Uma História do Surfe na Ribeira Grande (I Parte)
Começa
no Sul. Em S. Miguel, a prática do surfe (em pé em cima de uma
prancha), ‘já com regras, torna-se regular a partir dos anos 80. É a
geração de 80-90.’ ‘O Primeiro Meeting de Surf data de 1985. Tem lugar na Praia
do Pópulo.’ Berço deste tipo de surf em São Miguel. Diz Pedro Arruda que
está a trabalhar a História da modalidade nos Açores. E ‘Há uma primeira associação de surfe ligada [e não só] à Escola Antero Quental.’[1]
É organizada (então) uma primeira competição.[2]
Não foram os primeiros a surfar na
Ilha, no entanto, seriam eles a dar o ‘empurrão’
que faltava.[3] E ondas boas? A Norte em Santa Bárbara e na Areia (Monte Verde).[4]
Como chegavam aqui? Pedro Medeiros, um
dos ‘aventureiros’ de oitenta, hoje
Bibliotecário e Arquivista, explica-me: ‘Era
sabido que o mar era perigoso na Ribeira Grande. Logo, havia ondas.’ ‘Comecei a vir ao Monte Verde em 83/84. Já
tinha ido em 81/2 ver surfar amigos em Santa Bárbara. Mas nesta altura não
surfava ainda. Subíamos a canada Duarte Borges. Pedíamos boleia na estrada da
Ribeira Grande a carrinhas de caixa aberta.’[5]
Geralmente era um grupo que ia dos tês aos cinco. A do Victor da Espelhadora é a mais célebre de todas. Era
um pouco mais velho do que os companheiros, como era também surfista e
trabalhava até aos sábados de manhã, levava a malta (toda a gente se tratava
por José, José Victor, José Pedro, etc..) consigo numa carrinha de caixa aberta
nos sábados à tarde e aos Domingos.[6]
Luís Melo, professor de Educação Física, outro desse tempo, testemunha outra forma
de lá chegar: ‘a camioneta. Com a prancha
no porta-bagagens. Às vezes a camioneta ia pelas freguesias.’ Ou, quem
diria, à boleia dos camiões de areia que iam encher areia a Santa Bárbara.[7]
Só depois (já com cursos e emprego) é que vieram os carros.[8]
Iam quase (ou mesmo) às escondidas dos pais. Conta Pedro Arruda, começa a
surfar com 14, 15, 16 anos, e chega às ondas da Ribeira Grande em 1988-9: ‘ir
aos areais do Monte Verde (Areia) e de Santa Bárbara era como se fôssemos à
socapa. Enfrentávamos a oposição das nossas mães. Aqueles areais são perigosos.
Repetiam-nos.’ [9]
Havia
alguém da Ribeira Grande? Pedro Arruda: ‘Não, não via ninguém dali na água, os primeiros surfistas da ilha eram
todos da costa sul: Ponta Delgada e Vilafranquenses. Principalmente. Só no
final dos anos 90 é que começam a aparecer alguns miúdos locais da Ribeira
Grande.’[10] Falando
com gente que fez parte dos ‘primeiros’
surfistas (até agora) conhecidos, descobri que não terá sido bem assim. Sendo a
História dos primeiros passos uma baseada (sobretudo) na memória oral de
diversas pessoas de diferentes idades, é inevitável que isso aconteça. Havia –
consegui apurar -, (já então) ligações (como não poderia haver numa ilha como a
nossa) à Ribeira Grande. Como? O Bruninho (meu vizinho na Ribeira Grande na rua
do Botelho até o aeroporto ter sido transferido para a Nordela), é um bom
exemplo do que falo. Sobrinho do Carlos Garoupa (pelo lado da mãe) conhecia bem
as ondas das Poças. Mudou-se para Ponta Delgada ainda muito novo, mas manteve
sempre ligação à Ribeira Grande. É possível que haja outras ligações? É. Outro
exemplo, mais tarde, o Luís Melo (apesar de ser de Ponta Delgada) fez a
Pré-Primária e a Primária na Ribeira Grande. Na década de oitenta, não deveria
haver mais de vinte surfistas na Ilha.[11]
Aprenderam de várias formas. Uns, tendo visto surf em Lisboa ou em revistas,
punham-se a tentar equilibrar-se numa prancha. É o caso do Pedro de Medeiros.
Outros, tinham colegas de Lisboa, cujos pais haviam sido transferidos para a
Ilha. Foi o caso do João Brilhante. As pranchas eram (habitualmente) mandadas
vir de fora. Também houve pranchas deixadas atrás por surfistas de fora
(australianos, por exemplo). Segundo Pedro Medeiros (Violante), o primeiro na
Ilha a fazer uma prancha igual às que vinham de fora, foi o Chico Melo. E a
primeira loja a vender pranchas, segundo Paulo Melo, terá sido a André Jamet. Os primeiros fatos eram os
usados no mergulho.
Que
têm de (tão) especial aquelas praias? Perguntei a Pedro Arruda: ‘A resposta mais simples é a qualidade das
ondas. Mas tem a ver com várias coisas o facto de ser praia com fundo de areia.
Estar virada a norte e exposta às ondulações. O tamanho das praias com várias i
ok das ou picos como nós chamamos. Ondas.’[12]
De que quadrante são as melhores? ‘Ondas Norte com vento Sul são as condições
ideais.’[13] Pergunto-me.
E quando é que a Ribeira Grande começou a gostar de ondas? Desde
sempre? Seria um gesto tão natural como nadar? Ou trazido por alguém? Quando e
por quem?[14] Não
sei. O que sei é que, os testemunhos orais, apontam (pelo menos) para a década de
quarenta do século passado. Manuel
Carreiro Moniz (Manuel Frade), já passa dos oitenta e pico de anos, diz-me ‘tanta vez que foi apanhar a onda à
baixa-grande!’[15]
Ou até para antes, acrescenta ele: ‘Já os mais velhos faziam isso!!.’ Quanto tempo antes? Lá fora, atrás da baixa Grande (hoje desaparecida),
apanhava-se boleia das ondas. Era ver quem apanhava as mais fortes e ia mais
longe. Era uma (certa) forma de se provar (a quem via) a sua valentia. E
virilidade. Saltando no tempo, em 1972-73, Mário Teixeira (hoje
engenheiro), Carlos Teixeira (empresário nos Estados Unidos da América) Rui
Coutinho (Professor Doutor) e Paulo Barbosa de Lima Costa (Barriga) (Professor,
já falecido): de boia, de colchão ou (calculem) de barriga, iam apanhar a boa
onda (atrás da baixa Grande: hoje destruída), esperavam que a onda rebentasse e
iam nela às vezes até à ribeira. Usavam barbatanas para chegarem rápido à onda.
Era sobretudo no mês de Agosto. Mês dos vagalhões. A malta ficava cá de terra a
vê-los.
Por fim, na década de oitenta ou um pouco antes
(chegaram) as pranchas de ‘body-board.’[16]
Portanto, ‘fazer carreiras’ (como se
diz no sul. No norte ainda não registei, mas era diferente.) era uma prática já
(aqui) enraizada. Se assim foi, o surf veio ao encontro de algo que já se ‘praticava’
na Ribeira Grande. Ao andar ‘de boleia’
nas ondas de barriga acrescentou-se o andar de pé sobre uma prancha. Aliás,
segundo a página da Federação Portuguesa de Surfe, ‘o Bodysurfe é considerado, por muitos, a mais pura
forma de surfe, devido ao facto o surfista utilizar o seu corpo para deslizar
nas ondas.’[17]
Terá sido assim? Como via a Ribeira Grande os
surfistas (de fora)?
Espreitava-os com curiosidade. Alguns dos mais novos queriam imitá-los. Os mais
velhos achavam que eram uns (tantos) drogados. Outros, que eram uns ‘meninos
bem da Cidade’ [entenda-se: Ponta Delgada]. Ou apenas estrangeiros que falavam
inglês. Outros (sobretudo pais), sentiam (muita) pena dos ‘coitados dos pais,’ pois achavam que qualquer dia ‘o mar ia levá-los.’ Numa tarde de Outono,
em 1983, o meu amigo Alfredo da Ponte, que ao ler (e comentar como costuma) este
trabalho no jornal recordou a sua primeira experiência de ver um surfista, e me
mandou esse testemunho: ‘O primeiro
surfista que eu vi na Ribeira Grande foi em 1983, nas ondas da Areia. Comigo
estava o Ti Mariano Frade e mais dois homens, diante daquela taberna próxima
das Poças [a do Domingos, hoje Galeria 33, na rua do Castelo, n.º 4], numa tarde de outono. Chamou-nos atenção
um objeto negro no mar, fazendo questão ao pessoal de ser golfinho ou tubarão.
E quando menos se esperava, a coisa preta virou homem-rã, e meteu-se em pé numa
tábua, à frente de uma onda, e com ela foi parar ao areal, maravilhando os
espectadores. Já tinha visto em
filmes. Pessoalmente aquela foi a primeira vez.’[18]
E
os surfistas? O que será que pensavam da Ribeira Grande?
Iam e vinham. Se sentiam fome, iam ao Faria. Diz Pedro Medeiros: ‘Como havia pouco dinheiro, comprávamos pão e
queijo no [Restaurante] Farias. Era
isso que se comia o dia inteiro.’[19]
Outra forma de contacto era a conversa com a ‘boleia.’ Além disso, pouco mais. Alguns, interessados também no
futebol, seguindo as notícias desportivas (as equipas da Ribeira Grande
dominavam o futebol da Ilha), teriam uma imagem positiva da Ribeira Grande;
pelo contrário, pelo que se passava à volta da extracção da areia, de que eram
testemunhas directas, teriam uma imagem bem ‘negra.’
Quem terá sido o primeiro na
Ribeira Grande a passar para a
prancha de surf? Os colegas parecem não ter dúvidas: foi o Tiaguinho Piné (Tiago
Manuel Correia do Couto).
Dali da rua do Castelo (mesmo diante das Poças). Quando foi
isso Tiago? Em 1989 (ou o mais tardar) em 1990: ‘Tinha 16 anos quando fiz surfe.’[20] Fê-lo por si próprio: ‘Comecei primeiro pelo Body Board, depois fui
para o Surfe. Foi fácil porque fazia já Skate e a manobra é igual. Em três dias
pus-me em pé na prancha.’ ‘Aprendi
comigo. Via brasileiros e os da Cidade.’ Como? ‘Comprei uma prancha ao
João Brilhante. De 2.ª mão. Uma Carcavelos.’[21] E conta: ‘O 1,º e o 2.º pico de Rabo de Peixe antes das obras. Antes do
quebra-mar das Poças, às vezes apanhava
as ondas atrás da baixa Grande – perto do castelo – e ia muitas vezes até à
ribeira.’[22] Tiago (dizem-me
os com quem falei) atacava as ondas de costas. É um ‘goofie foot.’ Como são (alguns) dos melhores da Ribeira Grande. Tem
(actualmente) a prancha rachada ao meio.
Em 1996, surgiria (finalmente) a primeira leva de surfistas da Ribeira
Grande. Graças ao João Brilhante (e à Associação que criou –
com outros dois colegas -, em 1995).[23] João,
de Ponta Delgada, completara 26 anos em Abril.[24] Já
vinha surfar à Ribeira Grande desde a década anterior. Pugnou por um Surfe (como
projecto) Social. Seria (em 2001) convidado (juntamente com o Jorge de Rabo de Peixe) a ser o primeiro nadador-salvador
de Santa Bárbara.[25] No
entanto, desiludido com o excesso (segundo ele) de Surfe (só) comercial (bem
como acalentando outros projectos) afastou-se. Ali, na zona dos espinafres, a poente da Areia (Monte
Verde), surgiu (então) uma escola de Surf. João Brilhante não só ensinou a
modalidade aos putos como defendeu em artigos e entrevistas aquela praia e a
sua irmã Santa Bárbara. Em 1997, declarava a um jornal que a ‘Escola de Surf está(va) a funcionar com
excelentes resultados na tal praia considerada não praia ou no areal [Monte
Verde] que também já não é areal [fotografias
de 1997, mostram a praia transformada em calhau rolado]. Temos tido o apoio da
Secretaria da Juventude que tem ajudado muito.’ Há muitos miúdos nesta Escola? Cada
fim-de-semana há mais. São quase todos da Ribeira Grande, entre 9 e 16 anos.
Alguns vão ser grandes atletas. Quem quiser pode aparecer para aprender.’
Por um ordenado equivalente ao dos nadadores-salvadores, fora
oferecer os seus préstimos à Câmara da Ribeira Grande. Faria de ‘nadador/salvador, daquela praia, precisava
de uma corda e de uma prancha, como já havia nas Poças ou no Pópulo.’ Enquanto
fazia isso, também ‘ incentivaria as
crianças para iniciarem surf.’ Porém,
‘o objectivo principal era garantir a segurança da praia.’ A proposta não
foi aceite. Após consulta à capitania do porto, a autarquia viu-se obrigada (assim
o confessou) a isso: o Monte Verde não
era considerada praia. [26]
Diga-se (em abono da verdade) que os miúdos
que João Brilhante (por amor à modalidade) desafiou (na Ribeira Grande) a fazer
surfe em 1996, já faziam (nas Poças ou na Areia) ondas com pranchas de Body Board ou com tábuas (feitas
artesanalmente).[27] A
maioria morava perto das Poças e da Areia. Por esta altura, João fazia o mesmo
nos Mosteiros. Recorda João Brilhante: ‘Via
a rapaziada em pranchas de body-board e fui desafiá-los.’ ‘Cheguei a ter uns
cinquenta a sessenta rapazes. Da Ribeira Grande e de Rabo de Peixe.’[28]
O João Almeida (Alface) reclama que foi (entre eles) o primeiro (ou um dos
primeiros) a ser abordado.[29]
Outro destes miúdos, o Marinho Buraca
(Mário Santos, aqui todos têm apelidos, já dizia Arruda Furtado no século XIX:
‘Com doze anos comecei a ir aprender a
fazer surfe aos fins-de-semana, sábados e Domingos, das 9 às 10 horas (mais ou menos).
O João Brilhante e a Micas traziam as
pranchas. Era na Areia. Quando não havia ondas, íamos para Santa Bárbara.
Entrei na primeira competição de surfe ali no Monte Verde.’[30]
Outro, Paulo Luís Sousa (conhecido por Pilão,
empresário da PMS Transportes): ‘O
João Brilhante tinha um projecto de valorizar a Praia do Monte Verde. Sempre
teve. Através do Surfe. E valorizar os jovens.’[31]
O irmão gêmeo de Paulo Luís, Pedro Miguel (Pilão)
(é hoje dono da Fuseiro, uma empresa
marítimo-turístico): ‘Víamos o Tiago, o
primeiro surfista daqui, que nos incentivava. Ele ia a ondas que ninguém ia.
Depois veio o João Brilhante com os materiais certos e ensinou-nos.’[32] Outro
dos pioneiros, João Vieira (Correia), hoje empresário de restauração
e presidente de um clube de futebol: ‘Tinha
uns 14 ou 15 anos (c. de 1997) o João
Brilhante veio ter comigo o com os outros rapazes. Disse logo que sim.
Aprendemos na Areia, Quase nunca íamos ao areal de Santa Bárbara. O João a mim
nunca levou nada.’ Depois de aprender, ‘a
gente ía à boleia para o Pópulo. E a pé para as Prainhas na Ribeirinha. Ali é
uma boa onda. Uma boa onda era a de Rabo de Peixe antes das obras no porto. No
Monte Verde havia duas boas, uma da esquerda e outra na direita.’ Já não fazes surfe? ‘Gostava. Com dois negócios, tenho pouco
tempo. A prancha está arrumada.’[33]
Ainda outro é João Dâmaso [Pereira da Silva] (neto do industrial José Dâmaso)
que é hoje engenheiro civil.[34]
Morava perto das Poças (e da Areia) era amigo dos Pilão.
Se, em 1989/90, o Tiago terá sido o primeiro
surfista (reconhecido) da Ribeira Grande, em 1997, a Patrícia Misse (Moniz Ferreira) terá sido a
primeira surfista. Tinha uns doze anos de idade. Filha de um dos
banheiros das Poças (e antigo futebolista) Manuel Misse (Manuel Grilo Moniz). Sem dar ‘cavaco’ ao pai ou à mãe,
porque já ia às ondas na baixa Grande, e via os rapazes na Areia, foi pedir ao
João Brilhante que lhe ensinasse a surfar. Vive há dois anos em Bruxelas.[35]
A Patrícia já não pratica surfe e nunca entrou em competições. Mas adorava as
ondas.[36] Quem
foram aqueles alunos de João Brilhante? O Pedro Sousa (Pilão)
enviou-me cópia de uma fotografia de um grupo desta primeira leva.[37]
Dos 27 rapazes (só rapazes) da foto, tirada pelo João Brilhante (a Micas estava
lá, dizem-me) no verão de 1996 ou no de 1997, a maioria morava nas ruas
próximas da Areia (e Poças). Não há raparigas na foto, mas houve pelo menos
duas.[38]
Tinham idades entre os 9/10 e (talvez) os 13/14 anos. Uma média de 11/12 anos. Era
Verão, usavam apenas calções de banho. E quatro pranchas de surf (feitas pelo
João Brilhante, dizem-me) e cinco de bodyboard
(de cinco deles). Ou seja, dezoito tinham de esperar pela sua vez (daí a
algazarra?). Um pormenor, nem todos os habituais estão na fotografia. Por
exemplo, o João Correia (Vieira). Um desses miúdos (o Luís Sousa -
Pilão) foi o primeiro açoriano a passar uma fase numa competição Nacional de
Surfe. Isso em 2008. Mereceu destaque de um jornal: ‘No areal de Santa Bárbara, o atleta inscrito na Associação de Surf de
São Miguel tornou-se no primeiro açoriano a ultrapassar uma ronda de uma prova
do Nacional, enchendo de orgulho os responsáveis associativos micaelenses e
todos os adeptos da modalidade.’ Ao jornal, o Luís referiu: ‘Foi muito
complicado, com muito vento e alguma corrente. As ondas não estão muito boas.
Limitei-me a procurar o melhor sítio para estar na onda.’[39] Fez parte da geração que (re)activou a
associação de Surf criada pelo João Brilhante (e colegas).[40]
Ajudou a ensinar Surf à leva seguinte. Um outro (o Ângelo Medeiros – Ferreta, está algures no Brasil) era talvez
(diz, modesto, o Luís Sousa) o mais habilidoso de todos. Junta-se ao grupo
(pouco depois) (entre outros), o João Victor Melo (Mocho). O grupo construiu em madeira uma casa (barraca) de apoio
(onde deixava as pranchas): ‘Ficava do lado
de lá da ribeira, quase a meio do areal, num pedacinho de terra quase detrás do
que foi a peixaria Almeida. Com o aumento do Passeio Atlântico, hoje ficaria situada
mais ou menos na primeira curva depois da ponte. Tinha uns 2 metros de fundo
por uns três de frente. Lembro-me que na cheia que levou carros e vitimou uma
senhora [10 de Setembro de 1997], estávamos
lá. E de um surfista havaiano do top mundial que andou lá connosco. Por esta
altura, formava-se uma onda perfeita mesmo ao pé do carro que a ribeira
arrastara. Conheço fotografias desta casa.’[41]
O João, diz-me o Paulo, repetia-nos que aquela praia (Monte Verde) precisava de
vigilância e de resolver o problema dos esgotos. João Almeida (Alface),
acrescenta que o João Brilhante ‘Chegou a
ter várias conversas com o Presidente [da Câmara, António Pedro] que se comprometia a manter a praia limpa e
segura e lá avançaria com o projecto do surf. Bastava que fosse
nadador-salvador.’[42]
O que é confirmado pelo próprio João Brilhante: ‘Eram três os objectivos: saneamento da praia, segurança e formação. Ia
às reuniões da Câmara às quarta-feiras [tempo do António Pedro]. Nunca nos apoiaram. Limpamos a praia e tudo.
Fiquei desiludido. Às tantas veio alguém da Juventude Social-democrata propor
um evento na praia (Monte Verde) com jogos e até gelados. Recusei. Mas no
programa continuou a constar o surf. Em
Outubro de 1999 – até 2000 -, saí da ilha (fui para Inglaterra). Deixei os
miúdos. A Associação deixou. Quiseram aproveitar-se do trabalho feito.’[43] Terminaria
desse modo a primeira intervenção da ASSM na Ribeira Grande.
Tal qual o Tiago, outros (também) aprenderam
consigo próprios. Com apenas 12 anos, apareceria outro ‘goofie foot.’ (pé direita à frente na
prancha) No activo, o homem que domina as ondas gigantes e serve de apoio ao
maior recordista da onda da Nazaré. O Marco Medeiros (Frade) também passa do
Bodyboard para o surf. O irmão Miguel está no grupo de João Brilhante, e é
primo dos gêmeos Pilão e outros ‘Frade’
(também do grupo de Brilhante). Era da rua da Praça um pouco mais acima das
Poças: ‘alguns surfistas estrangeiros
paravam na bomba de gasolina dos bombeiros e perguntavam onde podiam encontrar
ondas. Ia com eles e aprendi.’ É o responsável pela Associação de
nadadores-salvadores da Costa Norte.[44] O José Moreira (hoje piloto da SATA),
comprou em 1998/9 a sua primeira prancha aos 14 anos. Morava na rua de São
Sebastião (na Conceição). Bastava-lhe descer a rua para chegar à Areia.
Aprendeu consigo próprio. O João Victor ‘transitou
da prancha do bodyboard para a do surf aos 15 ou 16 anos já em 2000/1.’[45]
Por esta altura, a fama dos areais da Ribeira
Grande havia (já) ultrapassado os horizontes da Ilha.[46]
Com novas vias de comunicação, tornaram-se mais acessíveis (ao resto da Ilha).[47]
Em 2000 ou já em
2001, Luís Melo ‘promoveu a modalidade assim como ensinou a mesma às crianças e
jovens de Rabo de Peixe.’
Antes, ‘usavam as chatas (feitas de
bidões) e pranchas de esferovite (das caixas de peixe envoltas em adesivo
castanho largo).’ Aí
(até 2004) estaria envolvido primeiro num projecto da Kairos depois no do Clube
Naval de Rabo de Peixe. Sairia dali, o talento de João Flores (que haveria de
trocar o surf pelo futebol). Foi responsável pela organização de competições
locais: ‘Em
2001 e 2002 organizei o clube K surf tour. De 2003 em diante até 2007 organizei
o circuito de surf e bodyboard - Espaço Azul/Clube Naval Rabo de Peixe.’[48] Isso,
tanto nos Areais (Santa Bárbara) e Monte Verde. Dos (da Ribeira Grande) que haviam aprendido a surfar com
Brilhante, apesar de haver outros que iam, apenas o Luís (Pilão) participa regularmente.[49] A semente (no
entanto) deu fruto. O Luís e o Pedro Sousa (Pilões), o João Almeida
(Alface) e o João Victor (Mocho), a partir de 2007/8, formam uma segunda fornada
de surfistas. Entre outros: ‘o Eric
Medeiros (Frade) (Naruto), da Vila Nova, o Malão, dos Foros, o Leonardo. Os irmãos Cabral: Luís, Ricardo e Sara. O Tomás Anselmo, o Gil Faria, o João Alves.’[50] Outros miúdos nascidos ou com pais da
Ribeira Grande, aprendem com Luís Melo. Em 2003, Crispim (o pai era Presidente
do Clube Naval de Ponta Delgada), ao lado de João Flor e de muitos outros, aprende
a surfar no Clube Naval de Rabo de Peixe. Muitos destes miúdos de Rabo de
Peixe, segundo alguns surfistas da década de oitenta, ‘começaram por ver a gente na água e aos poucos iam lá ter ao pico da
onda pequeno cá dentro junto a nós apanhar ondas. Isso antes das obras do
porto. Faziam ‘body-board’ com pranchas de madeira. Ou de tudo o que apanhava.
Foi-se formando um grupo. A princípio, só iam quando nos lá estávamos.’[51]
No ano seguinte a que Crispim se iniciou, a irmã Sofia, as primas Carolina e a
irmã Teresa, e a amiga Joana Lima também se juntam aos miúdos de Rabo de Peixe.[52] Tudo isso iria (e muito rapidamente) mudar.
A realização de campeonatos nacionais e internacionais, a partir de 2008, e
os voos de baixo custo das companhias aéreas, a partir de 30 de Março de 2015, seriam
os (principais) responsáveis pela mudança. A era ‘dos aventureiros’ (com preocupações sociais) daria (então) lugar à
dos ‘turistas de surfe.’[53]
Areias – Rabo de Peixe (Concelho da Ribeira
Grande) (continua)
PS: Saberei onde me estou a meter? É
arriscado tentar fazer História de algo tão recente, porque, em parte, dependo
da memória dos intervenientes. Estou minimamente consciente disso. Mas vou
arriscar. E proteger a minha narrativa. Vou abrir-me ao debate, publicando no
jornal o que for apurando. Mesmo assim, sei que só chegarei a uma aproximação
plausível. Para isso, vou tentar confrontar depoimentos, encontrar documentos
escritos. No fundo, pretendo apenas encontrar um fio condutor à relação da
Ribeira Grande com o surfe.
Alguns termos de Surf (que já aprendi)[54]
ONSHORE – Quando o vento sopra do mar para a terra.
OFFSHORE – Quando o vento sopra de terra para o mar, geralmente preferível por
parte da maioria dos praticantes.
SPOT – local onde quebra uma onda; numa praia pode haver vários spots;
a título de exemplo, no Monte Verde, a zona esquerda da praia - de quem está a
olhar para o mar – é conhecida por Espinafres.
SECRET SPOT- local conhecido unicamente por um número reduzido de
praticantes, que não se revela a terceiros
1.º PICO - 2.º PICO (rebentação mais próxima de terra, e assim
sucessivamente)
DIREITA onde que corre para a direita de quem está a olhar para o
mar; Esquerda, onda que corre para a esquerda de quem está a olhar
para o mar
GOOFIE FOOT- surfista usa o pé esquerdo como pivot (pé de trás); numa direita, vai de costas para a onda, numa
esquerda vai de frente para a onda
NATURAL – surfista que usa o pé direito como pivot; numa direita, vai de frente para a onda (frontside); numa
esquerda vai de costa para a onda (backside)
A direita e a esquerda é na perspetiva de quem
está a surfar. Assim, dentro de água, virado para terra, o
surfista se segue para a direita, a onda é uma direita; se segue para a
esquerda, a onda é uma esquerda. Desta vez a perspetiva é de quem está no mar e
vai na onda.
[1] Testemunho de
Paulo Melo, 15 de Novembro de 2023: ‘Fiz parte da Associação de Surf de São
Miguel. Havia gente do Liceu mas havia gente que não era do Liceu.’
[2] Testemunho de
Paulo Melo, 15 de Novembro de 2023: ‘Na Ribeira Quente. A Câmara forneceu-nos o
transporte.’
[3]Testemunho de Pedro Arruda, 9 de Agosto de 2023:
‘Epifenómenos. Carlos Garoupa. Final dos anos quarenta. Início dos cinquenta.
Fez algo parecido com uma prancha. Talvez o tenha visto num filme. Não se
recorda de qual. No Faial, em finais dos anos 50 e início dos anos sessenta.
Através de José Carlos Fraga. Ligado ao Clube de Vela da Horta. Faz uma prancha
a partir de um artigo sobre o Havai que leu na National Geographic. A primeira
escola de Surf que nasce em Portugal é na Horta em 1975. No Continente, a
segunda, nasce em 1978 em Carcavelos.’ Açoriano Oriental, 13 de Março de 2015, pp. 1, 20: ‘As três gerações do surf açoriano. Carlos foi o pioneiro, João o seu
sucessor e Diogo o que leva a modalidade mais a sério. A História do surf na
família Garoupa é um conto com quase 70 anos. (p.20) Aos 79 anos de idade,
Carlos Garoupa Medeiros ainda surfa. Um bichinho que o mordeu há já 68 anos
(1947), quando, na altura, com 11 anos, foi dos primeiros açorianos a desafiar
as ondas micaelenses, com uma prancha de criptoméria. Corria o ano de 1947 com
a Europa ainda a recuperar da Grande Guerra, quando Carlos inspirou-se nos
filmes norte-americanos onde umas quantas pessoas se equilibravam numa prancha,
no Havai.’ Nota de 8 de Janeiro de 2014: Açoriano Oriental, 3 de
Setembro de 2012, pp. 2-3: ‘Dos baleeiros
às Lajes. (…) Convém perceber como chega o Surf aos Açores. Apesar de não haver
registos, Pedro Arruda, Presidente da USBA, acredita que há três fases
determinantes. A primeira terá ocorrido por volta do século 18 e 19, altura em
que os baleeiros açorianos terão avistado a prática da modalidade nas ilhas do
Havai. A segunda, explica Arruda, prende-se com a instalação da base das lajes
e o destacamento dos primeiros soldados californianos, por volta da década de
60. E esses sim, sabemos que trouxeram o surf até à Praia da Vitória. Por
último, o aparecimento de surfistas na Região chega só nos anos 80 e 90,
acabando por consolidar-se no novo milénio. Já é algo bem visto pela população,
os pais não têm receio de inscrever os filhos nas escolas de surf e bodyboard.
Neste momento, a modalidade está perfeitamente na sociedade, afirma.’
[4] No Top 10
europeu, além da onda de São Jorge, está a onda das Prainhas (Santa Iria).
Dizem-me (alguns) os peritos. É preciso é melhorar o acesso. Outros, não
negando aquela onda, colocam à frente dela uma nas Calhetas (defronte da casa
cor-de-rosa), outro em Santa Bárbara e ainda outra em Nordeste.
[5]Testemunho de
Pedro Medeiros, 3 de Novembro de 2023. Testemunho de 11 de Novembro de 2024: ‘Estava de férias em S. Miguel, ainda não
surfava, mas o meu irmão mais velho três anos já surfava. Estávamos ma Praia do
Pópulo. Não havia ondas. Vamos procurar ondas: virou-se o arquitecto João Luís
Pires dos Santos. Ele estava acompanhado da mulher. Uma ruiva muito bonita.
Parece que trabalhava na SATA ou na TAP. Ele era arquitecto e era retornado de
Moçambique. Subímos (eu, meu irmão, o Henrique Areias, e o casal) a canada do
Duarte Borges a pedir boleia na Estrada da Ribeira Grande. Primeiro, fomos ao
Monte Verde. Não havia ondas. Fomos de seguida a Santa Bárbara. Foram à água
surfar (estavam a iniciar) meu irmão e o Areias e o arquitecto. Disse-nos que
havia surfado uma baixa na Maia. Suponho que a Viola.’ Quanto a ser em 1981
0u 1982, coloca dúvidas: ‘pode até ter sido em 1979/80. Não registei isso.’
[6] Testemunho de
Pedro Medeiros, 15 de Novembro de 2023
[7] Testemunho de
Paulo Melo, 14 de Novembro de 2023
[8] Testemunho de
Luís Melo, 31 de Outubro de 2023.
[9] Testemunho de
Pedro Arruda, 31 de Outubro de 2023; Testemunho de Pedro Arruda, 9 de Agosto de
2023
[10] Testemunho de
Pedro Arruda, 24-26 de Outubro de 2023. Em bom rigor, não se poderá afirmar que
não houvesse no meio deles alguém com ligações à Ribeira Grande.
[11] Testemunho de Pedro
Medeiros, 16 de Novembro de 2023. Dos que se lembra: Pedro Medeiros e Manuel
Medeiros (os dois irmãos eram conhecidos por Violante devido ao apelido da
avó), Miguel Read, Henrique Areias, Rigoberto Oliveira (filho do dono do
Armazém Canadá). Anteriores a ele: Paulo Marques da Costa, Bruninho, grupo do
Clube Naval de Ponta Delgada, o Gui (inspector do ensino em Vila Franca), Xico
Melo, Marco Sousa (do Livramento). Pede (ainda) desculpa por poder estar a
deixar alguém para trás. Diz-me ainda a mesma fonte, eram adolescentes da idade
dele, execepto o irmão que era três anos mais velho e o Xico Melo, um ano mais
novo. Estudavam no Liceu. Moravam em Ponta Delgada (Pópulo e cidade). O Victor
da Espelhadora é que era mais velho.
[12] Testemunho de
Pedro Arruda, 24-26 de Outubro de 2023. Há
diferenças entre as duas praias? ‘São
pequenas diferenças que têm a ver com o movimento dos fundos de areia. O Monte
Verde está mais aberto ao mar e costuma mudar mais ao longo do ano. Os areais
têm aquela barreira do morro de Santana que ajuda a fixar a areia e torna a
praia mais consistente em termos de ondas. Antigamente uma das melhores ondas
quando o mar estava grande mais de 2 ou 3 metros era a direita da piscina mas
desapareceu com a construção do molhe de proteção das Poças.’ É correcto dizer-se que Santa Bárbara está
mais adaptada a local de ensino de Surf e a do Monte Verde mais para quem já
aprendeu? ‘Depende ambas têm boas
condições tanto para aprender como para surfistas mais evoluídos depende da
ondulação. O sul é melhor para aprender e no norte em geral como tem mais ondas
e mais fortes e grandes já é preciso ter alguma experiência.’
[13] Testemunho de
Pedro Arruda, 24-26 de Outubro de 2023.
[14] Reflecti isso
numa conversa com o Pedro Arruda.
[15] Testemunho de Manuel Moniz Frade, 30 de
Outubro de 2023.
[16] Testemunho de
Manuel Câmara, 30 de Outubro de 2023: Falando com uma mão cheia de pessoas, fui
vendo e recordando. Nas Poças, o mais que consigo recuar é aos anos quarenta.
Na Areia (a parte mais chegada às Poças, Manuel Câmara (conhecido por Marroco),
para os anos sessenta: ‘Era como ainda
fazem em Rabo de Peixe. Queria ter apanhado as pranchas dos surfistas que a
gente vê aqui!! A gente nadava, nadava para fora e vinha por cima dela até à
Areia. A gente conhecia os sítios bons e os ruins;’ Testemunho de Mário
Teixeira, 28 de Outubro de 2023: Nos anos sessenta, geração de
quarenta/cinquenta: Roberto Andrade, José Morgado (Pichela), iam apanhar boleia
das ondas também por detrás da baixa Grande. Estavam sempre à espera delas:
‘tanta vez que a onda me levou enrolada para o fundo.’[16] Alguns poucos da geração de cinquenta das
Poças também o faziam. Testemunho de André Raposo, 29 de Outubro de 2023:
Era coisas que viam nos filmes? Rui
Coutinho: ‘Sim, sempre gostei de fazer isso. Com a ajuda de uma barbatanas Simotal
e de muitas esfoladelas.’ Nos anos noventa, antes de experimentar o surf com
prancha, Luís Pilão fazia o mesmo com boias. Em Rabo de Peixe, disse-me André
Raposo, que foi/é surfista, usavam as chatas (feitas de bidões) e pranchas de
esferovite (das caixas de peixe envoltas em adesivo castanho largo).
[17] https://www.surfingportugal.com/bodysurf-2/: ‘Apanhar ondas sem necessidade de prancha. É das
formas mais puras de ligação um ser humano e o mar. A ausência de dispositivos
feitos pelo homem, obriga o surfista a aproveitar a força bruta da Natureza e
sentir cada parte da onda em contacto com o nosso corpo. Para garantir
segurança e desempenho, utilizam-se barbatanas para voltar para o line-up e para
ajudar a manobrar ao longo da face da onda. Dependendo das condições poderá ser
utilizado um acessório nas mãos, chamado de “handplane”. As handplane servem
essencialmente para maximizar a velocidade e flutuação.
[18] Testemunho de
Alfredo da Ponte, 15 de Novembro de 2023.
[19]Testemunho de
Pedro Medeiros, 3 de Novembro de 2023.
[20] Nasci no dia 27 de Janeiro de 1973. Fiz já
50 anos.
[21] Testemunho de
Tiago Manuel Correia do Couto, 28 de Outubro e 6 de Novembro de 2023.
[22]Testemunho de
Tiago Manuel Correia do Couto, 28 de Outubro de 2023
[23]Constituição da
Associação de Surf de São Miguel, 11 de Setembro de 1995: João Brilhante de
Oliveira; Sérgio Jorge Soares Gouveia, António Rui Guterres Benjamim. Cujo
objectivo era ‘divulgar, implantar, fomentar e apoiar a actividade desportiva
da modalidade.’ Publicado no Jornal Oficial de 31 de Outubro de 1995. Tinha
sede na rua do Mata-Mulheres, n.º 22, na Fajã de Baixo. Por esta altura fez o
mesmo nos Mosteiros. Voltaria episodicamente de 2006 a 2008 (mais ou menos). Em
1998, já estaria inactiva.
[24] João Brilhante
Oliveira (n. 02 – 04 - 1970 - PDL)
[25] Só lá
permaneceria uns dois ou três meses, segundo me disse dia 6 de Novembro de
2023.
[26] Borges, José, Entrevista a João Brilhante Presidente da ASSM: O Surf não é um desporto perigoso, Açoriano Oriental, 3 de Agosto de 1997.
[27] O Tiago, o
Pipoca e o Luís da Maria do Céu, segundo Luís Sousa (Pilão) haviam sido os
primeiros. Depois, teria sido ele (Tiago), mais o Luís (Veneno – que já
faleceu), o Marinho Buraca e o Carlos Calouro. Destes, aderiram ao surf (ainda
segundo ele) ele e o Marinho Buraca. O Tiago não refere os da Areia, mas eles
já o faziam.
[28] Testemunho de
João Brilhante, 26 de Outubro de 2023.
[29] Testemunho de
João Almeida, 6 de Novembro de 2023.
[30] Testemunho de
Mário Santos, 30 de Outubro de 2023. [dizem-me que era continental e ao
princípio vinha, mas ao depois, por qualquer razão que desconhecem deixou de
vir. E também a Rita Vasconcelos. Dizem outros que foram das primeiras a surfar
na Ilha]
[31] Testemunho de
Paulo Luís Sousa (Pilão), 27 de Outubro de 2023
[32] Testemunho de
Pedro Miguel Sousa (Pilão), 27 de Outubro de 2023
[33] Testemunho de
João Correia, 27 de Outubro de 2023
[34]Testemunho de
João Dâmaso, 20 de Dezembro de 2023. Hoje é que se identificou.
[35] Depois dela,
vieram outras amigas: ‘a Juliana da Cagoa, a Rosa Mota e a Felícia.’
Moravam todas perto do mar. Menos a Felícia.
[36] Testemunho de
Patrícia Moniz Ferreira, 30 de Outubro de 2023. Nasceu na Ribeira Grande a 25
de Setembro de 1985.
[37] O Hernâni
Medeiros identificou-se à direita da prancha (que tem escrito) Anarkia e o
primo Ângelo Ferreta (Filipe Medeiros) à esquerda. Depois, salta para o Marinho
Buraca (Carlos Santos); já com a ajuda do João Correia, o Bruno Zazula (Ponte);
Ruben Frade; Tiago Correia; Bruno Jornata. Deitados na areia, os dois irmãos
Pilão (Paulo Luís e Pedro Sousa), o Ruben Sousa e o Miguel Frade (primo do
Ruben e irmão do Marco nadador-salvador). O João Correia também identifica o
Júlio Caçador, o Ricardo Monkey (da rua de São Vicente), o Sérgio Correia e o
Frederico Correia, o José Manuel Begango e o Tiago Correia (primo). ‘E o resto não estou a ver quem é já são
muitos anos.’ Hoje, dia 17 de Dezembro de 2023, João Dâmaso identificou-se.
Morava muito próximo das Poças.
[38] Testemunho de
Hernâni Medeiros, 29 de Outubro de 2023.
[39] Açoriano Oriental, 19 de Setembro de 2008:
‘(…) Pela primeira vez um surfista açoriano
passou uma eliminatória no Campeonato Nacional de Surf Open. O
ribeira-grandense Paulo Luís Sousa foi o herói do primeiro dia de prova,
competindo ontem de manhã na bateria onde se encontra o actual líder do Ranking
Nacional, Ruben Gonzalez (…).’
[40] Correio dos
Açores, 7 de Março de 2008.
[41] Testemunho de
Paulo Sousa (Pilão), 26 de Dezembro de 2023.
[42] Testemunho de
João Almeida (Alface), 22 de Dezembro de 2023.
[43]Testemunho de
João Brilhante, 12 de Novembro de 2023: Tentei certificar os miúdos que
aprenderam. Nada. Foi um erro ter abandonado. Mais tarde, o Paulo Melo
convenceu-me a voltar: vão criar estruturas (isto já em 2006-7). E fui. Mas não
levei lá muito tempo.
[44] Correio dos
Açores, 3 de Novembro de 2020; Testemunho de Marco Medeiros, 1 de Novembro de
2023.
[45] Testemunho de
João Victor Melo, 2 de Novembro de 2023. Nasceu em 31 de Março de 1985.
[46] A partir de
meados da década de noventa, revistas mundiais famosos e influentes dedicadas
ao Surf, publicam reportagens (entre outros) sobre os areais da Ribeira Grande.
Com fotografias de destaque. Por exemplo, a Surfer
Magazine em 1996 (diz o Luís Melo). A Surf
Session (de língua francesa). Ou a Revista Surf Portugal.
[47] A estrada Ribeira Grande- Ponta Delgada sofrera obras
de melhoramento na década anterior.
[48]
Testemunho de Luís Melo, 7 de Novembro de 2023; Pedro Arruda, 22 de Setembro de
2023: São (então) organizadas pelo Luís Melo ‘com várias etapas ao longo do ano tanto nos Areais (Santa Bárbara) e
Monte Verde’ de ‘2000 a 2002 o
Circuito Clube K campeonatos de São Miguel.’ E de 2002 a 2007, ainda por
Luís Melo, a nível de ilha de São Miguel, o Circuito Clube Naval de Rabo de
Peixe.’ Testemunho de Lili Crispim, 8 de Novembro de 2023.
[49] Testemunho de
Luís Melo, 7 de Novembro de 2023.
[50] Testemunho de
João Victor Melo, 2 de Novembro de 2023.
[51] Testemunho de
Paulo Melo, 15 de Novembro de 2023
[52] Testemunho de
Crispim (filho de Victor Crispim), 8 de Novembro de 2023: ‘Em 2003, conheci o
Luís Melo através de um amigo comum, o Sabão. O Luís fazia Kitesurf.
Perguntou-me se queria fazer surf. No verão, o Luís vinha a Rabo de Peixe (as
pranchas ainda eram arrumadas num contentor), juntamente com ele vinham o Xico
(mais operacional), e o Francisco Faria e Maia e o Filipe Mendonça, que iam
para a água. Talvez no ano a seguir, isso em 2004, as minhas primas e amiga
(que quiseram experimentar o Surf) juntaram-se a nós. 85% das vezes era em
Santa Bárbara ou no Monte Verde.’ Testemunho de Luís Melo, 8 de Novembro de
2023: Sim é verdade, o Crispim e a irmã conhecia desde miúdos do clube Naval de
Ponta Delgada na altura andavam nos jet skis. O Crispim foi o primeiro a fazer treinos comigo
juntamente com o João Flor e o resto do pessoal de Rabo de Peixe, depois vieram
a irmã Sofia e a prima Carolina a Joana era amiga deles depois também começou a
treinar connosco. É importante realçar que na altura não era moda ou IN fazer
aulas de surf, os pais destes miúdos confiaram em mim porque era professor, era
colega da mãe da Carolina na ESAQ, o Dr. Crispim (advogado) na altura era
presidente do Clube Naval de Ponta Delgada e conhecia- me do windsurf
(modalidade que também pratico), e o mais engraçado é que os miúdos vieram
praticar surf no Clube Naval de Rabo de Peixe. Depois vieram mais miúdos mas já
não me recordo bem. Na foto abaixo estão as primeiras alunas do clube com o
Filipe Mendonça que era meu ajudante e atualmente e o presidente da Associação
de surf e Bodyboard dos Açores.
[53]
Testemunho
de Luís Melo, 6 de Novembro de 2023. ‘28 Março, 2016:
Na terça-feira assinala-se um ano sobre o primeiro voo de uma "low
cost" para Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.’ O primeiro ano da
presença das companhias aéreas de baixo custo nos Açores colocou a região na
moda, mas o Governo Regional considera que é preciso continuar a trabalhar para
o destino manter a notoriedade.
[54] Outros termos,
ver em: https://souesportista.decathlon.com.br/dicionario-do-surfista/
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