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FOGO (ONDAS)








Fogo (ondas)

A História da Ribeira Quente é peculiar. E curiosa. Começa pelo (profundo) isolamento em que viveu durante séculos. Não conheço (aqui) na Ilha uma comunidade que tivesse vivido (até tão tarde) em condições semelhantes.[1] Só (em 1940) com os túneis (aos quais uma autora – muito a propósito -, chamou de túneis da liberdade) é que (imagine-se) o primeiro automóvel ali entrou.[2] Além do mais, a freguesia criada em 1943, tem origem em duas localidades (distintas): Fogo (a poente) e Ribeira (a nascente). Houve tempos (até bem perto de nós) em que se evitavam: ‘A meio da freguesia o pessoal do Fogo não passava para o lado da Ribeira nem o pessoal da Ribeira passava para o lado do Fogo. Hoje está tudo misturado.’[3] Situação partilhada pela esmagadora maioria (se não mesmo a totalidade) das comunidades da Ilha.[4] Aos poucochinhos, mudou. Talvez porque resistiram (juntos) a tempestades, terramotos, ataques de piratas, fúrias do mar e ao tremendo isolamento (no interior da Ilha). Uma igreja comum (ajudou). Aliás, houve duas antes da actual.[5] Na segunda metade dos anos oitenta (do século passado) os (habituais) veraneantes (da Ilha e de fora dela) trocam (ou começam a trocar) os banhos termais nas Furnas pelos banhos de mar na praia do Fogo.[6] No que coincide com a chegada dos primeiros surfistas. Na década seguinte, imitando o que viam fazer aos surfistas de fora, surgem dois (pequenos e efémeros) grupos de surfistas do eixo Furnas/Ribeira Quente. É também nessa década, que ocorre a I Edição da Festa do Chicharro, cujo palco é montado no local predilecto (inicial) dos surfistas. Festa que, além do negócio que gera, veio reforçar o sentimento de pertença à Freguesia. Hoje já vai na 34.ª edição.[7]

A Ribeira Quente é uma fajã de talude (também conhecida por detrítica) que integra o Complexo vulcânico das Furnas. Do vulcão de 1630, saiu (mais coisa menos coisa) o que hoje (ali) vemos. A fajã descrita (em 1580’s) por Frutuoso, em 1630 mudou: ‘(…) A linha de costa sofreu grandes alterações e a encosta sobranceira à erupção ruiu, constituindo-se um volumoso escorregamento que entrou pelo mar dentro.’[8] Como eram (e o que produziam) aquelas fajãs antes de 1630? No tempo de Frutuoso, predominava a agricultura. A pesca seria apenas um (simples) divertimento. Na ribeira [qual das duas?] (por onde entrava o peixe do mar) ‘com não pequeno gosto e grande passatempo, fazem os principais da terra e alguns sacerdotes e religiosos e alguns nobres estrangeiros, no Verão, grandes e ricas pescarias.’ Nas fajãs,’ que não iam além de ‘cinco moios de terra,’ produzia-se vinho, cereais e pastel. [9] Iam às fajãs (certamente) à ceifa e às vindimas. Deslocar-se-iam (preferencialmente) de barco. Com ligações difíceis por terra, seria esse o meio mais fácil e adequado ao transporte do (pouco ou muito) que ali produziam. Todavia, como era preciso cuidar das culturas ao longo do ano, provavelmente, haveria quem lá permanecesse. E aí iriam (também) reforços temporários. Para deslocar mão-de-obra (e transportar pequenas cargas) o caminho da Gaiteira seria (certamente) a via mais certa. Diogo das Chagas, dezasseis anos depois do vulcão, identifica uma (nova) actividade: o uso balnear termal da Ribeira Quente (na praia do Fogo).[10] Já no primeiro decénio do século XIX, portanto, muito depois de 1630, o britânico Briant Barrettt, destaca outra (nova) actividade: a de lenhadores. Mandavam (em barcos) a lenha para Ponta Delgada. A vinha continuava: ‘Os lados das montanhas estão plantados de vinhas até onde é possível chegar para as cultivar.’ E os cereais: ‘Nas partes mais acessíveis, são semeados cereais (…).’[11] Na década seguinte, o Jorgense João Soares de Albergaria indica (ainda) outra actividade: a criação de gados. E a actividade (actualmente) associada à Ribeira Quente: a pesca (como profissão).[12] Porém, a pesca pode não excluir a agricultura. O pescador foi (ali) também agricultor.[13] Na década final do século, o publicista Gabriel de Almeida (ao referir a pesca) atesta a sua ligação da pesca às Furnas: ‘É ela que abastece de peixe o Vale das Furnas, quando tem a população de Verão.’ Destaca a sua importância na Ribeira Quente, pois, dispunha de ‘20 barcos de pesca e 144 pescadores.’ E dispunha de um ‘posto Fiscal, que cobra imposto de pescado.[14] Um salto para 2017, a Ribeira Quente (aparentemente) mantém (ainda) o número de barcos (de finais de oitocentos). Cada um tem em média uma campanha de seis pescadores.’ Que ‘(…) está associada em grande parte à frota pesqueira de atum nos Açores.[15] Passados apenas oito anos, o panorama (já) é (ou parece ser) diferente.[16] Meti conversa no porto (inaugurado em 2003) com um pescador reformado e três jovens pescadores (acabados de chegar do mar): ‘De que vivem aqui? Da pesca. Já não há agricultura. Antes os pescadores quando saíam do mar iam para as suas terras. Quantos barcos existem no activo? Dez ou doze. Conheci uns trinta e tais. De onde são? Da Ribeira Quente. Onde é que vão pescar? Para os pesqueiros. Noto que há malta da vossa idade. Mas isto – mais dia, menos dia, isso acaba! (Intervêm o pescador reformado).’[17] A Freguesia já não depende apenas da pesca. Com (uns meros) 767 habitantes (censo de 2021) oferece (a quem a visita) uma dúzia de Alojamentos Locais e quatro bons restaurantes.[18] O que os milhares que vão (anualmente) à Festa do Chicharro, deixam na economia da Freguesia. Além dos ganhos (directos e indirectos) (na época estival) da praia do Fogo.

Como era aquilo por ali antes da construção da Avenida 31 de Outubro de 1997? A ponta do Fogo, hoje heliporto e parque de estacionamento, teve origem nos ‘corrimentos de terra e rochas descidas do alto [que] entraram nas águas do mar e as fecharam, dando-lhe um aspecto de albufeira.’ Isso, em 1630.[19] Corrimento que cortou a (outrora) grande praia/calhau que ia do Fogo à Ribeira. Que, na opinião do Sargento-Mor João Leite de Chaves e Melo Borba Gato, no século XVIII, seria ‘a maior praia da Ilha.’[20] O que se lembra disso ser aqui à volta? Perguntei a um emigrante que regressou à terra onde nasceu e cresceu (no lado do Fogo) após ter estado 48 anos emigrado em New Bedford: ‘As vinhas chegavam onde agora é praia. Está a ver aquela casa? Era uma adega. Lá ao fundo, ao fim da praia, iam os estrangeiros fazer nudismo. A rapaziada daqui estava proibida pelo cabo de Mar. Onde está o parque era um baixim. [biscoito de pedra] E havia menos areia. Neste canto havia uma dúzia de barcos a remos que iam à sardinha. Estavam por ali (não longe) num pequeno areal aqui no canto. Antes de ser parque, eram hortas. E parte, calhau.[21] Noutra ocasião, em que (por pura coincidência) o encontrei de novo (desta vez) a meio da Avenida, disse-me: ‘Isso aqui [Avenida] a gente chama baía. Era uma rua de terra. O mar quase que encostava às casas. De vez em quando vinham máquinas que endireitavam. Vinham e colocavam mais terra. Entre a Ribeira e o Fogo. Eram terrenos com trigo e vinha. Quase até à beira-mar. Terreno bom.’[22]

Como é a praia que nos interessa para (perceber) a relação da Ribeira Quente com o surf? É um areal ‘de cerca de 400 m de extensão’ que ‘é atravessado, mais ou menos a meio do seu comprimento, por um curso de água perene – a Ribeira do Fogo.’[23] Tem (no presente) bandeira Azul. Foi-lhe retirada no passado.[24] Um aparte, pertinente (creio). Para que isso não volte a acontecer há que assegurar que, primeiro, que o que trazem as duas ribeiras não polui o mar e os efluentes também não. Posto isso, continuemos. É uma das mais procuradas da ilha, devido, sobretudo, à temperatura agradável das suas águas, aquecidas pelas fumarolas submersas que existem no extremo.[25] Como já foi referido, na segunda metade da década de oitenta, os veraneantes das Furnas que outrora iam a banhos termais, já preferem ir a banhos de mar na Ribeira Quente. Uma viragem que ‘veio revolucionar a vida de veraneio’ na Ribeira Quente.[26] É também (repito-o) por essa altura (meados da década de oitenta) que os surfistas (pelo menos os da Ilha) descobrem as ondas da Ribeira Quente. Vamos ao surf. Houve grupos (uns conhecidos outros não) que chegaram à praia do Fogo (a partir da década de oitenta). Vinham à boleia. Ou em carros de amigos. Uns com casa nas Furnas. Outros, na Ribeira Quente. E ainda outros que acampavam no terreiro (hoje heliporto e parque de estacionamento, local onde se monta o palco da Festa do Chicharro).[27] Ou (mesmo) na própria praia. O grupo do Gui Costa (mais Chico Cabral de Melo) que no seu ‘Fiat 127, que era ouro nessa altura, com barras para amarrar as pranchas corria a ilha a procurar ondas.’[28] No dia em que este trabalho saiu no jornal, o Gui acrescentou o grupo da ‘n carrinha do Vítor da Espelhadora.’[29] O grupo dos irmãos Violante que do continente vinham de férias à Ilha, andava muito com o Vítor. E alguns outros (de fora e da Ilha). Em 1988, o Clube de Surf de São Miguel, promoveu ali um Festival de Surf, com competição aberta a surfistas e a bodyboarders.[30] Em Fevereiro de 1989, a Surf Magazine no seu sétimo número, publicou um artigo sobre os Açores ‘com destaque para a Ribeira Grande, mas com referências ainda à Ribeira Quente, Baixio da Vila e Santa Cruz.’[31]

Nos anos 90, logo no seu início, todo aquele ambiente à volta das ondas fez com que (alguns) miúdos das Furnas e da Ribeira Quente quisessem (também) experimentar as ondas. No Fogo, naturais dali mesmo, uns três ou quatro miúdos arriscam o bodyboard: ‘O Ruben Joaquim, o Tozé Cidade e eu [Pedro Sebastião]. Houve mais um, mais novo, o Vítor Linhares. Chegou a fazer. Mas não continuou. Eu tenho 45 anos. Era mais ou menos da idade dos que vinham das Furnas. [E disse o nome deles. Falou também no Luís Melo].’[32] Praticavam só lá. Como é que aprendeste?Vivia mesmo à beira-mar. Junto à praia. Passava o dia todo na praia. Via os surfistas de fora. Do Continente. Internacionais. Da Ilha.’ Com que idade é que tu e os teus colegas começaram no body? ‘Para aí uns 10 anos. A gente começou em cima de uns caiaques. Que a gente fez. Remava. Andava em pé. Às vezes apanhava-se ondas. Isso antes do body. Comprei uma prancha de surf ao Luís Melo [O Luís garante-me que foi a um tal Mike]. Aos 13anos comecei no surf.’[33] Das Furnas vem um outro grupo: ‘Éramos cinco. Eu, o Miguel Dinis, o Ricardo Gil, o Tiago Borges, e o Pedro Espinha. Eu era o único fora das Furnas. Mas passava lá férias [O pai, pelo menos, era natural das Furnas]. Fazíamos todos bodyboard. Só ali.’ [34] O que vos levou tentar o bodyboard?Víamos os mais velhos (da ilha) e continentais na água. Ficávamos na praia de manhã à noite. E na altura havia um programa na RTP o Sem Limites. Que nos influenciou.’ Quando começaram?Aos 13 anos. Para aí há 31, 32 anos. As nossas pranchas eram de esferovite.’[35]

Apesar de surfarem as mesmas ondas e de terem pouco mais ou menos a mesma idade, os dois grupos vinham de dois mundos diferentes. Viam-se na água e na praia. Mantinham-se (mais ou menos) à parte um do outro. Enquanto os da Ribeira Quente vinham de famílias de pescadores e de camponeses (não falando da família desestruturada de um deles): ‘O meu pai era pescador, o do Tozé trabalhava no campo e o do Ruben separou-se da mãe quando era criança e foi para o Canadá,’[36] o das Furnas pertencia (claramente) a uma classe média bem instalada na vida: ‘O meu pai, jornalista [Paulo Martinho], o do Tiago, dono dos 3 bicas Pub, o do Ricardo, médico e o do Pedro Espinha, engenheiro agrónomo.[37] Enquanto os da Ribeira Quente para ir à praia era só atravessarem a rua, os que vinham das Furnas precisavam de quem lhes levasse à Ribeira Quente. Como nem sempre apanhavam boleia dos pais (na ida e na volta), iam à boleia (chegando mesmo a fazer todo o percurso a pé). Diz André Viveiros: ‘O nosso ponto de encontro era no centro das Furnas, dali íamos a pé até à boca dos três caminhos. Onde se pedia boleia. Apanhámos boleia em motas de caixa. Zundapps. Três na caixa. Não podíamos mexer com as pranchas se não a carrinha levantava. Tinha que ir devagar. Até lá ainda eram cinco a seis quilómetros. Na carrinha que levava o pão à Ribeira Quente. Camiões que acartavam materiais de construção. Aquilo era um exercício. Equilíbrio. Pneus altos. Para saltar era um problema. Mas, chegamos a ir a ir a pé. Para cima, de volta, a família trazia.’[38]

 

Como é (ou era) a onda dali? ‘Era uma esquerda, pequena mas com alguma consistência. Quando estava bom era comprida. Quando estava maior rebentava mais fora e dava para fazer para a direita. Tal como a onda de Santa Cruz da Lagoa, na mudança da maré rebentava uma ondinha que era muito apreciada. Quando estava maior, dava uma direita, mais fora, que acabava perto das pedras.[39] Diz-me Gui Costa. Luís Melo fala de três ondas. Iniciado no Pópulo, não pertence a nenhum dos grupos locais, mas conhece-os, começa nas ondas da Ribeira Quente em 1991. Passava férias nas Furnas. Apesar de o pontão ter acabado com a onda inicial,no verão com as inchas (junto ao heliporto) Há (ainda assim) uma esquerda que dá também para a direita.’ Há outra a meio da avenida: Nos grandes temporais de sudoeste/oeste aparece uma que não é no mesmo sítio. Onda rara. Melhor nas inchas do Verão. Mas no Inverno também rebenta sudoeste/oeste. Que corre na avenida até ao porto. Destrutiva para os pescadores. Boa com o vento Norte fraco.’ Mas a onda que (talvez) tenha descoberto é (ainda) outra: ‘é uma ao fim da praia do Fogo. Por detrás dos ilhéus. Uma onda da direita. É uma onda porreira mas não tão boa como a onda principal.’ Uma certa vez, até pregou uma partida aos amigos: ‘Uma vez, estava todo o pessoal a dormir na praia à espera da onda normal. Eu passei por eles. Não me viram. Fui surfar a tal detrás dos Ilhéus. Onde está o Luís?’ [40] André Viveiros, do grupo das Furnas: ‘Antes das obras, havia lá sempre ondas. Na altura das inchas, chegou-se a apanhar ondas de três metros. Agora só com certas condições. Talvez três ou quatro vezes é que é boa. Antes era boa tanto no Verão como no Inverno. Estragou tudo. Mexeram nos fundos. E tem lá o pontão. Que haviam prometido retirar quando terminassem, mas ainda lá está. O pontão seria (foi-nos dito) para proteger as embarcações.[41]

 

O bem-bom acabaria, uns seis ou sete verões depois. Os dois grupos de adolescentes (só rapazes) das Furnas e da Ribeira Quente, que iam às ondas (apenas) por puro prazer e só na praia do Fogo, deixam as ondas. Cada qual foi tratar da sua vida. Da Ribeira Quente, hoje, o Pedro é mecânico, o Ruben Joaquim e o Tozé são mestres de construção civil. Das Furnas, o Miguel Dinis é piloto da TAP, o Tiago Borges é piloto de helicópteros, o Pedro Espinha é empresário e o André é técnico de reabilitação. Actualmente, só o André (após um interregno de dez anos) faz SUP. Os de fora continuam a ir lá, só que, duas décadas após a inauguração do porto, o Governo dos Açores ainda não cumpriu a promessa de retirar o pontão que matou a melhor onda. Se cumprisse, ressuscitava a onda, e a terra (porventura) ganharia mais fama e proveito.

Praia do Fogo (Ribeira Quente)



[1] Pode até dizer-se que, se Nordeste era a décima Ilha, a Ribeira Quente foi a décima primeira.

[2] Costa, Maria de Deus Raposo Medeiros, Os túneis da liberdade, CMP, 1996, p.59

[3] Observação e interacção no local, dia 11 de Fevereiro de 2025: ‘(…) no Parque de estacionamento da Praia do Fogo, à conversa com o proprietário do veículo itinerante snack-bar aí estacionado.

[4] Só para dar exemplos (alguns) da Ribeira Grande: Pico da Pedra, Calhetas, Rabo de Peixe, Lomba, Ribeira Seca, Conceição, Matriz e fico-me por aqui.

[5] Dias, Urbano Mendonça, História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses, II Volume, 1949, pp. 94-113. Barros, Helena, A pérola dos Açores. Ribeira Quente: Abordagem sociológica, 2008. A elevação a freguesia em 1943 contribuiu (decisivamente) para dar-lhes uma identidade comum. Em 1928, a construção ‘da nova estrada, ligando o Lugar da Ribeira ao Lugar do Fogo,’ permitiu à procissão de São Paulo percorrer (facilmente) os dois Lugares e à escola feminina criada em 1914 entrar em (pleno) funcionamento em 1929. Barros, Helena, A pérola dos Açores. Ribeira Quente: Abordagem sociológica, 2008. A elevação a freguesia em 1943 contribuiu (decisivamente) para dar-lhes uma identidade comum. Se em 1943, tinha 1800 habitantes, em 2021, já tem só 767 habitantes.

[6] Ironicamente, no século XVIII, os que (então) iam a banhos termais na Ribeira Quente, trocam a Ribeira Quente pelas Furnas.

[7] Cardoso, Miguel Esteves, As ´100 melhores crónicas, 2023, Os surfistas Inteligentes, pp. 150-156.  

[8] Forjaz, Victor Hugo et. al., Vulcanologia da Ilha de S. Miguel dos Açores, 2015

[9] Gaspar Frutuoso, Saudades da Terra, Livro IV

[10] Chagas, Frei Diogo, Espelho cristalino em jardim de várias flores, 1989, p. 142: Antes ‘de rebentar o fogo nos forninhos recebia em si uma ribeira que se dizia a Ribeira quente, aonde com outra fria que se lhe ajuntava ficava temperada, de modo que tomavam nela banhos e se ia nesta, e por sua boca entrava no mar, e a este respeito se diz a Ribeira Quente.

[11] Barrett, Briant, Relato da minha viagem aos Açores. 1812-1814, 2017, p. 139.

[12]Curioso, nenhuma das fontes anteriores que consultei refere a pesca profissional.

[13] Sousa, João Soares de Albergaria e, Corografia Açórica. Descrição física, política e histórica dos Açores, 1.ª edição 1822, 2.ª edição 1975, p.73

[14] Almeida, Gabriel, Dicionário Histórico-geográfico dos Açores, 1893, p. 181: Ainda assim, teriam (ali) sido, segundo o mesmo autor, ‘mais opulentos quando cultivaram o pastel e o açúcar.

[15] Cordeiro, João, Paraíso da Ilha, 2017, p. 78.

[16] O porto de pesca, foi inaugurada em 20 de Julho de 2003. Em 1976/77 haviam feito algumas obras.

[17] Observação e interacção no local, dia 7 de Fevereiro de 2025: O meu informador (principal) acerca da pesca foi António Vieira Furtado (pescador reformado. Nasceu a 30 de Novembro de 1956). E um grupo (ali connosco) de 3 jovens pescadores (dois nos vinte e um nos trinta.

[18] Observação e interacção no local, dia 11 de Fevereiro de 2025.

[19] Jerónimo, Gil Moniz, Povo da Ribeira Quente… Que origem?, 1998. ‘conforme nos diz o Licenciado João Gonçalves Homem.’ https://dicionario.priberam.org/albufeira#google_vignette: Albufeira que se traduz numa depressão pouco funda, coberta de água, que comunica com o mar quando a maré enche. Ou do Castelo ou da Albufeira.

[20] Martins, José Manuel Salgado, Do basalto ao betão. Fortificações das Ilhas de São Miguel e Santa Maria, séculos XVI – XX, Letras Lavadas, 2013, p. 110. Se a braça equivaler a 1, 8288 m, teria c. de 1500 metros de extensão.

[21] Observação e interacção com o emigrante regressado no local, dia 7 de Fevereiro de 2025. Observação e interacção no local, dia 11 de Fevereiro de 2025: Um outro informante, que tem ali um snack ambulante, disse-me: ‘O mar fazia poças e eu em criança brincava com uns barquinhos que a gente fazia.

[22] Observação e interacção no local, dia 11 de Fevereiro de 2025

[23] Paulo Amaral Borges, 2004.

[24] Porém, tempos antes da obra da consolidação do talude (que ocorreu por volta de 2008), foi-lhe (por uns tempos) retirada.

[25] Teófilo de Braga, Roteiro não publicado da Gaiteira à Ribeira Quente, 2004 (?). O trilho está encerrado.

[26] Jerónimo, Gil Moniz, Povo da Ribeira Quente… Que origem?, 1998, pp. 153-155

[27] Caso de António Benjamim.

[28] Testemunho de Gui Costa, 8-9, Janeiro de 2025.

[29] Testemunho de Gui Costa, 19 de Janeiro de 2025

[30] Arruda, O mais Antigo surfista do Atlântico, 2024

[31] Arruda, O mais Antigo surfista do Atlântico, 2024

[32] Testemunho de Pedro Sebastião, 9 de Fevereiro de 2025.

[33] Testemunho de Pedro Sebastião, 9 de Fevereiro de 2025

[34] Testemunho de André Viveiros, 8 de Fevereiro de 2025.

[35] Testemunho de André Viveiros, 8 de Fevereiro de 2025.

[36] Testemunho de Pedro Sebastião, 9 de Fevereiro de 2025.

[37] Testemunho de André Viveiros, 19 de Fevereiro de 2025.

[38] Testemunho de André Viveiros, 8 de Fevereiro de 2025.

[39] Testemunho de Gui Costa, 8-9, Janeiro de 2025

[40] Testemunho de Luís Melo, 25 de Janeiro de 2025: Antes da construção do pontão era uma onda incrível. Antes da tragédia de 1997, fazia-se surf na mesma onda. Mas a obra do heliporto e do parque de estacionamento. Sobretudo de um pontão provisório para abrigar os barcos enquanto durou a obra do porto. Só que ainda não tiraram.’

[41] Testemunho de André Viveiros, 8 de Fevereiro de 2025Testemunho de Luís Melo, 25 de Janeiro de 2025: Às vezes chegava lá e não havia ondas. Esperava. Ao fim do dia o meu pai trazia-me de volta. Ia sozinho para a água.’


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