'A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente.'
Soren Kierkegaard
A
conservação e limpeza da praia do Monte Verde, na cidade da Ribeira Grande, tem
sido há muito alvo do esquecimento e mesmo incúria das autoridades, que têm
feito orelhas moucas aos inúmeros alertas sobre a poluição que a aflige de há
longa data, e que se tem agravado de ano para ano, sendo afectados os próprios
micaelenses, os turistas, surfistas e todos aqueles que procuram aquele lugar
como fonte de lazer ou de fruição, prejudicando negócios e o bom nome deste
recurso natural.
É
esta a praia do Monte Verde que queremos ter na Ribeira Grande? Uma praia
poluída pelo lixo trazido pelas ribeiras que aí desaguam, com águas fétidas,
transformando irremediavelmente o que podia ser um paraíso numa infernal
calamidade, num desastre ambiental, para desventura dos micaelenses e dos
surfistas de todo o mundo que a procuram, para apreensão dos que ali têm o seu
ganha-pão?
Estava na altura de nos unirmos num abaixo-assinado que alertasse as
autoridades responsáveis para o desespero de quantos realmente se preocupam com
o estado de desleixo e de penúria a que se deixou chegar toda a envolvente do
Monte Verde. Cabendo a todos nós zelar para que finalmente seja tomada uma
decisão relativamente à conservação e limpeza das ribeiras que aí desaguam,
sendo esta a razão do abaixo-assinado que apresentamos agora às entidades
responsáveis por cuidar pelos bens de todos nós, no fundo uma última chamada de
atenção para a urgência das medidas indispensáveis à recuperação das linhas de
água e da qualidade da praia do Monte Verde.
Salvar a Praia do Monte
Verde e a Levada da Condessa na Ribeira Grande
Exmo. Senhor
Presidente da Assembleia
Regional dos Açores
Exmo. Senhor
Presidente do Governo
Regional dos Açores
Exmo. Senhor
Presidente da Assembleia
Municipal da Ribeira Grande
Exmo. Senhor
Presidente da Câmara
Municipal da Ribeira Grande
OBJECTIVO:Praia do Monte Verde aBandeira
Azul
Apesar de ser imensamente frequentada por banhistas (da
Primavera ao Outono, sobretudo pelos que preferem uma praia mais calma) e por
surfistas (durante todo o ano: por escolas, clubes e free surfers oriundos de
muitas partes da Europa e de todo o mundo), a praia do Monte Verde não fez
parte da ‘Lista das águas balneares costeiras para o ano 2024, na Região
Autónoma dos Açores.’ Porquê? ‘Porque as análises acusam –
frequentemente -, agentes infecciosos (bactérias, fungos).
A praia do Monte
Verde, juntamente com a sua praia “irmã” de Santa Bárbara, representa uma
extraordinária mais-valia ambiental, económica e social para a cidade e o
concelho da Ribeira Grande, bem como para o conjunto da Região Autónoma dos
Açores, merecendo, como tal, o devido reconhecimento e atenção por parte das
autoridades públicas, providenciando e zelando para que a mesma tenha as
melhores condições de salubridade e de vigilância ao longo do ano
potenciando-se assim todo o capital desta zona balnear tanto no âmbito do
lazer, como desportivo, como até paisagístico para o concelho da Ribeira
Grande, a sua população e turistas que o visitem, como, aliás é bem exemplo o
areal de Santa Bárbara desde a sua recuperação e reconversão tornando-se num dos
mais importantes pontos turísticos de toda a ilha de São Miguel.
Sabe-se que o Monte Verde
(enquanto isso) aguarda a implementação de uma unidade de execução específica,
da qual se espera que lhe mude a face para melhor, antes que se torne
definitivamente irrecuperável, inviabilizando o desenvolvimento turístico do
local, que representa também oportunidade de negócio e de emprego para muitos
micaelenses. Para isso, a ribeira Seca, a ribeira Grande e a levada da condessa
(que nele desaguam) terão de se ver livres da praga dos efluentes provenientes
de fontes diversas (domésticos, de vacarias, etc.).
Dada a importância económica,
ambiental, social e turística da Praia do Monte Verde, da ribeira Seca, da
ribeira Grande e da Levada da Condessa, apelamos à intervenção de V. Exas. no
sentido de serem tomadas medidas com vista a:
1- Eliminar de forma
definitiva os efluentes que são lançados nas ribeiras Grande e Seca e na Levada
da Condessa;
2- Penalizar severamente todos os
prevaricadores, de modo a impedir que
reincidam nas suas CONDUTAS anti-sociais e
antiambientais, que muito prejudicam a notoriedade da praia, tanto a nível
interno, como externo;
3- Classificar a Levada da
Condessa como património municipal;
4- Proceder a uma fiscalização
diária de toda a área, bem como fazer análises semanais e credíveis às águas e
divulgá-las junto da comunidade ribeira-grandense;
5- Obrigar a instalação
de um ‘corredor ripário’ de plantas (indígenas, se possível, mas
não forçosamente) nas áreas limítrofes das zonas sensíveis;
6- Em caso extremo, proceder à aquisição e à
florestação de zonas sensíveis:
7 - Criar uma comissão
multidisciplinar composta por membros da autarquia, governo, associações
ambientalistas, associações agrícolas, utilizadores da praia (surfistas), proprietários
de restaurantes, guias de turismopara acompanhamento dos trabalhos de
concretização das medidas a implementar pelas várias entidades.
Ribeira Grande, 21 de setembro
de 2024
Mário Moura –
Historiador (aprendiz)- Cidadão da Ribeira Grande
Pedro Arruda–
Empresário- Surfista
Teófilo de
Braga – Militante ecologista – Professor Reformado
João Pedro
Pinheiro – Economista. - Empresário do Alojamento Local
Sara Monteiro
Cabral – Professora de Ioga
Ricardo
Monteiro Cabral - Engenheiro Técnico de Agricultura Biológica – Surfista
Osvaldo do
Rego Janeiro–Fotógrafo Amador
Pedro da
Câmara Pereira – Empresário da Restauração
Pedro Luís
Medeiros Sousa – Empresário Marítimo – Turístico - Surfista
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