/03/2023: https://www.cm-ribeiragrande.pt/ribeira-grande-apresenta-calendario-de-eventos-para-2023 . (além de outras realizações, como o TREMOR, o MEO Sound Route, a Festa da Flor, a Feira Quinhentista, o RFM Beach Power, o MEO Monte Verde Festival, o Azores Burning Summer, as Cavalhadas de São Pedro, Ecologic Trail Run Azores, Wine in Azores.

[24] Feito para cumprir a lei, teve, na sua elaboração a colaboração da AASB e o parecer da Câmara da Ribeira Grande, entre outras entidades.

[25] https://www.amn.pt/DGAM/Capitanias/PontaDelgada/Paginas/Capitania-do-porto-de-Ponta-Delgada.aspx: ‘Pópulo 1; Milícias 4; São Roque 1; Monte Verde 9; Areal de Santa Barbara 8; Água D’Alto 5.’ Escusado será dizer que, a (muito) breve trecho, se a isso somarmos a prática de parapente, isso irá causar graves perturbações em Santa Bárbara e Monte Verde. O que equivale a 61% do total da Ilha. Mas se tivermos só em consideração as praias do Pópulo (1), Milícias (4) e São Roque (1), a superioridade (ou no caso, a dependência) ascende aos 73%.Se aquelas praias estão mais desafogados, devem-no ao ‘aperto’ (sobretudo) da praia de Santa Bárbara. Como será quando o saneamento básico e o passeio atlântico tornarem mais frequentada a do Monte Verde? E (se se concretizar sem grandes atrasos) esse tempo não andará longe.

[26] Testemunho de André Rosa, 24 de Outubro de 2023

[28] Apesar de a Câmara aumentar a sua participação, não se realizou por falta de apoio suficiente por parte do Governo Regional a prova internacional habitualmente organizada pela AAS (Herédia, João Aranha, Filipe Mendonça).

[29]22/06/202: https://www.cm-ribeiragrande.pt/liga-meo-surf-e-determinante-para-a-afirmacao-da-ribeira-grande-capital-do-surf. Trata-se do troço compreendido entre a travessa da rua do Estrela e o Moinho da Areia (agora alojamento local). Foi lançado, sendo o resultado do concurso impugnado. Aguarda novo concurso. Por exemplo: Macedo, Jorge, A Frente-Mar da Ribeira Grande, Açoriano Oriental, 29 de Junho de 2023, p. 13. A falta de investimento da Região, suscitou uma intervenção pública dos autarcas locais (de todas as sensibilidades partidárias) no dia do aniversário da Cidade. E contou com artigos na imprensa (de elementos destacados do poder regional).

[30] Audiência Ribeira Grande, 10 de Agosto de 2023, p.14.

[31]Tem como objetivo oferecer aos visitantes experiências diversificadas, tais como aulas de surf e skate, tours pelos ex-líbris da ilha e experiências gastronómicas com produtos locais.

[33] Testemunho de Filipe Mendonça, 17 de Dezembro de 2023: ‘Recebi este ano de 2023, na AASB, da Escola da Maia, um pedido para a escola do Xolim. Ao abrigo do tal protocolo.’ No curto período em que a Direcção liderou a AASB, houve um pedido solitário de um aluno da Escola da Maia (não sei se se concretizou) para aproveitar o protocolo entre a Câmara e a Escola de Ricardo Xolim.

[34] A opinião dos que fazem parte de outros universos desportivos, acha que não compete à Câmara fazê-lo. E se o fizesse teria de fazer igual para todos os desportos.

[35]Como a partir de Agosto de 2023, a tentar perceber o impacto do Surfing no desenvolvimento da Ribeira Grande, tenho vindo a publicar artigos sobre o litoral concelhio da Ribeira Grande, dos quais sete totalmente dedicados à relação do Surf com a Ribeira Grande, além de observador participante, envergo a camisola do agente de mudança. Essa é a minha proposta, que fui lançando (como direi melhor no próximo trabalho) à medida que ia falando com uns e outros. Isso logo em Agosto. Nos Bombeiros da Ribeira Grande? Ou no Clube Desportivo da Escola Secundária da Ribeira Grande? Sem excluir a primeira hipótese, apostaria a fundo na segunda porque a escola abrange todo o universo concelhio.

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