Avançar para o conteúdo principal

SANTA CRUZ (Baía de)









Santa Cruz (Baía de)

Com pouco mais de duzentos metros, a praia/calhau da baía de Santa Cruz (na cidade de Lagoa) vive (há muito) uma (arreliante) crise identitária: quer ser praia mas é (quase sempre) calhau. E enfrenta um dilema: para ser praia precisa de ter areia e para ter areia precisa de intervir na orla marítima. Se intervir (sem critério) pode ganhar uma praia mas perder uma onda. E para ser praia de pleno direito, tem de resolver outro dilema: sem controlar a qualidade das águas que chegam à baía, no que toca a elementos patogénicos, não haverá bandeira azul (galardão de praia de excelência). Não sendo (ainda) o caso, é (só) uma zona balnear com nadador salvador (durante a época balnear). E ainda há o paradoxo de (por um lado) não lhe ter sido atribuída corredores para a prática e treino de surfing, certamente por ser de difícil acesso, e no entanto, é um dos locais sugeridos num mapa editado (e distribuído) pela Ribeira Grande Capital do Surf. Não há (além do mais) na Lagoa uma comunidade de surf (tal como a dos Mosteiros ou a de Vila Franca) que dê a cara ‘pela sua onda.’ Poucos ou muitos, não faço ideia, os seus surfistas (naturais ou residentes) diluem-se na ‘Tribo da Ilha’ que surfa as ondas de Santa Bárbara, Monte Verde e Milícias.[1]

A pequena baía nasce na Pontinha e acaba no biscoito da poça da Ralhoa. Fica dentro da grande baía que tem o seu começo na ponta da Galera (a nascente) e termina (a poente) na ponta Delgada. Marca o início Sul/Nascente litoral da zona (geologicamente falando) dos Piquinhos.[2] Encosta à escarpa rochosa (que integra o complexo vulcânico da Lagoa do Fogo) onde se ergue a igreja de Santa Cruz.[3] O que foi a baía no ‘antigamente’ de Gaspar Frutuoso (segundo o próprio)? ‘(…) A vila da Alagoa, chamada assim por uma que teve de água nadível, defronte da porta da igreja principal [Santa Cruz] acima de um recife e porto onde podiam entrar batéis; na qual antigamente se tomou já muito pescado, por entrar às vezes o mar nela, e bebia o gado e nadavam por passatempo algumas pessoas (…).’[4] E em que se transformou o local no presente de Frutuoso e porquê?Agora, com terra e polme (que no tempo das enchentes tem corrido) está entupida [a lagoa] e é terra que dá pastel e outras novidades e rende para o concelho (…).’ A baía ganhou um novo espaço de cultivo, que se manteve até há dois, três anos, mas o porto: ‘(o) porto da Alagoa (que está defronte da porta da igreja Matriz [Santa Cruz] e de que já se não serve a vila) [foi mudado para os Carneiros].[5]

Os anos de 1522 e de 1523 marcaram (fundo) a História da Lagoa. Em 1522, a 11 do mês de Abril, o Lugar sai de Vila Franca e passa a Vila. A 22 de Outubro Vila Franca é arrasada. O núcleo principal da nova Vila estendia-se pelo alto da falésia sobranceira à baía. A vila estabeleceu aí a câmara e a cadeia. A curta distância, já se encontrava a igreja de Santa Cruz.[6] Próximo da Câmara, da igreja e da fonte de água ‘o Capitão Rui Gonçalves, segundo do nome, ali edificou depois do Dilúvio de Vila Franca,’ o seu paço (principal).[7] Em 1523, a 15 de Abril, Domingo de Páscoa, a baía serviu de palco a um jogo de canas que envolveu a Ilha (Nordeste ficou de fora). A nova Vila completara há dias um ano de vida. A destruição de Vila Franca dera-se (uns) seis meses antes. Rui Gonçalves da Câmara, o capitão do Donatário, ‘para ‘consolar seu povo,’ mandou (então) ‘fazer uma grande festa de jogo de canas (…) armando o desafio entre as duas vilas, da Ponta Delgada e da Lagoa, contra os da Ribeira Grande e Vila Franca e Água do Pau.’ Repare-se no local: ‘(…) ao longo do mar, em um campo que fica em baixo na praia, e a gente de toda a ilha, com o dito Capitão, estavam em cima, vendo este notável folgar (…).’[8]

Um salto no tempo. Como recordam hoje a baía da sua adolescência e infância? Perguntei-o a dois lagoenses.[9] Do alto do adro da igreja, o primeiro identifica-me a Poça da Ralhoa – ao fundo – do lado da Relvinha e as duas Poças aqui. Aqui em baixo encostado à muralha do adro da igreja. A grande, para quem já soubesse nadar e a pequena para quem ainda não soubesse.’ E precisou: ‘os do lado da Relvinha iam à poça da Ralhoa e os do lado da igreja de Santa Cruz iam às duas poças daqui.[10] Voltando a olhar para baixo. Havia (continua) ‘os quintais das casas da rua da Cadeia. Pequenos. De 1/4 a 2/4 de terra divididos por canas. Davam de tudo. Davam boa batata. Protegidos do mar pelas canas.’ ‘Só há dois a três anos acabaram com eles.’ E Areia na Praia? ‘Quando o tempo está Norte. Onda leve. Rebenta na zona da areia. Antes da laje de pedra do fundo. Traz areia. Conheci muitos anos isso cheio de areia de uma ponta à outra. Joguei muito futebol no areal.’ E Surf (vês por aqui)? ‘Em finais de Agosto e princípios de Setembro. Com as marés de Agosto. Vêm aqui alguns. Poucos. Gente de fora.’[11] Quanto ao segundo (testemunho). Como era isto aqui em baixo (estávamos na Relvinha, junto à sua casa)? ‘Um curral de porcos e de vacas. Vês onde está aquela parte de cimento? Onde está a casa amarela, enterravam as porcarias. E naquelas rochas [situadas a uns 50 metros a Nascente da Casa Amarela] matavam os animais.E areia na praia: ‘Há 65 anos a praia ia de um lado ao outro. Não tem areia desde que vieram aqui barcos tirar areia.’[12]

Viro-me (agora) para os surfistas. Paulo [Ramos Melo], como é (para ti) a onda de Santa Cruz? Onda de fundo de pedra (calhau rolado) Mesmo em frente à igreja (…). Ondulação do Sul. Com algum swell. Para poder rebentar. Mas – não sei porquê – quando lá ia – e já não lá vou há algum tempo – notei que a onda foi perdendo consistência. Porquê? Não sei. Talvez por mudança dos fundos.’ O que te levava a ir lá? ‘Quando havia crowd nas Milícias. Ali ficava à vontade. Quando o Sul estava maior, sabia que estava bom em Santa Cruz.[13] Luís Melo: ‘Onda de Santa Cruz? Alternativa às Milícias. Com swell Sul grande. No Verão, às vezes funciona. Não é um sítio de afluência. Aquela onda sempre foi (mais ao menos) aquilo que se vê. Não vejo que houvesse a interferência de obras. Em tempos, pensou-se em construir uma marina. Mas desistiu-se. É uma onda engraçada. Mas não passa disso.’[14] Um homem da Lagoa, Manuel Varão: ‘Tem uma (onda) direita e uma esquerda. A melhor é a esquerda. Isso quando entrava areia. Às vezes aguentava um, dois anos. Mas depois que houve uma tempestade, nunca mais houve areia. Falando com um físico quântico a propósito da areia que aparecia e desaparecia, disse que como Ponta Delgada está mais fora, como fica mais a Sul, o depósito de areia é feito mais no Livramento, Milícias. Para reter a areia, chegou-se a falar com a Câmara para construir um pontão, como os que se constroem em alguns pontos da costa portuguesa. Ou fazer recifes artificiais.’[15] António Benjamim (residente na Lagoa, vai lá de vez quando surfar com os filho e amigos): ‘Não é muito consistente. Mas quando funciona é muito boa. De difícil acesso. É calhau. O pessoal mais antigo não se queixa. Os mais novos, receiam. É preciso experiência para entrar [e sair]. Tem de se esperar pela altura certa para entrar. Funciona com ondulação do Sul. Oeste. Ondulação Grande. De certa forma pode ser considerada parecida às Milícias. Porém, por causa da arriba, é mais protegida. Quando o vento está Norte, por isso, a onda não fica tão partida. Fica mais lisa. Considero, no geral, com as condições ideias, pode ser uma onda muito boa. [16]

Em 2009, Manuel Varão fundou o núcleo de Surf do Clube Náutico da Lagoa.[17] Varão é um dos incontornáveis do surf da Lagoa. Em 2003, com vinte e três anos de idade, aprendeu a surfar com José Seabra: ‘Foi tardio por motivos de acessibilidade e estudos. No meu núcleo de amigos não tinha pessoal que gostasse do surf. Era tudo futebol. Mas o surf foi sempre uma paixão. Primeiro via revistas de surf, depois filmes.[18] Foi presidente do Clube Náutico da Lagoa, colaborou em actividades da ASSM, fez parte da USBA, e foi (em 2014) membro fundador da AASB. Integrou por diversas vezes a sua direcção. Tirou o curso de Juiz. Fizeram parte do núcleo de surf da Lagoa, ‘o Weverton Nunes, o Triki (João Alves) e o Luís Ferreira (dos Mosteiros).’ Em 2012, o ‘Weverton Nunes (BRASA) foi campeão do circuito,   tendo no mesmo ano entrado para a Liga Meo Pro.Voltando a 2009, ano da abertura do núcleo, ‘no tempo do João Brilhante e do Paulo Melo, da ASSM, entrámos no Circuito de São Miguel.’ No ano seguinte, a 29 e 30 de Maio de 2010, o  Clube Náutico, em parceria com o CNPDL, na altura lá estava o Xolim,’ organizou ‘a 1ª prova do circuito de surf de São Miguel. Prova inicialmente programada para a baía de Santa Cruz, mas devido ao estado do mar, foi transferida para a praia do Monte Verde. Contou com um prize money de 750€, disputada nas modalidades de surf e de bodyboard.’[19] De 2011 a 2013, durante o mandato de Presidente do Clube Náutico, Varão cria uma ‘escolinha de surf.’ Em 2014, é contratado ‘David Prescott como treinador (bodyboard ou surf).’ A ligação (no entanto) foi fugaz: Prescott saiu em 2015. Procurando apoios, ‘o clube celebrou contrato programa de competição em 2015[20] Foi em vão o esforço: ‘conseguimos angariar muito poucos alunos. A volta só se dá com o Mundial que decorreu no Monte Verde. Só então entrou em franca expansão.[21] Em 2017, o Núcleo ainda participa (com um ou dois atletas) nas provas organizadas pela AASB.[22] Porém, nesse mesmo ano fecha portas. Por que razão? Porque eu [Varão] sendo o elemento mais diferenciado e com experiencia no surf por motivos pessoais não pude dar continuidade ao  meu apoio ao Clube.’ [23]

Entretanto, a (nova) Cidade pretende virar-se para o mar. E nisto, volta a olhar para Santa Cruz. Um primeiro passo fora dado (ainda Vila) em Março de 2002.[24] É (então) inaugurada a Avenida do Mar. Via litoral que liga o lado nascente ao poente da baía. [25] A viragem (decisiva) dar-se-ia (já) após a elevação a cidade em 2012.[26] Penso que imitando (no bom sentido) o exemplo (de sucesso) do que se fazia (ou pretendia fazer) na Cidade da Ribeira Grande.[27] O litoral estava (e está) na moda. O fluxo turístico subira em flecha graças às companhias aéreas de baixo custo e à divulgação da Ilha (esforço do Governo, das autarquias e de competições desportivas). O nó da Manguinha torna central a Lagoa. Sobretudo em relação a Ponta Delgada e à Ribeira Grande. Não nos deve espantar que, nesse contexto, a Câmara da Lagoa quisesse proteger e valorizar o seu litoral. Em Agosto de 2017, em plena campanha autárquica, o Dário da Lagoa, exasperado pergunta ‘Frente marítima: será que é desta?[28] Não era para menos. Era o terceiro anteprojecto. A Presidente, que substituíra dois anos antes o Presidente eleito, chamado para Secretário do Governo Regional, candidatava-se pela primeira vez como cabeça de lista. Precisava de trunfos eleitorais. Com atrasos, a obra começa a avançar da Atalhada (no extremo poente do Concelho) em direcção à baía de Santa Cruz. Projecto muito diferente do que me foi dado perceber pela notícia do jornal: desapareceram os pontões. Em Agosto de 2021, é ‘inaugurada a primeira fase da requalificação da Baía de Santa Cruz.’ Cria ‘um circuito de lazer e balnear.’ Isso, do lado da Relvinha (zona poente da baía). É ‘a primeira de três fases da renovação da baía.’ [29] Erradicara-se as barracas (algumas clandestinas) e pôs-se fim às derradeiras ‘hortas.’ Em Abril de 2024, é assinado um ‘contrato (…) de arquitectura e especialidades’ para realizar a segunda fase.[30] Enquanto isso decorre, como forma de atrair frequentadores à baía, tal como em Santa Bárbara ou nas Milícias, só para referir estes, além do recinto de futebol de praia, a autarquia irá lançar (dizem-me que em breve) um concurso de exploração de um espaço destinado a bar.[31]

 

Como chega Rodrigo Herédia ao Sul Villas & Spa? Ao certo, não sei. O que sei é que Herédia e João Reis, ambos surfistas, inauguraram em 2015 o Santa Bárbara Eco-Beach Resort (na Ribeira Grande).[32] Foi um êxito. E que, em 2017, o surfista e bodyboarder Pedro Arruda (e companheira) abrem – em Vila Franca do Campo – a Villa By the Sea. Com vista para o ilhéu e a dois passos da praia do Corpo Santo e do Calhau da Baixa da Vila. Poisos de boas ondas. Outro êxito. Herédia e Arruda, poucas dúvidas tenho disso, foram os principais responsáveis pela abertura da ilha ao surf Mundial (e à mais valia que traz à economia). Quando Herédia quis investir (ou foi convidado a fazê-lo, ainda não apurei) na baía de Santa Cruz, a fama precedia-o (pois). Teria (eventualmente) conhecimento dos anteprojectos. Além disso, vinha ao encontro do que a autarquia pretendia para a baía. Fosse como fosse, a 7 de Julho de 2019, é inaugurado o Sul Villas & Spa (de quatro estrelas).[33] Aliás, entre a Câmara e o SPA, existem (construídos antes ou depois do SPA) três alojamentos locais dois dos quais voltados para a baía. Enquanto (no Norte) o Resort vive (em estreita simbiose) com a praia, os do Sul, por ora (?), vivem (apenas) da vista (do mar).[34] A meu ver, o investimento na baía, valerá de pouco, se não se conciliar (de forma sensata) os interesses dos banhistas e dos surfistas.[35] O objectivo será facilitar o acesso ao mar sem destruir a onda. Mas não só isso. Não esquecer que à baía chegam duas ribeiras e um esgoto de águas pluviais (a nascente), e uma grota (a poente).[36] De que valerá uma praia com areia e onda, se as suas águas estiverem contaminadas? Flagelo das praias da Ilha. Quase sem excepção.

Santa Cruz (Baía) – Cidade da Lagoa



[1] CE de Manuel Varão para Mário Moura, 12 de Janeiro de 2025: Perguntei ao Varão: Gente natural da Lagoa a praticar surf?Actualmente não sei, mas sou dos que pratica ainda mas sem a vertente competitiva.’

[2] A Ilha que ligou a ilha das Sete Cidades à de Nordeste (dando origem à Ilha de São Miguel).

[3] Conversa que tive (em Março do passado ano de 2024) com o Professor Doutor Víctor Hugo Forjaz. Aviso: se o interpreto mal, o erro é apenas meu. O edifício actual da igreja saiu de uma campanha de obras de 1766 a 1772.

[4] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV; Forjaz, Victor Hugo, A laguna da Lagoa, Diário da Lagoa, Dezembro de 2023, p.3. O Vulcanólogo Victor Hugo Forjaz explica como se formou a laguna: ‘A ribeira de Santa Cruz, volumosa e vigorosa rasgou o areal e gerou uma laguna (…).’

[5]Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV

[6] Só pode ter sido igreja paroquial em data posterior a 1527, pois nessa data só havia uma na Ilha, talvez entre 1538 e 1541, como aconteceu na Ribeira Grande. A do Rosário já foi feita paroquial em 1593.

[7] Cf: Moura, Mário Por que razão a Lagoa não fez parte da Ribeira Grande – XII, Correio dos Açores, 14 de Julho de 2022: Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Livro IV, 1998, p. 166. Gaspar Frutuoso: ‘Tem a Vila [da Lagoa] uma fonte de água que custou muito a trazê-la onde está abaixo dos sumptuosos paços, ainda que já velhos (…).’ Se hoje não está lá a fonte de quinhentos, apesar de lá estar uma recente, permanece o nome do largo da fonte. O Paço ficaria acima, onde está se vê o jardim dos Frades. E, claro, o porto ainda estava na baía (não nos Carneiros).

No livro comemorativo dos 500 de Vila, a sair em Abril deste ano de 2025, Igor irá referir-se (segundo me disse) ao assunto. O Paço na Lagoa, a meio caminho de Vila Franca, Ponta Delgada e Ribeira Grande, vai ao encontro da hipótese que formulei no Ribeira Grande: Nascimento de uma Vila, 2021: equilibrar e controlar aquelas autarquias. Uma interpretação da evolução da Lagoa que recomendo (de autoria de Susana Goulart) encontra-se na Enciclopédia Açoriana.

[8] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV 

[9] Um, oriundo e morador junto à Praça Velha, no lado nascente, outro, que nasceu e cresceu, na Relvinha, no lado poente da baía, cá em baixo junto ao mar.

[10] Testemunho de Eduardo Jorge Soares, 14 e 18 de Janeiro de 2025. Como os de São Pedro iam ao portinho e os da Atalhada iam às poças de lá. Só os meninos do Rosário iam à piscina.

[11] Testemunho de Eduardo Jorge Soares ‘Vinho de Cheiro,’ 70 anos, nado e criado e vive próximo da igreja de Santa Cruz, meu antigo colega do Liceu, 14 de Janeiro de 2025. Não vês gente daqui da Lagoa?Vão para São Roque ou para a Ribeira Grande. Os meus filhos e amigos deles surfam. Estão a morar no continente. Também vejo uma vez por outra parapente.

[12] Testemunho de João Luís Tavares, 65 anos, nasceu e vive por ali, 14 de Janeiro de 2025. Coloco em nota a confirmação do que a anterior testemunha dissera: Em todo o terreno aqui o pessoal cultivava de tudo. Era dividido por uma canada de canas. E os terrenos de cada um também divididos por canas.’   

[13] Testemunho de Paulo Ramos Melo, 28 de Dezembro de 2024.

[14] Testemunho de Luís Melo, 29 de Dezembro de 2024. Hoje, dia 25 de Janeiro de 2025, depois de ler o artigo, e enquanto ele me falava da Ribeira Quente, saiu-se com essa: ‘Não te disse (é meio segredo, fica para quando publicares o livro) mas a melhor onda do Concelho da Lagoa não é a de Santa Cruz mas a da Baixa da Areia, na Caloura, Água de Pau. Comecei a surfá-la há uns quatro anos.’ E rematou, ‘escreve o que te digo: todos os concelhos têm uma onda de top.’

[15]Testemunho de Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025.

[16] Testemunho de António Benjamim, 29 de Dezembro de 2024.

[17]Um dia com o Clube Náutico da Lagoa que acaba de completar 28 anos de vida, Diário da Lagoa, Maio de 2023, p. 3: fundado em 1995 e após inactividade reaberto em 2009. Testemunho de Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025

[18] Testemunho de Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025.

[19] CE de Manuel Varão para Mário Moura, 12 de Janeiro de 2025.

[20] Testemunho de Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025.

[21]Contado com 10 surfistas no tempo da escola, no máximo.’

[22] A impressão é enganadora, pois, os atletas a competir pela Lagoa, faziam-no apenas porque não havia outro modo de se federarem (caso do Gonçalo Azevedo – da Ribeira Grande - que aprendeu a surfar com o Paulo Caetano).

[23] CE de Manuel Varão para Mário Moura, 12 de Janeiro de 2025

[24] O Martins Mota com acesso privilegiado ao Governo PS puxou o nó das SCUTS para a Manguinha para desespero da Ribeira Grande. Golpe de mestre com consequências imediatas.

[25] Placa em azulejos: Avenida do Mar (antiga rua da Praça) inaugurada em 15 de Março de 2002. Presidente: Luís Alberto Martins Mota. Que parte do alto de Santa Cruz (antiga rua do Poço), que ampliando a canada das Canas, termina na Relvinha.

[26] Pode vir do tempo do João Ponte, mas os projectos concretizam-se nos mandatos da Presidente Cristina Calisto.

[27] A Ribeira Grande – após muitas décadas de conversa sem fruto -, começara a fazê-lo em 2000/2001.

[28] Frente marítima: será que é desta?, Diário da Lagoa, Agosto de 2017, pp.1 e última.

[29] Informação do site da Câmara Municipal da Lagoa; Concluída primeira fase da renovação da Baía de Santa Cruz, Diário da Lagoa, Setembro de 2021, p. 2; ‘ Obra inclui solários em madeira, bancos, casas de bano e um circuito de dois quilómetros.’

[31] Em 2015, lança a primeira pedra na construção de Ciclovias. Em 2021, embeleza a marginal atlântica da Cidade de Lagoa, com a construção da Ciclovia do Passeio Marítimo.Pretende-se também fazer chegar aí a ciclovia.

[32] Herédia - quanto a mim -, o principal responsável pela abertura da ilha ao surf Mundial.

[33] Quero crer que a autarquia facilitou a burocracia. Não complicou. Projecto da autoria da SAL arquitectos, de Rui Sabino Sousa e parceiros. No dia 15 de Janeiro de 2025, deflagrou um incêndio que destruiu uma pequena parte. Correio dos Açores, 17 de Janeiro de 2025, p. 8; Diário dos Açores, 17 de Janeiro de 2025, p. 2.

[34] Não sei se o Villa by the sea estará um passo à frente. Talvez no próximo artigo tire isso a limpo.

[35] Testemunho de Nelson Santos, Vice-Presidente da Câmara da Lagoa, 14 de Janeiro de 2025. Testemunho de António Benjamim, 29 de Dezembro de 2024: O que ameaça a onda, desabafa um surfista da velha guarda que frequenta a praia:Em tempos, não sei se ainda se mantém, havia um projecto de pontão. Se fosse adiante, teria influência negativa.’ Além da falta de areia, há (segundo temem os surfistas) uma ameaça latente (persistente) à onda: ‘a construção de um pontão – no biscoito junto ao edifício amarelo.’

[36] Testemunho de João Luís Tavares, 65 anos, nasceu e vive por ali, 14 de Janeiro de 2025: ‘Estás a ver aquela árvore ali ao fundo [no extremo nascente da baía e junto à praia]? Repara no tubo. Aquilo é a ribeira que foi encanada e saiu para o mar. A tubagem vem desde os Frades. Mas vem do Cabouco. Corre todo o ano. E quando chove é que são elas;’ Testemunho de Eduardo Jorge Soares ‘Vinho de Cheiro,’ 70 anos, nado e criado e vive próximo da igreja de Santa Cruz, meu antigo colega do Liceu, 14 de Janeiro de 2025 ‘Toda a zona alta (parte nascente, Remédios) é servida por um Estação Elevatória (EE) que vês ali em baixo. Dali vai para outras até no Portinho de São Pedro ser enviada num emissário submarino. Quando chove muito transborda para o mar. Aqui mesmo.’ E aquele tubo que desce na vertical e tem uma tampa com a palavra esgotos?Águas pluviais. Também quando chove, acontece o mesmo. A ribeira deu problemas porque a obra estava mal feita. Passava até por meio de casas [Regato da Refuga]. O problema foi corrigido.’ Apesar de o problema (das inundações) ter ficado (garantem) resolvido a montante, quem me garante o que chega à baía após atravessar explorações agro-pecuárias e domicílios esteja isento de elementos patogénicos?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Moinhos da Ribeira Grande

“Mãn d’água [1] ” Moleiros revoltados na Ribeira Grande [2] Na edição do jornal de 29 de Outubro de 1997, ao alto da primeira página, junto ao título do jornal, em letras gordas, remetendo o leitor para a página 6, a jornalista referia que: « Os moleiros cansados de esperar e ouvir promessas da Câmara da Ribeira Grande e do Governo Regional, avançaram ontem sozinhos e por conta própria para a recuperação da “ mãe d’água” de onde parte a água para os moinhos.» Deixando pairar no ar a ameaça de que, assim sendo « após a construção, os moleiros prometem vedar com blocos e cimento o acesso da água aos bombeiros voluntários, lavradores e matadouro da Ribeira Grande, que utilizam a água da levada dos moinhos da Condessa.» [3] Passou, entretanto, um mês e dezanove dias, sobre a enxurrada de 10 de Setembro que destruiu a “Mãn”, e os moleiros sem água - a sua energia gratuita -, recorriam a moinhos eléctricos e a um de água na Ribeirinha: « O meu filho[Armindo Vitória] agora [24-10-1997] só ven...

Quem foi Madre Margarida Isabel do Apocalipse? Pequenos traços biográficos.

Quem foi Madre Margarida Isabel do Apocalipse? Pequenos traços biográficos. Pretende-se, com o museu do Arcano, tal como com o dos moinhos, a arqueologia, a azulejaria, as artes e ofícios, essencialmente, continuar a implementar o Museu da Ribeira Grande - desde 1986 já existe parte aberta ao público na Casa da Cultura -, uma estrutura patrimonial que estude, conserve e explique à comunidade e com a comunidade o espaço e o tempo no concelho da Ribeira Grande, desde a sua formação e evolução geológica, passando pelas suas vertentes histórica, antropológica, sociológica, ou seja nas suas múltiplas vertentes interdisciplinares, desde então até ao presente. Madre Margarida Isabel do Apocalipse foi freira clarissa desde 1800, saindo do convento em 1832 quando os conventos foram extintos nas ilhas. Nasceu em 1779 na freguesia da Conceição e faleceu em 1858 na da Matriz, na Cidade de Ribeira Grande. Pertencia às principais famílias da vila sendo aparentada às mais importan...

Inauguração das piscinas das Poças, Ribeira Grande

Foram inauguradas Domingo passado as novas instalações balneárias da Ribeira Grande. Perderam-se as Velhas Poças e ganharam-se Piscinas e um areal que muitos já denominam de Areal de Santo André . Venha já a Via Litoral !