Empresas - (Parte
V)
Xolim, Triki e Aparício, três ‘treinadores’ que
fundaram a associação de clubes (AASB), em 2014, fundam, em 2016-2017, três
empresas (de surfing). Eram presidentes
de
três dos cinco clubes (ao tempo) associados (à AASB).[1]
Porquê? Porque (há
boas provas disso) a partir de finais do mês de Março de 2015, com o início dos
voos a baixo custo foram chegando à
ilha (carradas de) turistas com poder de compra (muito acima da dos locais). Que,
além de trilhos, da observação de cetáceos, da prática de desportos (ditos)
radicais, desejavam também ter uma experiência no surf. André Caetano (ao que diz) satisfez (já) reservas (de aulas) de
gente daquele primeiro voo.[2] Para
o caso (específico) do surfing, outro
factor decisivo (além da propaganda das competições internacionais que tiveram
por palco os areais da Ribeira Grande) foi a (promessa da) sua inclusão nos Jogos de Tóquio 2020.[3] Outra influência: haver (na ilha) ‘treinadores’ qualificados. Tudo isso, fez
vir gente de fora e atraiu gente da terra à modalidade.[4]
Que
fazer (então)? Criar
uma empresa (uma sociedade com fins lucrativos). Havia (entre outros) os
exemplos pioneiros das empresas de observação de cetáceos.[5] Cada nova empresa, publicitou a sua oferta através
(sobretudo) das ‘redes sociais.’ A opção
turística ao ‘já chamado Havai do
Atlântico,’ fazia-se sentir (então, sobretudo) no verão. E o clube? Aproveitaria os meios disponíveis
da empresa. Esses treinadores/proprietários que, para tentar melhorar o
desempenho desportivo da modalidade, haviam instigado a criação de uma
associação de clubes e entrado em clubes (ao tempo) existentes, para (pouco) depois
se desencantarem com a falta de apoio, ofereciam (a partir de agora) melhores
condições aos seus clubes. Rendibilizariam (assim) ao máximo os meios da
empresa, partilhando-os com o clube. Uma melhoria (substancial) na oferta
levaria (também, como começou por levar) a um aumento da procura (ao nível) local.
Esse foi (ou terá sido) o raciocínio.
Quantos clubes – empresas, se formaram
(entretanto) na Ribeira Grande? Dois. O Azores Surf Clube/Azores Surf Center/ e o Santa Bárbara
Surf Club/ Santa Bárbara
Surf School Azores. Ambos
sediados na praia de Santa Bárbara. Em
Ponta Delgada, havia o Azores Radical Club/ Black Sand Box de João Alves Triki.[6] Na Ribeira Grande, mas só
como empresa, havia a Azores Surf Co de David Costa.[7] Isso, foi o que (havia) conseguido
apurar até ao dia 26 de Fevereiro de 2024, no entanto, posso já acrescentar a Nomadik Surf Academy uma outra
empresa/clube da Ribeira Grande (sediada no Pico da Pedra). Era de André Rosa,
arquitecto de profissão, treinador de surf, que a abriu em Fevereiro de 2018 e
encerrou (para regressar a Lisboa, de onde era natural) em Janeiro ou Fevereiro
de 2021. Era vogal do Conselho Fiscal da Direcção da Associação Açores, Surf e
Bodyboard, presidida por António Benjamim (2018-2022). Todavia, não estava
formalmente ligada à AASB, no entanto, os atletas federados da sua escola (tais
como, entre outros, Beatriz Oliveira, Cecília Faia, Juliana Monteiro, Francisco
Amorim) concorriam às provas debaixo da ‘bandeira’
da (própria) AASB. Antes de deixar a Ribeira Grande, por imperativos
familiares, segundo me disse, requerera (mesmo) à Câmara um espaço à entrada do
parque de estacionamento da praia de Santa Bárbara para colocar um atrelado com
as pranchas.[8]
Alcançar-se-ia
o (pretendido e desejável) equilíbrio entre os objectivos da empresa (lucro) e
os do clube (formação de atletas e de novos surfistas)? O balanço de 2017, feito (ainda)
na gerência de Francisco Melo (Presidente) e de Lili Viana (vice-Presidente), é
(bastante) ambivalente. Abre com uma nota (ligeiramente) positiva: ‘houve retoma na modalidade, com um aumento do número de atletas federados,
possivelmente resultado do
aparecimento em 2016 e 2017 de novos clubes específicos das modalidades surfing
bem como, um acréscimo visível de praticantes nas nossas praias e zonas de
surf.’ No entanto, num ano apenas de experiência, tornara-se (já) evidente que
o prato da balança inclinava-se (mais) para a empresa em detrimento do clube: ‘Apesar de uma nova abordagem dos diferentes clubes e escolas à
modalidade, agora também constituídos como empresas, que viram no leccionamento
de aulas de surf a não praticantes, uma fonte de rendimento apetecível e muito
mais rentável que a formação de atletas.’ Repare-se:
‘e que resulta numa falta efetiva de
tempo e disponibilidade / vontade para se dedicarem aos seus atletas e clubes
(…).’ Ainda assim, ao fundo do túnel parecia luzir (queriam crer) uma
luzinha de esperança: ‘verificou-se uma retoma dos valores iniciais do número de atletas
federados, fruto de um aparecimento de praticantes muito mais jovens. Por outro
lado, este aparecimento de novos praticantes das modalidades de surfing, agora
com idades muito inferiores às usuais à 5 anos atrás (5, 6 e 7 anos de idade),
resulta do aparecimento destes clubes e escolas, que despertam nos pais uma
maior confiança e seguram para a prática da modalidade quando tutelada por
treinadores experientes, em escolas com todo o equipamento adequado à
aprendizagem e segurança dos seus alunos.’ Era (bem) evidente o contraste entre
o antes e o agora: ‘De referir que ainda
há pouco tempo, a aprendizagem das modalidades de surfing era feita de uma
forma casual e autodidata, por iniciativa dos praticantes e apenas como o apoio
e orientação dos praticantes mais experientes. Esta situação levava a que esta
iniciação nos desportos de ondas ocorresse apenas quando os novos praticantes
já dispusessem de uma idade, maturidade e composição física (já com 15 ou mais
anos de idade) para a prática deste desporto com alguns riscos. De notar um
aumento constante e significativo de praticantes com idades inferiores aos 12
anos (Sub12 - primeiro escalão de competição), infelizmente, muitos deles não
federados.’[9]
Vamos a factos: abriram dois clubes/empresas
(a Radical e a Santa Bárbara) mas (em contrapartida) haviam fechado quatro clubes
(Clube Náutico da Lagoa, Naval de Ponta Delgada, Secção de Surf dos Bombeiros
de Ponta Delgada e o Clube Naval de Rabo de Peixe estava prestes a encerrar). À
ligeira melhoria face a 2016, em 2018, verificou-se uma quebra abrupta: 65% no
número de atletas federados, 52,9 % no número de Juízes, 61% no número de
dirigentes. Só houve uma subida de 18% no número de treinadores. Isso no
Relatório elaborado pela direcção (já) encabeçada por António Rui Guterres Benjamim.[10]
Que
relação havia (então) entre o surfing e a nova autarquia da Ribeira Grande (PSD) que entrara em funções em
Outubro de 2013?[11] Em larga medida, após a aposta (pioneira)
da Câmara da Ribeira Grande, logo em 2008, a Região decidira-se a entrar no
Surf. Pela banda da Região, Vítor Fraga (em 2015, mas projectando-o para o ano
seguinte) afirmava: ‘Os Açores assumem-se
como um destino de Surf, um destino de qualidade (…).’[12]
Percebendo o alcance, algum comércio local da Ribeira Grande (mais
clarividente) associara-se ao esforço da AASB. Logo em 2014, na praia de Santa
Bárbara, a Açor Óptica, de José Luís
Nunes, patrocinara a Taça Açores (a USBA fora quem iniciara a competição). Era
pai de dois jovens aprendizes da modalidade. Em 2015, havendo continuidade nos
anos seguintes, naquela mesma praia, o Bar TUKA
TU LÁ (de Pedro Monteiro e Leandro Almeida - ambos da Ribeira Grande) patrocinaria
a Tuka to Master (Campeonato Master).
Apesar de o Mundial de Surf de Outubro de 2014 (no Areal de Santa Bárbara) ter
sido uma ‘excelente promoção que o evento
garante ao Concelho, na medida que é visto por centenas de milhares de pessoas
um pouco por todo o mundo,’ é o que afirma Alexandre Gaudêncio, havia um
compromisso mais lato em relação à chamada economia do mar.[13] A
este propósito, o Vereador Filipe
Jorge, em Novembro, na comunicação que apresentou no Colóquio sobre o mar, falaria
em nome do executivo: a Ribeira Grande
quer ser o centro da economia do mar. É por isso que, ‘apesar do surf fazer da Ribeira Grande a capital dos Açores nesta
modalidade desportiva,’ o executivo camarário queria ‘mais, porque entend(ia) ser importante gerar receitas através da
fixação no concelho de empresas viradas para o mercado de observação de
cetáceos, mergulho ou pesca desportiva.’[14] Que impacto terá tido na Ribeira Grande (nesse
período) o mar/litoral e o surfing?[15]
Em 2017, ano de eleições
autárquicas, o surf/mar (litoral) iria dominar a atenção (e a acção) do
executivo que se recandidatava. Tornara-se (já) evidente a dinâmica (sobretudo
os benefícios) que o turismo (e o maior afluxo às praias da Ribeira Grande)
viera trazer à economia local.[16] Na
ausência de dados quantificáveis, vou valer-me de (migalhas) indícios (que,
obviamente, carecem de futura confirmação). A inflação dos preços no
imobiliário, sobretudo o das propriedades situadas próximas dos areais, era
(já) um sinal. Nas imediações de Santa Bárbara, em 2016, o próprio Ricardo
Ribeiro Xolim (homem com visão)
abrira a sua Azores Surf Center House.[17] Em
2018, Fevereiro, aparece no Pico da Pedra (Ribeira Grande) a Nomadik Surf Academy, de André Rosa, uma
empresa/escola não associada à AASB (mas que tinha alguma relação funcional com
a AASB). Em 2018, o aumento na procura ditou a ‘remodelação – e ampliação do Santa Bárbara Resort.’ Como reflexo do
exponencial aumento na procura das praias da Ribeira Grande, tanto por
banhistas como por surfistas, em 2017, é criada a Associação dos Nadadores da
Costa Norte, sendo o Marco Medeiros -
o homem das ondas gigantes -, o nadador-salvador coordenador: ‘Prestamos [revela
o presidente José Nuno Moniz] assistência
aos banhistas. O socorro a náufragos
continua com os Bombeiros. Salvamento com barco ou mota de água. Quanto aos
nadadores-salvadores, o Marco é quem os escolhe, fiscaliza e treina. São na sua
maioria da Argentina e do Brasil. Na época alta chegamos a ter 100 e na baixa,
10. Quase todos ou todos sabem surfar [alguns abriram clubes de surf,
outros são treinadores ou simples praticantes. Residem na Ribeira Grande na sua
esmagadora maioria]. Temos prestado
serviços em Santa Maria, Graciosa, já o fizemos no Faial. Aqui há que concorrer
a um concurso a nível nacional.’[18]
Ainda
neste ano de 2017, apostando (mas com os pés bem assentes na terra) no futuro
(ampliação do Passeio Atlântico e resolução de graves problemas de saneamento)
avança (ainda sem alvará) o Hotel Verde Mar & SPA.[19]
Que domina a Areia – Monte Verde (a maltratada enteada dos areais da Ribeira
Grande). Situado no coração da própria Cidade.[20] Era
a notícia que muitos há muito tempo aguardavam. Além de motivo de (grande)
regozijo era (também) um óbvio trunfo eleitoral. Nem tudo isso se deveria ao
interesse despertado pelo surfing, é
bom dizê-lo, já que, havia trilhos, praias, museus, a feira quinhentista, o
Festival Monte Verde, no entanto, era inegável que o surfing (também) contribuía (e bem). Em Fevereiro de 2017, abria
portas na rua El-Rei D. Carlos I, no centro da Cidade, a North Surge – Surf House, de Luís Sousa. Um nordestense (da Vila de
Nordeste) que apostava na Ribeira Grande. Loja que comercializa (entre outras
ofertas) equipamentos de Surf.[21] Em
Março, o Mundial de Surf juntamente com o Monte Verde Festival, o Wine in
Azores, o Ecologic Trail Run e a Feira Quinhentista são (amplamente) divulgados
na Bolsa de Turismo de Lisboa. Naquele ano, a autarquia resolvera reforçar a
sua presença naquele tão importante certame.[22] Que
deu frutos. Ainda nesse mês de Março, chegavam mais (excelentes) notícias: ‘(o)
Alojamento local quadruplica(va) em três anos.’[23] De
acordo com as estatísticas, a Ribeira Grande estaria na vanguarda daquele
movimento. Em Setembro, a poucos
dias das eleições, uma (muito) inteligente jogada com implicações futuras: o registo da Marca Ribeira Grande Capital do
Surf. Alexandre Gaudêncio explicava (na ocasião) a um jornal (local) a
razão do registo: ‘Como julgamos que o
surf é uma questão fundamental – e por isso reservamos a marca de Ribeira
Grande Capital do Surf.’[24] Porque
(continua) ‘podemos [assim] captar mais investimento e de uma forma
descentralizada.’ Em Setembro, ainda a tempo das autárquicas, era assinado
um contrato de comodato, ‘pelo prazo de nove meses,’ entre a Câmara
Municipal da Ribeira Grande e a AASB. Era presidente da AASB, Francisco Paulo Vieira
Cabral de Melo (então) residente na Ribeira Grande. Além de ser (a) capital do
Surf, a Ribeira Grande seria ainda o local da sede da associação dos clubes de surfing dos Açores.[25] Há
(a propósito da construção de uma sede construída de raiz em Santa Bárbara) um
esboceto datado de Outubro de 2019. Não vem assinado, mas é da autoria do
arquitecto Francisco Cabral de Melo – que havia cedido o lugar a António
Benjamim na presidência da AASB.[26] Aliás,
fora Benjamim a pedir-lhe o esboço. Na Ribeira Grande (ainda) estavam (além do mais) sediados dois dos três clubes/empresas
(aderentes à AASB). Não esquecendo que, era nos seus areais (de Santa Bárbara e
do Monte Verde) que a AASB e os seus clubes realizavam o maior número de provas
Regionais. Doze das dezasseis etapas de 2015-2018, do Circuito Regional de Surf
e Bodyboard tiveram por palco a praia de Santa Bárbara.[27] A Taça Açores (2015, 2016) também.[28] Isso sem fazer conta às provas
internacionais (organizadas por Rodrigo Herédia e a AAS). Em
Setembro do ano seguinte (2018), era inaugurado o Centro (Municipal) de Surf
na Ribeira Grande: ‘local de informação
para os surfistas.’[29] Carteira
contendo um mapa dos surf Spot da Ilha, com destaque para os do Concelho (Santa
Bárbara, Monte Verde, Santa Iria, Baixa da Maia, Baixa da Viola) que são
descritos. Não é datado nem traz autoria, mas é edição da Câmara Municipal da
Ribeira Grande.
Bem vistas as coisas, o surfing dera uma mãozinha à economia local e (por
certo) não teria desajudado na reeleição da Câmara.
Ganhas as eleições, por uma confortável
margem, a Câmara tentou resolver ‘um paradoxo.’[30]
Os clubes mais bem-sucedidos desportivamente ficavam na
Ribeira Grande. Vejamos.
Se em 2015, a secção de surf do Clube de Actividades Desportivas Clube da
Associação de Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, ainda dominava o surf na
Ilha (e nos Açores), já em 2016, a fazer fé no Relatório daquele ano da AASB, o
Azores Surf Clube, clube da Ribeira
Grande, já o havia suplantado em número de atletas federados assim como nos
resultados obtidos nas diversas provas nos diversos escalões.[31]
No ano seguinte, com o Santa Bárbara Surf Club, novo clube da Ribeira Grande, a
dar os seus primeiros passos, apesar de o Radical Surf Clube (de Ponta Delgada)
aparecer em força, acentuava-se ainda mais o poder dos clubes da Ribeira
Grande.[32]
Quantos atletas da Ribeira Grande havia
(então) nestes dois clubes da Ribeira Grande? Nenhum. E nos demais? Três.[33]
Que saiba, nenhum dos surfistas da Ribeira Grande seja da primeira ou da
segunda leva, formados pela ASSM, se federaram. Porquê?[34] Em
Dezembro, como uma das contrapartidas pelo uso do espaço, Ricardo Ribeiro, Presidente
do Azores Surf Clube (repare-se,
ficava de fora a empresa Azores Surf Center) obrigava-se a dar ‘aulas
de Surf gratuitas a jovens do Concelho da Ribeira Grande e identificados por
esta edilidade.’[35]
Ficaria a questão resolvida?
Snack Bar O Jardim
(de João Correia, surfista da 1.ª leva) – Cidade da Ribeira Grande (continua)
[1] O Relatório da AASB, apresentado em Assembleia-Geral em
Janeiro de 2019, dá conta da ocorrência. Ficando de fora apenas a Associação de
Surf da Terceira e, em São Miguel, a Associação de Surf e Bodyboard. Testemunho
de André Avelar, 17 de Janeiro de 2024: ‘A
AST nasceu em 2009 para defender a onda do Terreiro. Agora é a de Santa
Catarina. Testemunho de Ricardo Ribeiro Xolim, 6 de Fevereiro de 2024: ‘Bastava
ter um seguro de responsabilidade civil e abrir o CAE nas Finanças.’ Portanto,
era mais uma empresa no âmbito da animação turística;’ Testemunho de Sérgio
Aparício, 6 de Fevereiro de 2024: ‘Inicialmente, foi uma empresa de animação
turística. Não se exigia treinador certificado. Mas a polícia marítima exigia.
O seguro de responsabilidade civil era obrigatório. E abrir o CAE nas
Finanças;’ Portanto, uma empresa de
animação turística; Testemunho de João Alves, 6 de Fevereiro de 2024:
‘Treinador licenciado na área. CAE. Seguro de responsabilidade civil. Pedir
licença a vários departamentos governamentais, à capitania e à Câmara.’
Portanto, empresa marítimo-turística.
[2] Testemunho de André Caetano, 26 de Dezembro de 2023
[3] Açoriano
Oriental, 26 de Setembro de 2015, pp. 1, 19. ‘Devido ao Covid-19, passou para 2021: ‘A competição masculina do surfe nos Jogos Olímpicos de Verão de 2020 foi realizada entre 25 e 27 de julho
de 2021 nas águas da Praia de Tsurigasaki, em Chiba, localizada a cerca de 64
km de Tóquio. Um total de 19 surfistas de 13
Comitês Olímpicos Nacionais (CON) participaram do
evento.’
[4] Seria brevemente
substituído por David Prescott. Testemunho de Sérgio Rego, 21 de Dezembro de
2023; Testemunho de Carlos Rodrigues, 21 de Dezembro de 2023; Testemunho de
Madalena Duarte, 19 de Dezembro de 2023.
Relatório de contas da AASB de 2016 apresentado em Janeiro de 2017. Não
são aí identificados, porém, por páginas adianta já mencionar o Radical e o
Santa Bárbara, só podem ser estes ‘(…) o
aparecimento de dois novos clubes especificamente vocacionados para a prática
dos desportos de surfing (…).’ João Alves estivera ligado ao Clube Naval de
Ponta Delgada até 2010 e depois à secção de surf dos Bombeiros de Ponta
Delgada. Sérgio Aparício, por seu turno, como se viu, deixara entretanto os
Bombeiros de Ponta Delgada. O querer atingir outros patamares, explica que, em
2017, Sérgio Rego que, tendo ali iniciado um projecto em 2013, querendo mais
apoios e não os alcançando, deixasse o Clube Naval de Rabo de Peixe. ‘tinha objetivos ‘elevados’ que o clube não conseguia suportar. Queria muito
promover o talento dos miúdos a nível regional, nacional, europeu e mundial,
bem como a nível de crescimento pessoal e entre outras situações que gostaria
de concretizar a nível de saúde das crianças e jovens...’ Essa mesma falta
de apoios, já levara o Clube Naval de Ponta Delgada a encerrar a actividade do
surfing ainda em 2014. O Presidente, que esteve três mandatos à frente daquele
clube e dois como vice-Presidente, explica: ‘Era preciso mais investimento para levar os atletas a outras
competições. Mas não havia. Então saíram os atletas. Assim acabou o Surf do
Clube Naval.’ A Secção de Surf do
Clube de Actividades da Associação de Bombeiros de Ponta Delgada, pelas mesmas
razões, encerrara em 2016. Madalena Duarte, responsável daquela Secção e membro
da Direcção da AASB: ‘O [Sérgio] Aparício montou um Clube por sua conta.’ Em contrapartida, percebe-se que (em 2017)
ingressem na AASB dois (novos) clubes/empresas com ambições: o Radical Clube de Surf de João Alves Triki e o Santa Bárbara Surf de Sérgio
Aparício. Triki tem (então) a sua sede
nas Laranjeiras, em Ponta Delgada. Aparício ‘aluga’ um espaço ao Resort de Santa Bárbara (inaugurado em 2015),
ao fundo da praia na zona conhecida (pelos primeiros surfistas) como pico da Ganza (na Ribeira Grande). Ainda
em 2017, Ricardo Ribeiro Xolim
celebra um contrato de comodato com a Câmara na Ribeira Grande para um espaço
no areal de Santa Bárbara.
[5] Havia a possibilidade de escolha entre empresa de animação turística e marítimo-turística. Aparício e (talvez) Ricardo Ribeiro, escolheram o primeiro formato, João Alves o segundo. Disporiam de um determinado de um treinador certificado (por aluno) pela Federação Portuguesa de Surf. No seu currículo, constava uma série de matérias úteis, tais como, educação ambiental, primeiros socorros, saber lidar com alunos de diversos escalões. E, claro, saber línguas. Era (ainda) necessário oferecer material adequado e diverso. O que, como se depreende, implicava alguns (não muitos) investimentos.
[6] Segundo me tem
dito, no entanto, não o consegui comprovar documentalmente. Referência retirada
do prospecto que distribui: Licença N.º 8/2015. Mas não ainda comprovada.
Entraram na AASB no ano de 2017, mas já o eram (em finais) em 2016. Quando é que aparecem esses clubes e as
respectivas empresas? O (clube) Azores Surf Club terá sido fundado em 2013 e (a empresa) o Azores Surf
Center foi licenciada em 2015. No prospecto: Black Sand Soc. Uni.
Lda. Marca Registada em Novembro de 2014. A empresa tem a dupla vertente do
Surf e do Skate. O Santa Bárbara Club
(clube) em 2016 e (a empresa) Santa Bárbara Surf School Azores
licenciada naquele mesmo ano.[6] O
(clube) Azores Radical Club e (a empresa) Black Sand Box datam de Novembro de
2014.
[7] Testemunho de
David Costa, 26 de Janeiro de 2024. Licenciamento de Operador
Marítimo-turístico 1/ 2018 Cf. Actividade Marítimo-Turística - Região Autónoma
dos Açores (Portal do Governo) Com
sede na Travessa da rua
do Aresta. Criada legalmente em 2015, já vinha de 2009, e foi licenciada em
2018.
[8] Testemunho de André Rosa, 26 de Junho de 2024. Segundo a minha colega, Carla Sofia Medeiros Brandão (que o conheceu e tem acesso ao processo), André Rosa fez o pedido à Câmara com data de 4 de Março de 2020, tendo-lhe sido diferido favoravelmente em Junho. Neste mês, com data do dia 12, André Rosa desistiu.
[9] AASB, Relatório e Contas de 2017
apresentado em 20 de Janeiro de 2018
[10] Associação
Açores de Surf e Bodyboard (AASB), Relatório e Contas do ano de 2018,
apresentado a 30 de Janeiro de 2018.
[11] A Ribeira Grande Mais – Empresa
Municipal, através da qual a Câmara apoiava o surf, está a prazo. A lei 50/2012
de 31 de Agosto sentenciara o seu destino. Activa ainda 2014, encerra (por
completo) actividade em Outubro de 2015. Alexandre Gaudêncio tem em mente
outros projectos além do surfing.
[12] Açoriano Oriental, 26 de Setembro de
2015, pp. 1, 19.
[13] Alexandre Gaudêncio, Revista Municipal
da Ribeira Grande, Outubro de 2014, p. 21-23.
[14] Nélia Câmara, Correio dos Açores, 28
de Novembro de 2014, pp. 1, 3. Além do que afirmou, além de manter o que o
anterior executivo socialista promovera, a autarquia começa a apostar em força
nos trilhos pedestres. Em 2015, inaugura três (barquinha, etc…); em 2016,
outros (o da Gorreana, Ladeira da Velha); ainda outro em 2017 (Moinho do
Félix), em 2022, nos Fenais da Ajuda. Etc…
[15] À falta de dados
concretos, limito-me a especular.
[16] Testemunho de
Albino Pinheiro, 28 de Janeiro de 2024. Já antes, porém, Altino Pinheiro havia disponibilizado aos surfistas,
antes mesmo da primeira etapa do
campeonato de 2008: ‘Vinham surfar a onda
de Rabo de Peixe e as de Santa Bárbara e da Areia. Primeiro, arranjei uns
espaços improvisados na casa da rua do Passal – mesmo abrindo para o Largo do
Rosário. Vendo o interesse, sobretudo a partir das provas, mais ou menos um ano
depois, aí em 2007, fui regularizar tudo. Foi o primeiro alojamento local na
Ribeira Grande.’ Já vimos que em Agosto de 2014, fora criada a primeira Surf House, na Matriz da Ribeira Grande.
[17] Fonte: CMRG: Naquela mesma rua – beco – denominada
rua da Praia: João Saraiva já disponibilizara um AL em 2015 – ampliado
sucessivamente em 2017 e 2023; Cláudia Tavares já o fizera (ainda naquela rua)
em 2015 e de novo em 2017.
[18] Testemunho de José Nuno Moniz, 16-17
de Abril de 2024.
[19] Açoriano Oriental, 8 de Junho de 2018,
pp. 1, 5: A notícia é assim: 8 de Junho
de 2018: ‘Ribeira Grande autoriza
obra de hotel sem alvará.
Câmara autorizou obra do Hotel Verde Mar & SPA, enquanto espera aprovação
de unidade de execução e garante que processo é legal.’ Açoriano Oriental, 31 de Outubro de
2018, pp. 1, 2-3: Segunda fase da requalificação do litoral, pronta até ao fim
do ano. Só seria inaugurado em 2019. Encontrava-se em fase de construção
o troço (com ponte na foz da ribeira) do Passeio Atlântico.
[20] Açoriano Oriental, 12 de Janeiro de
2017, pp. 1, 2
[21] Testemunho de Luís Sousa, 13 de
Janeiro de 2024.
[22] Açoriano Oriental, 14 de Março de 2017, última
página
[23] Açoriano Oriental, 8 de Março de 2017,
pp. 1-5
[24] Açoriano Oriental, 8 de Setembro de
2017, pp. 2-3
[25]António Benjamim
(substituindo Francisco Cabral de Melo) fora eleito Presidente em Outubro.
Apesar de o endereço da AASB ser (conforme Relatório) Rua do Espírito santo,
n.º 71, Fajã de Baixo, anteriormente era Avenida Hermano Feijó, n. 34,
Livramento, de acordo com: Associação Açores de Surf e Bodyboard. Apresentação.
Ponta Delgada, Dezembro de 2018, p. 10: ‘A AASB não possui qualquer património
imóvel, tendo no ano de 2017 sido disponibilizado pela Câmara Municipal da
Ribeira Grande um pequeno espaço para sede
e armazenagem de equipamentos de competição, localizado na zona balnear da
praia de Santa Bárbara.’ Apesar de o contrato ser de 9 meses e para
armazém. Testemunho de Pedro Monteiro, 3 de Fevereiro de 2024.Que dizia? Cedia a utilização
(temporária) de forma gratuita de um espaço, que se destinaria ‘a armazenar material técnico de competição
desta associação, nomeadamente tendas, placas de tempo e sinalética de prova,
faixas publicitárias e outros equipamentos necessários à organização de provas
de Surf e de Bodyboard.’ No entanto, tal era a necessidade de uma sede que,
pouco depois o espaço já funcionava (também) como sede da AASB. Pelo menos de
finais de 2017 a Outubro de 2018, ‘lá
faziam reuniões. Depois deixaram de lá ir.’ Diz-me Pedro Monteiro que (em
parceria com Leandro Almeida) explora o Tuka
Tu Lá.
[26] Esboceto destinado
à construção da sede da ASSB. Contendo diversos espaços funcionais e uma
‘torre’ para os juízes das provas, datado de Outubro de 2019 sem assinatura de
autoria, sabe-se que é do arquitecto Francisco Cabral de Melo. Que terminara o
seu mandato de Presidente da AASB em Outubro de 2018. Foi assunto de conversa
entre o novo Presidente da AASB – António Benjamim, Alexandre Gaudêncio
(Presidente da Câmara da Ribeira Grande) e Filipe Jorge (Vereador da Cultura).
Conversa tida pouco antes do Covid-19. Não deu entrada oficial no sistema da
edilidade.
[27] Destas, apenas três na Ilha Terceira e uma na Praia
das Milícias. Confirmado por Francisco Melo, 7 de Fevereiro de 2024: ‘Falaram
(Benjamim) comigo e fiz isso em 2019.’
[28] Seis realizaram-se nas Milícias e uma nos Mosteiros.
Porquê? Para não sobrecarregar Santa Bárbara e repartir as provas? O mesmo já
não se passava com as do Circuito de Ilha de Surf e de Bodyboard (2015-2017).
Das oito etapas realizadas na Ilha, apenas uma decorreu em Santa Bárbara.
[29] Testemunho de
Martinho Botelho, 6 de Fevereiro de 2024. Descrição: Carteira contendo um mapa
dos surf Spot da Ilha, com destaque para os do Concelho (Santa Bárbara, Monte
Verde, Santa Iria, Baixa da Maia, Baixa da Viola) que são descritos. Não é
datado nem traz autoria, mas é edição da Câmara Municipal da Ribeira Grande.
[30] Vimos que em 2011/12 a administração PS já o havia tentado sem sucesso.
[31] E se (ainda) lhe acrescentarmos os
atletas (e os resultados) alcançados pela secção de bodyboard do Clube Naval de
Rabo de Peixe, o domínio é ainda maior.
[32] No de 2018, face ao Radical Surf Club,
há um (acentuado) recuo dos dois clubes da Ribeira Grande com sede na Praia de
Santa Bárbara (deixa de estar activa a secção do Clube Naval de Rabo de Peixe).
[33] Em 2015, tirando
os bodyboarders do Clube Naval de Rabo de Peixe, tanto quanto me foi possível
identificar, identifiquei os dois irmãos Healion (Peter - iniciado - e Nicole –
Juvenil) inscritos nos Bombeiros de Ponta Delgada; e Gonçalo Azevedo (júnior,
também atleta, no Clube Náutico da Lagoa). Em 2016, apenas Peter Healion (ainda
nos Bombeiros de Ponta Delgada). Em 2017, Peter Healion segue Aparício para o
Clube que fundara: Santa Bárbara Surf Club. Em 2017, já com o segundo clube da Ribeira Grande, Peter
Healion transfere-se dos Bombeiros de Ponta Delgada (com a saída de Sérgio
Aparício, fechara) para o Santa Bárbara Surf Club (fundado pelo mesmo Sérgio
Aparício). Em 2018, regressa ao Azores
Suf Club (da Ribeira Grande), clube onde (por influência de Tomás Anselmo)
iniciara a sua formação.
[34] Testemunho de Sérgio Aparício, 14 de Novembro de 2023. Nem há gente da nova geração a querer. Segundo Sérgio Aparício: ‘Medo ancestral do mar. Caro. Exige
transporte para onde haja condições e a qualquer hora. Isso afasta muita gente.’
Mas isso deveria aplicar-se não só à Ribeira Grande. Além do mais, o outro
clube da Ribeira Grande (por obrigação do contrato de comodato com a Câmara)
tem de aceitar candidatos (carenciados) que queiram aprender. Serão (pois) (aqueles dois clubes) clubes
da Ribeira Grande apenas com um atleta da Ribeira Grande? Sim. Do mesmo modo
que um clube (de futebol ou de outra modalidade qualquer) é identificado com a
cidade onde tem a sede independentemente de ter todos ou nenhum atleta natural
daquela cidade. Certo? E no entanto, a maior parte das pessoas (com quem tenho
trocado impressões) da Ribeira Grande, não os identifica com a Ribeira Grande.
[35] Que fora (primeiro) da ASSM e da USBA
e que fora sendo usado por Xolim desde que a USBA fechara portas em 2013.
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