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Uma História do Surfe na Ribeira Grande (I Parte)



Uma História do Surfe na Ribeira Grande (I Parte)

Começa no Sul. Em S. Miguel, a prática do surfe (em pé em cima de uma prancha), ‘já com regras, torna-se regular a partir dos anos 80. É a geração de 80-90.’ ‘O Primeiro Meeting de Surf data de 1985. Tem lugar na Praia do Pópulo.’ Berço deste tipo de surf em São Miguel. Diz Pedro Arruda que está a trabalhar a História da modalidade nos Açores. E ‘Há uma primeira associação de surfe ligada [e não só] à Escola Antero Quental.[1] É organizada (então) uma primeira competição.[2] Não foram os primeiros a surfar na Ilha, no entanto, seriam eles a dar o ‘empurrão’ que faltava.[3] E ondas boas? A Norte em Santa Bárbara e na Areia (Monte Verde).[4] Como chegavam aqui? Pedro Medeiros, um dos ‘aventureiros’ de oitenta, hoje Bibliotecário e Arquivista, explica-me: ‘Era sabido que o mar era perigoso na Ribeira Grande. Logo, havia ondas.’ ‘Comecei a vir ao Monte Verde em 83/84. Já tinha ido em 81/2 ver surfar amigos em Santa Bárbara. Mas nesta altura não surfava ainda. Subíamos a canada Duarte Borges. Pedíamos boleia na estrada da Ribeira Grande a carrinhas de caixa aberta.’[5] Geralmente era um grupo que ia dos tês aos cinco. A do Victor da Espelhadora é a mais célebre de todas. Era um pouco mais velho do que os companheiros, como era também surfista e trabalhava até aos sábados de manhã, levava a malta (toda a gente se tratava por José, José Victor, José Pedro, etc..) consigo numa carrinha de caixa aberta nos sábados à tarde e aos Domingos.[6] Luís Melo, professor de Educação Física, outro desse tempo, testemunha outra forma de lá chegar: ‘a camioneta. Com a prancha no porta-bagagens. Às vezes a camioneta ia pelas freguesias.’ Ou, quem diria, à boleia dos camiões de areia que iam encher areia a Santa Bárbara.[7] Só depois (já com cursos e emprego) é que vieram os carros.[8] Iam quase (ou mesmo) às escondidas dos pais. Conta Pedro Arruda, começa a surfar com 14, 15, 16 anos, e chega às ondas da Ribeira Grande em 1988-9: ‘ir aos areais do Monte Verde (Areia) e de Santa Bárbara era como se fôssemos à socapa. Enfrentávamos a oposição das nossas mães. Aqueles areais são perigosos. Repetiam-nos. [9]

Havia alguém da Ribeira Grande? Pedro Arruda: ‘Não, não via ninguém dali na água, os primeiros surfistas da ilha eram todos da costa sul: Ponta Delgada e Vilafranquenses. Principalmente. Só no final dos anos 90 é que começam a aparecer alguns miúdos locais da Ribeira Grande.[10] Falando com gente que fez parte dos ‘primeiros’ surfistas (até agora) conhecidos, descobri que não terá sido bem assim. Sendo a História dos primeiros passos uma baseada (sobretudo) na memória oral de diversas pessoas de diferentes idades, é inevitável que isso aconteça. Havia – consegui apurar -, (já então) ligações (como não poderia haver numa ilha como a nossa) à Ribeira Grande. Como? O Bruninho (meu vizinho na Ribeira Grande na rua do Botelho até o aeroporto ter sido transferido para a Nordela), é um bom exemplo do que falo. Sobrinho do Carlos Garoupa (pelo lado da mãe) conhecia bem as ondas das Poças. Mudou-se para Ponta Delgada ainda muito novo, mas manteve sempre ligação à Ribeira Grande. É possível que haja outras ligações? É. Outro exemplo, mais tarde, o Luís Melo (apesar de ser de Ponta Delgada) fez a Pré-Primária e a Primária na Ribeira Grande. Na década de oitenta, não deveria haver mais de vinte surfistas na Ilha.[11] Aprenderam de várias formas. Uns, tendo visto surf em Lisboa ou em revistas, punham-se a tentar equilibrar-se numa prancha. É o caso do Pedro de Medeiros. Outros, tinham colegas de Lisboa, cujos pais haviam sido transferidos para a Ilha. Foi o caso do João Brilhante. As pranchas eram (habitualmente) mandadas vir de fora. Também houve pranchas deixadas atrás por surfistas de fora (australianos, por exemplo). Segundo Pedro Medeiros (Violante), o primeiro na Ilha a fazer uma prancha igual às que vinham de fora, foi o Chico Melo. E a primeira loja a vender pranchas, segundo Paulo Melo, terá sido a André Jamet. Os primeiros fatos eram os usados no mergulho.

 

Que têm de (tão) especial aquelas praias? Perguntei a Pedro Arruda: ‘A resposta mais simples é a qualidade das ondas. Mas tem a ver com várias coisas o facto de ser praia com fundo de areia. Estar virada a norte e exposta às ondulações. O tamanho das praias com várias i ok das ou picos como nós chamamos. Ondas.’[12] De que quadrante são as melhores? Ondas Norte com vento Sul são as condições ideais.’[13] Pergunto-me. E quando é que a Ribeira Grande começou a gostar de ondas? Desde sempre? Seria um gesto tão natural como nadar? Ou trazido por alguém? Quando e por quem?[14] Não sei. O que sei é que, os testemunhos orais, apontam (pelo menos) para a década de quarenta do século passado. Manuel Carreiro Moniz (Manuel Frade), já passa dos oitenta e pico de anos, diz-me ‘tanta vez que foi apanhar a onda à baixa-grande![15] Ou até para antes, acrescenta ele: ‘Já os mais velhos faziam isso!!.’ Quanto tempo antes? Lá fora, atrás da baixa Grande (hoje desaparecida), apanhava-se boleia das ondas. Era ver quem apanhava as mais fortes e ia mais longe. Era uma (certa) forma de se provar (a quem via) a sua valentia. E virilidade. Saltando no tempo, em 1972-73, Mário Teixeira (hoje engenheiro), Carlos Teixeira (empresário nos Estados Unidos da América) Rui Coutinho (Professor Doutor) e Paulo Barbosa de Lima Costa (Barriga) (Professor, já falecido): de boia, de colchão ou (calculem) de barriga, iam apanhar a boa onda (atrás da baixa Grande: hoje destruída), esperavam que a onda rebentasse e iam nela às vezes até à ribeira. Usavam barbatanas para chegarem rápido à onda. Era sobretudo no mês de Agosto. Mês dos vagalhões. A malta ficava cá de terra a vê-los. Por fim, na década de oitenta ou um pouco antes (chegaram) as pranchas de ‘body-board.’[16] Portanto, ‘fazer carreiras’ (como se diz no sul. No norte ainda não registei, mas era diferente.) era uma prática já (aqui) enraizada. Se assim foi, o surf veio ao encontro de algo que já se ‘praticava’ na Ribeira Grande. Ao andar ‘de boleia’ nas ondas de barriga acrescentou-se o andar de pé sobre uma prancha. Aliás, segundo a página da Federação Portuguesa de Surfe, ‘o Bodysurfe é considerado, por muitos, a mais pura forma de surfe, devido ao facto o surfista utilizar o seu corpo para deslizar nas ondas.[17] Terá sido assim? Como via a Ribeira Grande os surfistas (de fora)? Espreitava-os com curiosidade. Alguns dos mais novos queriam imitá-los. Os mais velhos achavam que eram uns (tantos) drogados. Outros, que eram uns ‘meninos bem da Cidade’ [entenda-se: Ponta Delgada]. Ou apenas estrangeiros que falavam inglês. Outros (sobretudo pais), sentiam (muita) pena dos ‘coitados dos pais,’ pois achavam que qualquer dia ‘o mar ia levá-los.’ Numa tarde de Outono, em 1983, o meu amigo Alfredo da Ponte, que ao ler (e comentar como costuma) este trabalho no jornal recordou a sua primeira experiência de ver um surfista, e me mandou esse testemunho: ‘O primeiro surfista que eu vi na Ribeira Grande foi em 1983, nas ondas da Areia. Comigo estava o Ti Mariano Frade e mais dois homens, diante daquela taberna próxima das Poças [a do Domingos, hoje Galeria 33, na rua do Castelo, n.º 4], numa tarde de outono. Chamou-nos atenção um objeto negro no mar, fazendo questão ao pessoal de ser golfinho ou tubarão. E quando menos se esperava, a coisa preta virou homem-rã, e meteu-se em pé numa tábua, à frente de uma onda, e com ela foi parar ao areal, maravilhando os espectadores. Já tinha visto em filmes. Pessoalmente aquela foi a primeira vez.’[18]

E os surfistas? O que será que pensavam da Ribeira Grande? Iam e vinham. Se sentiam fome, iam ao Faria. Diz Pedro Medeiros: ‘Como havia pouco dinheiro, comprávamos pão e queijo no [Restaurante] Farias. Era isso que se comia o dia inteiro.’[19] Outra forma de contacto era a conversa com a ‘boleia.’ Além disso, pouco mais. Alguns, interessados também no futebol, seguindo as notícias desportivas (as equipas da Ribeira Grande dominavam o futebol da Ilha), teriam uma imagem positiva da Ribeira Grande; pelo contrário, pelo que se passava à volta da extracção da areia, de que eram testemunhas directas, teriam uma imagem bem ‘negra.’

Quem terá sido o primeiro na Ribeira Grande a passar para a prancha de surf? Os colegas parecem não ter dúvidas: foi o Tiaguinho Piné (Tiago Manuel Correia do Couto). Dali da rua do Castelo (mesmo diante das Poças). Quando foi isso Tiago? Em 1989 (ou o mais tardar) em 1990: ‘Tinha 16 anos quando fiz surfe.’[20] Fê-lo por si próprio:Comecei primeiro pelo Body Board, depois fui para o Surfe. Foi fácil porque fazia já Skate e a manobra é igual. Em três dias pus-me em pé na prancha.’ Aprendi comigo. Via brasileiros e os da Cidade.’ Como? ‘Comprei uma prancha ao João Brilhante. De 2.ª mão. Uma Carcavelos.’[21] E conta: ‘O 1,º e o 2.º pico de Rabo de Peixe antes das obras. Antes do quebra-mar das Poças, às vezes apanhava as ondas atrás da baixa Grande – perto do castelo – e ia muitas vezes até à ribeira.’[22] Tiago (dizem-me os com quem falei) atacava as ondas de costas. É um ‘goofie foot.’ Como são (alguns) dos melhores da Ribeira Grande. Tem (actualmente) a prancha rachada ao meio.

 

Em 1996, surgiria (finalmente) a primeira leva de surfistas da Ribeira Grande. Graças ao João Brilhante (e à Associação que criou – com outros dois colegas -, em 1995).[23] João, de Ponta Delgada, completara 26 anos em Abril.[24] Já vinha surfar à Ribeira Grande desde a década anterior. Pugnou por um Surfe (como projecto) Social. Seria (em 2001) convidado (juntamente com o Jorge de Rabo de Peixe) a ser o primeiro nadador-salvador de Santa Bárbara.[25] No entanto, desiludido com o excesso (segundo ele) de Surfe (só) comercial (bem como acalentando outros projectos) afastou-se. Ali, na zona dos espinafres, a poente da Areia (Monte Verde), surgiu (então) uma escola de Surf. João Brilhante não só ensinou a modalidade aos putos como defendeu em artigos e entrevistas aquela praia e a sua irmã Santa Bárbara. Em 1997, declarava a um jornal que a ‘Escola de Surf está(va) a funcionar com excelentes resultados na tal praia considerada não praia ou no areal [Monte Verde] que também já não é areal [fotografias de 1997, mostram a praia transformada em calhau rolado]. Temos tido o apoio da Secretaria da Juventude que tem ajudado muito.’ Há muitos miúdos nesta Escola? Cada fim-de-semana há mais. São quase todos da Ribeira Grande, entre 9 e 16 anos. Alguns vão ser grandes atletas. Quem quiser pode aparecer para aprender.’

 

Por um ordenado equivalente ao dos nadadores-salvadores, fora oferecer os seus préstimos à Câmara da Ribeira Grande. Faria de ‘nadador/salvador, daquela praia, precisava de uma corda e de uma prancha, como já havia nas Poças ou no Pópulo.’ Enquanto fazia isso, também ‘ incentivaria as crianças para iniciarem surf.’ Porém, ‘o objectivo principal era garantir a segurança da praia.’ A proposta não foi aceite. Após consulta à capitania do porto, a autarquia viu-se obrigada (assim o confessou) a isso: o Monte Verde não era considerada praia. [26]

 

Diga-se (em abono da verdade) que os miúdos que João Brilhante (por amor à modalidade) desafiou (na Ribeira Grande) a fazer surfe em 1996, já faziam (nas Poças ou na Areia) ondas com pranchas de Body Board ou com tábuas (feitas artesanalmente).[27] A maioria morava perto das Poças e da Areia. Por esta altura, João fazia o mesmo nos Mosteiros. Recorda João Brilhante: ‘Via a rapaziada em pranchas de body-board e fui desafiá-los.’ ‘Cheguei a ter uns cinquenta a sessenta rapazes. Da Ribeira Grande e de Rabo de Peixe.[28] O João Almeida (Alface) reclama que foi (entre eles) o primeiro (ou um dos primeiros) a ser abordado.[29] Outro destes miúdos, o Marinho Buraca (Mário Santos, aqui todos têm apelidos, já dizia Arruda Furtado no século XIX: ‘Com doze anos comecei a ir aprender a fazer surfe aos fins-de-semana, sábados e Domingos, das 9 às 10 horas (mais ou menos). O João Brilhante e a Micas  traziam as pranchas. Era na Areia. Quando não havia ondas, íamos para Santa Bárbara. Entrei na primeira competição de surfe ali no Monte Verde.’[30] Outro, Paulo Luís Sousa (conhecido por Pilão, empresário da PMS Transportes): ‘O João Brilhante tinha um projecto de valorizar a Praia do Monte Verde. Sempre teve. Através do Surfe. E valorizar os jovens.’[31] O irmão gêmeo de Paulo Luís, Pedro Miguel (Pilão) (é hoje dono da Fuseiro, uma empresa marítimo-turístico): ‘Víamos o Tiago, o primeiro surfista daqui, que nos incentivava. Ele ia a ondas que ninguém ia. Depois veio o João Brilhante com os materiais certos e ensinou-nos.’[32] Outro dos pioneiros, João Vieira (Correia), hoje empresário de restauração e presidente de um clube de futebol: ‘Tinha uns 14 ou 15 anos (c. de 1997) o João Brilhante veio ter comigo o com os outros rapazes. Disse logo que sim. Aprendemos na Areia, Quase nunca íamos ao areal de Santa Bárbara. O João a mim nunca levou nada.’ Depois de aprender, ‘a gente ía à boleia para o Pópulo. E a pé para as Prainhas na Ribeirinha. Ali é uma boa onda. Uma boa onda era a de Rabo de Peixe antes das obras no porto. No Monte Verde havia duas boas, uma da esquerda e outra na direita.’ Já não fazes surfe?Gostava. Com dois negócios, tenho pouco tempo. A prancha está arrumada.[33] Ainda outro é João Dâmaso [Pereira da Silva] (neto do industrial José Dâmaso) que é hoje engenheiro civil.[34] Morava perto das Poças (e da Areia) era amigo dos Pilão.

Se, em 1989/90, o Tiago terá sido o primeiro surfista (reconhecido) da Ribeira Grande, em 1997, a Patrícia Misse (Moniz Ferreira) terá sido a primeira surfista. Tinha uns doze anos de idade. Filha de um dos banheiros das Poças (e antigo futebolista) Manuel Misse (Manuel Grilo Moniz). Sem dar ‘cavaco’ ao pai ou à mãe, porque já ia às ondas na baixa Grande, e via os rapazes na Areia, foi pedir ao João Brilhante que lhe ensinasse a surfar. Vive há dois anos em Bruxelas.[35] A Patrícia já não pratica surfe e nunca entrou em competições. Mas adorava as ondas.[36] Quem foram aqueles alunos de João Brilhante? O Pedro Sousa (Pilão) enviou-me cópia de uma fotografia de um grupo desta primeira leva.[37] Dos 27 rapazes (só rapazes) da foto, tirada pelo João Brilhante (a Micas estava lá, dizem-me) no verão de 1996 ou no de 1997, a maioria morava nas ruas próximas da Areia (e Poças). Não há raparigas na foto, mas houve pelo menos duas.[38] Tinham idades entre os 9/10 e (talvez) os 13/14 anos. Uma média de 11/12 anos. Era Verão, usavam apenas calções de banho. E quatro pranchas de surf (feitas pelo João Brilhante, dizem-me) e cinco de bodyboard (de cinco deles). Ou seja, dezoito tinham de esperar pela sua vez (daí a algazarra?). Um pormenor, nem todos os habituais estão na fotografia. Por exemplo, o João Correia (Vieira). Um desses miúdos (o Luís Sousa - Pilão) foi o primeiro açoriano a passar uma fase numa competição Nacional de Surfe. Isso em 2008. Mereceu destaque de um jornal: ‘No areal de Santa Bárbara, o atleta inscrito na Associação de Surf de São Miguel tornou-se no primeiro açoriano a ultrapassar uma ronda de uma prova do Nacional, enchendo de orgulho os responsáveis associativos micaelenses e todos os adeptos da modalidade.’ Ao jornal, o Luís referiu:Foi muito complicado, com muito vento e alguma corrente. As ondas não estão muito boas. Limitei-me a procurar o melhor sítio para estar na onda.’[39] Fez parte da geração que (re)activou a associação de Surf criada pelo João Brilhante (e colegas).[40] Ajudou a ensinar Surf à leva seguinte. Um outro (o Ângelo Medeiros – Ferreta, está algures no Brasil) era talvez (diz, modesto, o Luís Sousa) o mais habilidoso de todos. Junta-se ao grupo (pouco depois) (entre outros), o João Victor Melo (Mocho). O grupo construiu em madeira uma casa (barraca) de apoio (onde deixava as pranchas): ‘Ficava do lado de lá da ribeira, quase a meio do areal, num pedacinho de terra quase detrás do que foi a peixaria Almeida. Com o aumento do Passeio Atlântico, hoje ficaria situada mais ou menos na primeira curva depois da ponte. Tinha uns 2 metros de fundo por uns três de frente. Lembro-me que na cheia que levou carros e vitimou uma senhora [10 de Setembro de 1997], estávamos lá. E de um surfista havaiano do top mundial que andou lá connosco. Por esta altura, formava-se uma onda perfeita mesmo ao pé do carro que a ribeira arrastara. Conheço fotografias desta casa.[41] O João, diz-me o Paulo, repetia-nos que aquela praia (Monte Verde) precisava de vigilância e de resolver o problema dos esgotos. João Almeida (Alface), acrescenta que o João Brilhante ‘Chegou a ter várias conversas com o Presidente [da Câmara, António Pedro] que se comprometia a manter a praia limpa e segura e lá avançaria com o projecto do surf. Bastava que fosse nadador-salvador.’[42] O que é confirmado pelo próprio João Brilhante: ‘Eram três os objectivos: saneamento da praia, segurança e formação. Ia às reuniões da Câmara às quarta-feiras [tempo do António Pedro]. Nunca nos apoiaram. Limpamos a praia e tudo. Fiquei desiludido. Às tantas veio alguém da Juventude Social-democrata propor um evento na praia (Monte Verde) com jogos e até gelados. Recusei. Mas no programa continuou a constar o surf. Em Outubro de 1999 – até 2000 -, saí da ilha (fui para Inglaterra). Deixei os miúdos. A Associação deixou. Quiseram aproveitar-se do trabalho feito.’[43] Terminaria desse modo a primeira intervenção da ASSM na Ribeira Grande.

Tal qual o Tiago, outros (também) aprenderam consigo próprios. Com apenas 12 anos, apareceria outro ‘goofie foot.’ (pé direita à frente na prancha) No activo, o homem que domina as ondas gigantes e serve de apoio ao maior recordista da onda da Nazaré. O Marco Medeiros (Frade) também passa do Bodyboard para o surf. O irmão Miguel está no grupo de João Brilhante, e é primo dos gêmeos Pilão e outros ‘Frade’ (também do grupo de Brilhante). Era da rua da Praça um pouco mais acima das Poças: ‘alguns surfistas estrangeiros paravam na bomba de gasolina dos bombeiros e perguntavam onde podiam encontrar ondas. Ia com eles e aprendi.’ É o responsável pela Associação de nadadores-salvadores da Costa Norte.[44] O José Moreira (hoje piloto da SATA), comprou em 1998/9 a sua primeira prancha aos 14 anos. Morava na rua de São Sebastião (na Conceição). Bastava-lhe descer a rua para chegar à Areia. Aprendeu consigo próprio. O João Victor ‘transitou da prancha do bodyboard para a do surf aos 15 ou 16 anos já em 2000/1.’[45]

Por esta altura, a fama dos areais da Ribeira Grande havia (já) ultrapassado os horizontes da Ilha.[46] Com novas vias de comunicação, tornaram-se mais acessíveis (ao resto da Ilha).[47] Em 2000 ou já em 2001, Luís Melo ‘promoveu a modalidade assim como ensinou a mesma às crianças e jovens de Rabo de Peixe.’ Antes, ‘usavam as chatas (feitas de bidões) e pranchas de esferovite (das caixas de peixe envoltas em adesivo castanho largo).’ Aí (até 2004) estaria envolvido primeiro num projecto da Kairos depois no do Clube Naval de Rabo de Peixe. Sairia dali, o talento de João Flores (que haveria de trocar o surf pelo futebol). Foi responsável pela organização de competições locais: ‘Em 2001 e 2002 organizei o clube K surf tour. De 2003 em diante até 2007 organizei o circuito de surf e bodyboard - Espaço Azul/Clube Naval Rabo de Peixe.[48] Isso, tanto nos Areais (Santa Bárbara) e Monte Verde. Dos (da Ribeira Grande) que haviam aprendido a surfar com Brilhante, apesar de haver outros que iam, apenas o Luís (Pilão) participa regularmente.[49] A semente (no entanto) deu fruto. O Luís e o Pedro Sousa (Pilões), o João Almeida (Alface) e o João Victor (Mocho), a partir de 2007/8, formam uma segunda fornada de surfistas. Entre outros: ‘o Eric Medeiros (Frade) (Naruto), da Vila Nova, o Malão, dos Foros, o Leonardo. Os irmãos Cabral: Luís, Ricardo e Sara. O Tomás Anselmo, o Gil Faria, o João Alves.[50] Outros miúdos nascidos ou com pais da Ribeira Grande, aprendem com Luís Melo. Em 2003, Crispim (o pai era Presidente do Clube Naval de Ponta Delgada), ao lado de João Flor e de muitos outros, aprende a surfar no Clube Naval de Rabo de Peixe. Muitos destes miúdos de Rabo de Peixe, segundo alguns surfistas da década de oitenta, ‘começaram por ver a gente na água e aos poucos iam lá ter ao pico da onda pequeno cá dentro junto a nós apanhar ondas. Isso antes das obras do porto. Faziam ‘body-board’ com pranchas de madeira. Ou de tudo o que apanhava. Foi-se formando um grupo. A princípio, só iam quando nos lá estávamos.’[51] No ano seguinte a que Crispim se iniciou, a irmã Sofia, as primas Carolina e a irmã Teresa, e a amiga Joana Lima também se juntam aos miúdos de Rabo de Peixe.[52] Tudo isso iria (e muito rapidamente) mudar. A realização de campeonatos nacionais e internacionais, a partir de 2008, e os voos de baixo custo das companhias aéreas, a partir de 30 de Março de 2015, seriam os (principais) responsáveis pela mudança. A era ‘dos aventureiros’ (com preocupações sociais) daria (então) lugar à dos turistas de surfe.[53]

Areias – Rabo de Peixe (Concelho da Ribeira Grande) (continua)

PS: Saberei onde me estou a meter? É arriscado tentar fazer História de algo tão recente, porque, em parte, dependo da memória dos intervenientes. Estou minimamente consciente disso. Mas vou arriscar. E proteger a minha narrativa. Vou abrir-me ao debate, publicando no jornal o que for apurando. Mesmo assim, sei que só chegarei a uma aproximação plausível. Para isso, vou tentar confrontar depoimentos, encontrar documentos escritos. No fundo, pretendo apenas encontrar um fio condutor à relação da Ribeira Grande com o surfe.

 

Alguns termos de Surf (que já aprendi)[54]

 

ONSHORE – Quando o vento sopra do mar para a terra.

OFFSHORE – Quando o vento sopra de terra para o mar, geralmente preferível por parte da maioria dos praticantes.

 

SPOT – local onde quebra uma onda; numa praia pode haver vários spots; a título de exemplo, no Monte Verde, a zona esquerda da praia - de quem está a olhar para o mar – é conhecida por Espinafres.

 

SECRET SPOT- local  conhecido unicamente por um número reduzido de praticantes, que não se revela a terceiros

 

1.º PICO - 2.º PICO (rebentação mais próxima de terra, e assim sucessivamente)

 

DIREITA onde que corre para a direita de quem está a olhar para o mar; Esquerda, onda que corre para a esquerda de quem está a olhar para o mar

 

GOOFIE FOOT- surfista usa o pé esquerdo como pivot (pé de trás); numa direita, vai de costas para a onda, numa esquerda vai de frente para a onda

 

NATURAL – surfista que usa o pé direito como pivot; numa direita, vai de frente para a onda (frontside); numa esquerda vai de costa para a onda (backside)

 

A direita e a esquerda é na perspetiva de quem está a surfar. Assim, dentro de água, virado para terra, o surfista se segue para a direita, a onda é uma direita; se segue para a esquerda, a onda é uma esquerda. Desta vez a perspetiva é de quem está no mar e vai na onda. 



[1] Testemunho de Paulo Melo, 15 de Novembro de 2023: ‘Fiz parte da Associação de Surf de São Miguel. Havia gente do Liceu mas havia gente que não era do Liceu.’

[2] Testemunho de Paulo Melo, 15 de Novembro de 2023: ‘Na Ribeira Quente. A Câmara forneceu-nos o transporte.’

[3]Testemunho de Pedro Arruda, 9 de Agosto de 2023: ‘Epifenómenos. Carlos Garoupa. Final dos anos quarenta. Início dos cinquenta. Fez algo parecido com uma prancha. Talvez o tenha visto num filme. Não se recorda de qual. No Faial, em finais dos anos 50 e início dos anos sessenta. Através de José Carlos Fraga. Ligado ao Clube de Vela da Horta. Faz uma prancha a partir de um artigo sobre o Havai que leu na National Geographic. A primeira escola de Surf que nasce em Portugal é na Horta em 1975. No Continente, a segunda, nasce em 1978 em Carcavelos.’ Açoriano Oriental, 13 de Março de 2015, pp. 1, 20: ‘As três gerações do surf açoriano. Carlos foi o pioneiro, João o seu sucessor e Diogo o que leva a modalidade mais a sério. A História do surf na família Garoupa é um conto com quase 70 anos. (p.20) Aos 79 anos de idade, Carlos Garoupa Medeiros ainda surfa. Um bichinho que o mordeu há já 68 anos (1947), quando, na altura, com 11 anos, foi dos primeiros açorianos a desafiar as ondas micaelenses, com uma prancha de criptoméria. Corria o ano de 1947 com a Europa ainda a recuperar da Grande Guerra, quando Carlos inspirou-se nos filmes norte-americanos onde umas quantas pessoas se equilibravam numa prancha, no Havai.’ Nota de 8 de Janeiro de 2014: Açoriano Oriental, 3 de Setembro de 2012, pp. 2-3: ‘Dos baleeiros às Lajes. (…) Convém perceber como chega o Surf aos Açores. Apesar de não haver registos, Pedro Arruda, Presidente da USBA, acredita que há três fases determinantes. A primeira terá ocorrido por volta do século 18 e 19, altura em que os baleeiros açorianos terão avistado a prática da modalidade nas ilhas do Havai. A segunda, explica Arruda, prende-se com a instalação da base das lajes e o destacamento dos primeiros soldados californianos, por volta da década de 60. E esses sim, sabemos que trouxeram o surf até à Praia da Vitória. Por último, o aparecimento de surfistas na Região chega só nos anos 80 e 90, acabando por consolidar-se no novo milénio. Já é algo bem visto pela população, os pais não têm receio de inscrever os filhos nas escolas de surf e bodyboard. Neste momento, a modalidade está perfeitamente na sociedade, afirma.’

[4] No Top 10 europeu, além da onda de São Jorge, está a onda das Prainhas (Santa Iria). Dizem-me (alguns) os peritos. É preciso é melhorar o acesso. Outros, não negando aquela onda, colocam à frente dela uma nas Calhetas (defronte da casa cor-de-rosa), outro em Santa Bárbara e ainda outra em Nordeste.

[5]Testemunho de Pedro Medeiros, 3 de Novembro de 2023. Testemunho de 11 de Novembro de 2024: ‘Estava de férias em S. Miguel, ainda não surfava, mas o meu irmão mais velho três anos já surfava. Estávamos ma Praia do Pópulo. Não havia ondas. Vamos procurar ondas: virou-se o arquitecto João Luís Pires dos Santos. Ele estava acompanhado da mulher. Uma ruiva muito bonita. Parece que trabalhava na SATA ou na TAP. Ele era arquitecto e era retornado de Moçambique. Subímos (eu, meu irmão, o Henrique Areias, e o casal) a canada do Duarte Borges a pedir boleia na Estrada da Ribeira Grande. Primeiro, fomos ao Monte Verde. Não havia ondas. Fomos de seguida a Santa Bárbara. Foram à água surfar (estavam a iniciar) meu irmão e o Areias e o arquitecto. Disse-nos que havia surfado uma baixa na Maia. Suponho que a Viola.’ Quanto a ser em 1981 0u 1982, coloca dúvidas: ‘pode até ter sido em 1979/80. Não registei isso.’

[6] Testemunho de Pedro Medeiros, 15 de Novembro de 2023

[7] Testemunho de Paulo Melo, 14 de Novembro de 2023

[8] Testemunho de Luís Melo, 31 de Outubro de 2023.

[9] Testemunho de Pedro Arruda, 31 de Outubro de 2023; Testemunho de Pedro Arruda, 9 de Agosto de 2023

[10] Testemunho de Pedro Arruda, 24-26 de Outubro de 2023. Em bom rigor, não se poderá afirmar que não houvesse no meio deles alguém com ligações à Ribeira Grande.

[11] Testemunho de Pedro Medeiros, 16 de Novembro de 2023. Dos que se lembra: Pedro Medeiros e Manuel Medeiros (os dois irmãos eram conhecidos por Violante devido ao apelido da avó), Miguel Read, Henrique Areias, Rigoberto Oliveira (filho do dono do Armazém Canadá). Anteriores a ele: Paulo Marques da Costa, Bruninho, grupo do Clube Naval de Ponta Delgada, o Gui (inspector do ensino em Vila Franca), Xico Melo, Marco Sousa (do Livramento). Pede (ainda) desculpa por poder estar a deixar alguém para trás. Diz-me ainda a mesma fonte, eram adolescentes da idade dele, execepto o irmão que era três anos mais velho e o Xico Melo, um ano mais novo. Estudavam no Liceu. Moravam em Ponta Delgada (Pópulo e cidade). O Victor da Espelhadora é que era mais velho. 

[12] Testemunho de Pedro Arruda, 24-26 de Outubro de 2023. Há diferenças entre as duas praias?São pequenas diferenças que têm a ver com o movimento dos fundos de areia. O Monte Verde está mais aberto ao mar e costuma mudar mais ao longo do ano. Os areais têm aquela barreira do morro de Santana que ajuda a fixar a areia e torna a praia mais consistente em termos de ondas. Antigamente uma das melhores ondas quando o mar estava grande mais de 2 ou 3 metros era a direita da piscina mas desapareceu com a construção do molhe de proteção das Poças.’ É correcto dizer-se que Santa Bárbara está mais adaptada a local de ensino de Surf e a do Monte Verde mais para quem já aprendeu? ‘Depende ambas têm boas condições tanto para aprender como para surfistas mais evoluídos depende da ondulação. O sul é melhor para aprender e no norte em geral como tem mais ondas e mais fortes e grandes já é preciso ter alguma experiência.

[13] Testemunho de Pedro Arruda, 24-26 de Outubro de 2023.

[14] Reflecti isso numa conversa com o Pedro Arruda.

[15] Testemunho de Manuel Moniz Frade, 30 de Outubro de 2023.

[16] Testemunho de Manuel Câmara, 30 de Outubro de 2023: Falando com uma mão cheia de pessoas, fui vendo e recordando. Nas Poças, o mais que consigo recuar é aos anos quarenta. Na Areia (a parte mais chegada às Poças, Manuel Câmara (conhecido por Marroco), para os anos sessenta: ‘Era como ainda fazem em Rabo de Peixe. Queria ter apanhado as pranchas dos surfistas que a gente vê aqui!! A gente nadava, nadava para fora e vinha por cima dela até à Areia. A gente conhecia os sítios bons e os ruins;’ Testemunho de Mário Teixeira, 28 de Outubro de 2023: Nos anos sessenta, geração de quarenta/cinquenta: Roberto Andrade, José Morgado (Pichela), iam apanhar boleia das ondas também por detrás da baixa Grande. Estavam sempre à espera delas: ‘tanta vez que a onda me levou enrolada para o fundo.’[16] Alguns poucos da geração de cinquenta das Poças também o faziam. Testemunho de André Raposo, 29 de Outubro de 2023: Era coisas que viam nos filmes? Rui Coutinho: ‘Sim, sempre gostei de fazer isso. Com a ajuda de uma barbatanas Simotal e de muitas esfoladelas.’ Nos anos noventa, antes de experimentar o surf com prancha, Luís Pilão fazia o mesmo com boias. Em Rabo de Peixe, disse-me André Raposo, que foi/é surfista, usavam as chatas (feitas de bidões) e pranchas de esferovite (das caixas de peixe envoltas em adesivo castanho largo).

[17] https://www.surfingportugal.com/bodysurf-2/: ‘Apanhar ondas sem necessidade de prancha. É das formas mais puras de ligação um ser humano e o mar. A ausência de dispositivos feitos pelo homem, obriga o surfista a aproveitar a força bruta da Natureza e sentir cada parte da onda em contacto com o nosso corpo. Para garantir segurança e desempenho, utilizam-se barbatanas para voltar para o line-up e para ajudar a manobrar ao longo da face da onda. Dependendo das condições poderá ser utilizado um acessório nas mãos, chamado de “handplane”. As handplane servem essencialmente para maximizar a velocidade e flutuação.

[18] Testemunho de Alfredo da Ponte, 15 de Novembro de 2023.

[19]Testemunho de Pedro Medeiros, 3 de Novembro de 2023.

[20] Nasci no dia 27 de Janeiro de 1973. Fiz já 50 anos.

[21] Testemunho de Tiago Manuel Correia do Couto, 28 de Outubro e 6 de Novembro de 2023.

[22]Testemunho de Tiago Manuel Correia do Couto, 28 de Outubro de 2023

[23]Constituição da Associação de Surf de São Miguel, 11 de Setembro de 1995: João Brilhante de Oliveira; Sérgio Jorge Soares Gouveia, António Rui Guterres Benjamim. Cujo objectivo era ‘divulgar, implantar, fomentar e apoiar a actividade desportiva da modalidade.’ Publicado no Jornal Oficial de 31 de Outubro de 1995. Tinha sede na rua do Mata-Mulheres, n.º 22, na Fajã de Baixo. Por esta altura fez o mesmo nos Mosteiros. Voltaria episodicamente de 2006 a 2008 (mais ou menos). Em 1998, já estaria inactiva.

[24] João Brilhante Oliveira (n. 02 – 04 - 1970 - PDL)

[25] Só lá permaneceria uns dois ou três meses, segundo me disse dia 6 de Novembro de 2023.

[26] Borges, José, Entrevista a João Brilhante Presidente da ASSM: O Surf não é um desporto perigoso, Açoriano Oriental, 3 de Agosto de 1997.

[27] O Tiago, o Pipoca e o Luís da Maria do Céu, segundo Luís Sousa (Pilão) haviam sido os primeiros. Depois, teria sido ele (Tiago), mais o Luís (Veneno – que já faleceu), o Marinho Buraca e o Carlos Calouro. Destes, aderiram ao surf (ainda segundo ele) ele e o Marinho Buraca. O Tiago não refere os da Areia, mas eles já o faziam.

[28] Testemunho de João Brilhante, 26 de Outubro de 2023.

[29] Testemunho de João Almeida, 6 de Novembro de 2023.

[30] Testemunho de Mário Santos, 30 de Outubro de 2023. [dizem-me que era continental e ao princípio vinha, mas ao depois, por qualquer razão que desconhecem deixou de vir. E também a Rita Vasconcelos. Dizem outros que foram das primeiras a surfar na Ilha]

[31] Testemunho de Paulo Luís Sousa (Pilão), 27 de Outubro de 2023

[32] Testemunho de Pedro Miguel Sousa (Pilão), 27 de Outubro de 2023

[33] Testemunho de João Correia, 27 de Outubro de 2023

[34]Testemunho de João Dâmaso, 20 de Dezembro de 2023. Hoje é que se identificou.

[35] Depois dela, vieram outras amigas: ‘a Juliana da Cagoa, a Rosa Mota e a Felícia.’ Moravam todas perto do mar. Menos a Felícia.

[36] Testemunho de Patrícia Moniz Ferreira, 30 de Outubro de 2023. Nasceu na Ribeira Grande a 25 de Setembro de 1985.

[37] O Hernâni Medeiros identificou-se à direita da prancha (que tem escrito) Anarkia e o primo Ângelo Ferreta (Filipe Medeiros) à esquerda. Depois, salta para o Marinho Buraca (Carlos Santos); já com a ajuda do João Correia, o Bruno Zazula (Ponte); Ruben Frade; Tiago Correia; Bruno Jornata. Deitados na areia, os dois irmãos Pilão (Paulo Luís e Pedro Sousa), o Ruben Sousa e o Miguel Frade (primo do Ruben e irmão do Marco nadador-salvador). O João Correia também identifica o Júlio Caçador, o Ricardo Monkey (da rua de São Vicente), o Sérgio Correia e o Frederico Correia, o José Manuel Begango e o Tiago Correia (primo). ‘E o resto não estou a ver quem é já são muitos anos.’ Hoje, dia 17 de Dezembro de 2023, João Dâmaso identificou-se. Morava muito próximo das Poças.

[38] Testemunho de Hernâni Medeiros, 29 de Outubro de 2023.

[39] Açoriano Oriental, 19 de Setembro de 2008: ‘(…) Pela primeira vez um surfista açoriano passou uma eliminatória no Campeonato Nacional de Surf Open. O ribeira-grandense Paulo Luís Sousa foi o herói do primeiro dia de prova, competindo ontem de manhã na bateria onde se encontra o actual líder do Ranking Nacional, Ruben Gonzalez (…).’

[40] Correio dos Açores, 7 de Março de 2008.

[41] Testemunho de Paulo Sousa (Pilão), 26 de Dezembro de 2023.

[42] Testemunho de João Almeida (Alface), 22 de Dezembro de 2023.

[43]Testemunho de João Brilhante, 12 de Novembro de 2023: Tentei certificar os miúdos que aprenderam. Nada. Foi um erro ter abandonado. Mais tarde, o Paulo Melo convenceu-me a voltar: vão criar estruturas (isto já em 2006-7). E fui. Mas não levei lá muito tempo. 

[44] Correio dos Açores, 3 de Novembro de 2020; Testemunho de Marco Medeiros, 1 de Novembro de 2023.

[45] Testemunho de João Victor Melo, 2 de Novembro de 2023. Nasceu em 31 de Março de 1985.

[46] A partir de meados da década de noventa, revistas mundiais famosos e influentes dedicadas ao Surf, publicam reportagens (entre outros) sobre os areais da Ribeira Grande. Com fotografias de destaque. Por exemplo, a Surfer Magazine em 1996 (diz o Luís Melo). A Surf Session (de língua francesa). Ou a Revista Surf Portugal.

[47] A estrada Ribeira Grande- Ponta Delgada sofrera obras de melhoramento na década anterior.

[48] Testemunho de Luís Melo, 7 de Novembro de 2023; Pedro Arruda, 22 de Setembro de 2023: São (então) organizadas pelo Luís Melo ‘com várias etapas ao longo do ano tanto nos Areais (Santa Bárbara) e Monte Verde’ de ‘2000 a 2002 o Circuito Clube K campeonatos de São Miguel.’ E de 2002 a 2007, ainda por Luís Melo, a nível de ilha de São Miguel, o Circuito Clube Naval de Rabo de Peixe.’ Testemunho de Lili Crispim, 8 de Novembro de 2023.

[49] Testemunho de Luís Melo, 7 de Novembro de 2023.

[50] Testemunho de João Victor Melo, 2 de Novembro de 2023.

[51] Testemunho de Paulo Melo, 15 de Novembro de 2023

[52] Testemunho de Crispim (filho de Victor Crispim), 8 de Novembro de 2023: ‘Em 2003, conheci o Luís Melo através de um amigo comum, o Sabão. O Luís fazia Kitesurf. Perguntou-me se queria fazer surf. No verão, o Luís vinha a Rabo de Peixe (as pranchas ainda eram arrumadas num contentor), juntamente com ele vinham o Xico (mais operacional), e o Francisco Faria e Maia e o Filipe Mendonça, que iam para a água. Talvez no ano a seguir, isso em 2004, as minhas primas e amiga (que quiseram experimentar o Surf) juntaram-se a nós. 85% das vezes era em Santa Bárbara ou no Monte Verde.’ Testemunho de Luís Melo, 8 de Novembro de 2023: Sim é verdade, o Crispim e a irmã conhecia desde miúdos do clube Naval de Ponta Delgada na altura andavam nos jet skis. O Crispim foi o primeiro a  fazer treinos comigo juntamente com o João Flor e o resto do pessoal de Rabo de Peixe, depois vieram a irmã Sofia e a prima Carolina a Joana era amiga deles depois também começou a treinar connosco. É importante realçar que na altura não era moda ou IN fazer aulas de surf, os pais destes miúdos confiaram em mim porque era professor, era colega da mãe da Carolina na ESAQ, o Dr. Crispim (advogado) na altura era presidente do Clube Naval de Ponta Delgada e conhecia- me do windsurf (modalidade que também pratico), e o mais engraçado é que os miúdos vieram praticar surf no Clube Naval de Rabo de Peixe. Depois vieram mais miúdos mas já não me recordo bem. Na foto abaixo estão as primeiras alunas do clube com o Filipe Mendonça que era meu ajudante e atualmente e o presidente da Associação de surf e Bodyboard dos Açores.

[53] Testemunho de Luís Melo, 6 de Novembro de 2023. ‘28 Março, 2016: Na terça-feira assinala-se um ano sobre o primeiro voo de uma "low cost" para Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.’ O primeiro ano da presença das companhias aéreas de baixo custo nos Açores colocou a região na moda, mas o Governo Regional considera que é preciso continuar a trabalhar para o destino manter a notoriedade.

[54] Outros termos, ver em: https://souesportista.decathlon.com.br/dicionario-do-surfista/

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