Conhecer a Ribeira Grande
Contexto político e administrativo da
Ilha de São Miguel do fim da Capitania-Geral à Junta Geral Autónoma: 1831-1895
Subsídio
É preciso conhecer as linhas
gerais da evolução administrativa da Ilha de S. Miguel para perceber o contexto
político e administrativo em que se desenrola a nossa narrativa.
Há, contudo, um problema com a
forma como se faz geralmente a História desta evolução. O problema desta forma
de fazer a História da Ilha de São Miguel é que deixa de fora a maior parte da
Ilha: tudo o que não seja Ponta Delgada e quase tudo o que não seja elite é
referido muito em vol d’oiseau.
No caso da maioria da população,
há muita fonte a explorar. Mousinho em 1825 escreveu: ‘(…) da actual distribuição das riquezas que nela
existem só podem porvir males aos Povos da Ilha de S. Miguel[1].’
No caso da ilha de São Miguel, havendo igualmente muito a explorar, há
necessidade de estudar a dinâmica entre Ponta Delgada, Vila Franca do Campo e
Ribeira Grande. Só para dar algum lamiré,
até porque grande parte dos campos de trigo, de milho, da moagem, dos campos de
chá, das unidades de transformação do chá, de pomares de laranja, batata-doce e
outros géneros, situavam-se para além da área de Ponta Delgada.
Pouco
mais ou menos pela mesma altura, em 1821, John Webster escreveu o que parece ser incontestável: ‘(…) (p.170)
(…) Ribeira Grande, or
great river, is the second town, in point of size, on the island, and contains
about three thousand inhabitants.’ E acrescenta algo que não sendo verdadeiro aponta, no
entanto, para um desejo recorrente da Ribeira Grande: ‘It is dignified with the title of city, and takes his name from a
small stream that runs through it[2].’
O governo da Capitania Geral, cuja sede ficava em Angra,
durou 65 anos, mais precisamente de 1766, ano em que foi instituída, a 1831,
ano em que o arquipélago foi conquistado pelas tropas liberais[3].
O primeiro capitão D. Antão de Almada, 1766 e 1774, e o último, Henrique da
Fonseca Sousa Prego (excepto na Terceira), entre 1828 e 1831[4].
No entanto, nos alvores do Liberalismo
nas Ilhas, a Ilha reconfigura-se. Toda a parte Norte do Concelho de Vila Franca
do Campo passa para a alçada o Concelho da Ribeira Grande e do Nordeste. Por
volta de 1822, os Juízes da Maia e do Porto Formoso são nomeados pela Câmara da
Ribeira Grande. Pela mesma altura, ou em 1820, os Fenais da Ajuda passaram para
o Nordeste. Supomos ser um sinal claro de quebra de poder de Vila Franca do
Campo e de ganho de poder da Ribeira Grande. Registe-se que a área
jurisdicional religiosa (da Ouvidoria)[5]
e da cobrança de impostos da Ribeira Grande desde o século XVII, estendia-se
por toda a costa Norte, da Bretanha ao Nordeste, chegando mesmo em algumas
alturas a incluir Água de Pau e Lagoa na costa Sul.
Conquistado
o arquipélago em 1831, no ano seguinte, a16 de Maio de 1832 sai o Decreto nº23
consagrando ‘uma divisão administrativa baseada em Províncias, Comarcas e
Concelhos, sendo que cada uma destas circunscrições territoriais era liderada
por um Prefeito, sub-Prefeito e Provedor, respectivamente[6].’
Francisco de Ataíde Faria e Maia diz que esta reforma administrativa, criando
uma ‘Prefeitura em Angra e
sub-Prefeituras, uma na Horta, outra, em Ponta Delgada (…) descontentou os
micaelenses[7].’
Segundo
Maria Margarida Medeiros, ‘a reforma de
Mouzinho da Silveira previa a nomeação de um prefeito para o governo da
província, um subprefeito para a comarca e um provedor para o concelho. As
freguesias permanecem somente para fins religiosos, não tendo carácter
administrativo (por vezes são designadas por paróquias).[8]’
O Morgado José Caetano Dias
Medeiros e o sogro da Ribeira Grande, estão entre os que reclamam. Os senhores
da Ilha, sobretudo os de Ponta Delgada, tinham poder, e ‘o Decreto nº65, de 28 de Junho de 1833, sendo considerado parte
integrante do Decreto nº23, de 16 de Maio de 1832, voltou a delimitar novamente
a divisão administrativa do território[9].’
Um mês e pouco depois, ‘(p.105) a 25 de Julho de 1833’ chegava a Ponta
Delgada o decreto que separava o governo de S. Miguel e de S. Maria da
Prefeitura de Angra. O arquipélago ficava dividido em duas partes: Província
Oriental com capital em Ponta Delgada e a Ocidental com capital em Angra. As
duas províncias formariam um Distrito Judicial, cuja sede seria em Ponta
Delgada e formariam um Bispado e uma Divisão Militar cuja sede seria em Angra[10].
Este Decreto, segundo Francisco Faria e Maia, ‘(…) encheu de alegria a população micaelense por se ver livre do jugo do
governo de Angra (…)[11].’
Entretanto, a Ilha iria conhecer a Revolta dos Calcetas que eclodiu em 23 de
Abril de 1835[12].
Por que razão teve particular incidência na Vila da Ribeira Grande? Terá sido
apenas uma resistência ao Liberalismo? Não terá sido igualmente um sinal de
desencanto pela nova distribuição de poder na Ilha? Só uma investigação séria o
poderia dizer.
Naquele mesmo mês de Abril e ano
de 1835, uma ‘Carta de Lei de 25 de Abril
dividiu o território em distritos e concelhos, prevendo a possibilidade de
existirem juntas de paróquia em cada freguesia. Esta Carta de Lei foi
regulamentada pelo Decreto de 18 de Julho do mesmo ano, estabelecendo-se a
existência de uma divisão administrativa em distritos, concelhos e freguesias
(…).’ Esta ‘estrutura administrativa
que voltaria a ser outorgada no Decreto de 31 de Dezembro de 1836, elaborado
por Manuel da Silva Passos (Passos Manuel), então Secretário de Estado dos
Negócios do Reino, na sequência da chamada “Revolução de Setembro”. A partir
desta altura, os territórios portugueses ficariam, então, divididos em
“distritos administrativos”, que se
subdividiam em “concelhos”, que, por sua vez, se compunham de uma ou várias
“freguesias”. À frente de cada distrito administrativo estaria um
“Administrador Geral” (que também se denominou de “Governador Civil”), à frente
de cada concelho estaria um “Administrador de Concelho” e à frente de cada
freguesia estaria um “Regedor de Paróquia”. Sob a alçada do
administrador do concelho estava um órgão composto de cidadãos eleitos – a Câmara
Municipal[13].’
Maria Margarida Medeiros diz o mesmo: ‘Ao prefeito sucederá, à frente de cada distrito, o governador,
denominação adotada por semelhança com o sistema militar, a que se acrescenta o
qualitativo de civil, dado o carácter eminentemente administrativo das funções
deste magistrado[14].’
A carta de lei de 3 de Julho de 1839, traz nova mudança ao
Distrito de Ponta Delgada: ‘(…)
dividir-se-ia em três Comarcas e nove Concelhos, elevando-se os lugares das
Capelas e Povoação a Vilas. Sendo assim, desanexaram-se da jurisdição de Ponta
Delgada não só a nova vila da costa Norte, mas também as freguesias que
passaram para a alçada desta: São Vicente, Fenais da Luz, Santo António e
Bretanha[15].’
Ora, o mapa da Divisão do Distrito Oriental dos Açores, além das Comarcas de
Ponta Delgada e de Vila do Porto, cria uma super Comarca da Ribeira Grande. A
Ribeira Grande em 1839 tinha além de Nossa Senhora da Estrela, Capelas,
Povoação, Nordeste, Vila Franca do Campo, Água de Pau e Lagoa[16].
Terá resultado de um acordo de partilha entre Ponta Delgada e
a Ribeira Grande? Ponta Delgada era a capital mas a Ribeira Grande crescia e
Vila Franca diminuía. Assim, nasce em 1839 o Concelho da Povoação, em
detrimento de Vila Franca, e os Fenais da Ajuda que haviam sido de Nordeste em
1820 passam a fazer parte da Povoação, assim nasce também o concelho da
Povoação. A Ribeira Grande na prática domina toda a costa Norte e parte
nascente da costa sul até Ponta Delgada.
Os governadores civis vão ver aumentados os seus poderes.
Com ‘a queda do Setembrismo e a ascensão
ao poder de Costa Cabral, Cabralismo (…)’, acentua-se novamente ‘(…) uma atitude centralista por parte do
poder central.’ O que se verifica ‘no
Código Administrativo de 1842 (…),’ e mais tarde nos ‘códigos administrativos
que lhe vão suceder no Século XIX (1878, 1886 e 1896).’ Adquirem ‘um papel mais nítido na superintendência e
fiscalização administrativa dos corpos administrativos e estabelecimentos
públicos, nomeadamente no que dizia respeito à área financeira (contas,
orçamentos, estado dos cofres) e um papel ativo junto dos órgãos como a junta
geral do distrito, a comissão distrital e o conselho do distrito[17].’
A
Ribeira Grande via-se assim apertada. Como sair
do sufoco? Tornar-se cidade também. Já, pelo menos, em 1646, encontramos ecos
desta pretensão em Frei Diogo das Chagas. Este cronista vaticinava-lhe que pelo
decurso dos tempos, a Ribeira Grande haveria de ascender ao estatuto de cidade[18].
Assim se
fez. A 16 de Junho de 1852, o Dr.
João José da Silva Loureiro, natural de Ponta Delgada, membro inicial fundador
da SPAM, Setembrista, levou à Câmara dos Deputados da Nação uma proposta de
elevação da Ribeira Grande a Cidade.[19]
Alegava que a Ribeira Grande tinha quase ‘8
mil almas’, ‘ser sede de Concelho e
de Comarca’, que abrangia toda a costa Norte, com ‘três julgados’, possuir
‘grandes edifícios e belas ruas’,
aliás, ‘cinquenta e seis ruas,’ ‘duas sociedades de instrução e recreio[20].’ Em 1849,
fundara-se a Sociedade
Escolastico-Philarmonica da Ribeira Grande. Dois anos antes, em 1847, por
iniciativa de António Feliciano de Castilho, fundara-se em Ponta Delgada a
Sociedade dos Amigos das Letras e das Artes.
Loureiro era membro fundador da Sociedade Promotora da Agricultura
Michaelense[21].
E para além disso? Segundo nos diz Rodrigo Rodrigues, foi ‘Dr., bacharel em Direito por Coimbra. Nasceu a 2 de Março de 1809 na
Matriz de Ponta Delgada e faleceu na mesma freguesia em 24 de Junho de 1878.
Casou em 24 de Fevereiro de 1838 com sua prima Rita Emília da Câmara Sampaio. Filho de Guiomar Teodora da Câmara
Sampaio e de João José da Silva Loureiro. Os pais casaram em S. Pedro, Ponta
Delgada, a 30 de Maio de 1804. O pai era feitor da Alfândega de Ponta Delgada.’[22]
Supico fornece-nos
pormenores suculentos: ‘(…) Jurisconsulto
de boa fama, a sua banca de advogado era farta de clientela, que lhe
proporcionava largos proventos. (…) Andou envolvido nas nossas rijas dissenções
políticas desde o mais aceso delas em 1845, pugnando sempre pelas ideias
setembristas, naquele tempo as mais avançadas. Foi jornalista político e
vigoroso, redigindo vibrantemente por bom número de anos o Correio Michaelense,
órgão do seu partido (…).’[23]
Ficou sem resposta. Era Governador
Civil Félix
Borges de Medeiros (1851 – 1868).
As eleições de 1852 para o Parlamento Nacional, realizadas ‘nos Açores em Fevereiro e Março de 1853,[24]’
sendo o círculo de Ponta Delgada composto pelas Ilhas de São Miguel e de Santa
Maria, deram a vitória a três Regeneradores: Carlos da Silva Maia, João Soares
de Albergaria e António Guerra[25].
O Setembrista Loureiro, correligionário de José Maria da Câmara Vasconcelos,
ficou apeado. Note-se que era do mesmo
partido de José Maria da Câmara Vasconcelos. José Maria fora Presidente da
Câmara da Ribeira Grande antes e depois da Ladeira da Velha. E era membro da mesma
loja maçónica de muitos dos fundadores mais influentes da SPAM[26].
A
ausência de resposta à proposta de elevação a cidade ter-se-á devido à falta de
poder dos Setembristas? Não convinha a Ponta Delgada um segundo poder na Ilha?
Quanto
a Ponta Delgada, António Bernardo da Costa Cabral, eleito em 1853 deputado nas
Cortes, levava um programa ambicioso que de acordo Faria e Maia, era ‘tão caro aos micaelenses.’ Resumia-se:
Independência da Província Oriental dos Açores do Governo Militar e
Eclesiástico de Angra, cuja sede era em Ponta Delgada; molhe na cidade de Ponta
Delgada (já não em Vila Franca do Campo); Biblioteca em Ponta Delgada; Colégios
de educação masculinos e femininos em Ponta Delgada; abolição do terreiro de
paço em Lisboa; livre cultura do tabaco no Arquipélago[27].
O concelho das Capelas, em 1854, foi extinto e reintegrado no
Concelho de Ponta Delgada. Segundo uns, porque a sua reduzida dimensão não lhe
assegurava a necessária viabilidade económica. O mesmo sucedera com o Concelho
de Água de Pau, alegando-se as mesmas razões, extinto por força do decreto de
19 de Outubro de 1853. Houve primeiro, durante um ou dois meses, o Concelho de
Água de Pau, extinguindo-se o da Lagoa, porém, passado aquele tempo, foi o
contrário que aconteceu. Sozinhos, aqueles dois concelhos, foram considerados
inviáveis. A partir daí, a ilha ficara de novo com um enorme Concelho de Ponta
Delgada. Um Concelho de Vila Franca do Campo, outrora o único da Ilha,
reduzido, uma Ribeira Grande reforçada, e dois pequenos concelhos no extremo da
Ilha: Nordeste e Povoação.
Talvez
para compensar o malogro da elevação a cidade, vira-se que uma terra sem jornal
era uma terra sem voz, surge em 1856, na Ribeira Grande, o jornal a Estrela
Oriental. Francisco Maria Supico é o seu
primeiro editor. O A Estrela Oriental
é o primeiro jornal a ser publicado fora dos Concelhos de Angra e de Ponta
Delgada. Nas
eleições de 1856 para o Parlamento Nacional, permaneceu a estrutura de círculo
único, porém, a influência dos eleitores da área da Ribeira Grande, tornou-se
clara.[28]
Para se ficar com uma ideia
aproximada da Ribeira Grande da década de cinquenta, recorro à opinião de José
Maria da Câmara de Vasconcelos (de 1857). José Maria, após ter diagnosticado a
situação da Ribeira Grande, apontou caminhos para a melhorar e a fazer crescer.
José Maria era natural de Santo António Além Capelas, terra que se avista da
Ribeira Grande, e mudara-se para a Ribeira Grande no início do século XIX. Fora
capitão das Milícias absolutistas no tempo do desembarque liberal no Pesqueiro
da Achadinha. Adere ao liberalismo e é aceite numa loja maçónica. Ele, mais o
irmão Manuel António e o amigo Silveira Estrela, todos liberais e maçons,
fundam o jornal Açoriano Oriental em 1835 na cidade de Ponta Delgada. Na
Ribeira Grande é director e proprietário do jornal a União. Foi, como
atrás ficou dito, responsável pela autarquia.
Em 1857,
funda-se novo jornal: A União. É seu
proprietário e editor, José Maria da Câmara Vasconcelos, que havia sido um dos
fundadores do Açoriano Oriental. Em 1856, os Fenais da Ajuda passam a integrar
o Concelho da Ribeira Grande.
Será neste contexto que se
perceberá a intervenção de José Maria da Câmara Vasconcelos. Segundo o jornal
da Ribeira Grande, A Estrela Oriental, José Maria da Câmara Vasconcelos
era no inicio de 1857 presidente de uma ‘Associação há pouco fundada neste
Concelho’. Destinava-se a ‘(...) promover os melhoramentos materiais e
morais do Pais [leia-se Ribeira Grande e não Portugal], tendo em vista
fraternizar, e adoçar a sorte das classes operárias que sendo as mais úteis são
porventura as mais desgraçadas (...)’. Para cumprir o objectivo traçado,
incumbiu-se ‘a alguns dos seus membros formalizar as bases daquele trabalho’.
Eram propostas ‘três (...) instituições de Caridade, que com mais ou menos
vantagem, se podem estabelecer nesta Vila em utilidade das classes operárias de
todo o Concelho, a saber, uma Sociedade de Beneficência, Caixa Económica, e
Montepio’[29].
Entenda-se que neste período a SPAM estava pouco activa. Mesmo activa, não terá
tido impacto directo na Ribeira Grande.
Dito e feito, se A Estrela
do dia 4 o dissera, A União do dia 8, confirmava-o: ‘Reuniu-se a
Sociedade Promotora dos melhoramentos deste Concelho no dia 8 [Março] do
corrente, como se havia anunciado’[30].
Já antes de 2 de Abril, haviam chegado a uma caracterização da economia e da
sociedade da Ribeira Grande. Dizia-se aí que era de cariz fisiocrático: ‘A
riqueza mais sólida de qualquer Pais [ainda que vaga, creio poder continuar
a propor-se uma leitura da Ribeira Grande em particular mais do que de Portugal
em geral] é a que nasce da própria agricultura; porque falhando todas as
outras, ou sendo possível falharem, aquela é perene (...)’.
Por que razão se insistia tanto
na agricultura? Porque, afirmavam: ‘(...) não temos (na Ribeira Grande) minas de qualidade
alguma; não possuímos fábricas, em que se manipulem matérias-primas, vindas
dalém mar (...).’ Ao invés, tinham, continuavam: ‘(...) os mais
belos campos (...).’ E era bem verdade, dos quais, ‘tiramos o nosso
sustento, e sobre os seus produtos se exerce nossa tal, ou qual indústria
(...).’ A mais-valia que provinha do ‘excedente de nossos géneros
alimenta o comércio; e em fim, se bem pensarmos, a matéria-prima de todos os
trabalhos e lucros é a sua produção (...)’. Apesar de uma economia baseada
na agricultura estar sujeita à precariedade dos tempos, afiançava-se viver
então um período de fertilidade: ‘o avantajado valor, que, por diferentes
motivos, tem obtido (ha alguns anos para cá) estes mesmos produtos, animando os
cultivadores, tem feito com que estes procurem aumenta-los; e por isso não só
são as terras melhor cultivadas, mas tem-se alargado, quanto possível, o seu
limite’. De propósito ou não, não há maneira de o saber, deixavam de fora o
declínio bastante acentuado da produção da laranja.
Mas, felizmente para o
caso, não era só laranja que se produzia. Como consequência, ‘esta elevação
de cultura, e mais ainda de produção, abastecendo os que a empreendem,
enriquece os proprietários, sustenta os jornaleiros e artistas, dobra o comércio
por todas as formas, em fim proporciona a todas as classes mais cómodos para a
vida, por isso mais satisfação, e aumenta indubitavelmente todas as fontes de
receita publica’.
E tudo isso porque, segundo ainda
o mesmo parecer, ‘os terrenos deste Concelho são dos que mais se prestam a
este aumento de produção, não só em as proximidades da Vila, mas, mais ainda,
nas vizinhanças dos lugares de leste’. Os Fenais da Ajuda ainda não
pertenciam ao Concelho, pelo que quereriam dizer do Porto Formoso à Maia. Daí adviriam,
‘(...) benefícios, que desse incremento resultam, como temos enumerado’. Tal
seria uma forma de se evitar a emigração: ‘(...) esse aumento de emprego de
braços e de capitais, será um dos meios indirectos e mais próprios a diminuir a
emigração (...).’ A quem competiria fazê-lo? Resposta pronta:
‘(...) julgamos ser um dever das competentes autoridades o promove-lo (...)’.
Mas para conseguir o aproveitamento dos terrenos, era necessário construir boas
vias de comunicação. Além de fisiocratismo, uma tónica fontista: ‘(...) para
tanto entendemos que as boas estradas seriam o mais seguro meio’. Ou
melhoramentos[31].
Classificavam as terras de
produção entre: ‘chapadas, tratos, ou lombas (...)’. Estas corriam
‘(...) pela maior parte do litoral ou dos povoados para as serras do centro
da Ilha; e da mesma forma se dirigem os caminhos do seu serviço (...)’.
Quanto a outro tipo de terrenos, ‘os maninhos são no cimo daquelas (...).’
Sem meios de transporte a não ser o proveniente da tracção animal, por uma
questão de racionalização económica: ‘quanto mais nos apartamos das
povoações, mais caro ficará o seu cultivo, e mais custoso (...).’ Por
oportunismo, os mais favorecidos cultivavam as terras mais ricas que também
ficavam mais perto: ‘porque são piores os mesmos caminhos: as demais perto,
as mais baixas, as de mais fácil amanho, são agricultadas pelos próprios donos,
ou por algum cidadão mais favorecido da fortuna (...)’. As outras terras,
as mais longe e menos ricas, eram deixadas aos menos favorecidos pela fortuna:
‘ficando somente à classe mais pobre as mais fracas, mais altas, mais
distantes, em fim as que menos produzem e mais cuidados carecem; porque pagando
pela maior parte com os jornais as suas rendas, daí tiram o enfezado sustento
de suas famílias’. Era uma situação a corrigir.
Não deveria ser assim, porque: ‘favorecer
esta classe, alem de ser um dever, será, nos parece, um lance de política. Ela
é essencialmente integral da sociedade, sem ela definhará a agricultura, e
consequentemente toda a nossa prosperidade; e seria muito vantajoso, que amasse
a Pátria, a fim de não larga-la’[32].
Por calar,
consentir ou por desconhecer, ou até para não levantar ondas, o que o grupo de
José Maria também não referia abertamente na sua caracterização era que havia
fome na Ribeira Grande. O aumento do preço dos produtos alimentícios
prejudicava os mais pobres. Para remediar o caso, um artigo de João Albino
Peixoto, sugeria trabalhos públicos. Seria, pois, necessário tomar
providências: ‘manda el-rei que se façam obras nas estradas e em outros
pontos para empregar gente pobre (...)’ [33].
A intenção era fomentar o progresso da terra pelas forças da própria terra.
Porém, uma vila com duas formas
de pensar bem distintas, uma conservadora, nota-se o seu pulsar nos artigos e
temas saídos, a partir de certa altura, no A Estrela Oriental, ou mais
progressistas, nas opiniões vindas a lume nas páginas de A União. Ou da
Associação para o desenvolvimento da Ribeira Grande[34].
Outro exemplo? O pavor do Cometa Halley[35].
Além da criação de associações,
era necessário prover-se ao melhoramento dos transportes e dos portos, quanto a
esse último ponto, a União dava uma boa nova: ‘em 11 do corrente o
Senhor Director das obras publicas visitou o nosso porto, (S. Iria) (...)’. Qual a
importância que se revestia esta obra? Vejamos: ‘(...) as relações, que ha
entre tais obras e o desenvolvimento do comércio e prosperidade geral (...).’
As obras em curso, iriam proporcionar melhores condições aos pescadores da Vila
e de toda a costa ou de outra proveniência: ‘(...) segurar a subsistência às
classes dos pescadoras nesta Vila, o abastecimento de peixe à mesma, a salvação
em caso de aperto a todos os barcos desta costa, e mesmo qualquer embarcação,
que se veja em perigo nestes mares, minorar as faltas de alimento a tantas
famílias, cujos sustentáculos se vão ali empregar (...)’. Estamos a falar
antes da construção da doca artificial de Ponta Delgada, mas o sonho de um
porto maior, ainda persistia nas décadas iniciais do século XX.
Além do mais, um porto melhor e
maior, seria: ‘(...) um novo veiculo de comércio de cabotagem tão cómodo e
preciso à vista da dificuldade das estradas, e externo, que tanta economia de
tempo, e vantagens deve trazer a esta Vila, e lugares de Leste, muito principalmente,
quando os ventos sopram rijo do quadrante do sul. Estas considerações alimentam
todos os ânimos; e na esperança duma nova era, por ventura mais afortunada
(...)’[36].
Manteve-se ainda o mesmo figurino
na eleição de 1858: um só círculo eleitoral. No entanto, os Históricos venceram
os Regeneradores, entre este José Maria da Silva Estrela, natural da Ribeira
Grande[37].
Nas eleições de 1860 os Açores
dividem-se em nove círculos uninominais. O Distrito de Ponta Delgada fica com
quatro círculos: dois, em Ponta Delgada, um, na Ribeira Grande e outro em Vila
Franca do Campo[38] Tal
talvez tenha ocorrido por se constatar a força da Ribeira Grande? E de outros
cinco círculos fora dos três iniciais? Nas eleições de 1861, de 1864, 1865 e
1868, a situação manteve-se no essencial. Porém, altera-se na de 1869: os nove
círculos passam a seis[39].
E no Distrito de Ponta Delgada ficam dois: Ponta Delgada e Ribeira Grande[40].
O círculo de Ponta Delgada engloba Arrifes, Capelas, Ginetes, Lagoa, Matriz,
São José e São Pedro[41].
O da Ribeira Grande abrangeu o resto da ilha e a ilha de Santa Maria: Maia,
Nordeste, Nossa Senhora da Estrela, Povoação, Rabo de Peixe, Ribeira Seca, Vila
Franca do Campo e Vila do Porto[42].
As eleições de 1871 e de 1874, mantêm os dois círculos eleitorais no Distrito
de Ponta Delgada[43].
Saltando
no tempo, em 1873, um autor estrangeiro referia-se a Ponta Delgada e à Ribeira
Grande nestes termos: ‘(…) In
considering the Island of St. Michael (…) It is there, on the southern coast,
that Ponta Delgada, the capital of the Island, is built, and also, on the
northern coast, Ribeira Grande, a town
of equal size[44].’
Um ano depois, Wyville Thompson, outro
autor estrangeiro, tratava a Ribeira Grande assim: ‘(…) (p.387) (…) along the northern shore, lay the pretty
little town of Ribeira Grande, the second on the island[45].’
Em 1876, os Fenais da Ajuda saíam da Ribeira Grande e entrava na
Povoação. Em 1878, Ernesto Hintze Ribeiro, um homem de Ponta Delgada que voaria
alto na política nacional, usa a Ribeira Grande como trampolim inicial: ‘(…) A Ribeira Grande é verdade que me não dá a
importância local que teria como deputado por Ponta Delgada, mas é um círculo
que me dará muito menos trabalho, e com que eu espero poder contar de futuro[46].’
De
1869 a 1878, manteve-se a bipolarização da força eleitora do Distrito de Ponta
Delgada, porém, nas eleições de eleição de 1878, regressou-se à tripolaridade:
Ponta Delgada, Ribeira Grande e Vila Franca do Campo[47].
O que se manteria na de 1881.[48]
Esta tripolaridade no interior do Distrito de Ponta Delgada, daria lugar em
1884 à anterior tripolaridade fora do Distrito entre de Ponta Delgada, Angra e
Horta[49].
Em 1885, João Cesário de Lacerda
compara as três principais comunidades de São Miguel: (…) (p.40) (…) Ponta Delgada é uma bonita cidade de 17 940
habitantes (…). É muito industrial e tem um activo comércio (…) (p.41) (…)
Ribeira Grande. – É uma das mais importantes vilas do Arquipélago dos Açores, e
a mais importante povoação da Ilha de S. Miguel, depois da cidade de Ponta
Delgada. (…) tem 9 559 habitantes (…) Vila Franca do Campo – É uma bonita
povoação (…) é uma das mais antigas do Arquipélago (…) tem 4 000
habitantes[50].’
Em 1893, já em plena campanha para a Autonomia, que decorreu entre 1892 a
1895, novo eco da pretensão da ilha de São Miguel, ainda por alguém de fora da
ilha, por Júlio Máximo Pereira, homem
ligado à Sociedade de Geographia de
Lisboa. Escreveu ele: ‘É urgente que se levantem cidades onde hoje
vegetam vilas na indolência desoladora do non possamus; e cada ilha deve ter
por capital ao menos uma cidade, ao mesmo tempo que as três Ilhas principais e
cabeças de Distrito (S. Miguel, Terceira e Faial), têm o direito e corre-lhes o
dever de transformar em cidades as magníficas Vilas da Ribeira Grande, Vila
Franca do Campo, Praia da Vitória, etc.’ No
seguimento acrescenta: ‘A Ribeira Grande
pela sua grande população e actividade dos seus filhos, a Vila Franca pelo seu
porto de mar e proximidade das termas das Furnas, hão-de no futuro tornar-se
dois centros de actividade industrial e comercial, isto é, duas cidades
interessantíssimas. Que honrarão a grande capital Ponta Delgada, considerada no
futuro testa de coluna de todo o movimento transaccional entre os dois mundos[51].’
A Câmara Regeneradora da Ribeira
Grande, querendo premiar e continuar
a ter certamente o Regenerador Ernesto Rudolfo Hintze Ribeiro, como seu protector agora que chegara
longe mas partira daquele círculo, em 1878, deliberou ‘(fl. 45) ‘por proposta do
senhor vice-presidente [Gaudino de Sousa Cabral], (…) que se denominasse d’hora avan- (fl. 45v.) avante – Largo Conselheiro Hintz [sic] Ribeiro ao largo fronteiro aos pasos [sic] d’este concelho e que até aqui se denominava Praça do municipio
[sic].[52]’
Fora nomeado Conselheiro de Estado em 8 de Dezembro de 1891. Era em 1893 Presidente do
Conselho e acumulava o cargo com a importante pasta da Fazenda.
Em 1894, a um ano do Estatuto
Autonómico, J. V. Paula Nogueira, outra pessoa de fora da Ilha,
refere-se assim á Ribeira Grande: ‘é a segunda povoação da ilha de S. Miguel; e
pelo grande número de casas, pela largura das suas ruas e pelo movimento
comercial e industrial que a anima, poderia bem ser elevada à categoria de
cidade.’ Dá uma das possíveis e mais estafadas explicações, ainda que ache
que a razão principal se prenda mais com outros factores, tais como o
centralismo de Ponta Delgada, para que ainda não tenha sido Cidade: ‘(…) apesar de ser a capital do norte de
S. Miguel, não tem ancoradouro para navios, sendo a costa baixa e cheia de
calhaus, onde o mar bate sempre com grande ruído[53].’
Data de ‘(p. 299) (…) 2 de Março de 1895’ o Decreto que consagra a Junta Geral
Autónoma de Ponta Delgada. Ernesto do Canto foi o primeiro Presidente da
Primeira Junta Geral Autónoma[54].
Um Decreto de 19 de Novembro também de 1895, saído no Diário do Governo,
atribui vinte e cinco procuradores Concelhios à Junta Geral do Distrito de
Ponta Delgada, distribuídos do seguinte modo: 8 a Ponta Delgada, 5 à Ribeira
Grande, à Povoação e a Vila Franca, 3 cada, e ao Nordeste, Lagoa e Vila do
Porto, 2 cada[55].
O que significava isto? Em princípio que o Concelho de Ponta Delgada, apesar de
ter o maior número, seguido do da Ribeira Grande, não tinha a maioria.
Em Maio de 1896, um ano após a
instauração da Autonomia, sediada em Ponta Delgada, por ocasião da morte de
Pedro de Jácome Correia, a Câmara da Ribeira Grande, exara em acta um elogio
fúnebre ao ‘(…) (fl.152) (…) político
[que] foi o primeiro vulto da nossa Ilha.’ Vejamos como se refere a mesma
instituição máxima da Ribeira Grande à Autonomia: ‘É a ele que se devem todos
os melhoramentos materiais que possuímos e por sua larga condescendência até
obtivemos a desejada descentralização
ou a malfadada autonomia[56].’
Além de homenagerar Pedro Jácome Correia, com a rua outra rua direita de santo
André, na mesma sessão, a edilidade da Ribeira Grande também deu nomes de ruas
a Sousa e Silva – ligado à ponte dos oito Arcos -, ao Conselheiro João Franco –
hoje rua East Providence e desde sempre conhecida por rua das Espigas, e
Mouzinho de Albuquerque[57].
Neste mesmo ano de 1896, a Freguesia dos Fenais da Ajuda, regressa ao Concelho
da Ribeira Grande.
Não sendo cidade, contudo, a
Ribeira Grande não era já tratada como uma simples Vila: ‘Os municípios açorianos foram agora classificados pela ordem seguinte:
1.ª ordem: Ponta Delgada, Angra e Horta; 2.ª ordem: Ribeira Grande; 3.ª ordem:
Vila Franca do Campo, Lagoa e Praia da Vitória, 4.ª ordem, os restantes[58].’
O inconfundível cónego Cristiano,
natural da Vila da Lagoa, redactor e dono do jornal da Ribeira Grande ‘O Norte’, que cunhou o epíteto de
Vila-Cidade para a Ribeira Grande, a findar o século XIX, menos de quatro anos
após a instalação da Autonomia, segundo o eco da polémica que chegara à A Persuasão, tratava-a assim: ‘O Norte – No seu número de 31 de Dezembro
está escrito, que a representação do
Distrito (na Junta Geral), ‘não é
autonómica mas automática.’ E àqueles que se não conformem com seu
fantasiar quando consideram todo o
Distrito escravo do Largo do Colégio, classifica-os o Norte de ‘favoritos ocupando o primeiro lugar na
escala de servidão, e menos livres, por isso até lhes é vedado soltar o
grito de protesto (…)[59].’
No entanto, o terceiro Presidente da Junta Geral Autónoma do Distrito de Ponta Delgada, de 1899 a 1901, foi Heitor da Silva Âmbar Cabido, um homem da família Cabido, uma das duas famílias mais poderosas da Ribeira Grande. Como vogal da Comissão Distrital, Luís Ataíde Corte Real Estrela, membro da outra família poderosa da Ribeira Grande (Leite, José Guilherme Reis, Política e administração nos Açores de 1890-1910: 1.º Movimento Autonomista, Jornal de Cultura, Anexos, p. 32).
Não deve restar dúvidas de que ao irem estes dois homens para a governação da Junta, pretendia-se estabelecer um compromisso com a Ribeira Grande. Que benefício retirou na prática daí a Ribeira Grande? Que saiba, pouco: talvez a verba para completar a ponte dos oito arcos e talvez a incorporação dos Fenais da Ajuda.
Cabido e Estrela, residiam em Ponta Delgada. Querendo fazer juras ao seu estatuto de membros de direito da elite da 'capital', onde moravam, foram, como é habitual nestas circunstâncias, mais zelosos do que o mais zeloso dos locais.
Mas ainda assim, tinha-se em conta a Ribeira Grande. Aliás, já se tivera na primeira governação:a ao lado do rico, prestigiado e consensual homem de Ponta Delgada, Ernesto do Canto, filho de mãe da Ribeira Grande, Aristides Moreira da Mota e o republicano Manuel da Ponte tinham relações familiares com a Ribeira Grande. Supico que foi secretário e seria em 1901, por morte de Heitor Cabido, Presidente, fora redactor de o Estrela Oriental e exercera farmácia na Ribeira Grande. Era Regenerador como o era o elenco da Câmara da Ribeira Grande.
Os Concelhos eram representados na Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada. Assiste-se a um paulatino controle do município por parte da Junta Geral e uma perda de poder da cabeça face às Juntas de Paróquias. A geração que sucede e continua a geração dos chamados Antigos Modernos, graças ao trabalho dos seus antecessores, aliado ao novo poder do poder das novas instituições supra concelhos, dos contactos directos com o centro político nacional, da imprensa, dos navios a vapor, do telégrafo, dos novos caminhos e portos. E são sobretudo homens de Ponta Delgada, como se pode ver da lista de Governadores Civis do Distrito de Ponta Delgada. De 1836 a 1895, de 24 Governadores, reconheço 18 como sendo de Ponta Delgada ou a ela ligados. E estiveram ligados à SPAM. Dois, um o Visconde da Praia (foi sócio e Presidente da SPAM) e o outro, Júlio de Castilho era filho de António Feliciano de Castilho[60]. Ou os representantes e Presidentes da Junta Geral de Ponta Delgada. Por exemplo, em 1872, os Procuradores eram: ‘(…) Barão de Fonte Bela, Presidente; José Jácome Correia; Dr. Guilherme Machado de Faria e Maia; Dr. João Soares de Albergaria; Gil Tavares de Melo; Dr. Ernesto do Canto; Dr. José Maria Tavares Ferreira; Vicente Cymbron Borges; Dr. Heitor da Silva Âmbar; Henrique Ferreira de Paula Medeiros; Dr. Francisco Pereira Lopes de Bettencourt Ataíde; Dr. Veríssimo de Aguiar Cabral; E o secretário, Caetano de Andrade Albuquerque Bettencourt da Câmara (…)[61].’ A maior parte, era sócio activo da SPAM. Se percorrermos a lista dos fundadores do Clube Micaelense ou dos corpos gerentes, veremos todos estes nomes[62]. E se nos déssemos ao trabalho de ver as actas da Câmara Municipal de Ponta Delgada ou de organismos sócio-caritativos ou de fábricas, veríamos o mesmo.
Não deve restar dúvidas de que ao irem estes dois homens para a governação da Junta, pretendia-se estabelecer um compromisso com a Ribeira Grande. Que benefício retirou na prática daí a Ribeira Grande? Que saiba, pouco: talvez a verba para completar a ponte dos oito arcos e talvez a incorporação dos Fenais da Ajuda.
Cabido e Estrela, residiam em Ponta Delgada. Querendo fazer juras ao seu estatuto de membros de direito da elite da 'capital', onde moravam, foram, como é habitual nestas circunstâncias, mais zelosos do que o mais zeloso dos locais.
Mas ainda assim, tinha-se em conta a Ribeira Grande. Aliás, já se tivera na primeira governação:a ao lado do rico, prestigiado e consensual homem de Ponta Delgada, Ernesto do Canto, filho de mãe da Ribeira Grande, Aristides Moreira da Mota e o republicano Manuel da Ponte tinham relações familiares com a Ribeira Grande. Supico que foi secretário e seria em 1901, por morte de Heitor Cabido, Presidente, fora redactor de o Estrela Oriental e exercera farmácia na Ribeira Grande. Era Regenerador como o era o elenco da Câmara da Ribeira Grande.
Os Concelhos eram representados na Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada. Assiste-se a um paulatino controle do município por parte da Junta Geral e uma perda de poder da cabeça face às Juntas de Paróquias. A geração que sucede e continua a geração dos chamados Antigos Modernos, graças ao trabalho dos seus antecessores, aliado ao novo poder do poder das novas instituições supra concelhos, dos contactos directos com o centro político nacional, da imprensa, dos navios a vapor, do telégrafo, dos novos caminhos e portos. E são sobretudo homens de Ponta Delgada, como se pode ver da lista de Governadores Civis do Distrito de Ponta Delgada. De 1836 a 1895, de 24 Governadores, reconheço 18 como sendo de Ponta Delgada ou a ela ligados. E estiveram ligados à SPAM. Dois, um o Visconde da Praia (foi sócio e Presidente da SPAM) e o outro, Júlio de Castilho era filho de António Feliciano de Castilho[60]. Ou os representantes e Presidentes da Junta Geral de Ponta Delgada. Por exemplo, em 1872, os Procuradores eram: ‘(…) Barão de Fonte Bela, Presidente; José Jácome Correia; Dr. Guilherme Machado de Faria e Maia; Dr. João Soares de Albergaria; Gil Tavares de Melo; Dr. Ernesto do Canto; Dr. José Maria Tavares Ferreira; Vicente Cymbron Borges; Dr. Heitor da Silva Âmbar; Henrique Ferreira de Paula Medeiros; Dr. Francisco Pereira Lopes de Bettencourt Ataíde; Dr. Veríssimo de Aguiar Cabral; E o secretário, Caetano de Andrade Albuquerque Bettencourt da Câmara (…)[61].’ A maior parte, era sócio activo da SPAM. Se percorrermos a lista dos fundadores do Clube Micaelense ou dos corpos gerentes, veremos todos estes nomes[62]. E se nos déssemos ao trabalho de ver as actas da Câmara Municipal de Ponta Delgada ou de organismos sócio-caritativos ou de fábricas, veríamos o mesmo.
Os Concelhos eram representados
na Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada. Assiste-se a um paulatino controle
do município por parte da Junta Geral e uma perda de poder da cabeça face às
Juntas de Paróquias. A geração que sucede e continua a geração dos chamados
Antigos Modernos, graças ao trabalho dos seus antecessores, aliado ao novo
poder do poder das novas instituições supra concelhos, dos contactos directos
com o centro político nacional, da imprensa, dos navios a vapor, do telégrafo,
dos novos caminhos e portos. E são sobretudo homens de Ponta Delgada, como se
pode ver da lista de Governadores Civis do Distrito de Ponta Delgada.
De 1836 a 1895, de 24 Governadores, reconheço 18 como sendo de Ponta Delgada ou
a ela ligados. E estiveram ligados à SPAM. Dois, um o Visconde da Praia (foi
sócio e Presidente da SPAM) e o outro, Júlio de Castilho era filho de António
Feliciano de Castilho[60]. Ou os representantes e Presidentes da Junta Geral
de Ponta Delgada. Por exemplo, em 1872, os Procuradores eram: ‘(…) Barão
de Fonte Bela, Presidente; José Jácome Correia; Dr. Guilherme Machado de Faria
e Maia; Dr. João Soares de Albergaria; Gil Tavares de Melo; Dr. Ernesto do
Canto; Dr. José Maria Tavares Ferreira; Vicente Cymbron Borges; Dr. Heitor da
Silva Âmbar; Henrique Ferreira de Paula Medeiros; Dr. Francisco Pereira Lopes
de Bettencourt Ataíde; Dr. Veríssimo de Aguiar Cabral; E o secretário, Caetano
de Andrade Albuquerque Bettencourt da Câmara (…)[61].’
A maior parte, era sócio activo da SPAM. Se percorrermos a lista dos fundadores
do Clube Micaelense ou dos corpos gerentes, veremos todos estes nomes[62].
E se nos déssemos ao trabalho de ver as actas da Câmara Municipal de Ponta
Delgada ou de organismos sócio-caritativos ou de fábricas, veríamos o mesmo.
Como também eram em 1883 donos da
grande parte dos terrenos da Ribeira Grande:
‘(fl. 68) (…) a propriedade d’este concelho pertence em quasi [sic] toda a sua
totalidade a moradores fora do concelho, como são o [sic] exmos Srs.
José do Canto, José Jacome [sic] Correia, Dr. Ernesto do Canto, Dr. Agostinho
Machado de Faria e Maia, Dr. Caetano Andrade de Albuquerque, marquez [sic] da
Ribeira, conde da Silvã e muitos outros (…).[63]’
Vejamos a ilha em 1894, aquando
do arranque decisivo do chá: ‘(…) os Fenais da Ajuda ou da Vera Cruz, onde o
senhor Francisco Bettencourt tem uma granja primorosamente cultivada (…) Dos
Fenais para oeste a agricultura muda de aspecto: cessa a pequena cultura e
começam as grandes propriedades, distinguindo-se entre outras, a granja do
Porto Formoso, do Senhor José do Canto, e a propriedade do Lameiro, do senhor
Conde de Jácome Correia, explorações que se podem considerar modelos de
agricultura aperfeiçoada. (…) ao sul predominam as grandes propriedades bem
como ao centro e ao norte, desde os Fenais da Luz até às Capelas. Nos dois
extremos – nordeste e noroeste – predomina a pequena cultura (…). (…) Entre os
lavradores mais distintos de S. Miguel contam-se os senhores José do Canto,
José Maria Raposo do Amaral, condes de Jácome e de Fontebela, Dr. Caetano de
Andrade, D. Ermelinda Gago da Câmara, etc.[64]’ Todos membros influentes
da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense.
Linhas de pesquisa:
- relação entre a pouca força dos jornais na Ribeira Grande e a força dos mesmos em Ponta Delgada.
- os filhos da terra não se fixavam nela depois de tirarem os cursos por falta de oportunidades. as oportunidades estavam em Ponta Delgada.
- Força centrípeta da política nacional, de modo que, ironicamente, o centralismo do Terreiro do Paço se concretizou no Palácio da Conceição?
ETc...
Mário Moura
Ribeira Grande
31 de Outubro de 2016
Linhas de pesquisa:
- relação entre a pouca força dos jornais na Ribeira Grande e a força dos mesmos em Ponta Delgada.
- os filhos da terra não se fixavam nela depois de tirarem os cursos por falta de oportunidades. as oportunidades estavam em Ponta Delgada.
- Força centrípeta da política nacional, de modo que, ironicamente, o centralismo do Terreiro do Paço se concretizou no Palácio da Conceição?
ETc...
Mário Moura
Ribeira Grande
31 de Outubro de 2016
[1] Riley, Carlos Guilherme, Os Antigos Modernos. O Liberalismo nos
Açores: uma abordagem geracional, Dissertação de Doutoramento, Universidade
dos Açores, Ponta Delgada, 2006, p.388.
[2] WEBSTER, John White - A description of the island of st. Michael
comprising an account of its geological structure, with remarks on the other
Azores or the Western Islands, Boston, 1821.
[3] Maia, Francisco
de Ataíde Machado de Faria e, Subsídios
para a História de S. Miguel e Terceira. Capitães-Generais: 1766-1831, 2.ª
edição, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1988.
[4] MARQUES, A.H. de Oliveira, História de Portugal, Lisboa, Palas
Editores, 1984, vol. I, p. 377-379; vol. II, pp. 454-457.
[5] Pereira, Ana Cristina Moscatel e Hermano
Teodoro, Arquivo Municipal da Ribeira
Grande: Guia de Fundos Históricos, coordenação Mário Moura, Câmara Municipal
da Ribeira Grande, 2005, p.20.
[6] Pereira, Ana Cristina Moscatel e Hermano Teodoro, Arquivo
Municipal da Ribeira Grande: Guia de
Fundos Históricos, coordenação Mário Moura, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2005,
p.17.
[7] Maia, Francisco de Ataíde Machado de Faria
e, Novas Páginas da História Micaelense.
1832-1895 (Subsídios para a História de S. Miguel), Ponta Delgada, 1947, p.
83.
[8] Medeiros, Maria Margarida Martins Franco de Medeiros, O Governo Civil de Ponta Delgada na década de 1880, A sua ação política,
social e económica, Universidade dos Açores, Tese de Mestrado em História Insular e do Atlântico, Séculos XV-XX, Ponta Delgada, 2014, p. 16.
[9] Pereira, Ana Cristina Moscatel e Hermano Teodoro, Arquivo
Municipal da Ribeira Grande: Guia de
Fundos Históricos, coordenação Mário Moura, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2005,
p.17.
[10] Maia, Francisco de Ataíde Machado de Faria
e, Novas Páginas da História Micaelense.
1832-1895 (Subsídios para a História de S. Miguel), Ponta Delgada, 1947, p.
105.
[11] Maia, Francisco de Ataíde Machado de Faria
e, Novas Páginas da História Micaelense.
1832-1895 (Subsídios para a História de S. Miguel), Ponta Delgada, 1947, p.
106.
[12] Maia, Francisco de Ataíde Machado de Faria
e, Novas Páginas da História Micaelense.
1832-1895 (Subsídios para a História de S. Miguel), Ponta Delgada, 1947, p.
125.
[13]Pereira, Ana
Cristina Moscatel e Hermano Teodoro, Arquivo Municipal da Ribeira Grande: Guia de Fundos Históricos, coordenação
Mário Moura, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2005, p.17.
[14] Medeiros, Maria Margarida Martins Franco de Medeiros, O Governo Civil de Ponta
Delgada na década de 1880, A sua ação política, social e económica, Universidade dos Açores, Tese de Mestrado em
História Insular e do Atlântico, Séculos XV-XX, Ponta
Delgada, 2014, p. 16.
[15] Silva, Susana Serpa, Criminalidade e Justiça na Comarca de Ponta
Delgada: Uma abordagem com base nos processos penais 1830-1841, Instituto
Cultural de Ponta Delgada, 2003, p. 41.
[16] Silva, Susana Serpa, Criminalidade e Justiça na Comarca de Ponta
Delgada: Uma abordagem com base nos processos penais 1830-1841, Instituto
Cultural de Ponta Delgada, 2003, p. 322.
[17] Medeiros, Maria Margarida Martins Franco de Medeiros, O Governo Civil de Ponta
Delgada na década de 1880, A sua ação política, social e económica, Universidade dos Açores, Tese de Mestrado em
História Insular e do Atlântico, Séculos XV-XX, Ponta
Delgada, 2014, p. 18.
[18] Chagas, Frei Diogo, Espelho Cristalino em
Jardim de Várias Flores, 1989, pp.163-164.
[19] Rodrigues, Rodrigo, Genealogias de São Miguel e Santa Maria, vol. 5.º, Dislivro
Histórica, 2008, pp. 3317-3318.
[21] Sociedade Promotora da Agricultura
Micaelense, Relação dos sócios contribuintes da Sociedade Promotora
Michaelense, Agricultor Michaelense, Ponta Delgada, 20 de Outubro de 1843, n.º
1, fls. 3-4.
[22] Rodrigo,
Rodrigues, Genealogias de São Miguel e
Santa Maria, vol. 5.º, Dislivro Histórica, 2008, pp. 3317-3318.
[23] Supico,
Francisco Maria, As Escavações, vol.
III, ICPD, 1995, p. 1031
[24] Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, p. 41.
[25]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, p. 41.
[26] Lopes, António, A Maçonaria Portuguesa e os Açores: 1792-1935, Ensaius, 2008, p. 310.
[27]Maia, Francisco de Ataíde Machado de Faria e,
Novas Páginas da História Micaelense. 1832-1895
(Subsídios para a História de S. Miguel), Ponta Delgada, 1947, pp. 138-139.
[28]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, p. 44.
[29] Estrella
Oriental, Ribeira Grande, 4 de Fevereiro de1857.
[30] A União, Ribeira Grande, n.º5, 19 de
Março de 1857.
[31] AMRG, Livro
de Acórdãos de 1856-1858, acta da sessão de 18 de Julho de 1856, fl. 18: ‘
(...) [não diz o nome da rua] pano de calçada’; AMRG, Ofícios Recebidos de
1850-1863, 1856, Julho 24, fl. 67: ‘convidar a Câmara a tomar sobre si a
macadamização da rua que da praça vai até a primeira fonte na estrada da
Ribeirinha’.
[32] A União, Ribeira Grande, 2 Abr. 1857,
n.º 7.
[33] Estrella Oriental, Ribeira Grande, 3 de
Maio de 1857, n.º49.
[34] Açoriano Oriental, Sábado, 16 de Agosto
de 1856, fl 1 v.
‘3 horas de chuva ao anoitecer da
sexta-feira, fez desaparecer, quase de todo, a crise alimentícia! Não teve
lugar a procissão de penitência, (...) sempre pregou na Estrela o J. Albino’.
[35] A União,
Ribeira Grande, nº5, 19 de Março de
1857.
[36] A União, Ribeira Grande, n.º 5, 19 de
Março de 1857.
[37]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, pp. 44, 272.
[38]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, pp. 53, 56,57.
[39]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, p. 76.
[40]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, pp. 79-80.
[41]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, [p. 203].
[42]
[42]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, [p. 204].
[43]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, [quadros 80-81, 86-87].
[44] Orange culture in the Azores, (Translated from the Revue of de deux Mondes of 15th April,
1873) The Sidney Morning Herald, 29 de Julho de 1873.
[46] Carta de Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro a Artur Hintze
Ribeiro, Lisboa, 14 de Junho de 1878, fl. 1; cf. Arquivo particular Família
Hintze Ribeiro.
[47]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, [quadros 88,89,90].
[48]
Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, [quadros 102,103,104].
[49] Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral dos Açores de 1852 a
1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, pp. 106-109, [quadro
109].
[50] LACERDA,
João Cesário de, As Ilhas Adjacentes,
Biblioteca do Povo e das Escolas, Editor David Corazi, 1886, pp.40-41.
[51] PEREIRA, Júlio Máximo, Recordações dos Açores, Lisboa, Imprensa
Nacional, 1893: 3, 28-29.
(Extraído do Boletim da Sociedade de
Geographia de Lisboa, 12.ª série, n.ºs 7 e 8)
[52] Idem; Acta [sic] da sessão ordinaria [sic]
da Camara Municipal do concelho da Ribeira Grande, do dia 31 d’agosto de 1893;
fls. 45-45v; dig. fls. 47-48.
[53] Nogueira, J V Paula, Açores: Ilhas de S. Miguel e Terceira, I A Ilha de S. Miguel, in Diário dos
Açores, Ponta Delgada, 13 de Janeiro de 1894, p. 1
[54] Maia, Francisco de Ataíde Machado de Faria
e, Novas Páginas da História Micaelense.
1832-1895 (Subsídios para a História de S. Miguel), Ponta Delgada, 1947, p.
299.
[55] César, Luísa, Carlos Cordeiro, I Centenário da Autonomia dos Açores
(1895-1995), Exposição biblio-iconográfica organizada pela Biblioteca Pública e
Arquivo de Ponta Delgada, Ponta Delgada, 1995, p. 54.
[56] AMRG, Actas
da Vereação, 1892-1897, liv. 48, 21 de Maio de 1896, fls. 150v-152v.
[57] A Vara
da Justiça, Ponta Delgada, 15 de Fevereiro de 1896, fl. 3.
[58] O Preto No
Branco, Ponta Delgada, 28 de Junho de 1898, fl. 4.
[59] A
Persuasão, Ponta Delgada, 11 de Janeiro de 1899, fl. 3.
[60] Medeiros, Maria Margarida Martins Franco de Medeiros, O Governo Civil de Ponta
Delgada na década de 1880, A sua ação política, social e económica, Universidade dos Açores, Tese de Mestrado em
História Insular e do Atlântico, Séculos XV-XX, Ponta
Delgada, 2014, pp. 166-167.
[61]
Cf.
PT/BPARPD/ACD/JGPD/001/005, Actas da Junta Geral do Distrito de Ponta Delgada,
Liv. N.º 6, de 4 de Fevereiro de 1870 a 18 de Agosto de 1878, sessão de 11 de
Junho de 1872, fls. 18v-20.
[62] Machado, Margarida Vaz do Rego, Clube Micaelense: 150 Anos de História,
Ponta Delgada, 2007, pp. 77-83, 89-99.
[63]
AMRG, Livro de Actas [sic], Livro nº: 44; Nº
do volume: 1; Ano: 1882-1884; índex: 539; Sessão de 19 de Julho de 1883; fls.
67, 68v.; dig. fls. 69,70.
[64]
Nogueira, J V Paula, Açores: Ilhas de S.
Miguel e Terceira, I A Ilha de S. Miguel, in Diário dos Açores, Ponta Delgada,
13 de Janeiro de 1894, p. 1
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