Santa Cruz (Baía de)
Com pouco
mais de duzentos metros, a praia/calhau da baía de Santa Cruz (na cidade de
Lagoa) vive (há muito) uma (arreliante) crise identitária: quer ser praia mas é
(quase sempre) calhau. E enfrenta um dilema: para ser praia precisa de ter
areia e para ter areia precisa de intervir na orla marítima. Se intervir (sem critério)
pode ganhar uma praia mas perder uma onda. E para ser praia de pleno direito,
tem de resolver outro dilema: sem controlar a qualidade das águas que chegam à
baía, no que toca a elementos patogénicos, não haverá bandeira azul (galardão
de praia de excelência). Não sendo (ainda) o caso, é (só) uma zona balnear com
nadador salvador (durante a época balnear). E ainda há o paradoxo de (por um
lado) não lhe ter sido atribuída corredores para a prática e treino de surfing, certamente por ser de difícil acesso,
e no entanto, é um dos locais sugeridos num mapa editado (e distribuído) pela
Ribeira Grande Capital do Surf. Não há (além do mais) na Lagoa uma comunidade de
surf (tal como a dos Mosteiros ou a de Vila Franca) que dê a cara ‘pela sua onda.’ Poucos ou muitos, não
faço ideia, os seus surfistas (naturais ou residentes) diluem-se na ‘Tribo da Ilha’ que surfa as ondas de
Santa Bárbara, Monte Verde e Milícias.[1]
A pequena baía nasce na Pontinha e acaba no
biscoito da poça da Ralhoa. Fica dentro da grande baía que tem o seu começo na
ponta da Galera (a nascente) e termina (a poente) na ponta Delgada. Marca o
início Sul/Nascente litoral da zona (geologicamente falando) dos Piquinhos.[2]
Encosta à escarpa rochosa (que integra o complexo vulcânico da Lagoa do Fogo)
onde se ergue a igreja de Santa Cruz.[3] O que foi a baía no ‘antigamente’ de Gaspar
Frutuoso (segundo o próprio)? ‘(…) A vila da Alagoa, chamada assim por
uma que teve de água nadível, defronte da porta da igreja principal [Santa Cruz] acima de um recife e porto onde podiam entrar batéis; na qual
antigamente se tomou já muito pescado, por entrar às vezes o mar nela, e bebia
o gado e nadavam por passatempo algumas pessoas (…).’[4] E em que se transformou o local no presente
de Frutuoso e porquê? ‘Agora, com
terra e polme (que no tempo das enchentes tem corrido) está entupida [a
lagoa] e é terra que dá pastel e outras
novidades e rende para o concelho (…).’ A baía ganhou um novo espaço de
cultivo, que se manteve até há dois, três anos, mas o porto: ‘(o)
porto da Alagoa (que está defronte da porta da igreja Matriz [Santa Cruz] e de que já se não serve a vila) [foi mudado
para os Carneiros].’[5]
Os anos de 1522 e de 1523 marcaram
(fundo) a História da Lagoa.
Em 1522, a 11 do mês de Abril, o Lugar sai de Vila Franca e passa a Vila. A 22
de Outubro Vila Franca é arrasada. O núcleo principal da nova Vila estendia-se pelo
alto da falésia sobranceira à baía. A vila estabeleceu aí a câmara e a cadeia.
A curta distância, já se encontrava a igreja de Santa Cruz.[6] Próximo
da Câmara, da igreja e da fonte de água ‘o
Capitão Rui Gonçalves, segundo do nome, ali edificou depois do Dilúvio de Vila
Franca,’ o seu paço (principal).[7] Em
1523, a 15 de Abril, Domingo de Páscoa, a baía serviu de palco a um jogo de
canas que envolveu a Ilha (Nordeste ficou de fora). A nova Vila completara há
dias um ano de vida. A destruição de Vila Franca dera-se (uns) seis meses
antes. Rui Gonçalves da Câmara, o capitão do Donatário, ‘para ‘consolar seu povo,’ mandou (então) ‘fazer uma grande
festa de jogo de canas (…) armando o desafio entre as duas vilas, da Ponta
Delgada e da Lagoa, contra os da Ribeira Grande e Vila Franca e Água do Pau.’ Repare-se
no local: ‘(…) ao longo do mar, em um
campo que fica em baixo na praia, e a gente de toda a ilha, com o dito Capitão,
estavam em cima, vendo este notável folgar (…).’[8]
Um
salto no tempo. Como recordam hoje a baía da sua adolescência e infância? Perguntei-o
a dois lagoenses.[9] Do
alto do adro da igreja, o primeiro identifica-me ‘a Poça da
Ralhoa – ao fundo – do lado da Relvinha e as duas Poças aqui. Aqui em baixo
encostado à muralha do adro da igreja. A grande, para quem já soubesse nadar e
a pequena para quem ainda não soubesse.’ E precisou: ‘os do lado da Relvinha iam à poça da Ralhoa e os do lado da igreja de
Santa Cruz iam às duas poças daqui.’[10] Voltando
a olhar para baixo. Havia (continua) ‘os quintais
das casas da rua da Cadeia. Pequenos. De 1/4 a 2/4 de terra divididos por
canas. Davam de tudo. Davam boa
batata. Protegidos do mar pelas canas.’ ‘Só há dois a três anos acabaram com eles.’ E Areia na Praia? ‘Quando o tempo está Norte. Onda leve.
Rebenta na zona da areia. Antes da laje de pedra do fundo. Traz areia. Conheci
muitos anos isso cheio de areia de uma ponta à outra. Joguei muito futebol no
areal.’ E Surf (vês por aqui)? ‘Em finais de Agosto e princípios de
Setembro. Com as marés de Agosto. Vêm aqui alguns. Poucos. Gente de fora.’[11] Quanto ao segundo (testemunho). Como
era isto aqui em baixo (estávamos na
Relvinha, junto à sua casa)? ‘Um
curral de porcos e de vacas. Vês onde está aquela parte de cimento? Onde está a
casa amarela, enterravam as porcarias. E naquelas rochas [situadas a uns 50
metros a Nascente da Casa Amarela] matavam
os animais.’ E areia na praia: ‘Há 65 anos a praia ia de um lado ao outro. Não
tem areia desde que vieram aqui barcos tirar areia.’[12]
Viro-me
(agora) para os surfistas. Paulo [Ramos Melo], como é (para ti) a onda de Santa
Cruz? ‘Onda de fundo de pedra (calhau
rolado) Mesmo em frente à igreja (…). Ondulação do Sul. Com algum swell. Para poder rebentar. Mas – não sei porquê – quando lá
ia – e já não lá vou há algum tempo – notei que a onda foi perdendo
consistência. Porquê? Não sei. Talvez por mudança dos fundos.’ O que te
levava a ir lá? ‘Quando havia crowd nas
Milícias. Ali ficava à vontade. Quando o Sul estava maior, sabia que estava bom
em Santa Cruz.’[13] Luís Melo: ‘Onda de Santa Cruz? Alternativa
às Milícias. Com swell Sul grande. No Verão, às vezes funciona. Não é um sítio
de afluência. Aquela onda sempre foi (mais ao menos) aquilo que se vê. Não vejo que houvesse a interferência de
obras. Em tempos, pensou-se em construir uma marina. Mas desistiu-se. É uma
onda engraçada. Mas não passa disso.’[14] Um homem da Lagoa, Manuel Varão: ‘Tem uma (onda) direita e uma esquerda. A
melhor é a esquerda. Isso quando entrava areia. Às vezes aguentava um, dois
anos. Mas depois que houve uma tempestade, nunca mais houve areia. Falando com
um físico quântico a propósito da areia que aparecia e desaparecia, disse que
como Ponta Delgada está mais fora, como fica mais a Sul, o depósito de areia é
feito mais no Livramento, Milícias. Para reter a areia, chegou-se a falar com a
Câmara para construir um pontão, como os que se constroem em alguns pontos da
costa portuguesa. Ou fazer recifes artificiais.’[15] António Benjamim (residente na Lagoa,
vai lá de vez quando surfar com os filho e amigos): ‘Não é muito consistente.
Mas quando funciona é muito boa. De difícil acesso. É calhau. O pessoal mais
antigo não se queixa. Os mais novos, receiam. É preciso experiência para entrar
[e sair]. Tem de se esperar pela
altura certa para entrar. Funciona com ondulação do Sul. Oeste. Ondulação
Grande. De certa forma pode ser considerada parecida às Milícias. Porém, por
causa da arriba, é mais protegida. Quando o vento está Norte, por isso, a onda
não fica tão partida. Fica mais lisa. Considero, no geral, com as condições
ideias, pode ser uma onda muito boa.’ [16]
Em
2009, Manuel Varão fundou
o núcleo de Surf do Clube Náutico da Lagoa.[17] Varão é um dos incontornáveis do surf
da Lagoa. Em 2003, com vinte e três anos de idade, aprendeu a surfar com José
Seabra: ‘Foi tardio por motivos de acessibilidade e estudos. No meu núcleo de amigos não tinha pessoal que gostasse do surf. Era
tudo futebol. Mas o surf foi sempre uma paixão. Primeiro via revistas de surf,
depois filmes.’[18] Foi
presidente do Clube Náutico da Lagoa, colaborou em actividades da ASSM, fez
parte da USBA, e foi (em 2014) membro fundador da AASB. Integrou por diversas
vezes a sua direcção. Tirou o curso de Juiz. Fizeram parte do núcleo de surf da
Lagoa, ‘o Weverton Nunes, o Triki (João
Alves) e o Luís Ferreira (dos Mosteiros).’ Em 2012, o ‘Weverton Nunes (BRASA) foi campeão do circuito, tendo no mesmo
ano entrado para a Liga Meo Pro.’ Voltando
a 2009, ano da abertura do núcleo, ‘no
tempo do João Brilhante e do Paulo Melo, da ASSM, entrámos no Circuito de São
Miguel.’ No ano seguinte, a ‘29
e 30 de Maio de 2010, o Clube Náutico, em parceria com o CNPDL, na altura
lá estava o Xolim,’ organizou ‘a 1ª
prova do circuito de surf de São Miguel. Prova inicialmente programada para a
baía de Santa Cruz, mas devido ao estado do mar, foi transferida para a praia
do Monte Verde. Contou com um prize money de 750€, disputada nas modalidades de
surf e de bodyboard.’[19]
De 2011 a 2013, durante o mandato de Presidente do Clube Náutico, Varão cria
uma ‘escolinha de surf.’ Em 2014, é
contratado ‘David Prescott como treinador (bodyboard ou surf).’
A ligação (no entanto) foi fugaz: Prescott saiu em 2015. Procurando apoios, ‘o clube celebrou contrato programa de
competição em 2015’[20]
Foi em vão o esforço: ‘conseguimos angariar muito poucos
alunos. A volta só se dá com o Mundial que decorreu no Monte Verde. Só então
entrou em franca expansão.’[21] Em
2017, o Núcleo ainda participa (com um
ou dois atletas) nas provas organizadas pela AASB.[22]
Porém, nesse mesmo ano fecha portas. Por
que razão? ‘Porque eu [Varão] sendo o elemento mais diferenciado e com
experiencia no surf por motivos pessoais não pude dar continuidade ao meu
apoio ao Clube.’ [23]
Entretanto, a (nova) Cidade pretende virar-se
para o mar. E nisto, volta a olhar para Santa Cruz. Um primeiro passo fora dado (ainda
Vila) em Março de 2002.[24]
É (então) inaugurada a Avenida do Mar. Via litoral que liga o lado nascente ao poente
da baía. [25] A viragem (decisiva) dar-se-ia (já) após
a elevação a cidade em 2012.[26]
Penso que imitando (no bom sentido) o exemplo (de sucesso) do que se fazia (ou
pretendia fazer) na Cidade da Ribeira Grande.[27]
O litoral estava (e está) na moda. O fluxo turístico subira em flecha graças às
companhias aéreas de baixo custo e à divulgação da Ilha (esforço do Governo,
das autarquias e de competições desportivas). O nó da Manguinha torna central a
Lagoa. Sobretudo em relação a Ponta Delgada e à Ribeira Grande. Não nos deve
espantar que, nesse contexto, a Câmara da Lagoa quisesse proteger e valorizar o
seu litoral. Em Agosto de 2017, em plena campanha autárquica, o Dário da Lagoa,
exasperado pergunta ‘Frente marítima: será que é desta?[28]
Não era para menos. Era o terceiro anteprojecto. A Presidente, que substituíra
dois anos antes o Presidente eleito, chamado para Secretário do Governo
Regional, candidatava-se pela primeira vez como cabeça de lista. Precisava de trunfos
eleitorais. Com atrasos, a obra começa a avançar da Atalhada (no extremo
poente do Concelho) em direcção à baía de Santa Cruz. Projecto muito diferente
do que me foi dado perceber pela notícia do jornal: desapareceram os pontões. Em
Agosto de 2021, é ‘inaugurada a primeira
fase da requalificação da Baía de Santa Cruz.’ Cria ‘um circuito de lazer e balnear.’ Isso, do lado da Relvinha (zona poente da baía).
É ‘a primeira de três fases da
renovação da baía.’ [29] Erradicara-se
as barracas (algumas clandestinas) e pôs-se fim às derradeiras ‘hortas.’ Em
Abril de 2024, é assinado um ‘contrato (…)
de arquitectura e especialidades’ para realizar a segunda fase.[30]
Enquanto isso decorre, como forma de atrair frequentadores à baía, tal como em
Santa Bárbara ou nas Milícias, só para referir estes, além do recinto de
futebol de praia, a autarquia irá lançar (dizem-me que em breve) um concurso de
exploração de um espaço destinado a bar.[31]
Como chega Rodrigo
Herédia ao Sul Villas & Spa? Ao
certo, não sei. O que sei é que Herédia e João Reis, ambos surfistas, inauguraram
em 2015 o Santa Bárbara Eco-Beach Resort (na Ribeira Grande).[32]
Foi um êxito. E que, em 2017, o
surfista e bodyboarder Pedro Arruda (e companheira) abrem – em Vila Franca do
Campo – a Villa By the Sea. Com vista para o ilhéu e a dois passos da praia do
Corpo Santo e do Calhau da Baixa da Vila. Poisos de boas ondas. Outro êxito. Herédia e Arruda, poucas dúvidas tenho disso, foram os principais
responsáveis pela abertura da ilha ao surf Mundial (e à mais valia que traz à
economia). Quando Herédia quis investir (ou foi convidado a fazê-lo, ainda não
apurei) na baía de Santa Cruz, a fama precedia-o (pois). Teria (eventualmente)
conhecimento dos anteprojectos. Além disso, vinha ao encontro do
que a autarquia pretendia para a baía. Fosse
como fosse, a 7 de Julho de 2019, é inaugurado o Sul Villas & Spa (de quatro estrelas).[33]
Aliás, entre a Câmara e o SPA, existem (construídos antes ou depois do SPA) três
alojamentos locais dois dos quais voltados para a baía. Enquanto (no Norte) o
Resort vive (em estreita simbiose) com a praia, os do Sul, por ora (?), vivem (apenas)
da vista (do mar).[34]
A meu ver, o investimento na baía, valerá de pouco, se não se conciliar (de forma sensata) os interesses
dos banhistas e dos surfistas.[35] O
objectivo será facilitar o acesso ao mar sem destruir a onda. Mas não só isso. Não
esquecer que à baía chegam duas ribeiras e um esgoto de águas pluviais (a
nascente), e uma grota (a poente).[36] De
que valerá uma praia com areia e onda, se as suas águas estiverem contaminadas?
Flagelo das praias da Ilha. Quase sem excepção.
Santa Cruz (Baía) – Cidade da Lagoa
[1] CE de Manuel
Varão para Mário Moura, 12 de Janeiro de 2025: Perguntei ao Varão: Gente natural da
Lagoa a praticar surf? ‘Actualmente não sei, mas sou dos que pratica ainda mas sem a vertente
competitiva.’
[2] A
Ilha que ligou a ilha das Sete Cidades à de Nordeste (dando origem à Ilha de
São Miguel).
[3] Conversa que tive
(em Março do passado ano de 2024) com o Professor Doutor Víctor Hugo Forjaz.
Aviso: se o interpreto mal, o erro é apenas meu. O edifício actual da igreja
saiu de uma campanha de obras de 1766 a 1772.
[4] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV; Forjaz, Victor Hugo, A laguna da Lagoa,
Diário da Lagoa, Dezembro de 2023, p.3. O Vulcanólogo Victor Hugo Forjaz
explica como se formou a laguna: ‘A
ribeira de Santa Cruz, volumosa e vigorosa rasgou o areal e gerou uma laguna
(…).’
[5]Frutuoso, Gaspar,
Saudades da Terra, Livro IV
[6] Só pode ter sido
igreja paroquial em data posterior a 1527, pois nessa data só havia uma na
Ilha, talvez entre 1538 e 1541, como aconteceu na Ribeira Grande. A do Rosário
já foi feita paroquial em 1593.
[7] Cf: Moura, Mário
Por que razão a Lagoa não fez parte da Ribeira Grande – XII, Correio dos
Açores, 14 de Julho de 2022: Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Livro IV,
1998, p. 166. Gaspar Frutuoso: ‘Tem a
Vila [da Lagoa] uma fonte de água que
custou muito a trazê-la onde está abaixo dos sumptuosos paços, ainda que já
velhos (…).’ Se hoje não está lá a fonte de quinhentos, apesar de lá estar
uma recente, permanece o nome do largo da fonte. O Paço ficaria acima, onde
está se vê o jardim dos Frades. E, claro, o porto ainda estava na baía (não nos
Carneiros).
No
livro comemorativo dos 500 de Vila, a sair em Abril deste ano de 2025, Igor irá
referir-se (segundo me disse) ao assunto. O Paço na Lagoa, a meio caminho de
Vila Franca, Ponta Delgada e Ribeira Grande, vai ao encontro da hipótese que
formulei no Ribeira Grande: Nascimento de uma Vila, 2021: equilibrar e
controlar aquelas autarquias. Uma interpretação da evolução da Lagoa que
recomendo (de autoria de Susana Goulart) encontra-se na Enciclopédia Açoriana.
[8] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV
[9] Um, oriundo e
morador junto à Praça Velha, no lado nascente, outro, que nasceu e cresceu, na
Relvinha, no lado poente da baía, cá em baixo junto ao mar.
[10] Testemunho de
Eduardo Jorge Soares, 14 e 18 de Janeiro de 2025. Como os de São Pedro iam ao portinho e os da Atalhada iam às poças de
lá. Só os meninos do Rosário iam à piscina.
[11] Testemunho de
Eduardo Jorge Soares ‘Vinho de Cheiro,’ 70 anos, nado e criado e vive próximo
da igreja de Santa Cruz, meu antigo colega do Liceu, 14 de Janeiro de 2025. Não vês gente daqui da Lagoa? ‘Vão para São Roque ou para a Ribeira Grande.
Os meus filhos e amigos deles surfam. Estão a morar no continente. Também vejo uma vez por outra
parapente.’
[12] Testemunho de
João Luís Tavares, 65 anos, nasceu e vive por ali, 14 de Janeiro de 2025. Coloco
em nota a confirmação do que a anterior testemunha dissera: Em todo o terreno aqui o pessoal cultivava
de tudo. Era dividido por uma canada de canas. E os terrenos de cada um também
divididos por canas.’
[13] Testemunho de
Paulo Ramos Melo, 28 de Dezembro de 2024.
[14] Testemunho de
Luís Melo, 29 de Dezembro de 2024. Hoje, dia 25 de Janeiro de 2025, depois de
ler o artigo, e enquanto ele me falava da Ribeira Quente, saiu-se com essa: ‘Não
te disse (é meio segredo, fica para quando publicares o livro) mas a melhor onda
do Concelho da Lagoa não é a de Santa Cruz mas a da Baixa da Areia, na Caloura,
Água de Pau. Comecei a surfá-la há uns quatro anos.’ E rematou, ‘escreve o que
te digo: todos os concelhos têm uma onda de top.’
[15]Testemunho de
Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025.
[16] Testemunho de
António Benjamim, 29 de Dezembro de 2024.
[17]Um dia com o
Clube Náutico da Lagoa que acaba de completar 28 anos de vida, Diário da Lagoa,
Maio de 2023, p. 3: fundado em
1995 e após inactividade reaberto em 2009. Testemunho de Manuel Varão,
12 de Janeiro de 2025
[18] Testemunho de
Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025.
[19] CE de Manuel
Varão para Mário Moura, 12 de Janeiro de 2025.
[20] Testemunho de
Manuel Varão, 12 de Janeiro de 2025.
[21] ‘Contado com 10 surfistas no tempo da escola, no máximo.’
[22] A impressão é enganadora, pois, os
atletas a competir pela Lagoa, faziam-no apenas porque não havia outro modo de
se federarem (caso do Gonçalo Azevedo – da Ribeira Grande - que aprendeu a
surfar com o Paulo Caetano).
[23] CE de Manuel
Varão para Mário Moura, 12 de Janeiro de 2025
[24] O Martins Mota com acesso privilegiado ao Governo PS puxou o nó das SCUTS para a Manguinha para desespero da Ribeira Grande. Golpe de mestre com consequências imediatas.
[25] Placa em
azulejos: Avenida do Mar (antiga rua da Praça) inaugurada em 15 de Março de
2002. Presidente: Luís Alberto Martins Mota. Que parte do alto de Santa Cruz (antiga rua do Poço), que
ampliando a canada das Canas, termina na Relvinha.
[26] Pode vir do tempo do João Ponte, mas
os projectos concretizam-se nos mandatos da Presidente Cristina Calisto.
[27] A Ribeira Grande – após muitas décadas de conversa sem
fruto -, começara a fazê-lo em 2000/2001.
[28] Frente
marítima: será que é desta?,
Diário da Lagoa, Agosto de 2017, pp.1 e última.
[29] Informação do
site da Câmara Municipal da Lagoa; Concluída primeira fase da renovação da Baía
de Santa Cruz, Diário da Lagoa, Setembro de 2021, p. 2; ‘ Obra inclui solários
em madeira, bancos, casas de bano e um circuito de dois quilómetros.’
[30] https://ordemdosarquitectos.org/sr_acores/noticias/inauguracao-de-exposicao-requalificacao-da-zona-norte-da-baia-de-santa-cruz-da-lagoa
[31] Em 2015, lança a primeira pedra na construção de Ciclovias. Em 2021, embeleza a marginal atlântica da Cidade de Lagoa,
com a construção da Ciclovia do
Passeio Marítimo.Pretende-se também fazer chegar aí a
ciclovia.
[32] Herédia - quanto a mim -, o principal responsável pela abertura da ilha ao surf Mundial.
[33] Quero crer que a
autarquia facilitou a burocracia. Não complicou. Projecto da autoria da SAL
arquitectos, de Rui Sabino Sousa e parceiros. No dia 15 de Janeiro de 2025, deflagrou
um incêndio que destruiu uma pequena parte. Correio dos Açores, 17 de Janeiro
de 2025, p. 8; Diário dos Açores, 17 de Janeiro de 2025, p. 2.
[34]
Não sei se o Villa by the sea estará um passo à frente. Talvez no próximo
artigo tire isso a limpo.
[35] Testemunho de
Nelson Santos, Vice-Presidente da Câmara da Lagoa, 14 de Janeiro de 2025.
Testemunho de António Benjamim, 29 de Dezembro de 2024: O que ameaça a onda, desabafa um surfista da velha guarda que frequenta
a praia: ‘Em tempos, não sei se ainda
se mantém, havia um projecto de pontão. Se fosse adiante, teria influência
negativa.’ Além da falta de areia, há (segundo temem os surfistas) uma
ameaça latente (persistente) à onda: ‘a construção de um pontão
– no biscoito junto ao edifício amarelo.’
[36] Testemunho de
João Luís Tavares, 65 anos, nasceu e vive por ali, 14 de Janeiro de 2025: ‘Estás a ver aquela árvore ali ao fundo [no
extremo nascente da baía e junto à praia]?
Repara no tubo. Aquilo é a ribeira que foi encanada e saiu para o mar. A
tubagem vem desde os Frades. Mas vem do Cabouco. Corre todo o ano. E quando
chove é que são elas;’ Testemunho de Eduardo Jorge Soares ‘Vinho de
Cheiro,’ 70 anos, nado e criado e vive próximo da igreja de Santa Cruz, meu
antigo colega do Liceu, 14 de Janeiro de 2025 ‘Toda a zona alta (parte
nascente, Remédios) é servida por um Estação Elevatória (EE) que vês ali em
baixo. Dali vai para outras até no Portinho de São Pedro ser enviada num
emissário submarino. Quando chove muito transborda para o mar. Aqui mesmo.’ E aquele tubo que desce na vertical e tem
uma tampa com a palavra esgotos? ‘Águas
pluviais. Também quando chove, acontece o mesmo. A ribeira deu problemas porque
a obra estava mal feita. Passava até por meio de casas [Regato da Refuga]. O problema foi corrigido.’ Apesar de o
problema (das inundações) ter ficado (garantem) resolvido a montante, quem me
garante o que chega à baía após atravessar explorações agro-pecuárias e
domicílios esteja isento de elementos patogénicos?
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