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ATÉ SEMPRE!










Até sempre!

 

Nas terceiras eleições autárquicas da era democrática, Fernando Monteiro volta à Câmara. Em 1983, de sete vereadores, o PS elegeu dois: Ele e Daniel de Sá.[1] Estaria a maioria (PSD) mesmo interessada em pôr fim ao ‘enguiço’ da piscina da Eira? E disposta a ter Monteiro como parceiro? Vamos ver? A 3 de Janeiro de 1983, tomam posse. A primeira oportunidade surge em Fevereiro. Vai à reunião ‘um Estudo para a Piscina Municipal, elaborado pelo Sr. Arquitecto Agria, da Direcção Regional da Habitação, Urbanismo e Ambiente da Secretaria do Equipamento Social.’[2] Apesar da acta não o dizer, arrisco a dizer que foi a resposta a um pedido da vereação anterior. E que o projecto abordou a arquitectura da piscina e sua envolvente. Mas quais? Não se diz. Fosse o que fosse, foi – em parte ou no seu todo -, posto em prática? Não se sabe. Antes de ir mais além nesta narrativa, chamo-vos à atenção para o seguinte: a Câmara, ao mesmo tempo que pretendia terminar a piscina, pretendia remodelar as Poças e (caso raro então) dar algumas condições (ainda que mínimas) à Praia [Monte Verde].[3] Sete dias depois da reunião em que se discutiu o projecto de Agria, o Presidente Artur Martins (PSD), a quem Monteiro mais tarde reconhecerá ter tentado resolver a questão da Piscina, incluía a piscina Municipal e a Praia da Ribeira Grande [Monte Verde] na sua proposta ‘de sinalização de locais turísticos do Concelho.’[4] O que concluir daqui? Que estava tudo bem com a piscina? Não. Ou que nem tudo ia bem mas que em breve se estaria? É o mais provável. 

Dito isto, foi a piscina aberta em 1982? Poderá ter estado aberta, mas, se foi aberta, terá causado alguma dor de cabeça à Câmara. O seu calcanhar de Aquiles era (e seria) a renovação da água. Porque digo isso? Porque, veja-se, em Abril de 1983, a Câmara desiste da água do mar (como fonte de abastecimento da piscina) e vira-se para a água doce. Antes de o fazer, precisava de saber onde ir buscar a água doce. Para isso, a vereação, presidida por Artur Martins (PSD), a uma só voz, incumbe Monteiro de encontrar ‘uma rápida solução de funcionamento da piscina.’ Na reunião de 28 de Abril, Monteiro (entusiasmado) informava a Câmara das suas diligências. Recebera ‘o técnico da COBA (Lisboa).’[5] O que lhe havia ele dito? Não se sabe. O que disse à Câmara, infelizmente, para nós, não ficou registado em acta, a acta apenas diz que ‘provavelmente dentro de uma semana (este: arquitecto da COBA) apresentará um cronograma de acções e no prazo o estudo que lhe foi solicitado.’[6] O que enviou depois o técnico da COBA? A acta da reunião, mais uma vez, não nos esclarece, aí apenas se diz: ‘proposta para elaboração do Projecto para concurso da captação de água para a piscina municipal.’ A resposta da Câmara não foi imediata, prudente, ‘antes de tomar qualquer decisão,’ pediu uma segunda opinião: ‘ao Sr. Doutor Victor Hugo Forjaz.’ Para quê? Uma opinião acerca ‘da viabilidade do pretendido.’[7] Ou seja, da captação da água doce. A 21 de Julho, Forjaz mandava a sua opinião: ‘O plano do COBA deve inserir uma análise geoelectrica convenientemente explícita no sentido de se saber se realmente há água na zona onde se vai executar o furo (…).’ Aproveitava para oferecer os serviços do Departamento de Geociências ‘(…) pela quantia de um milhão, cento e sessenta e seis escudos (…).’[8] A Câmara (inteira) continuou a confiar em Monteiro, desta vez, confia-lhe uma nova missão: pede-lhe para ‘(…) no prazo de quinze dias, contactar com o Senhor Engenheiro Vieira e o Doutor Hugo Forjaz, tendo em vista a análise do abastecimento da piscina com água doce e comparação dos respectivos custos para ulterior informação à Câmara.’[9] Na sequência disso, a 11 de Agosto, Forjaz apresenta uma proposta de contrato em cinco pontos entre o Departamento e a Câmara.[10] A Câmara concordou.

Em 1983, a piscina abriu? Se abriu, continuou a dar problemas sérios. Em finais de Outubro de 1983, um técnico municipal de arquitectura, dizia duas coisas: não havia ainda bomba nem local seguro para a instalar.[11] Mais dizia. Além da bomba e da construção do seu resguardo, era necessário resolver três questões essenciais: a maquinaria de filtragem (imprescindível), a alvenaria da piscina (aconselhava a azulejá-la) e a as estruturas de apoio (referia-se a balneários e sanitários).[12]  Chegou a ser feito alguma coisa disso? O que foi feito em 1984? Na reunião de 6 de Junho, vê-se que a Câmara esta a fazer alguma coisa a esse respeito: quer preparar com todo cuidado o futuro da piscina. Quer uma água da piscina livre de elementos bacteriológicos (patológicos). À cautela, antes de captar a água ‘de rega das Gramas (…),’ manda analisá-la. Nessa reunião, são conhecidos os resultados das ‘análises bacteriológicas.[13] A água encontrava-se ‘(…) bacteriologicamente imprópria e quimicamente não contaminada.’ Perante esse resultado, deu ordens ‘ao Gabinete Técnico para (…) (proceder ao seu) tratamento quando da futura ligação à piscina.’[14] A piscina, ainda não abastecida com água da rega, nem tratada, terá aberto em 1984? Abriu. E em 1985? Funcionou. Com lacunas. Era o último ano da vereação eleita em Dezembro de 1982. Quando foi feita a ligação à água das Gramas? Talvez ainda a tempo do Verão de 1985? A 8 de Maio de 1985, vendo aproximar-se as Festas do Feriado Municipal, bem como a época balnear, Monteiro está bastante apreensivo. Diz ele: ‘na perspectiva de uma intensa actividade desportiva com base na Piscina Municipal,’ prova de que a piscina abrira, em 1984, propõe ‘que os diplomas de presença e de aproveitamento do curso de natação levado a efeito ao abrigo do programa OTL/84 [na piscina ou nas Poças?].’[15]

E em 1986? Abriu? Entretanto, houve novas eleições (para o quadriénio de 1986-1989) e o novo Presidente era Hermano Mota (PSD). Pertencera ao Círculo dos Amigos. Pela segunda vez consecutiva, Monteiro perde. Apesar disso, reduz a distância para o primeiro lugar. Consegue um terceiro vereador para o PS.[16] Neste segundo mandato, porém, a relação aberta, quase de igual para igual, que mantivera com a anterior maioria, vai mudar. Torna-se tensa. Conflituosa. À espera das obras prometidas que tardavam a chegar, Monteiro perdia as estribeiras. Furioso, intervém na vereação de 2 de Maio de 1986: ‘Quando acabará o enguiço!’ Aponta o dedo acusador ao ‘Gabinete Técnico por não cumprir as deliberações desta Câmara concernentes à funcionalidade da piscina.’ E atira a culpa ao topo do topo, desconfiando ‘da vontade política desta Câmara em não proporcionar com a rapidez e oportunidade necessárias a por em pleno funcionamento uma estrutura imprescindível ao apoio e dinâmica desportiva deste tão carente concelho.’ Em resposta, o Presidente Mota ‘esclareceu o Senhor Vereador que a piscina está cheia e a funcionar.’[17] Funcionou mesmo? Com os problemas resolvidos? Só para inglês ver? E, em 1987? E em 1988? Foi feito o que fora prometido? Não. Deu problemas? Deu. A água, que já era a água doce da rega das Gramas, sem tratamento, ou com tratamento mas insuficiente, ao cabo de quinze dias estava totalmente incapaz. Pela sua dimensão e profundidade, a piscina era ‘um autêntico monstro.’[18] Difícil de abastecer. O que se poderia fazer? Reduzi-la. Com essa ideia na manga, prático, Dinarte Miranda, vereador do Pelouro, convence os colegas da Câmara a irem consigo às ‘Poças’ e (à) piscina municipal (…).’ Ali ‘apresentou (…) o (seu) plano de melhoramentos a efectuar nos respectivos pólos.’[19] O que propôs para piscina? Eliminar a torre de saltos e entulhar o poço de saltos.[20]  Deu certo? Melhorou, sim, mas, não acabou com os problemas da piscina. Havia outros?

Canto de Cisne. Na reunião do dia 14 do mês de Julho de 1989, a escassos meses de novas eleições autárquicas, às quais Monteiro não se recandidataria, cansado, desiludido e (quem sabe?) talvez já acusando os primeiros sintomas da doença que o vitimaria dali a cinco anos, Monteiro arremete, furioso, com o seu DESABAFO FINAL: ‘Nunca na vida de um homem público uma coisice pública como a problemática da Piscina da Ribeira Grande gerou tanta polémica e enorme inércia na sua solução.[21] Repete a acusação de há três anos: culpa o presidente, o anterior - concedia -, ainda tentara, e o Gabinete Técnico (que agia às ordens do Presidente). Não existiam piscinas como as da Eira por esse mundo fora? Era o que não faltava. E funcionavam na perfeição. Era perseguição política. Acusava. Em abono da verdade, a ideia das Poças, vinha já da década de sessenta. Perdera apenas fôlego quando a Eira fora escolhida em 1971. Mas não morrera. A partir de 1987, a cada falhanço da Eira, a opção Poças renascia. Não admira pois que, poucos meses após a nova vereação ter tomado posse, em Maio de 1990, já sem Monteiro, mas com o mesmo Presidente, a Câmara (com dinheiro de uma Secretaria Regional) já encomendara um projecto para obras nas Poças (entre as quais uma piscina).[22] Na verdade, não houve projecto. Facto que levou a vereação socialista a contestar (não a localização) mas a obra (sem projecto).[23]

 

Querem ajudar-me a pensar? Por que razão (ou razões) o que fora decidido pela vereação (PS e PSD) nunca chegou a ser feito? Razões emocionais, racionais de cálculo (político)? De tudo um pouco? Havia um projecto votado por todos mas não havia dinheiro. Para conseguir o financiamento, a Câmara (através do seu Presidente) tinha de o pedir ao Governo Regional (PSD). Certo? Se assim foi, por que razão o Governo Regional deu dinheiro para a piscina das Poças e não deu para completar a obra da piscina da Eira? Por razões técnicas? Na Eira era só concluir o que faltava. Ou não era bem assim. Dizem os defensores das Poças. Por razões económicas? Era mais barato terminar a Eira. Ou não era bem assim. Dizem ainda os das Poças. Razões logísticas? O mesmo. Então, em que ficamos? Razões partidárias? A Câmara e o Governo Regional eram da mesma cor política (PSD). Estava-se em vésperas de eleições autárquicas. Terá sido essa a razão? Ou não foi bem assim. Os do PSD, negam a acusação. A escolha não teve nada a ver com isso. Porém, não era então nada fácil militar num partido que não fosse o PSD. Um coordenador concelhio do PS, da altura, confessou-me (já há anos) que não conseguira entregar a tempo as listas do PS às II autárquicas porque ‘as pessoas contactadas receavam vir a ser prejudicadas.’[24] Razões pessoais? Monteiro era uma pessoa humilde. Mas, o seu percurso político ziguezagueante (fora da UN, independente do CDS, agora era militante do PS) servia de arma de arremesso. A piscina da Eira incompleta (obra dele) seria sempre um argumento a usar contra ele? Era. E a sua postura (muito) teimosa? De alguém que sabia tudo? Também. Monteiro não foi Presidente. Foi vereador do partido minoritário. Numa altura em que o PSD dominava (na autarquia e na Região). Bastava não querer. Monteiro sabia-o. Como o sabiam os três vereadores do PS eleitos em 1989, já depois da saída de Monteiro. Foi assim? São apenas indícios, não provas duras, eu sei. Mas é o que zoa.

Seja qual for a razão ou razões, e haverá razões de parte a parte, a favor ou contra, estou convicto de que não será controverso dizer-se que o projecto inicial de 1971, de Monteiro e dos seus pares, para promover o Desporto na Ribeira Grande, apostando na construção de uma piscina para competições e num gimnodesportivo com tanque de aprendizagem de natação, só se concretizaria (em parte) em 2005 (nas Poças, pela Câmara PSD de António Pedro Costa) e, em pleno, em 2012 na piscina Viriato Madeira (pelo Governo Regional PS). E o gimno-desportivo (sem tanque de aprendizagem, mas com bancada) só em 2002 (pelo Governo Regional PS). Monteiro, do seu nome completo, Fernando António Monteiro da Câmara Pereira (n. 24-09-1935 – Vila do Porto – f. 02-07-1995 Angra do Heroísmo) não assistiu a nada disso. Faleceu em 1995. Aos 59 anos. Saíra da Câmara cinco anos antes. E pouco depois de sair, ou pouco antes de sair, era já roído por uma doença degenerativa. [25] Está sepultado em Vila Franca do Campo. Esta é minha História da piscina da Eira. E a tua?

NANA CAFÉ – Cidade da Ribeira Grande

 



[1] AMRG, Vereação de 2 de Janeiro de 1983, 1982-1983, Livro N.º 105, fls. 98 v. -99. Para o triénio de 1983 a 1985, foram eleitos, como Presidente, Artur Martins (PS) que já vinha da primeira vereação, como vereadores eram, o amigo e colega do Círculo dos Amigos, Ezequiel Moreira da Silva (PSD), que fora Secretário Regional da Agricultura e Pescas, Daniel de Sá (PS), António Bairos (PSD); Carlos Furtado (PSD), Abílio Baptista (PSD).

[2] AMRG, Vereação de 10 de Fevereiro de 1982, 1981-1982, Livro N.º 103, fl.130. À altura, era Secretário da pasta o engenheiro João Bernardo Pacheco Rodrigues, no entanto, em Abril viria a ser substituído pelo engenheiro Vítor Macedo. Como reagiu a Câmara ao estudo? ‘Tomou conhecimento e deliberou por unanimidade agradecer àquela Direcção Regional a elaboração de tal estudo.’

[3] Vereação de 9 de Fevereiro de 1983; Vereação de 18 de Fevereiro de 1983: Acerca desta proposta a CMRG deliberou encarregar a secção de obras na medida do possível melhorar o recinto; Vereação de 26 de Outubro de 1983: O Técnico de arquitectura propõe algo sobre a obra de melhoramentos nas Poças. Sobre uma proposta de um vereador. A CMRG pede planos; AMRG, Vereação de 12 de Janeiro de 1983, 1982-1983, Livro N.º 105, fls. 106 - 108 v.; AMRG, Vereação de 9 de Fevereiro de 1983, 1982-1983, Livro N.º 105, fl. 163 v. – 164; AMRG, Vereação de 18 de Fevereiro de 1983, 1982-1983, Livro N.º 105, fl. 186.

[4] AMRG, Vereação de 17 de Fevereiro de 1982, 1981-1982, Livro N.º 103, fls.133-133v. Em companhia da ‘Lagoa do Fogo, Caldeiras, Palheiro, Lombadas, Miradouro de Santa Iria, Praia dos Moinhos, Praia de Santana, Arcano, Casa da Cultura, Fábrica de Licores maracujá e Fábrica de Chá Gorreana.’ A Câmara concordou.

[5] ‘(e) acompanhar(a) o trabalho (…),’ deste. Haviam colaborado com ele, ‘no trabalho, de sexta a segunda-feira seguinte, o engenheiro António Vieira, o funcionário Eduardo Maré (…).’

[6]AMRG, Vereação de 28 de Abril de 1983, 1983, Livro N.º 106, fls. 80-80v. A Câmara tomou conhecimento. A proposta, prometida pela ‘Empresa COBA - Consultores para obras, barragens e planeamento, Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada, com sede em Lisboa,’ não levou uma semana, mas não levou assim tanto tempo, datada de 19 de Maio, deu entrada na vereação de 30 de Maio.

[7] AMRG, Vereação de 30 de Maio de 1983, 1983, Livro N.º 106, fls. 123 – 123 v.

[8] ‘(…): Adicionalmente podemos realizar todas as tarefas de assistência técnica necessárias para um cabal cumprimento da vossa empreitada. A validade da proposta era ‘de sessenta dias podendo os trabalhos arrancar quinze dias após a vossa eventual adjudicação.’ Podia fazer o mesmo serviço do Coba, mantendo o elevado nível técnico dos trabalhos da COBA, por um preço mais baixo.

[9] AMRG, Vereação de 21 de Julho de 1983, 1983, Livro N.º 107, fls. 1- 1v.

[10] Os trabalhos, obedeceriam a um cronograma determinado: O ‘Estudo geológico de superfície – oito dias; a campanha geoelectrica do nosso subempreiteiro geocontrole – quinze dias; a Execução dum furo preliminar (com martelo da Câmara Municipal da Ribeira Grande) – sete dias; a Elaboração de análises do projecto definitivo e de consultas a fornecedores – cinquenta dias; Total – Oitenta dias (…).’ ‘O início dos trabalhos será de oito dias após a vossa adjudicação. Cito os objectivos: ‘(…) Fornecer (…) um estudo hidrogeológico da zona da piscina municipal, acompanhado dum projecto de captação de água (eventualmente através de um furo de bombagem); Colaborar (…) na aquisição da central de bombagem e na fiscalização das operações de captação de água, incluindo testes finais (…).’ A validade da proposta tinha a duração de sessenta dias.’ ‘A Câmara deliberou, por unanimidade, aceitar a proposta da Universidade dos Açores para o estudo de Bombagem da piscina Municipal designando a Secção Técnica para apoio e acompanhamento da elaboração deste projecto.’ AMRG, Vereação de 11 de Agosto de 1983, 1983, Livro N.º 107, fls. 18-19.

[11] Fora do problema da bomba que está a ser estudada pela Câmara temos de prever um sítio adaptado para a sua implantação, conforme as normas técnicas desta máquina e que garantem a sua conservação e protecção, tomando por linha de conta que a instalação actual não oferece condições mínimas.

[12] AMRG, Vereação de 26 de Outubro de 1983, 1983, Livro N.º 107, fl. 113. Quanto à piscina em si mesma, apesar de ter sempre levantado ‘dúvidas (…). Para a pôr em funcionamento será preciso resolver três pontos.’ Quais? ‘Maquinaria de filtragem. - Sem conhecimento de informação respectiva a esse assunto, suponho que este equipamento está em estado de funcionamento Aquando da minha visita, as instalações tinham um bom aspecto de conservação; Alvenaria da piscina. Fui informado pelo encarregado que a piscina está a perder água o que implica a renovação do reboco dentro das normas habituais deste tipo de trabalho. No entanto aconselho um revestimento com azulejos que resolve definitivamente este problema; Estruturas de apoio à piscina. No estado actual das instalações ligadas à piscina, verifica-se uma carência de estruturas de apoio, como instalações sanitárias, barracas e eventualmente um serviço de bar nas mesmas condições que para as Poças. Ao mesmo tempo, o valor paisagístico, do cenário, rochas e vegetação devia estar protegida e melhorada a fim de proporcionar um ambiente agradável ao público.’ Reconhecendo que a piscina representava ‘uma estrutura muito importante no âmbito de uma política de desenvolvimento turístico desta cidade,

[13]ao Laboratório de Química Aplicada de Ponta Delgada, da Secretaria Regional do Comércio e Indústria.

[14] AMRG, Vereação de 6 de Junho de 1984, 1984, Livro N.º 110, fls. 127-127 v.

[15] AMRG, Vereação de 8 de Maio de 1985, 1985, Livro N.º 112, fl. 47 v. ‘e que cobriu catorze instruendos sejam entregues aos referidos naquela oportunidade com base num programa em que sejam evidenciadas as pedagogias adquiridas pelos monitores aprovados. AMRG, Vereação de 24 de Abril de 1985, 1985, Livro N.º 112, fl. 25 v.; ‘Vedação da piscina Municipal. Processo 156. Em resposta ao ofício destes Serviços 667 sobre o assunto em referência, recebeu-se da Direcção Regional do Emprego e Formação Profissional, ofício 259, de 12 de Abril, informando não ser possível satisfazer o pedido desta Câmara por não dispor de verbas para adquirir madeira destinada à obra. Como já tinha dito pelo telefone ao Presidente.’ Acabaria por fazê-lo, como o recordo e como me recorda uma fotografia da época.

[16] AMRG, Vereação de 2 de Janeiro de 1986, 1985-1986, Livro 114, fls. 60 - 60 v. Dinarte Miranda (PSD), António Pedro Costa (PSD) (que seria mais tarde Presidente), Hélio Cabral (PS), José Luís Pontes (PSD) (que fizera parte da Comissão Administrativa) e Emanuel Martins (PS), irmão de Artur Martins, eram vereadores.

[17] AMRG, Vereação de 2 de Maio de 1986, 1986, Livro N.º 115, fl. 106: ‘Não gostaria de passar à acusação de inércias incompreensíveis que parece condenarem esta Câmara de há dois anos a esta parte [portanto, 1983 e 1984. Na vereação anterior] perante casos como o da Piscina que já devia estar preparado, repensado, ajustado às necessidades de quantos dela precisam e a própria cidade exige nomeadamente a juventude e os desportistas de todas as camadas sociais e idades.

[18] Porque? ‘Canalizou-se a água, vinda do Rosário, 15 dias depois a água já estava verde. Não dava certo.’ O problema era esse, disse-me João Luís Silva Melo. Levava muito tempo a encher, assim, levaria muito menos.

[19] AMRG, Vereação de 21 de Abril de 1989, 1989, Livro N.º 127, fl. 50. Na reunião do dia 21 de Abril de 1989, dá-se conta dessa visita sem se explicar o plano.

[20] AMRG, Vereação de 14 de Julho de 1989, 1989, Livro N.º 129, fl. 3. Foi isso. ‘Agora encontrou-se uma solução defendida pelo Vereador Dinarte Miranda, parece com sucesso mas já criticada por ter sacrificado o tanque de mergulho.’

[21] Duríssimo. Começa por fazer a história da piscina, depois: ‘A sua vida (piscina) foi efémera pois durou pouco mais de ano e meio, desde o ser louvada, acarinhada e usada até ser excomungada e desprezada. No preciso momento desta mudança há uma data que também teve muito de selvagem em si mesma: o 25 de Abril. Começou a perseguição ao inventor da obra o presidente da Câmara de então que é subscritor desta nota e que dá pelo nome de Engenheiro Monteiro. Naturalmente os detentores de ocasião da piscina eram muito mais inimigos do dito Presidente que adversários da piscina. E tudo porque a piscina não tinha sido localizada nas poças mas sim na plataforma superior e na ocasião porque a Câmara não quis estragar a poça natural e assim aumentaria a zona balnear como aliás também foi pelo mesmo inventor levada a cabo. Em todo o mundo há piscinas para ensinar a nadar e criar performances. Assim trabalhou durante um ano. Depois Puff. No mandato do Sr. Martins ainda houve quem tentasse ressuscitar a piscina porém a polémica suplantava o interesse público. Agora encontrou-se uma solução defendida pelo Vereador Dinarte Miranda, parece com sucesso mas já criticada por ter sacrificado o tanque de mergulho. Vamos ver se desta vez a piscina faz o seu papel pedagógico e instrutivo. O seu saneamento é o que há de mais fácil. Que seja acautelado. Nunca me arrependi tanto de ter inventado a piscina. Pois deveria ter pensado mais em mim. Agora registo com denodo a possibilidade da piscina poder viver e servir. A Câmara tomou conhecimento.’Cf. AMRG, Vereação de 14 de Julho de 1989, 1989, Livro N.º 129, fl. 3.

[22]AMRG, Sessão de 18 de Maio de 1990, 1990, Livro 134, fl. 4: ‘A Câmara tomou conhecimento pelo estudo feito pela Firma Primitivo Marques sobre o arranjo na zona das Poças.’ O Senhor Presidente deu a conhecer à Câmara que havia feito sentir a Sua Excelência o Senhor Secretário Regional do Turismo e Ambiente aquando da sua visita a este Concelho a necessidade de se proceder a arranjos na Zona das Poças e que na sequência da conversa havida encomendou à Firma Primitivo Marques a elaboração do pretendido a ser presente à referida Secretaria com a indicação de custos aproximados. Assim sendo, solicitou aos presentes que tomassem conhecimento daquele estudo. A Câmara tomou conhecimento, através da apreciação do mesmo.’ AMRG, Vereação de 3 de Agosto de 1990, Livro de Actas 1990, 3.º Trimestre, fl. 9.: Arranjo da Zona Balnear Poças da Ribeira Grande: (…) Presente ofício N.º 7210, de 23 de Julho findo, da DRIO, e Aeroportuárias, informando relativamente ao ofício destes Serviços n.º 203, dirigido a Sua Ex.ª o Secretário Regional de Turismo e Ambiente, que as obras de melhoramento da Zona balnear da Ribeira Grande serão efectuadas pela Empresa Marques Limitada, conforme despacho de Sua Excelência o Secretário Regional de Habitação e Obras Públicas, de 16 Julho de 1990. A Câmara registou; Vereação de 18 de Maio de 1990: A Câmara tomou conhecimento do estudo feito pela Firma Primitivo Marques sobre o arranjo na zona das Poças; Vereação de 13 de Julho de 1990: ‘Sobre o restauro do pavimento no ramal de acesso às Poças e parque de estacionamento – projecto de toda a zona balnear, a Câmara deliberou encomendar planos de pormenor.’ ‘com verba da Secretário Regional do Turismo e Ambiente, a Câmara já encomendara um projecto à Firma Primitivo Marques.

[23] AMRG, Vereação de 10 de Agosto de 1990, Livro de Actas 1990, 3.º Trimestre, fls. 4-5. Obras – Zona Balnear das Poças. Pedido de embargo por Manuel Sá Couto – Chumbado. Contra as improvisações e arremedos, sem garantias de qualidade técnica, em obras de qualquer espécie, e, ainda mais tratando-se, como se trata, de obra que terá de arrostar com a violência do mar, e que justificar, pela durabilidade e mínima perfeição, um investimento colectivo, pago pelos contribuintes. (…) Referem os desastres dos portos de Santa Maria e das Flores… O Senhor Presidente substituto, informa que não poderá ser apresentado nesta fase um projecto adequado, dada a sua inexistência, que já foi referida em reuniões anteriores. Testemunho de João Luís Figueiredo da Silva Melo, 28 de Setembro de 2025. Segundo João Silva Melo, a piscina natural que se fez no lugar das Poças Velhas era boa, até se chegou a rasgar duas entradas para fazer circular a água. Porém, como as casas de Santo André canalizavam os esgotos para o mar, teve vida curta. Ainda se tentou resolver isso: Vereação de 12 de Abril de 1990: A Câmara aprovou por unanimidade a proposta de solicitar ao Gabinete Técnico um estudo sobre a defesa da orla marítima. E solicitar ao Gabinete técnico a urgente realização de eliminação dos esgotos.

[24] Em entrevista que me concedeu para o II Volume da História da Ribeira Grande. Deu-se destaque a Jaime Gama, pai do projecto da elevação a Cidade, na cerimónia da elevação a Cidade? Não. Esteve ali para um canto. Disse-me outro velho militante.

[25] Testemunho de Pedro Monteiro, filho, 2 de Novembro de 2025. Alzheimer. Precoce. Só o irmão padre não foi vitimado dela. Terá sido? Duvida o meu amigo médico patologista, José Manuel. Já faziam estes diagnósticos então?


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