Como é
que a Ribeira Grande encarava o mar, no tempo em que era ainda Lugar de Vila
Franca? Com medo. No entanto, porque não podia prescindir dele, forçava-se a encará-lo:
ele era um elo vital de ligação com o exterior e dele retirava parte do seu sustento.
Então, o litoral (calhau e mar) era deixado aos mais pobres, ao contrário do
que hoje acontece. Com um mar cheio de peixe, seria improvável que a Ribeira
Grande não tivesse logo de início aproveitado a pesca. Pesca feita na pedra, de
cana ou de sarrafa (rede), ou de barco. Com uma praia (o Monte Verde actual) rente
às casas, é improvável que não a tenha logo aproveitado como varadouro de barcos (batéis). Se isso
acontecia a Norte, ali ao lado, no Porto Formoso. Se isso acontecia nas praias
do Sul. Que razões haveria para que não acontecesse algo de semelhante na
Ribeira Grande? Com mar bom, de
meados da Primavera a meados do Outono, e com alguns dias bons fora daquelas
estações, é improvável que preferisse a terra ao mar para transportar
mercadorias, sobretudos as mais difíceis de transportar por terra.[1]
Acontecendo isso em todo o litoral da Ilha, por que não haveria de acontecer outro
tanto aqui? O areal, outro nome da praia do Monte Verde, (na boca da ribeira)
já então seria usado como estendal da roupa lavada na ribeira. Já para lá
mandariam o gado a tentar livrar-se da mosca e do fastio. O areal seria também local
de brincadeiras. Os putos – como os de todas as épocas e latitudes fazem -, apesar
de trabalharem como adultos, arranjariam tempo para mergulhos no mar e nos
poços da ribeira, e afoitar-se-iam às ondas do mar. Rebolar-se-iam na areia da
praia. Era também local de exibição de proezas hípicas. Sabe-se por Frutuoso
que a praia era usada como carreira de cavalos. João de Aveiro, o notário que
registou o acto de elevação a Vila do Lugar da Ribeira Grande, demonstrava aí os
seus dotes de cavaleiro: ia ‘tão
ligeiramente pelo areal, ao longo do mar, que lhe não achavam rasto, senão de
meio pé para diante.’[2] Será
que não houve ali também jogos de cana? Houve um (em 1523) na acanhada baía de
Santa Cruz, na Lagoa, por que não haveria de ter havido outros na extensa praia
do Monte Verde?
Se até aqui, apoiando-me sobretudo em provas
circunstanciais, especulei sobre a relação inicial da Ribeira Grande com o mar,
a partir daqui, é-me já possível recorrer a provas (mais) duras. A começar pelo
primeiro século de Vila, a pesca era farta. Um tal ‘(…) Lopo Gonçalves engorda(va) os
porcos com o pescado que lhe sobejava do muito que pescava na boca da ribeira
da vila da Ribeira Grande, onde vivia.’[3]
Antes da catastrófica destruição de 1563/1564, a seguir à ‘ponte de pedra junto à Praça (…), havia ‘outra ponte que se fez para a banda do mar (…) com suas casas altas
de sobrado (…) moinhos ao longo da ribeira (…).’[4]
Eram ‘(…) [as] mais delas [casas] sobradadas e das melhores que havia, por
estarem ao longo da ribeira, onde os mais dos homens folgavam de edificar e
morar.’[5]
Localizadas a uma centena de metros da praia, em lugar protegido da fúria das
ondas, mas não da fúria da ribeira, como foi o caso, não iriam criados e
escravos ali pescar (na rocha ou no barco) para seu sustento e do dos seus
senhores?
Deixando o centro da Vila, andando pouco mais de
dois quilómetros para Nascente, cedo terão descoberto uma fabulosa calheta. Ao
contrário da praia, exposta aos ventos de noroeste, a calheta era abrigada. Mais
segura. E mais calma. Deram-lhe (não logo) o nome de Santa Iria. Porém, nem por
isso, terão voltado costas à praia. Ficava ao pé da porta. Se porventura
tivessem pensado mudar as suas casas (algures) nos arredores da praia para os
arredores de Santa Iria, teriam por certo levado uma nega firme dos donos das
férteis terras ao redor de Santa Iria. Terá sido essa a razão, pela qual ali
não se formou (nem se iria formar) um bairro piscatório, como o que se foi
formando nos biscoitos que ninguém queria em Rabo de Peixe? Onde moravam (então)
os pescadores da Ribeira Grande? Uns, morariam nas herdades dos seus donos e
patrões, no próprio Lugar da Ribeirinha, outros, morariam no centro (litoral) da
Vila da Ribeira Grande. Ainda assim, continuou a haver barcos e pescadores na
praia (do Monte Verde). Ainda conheci um pescador (Moisés Ramela) com um barco varado naquela praia (década de
setenta/oitenta). E (na década de sessenta) um outro na ribeira, de José Preto, irmão do primeiro, para ‘passeios.’
Como era aquilo ali em Santa
Iria? Era a
porta de entrada dos trigos da Achada (embarcados nos Fenais da Ajuda) dos
irmãos Câmara. Santa Iria ficava dentro (ou vizinha) da fazenda de António
Rodrigues da Câmara, que tinha casa e herdade na Ribeirinha, termo da Ribeira
Grande. O irmão, Pedro Rodrigues da Câmara, tinha a sua um pouco acima do
centro da Vila. Além de outros mais senhores, entre os quais os não menos ricos
e poderosos familiares de João do Outeiro. Tal era a importância daquela calheta
que, em 1525, a ‘governança da Vila’
investiu grossos cabedais na melhoria do seu acesso. O ‘penoso caminho de pé posto,’ uma vereda, deu lugar a um caminho
para carros.[6]
Além dos trigos vindos do Norte, também se pescava em Santa Iria. Na pedra ou
de barco, a julgar pelas espécies de peixe e de marisco que Frutuoso enumera:[7] ‘chernes, peixe escolar, peixe galo, congros,
gatas, gorazes, pargos, garoupas, abróteas, sargos, salmonetes e outras sortes,
lagostas, lagostins e cavacos.’[8] Ao
que me dizem, pescadores dos dias de hoje, o cherne e o goraz são pescados de
barco, a lagosta de mergulho, e o resto na pedra. Seria assim naquele tempo?
Indo do centro da Vila em direcção a Poente, chega-se
a Rabo de Peixe, Termo da Vila. Também ali se pescava. Pescariam (além de
outros locais) numa baixa de pedra defronte do actual Morro de Santana na ‘qual arrebenta muitas vezes o mar e algumas
pescam os pescadores [das redondezas]
de batel, em cima dele.’[9] Dada
a proximidade ao Monte Verde, é possível que fosse também frequentada por
pescadores da praia da Vila? Nas Calhetas (que entram no concelho depois de
1507 e antes de 1570) também se pescava peixe: de sarrafa. E muito.
O
que se sabe dos pescadores da Ribeira Grande e dos de Rabo de Peixe, seu Termo,
no século XVI? Pouco. Em 1555, no livro de actas da
Câmara mais antigo sobrevivente, revelam-se dois nomes de pescadores da Ribeira
Grande (os primeiros até hoje conhecidos): Álvaro Pires e Brás Gonçalves. Brás
Gonçalves, além da pesca, integrava a Quadrilha de Baltasar Gonçalves, cuja missão
era o policiamento nocturno da rua das Pedras e suas travessas. Sabiam assinar
o seu nome. Nesse mesmo ano, o escrivão, não revelando nomes, registou (de
forma seca): ‘pescadores de Rabo de Peixe.’
Dois, três? Infelizmente, nada mais acrescenta. Alguns destes pescadores,
dedicavam-se à agricultura. No centro da Vila, em 1578, no segundo livro de
actas sobrevivente mais antigo, vemos o pescador (do centro) ‘Francisco Vaz’ arrendar ao município uma
terra de ‘seis alqueires de moio,’ na
‘praia.’[10] Outros
envolvem-se em actividades afins. Ainda nesse ano, em Rabo de Peixe, o pescador
Manuel Fernandes, é ‘tesoureiro/graneleiro.’[11] Outra
fonte, os termos de óbito da Matriz da Estrela, revela-nos a extrema pobreza de
alguns deles.[12]
Que concluir? Que já havia quem vivesse só da pesca. Que os pescadores da Vila
e do seu Termo, podiam exercer outras actividades e (ainda que em cargos muito
secundários) participavam na vida da comunidade. O que provaria uma relativa
importância social. Uma dúvida: seriam já em número suficiente para formar um
grupo distinto? A ermida de Santo André (antigo pescador), com a porta
principal voltada à praia (Monte Verde), referida por Frutuoso, teria a ver com
a pesca?
O
que seria então Santa Iria, o porto principal da Vila e seu Termo?
Para Frutuoso, reportando-se ao seu tempo, Santa Iria era varadouro de batéis, sendo
a pesca a sua principal actividade. No entanto, creio que fosse um pouco mais
do que isso. Tanto em Santa Iria, como no centro da Vila, os batéis transportariam
cargas de e para embarcações maiores ancoradas na baía e desenvolveriam uma
actividade de cabotagem com os vizinhos Rabo de Peixe, Porto Formoso, Maia ou
Fenais da Ajuda. Tal como estes faziam entre si. No caso de Santa Iria, há
provas de ligações com outras ilhas. E não só. A partir de Março de 1515, teve
início, segundo Frei Agostinho de Monte Alverne, uma romaria anual à Ribeira
Grande. Os peregrinos acorriam aí vindos de vários locais da ilha e mesmo das
ilhas de Baixo (assim eram conhecidas as ilhas do grupo central) à igreja de
Nossa Senhora da Estrela e ‘corr(iam) a
igreja quatro vezes por fora e três por dentro.’[13] Esses
peregrinos das ilhas de baixo, viajavam
‘em barcos (…),’ ou em batéis?[14] Faz
sentido que tenham vindo em embarcações de calado superior à dos batéis?
Caravelas? E não desembarcariam (pelo menos, em parte) em Santa Iria?[15]
Aos
olhos dos cronistas coevos do século XVII, Santa Iria era ainda e sê-lo-ia por
mais tempo o porto mais importante do Concelho da Ribeira Grande.
Para Diogo das Chagas era uma calheta ‘(…) aonde
abicam os barcos do pescar da terra e outros que de fora a ela vão (…).’[16]
De onde vinham os de fora da terra? De Rabo de Peixe? Da Praia (Centro da
Vila)? E de onde mais viriam? De fora da costa. Frei Agostinho de Monte
Alverne, fala de uma caravela que ancorou naquele porto. A 8 de Junho de 1664’ (e não seria caso único), uma caravela,
transportando a imagem de ‘Cristo Atado à
Coluna,’ ancorou naquele porto.[17]
Caso único? O cronista relatará um caso singular, os casos rotineiros, não
chegaram até nós? Apesar de Santa Iria ser o centro (insisto uma vez mais) não
creio que na praia (Monte Verde), em cujas redondezas morariam os pescadores da
Ribeira Grande, não houvesse barcos de pesca. E que aí não se realizassem
cargas e descargas, desde que isso desse mais jeito e o mar permitisse.
Entre o ano em que Frutuoso deixa de escrever as Saudades da Terra (c. de 1591) e 1646, ano
em que Diogo das Chagas visitou a Ribeira Grande, fundara-se uma Irmandade (talvez,
a primeira) de homens do mar.[18]
Prova da existência de um grupo razoável de pescadores da Ribeira Grande?[19] E
da sua importância? O facto de ter sido construída a ermida do Corpo Santo (São Pedro Gonçalves) no
coração do poder político, económico e religioso da Ribeira Grande, ao lado da
Câmara, do Pelourinho, da Praça, da Santa Casa da Misericórdia e pertíssimo da
igreja Matriz, confirma a existência de um grupo de pescadores e a sua relevância
social.[20] Aquela era a ermida de todos os pescadores do concelho ou apenas dos do centro?[21]
E no século XVIII? Santa Iria mantinha a supremacia.
Em 1746, o cosmógrafo-mor do reino Manuel Pimentel, reconhece na costa norte ‘algumas calhetas para barcos, [em que] a principal se chama o porto de Santa Iria.’[22] Uma
memória militar desse século, refere os ‘(...) portinhos da Maia, Porto Formoso, Santa Iria (…).’[23]
Nada aí é dito de Rabo de Peixe nem das Calhetas. Nem tão-pouco da baía da
Ribeira Grande. Porém, estava activa. Em pleno Inverno de 1798, havia barcos e
pescadores na Ribeira Grande (centro). E (seja lá o que isso fosse) havia um
porto (junto ao forte de Nossa Senhora da Estrela).[24] E
desembarques para aguada. É o que nos conta João Caetano Botelho, o capitão de
ordenanças da Vila da Ribeira Grande. No seu relatório ao capitão-mor, descreve
o que se passou no dia 22 de Janeiro de 1798: ‘chegou ao porto desta vila um bergantim (de) nação francesa’ [Portugal fazia então jogo do gato e do rato
com a República Francesa] ao ‘ver o
perigo em que estava este porto
mandei a uns quatro pescadores que
ficassem de sentinela enquanto vinha a dar parte ao meu capitão-mór a tempo que
os ditos quatro homens do mar vieram
fugindo de um escaler de franceses que com diligencia grande queriam apanhar os
nossos’ ‘neste intervalo de tempo
sucedeu que várias pessoas desta vila fretassem
um barco e se fossem meter a bordo da embarcação francesa (…).’ O piloto ‘esteve dia e meio em sua liberdade [em terra] o qual no fim deste tempo se embarcou para a dita embarcação levando
consigo vários refrescos.’ Os visitantes do barco, regressaram a terra, excepto
o filho do capitão-mor que preferiu ir com os franceses. [25] Seria
uma situação única? É provável ter havido, antes e depois, outras. Não passavam
pelo Norte da Ilha as rotas de Inglaterra para as suas possessões da América? Quem
seriam aqueles quatro pescadores? Onde moravam? Certo é que havia barcos e os
pescadores morariam por ali perto. E onde ficaria exactamente aquele porto?
Monte Verde, Cidade da Ribeira
Grande
[1] Sobretudo,
cargas da Ribeira Grande para as bandas do poente e do nascente da sua ampla
baía. Era mais fácil do que penar nas suas ladeiras íngremes.
[2] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, 1998, p. 256.
[3] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, p. 228.
[4] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, livro IV, 1988, pp. 187-9
[5] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, 1998, p. 356.
[6] Como
se conseguiu isso? Rasgou-se a meio o pico da Fajã Grande.
[7] Os mares do norte, Ataíde, Luís Bernardo
Leite de, Etnografia, arte e vida antiga nos Açores, volume III, Edição
Facsimile, 2011, pp. 318-330. É (até) possível que alguns dos mares e marcas
dos mares do Norte (com esse ou outro nome) ouvidos da boca de um pescador velho
de Rabo de Peixe por Luís Bernardo Leite de Ataíde (transcritos em trabalho sem
data, mas entre 1915 e 1952, talvez – isso é um palpite meu -, mais para as
décadas de vinte ou trinta) já fossem conhecidos no século XVI por alguns
pescadores dos portinhos do Norte. A Norte da Ilha de São Miguel - tal
qual no Sul -, há mares. De fora e de dentro. Para os quais, antes do GPS, no
mar, os pescadores se guiavam por elas: referências em terra.
[8] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV
[9] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra. Livro IV, 1998, p. 192. Em Rabo de Peixe, mais do
que em quaisquer outros locais da costa Norte ou da do Sul da Ilha, diz-nos
Frutuoso, davam à costa baleias.
[10] Pereira, António
dos Santos, Ribeira Grande. (S. Miguel – Açores) – Vereações (1555-1578). 2006,
p. 265.
[11] Pereira, António
dos Santos, Ribeira Grande. (S. Miguel – Açores) – Vereações (1555-1578). 2006,
p. 43. O apelido Bodião para João
Fernandes da Ribeira Grande não ilude a ligação ao mar.
[12] Tavares, Marília de Assis, A pobreza na Ribeira Grande durante a segunda metade do século XVI:
estudo quantitativo baseado nos registos de óbito, Separata do Arquipélago.
Série Ciências Humanas; Nº Especial, Ponta Delgada, Universidade dos Açores,
1983, p.58 (Quadro II).
[13] Monte Alverne, Frei Agostinho, Crónicas da Província de São João Evangelista das Ilhas dos Açores,
ICPD, Ponta Delgada, 1961, p. 297.
[14] Idem.
[15] O Porto Formoso
entra no Concelho da Ribeira Grande (mais a Maia) a partir de 1820. Os Fenais
da Ajuda entram no Concelho na década de 90, apesar de terem estado na década
de 90. Houvesse, como haveria,
movimento comercial naquele porto, porém, a fatia de leão (sem excluir algumas
no Norte, insisto) fazia-se pelo porto dos Carneiros, na Lagoa, a Sul. No
Norte, de longe, o melhor porto (isto até 1563/64) era o Porto Formoso. Ali se
construiu caravelas. Na Maia, no século XVI, havia porto. E peixe abundante.
Nos Fenais da Ajuda havia um guindaste para cargas e descargas e pescadores.
Um facto deixa-me (contudo) espantado: Frutuoso que viveu na Ribeira Grande de
1565 a 1591 e sacerdote da igreja alvo da romaria nada diz acerca dela, Frei Agostinho de Monte Alverne,
natural da terra, escrevendo no século XVII, já o refere. Porquê? Será porque a
fama daquela peregrinação é posterior à escrita de Frutuoso? Pereira,
António Santos, Ribeira Grande (S. Miguel – Açores) no século XVI. Vereações
(1555-1578), Ribeira Grande, 2006, p. 3; Cf. AMRG, Livro de Vereações de 1555,
fls. 4v-5: ‘desse os ditos quatrocentos
réis para eles oficiais darem de esmola a sete homens que vieram a esta vila
que perderam um navio para se repararem para irem para o reino de Castela por
lá serem moradores e estarem despidos e muito mal tratados em risco de se
perderem aos frios.’ Quem tratou da entrega, foi Roque Rodrigues. Há também indícios de barcos no centro
da Ribeira Grande. Entre 11 e 14 de Janeiro de 1555, ocorreu um
naufrágio. Não é explícito quanto ao ponto concreto do naufrágio, mas é
seguramente na Ribeira Grande, ou melhor, na costa Norte perto da Vila da
Ribeira Grande. Trata-se de um navio castelhano (a acta não refere o tipo de
embarcação, diz apenas um navio), tendo-se salvo sete tripulantes. A Câmara, em
reunião do dia 14 de Janeiro, vota uma verba destinada a auxiliar o seu
regresso a Castela.
[16] Chagas, Frei
Diogo das, Espelho Cristalino em Campo de
Várias Flores, 1989, p.170.
[17] Monte Alverne,
Agostinho de, Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos
Açores, Volume II, 1961, p. 304.
[18] Chagas, Frei
Diogo das, Espelho Cristalino em Campo de
Várias Flores, 1989, p.186; Melo, Francisco Afonso de Chaves e, A Margarita
Animada, 1994, p. 73
[19] Partindo do princípio que (alguns mais tarde duvidam disso) que fosse mesmo dos pescadores. Isso em meados do século XIX. A dúvida virá do declínio dos pescadores no século XIX?
[20] Ermida que passou em c. 1917 a Passo
Quaresmal.
[21] Só têm imagem. Que saiba, não houve ermida. Porém, o
costume ‘antigo’ (muito antigo, dizem os antigos daqui e de lá) de os
pescadores de Rabo de Peixe virem honrar Nossa Senhora da Estrela na noite das
‘estrelas,’ lança (uma intrigante) luz sobre as ligações antigas (desde o
inicio?) deles à primeira (e ainda) padroeira do Concelho. E aos seus ‘companheiros’ do centro da Vila. Já se
celebraria (de forma autónoma) a festa do Santinho (São Pedro Gonçalves) em
Rabo de Peixe?
[22] Oliveira,
N’Zinga Katiamela Machado de, Os portos
na ilha de São Miguel (séculos XVI – XIX), Dissertação de Mestrado,
Universidade dos Açores, 2012. Em São Miguel, reconhece como portos só Ponta
Delgada, Vila Franca e o (minúsculo) do Nordeste. Incluiria nessas outras
calhetas, Rabo de Peixe, Calhetas, Maia, Fenais da Ajuda? Porto Formoso? Porto
Formoso, Maia, Fenais da Ajuda e Porto Formoso ainda não pertenciam à Ribeira Grande. ‘como fica exposta ao Norte é a sua capacidade inútil; porque
ruinando aqui muito os ventos deste quadrante (Norte), qualquer sopro embravece
o mar de sorte que chega à rocha aonde estão os barcos varados, quando se faz
necessário subi-los por corda e por este motivo tão bem julgo se deve
abandonar.’ Meneses, Avelino de Freitas, Os Açores nas encruzilhadas de
setecentos (1740-1770), I – Poderes e Instituições, Universidade dos Açores,
1993, p. 424 Cf. (BN (Lisboa), Códice 472, fls. 95-98, descrição costeira da
ilha de S. Miguel, s/l, (século XVIII). Quais areais? Monte Verde, Santa
Bárbara e Santana? Permito-me
discordar da opinião, pelo que já escrevi e pelo que irei à frente escrever. Um
historiador, nosso contemporâneo, acha que
‘os três areais da Ribeira Grande [não especifica quais, é possível que se
esteja a referir ao Monte Verde, Santa Bárbara e a Santana] comungam destas contrariedades.’ Maia e Porto Formoso ainda
não integravam o Concelho. Para
finais do século, para alguns, o Porto Formoso era muito mau.
[23] Segundo
o autor, ‘a impetuosidade do mar e o acidentado da costa,’ tornava-os ‘quase
impraticáveis.’
[24] Atestado do
capitão de ordenanças da Vila da Ribeira Grande; 1 de Fevereiro de 1798,
Arquivo dos Açores, vol.10, Ponta Delgada, 1982, pp. 428-429: ‘(…) Chegando ao porto desta vila um
bergantim (de) nação francesa (…) bem perto de terra (…) por ver o perigo em
que estava este porto mandei a uns quatro pescadores que ficassem de sentinela
(…). Os ditos quatro homens do mar vieram fugindo de um escaler de franceses
(…) Neste intervalo de tempo sucedeu que várias pessoas desta vila fretassem um
barco e se fossem meter a bordo da embarcação francesa (…).’
[25] Atestado do
capitão de ordenanças da Vila da Ribeira Grande; 1 de Fevereiro de 1798,
Arquivo dos Açores, vol.10, Ponta Delgada, 1982, pp. 428-429
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