A Cidade da Ribeira Grande:
Biografia
de um Nascimento
(Volume II)
‘É preciso experimentar uma cidade com os sentidos – olhar, cheirar, tocar, andar, ler e imaginar – para a compreender na totalidade.’[1]
Introdução
Vinte e cinco anos após a
Ribeira Grande ter sido feita Cidade, Osvaldo Cabral distingue os responsáveis
pela elevação. Começa por dar créditos aos pioneiros: ‘Já o tinha sido, em tempos idos, através de Ezequiel Moreira da Silva
(Pai),’ depois, chegando ao tempo da iniciativa que teve sucesso,
acrescenta: ‘mas ganhou mais projecção no
período da administração regional com a sábia insistência do padre Edmundo
Pacheco, o Correspondente do Correio dos Açores na então vila-cidade.’[2] Não esquece de aludir, ainda que não
identifique, o apoio de outros além do Padre Edmundo: ‘O mesmo aconteceu com todos nós, aqueles que há 25 anos lutaram e
reivindicaram junto do poder central a elevação a Cidade.’[3]
Devemos acrescentar à lista, como tentarei prova-lo, até mesmo aqueles que, não defendendo ou atacando a causa, ao cultivarem a História e discutirem o Urbanismo da terra, afirmaram a legitimidade da pretensão, de uma forma sólida, como será o caso do Dr. Jorge Gamboa de Vasconcelos. O prestígio que o Círculo dos Amigos gozou na ilha inteira, foi outra razão. Manuel Ferreira, sem assinar, mas é ele, não tenho dúvidas, em 1970, escreve um artigo a que dá o título de ‘A Ribeira Grande continua a dar lições de civismo.’ E explica o que entende por lição: ‘(…) Desistir do óptimo sempre que ele se mostre inatingível, mas nem por isso desistir de fazer alguma coisa e ao fazer seja o que for, fazê-lo com entusiasmo, com vontade, com a honestidade mental que se tornou timbre da actuação daquele punhado de gente nova que hoje, exemplarmente, dinamiza a vida social da Ribeira Grande.’[4] Em 1971, o mesmo jornalista, que me inclino para identificar como sendo Manuel Ferreira, rende-se por completo: ‘Sei que não é de bom-tom, nisto de terras e de festas, de bairrismos e de regionalismos, estar a estabelecer comparações ou a fomentar despiques. Mas francamente devo confessar que em toda a roda da noite de S. Pedro não fui capaz de arredar do meu espírito a tentação de ir comparando o que vi na Ribeira Grande com aquilo que não tenho visto e gostaria de ver em outras terras, designadamente nesta cidade que se arroga foros de importante se compraz no elogio recebido, descurando a maior parte das vezes as responsabilidades que sobre ela impendem como cabeça de concelho e de distrito.’[5]
Miguel Santana, não sei quem
seja, talvez o pseudónimo de alguém de Ponta Delgada, afirma sem paninhos
quentes que o que então se faz na Ribeira Grande deveria ‘envergonhar todos os pontadelgadenses.’[6]
Sem quaisquer rodeios, vai direito ao assunto: ‘Quando estabelecemos o paralelo entre o que a Ribeira Grande, tantas
vezes, tem realizado e aquilo que em Ponta Delgada chamam pomposamente, Festas
da Cidade (não confundir com as do Senhor Santo Cristo), apodera-se de nós um
sentimento misto de vergonha e de culpa, por não termos, publicamente,
manifestado o nosso desagrado pelo desinteresse que as diversas actividades
citadinas manifestam por tudo quanto não apresente proveito ou lucro próprio e
exclusivo para cada uma delas, numa censurável atitude do mais repulsivo
egoísmo.’[7]
O exemplo foi tal que logrou alcançar
a Califórnia, onde filhos da Ribeira Grande ali radicados, tais como o Padre
Ferreira Moreno ou os filhos de José Pereira da Silva, ou os irmãos Oliveira,
organizaram um Circulo de Amigos da Ribeira Grande da diáspora.[8]
Disso é testemunha elogiosa Maria da Ascensão Carvalho Rogers: ‘Tenho seguido mais ou menos as actividades
desse grupo simpático – os Amigos da Ribeira Grande – belo exemplo cívico que o
vosso grupo está dando!’[9]
É provável mesmo que o exemplo do
Círculo de Amigos da Ribeira Grande tenha influenciado a criação do Circulo de
Amigos da Lagoa.[10]
Não só a Lagoa, mas também Vila Franca e a Povoação foram arrastadas pelo bom exemplo
dado pelo Círculo dos Amigos da Ribeira Grande.[11]
Foram realizadas conferências sobre conferências de toda a
natureza, em que foram oradores os mais distintos intelectuais de então da Ilha
e de fora, provas desportivas, exposições, diversões várias, tais como as
famosas ‘Verbenas,’ burricadas, gincanas. Ao Círculo se devem as primeiras
festas conhecidas na ilha do Espirito Santo envolvendo as coroas do Concelho.[12]
A Vila irradiava para o resto da ilha. Francisco Carreiro da Costa era um
convidado habitual, eram-no igualmente, entre muitos outros, Fernando Aires,
Néstor de Sousa, Silva Júnior, Luciano da Mota Vieira, Hugo Moreira, Moreira
Candelária, Beja Santos, Rui Galvão de Carvalho, João Bernardo Rodrigues, João
Bosco Mota Amaral, Jorge Gamboa de Vasconcelos. Basta acompanhar as notícias do
Correio dos Açores para o
comprovarmos. O Correspondente da Ribeira Grande, Padre Edmundo, diz-nos da sua
importância: ‘instituição de indiscutível utilidade pública e que muito
contribuiu para a criação do espírito de cidade da Ribeira Grande, com
realizações que marcaram
profundamente a vida cultural e artística de S. Miguel.’[13]
Não admirará, pois, que, como
consequência da acção do Círculo dos Amigos, já em 1971 e em 1972, a Ribeira
Grande não fosse já tratada de Vila-Cidade mas de Cidade: a ‘verdadeira CIDADE NOVA,[14] ‘mais cidade do que vila,’[15] ‘merece ser elevada à categoria de cidade.’[16]
Isto nas primeiras páginas dos
jornais de Ponta Delgada e por gente daquela cidade, entre as quais, o
jornalista Manuel Ferreira.
O Círculo, em certa
medida, veio a concretizar aquilo que Fábio Moniz de Vasconcelos em 1934, no
seu jornal A Razão, e Jorge Gamboa,
no Diário dos Açores, em 1949, diziam
que fazia falta a uma Vila para que pudesse ser Vila-Cidade ou Cidade. Assim se
dizia em 1968: ‘o despertar de uma consciência de comunidade
aonde todos se sintam irmanados em prol do progresso, crescente prestígio e
engrandecimento da sua terra.’[17] Ou no terceiro aniversário, celebrado
a 11 de Maio de 1969: ‘sãos princípios da
defesa do bom nome da grei e do contributo necessária que a cada cidadão se
impõe na elevação e no saneamento do ambiente social.’[18]
E se repetiria em anos e ocasiões seguintes.
E a força do futebol da Ribeira Grande (quatro equipas),
ainda outro motivo de prestígio.[19]
Logo em 1971, o Águia acede à I Divisão Distrital do Futebol.[20]
Foi a primeira equipa da Ribeira Grande a conseguir este feito. Tudo isso
contribuiu para criar uma imagem muito positiva da Ribeira Grande.
A causa da elevação
a Cidade, dificilmente ou nunca sairia do reino das intenções, como sucedera
vezes sem conta no passado, mais recente ou mais longínquo, ou teria de esperar
por ventos favoráveis, se Jaime Gama, do Partido Socialista, após ter sido
ministro do II Governo do Dr. Mário Soares, resultante de um entendimento entre
o PS e o CDS, não aproveitasse a ‘onda
nacional’ e propusesse na Assembleia da República a elevação da Ribeira
Grande a Vila. Jerónimo Cabral, natural da Ribeira Grande, um dos homens fortes
de Mota Amaral, dá-nos a entender, numa linguagem elíptica, quase cifrada, que caso
o PSD não tivesse tido alguns pruridos legais, poderia ter sido este partido e
não o PS a ter tomado a iniciativa: ‘a
questão, que a nós muito nos agrada, mais uma vez, se provar que a uns bastam
os pruridos legais que, nas jogadas de antecipação de outros, encontram motivo
para se penitenciarem de respeitar mais as vírgulas e os pontos da lei do que a
vontade dos cidadãos.’[21] Jerónimo fora seminarista e trabalhara nos
CTT (onde o conheci) e colaborava nos jornais. Deu aulas de latim (no então
Liceu) e explicações. A reedição em 1998 das ‘Saudades da Terra,’ no tempo em que o Dr. José da Estrela Rego,
outro patrício da Ribeira Grande, era Presidente do Instituto Cultural de Ponta
Delgada, deve-lhe o contributo da ‘revisão
do texto e reformulação do índices.’
Voltando ao fio
desta narrativa. Pelo que, Jaime Gama, ignorando quaisquer ‘pruridos,’ antecipou-se. Gama, aproveita
um funeral, onde encontra Artur Martins, Presidente da Câmara da Ribeira Grande,
e avisa-o informalmente.[22]
Isso foi-me dito em 2021, porém, numa entrevista em 2003, sem invalidar a de
2021, em 2003, veicula uma versão diferente ou mais completa: ‘Ele próprio [Jaime Gama] teve o cuidado de, previamente, telefonar
para a Câmara Municipal da Ribeira Grande e revelou-me que iria apresentar esta proposta. Posteriormente, agendou uma
reunião com a vereação, onde justificou as razões porque tinha proposto a
elevação da Ribeira Grande a cidade.’[23]
Segundo o vereador
socialista António Rocha Pontes, Jaime Gama terá incumbido Daniel de Sá, que já
não era vereador, demitira-se por causa ‘das
arruaças dos contadores de água, na Maia,’ de lhe transmitir esta intenção.
Rocha Pontes apresenta a intenção na vereação. Sinal de que o Presidente já
fora contactado, não há reacção negativa, aliás, a Câmara aprova, com uma
abstenção e voto contra, a proposta. Destaca-se, na bancada Social-Democrata, o
vice-Presidente, Milton Manuel Medeiros Costa (n. 11-05.1949 – Calhetas RG - f. 28-03-2001 – São Pedro Ponta
Delgada).[24] O
Presidente, Artur Martins, apoia a ideia, no entanto, como o PSD fica
reticente, adopta uma posição prudente. O padre Edmundo deve ter sido alertado.[25]
Sabe-se que Jaime Gama esteve em São Miguel por volta do dia 11 de Janeiro, ou
seja antes de apresentar a proposta na Assembleia da República no dia 17
daquele mês.[26] Entretanto,
a Assembleia Municipal, presidida por Dinarte Miranda, chumba a proposta, a
Assembleia Regional coloca entraves e vota contra.
Ficaria por ali?
Jaime Gama envia de novo a proposta em Junho de 1980 à Assembleia da República.
Entretanto, com o Estatuto da Região de 1980, a competência passara para a
Assembleia da Região. Que fazer agora? Cinco deputados Socialistas aos quais se
junta Fernando Monteiro, deputado independente pelo CDS, apresentam em Dezembro
de 1980 a proposta à Assembleia Regional. Com total adesão do PSD da Câmara,
numa Câmara sem socialistas, o processo iria passar à Assembleia Municipal. Sob
a Presidência do social-democrata, José Maria Teixeira, e com posição firme de
Milton Costa, agora vogal da Assembleia, a proposta passou. Iria ser necessário
adaptar à Região a lei da elevação a cidades. Grosso modo, a elevação deve aos
que apontei ter passado de um sonho à realidade.
Voltando a Osvaldo Cabral. Neste mesmo trabalho, Osvaldo distingue
o órgão de comunicação social que fez bandeira daquela causa: ‘Há 25 anos trabalhava eu no Correio dos
Açores com o Jorge do Nascimento Cabral, tendo nós decidido transformar esta
causa do padre Edmundo numa causa do próprio jornal.’[27]
Na realidade, segundo nos conta o Padre Edmundo, o
apoio vinha já do tempo de Sílvio do Couto, pois, em Janeiro de 1979: ‘(…) o Director do Correio dos Açores, o
amigo Sr. Sílvio do Couto, telefonou-nos a comunicar que este jornal iria
lançar uma campanha em prol de designação de cidade para a Ribeira Grande.’[28]
É curioso, resultante de um trabalho quase sempre feito na
sombra, na generalidade, a terra não tem essa opinião da actuação do Padre
Edmundo. Alguns até acham que isso foi obra de Jorge Gamboa.
Osvaldo Cabral nasceu em
Angra Heroísmo (n. 28-03-1957 – Angra do Heroísmo), filho
de pais do Pico da Pedra, tendo ido morar aos três anos na freguesia dos pais.
Ao tempo da campanha de apoio à elevação a Cidade da Vila da Ribeira Grande
dava os primeiros passos no jornal Correio
dos Açores (de Ponta Delgada). Entrara com pouco mais de vinte anos de
idade como estagiário, no ano de 1978, no ano seguinte, era já ‘redactor principal,’ em 1980, subira a ‘Chefe de redacção’ e em 1981 partira
para a cidade de Paris, onde frequentou um curso de ‘técnicas de redacção e secretariado de Redacção, no Centro de Formação
profissional de Jornalistas.’[29]
O Presidente Artur Francisco de Sousa Martins (n. 25 -03-1949 – Rabo de Peixe), um jovem de 32 anos à altura da
elevação a Cidade, Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de 1977 a
1985, sendo já vereador em 1976, funcionário da Repartição de Finanças da
Ribeira Grande, confessara-o publicamente já em Março de 1981, ainda antes de a
Ribeira Grande conseguir o seu objectivo: ‘(…)
a divulgação que a comunicação social obstinadamente tem desenvolvido, mormente
a imprensa e particularmente o jornal Correio dos Açores que tem tido um
comportamento único com honras de primazia a favor da causa da Ribeira Grande.’[30]
Não será de admirar, por conseguinte, que O Correio dos Açores, que se vendia na
Ribeira Grande no Restaurante O Balão, no Café Central e na Papelaria de Nossa
Senhora da Conceição, esgotasse diariamente as suas edições.[31]
Nem será ainda de admirar que fossem aqueles os locais, além dos cafés do
centro, como mais adiante veremos, onde se discutia a elevação ou não da
Ribeira Grande a cidade.
Porém, se formos rigorosos, o Correio dos Açores, há quatro décadas, já dera cobertura a uma
polémica bizantina (pois não havia o estatuto legal de Vila-cidade) sobre a
Ribeira Grande dever ser apenas ser considerada Vila ou já poder ser designada
por Vila-cidade. Polémica que opusera o Presidente da Câmara, Dr. Lucindo
Rebelo Machado e o Dr. Jorge Gamboa de Vasconcelos (opunha-se à ideia antes de
a Vila concretizar algumas alterações essenciais), metendo igualmente na liça o
Conde de Caminha, D. Lopo de Sousa Coutinho, que adiantava o modo de lá chegar.
Foi no fim do verão e inícios do outono de 1949, no de Setembro de 1949, entre
os dias 4 e 15 daquele mês, sendo aquele ‘desaforo
público em tempos de Estado Novo’
travado, como lhe competia, pelo administrador do Concelho, talvez a mando do
governador do Distrito.[32]
Ao que parece, pelo menos não encontrei respostas, D. Lopo de Sousa Coutinho, Conde
de Caminha, em Outubro, termina o assunto.[33]
Pelo menos nos jornais. Quatro anos antes de 1981, no tempo em que Sílvio do
Couto fora o Director do jornal, em o Correio
dos Açores, de 5 Agosto de 1977, dera-se início a uma longa e persistente
maratona que conduziria à elevação a Cidade da Vila da Ribeira Grande.[34]
Além de o Correio
dos Açores, outros jornalistas de outros jornais de Ponta Delgada, tais
como o Diário dos Açores, o Açoriano Oriental e o Açores, ou da rádio ou televisão, que participaram
na divulgação e no debate de ideias. O Jornal A Ilha, também de Ponta Delgada, pouco ou nada fez a este propósito. A
esta luz se deve entender a deliberação da Câmara no dia 1 de Julho, em plena
comemoração da elevação a Cidade, em ‘obsequiar com uma medalha de bronze,
comemorativa do acontecimento de elevação a cidade da antiga vila manuelina, os
jornalistas: Luciano Mota Vieira, Victor Cruz (Pai), Manuel Ferreira, Rui
Guilherme de Morais, Sílvio do Couto, Fernando Couto Alves, Salomão Adrehi,
Gustavo Moura, Manuel Ferreira de Almeida, Osvaldo Cabral, José Gabriel de
Ávila, Clemente Costa Cardoso, Jorge Nascimento Cabral.’ A razão invocada
era simples: ‘que nos últimos tempos mais
batalharam e defenderam a criação desta nova urbe expressando o seu
reconhecimento a todos esses homens de imprensa.’[35]
A 10 de Junho, nas páginas de O Correio dos Açores, o Padre Edmundo
havia elogiado e agradecido a Manuel Ferreira, Rui Guilherme de Morais, Sílvio
do Couto e a Manuel Ferreira de Almeida, nestes termos: ‘Para estes nossos amigos, um abraço de gratidão, porque nós não
esquecemos que a elevação a cidade da Ribeira Grande não seria possível se não
tivesse havido o trabalho destes combatentes que, contra todos, defenderam o
prestígio da Ribeira Grande.’[36]
A
7 de Junho, acabara-se de saber da nova da elevação a cidade, nas páginas do
mesmo jornal, Edmundo havia sido mais pródigo em elogios: ‘Nesta hora de alegria, justo será registar os nomes de dois ilustres
jornalistas continentais que, na vasta tribuna de A Bola, batalharam pela
elevação a cidade da Ribeira Grande – Victor Santos. Não sendo de cá, viram com
agudeza de espírito o futuro que se abria para esta terra, ao ser criada
cidade. As reportagens que fizeram constituem um valioso subsídio para o
processo de Cidade. Igualmente, o
Prof. Luciano da Mota Vieira, seu sobrinho Tomás Quental, Salomão Adrehi, Osvaldo
Cabral, Fernando Alves do Couto, Abílio Baptista, José Gabriel Ávila e Pereira
Cardoso para só mencionar os mais persistentes – foram, juntamente com o
correspondente do Correio dos Açores, os soldados que não arredaram pé neste
bom combate pela elevação a cidade da Ribeira Grande.’[37]
Quanto a jornais na Ribeira Grande, infelizmente, A Razão, o último dos mais de vinte
títulos que a Ribeira Grande conheceu desde a Estrela Oriental, em 1856, encerrara em 1934. A partir de então, a
Ribeira Grande marcava presença em jornais de Ponta Delgada através de
colaboradores. Ezequiel Moreira da Silva (pai) fora colaborador do Correio dos Açores e José Pereira da
Silva do Diário dos Açores. À altura
da elevação a cidade, ambos haviam falecido, restava o Padre Edmundo Pacheco no
Correio dos Açores. Aliás, O Correio dos Açores, em especial, quase do tempo do seu primeiro número
em 1 de Maio de 1920,[38]
foi a casa amiga em Ponta Delgada sempre aberta a colaboradores da Ribeira
Grande. Ezequiel pai escreve aí quase até à sua morte em 1974, na década de
sessenta já lá escrevia o Padre Edmundo até o jornal, alegando opção editorial,
terminar a Página da Ribeira Grande.[39] Os
filhos de Ezequiel, Ezequiel júnior e Armindo, publicaram centenas de textos
naquele mesmo jornal, Ezequiel neto colabora actualmente, até já uma bisneta,
Isabel Moreira da Silva, o faz. Porém, um convidado não pode abusar da
hospitalidade do dono da casa. Como imaginar que se transpusesse para os
jornais os mundos e fundos que se diziam nos cafés acerca do asfixiante
centralismo da então capital do distrito? Um exemplo disso será a (ainda hoje)
inexplicável transferência do aeroporto de Santana para a Nordela? Ou será isso
aliado à falta de empenho da elite da Ribeira Grande?
Nunca desistindo da ideia de ter um jornal na Ribeira Grande,
em 1970, a pretexto da celebração do centenário do Diário dos Açores, em que o Círculo dos Amigos da Ribeira Grande,
convidou o Dr. Francisco Carreiro da Costa a falar dos jornais que a Ribeira
Grande já tivera, o Padre Edmundo Pacheco no espaço que dispunha no Correio dos
Açores, intitulado ‘Da Ribeira Grande para o Correio,’ aproveita para trazer à
tona de novo a ideia: ‘a conferência do
Dr. Carreiro da Costa, a qual será, talvez
para os jovens de hoje, uma arrancada para se decidirem a publicar um semanário
na Ribeira Grande.’[40]
O apelo caiu em saco roto por muitos anos mais, ressurgindo já depois da
elevação a cidade fugazmente uma III Série do Ecos do Norte.
Voltemos à elevação de 1981. Entre os que defendiam e
os que se opunham à ideia da Ribeira Grande passar a cidade, havia os naturais e
residentes na terra, outros, embora naturais, residiam em Ponta Delgada, ainda
havia os de Ponta Delgada (sobretudo dos meios de comunicação) que simpatizavam,
genuinamente ou não, com a causa. O debate e a notícia do debate, ocorreu, em
larga escala, nas páginas dos jornais, ocasionalmente, na rádio e muito
esporadicamente na televisão. Registe-se que esses meios de comunicação social,
tinham sede em Ponta Delgada.
Além de não haver jornais na terra, apenas
espaços emprestados em jornais de fora da terra, não havia na Vila grupos
independentes da Câmara que pudessem pensar o futuro da terra longe de considerações
político-partidários. No entanto, não fora sempre assim,
pois, em 1857, havia-se criado uma ‘Sociedade
Promotora dos melhoramentos da Ribeira Grande,’ da qual foi Presidente,
José Maria da Câmara Vasconcelos.[41] Diga-se
que José Maria estivera entre os que, em Ponta Delgada, em 1835, fundaram o
Jornal Açoriano Oriental, do qual foi
o primeiro Editor.[42]
José Maria lutou pela Ribeira Grande nas páginas do jornal que fundou (ou
continuou), A União, da Ribeira
Grande, em 1857.[43]
Ou já no século XX, em
1921, na parte final da I República, o Cónego Cristiano de Jesus Borges, num
jornal de Ponta Delgada (O Norte há
muito deixara de ser publicado) divulgava o programa da ‘Aliança
Ribeira-Grandense,’ sua iniciativa, destinada a ‘tratar de organizar uma força política no Concelho, estranha aos
partidos e destinada a conquistar todas as regalias e de o fazer gozar todas as
vantagens, a que a sua riqueza e importância têm direito.’[44]
Desconhece-se a sua acção (se teve alguma) e a razão do seu desaparecimento.
Existira uma associação, cuja finalidade era
o progresso da terra através da promoção cultural e do entretenimento lúdico
dos seus associados. Nela, quase de certeza, houve lugar para se pensar e
defender a terra. Falo da ‘Sociedade
Escolastico-Philarmonica da Ribeira Grande,’ fundada em 1849 e encerrada já
antes de Agosto de 1946, por ser considerada ilegal, ‘na qual se praticavam excessos.’[45]
Membros de uma das últimas direcções, tais como Agostinho de Sá Vieira e Luís
da Mota Faria, pertenciam à loja Maçónica da Ribeira Grande chamada Acção Renovadora (1932-1935).[46]
Agostinho de Sá Vieira estivera mesmo implicado na revolta de 1931 contra a
situação criado pelo 28 de Maio de 1926. Seria por isso? Ou também por isso?
Ou o Círculo dos Amigos, outra associação cujo
objectivo principal era a promoção da terra, fundada em 1966,[47]
porém, por ocasião da elevação a cidade, estava ‘meio-adormecida.’ Edmundo Pacheco diz que o grupo se havia
extinguido ‘naturalmente em 1975.’[48]
Juntando, no entanto, alguns indícios, pistas valiosas, não teria sido assim,
já que, em finais de 1978, ainda mantinha o ‘Ninho,’ a sua Escola Infantil,[49]
e em Outubro do ano seguinte, não obstante a data errada atribuída à sua
fundação, mas confirmando-se a sua ‘personalidade
jurídica,’ foi alvitrado (pelo Presidente da Câmara), com a anuência dos
demais vereadores, entre os quais Armindo Moreira da Silva, membro do Círculo dos Amigos, que gerisse futura Casa
Etnográfica a sediar no Solar Marquês da Praia e Monforte.[50]
Porém, apesar de dispersos, alguns dos seus antigos membros, exerciam funções
ou na Câmara, como vereadores, caso de Armindo Moreira da Silva, ou como
Presidente, no caso de Eduardo da Silva Melo, ou nos jornais e na rádio, casos
do Padre Edmundo e de Silva Júnior, ou no Governo Regional, caso de Ezequiel
Moreira da Silva, ou ainda na Assembleia Legislativa Regional, como aconteceu
com Fernando Monteiro.
Foi
também o caso do CADAR, Centro Associativo de Desporto, Arte e Recreio),
fundado em 10 de Junho de 1974, juntando uma centena de jovens de ambos os
sexos de todas as sensibilidades políticas e culturais, pretendendo ser alternativa
ao Círculo dos Amigos, considerado
mais elitista,[51]
inicialmente pensado para contribuir para o progresso e desenvolvimento da
Ribeira Grande, que, por deriva ideológica das últimas direcções, foi forçado a
encerrar por uma manifestação hostil no Verão
Quente de 1975.[52] Lembro
Victor Crispim Borges da Ponte, estudante então de Direito, que participou, nas
férias de verão, na discussão e aprovação em Assembleia Geral dos Estatutos do Cadar, não chegaram a ser
oficializados, e que em 1980 (já formado), era vice-Presidente da Câmara da
Ribeira Grande, eleito pelo PSD, numa altura crucial para a elevação a Cidade.[53]
Deixara
de existir no século XIX, não se sabe se há muito ou há pouco, o Gabinete de Estudos da Ribeira Grande,
sendo provável dos seus objectivos programáticos fizesse parte o estudo da
História da Ribeira Grande,[54] o
que, no caso de ter ocorrido, haveria, certamente, de melhorar o medíocre ‘memorando’ apresentado como peça
instrutória da candidatura da Vila a Cidade. No caso que houvesse um estudo
aprofundado da posição da Ribeira Grande na Ilha de São Miguel, das suas
relações com Ponta Delgada e Vila Franca, em 1976, os interesses da Ribeira
Grande, que não chegaram a ser ponderados, teriam sido tidos em conta junto da
comissão nomeada por Altino de Magalhães para elaborar uma proposta de estatuto
provisório da futura Região Açores. Mais tarde, já com a Assembleia Regional
dos Açores montada, ajudaria quem representou os interesses da Ribeira Grande na
Comissão de Assuntos Políticos e Administrativos da Assembleia Regional dos
Açores.
Certo
é que houve investigadores oriundos da Ribeira Grande, entre os quais, destaco
pela sua importância Regional e Nacional, Aníbal Cabido e o primo Cristóvão
Moniz, o primeiro investigou áreas diversas da indústria, o segundo, também,
mas não houve uma ideia geral do que se pretendia para a Ribeira Grande.
A
criação, a partir da década de 40 do século passado, tendo por trás as Juntas
Gerais, de Institutos Culturais nas três capitais de Distrito (Angra, em 1942,
o Instituto Histórico da Ilha Terceira,[55] Ponta
Delgada, em 1943, o Instituto Cultural de Ponta Delgada,[56] e,
por fim, em 1955, na Horta, o Instituto Cultural da Horta[57]),
não teve correspondência a nível concelhio.[58] Entre
os sócios fundadores do Instituto Cultural de Ponta Delgada, encontram-se
alguns ribeiragrandenses: Rui Galvão de Carvalho
[3 de Novembro de 1903 Rabo de Peixe – f. PDL – 29 de Abril
de 1991],[59]
professor em Ponta Delgada, natural de Rabo de Peixe, Padre Dr. Manuel Moreira
Candelária, professor do seminário de Angra, e Manuel da Silva Carreiro,
residente em Ponta Delgada, natural da Ribeira Seca.
Jeremias da Costa (n. 16 de Janeiro de 1880 – Conceição- Ribeira Grande - f. 7 de Maio de 1970 - São José –
Ponta Delgada),[60]
João Cabral de Melo e Silva diz que foi Reitor do Liceu de Ponta Delgada, Presidente da Junta Geral do Distrito,
Governador Civil e Administrador do Concelho da Lagoa.[61]
Ligado ao União Sportiva,[62]
foi Presidente da Associação de Futebol
de São Miguel, [63]
eis uma curiosidade a propósito, que, em 1941, mudou de nome para Associação de
Futebol de Ponta Delgada.[64]
Nem tão-pouco de José de Medeiros Tavares ser ou não o Dr. José de Medeiros
Tavares da Ribeira Grande.
Apesar
de vários naturais da Ribeira Grande terem contribuído (Rui Galvão de Carvalho;
José de Oliveira San-Bento; Ezequiel Moreira da Silva; José de Medeiros
Tavares; Maria do Bom Sucesso Franco Wallenstein; Jorge Gamboa de Vasconcelos),
a colaboração é variada e não tem como fio condutor a Ribeira Grande.[65]
Só
decorridas seis décadas da criação do Instituto Cultural de Ponta Delgada, é
que surgiu na Ribeira Grande uma proposta do Chefe de Divisão Cultural de
criação de uma revista municipal, de caracter cultural, a Ponte, no âmbito da Divisão de Cultura da Câmara da Ribeira
Grande, em Julho de 2008, cujo primeiro número saiu em 2010. Infelizmente,
produziu quatro números antes de encerrar por decisão da edilidade.[66] O
argumento que apresentei, era, tal como para os Institutos Culturais ‘a investigação histórica e etnográficas e a
extensão científica e cultural.’ Não
nos alongando mais, à altura da última tentativa bem-sucedida de elevação a
Cidade da Vila da Ribeira Grande, a Ribeira Grande não dispunha de jornais, não
tinha Gabinetes de Estudo ou associações onde, eventualmente, se pudesse pensar
o que se queria para a terra fora do âmbito do poder autárquico.
Pondo de lado, por ora, o que poderia ter sido pelo que
acabou por vir a ser, pergunta-se, no rescaldo dos fracassos anteriores, nesta
que iria ser a tentativa bem-sucedida, que papel desempenhou o Padre Edmundo
Pacheco?[67]
Apesar do contributo intelectual de Lopo de Sousa Coutinho (n. 25-05-1891 – São Jorge de Arroios
– Cidade de Lisboa – f. 18-01-1976 – Lisboa) (na questão do número de habitantes necessário para se ser
considerada Cidade) e de Lucindo Rebelo Machado (n. 2-04-1905 – RG – f. 19-11-1970 – RG), Presidente da Câmara [foi em 1941 e 1946-1949], nos anos quarenta.[68]
Com o privilégio que a distância no tempo pode conferir ao
historiador prevenido, é possível ver que a mudança começara com o Círculo de Amigos da Ribeira Grande, que
o Padre Edmundo, os engenheiros Fernando Monteiro [Fernando António Monteiro da
Câmara Pereira (n. 1935 – Vila do Porto – f. 2/06/1995 Angra do
Heroísmo)] e Ezequiel
Moreira da Silva (filho) haviam fundado em 1965. Em 2002, à pergunta de Hermano
Teodoro ao Padre Edmundo se ‘para além de
um ideário cultural, o Círculo tinha em mente preparar a Ribeira Grande para se
tornar cidade?’, este responde: ‘Não
o tinha expressamente, mas as suas realizações indicavam um sentido de criação
de um espírito de cidade. Todavia, muitos amigos meus do Círculo recusavam-se a
aceitar tal ideia, diziam que a Ribeira Grande não tinha condições para tal. Eu
retorquia que as cidades não nascem, fazem-se. Não há nenhuma terra que nasça
assim, faz-se.’[69]
No ano seguinte, fosse porque Edmundo mudara de opinião ou
porque o entrevistador o interpretasse mal, também acontece, acerca desses
mesmos objectivos das actividades empreendidas pelo Círculo de Amigos, o Padre Edmundo terá dado a Nelson Tavares uma
resposta diferente: ‘preparando-se para o
estatuto de cidade.’[70]
Tenha ou não sido intenção expressa do Círculo abrir
o caminho à nova cidade, em resultado das suas actividades, a fama da Ribeira
Grande, construída pelos jornais de Ponta Delgada em editais e em artigos de
fundo elogiando o exemplo da Ribeira Grande, deixando até transparecer uma dose
de ciúme de Ponta Delgada, criou um ambiente favorável ao renascer da pretensão
(por parte de alguns) da elevação a cidade.[71]
Em 1966, o jornalista Silva Júnior, membro do Círculo, ligado ao turismo, numa
conferência intitulada ‘Planeamentos
turísticos para a Ribeira Grande,’ organizada por aquela associação,
justifica as suas propostas assim: ‘(…) A
situação privilegiada da vida nortenha – a futura segunda cidade do Distrito
(…).’[72] Em
1967, referindo as festas organizadas pelo Círculo, Francisco Carreiro da
Costa, aos microfones do Emissor Regional dos Açores não tinha dúvidas acerca
do futuro da Ribeira Grande: ‘uma terra que bem poderia ser cidade, por virtude
da sua população, da sua importância industrial e comercial, da sua extensão,
do seu porte, dos seus monumentos, das suas casas, das suas ruas, da sua
história e das suas tradições.’[73]
Em 1972, Ezequiel Moreira da Silva (pai) (n. 17-08-1893 – RG – f. 26-07-1974 –
RG), o filho Ezequiel
era um dos fundadores do Círculo, propõe a elevação da Ribeira Grande a cidade
e Rabo de Peixe a Vila.[74]
Em data indeterminada, para mim, o Dr. Rui Galvão de Carvalho (Rabo de Peixe, 3 de Novembro de 1903 - Ponta Delgada, 29 de Abril de 1991)[75] aproveita a visita de um ministro que
fora seu colega em Coimbra, e lança a ideia da criação da cidade nas páginas do
jornal Açores.[76]
O
jornalista, professor e guia de turismo, Luciano de Resende da Mota Vieira (São
Pedro, Ponta Delgada, 22 de Setembro de 1920 – Ponta
Delgada, 16 de Fevereiro de 1994) revela que ‘numa das suas visitas à Ribeira Grande, um
dos últimos governadores do extinto Distrito de Ponta Delgada, o coronel
Basílio Pina de Oliveira Seguro [de 6 de Agosto de 1970 a 18 de Fevereiro de
1974],
falando na sala Nobre dos Paços do Concelho, referiu-se intencionalmente [à
Ribeira Grande] como sendo esta Cidade!’[77]
Quando outra coisa seria de esperar ou talvez não, o 25 de
Abril seria a causa da lenta morte do Círculo, dispersando fundadores e
membros, uns havendo escolhido o partido A, outros, o B, outros, como Edmundo, nenhum.
Iria mais uma vez o sonho de alguns ser adiado? Ao contrários das outras vezes,
desta vez, seria diferente, e a diferença ficar-se-ia a dever em grande parte à
personalidade do Padre Edmundo Pacheco. Para começar, Edmundo estava a par
desta aspiração ancestral, devorava jornais, livros e acompanhava os programas
da rádio. Mas não bastava. O que fez a diferença entre ele e outros que haviam
tentado no passado? Ele consegue atrair a atenção dos meios de comunicação
social de uma forma favorável à Ribeira Grande como nunca antes se vira ou
veria no futuro. Mas isso só foi possível com a acalmia pos-25 de Novembro de
1975 e com a instalação do Governo Regional dos Açores em 1976. No dia em que
Alexandre Gaudêncio apresenta a sua Biografia do Padre Edmundo, no Teatro
Ribeiragrandense, o que Osvaldo Cabral escreve no Correio dos Açores no próprio dia, não deixa margem para quaisquer
dúvidas, a citação é longa, mas é necessária para ficarmos a par das ligações influentes
de Edmundo no mundo dos meios de comunicação social: ‘Sempre que descia a Ponta Delgada, o Padre Edmundo demorava-se umas
horas na Redacção do Correio dos Açores, fazendo jus à sua boa oratória, grande
conversador, boa gargalhada com as suas habituais anedotas e uma defesa
intransigente do seu Sporting.’ Veja-se agora com quem fazia amizade, tudo
gente que alinhou na campanha de elevação a cidade: ‘Era uma tertúlia magnífica, a que se juntavam por vezes, o Professor
Luciano da Mota Vieira, Sílvio do Couto, Manuel Ferreira de Almeida, Santos
Narciso, Jorge Cabral… ’ Uma pausa: Luciano da Mota Vieira, professor de
História (fui seu aluno) e guia de turismo, foi o primeiro a responder
positivamente ao alvitre inicial do Padre Edmundo, Sílvio do Couto, primeiro, e
Santos Narciso depois, defenderam sem tibiezas a aspiração. Remata Osvaldo
Cabral: ‘Foi aí que comecei a admirar a
defesa da sua dama – a elevação da Vila da Ribeira Grande a Cidade. Uma
persistência estampada nas páginas do jornal com muita frequência, ao longo dos
anos, algumas vezes com pseudónimo, para não ferir susceptibilidades políticas
e religiosas, dada a sua condição de pároco.’[78]
Edmundo era um homem dos jornais e da rádio. Para continuarmos
a chegar à teia de relações e cumplicidades do padre Edmundo nos meios de
comunicação social de Ponta Delgada (ou lá sedeados), retiro um excerto de uma
reportagem que lhe fez Santos Narciso, outro grande comunicador seu amigo: ‘Começou por escrever no Diário dos Açores,
na página da Ribeira Grande, coordenada pelo enfermeiro José Pimentel
[Pereira] da Silva. Entretanto, o Emissor
Regional dos Açores, entra pela mão de Victor Cruz, um amigo de sempre, (…) e
que o leva, não só para o desporto, mas para vários programas, nomeadamente
sobre as principais festas dos Açores. (…) Depois de Sílvio do Couto [nas
Festas do Santo Cristo] (…), o Padre
Edmundo, durante muitos anos fez aquelas reportagens com Jorge do Nascimento
Cabral (…). Simultaneamente, mantinha
colaboração desportiva no ‘Diário dos Açores e fazia o programa desportivo (n)o
Emissor Regional dos Açores, chamado Semana Desportiva. Recorda o Padre Edmundo os contactos com
Gustavo Moura, pioneiro da informação desportiva nos Açores, em moldes modernos
e diferentes (…). Mais tarde começa a colaborar no Correio dos Açores a convite
do então Director, Gaspar Read Henriques, com um comentário litúrgico aos
Domingos e com página de Notícias da Ribeira Grande que manteve durante mais de
40 anos (…).’[79]
Edmundo estava ligado a instituições da Ribeira Grande, assim
além de co-fundador do Círculo dos Amigos, ‘fez
parte das direcções do Asilo-Escola Agrícola, do grupo de Futebol Benfica Águia
e da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande.’[80]
E, ‘como professor, de Português e de
Moral durante dez anos, de 1948 a 1958, no Externato Ribeiragrandense e,
durante vinte anos de 1974 a 1994, foi professor de Moral na Escola
Preparatória,’[81]
foi educador de centenas e centenas. Todos seus admiradores. Ocupou cargos na
administração civil da terra, fazendo ‘parte
do Conselho Municipal da Ribeira Grande e do Conselho de Ilha de São Miguel.’[82]
Mais, e este ponto é crucial, ‘como
cidadão ribeiragrandense, colaborou com a presidência da Câmara Municipal de
Artur Martins.’ [Os mandatos
autárquicos eram, então, trianuais: no 1.º triénio, por desistência do 1.º
Presidente eleito – Eduardo da Silva Mello, Artur Martins subiu à Presidência
em 1977 ficando até 1979. Ganhou as eleições de 1980 a 1983][83] A dada altura do processo, a partir
de 1980, numa vereação sem vereadores socialistas, Artur Martins, ‘numa parceria estratégica de interesses
mútuos,’ o Padre Edmundo queria a elevação a cidade e Artur Martins, vendo
a aceitação pública da pretensão, não pondo de lado que também o quisesse, como
político, queria votos para o PSD. Com o Padre Edmundo a seu lado como
conselheiro, Artur Martins irá desempenhar um papel decisivo no desfecho
positivo de elevação a cidade. A proposta pertencera, quer na Assembleia da
Republica quer na Assembleia Regional, ao Partido Socialista, porém, na relação
de forças de então, nunca ou dificilmente teria sido bem-sucedida se não
tivesse o apoio (posterior) do Partido Social Democrata maioritário na Região e
no Concelho. Todavia, pelo que se percebe, a proposta inicial do PS e o apoio
posterior do PSD, deveu-se à clara adesão de muitos (não temos quaisquer
quantificações) à causa da elevação a cidade. Em 1979, numa situação difícil, o
PS de Jaime Gama terá pretendido apostar numa bandeira eleitoral polarizadora
do eleitorado da Ribeira Grande. À pergunta de Henrique Dédalo se se tratara de
uma manobra eleitoralista, Jaime Gama responde com habilidade: ‘Penso que não, visto que neste momento não
se perspectiva a realização de nenhumas eleições.’ [84]
Quanto a eleições, as autárquicas só seriam
dali a 11 meses, a 16 de Dezembro de 1979, e as Regionais, apenas teriam lugar no
ano seguinte, a 5 de Outubro de 1980. Há um outro dado a ter em conta. Após a
queda em Julho do II Governo de Mário Soares, segundo o Historiador Neil
Lochery, ‘durante o Verão e o Outono de
1978 parecia haver fortes probabilidades de [Soares] vir a ser definitivamente empurrado para o caixote de lixo da História
politica.’[85] Deputado
pelo círculo de Ponta Delgada, sem perspectivas de vir de novo a fazer parte de
um governo nos próximos tempos, Jaime Gama descobre estrategicamente uma causa?
Tirando as dúvidas, tratou-se de uma excelente jogada estratégica. Após a
reputação, por parte do PSD, em 1975, por alegadamente ter atraiçoado na 8.ª
Comissão, encarregada de estudar pontos cruciais da proposta de Estatuto para a
Região Açores, onde era presidente, e de ter enviado tropa de choque do
continente em 1978 quando era Ministro da Administração Interna, pondo contra
si a corrente autonomista e separatista, seria uma oportunidade para fazer as
pazes com uma parte importante da Ilha. Um camarada de partido, José Medeiros
Ferreira define-o assim: ‘imperturbável
no seu papel de moderador da revolução de Lisboa e do radicalismo separatista
dos Açores, bem apoiado pelo PS nacional e regional, e entre certos meios
militares.’[86] Outro camarada, Alfredo Barroso, amigo igualmente, ao
propor ao tio Mário Soares o nome de Jaime Gama para Ministro da Administração
Interno, teve como resposta deste: ‘Mas é
um miúdo [tinha 30 anos].’ Em resposta ao tio, replicou: ‘É mais velho do que muitos que meteu neste
governo’ ‘Se calhar tens razão. E
chamou-o.’[87] Jaime Gama, ao trocar a Ilha
pelo continente, deixou órfão o núcleo local do Partido Socialista, facto que
ainda hoje divide a opinião dos camaradas: A maioria achou mal que o tivesse
feito, outros, poucos, atendendo às circunstâncias (até atearam fogo à sua
residência) compreenderam aquela opção. Apesar de muito jovem, Jaime Gama desfrutava do prestígio de
antigo combatente da liberdade. Fora um óptimo jornalista político e repórter
na Assembleia da República, no jornal República, ainda antes de Abril de 1974.
Quem o diz é Mário Mesquita.[88]
Desde cedo andara ligado aos movimentos oposicionistas, fora preso, colaborara
na fundação da ASP.
Ao PSD não era vantajoso, por motivos eleitorais, ir atrás do
PS de Jaime Gama. Como o PS fora severamente derrotado a nível, local, Regional
e Nacional, havendo o PSD local (Artur Martins) constatado que a Ribeira Grande
queria ser cidade, o PSD entra, a partir de então, a princípio com pezinhos de
lã, no processo, ao contrário da Assembleia Municipal e da Assembleia Regional,
que chumbaram a ideia.
A campanha na imprensa que ocorreu entre 1977, uma
primeira, e a de 1979 a 1981, a segunda, resultou, ao contrário da inexistente
campanha em 1852. A proposta de
elevação a Cidade de 1852, além da publicação oficial nas actas do Parlamento,
sem haver jornais na Ribeira Grande, o Estrela
Oriental só apareceria em Junho de 1852, é dada de forma seca – quase
linguagem tabeliónica -, em páginas interiores na imprensa de Ponta Delgada: uma,
saiu no jornal Correio Micaelense,[89]
outra, em O Correio Micaelense. O Açoriano Oriental publica apenas a parte
da proposta legislativa, omitindo a Memória Introdutória.[90]
Fá-lo ainda no fim de uma extensa coluna, onde enumera outras propostas de
Loureiro. Nem o jornal A Ilha, nem a Revista dos Açores, dão qualquer notícia
acerca do assunto.
A tentativa de 1852, redundou num humilhante fiasco.
Francisco Maria Supico, 11 anos depois, vai direito à questão: por ‘(…) não a
julgaram ainda digna.’ E
acrescenta: ‘Não faltou quem [Quem?
Alguém da própria Ribeira Grande? De fora? Das freguesias da Ribeira Grande? Da
Ilha? Onde? Ponta Delgada? Vila Franca?] mofasse
[escarnecesse] de semelhante iniciativa.’[91]
No século seguinte, Joaquim Maria Cabral, homem de Ponta Delgada (n. 17 de Julho de 1891 – Ponta
Delgada – f. 11de Março de 1964 – Ponta Delgada),
que esteve ligado à Ribeirinha, escreveu algo que talvez possa ser interpretado
como um eco do que se pensava no século XIX: ‘Agitava-se em
delírios, a corrente de opinião pública, afim, de elevar à categoria de cidade
aquela capital do norte da Ilha.’[92]
Além
da persistência de Edmundo, da fase inicial ao desfecho, e na de Jaime Gama, na
fase decisiva, há uma razão adicional. Na década de setenta do século XX, a
maré mudara a favor do aparecimento de novas cidades. No Continente, Amadora e Torres Vedras, foram feitas
cidades, em 1979. Por esta mesma altura, havia sido presente uma proposta à
Assembleia da República, para Vila Real, em Trás-os-Montes, e nos jornais,
falava-se da hipótese de Fátima. Edmundo, um leitor omnívoro de toda a
imprensa, local, nacional e internacional, ouvinte fiel de noticiários e
seguindo os telejornais, decerto estaria a par desta tendência nacional. Jaime
Gama, em conversa connosco, explicou que a sua proposta tinha a ver com esse
mesmo movimento: ‘se estão a fazer de
vilas cidades no continente, a Ribeira Grande, com a monumentalidade conhecida
de todos, merece-o igualmente. Passava pela Ribeira Grande, na ida e na volta
das temporadas na Maia e parava no Café das Meninas Pascoais. Meu pai esteve no
aquartelamento do Lameiro e tinha casa na Ribeirinha onde vivia com a minha mãe.’[93] Dissera-o a
Henrique Dédalo sete dias depois de ter apresentado a proposta, referindo-se à
da Praia da Vitória e à da Ribeira Grande: ‘ambas essas
propostas se inserem numa aspiração histórica das populações das respectivas
Vilas.’ Quanto à
Ribeira Grande, como veremos, sim, no que toca à Praia da Vitória, até ao
momento nada encontrei nada que o comprove esta aspiração anterior. Lançando uma
clara farpa ao PSD, conclui: ‘Creio que é
um projecto admirável e até me admirei que não tivesse sido apresentado há mais
tempo.’[94]
E tinha razão, pois, quer na Ribeira Grande, onde havia uma velha aspiração,
quer na Praia, onde não havia aspiração nenhuma anterior, tendo o PSD local
aderido, obrigou o PSD Regional a ir atrás.
Jaime
Gama conhecia bem a tendência, era Ministro do Interior em 1979, o responsável
pela instalação das novas cidades da Amadora e de Torres Novas. Será que Jaime
Gama estava a par da campanha iniciada em Agosto de 1977? Ao que nos disse, a
esta distância de mais de quarenta anos, desconhecia esta campanha nos jornais
de Ponta Delgada a favor da elevação a cidade da Ribeira Grande. Apesar de não
se lembrar a esta distância, acho que, dado o número de artigos publicados na
imprensa da ilha, seria impossível um candidato pelos Açores (círculo único) a
novas eleições intercalares não conhecer as polémicas. O texto da proposta,
independentemente de ter sido ele ou não a escrevê-lo, atendendo ao seu
conteúdo, é disso prova: ‘(…) a histórica aspiração da respectiva população.’[95]
Teria de o ter lido, na pior das hipóteses. Como soube destas históricas
aspirações? Pelos jornais? Por alguém da terra? Quem? O Padre Edmundo Pacheco?
O Daniel de Sá?
Francisco Cardoso Pereira de Oliveira, deputado Socialista
pelo Círculo da Terceira, colega de Gama, contou-nos
que apresentou a proposta para a Praia da Vitória ser cidade porque Jaime Gama
tinha intenção de o fazer para a Ribeira Grande e porque no continente havia
esse movimento.[96]
Será que havia na Praia da Vitória quem quisesse no passado elevar a Vila a
Cidade? Francisco Oliveira, José Guilherme Reis Leite (Angra do Heroísmo, 25 de Dezembro de 1943 ) e Eduardo Ferraz da
Rosa (n.
1954 – Praia da Vitória), asseguraram-me que
não.[97] Daniel
de Sá, na Assembleia Regional, em Março de 1979, ao argumentar a favor da
Ribeira Grande, dizia isso da outra candidata: ‘Da Praia da Vitória não tenho conhecimento directo, mas sei que a
situação é mais ou menos indefinida. E parece-me que não há hipóteses de se
saber à priori o que as pessoas querem, quanto a mim.’[98]
Será
que o padre Edmundo estaria ao corrente da intenção de Jaime Gama apresentar a
proposta de elevação da Ribeira Grande a Cidade? Ou seria o contrário: Jaime
Gama conhecer a intenção do Padre Edmundo? Será que o PSD o pretenderia fazer
mais tarde e foi surpreendido pela antecipação do PS? Acho que é provável
admitir este cenário. Jerónimo Cabral, natural da Ribeira Grande, amigo do
padre Edmundo, responsável pelo Gabinete de Imprensa da Presidência do Governo
Regional dos Açores, publica um artigo no Açoriano
Oriental a 27 de Janeiro de 1979, em resposta à notícia da entrada da
proposta do Socialista Jaime Gama na Assembleia da República, dizendo isso: ‘Agora, e no início de uma campanha política
que já se nota em certos sectores partidários,
o assunto vem à ribalta, e sem querermos contestar a carga demagógica que tal
proposta vem claramente revestida, só damos o nosso apoio, apenas lamentando
que os puritanos da legalidade pretendam agora estrebuchar, porque outros se
anteciparam, mandando às malvas os escrúpulos burocráticos. Por isso, o nosso
aplauso é incondicional, se bem que não antevejamos grandes proveitos das
auréolas de uma grande Vila se tornar em pequena cidade, mas, a haver, mais
cidades nos Açores, sem dúvida que o lugar primeiro cabe à Princesa do Norte.’ [99]
O
que Jerónimo Cabral quer dizer, sendo responsável pela imprensa oficial, é que
não havia objecção à elevação a cidade, no entanto, não era uma questão prioritária,
e que o PS se antecipara por razões demagógicas eleitorais.
Edmundo mais do que o
ideólogo da nova cidade, foi antes um estratega realista. Paciente. Trabalhava
na sombra. Sem ambicionar quaisquer protagonismos. Entre Agosto de 1977, data
em que Edmundo lança na página que o Correio
dos Açores reservava às coisas da Ribeira Grande, e Janeiro de 1979, o que
viria a ser o tiro de partida que conduziria à elevação a Cidade, os argumentos
andavam à volta de se saber se a Ribeira Grande merecia ou não ser Cidade. A
vereação foi mais a fundo, pois, temendo-se que a nova categoria urbana levasse
ao agravamento de impostos, houve o cuidado de indagar nesse sentido. Quis-se
saber das vantagens e desvantagens de ser ou não cidade. E pretendeu-se
envolver a população. Significa isso que veio à baila o papel que desempenharia
como cidade na Ilha e nos Açores, eventualmente, diferente do que desempenhara
como Vila dentro da Junta Geral do Distrito Autónomo dos Açores. Aliás, pelo
que sei, o mesmo sucedeu à Praia da Vitória. Ainda em 1976, o modelo de
representação das Vilas às Juntas Gerais dos respectivos Distritos esteve para
ser o modelo administrativo adotado pela Região, aliás, como sucedeu na Madeira.
Caso tivesse ido avante, daria mais poder à Ilha e à Ribeira Grande, porém, vingaria outra solução: as três
cabeças desunidas de Distrito passaram a três
cabeças unidas da nova Região, numa sede tricéfala. O seu autor, Álvaro
Monjardino, explica-nos vinte anos depois, onde se baseou: a ‘arca com três fechaduras que existia em
antigas sedes de autarquia – e que, simbólica
e mesmo efectivamente, só poderia abrir-se quando as respectivas chaves, uma na
mão de cada um dos responsáveis, eram usadas em conjunto.’[100]
Monjardino não fala em
chaves, tanto quanto sei, o que sei é que, para um determinado período inicial,
existiam 2 chaves, uma, na posse do Escrivão, outra, na mão de um vereador,
como dispunham as Ordenações Manuelinas.[101] Deve
acrescentar-se (sempre pelas Ordenações Manuelinas) que cada um dos dois poderia
abrir o cofre, porém, em caso algum, o conteúdo poderia sair do edifício da
Câmara. Todavia, um documento dizendo respeito à Ribeira Grande de 1605, já nos
fala destas três chaves e de quem as guardava: ‘Estando todos na Casa da Câmara mandou o dito Juiz vir as chaves da
arca e da caixinha de dentro da caixinha das três chaves onde está saco onde é
costume e os pelouros e a pauta se metem, ao que foi logo satisfeito e veio
logo a dita caixinha à mesa da Câmara onde os ditos oficiais estavam e muita
mais gente do povo e s oficiais velhos que tinham as chaves assim da arca de
fora como da caixinha de dentro e cada um abriu a sua fechadura (…).’[102] Nem
sempre era um assunto pacífico, como se pode ver na acta da vereação de Julho
de 1767: ‘Nesta Vereação apareceu o
Sargento-Mor José Duarte Jácome da Camara Juiz Ordinário que acabou o ano
pretérito de mil setecentos e sessenta e seis para o efeito de fazer entrega de
duas chaves da arca dos Pelouros que em seu poder tinha declarando que a outra
se achava em poder do escrivão desta Camara António de Medeiros Bicudo e que
por vir no conhecimento de que não deviam estar em seu poder as ditas chaves
por ser contra a reforma da Ordenação do Livro Primeiro N.º (?) 67 – 52 (?);
excepto por uso e costume praticado nesta Camara a recebera como Juiz Ordinário
quando se tirou o Pelouro requeria que feito exame e vistoria na mesma Arca se
mandasse fazer entrega das ditas chaves às pessoas a que pertencesse e sobre
este requerimento se determinou que para seguir a forma da sobredita Lei
averiguasse eu escrivão que pessoas serviram de vereadores no ano antecedente
ao em que se fizeram os pelouros (fl. 9v) os pelouros e que se lhe fizesse
aviso para a servirem e acabar na primeira ocasião de vereação e que igualmente
se (…) ao Escrivão da dita Camara António de Medeiros Bicudo para fazer entrega
da que tem em seu poder e durando-lhe ainda o impedimento da moléstia possa
nomear procurador para assistir a dita vistoria e entrega trazendo para isto
especial procuração.’[103]
Sendo nove os membros
da Comissão nomeada/escolhida (não eleita) pelo Presidente da Junta
Governativa, General Altino de Magalhães, também ele não eleito, cinco do PPD/PSD,
três do PS e um independente.[104]
Ei-los: ‘João Bosco Mota Amaral; Américo
Natalino de Viveiros; Álvaro Monjardino; José Mendes de Melo Alves; Fernando
Manuel de Faria Ribeiro; Angelino de Almeida Páscoa; José Arlindo de Armas
Trigueiros; João Alberto Miranda e Roberto de Sousa Rocha Amaral.’[105]
Vendo mais de perto, por Distritos ou ilhas, não fazendo caso
à filiação partidária mas ao local de residência, dos nove membros, quatro vinham
da ilha de São Miguel, os quatro restantes, dois vinham do Distrito de Angra e
dois do da Horta. Não se sabe (não sei pelo menos) se a proposta foi aceite por
unanimidade ou por maioria simples. Há um episódio curioso, que falta confirmar
onde o li, conta-se desta forma: à última da hora houve que corrigir Lisboa que
ia publicar um Estatuto que (semelhante ao que ficaria consignado para a Região
Autónoma da Madeira) seguia as linhas municipais. Estou curioso em apurar, para
depois aqui partilhar, a razão da confusão. Apesar de se dizer que as eleições
Regionais de 1976 foram um referendo a este modelo, [106]
na realidade, nem o Estatuto de 1976, nem o de 1980, foram alvo de referendo.
Aliás, o mesmo sucedeu com o Estatuto da Região Autónoma da Madeira ou com a
Constituição Política Portuguesa de 1976. Em artigo recente alusivo à
comemoração do 45.º aniversário destas primeiras eleições, João Bosco da Mota
Amaral (vencedor e primeiro Presidente do Governo Regional), se, por um lado,
acha que ‘sem exagero pode dizer-se que a
Autonomia Constitucional foi assim referendada com sucesso!’ por outro, não
deixa de testemunhar a existência de vozes contrárias a essa leitura, vozes em
seu entender, minoritárias, que advogavam um referendo ao estatuto.[107]
Bom, se o poder
pertencia às três ‘fechaduras,’ que
papel restaria à futura cidade da Ribeira Grande? Ou à Praia da Vitória? No
século XVI, ao serem Angra e Ponta Delgada promovidas a Cidade, foi-lhes dado
poder de cidade (como as demais do Reino e Madeira) com um propósito claro de
amparo e aguada das armadas vindas do Oriente. Ainda no século XIX, já não com
esse propósito, mas no intuito de melhor administrar o arquipélago, a Vila da
Horta, situada num local estratégico, após tentativas que remontavam ao século
XVII, passou a cidade. Voltando à Ribeira Grande, não se conhece qualquer debate
acerca do papel que a nova cidade iria desempenhar. Não se conhece, pelo menos
até ao momento. Se se tivesse tocado/argumentado no historial da relação de
forças entre os concelhos da Ilha de São Miguel a partir da altura em que foram
criados até 1976, será que a solução teria sido diferente? Por que razão não se
fez? Ter-se-ia corrido o risco de não haver acordo para um Governo da Região? É
provável. O Telegráfo, da Horta, em
Julho de 1981, ainda não havia dado os parabéns às novas cidades, no seu
editorial de 4 de Julho, talvez nos dê a medida do receio de que as duas novas
cidades pudessem afectar o equilíbrio instável entre as três cabeças. Esta é a
leitura que faço, deixo ao vosso critério a vossa. Eis a passagem em causa,
referindo-se à cidade da Horta: ‘Então -
e agora – sempre modesta e prazenteira tem procurado levar vida calma e socegada [sic] de parçaria [sic] com as suas irmãs ilhoas…’, sem as nomear, nem identificar como irmãs,
dá conta de outras duas, num laivo indisfarçado de ciúme de irmã mais velha
pelas irmãs gémeas recém-nascidas, ‘agora
já são cinco e é licito esperar que continuemos a singrar
tranquilamente neste nem sempre mal calmo
de
lutas que poderiam, não raro, ser mais leais e
construtivas.’[108]
E que pensariam as outras duas, Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, de mais duas
irmãs? Não será tanto o que disseram mas o que fizeram? Iremos tentar dar
resposta ao longo deste trabalho.
Houve uma preocupação
em encontrar uma solução para o problema dos 20 000 habitantes que a lei
impunha. Além do mais: a quem competia criar cidades? À Assembleia da República
ou à Assembleia Regional.
Desconheço
o que Edmundo possa ter ou não dito na rádio ou na televisão,[109] todavia,
a julgar pelo que consta dos jornais, podemos estar certos de que não abordou a
fundo o papel que competiria a uma Vila já Cidade. Falou vagamente de direitos
de cidade. Se calhar nem a ele nem a ninguém envolvido neste processo, terá passado
pela cabeça reclamar um lugar de relevo no novo quadro político administrativo
da Região, resultante da ‘Doutrina’ das
três fechaduras.’ Era assim e assim deveria ficar? Não haveria ganhos
negociais a retirar do repetido epíteto da Ribeira Grande como a Capital do Norte? Ou a de há muito
reconhecida por Vila-Cidade? Em 1953, Carreio da Costa abriu e fechou uma
alocução lida aos microfones do Emissor Regional dos Açores identificando a
Ribeira Grande como ‘A Vila-Cidade de São
Miguel.’[110] Não era, como se vê,
apenas Ezequiel a tratar a sua Ribeira Grande como tal.
Estas
‘identificações’ ou outras
designações que o valham, não seriam apenas a prova de pretensões de alguns sonhadores/lunáticos
da ainda Vila da Ribeira Grande? Seria uma amabilidade cortês de alguns de fora
da Ribeira Grande? Seria uma expressão trocista? Ironia? Ironia, troça ou
reconhecimento sincero, facto é que isso não foi usado para o que quer que
desse vantagens à futura cidade.
Tenham
ou não pensado no assunto, quero crer que alguém eventualmente ter levantado a
questão e discutido o assunto nos Cafés da Terra, o Central, o Paraíso e o
Peixoto, nada disso chegou aos jornais. Suponha-se que ao ser cidade, a Ribeira
Grande mereceria uma
atenção diferente da que lhe era então dispensada por parte do Governo Regional
enquanto Vila? O jovem Nelson Janeiro, social-democrata ligada à Junta de
Freguesia da Matriz, a curta distância da elevação, escrevia: ‘Não é sem razão que já estamos a beneficiar
dos efeitos de uma Central-Piloto da Geotermia e da correcção da Estrada da
Ribeira Grande que vem facilitar a comunicação entre a Cidade do Sul e a NOVA
CIDADE DO NORTE.’[111]
O Correio dos Açores, em duas
páginas, com os desenhos do empreendimento, dera no primeiro de Janeiro de 1980
uma notícia fantástica: ‘A empresa
açoriana ‘Projectar’ – Estudos e Elaboração de Projectos de Arquitectura e
Engenharia Civil - acaba de elaborar um projecto que consiste na edificação de
um complexo turístico, denominado Açor, formado por Hotel (5 estrelas) de cento
e dois quartos, Centro Comercial, Bloco Residencial (7 pisos), Bloco
Habitacional (5 pisos) e complementos de diversão-lazer.’[112]
A 15 de Janeiro, dava entrada na Câmara uma proposta: ‘Virgílio Varela Soares – Presente uma carta daquele senhor, expondo uma
proposta de desenvolvimento da Ribeira Grande no âmbito do turismo, propondo a
construção de uma residencial, de um hotel e a criação de um complexo destinado
à prática de provas desportivas, designadamente tiro e pesca, e o
apetrechamento de instalações de actividades culturais.[113] Seria o mesmo da empresa Projectar ou
seria um só de Virgílio Varela?
Em 1979, dez anos após a
inauguração do aeroporto da Nordela, havia mesmo uma forte hipótese de o
aeroporto regressar a Santana.[114] Jaime Gama mostrava a
sua perplexidade acerca dos motivos que haviam levado à troca de Santana pela
Nordela: ‘(…) As razões que determinaram a
escolha da Nordela, com a consequente impossibilidade de prolongamento para uma
pista colocada em tal posição, nunca foram suficientemente esclarecidas nem
indicados os responsáveis técnicos e políticos por tal opção.’[115]
Regressando à campanha pela elevação, Edmundo
lançara, em Agosto de 1977, o isco, manobrava nos bastidores, protegia-se de
exposição pública que levasse o Bispo a censura-lo,[116] ao
mesmo tempo que evitaria ciúmes, eventualmente, acharia que a partilha do poder
viria depois. Então, martelou, qual mantra, uma simples frase transformada em
programa: ‘As
povoações não nascem …cidades, mas, sim, fazem-se cidades.’[117]
Fernando Monteiro, um outro fundador do Circulo, por outras palavras, dizia
o mesmo. Disse-o ao jornal Diário Insular
de Angra, na qualidade de Deputado pelo CDS, pelo Círculo eleitoral de Santa
Maria, que casara na Ribeira Grande, fora aí Presidente da Câmara antes do 25
de Abril e fora um dos deputados além dos cinco do PS a notar a proposta de
1980 apresentada pelo Partido Socialista à Assembleia Regional dos Açores: ‘Há quem considere que uma cidade só o deve
ser quando tiver todas as infra-estruturas necessárias para isso. Eu vou mais
pela ideia antípoda dessa que é uma cidade pode ser cidade antes de ter estas
infra-estruturas.’[118]
Logo após a aprovação pela
Assembleia Municipal da proposta de elevação a Cidade, Nelson Correia Janeiro,
um jovem acabadinho de fazer 19 anos, ligado ao PSD e à Junta de Freguesia da
Matriz, dando a sua posição face ao assunto, dá-nos igualmente a opinião dos
que se opunham: ‘Podem surgir várias e diversas
interpretações tais como o já aludido slogan ‘antes Vila-Cidade de primeira do
que Cidade de Terceira,’
ou então ‘Antes viver reinando do que morrer servindo.’ Pois bem uma Rainha
Portuguesa, cujo nome não interessa, dizia que ‘Mais vale ser Rainha por um dia do que Condessa toda a vida,’ e
tinha razão. Não somos homens de um dia para o outro.’[119]
Uma outra corrente, não
obstante, manter discordâncias (mais privadas do que públicas) acerca da
elevação, terá adoptado uma postura de vamos ver ‘no que isso dá.’ Exemplo desta posição, é a de Jerónimo Cabral, um
homem da Ribeira Grande, que residia em Ponta Delgada, responsável pelo
Gabinete de Imprensa do Governo Regional: ‘se bem que não antevejamos grandes proveitos das
auréolas de uma grande Vila se tornar em pequena cidade, mas, a haver, mais
cidades nos Açores, sem dúvida que o lugar primeiro cabe à Princesa do Norte.’[120]
Voltando a Edmundo, o
seu lema, qual ‘mantra,’ ou ‘slogan,’ não só arregimentou os que eram
favoráveis à elevação a cidade da Vila da Ribeira Grande, mas desarmou (ou,
pelo menos, manteve-os em relativo silêncio) os que em tempos haviam objectado
à sua elevação. Jorge Gamboa de Vasconcelos, que sempre defendera outro
princípio, ‘para a Ribeira Grande ser
cidade é preciso que primeiro corrija os males,’ foi lembrando as tais
obras, mas, nesta altura, não se opôs à ideia da elevação a cidade.
Jorge Gamboa, que nunca fugia a uma boa
polémica, poderia ter aproveitado a ocasião para explicar enquanto Deputado da
Nação, de 1961 a 1965, que não defendendo a manutenção do aeroporto em Santana não
defendera a ida do aeroporto para a Nordela. Confiara a escolha aos técnicos. [121]
Ora, numa altura em que se falava novamente na hipótese do aeroporto da Nordela
regressar a Santana, poderia ter dito isso e acrescentado mais. Aceitou a
transferência, quando não havia mais nada a fazer? Não sei se, por motivos de
obediência ou por realismo político, promoveu ou não a transferência. Seja como
for, nunca nos jornais, mas à boca pequena, nos cafés, as pessoas acusam-no de
Jorge ter sido o culpado da ida para a Nordela. Creio, antes, que Jorge só
desferiu o golpe de misericórdia. Não só para se demarcar da Ribeira Grande, os
termos que usa para descrever Santana, a meu ver, são ofensivos e impróprios. E
imperdoáveis. Jorge poderia ter voltado à carga e não o fez.[122]
Porquê? A Ribeira Grande nunca lutou publicamente pelo aeroporto. Tanto quanto
sei. Seja como for, a decisão da troca de Santana pela Nordela, um local pouco
adequado, resta na obscuridade. É tanto assim verdade que, ainda em 1979,
quando se ponderava o regresso a Santana, Jaime Gama, do Partido Socialista, di-lo
com todas as letras. [123]
Jorge,
por outro lado, não só acompanhou como participou activamente em tudo o que
dizia respeito à cultura e ao património da sua terra natal. Zurziu, travando
futuras intervenções, nos jornais (de Ponta Delgada) no que designou por ‘estilo malhadinha,’ solução de Antoine
Laborde para recuperar edifícios históricos. Antoine convencera a Câmara da
Ribeira Grande da bondade da sua proposta. Não gostou do restauro do tríptico
de Santo André, que Emanuel Félix fez no Centro de Restauro, em Angra, e fê-lo
saber alto e em bom som. Opôs-se, sem êxito, ao parecer da autarquia da Ribeira
Grande (sempre nos jornais) à demolição de uma casa (de Viriato José Moreira) de
três pisos com lintéis de ponta de diamante na Rua El-Rei D. Carlos I. Em Ponta
Delgada, combateu, sem êxito, a construção da Torre do Solmar de
Alcindo Alves, conhecida então pelo ‘Monstro
da Avenida,’ não se coibindo de voltar à luta numa cerimónia oficial na
Câmara de Ponta Delgada.[124]
Sempre
na área da cultura e do património, em 1979 e já antes, seguiu de perto (com
pormenorizadas sugestões) a colocação da Estátua de Gaspar Frutuoso, tendo sido
o orador na inauguração.[125] A entrega da estátua e o local onde seria
colocada, conheceu episódios diversos. Em 1972, por discordar da localização
prevista, no Largo das Freiras, recusara convite semelhante da Câmara.[126] A
encomenda da estátua tivera origem numa proposta de 1961 do vereador Ventura
Rodrigues Pereira, sendo Presidente António Augusto da Mota Moniz. Em 1963, esperava
que fosse inaugurada em breve e colocada em lugar adequado. [127]
No mesmo trabalho, na folha de abertura adiantava o ano de 1963 e no Largo
Gaspar Frutuoso.[128] No
entanto, a estátua só chegaria à Ribeira Grande numa data próxima de Fevereiro
de 1972? [129]
Como explicar que escultor avisasse a autarquia em Julho de 1965 que a
estátua chegaria a São Miguel a 30 de Setembro no vapor Funchal?[130] Que
se terá passado? Há quem diga que foi devolvida inicialmente para alguns
acertos, tendo posteriormente sido reenviada.[131] A
Ventura Pereira, ficara-se a dever, entre muitas outras coisas, o busto da
Madre Teresa da Anunciada[132]
e ‘as placas [toponímicas] cerâmicas de forma elíptica, marginadas por
grinaldas de folhas de louro imbricadas, tão típicas da Ribeira Grande, que,
nos cantos das suas ruas, passaram a recordar os nomes esquecidos.’[133]
Seria Ventura e não Jorge, caso não estivesse emigrado no Canada, como o
próprio Jorge nos diz, quem seria o orador: ‘Ausente
no Canadá, para onde emigrou há quinze anos, ninguém mais do que ele desejaria
estar aqui neste dia em que se concretiza a sua ideia. Na impossibilidade de assim acontecer que ao menos o seu
nome e a sua acção estejam, nesta hora, presentes na nossa memória e no nosso
reconhecimento.’[134] Até porque Ventura
publicara em 1963 um trabalho sobre Gaspar Frutuoso.[135]
Aliás, referido por Jorge. Jorge fez o discurso e publicá-lo-ia em 1979
ou no ano seguinte,[136] fez
parte, até desistir, em finais de 1980, alegando não terem em conta as suas propostas,
da Comissão de Instalação da Casa da Cultura da Ribeira Grande.[137] A
poucos dias da cerimónia oficial de elevação a Cidade, ofereceu ‘à terra onde nascera,’ a pedra cimeira
do pelourinho.[138] Foi
o guia, ainda em 1981, de um programa produzido
pela televisão de cariz histórico e urbanístico sobre a Ribeira Grande.93 Comissariou ainda uma exposição fotográfica, sendo as
fotografias de Gilberto Nóbrega. Escreveu,
na ocasião das Festas de 1981, em Junho, para três jornais acerca da Ribeira Grande,
em 26, sobre o pelourinho da Ribeira Grande, a 28 sobre o Hospital, do que fora
e do seria desejável que fosse no futuro, e a 29, sobre ‘Relíquias artísticas
da Ribeira Grande.’[139] A 12 de Julho, de 1981, incluído no programa das
Festas da Elevação a Cidade, Jorge Gamboa, no Salão Nobre dos Paços do
Concelho, pelas 21 horas, apresentou o trabalho ‘El-Rei D. Manuel I e as largas perspectivas urbanas que o seu Foral de
1507 abriu à nova cidade da Ribeira Grande.’[140]
Neste, partindo do Foral de 1507, sem deixar escapar a oportunidade de
reafirmar a sua opinião de sempre, compara o Foral com o Diploma de Cidade, avançando
com o que julgava ser urgente: ‘A estrada
de Circunvalação e a Avenida Marginal, são, pois duas infraestruturas
indispensáveis para o bom ordenamento do território e para o progresso
económico e social da Ribeira Grande, e, como tal, elas devem ser obras
prioritárias.’[141]
A apresentação a 12 de Julho de 1981, era a
concretização da segunda de três deliberações da Câmara, a primeira, a
colocação da presumível parte cimeira do pelourinho no interior do edifício da
Câmara, ocorrera ainda antes do dia oficial da elevação a Cidade, e a terceira
teria lugar a 2 de Julho de 1983, com a inauguração do vitral.[142]
O vitral, que fora encomendado pela Câmara em 1981 à Casa J. Alves Mendes, de
Lisboa, ‘não é mais do que a reprodução
exacta em vidro colorido, de uma gravura do século XVIII.’[143] A
2 de Julho de 1983, dois anos após a elevação a cidade, Jorge foi o orador
oficial das comemorações.[144]
É provável que o desempenho de Jorge na inauguração
da estátua de Gaspar Frutuoso tenha levado a Câmara de Ponta Delgada, onde
transferira a sua residência, apesar de manter o consultório na Ribeira Grande,
a convidá-lo em 1980.[145]
De facto, a 2 de Abril de 1980, para comemorar o 434.º aniversário da elevação
a Cidade do Lugar de Ponta Delgada, Jorge apresentou um trabalho que de seguida
a Câmara publicou.[146]
A estrutura deste trabalho sobre Ponta Delgada é semelhante à que apresentaria
em 1981 na Ribeira Grande. É possível que a Câmara da Ribeira Grande,
representada a 2 de Abril na comemoração do aniversário de Ponta Delgada, na
pessoa do Presidente Artur Martins, tenha tido a ideia de pedir a Jorge para
fazer algo de semelhante na sua terra natal.
Caso quisesse, Jorge poderia ter sido um adversário temível da elevação a Cidade da Vila
da Ribeira Grande. Por que razão se terá calado? Terá sido por respeito à
memória de Ezequiel Moreira da Silva, seu antigo professor do Colégio Gaspar
Frutuoso? Edmundo, nascido em 1925, lembrar-se-ia do ataque em 1949 de Jorge às
pretensões de passar a ser Vila-Cidade. Atacando as insuficiências da terra, Jorge
atacou o Presidente. Jorge e Lucindo (presidente) nunca mais se falariam.[147] A
2 de Abril de 1980, no 434.º aniversário da cidade de Ponta Delgada, Jorge
apenas fala na única cidade da Ilha.[148]
Será que podia aí referir as pretensões da Ribeira Grande amplamente noticiadas
nos jornais, na rádio e na televisão, ou seria algo inconveniente? Em Abril o
processo da Ribeira Grande já não era monopólio do PS, o PSD já aderira.
A
meu ver a contenção de Jorge, explicar-se-á
por várias razões. Terá a ver um pouco com a idade. Jorge passava dos setenta
anos, estava na altura de deixar a sua marca na sua terra. Não quis ficar para
a História com a fama de se ter oposto à elevação a Cidade, até porque a ideia
ganhara muitos e bons adeptos. No fundo, era uma questão que pouco
lhe interessaria, o que verdadeiramente importava era o que se fazia para
desenvolver a terra, fosse Vila ou de Cidade.
A sua aceitação/tolerância da ideia de cidade para a Ribeira
Grande, decorrerá também de um sentido de oportunidade. Em Setembro de 1981, a
poucos meses do encerramento das festas de elevação, em que participou
activamente, Jorge confessava: ‘Estou
certo pois que A AVENIDA LITORAL DA RIBEIRA GRANDE que nunca foi possível fazer
nas últimas oito décadas do nosso século, por falta absoluta de meios materiais
e humanos, encontrará agora naqueles grandes impulsionadores do progresso da
nossa terra os agentes providenciais da sua realização. Que esta esperança
possa ser convertida em realidade ainda em nossos dias, são os votos ardentes
que faz o velho ribeiragrandense.’[149]
Uma
outra possível razão? Ao explicar porque aceitara o convite da Câmara para ser
o orador da inauguração da estátua de Gaspar Frutuoso, Jorge tenta perceber,
primeiro, as razões que teriam levada a Câmara a convidá-lo: ‘que fosse um velho ribeiragrandense que aqui
falasse.’ Seguidamente, achando necessário dar a razão da sua aceitação,
acrescentou: ‘Esta dupla qualidade de
velho e de ribeiragrandense não me permitiu declinar o convite.’ Mas fê-lo
com gosto, até porque ‘aos velhos é
sempre grato evocar os homens e as coisas do Passado; aos filhos da Vila-Cidade
é sempre difícil resistir ao imperativo das suas solicitações.’[150]
Pode parecer absurdo, no entanto, fora da esfera
político-partidária, creio que Jorge e Edmundo, apesar de não trabalharem em
equipa, foram duas das faces mais importantes da elevação a Cidade. Por que
razão o astuto Presidente Artur Martins os puxou para junto de si, numa altura
em que o PSD liderava o processo de elevação a Cidade? Acho que não preciso de
lhe perguntar: eram essenciais. Primeiro, a ideia ganhara raízes nas duas
freguesias da Vila (Conceição e Matriz). Gente de todas as idades e quadrantes
políticos haviam aderido à ideia. Enquanto Edmundo actuou nos meios de
comunicação sociais, sem se expor, agia nos bastidores e não procurava
protagonismo, Jorge agia de peito aberto, expondo-se, dando a cara, como
sempre. O primeiro não era temido, não causava sombra a ninguém, era amado, o
segundo, individualista, rebelde até mesmo quando fora deputado de Salazar,
brilhante, era respeitado mas temido. A juventude esclarecida, mesmo
discordando das posições políticas de Jorge, admirava-o. Creio que a terra
também. Jorge sabia como construir uma cidade. Leia-se com atenção um
espantosamente lúcido artigo que dedicou ao desenvolvimento da jovem cidade da
Ribeira Grande.[151] Sendo
Delegado de Saúde, responsável pelo Hospital, tendo consultório, Jorge conhecia
como ninguém a terra e as pessoas. Impunha distâncias, era até agreste, intolerante
com a estupidez e mesquinhez, porém, sendo durante décadas Delegado de Saúde,
conhecia a terra e as pessoas como ninguém na terra. Jorge nunca desistiu da
sua terra. Numa carta aberta de 1982 saudando Francisco Xavier Araújo Rodrigues e
Duarte Manuel Carreiro Maré, dois jovens que concordavam publicamente com as
suas propostas, desabafava: ‘umas vezes ouvido com respeito e boa
vontade pelos Presidentes da Câmara, outras sem atenção e de má vedonho até
noutros repelido tal como se fosse um verdadeiro inimigo público.’[152]
Jorge sentia-se encantado por ter alguém da nova geração do seu lado. Já o
dissera a Nelson Correio Janeiro, outro jovem que o admirava. Jorge sentia-se
rejuvenescer, ele que nunca conhecera apoios daquela forma ao longo da sua
longa vida pública.
Assim como Edmundo investiu o seu prestígio adquirido
com a sua colaboração nos meios de comunicação social, Jorge foi a garantia da
História da terra e o visionário urbanista que nunca desiste das suas ideias. Jorge
gozava de um enorme prestígio pela sua cultura em toda a ilha (entre as pessoas
mais cultas). Não nos devemos esquecer que o Diploma da Elevação a Cidade
refere grandemente a componente histórica da Ribeira Grande.[153]
Edmundo foi monárquico, chegou mesmo a ter simpatias pelo Integralismo Lusitano, aliás, como foi vulgar no tempo em que foi. [154] No entanto, logo a seguir ao 25 de Abril, impulsionou a criação de uma secção do Partido Socialista na Ribeira Grande.[155] Mais tarde, em 1982, apoiou a candidatura de Fernando Monteiro e na década seguinte apoiou a candidatura de Ricardo Silva.[156]
No chamada ‘Verão
Quente de 1975,’ apesar de ser adversário do Partido Comunista e das
esquerdas marxistas, a exemplo de Mário Borges e de outros, para citar alguns
da Ribera Grande, como jornalista, não assina mas só pode ter sido ele, anunciou
a perseguição de modo humano: ‘[Na Ribeira Grande] Cerca das 21 horas de anteontem [19 de Agosto] numerosas pessoas juntaram-se no Largo do Jardim, à residência do
conhecido e destacado militante do Partido Comunista Português, Senhor Doutor
Manuel Barbosa, que, nesta ocasião já teria vindo para Ponta Delgada, a fim de
tomar, mais tarde o avião para Santa Maria. O grupo popular concentrou-se, em
seguida, em frente do CADAR, com o intuito de esvaziar dali todo o recheio,
visto o consenso público afirmar ser aquele centro associativo de índole
comunista. A P.S.P. conseguiu demover os populares da sua intenção, salientando
que no andar de cima fica a Biblioteca Pública e ao lado uma secção do Arquivo
da Câmara Municipal. Finalmente, os manifestantes foram à Esplanada Peixoto,
trazendo três indivíduos, ao que parece, militantes do P.C.P., os quais foram
entregues à P.S.P. que por sua vez, e segundo se diz, os colocou à guarda das
Forças Armadas.’ Esta parte final diz-me directamente respeito, porquê?
Chegara a 15 de Agosto de Rhode Island e fora acampar para as Caldeiras: ‘Ainda os manifestantes tentaram descobrir
o paradeiro de outros elementos simpatizantes do Partido Comunista, mas não o
conseguiram. Não se registou nenhum ferimento, havendo apenas o lançamento de
fogo a roupas de indivíduos conhecidos pelas suas simpatias ao P.C.P. e que
estavam acampados nas Caldeiras da Ribeira Grande. Os manifestantes, em número
reduzido, foram àquele local mas não encontraram ninguém trazendo, então,
roupas que, junto ao Jardim Público foram incendiadas.’[157]
Levei anos a aceitar que amigos da escola, do futebol, das poças, pudessem ir
atrás de amigos com correntes e com cães de fila. Quem não comunista dê um
passo em frente? Não era nem sou e não dei passo nenhum. Antes de casar, o
Padre Edmundo ainda avisou o meu futuro sogro: sabe que ele é comunista?
Bom, acima de tudo, Edmundo era da Ribeira Grande,
ponto final. Mais, rapidamente nos tornamos amigos. Voltando ao tema. Aos
poucos, a campanha uniu gente ligada a todos os partidos e movimentos à volta
do ideal de elevação a cidade: da direita à esquerda. Não sei se mesmo terá
conseguido apoio da gente ligada ao PCP, pelo menos obteve apoio tácito do
velho comunista Dr. Manuel Barbosa. Barbosa, que assinava O Avante (a terra inteira via-o nas suas caminhadas – idas e vindas
à rua Direita -, sobraçar o Avante
provocadoramente com a foice e o martelo bem visíveis), estava ao corrente de
que fora o seu partido a promover a elevação da Vila da Amadora a Cidade.
Aliás, Barbosa ao contrário, essas são palavras suas, de ‘certos ribeiragrandenses,’ que ‘a
Ribeira Grande não tem alma de cidade,’ o que poderia ser interpretado como
‘a Ribeira Grande nunca poderá ser cidade,’
contrapunha ‘não tem cultura de cidade.’
Faltavam-lhe ‘jornais, livrarias, grupos
de teatro, biblioteca pública, centros de recreio e de convívio.’[158]
Era capaz de ser cidade a valer, e todo o livro aponta nesse sentido, se se
apetrechasse daquelas estruturas: ‘pode
dizer-se que nesse momento findou a Ribeira Grande de meados do século, dando
lugar à pequena urbe dos nossos dias que para ser civilizada ainda precisa de
ver o seu Teatro restaurado, o seu complexo educativo, com Museu e Biblioteca
Municipal (…) e… que deixe de fazer da
via pública vazadouro do lixo de toda a espécie.’[159]Além
do que escreve no livro, Barbosa publica nos jornais o que pensa. Em 1983
dedicara-se à importância dos livros e dos arquivos na nova Cidade.[160]
Neste mesmo ano, argumenta que ‘Toda a cidade que se preza tem pelo menos um
bom Teatro,’ e propõe ‘à Câmara
Municipal a compra do Teatro Ribeiragrandense.’[161]
Aliás, já em Fevereiro de 1949, chegado à Ribeira Grande há menos de seis
meses, a meio da polémica se seria ou não já uma Vila-Cidade, após colaborar
com sugestões, Barbosa já pensa a Ribeira Grande, deixando um recado que recolhera
na leitura de um livro de Ortega Y Gasset: ‘En una casi ciudad,/Uns casi caballeros,/Sobre unos casi
caballos,/Hicieron casi un torneo.’[162]
Além disso, todo o seu magistério no Externato Ribeiragrandense vai
nesse sentido. À sua maneira, Barbosa ajuda e apoia a criação da nova cidade.
Edmundo
era amigo de infância do Dr. José da Estrela Rego, nascido na Matriz da Ribeira
Grande, do Dr. Rui Galvão de Carvalho, professor de Filosofia, ou do Dr. José
da Silva Fraga, cujo pai fora anos e anos vereador da Câmara Municipal da
Ribeira Grande. O seu feitio afável, caloroso, bom ouvinte, foi fazendo amigos,
foi ultrapassando obstáculos.
Os
artigos saídos nos jornais, as notas dos noticiários da televisão ou da rádio,
ajudaram a criar uma opinião favorável à elevação a cidade. Tanto assim foi
que, num ‘inquérito de rua levado a cabo
pela Televisão,’ o resultado foi concludente: com algumas poucas vozes
discordantes, os da Ribeira Grande queriam que a sua vila fosse cidade.[163]
Artur Martins, em 2003, recorda: ‘Como se tratou, de
facto, de uma mudança, apareceram logo os ‘Velhos do Restelo’ a discordar desta
medida. Por outro lado, surgiram grupos e organizações empenhadas na defesa
desta proposta, apesar de não existirem razões afectivas que levassem os
ribeiragrandenses a tomar a iniciativa de propor a elevação da Ribeira Grande a
cidade. Depois, suscitou-se um debate acesso
[aceso?] na Comunicação Social, na Câmara
Municipal e na Assembleia Municipal. Veio a concluir-se que o processo deveria
ser dinamizado na Assembleia Regional, uma vez que a Região tinha órgãos
deliberativos com competência e legislação própria. Passado algum tempo, a
Ribeira Grande atingiu, de facto e de direito, o estatuto de cidade, através de uma proposta consensual e
unânime da Assembleia Legislativa Regional, tendo festejado, com pompa e
circunstância, este acontecimento.’[164]
No Domingo dia 28 de
Junho, véspera da cerimónia oficial de elevação oficial da Ribeira Grande a
Cidade, no número especial de O Correio
dos Açores dedicado à Ribeira Grande, Edmundo Manuel, pseudónimo
jornalístico do Padre Edmundo Manuel, avisava: ‘As povoações não nascem …cidades, mas, sim, fazem-se cidades.’[165]
Edmundo era um homem de 55 a caminho dos 56 anos, estaria felicíssimo, pois,
conseguira chegar aonde muitos ao longo de séculos não haviam chegado. Edmundo,
sacerdote, com a terra no coração, optara sempre pela terra. Sem ilusões, mas
com muita esperança, avisava: ‘Fazer uma
cidade por capricho de nada vale. Porém, elevar à categoria urbana, um centro
populacional, por ele possuir condições para o efeito - como é, sem favor, o
caso da Ribeira Grande, é contrair a todos os níveis, o compromisso de dotá-lo
dos meios indispensáveis para o tornar numa cidade cada vez mais moderna, mais
valorizada, mais enobrecida.’[166]
Na mesma edição, Victor Borges da Ponte [n. 1955?], jovem advogado, então vice-Presidente
da Câmara da Ribeira Grande, eleito pelo PSD, em 1988 viria a ser Director da
II Série do Jornal Ecos do Norte da
Ribeira Grande, escrevia a este mesmo propósito: ‘A responsabilidade dos que assistem, e até promoveram a elevação, é
grande. Os vindouros os julgarão. A grande tarefa não era promover a elevação
de uma Vila (-Cidade) a Cidade. A grande tarefa é sim desenvolver e criar as
condições para que o título de cidade haja cidade merecido e não passe apenas
do título.’[167]
Como? Resposta: ‘Aos órgãos do poder
compete criar as estruturas necessárias para que os particulares ponham em
prática os seus projectos, as suas iniciativas, mas a ambos em conjunto cabe a
obra de desenvolvimento. A administração não pode esperar que tudo parta da
iniciativa privada. Mas os particulares não podem esperar um milagre público.’[168]
A escritora Maria de Fátima Borges [13.12.1943 – f. 2020], vivendo toda a sua vida na Ribeira Grande, terra onde nasceu, na
altura com 37 anos de idade, em 1988 seria vice-Directora da III Série do Ecos do Norte, no mês da elevação a
cidade afinou pela mesma opinião de Edmundo Pacheco, sua vizinha da rua de
Nossa Senhora da Conceição: ‘O seu futuro
será o resultado das suas realizações e das suas potencialidades, acabadas umas
e conduzidas outras por aqueles que, à frente dos seus destinos ou nos
bastidores da sua cena, a tem feito e a farão crescer.’[169]
Em 2002, o Padre Edmundo confessa a Hermano Teodoro [n.
16 de Novembro de 1963 – Ribeira Grande – f. 13 de Novembro de 2014 – Ponta Delgada] o papel que desempenhou na elevação a cidade: ‘Nos anos setenta, no Jornal Correio dos
Açores batalhei imenso para que a Ribeira Grande fosse cidade. A convite do
ex-Presidente da Câmara Artur de Sousa Martins fiz parte da Comissão que viria
a delimitar então a área citadina.’[170]
Em 2012, três
décadas depois do texto de Edmundo publicado no dia de véspera da elevação a
Cidade, Edmundo respondia sem hesitar à pergunta de Alexandre Gaudêncio, seu biógrafo, se ‘Hoje em dia, quando
olha para trás, não se arrepende de ter lutado para que a Ribeira Grande fosse cidade:’ Não.[171]
Nas bodas de prata de Cidade, já o havia escrito cinco anos
antes,[172]
o escritor Onésimo Teotónio de Almeida [n.
18-12-1946], natural do Concelho, da Freguesia do
Pico da Pedra, para exprimir o que pensa, usa as palavras de Daniel Augusto de
Sá, conhecido apenas por Daniel de Sá [n.
2-03-1944 – f. 27-05-2013], outro escritor
natural do Concelho, da freguesia da Maia: ‘O Daniel de Sá
explicou então tudo, naquela maldade que na sua bondosa alma só ele sabe ter: a
Ribeira Grande foi promovida a cidade, falta agora promover a ribeira a rio.’[173]
Um cidadão culto e influente de
Ponta Delgada, onze anos depois da elevação da Vila da Ribeira Grande a cidade,
escreveu: ‘A Vila passou a cidade, talvez
mais por bairrismo dos seus habitantes, do que por credíveis e potenciais
predicados (…).’[174]
Alfredo da Ponte [n. 5 de Agosto de
1962 – Matriz Ribeira Grande], à altura da
elevação, um irreverente e inteligente adolescente de 18 anos de idade, com ‘queda para as quadras improvisadas,’ natural
do centro da Ribeira Grande, presentemente emigrado há décadas na América e
grande defensor na diáspora da Ribeira Grande, onde tem escrito e publicado
sobre ela, a pedido do Padre Edmundo escreveu algumas quadras alusivas à
ocasião (que não foram publicadas). Espelharão (não se procedeu a inquéritos) a
opinião do comum dos do centro da Ribeira Grande. Destaco das várias quadras,
após elencar vários aspectos a corrigir, as duas finais, que resumem o modo
ambígua com que a terra encara a elevação a cidade:[175]
Vamos
nos capacitar
Que
temos tarefa em frente
Muito
há que trabalhar
Para
sermos boa gente.
Se a
gente corresponder
Com a
força da vontade
Então
se há de dizer:
Vivemos
numa cidade!!!
E uma mulher da Ribeira Grande,
longe da sua terra, de Ponta Delgada, escrevia à Câmara o que foi vertido em
acta: ‘Como ribeiragrandense, não podia calar a minha alegria, por ver
concretizado o sonho de duas gerações. A nossa querida Vila-Cidade ser ontem
elevada a Cidade. Não deixo de reconhecer
que ainda lhe falta muito, para que seja uma cidade menos dependente de Ponta
Delgada, que com o tempo e a boa vontade de todos se irão resolvendo, todas
essas faltas. Tomei a liberdade de escrever a Vossa Excelência como o mais alto
representante do povo do nosso Concelho, e enviar a minha humilde, mas sincera
homenagem à terra onde nasci, a qual muito amo. Com os maiores agradecimentos
por todo o trabalho de Vossa Excelência, dos senhores vereadores e
colaboradores, que se empenham pelo engrandecimento da nossa Cidade
subscrevo-me com muita consideração – Maria da Conceição.
À
jovem cidade da Ribeira Grande.
Ó
minha Ribeira Grande, Quanto amor sinto por ti, Foste meu berço sagrado, Terra
onde eu nasci.
Ó
minha Ribeira Grande, Tu já és uma Cidade, Hás-de crescer mais ainda, em
beleza, progresso e unidade. – Se Deus quiser e os teus Filhos, Terás uma boa
sorte.
E
um dia serás ainda a Capital do Norte. Já não será nos meus dias. Tudo leva
tempo a chegar. Meus netos terão a alegria, De ouvir assim chamar?
Sou
de gente muito humilde, Que nada tinham para dar, A não ser a alma grande. E o
coração para te amar – Meus versos tão pobrezinhos, Não dizem nada de novo,
Traduzem o que vai na alma, De uma mulher do Povo. Cinco de Junho de oitenta e
um Maria da Conceição Melo (acima referida – Largo da Matriz, sessenta e três
Ponta Delgada).’[176]
A alegria foi enorme. Um senhor,
pai de conhecidos meus, emoldurou a edição especial do jornal Correio dos
Açores da véspera da elevação a cidade.[177]
E não foi o único caso.
Um
retrato pintado pelas palavras de Manuel Barbosa (n. 17-12-1905 –
Ponta Delgada – f. 27-07-1991 – São Brás de Alportel),
que conhecia a Ribeira Grande, militante do
PCP, Director do Externato, expulso da Ilha por motivos políticos, nas suas
memórias Memória da Cidade Futura, publicadas a escassos sete anos da elevação
a cidade, mostra-nos a Ribeira Grande como Barbosa a vira e via: ‘Certos ribeiragrandenses costumam dizer na
linguagem metafísica tão a seu gosto que a Ribeira Grande não tem alma de
cidade. Não aceito esta tese porque, sendo a alma coisa de inato, equivaleria a
dizer que a Ribeira Grande jamais poderá ser cidade. Proponho pois a sua
substituição pela de que a Ribeira Grande não tem cultura de cidade. Assim está
certo: não tem jornais nem livrarias, nem grupos de teatro, nem biblioteca
pública, nem centros de recreio e convívio. Tem autarquias, mas não funcional
como autênticas alavancas de progresso, tem escolas, mas a acção pedagógica não
extravasa dos seus muros, tem bandas de música, mas pouco mais são que
apêndices das festas religiosas. Quando todas estas instituições deviam actuar
em perfeita sincronia com a vida colectiva, fecundando-a e dela recebendo
estímulo e seiva vivificante, ou não existem ou, se existem, actuam em
compartimentos estanques e sem nível.’[178]
Dois
jovens que haviam estado na fundação do CADAR, um da Conceição o outro da
Matriz, achavam que ‘A elevação da
Ribeira Grande a Cidade foi um acontecimento importantíssimo na nossa geração.’[179]
O que pensavam as freguesias do Concelho fora da sede do
Concelho? No 26.º aniversário de Cidade, o escritor Cristóvão de Aguiar,
natural do Concelho, nado e criado no Pico da Pedra, há quatro décadas fora da
ilha, diz isso: ‘Pode-se e deve-se introduzir aqui a questão
de saber se esta mudança de estatuto lhe trouxe ou não benfeitorias. Neste como
em outros campos, as opiniões dividem-se. Ou dividiram-se. Os que se
contrapuseram a que a Vila ascendesse à categoria de cidade trouxeram à colação
um argumento de grande valia: mais vale uma Vila de primeira categoria que uma
cidade de terceira… E
a Ribeira Grande, sem dúvida, encontrava-se no primeiro caso – uma das
primeiras do país, na insuspeita opinião do historiador, Doutor João Bernardo
de Oliveira Rodrigues, de saudosa memória!’[180]
E o que pensava o próprio Padre Edmundo tempos
depois da elevação a cidade? Em 2012, Alexandre Gaudêncio, seu biógrafo,
perguntando-lhe se ‘Hoje em dia, quando olha para trás, não se arrepende de ter
lutado para que a Ribeira Grande fosse cidade,’ a resposta é clara: não se arrepende. E acrescenta a
razão: ‘porque nota uma grande
evolução no concelho desde então.’[181]
Refira-se que, entre pessoas do Concelho com cargos
importantes nos aparelhos partidários e na Assembleia Legislativa Regional,
verificou-se um total alheamento (por exemplo: Natalino de Viveiros, Álvaro
Dâmaso ou João Vasco Paiva) ou uma defesa quanto baste (Daniel de Sá). A cidade
era Ponta Delgada. Leia-se com atenção uma intervenção de Daniel de Sá, do
Partido Socialista, natural da Maia, a defender a pretensão. Ao defender em
1979 na Assembleia Legislativa Regional a causa, não resistiu a introduzir em
tom desdenhoso, o seguinte: ‘É
absolutamente inequívoco no caso da Ribeira Grande, que há muitos anos se fala
de Vila-cidade da Ribeira Grande, um título assim parecido como o de
Conde-Barão. Portanto, há muitos anos que na Ribeira Grande se fala na Vila,
nas aspirações que ela tem a tornar-se cidade.’[182]
Havia
os que pelos cafés e à voz resguardada das secretarias, opunham-se à pretensão
da Ribeira Grande, a estes, Salomão Adrehi, amigo do padre Edmundo Pacheco,
colaborador do Correio dos Açores, um
homem de Ponta Delgada, respondeu: ‘As
razões invocadas para que a nobre vila nortenha da Ribeira Grande não seja
elevada à categoria de Cidade, sendo pueris, débeis e descabidas, não nos
convencem.’ Salomão
Adrehi foi durante muitos anos jornalista e colaborador do Correio dos
Açores. Era judeu e bateu-se muito pela preservação da Sinagoga de Ponta
Delgada, mas já não teve vida para assistir à recuperação do templo judaico.
E questiona-os: ‘Precisamente
na altura em que Ponta Delgada celebra quase cinco séculos da sua História como
cidade – a 2 de Abril -, seria de interesse saber se na ocasião em que tal
facto se verificou, também houve a fermentação burocrática e talvez política de
agora, com este caso da Ribeira Grande….’
Desferindo, por último, um argumento convincente: ‘Seria igualmente interessante se a então
Vila de Ponta Delgada, já possuía nesta época os tal 20 mil habitantes e as
tais estruturas, e agora faltam à vila da Ribeira Grande e são a principal
razão ou segredo das escusas ao honroso galardão aos seus merecimentos.
Embora sem dados
concretos sobre o assunto, parece-nos bem que não. Era simplesmente uma grande
vila, constantemente a progredir, pela razão do trabalho honrado e persistente
dos seus habitantes e nada mais.’[183]
Mas o que foi isso
da elevação da Vila da Ribeira Grande a Cidade?
Precisamos de
compreender não só como foi feita cidade mas se lhe foi dado os meios para –
usando as palavras atribuídas por Onésimo a Daniel de Sá -, ‘passar de ribeira a rio.’
‘Há uma boa e uma má maneira de fazer a História? Sem dúvida. Uma maneira má é esquecer a relação entre os factos e as suas causas ou consequências. Os factos não acontecem por acaso. Temos sempre de os medir, situar, contextualizar, atribuir a um sujeito. Só assim podemos fazer deles uma narrativa. Só assim podemos fazer boa História. Além disso, temos de respeitar os factos sem pretender julgá-los. Também não podemos pôr os factos (ou seja, a sua narrativa) ao serviço de uma causa, por melhor que ela seja.’
Leiderfarg, Luciana (textos, Tiago
Miranda (fotografias), Entrevista José
Matoso, in Revista do Expresso, 19 de Fevereiro de 2011, p. 49.
Como foi nascendo a ideia de se fazer a História da
Elevação a Cidade?
As respostas (se
alguma vez as tivermos) só podem ser esboçadas com muita pesquisa.
Aliás, ainda antes de se alcançar a elevação a cidade, nas páginas de o Correio dos Açores, na página do Padre
Edmundo Pacheco, surge uma sugestão de Rocha Pontes, vereador socialista na
Câmara da Ribeira Grande, da ‘Criação de
um Dossier de Ribeira Grande.’[184] Vamos
à fonte, à acta da reunião de 14 de Março de 1979. A Vereação era dominada
pelos quatro vereadores eleitos pelo PSD, sendo o Presidente Artur Francisco de
Sousa Martins, e os restantes três vereadores, António Guilherme do Couto
Pimentel, Milton Manuel de Medeiros Costa e João Gouveia Moniz. Os restantes
três vereadores, dois eram afectos ao PS, António Manuel Machado Rocha Pontes e
Mário Borges e o terceiro eleito pelo CDS, Armindo de Melo Moreira da Silva, fora
eleito pelo CDS. A acta, que foi enviada ao Padre Edmundo, foi feita por Maria
Leonor Amaral da Silva Botelho.[185]
A
proposta partiu do socialista António Manuel Machado Rocha Pontes. Recorde-se
que a primeira proposta de projecto de elevação a cidade foi apresentado pelo
deputado socialista Jaime Gama. Comecemos pela introdução, que demonstra o
debate que a questão suscitou nos diversos meios de comunicação social dos
Açores: ‘na semana que
findou, o caso da passagem da Vila da Ribeira Grande a Cidade foi difundido com
a grandeza própria do meio aonde estamos inseridos, quer por entrevistas, quer
por críticas através da Imprensa, da Rádio e da Televisão, fazendo-nos
despertar do habitual e característico letargo, para um melhor consentimento na
solução de tão polémica questão.’
Argumenta
de seguida a razão da sua proposta: ‘Receando
de que este assunto, de tão grande importância para o futuro desta terra, fique
disperso e, por tal facto, a perder o seu sentido lógico e cronológico, o que
seria de lamentar para as actuais gerações e vindouras.’
Eis
a proposta, na íntegra, por a considerarmos importante: ‘Vimos propor a organização e continua actualização de um ‘Dossier
Ribeira Grande a caminho de cidade,’ o qual incluiria todos os artigos,
propostas e entrevistas, afim de permitir uma fácil consulta e estudo a quem o
assunto possa a vir a interessar.’
Por
certo fruto de trabalho prévio, António Manuel Rocha Pontes não só sugere a
estrutura do trabalho como escolhe quem o deveria fazer de uma forma minuciosa
como invulgar em reuniões desta natureza: ‘Para
uma melhor ordenação ou arrumação do Dossier em causa, sugerimos: Primeiro –
Introdução – Vila Cidade – Pesquisa e consulta a tudo o que nos deixou em obra
escrita e falada o nosso Amigo e saudoso Senhor Ezequiel Moreira da Silva na
pesquisa, na organização e na compilação desta Introdução sugeríamos o Senhor
vereador Armindo Moreira da Silva, nosso companheiro de trabalho nesta casa e
filho da personalidade referida. Neste trabalho, acharíamos conveniente, também
não esquecer a figura do cónego Cristiano de Jesus Borges. Segundo – Primeira
Parte: Teor das propostas apresentadas na Assembleia da República e na Câmara
Municipal desta Vila. Reacções diversas às mesmas e resultados das votações a
nível da Assembleia Regional, da Assembleia Municipal, da Câmara Municipal, e
das Assembleias das freguesias limítrofes da Vila da Ribeira Grande. Estas,
últimas convidadas, também pela Assembleia Regional para se pronunciarem. Terceiro
– Segunda Parte: Registo de todos os artigos da Região e do País. Para a
compilação e descrição cronológica do ‘Dossier Ribeira Grande a caminho de Cidade,’
vimos propor o Excelentíssimo Senhor Padre Edmundo Manuel Pacheco pela
competência, não só em trabalhos desta natureza, mas pela imparcialidade que
nos tem revelado.’[186]
Desconheciam,
pelos vistos, totalmente, o que Cristiano havia escrito (em 1898, 1899 e em
1921) sobre a Descentralização Distrital madrasta da pretendida
descentralização Municipal.
A
Vereação, não obstante as origens partidárias distintas, aprova integralmente e
por unanimidade a proposta, convidando o vereador Armindo Moreira da Silva e
ficou de enviar convite ao Padre Edmundo Pacheco. Que se fez? Meses depois, em
Setembro daquele mesmo ano, Edmundo envia à Câmara elementos relacionados com a
elevação a cidade.[187]
Serão estes elementos o resultado do que a vereação havia pedido anteriormente?
Posteriormente, alguns funcionários autárquicos (o telefonista Sr. Joviano,
Abel Soares, Ana Paula Rita, Leonor Amaral) contribuíram a partir de então para
a elaboração do tal Dossier. Este
Dossier (hoje, por falta de espaço, lamentavelmente ‘eliminado’)[188]
serviu de base à elaboração, em 2006, do artigo do Dr. Hermano Teodoro ‘Ribeira Grande: lugar, vila e cidade,’
com importante ‘Cronologia sumária.’[189]
Voltemos um pouco
atrás. Em 1972, Ezequiel Moreira da Silva (Pai) propusera a elevação da Ribeira
Grande Cidade e de Rabo de Peixe a Vila nas páginas do Correio dos Açores.[190]
Falecera poucos meses a seguir a Abril de 1974, portanto, a proposta de Rocha
Pontes, natural e residente na Ribeira Seca, em Março de 1979, não estava muito
deslocada no tempo. Não sei se o filho, Armindo Moreira da Silva [n.
04-08-1935 – f- 17-03-2018] aceitou. É provável que tenha
explicado que estava a desenvolver estudos dentro da sua área, o que era
verdade, no entanto, poderia também ser um pretexto para não aceitar uma
proposta vinda do PS. Armindo sentir-se-ia, porventura, dividido, por um lado
era filho de Ezequiel Moreira da Silva, desejava a elevação a cidade, por
outro, em 1979, Jaime Gama era malvisto por ter, enquanto Ministro da Administração
Interna, enviado um corpo de Polícia de Choque impedir desacatos da FLA, além
do mais o PS era visto como um partido que, com receio do separatismo,
complicara (opusera-se mesmo) a alguns artigos do Estatuto da Região de 1976.
Em 1981, já Armindo aderira de corpo e alma à elevação proposta pelo PS, ainda
se refere às ‘abriladas.’[191]
Apesar de Rocha Pontes, inteligentemente, ter-lhe convidado e falado no pai,
Armindo, retraiu-se. Na mesma acta, teria também dúvidas, quis saber se a
elevação a cidade iria agravar os impostos. Entretanto, talvez a sua posição
fosse semelhante à de A. Quental: Uma cidade, sim, mas não uma do Partido
Socialista.[192]
Apesar destes possíveis cálculos, Armindo sentia
o bichinho da História. Era investigador de outras ciências. Que fazia Armindo
Moreira da Silva? Além de colaboração nos jornais, entre 1984 e 1990,
recorrendo ao que escreveu num seu ‘Curriculum
Vitae,’ sendo Chefe de Divisão e ‘coordenador
da Secção de Caça, Pesca, Parques e Reservas, na Direcção Regional dos Recursos
Florestais,’ Armindo ‘publicou então
vários trabalhos técnicos, nomeadamente sobre cinegética e piscicultura.’[193]
Aliás, Armindo é um investigador na sua área de formação ‘Escola de Regentes Agrícolas de Santarém.’ Obteve posteriormente,
equivalência a Engenheiro Técnico Agrário. Já tem investigação nesta área em
1972. Em 1977 publica importantes e demoradas observações.[194]
A prova de que Armindo ainda nada
fizera entre Março de 1979 e Julho de 1981, fica patente na proposta de
escrever os Anais da Cidade lançada no meio das celebrações da Cidade em Julho
de 1981.[195]
Ainda assim, ciente da importância da memória histórica, Armindo, estaria
a pensar a escrever mais tarde, ou para quem o quisesse fazer, em Janeiro de
1979, propusera com sucesso a nova localização do Arquivo Municipal.[196]
Foi, no entanto, o irmão de Armindo, Ezequiel Moreira da Silva Jr. [n. 14-09-1936 – f. 03-03-2017],
em 1979 era Secretário Regional da Agricultura e Pescas,[197]
quem em 1983, entretanto, Vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande, propôs
a inventariação e preservação do Arquivo Municipal.[198]
Sendo a sua proposta aceite pela restante vereação, foi incumbida a funcionária
D. Ana Paula Mota Ferreira (Rita) de proceder à pretendida organização.[199]
Deste trabalho, resultou a fichagem de todo o espólio então existente e o
adequado arrumo em estantes.[200]
Mas atenção, além de outra destruição ao longo dos séculos anteriores, a 20 de
Junho de 1869, o Arquivo foi alvo de vandalismo. Dois dias depois, o
Administrador do Concelho, acerca do Livro de Regedorias de Paróquia,
explica-o: ‘é o primeiro número depois da queima do arquivo pelos sediciosos em
vinte do corrente mês.’[201] O que desapareceu? Talvez
confrontando o levantamento do século XVIII, possamos responder a esta
pergunta. Para se perceber a
razão desta revolta e as suas peripécias, aconselhamos a ler o trabalho de
Sacuntala de Miranda (nasceu em Ponta Delgada, a 07-11-1934, e faleceu no Hospital de Cascais,
a 30-01-2008) ‘Quando os
Sinos Tocavam a Rebate; Notícia dos Alevantes de 1869 na Ilha de S. Miguel,
(1997).’[202] Portanto,
o arquivo organizado por
Clemente de Vasconcelos é posterior à destruição. E depois de Clemente? Talvez
confrontando a sua lista com o que existe actualmente?
E o edifício para albergar a Biblioteca e o Arquivo?
Manuel Barbosa fala-nos de uma hipótese gorada: ‘Há meses ouvimos de um vereador da Câmara Municipal que o
antigo edifício do Externato Ribeiragrandense, reparado das sevícias de que foi
vítima após a extinção daquele estabelecimento, se destinava à instalação da
Biblioteca e do Arquivo Municipal, e efectivamente verificámos que se procedia
à sua reparação. Mas logo a seguir soubemos com pasmo que também lá se
instalaria a Conservatória do Registo Civil e não sabemos que mais… até que as
obras cessaram e deixou de se falar no assunto.’[203]
A Biblioteca, cujo primeiro livro dera entrada em Julho de 1876, teve vida
bastante errante. Entre Setembro de 1946 e Julho de 1948, sob a Presidência de Lucindo
Rebelo Machado, a autarquia transfere-a para a última sede da Recreativa (na
rua de Nossa Senhora da Conceição),[204]
onde chegou a coabitar com a secção da Ribeira Grande da Escola Industrial e
Comercial de Ponta Delgada de 1973 até final do mês de Julho de 1974.[205]
Foi na sequência do pedido feito à Câmara pelo sub-director daquela secção (Dr.
Manuel Barbosa?). Desde então, a biblioteca da Gulbenkian e a Municipal tiveram
destinos distintos.[206]
Indo ‘para o Salão Novo a biblioteca da Gulbenkian,’ um óptimo espaço, aí ficando até
a Gulbenkian cessar os seus serviços.[207] A Biblioteca Municipal foi ‘para uma dependência de um prédio desta
mesma Câmara cujo rés-do-chão foi recentemente adaptado a cadeia comarcã, todos
os livros e mobiliário que constituem a biblioteca municipal.’[208]
Nos primeiros meses se 1986, recolhi a
Biblioteca Municipal na Casa da Cultura, na rua de São Vicente Ferrer, juntamente
com parte do arquivo Histórico.[209]
Em 2006, o Arquivo passou para o edifício do Ex-Externato, a Biblioteca
Municipal, por seu turno, foi inaugurada em 2014, com o nome de Daniel de Sá.
Haverá,
além desta razão, outras para Armindo não avançar em 1979. O jovem médico António
Crispim Borges da Ponte vencera ‘os Jogos
Florais organizados pelo Município, por ocasião das Festas da Ribeira Grande,
em 1979.’[210]
O júri era constituído pelo Dr. Victor Borges da Ponte, irmão de António
Crispim e vice-Presidente pelo PSD na vereação seguinte, engenheiro Carlos
Furtado, que viria a ser vogal na Assembleia Municipal pelo PSD, e o Professor
Daniel de Sá, demitira-se recentemente de vereador pelo Partido Socialista, na
sequência da que ficou conhecida pela ‘revolta
dos contadores da água, na Maia,’ e que seria eleito para a Assembleia
Regional pelo partido Socialista.[211] Não
fica claro se o trabalho deu o prémio nos Jogos Florais de 1979 era já a Monografia Histórico-Geográfica do Concelho
da Ribeira Grande. Podia ser um embrião deste trabalho ou até outro bem
diferente.[212]
Em Janeiro de 1980,
entrara uma nova vereação, um dos novos vereadores, o Professor Afonso Carlos
Arruda Quental, da freguesia da Maia, eleito pelo PSD, em Março, a antecipar as
‘Festas da Ribeira Grande,’
considerando-as como ‘uma ocasião para se
iniciar a publicação de uma série de cadernos de carácter
cultural sobre figuras de relevo na história do Concelho; Considerando que
algumas delas dedicaram parte da sua vida à promoção do povo nortenho proponho:
primeiro – Que se inicie a publicação do primeiro caderno nas próximas festas
da Vila Cidade; Segundo: Que se nomeie uma Comissão, responsável pela
publicação de tal trabalho.’[213] Em
resposta: ‘A Câmara concordou por
unanimidade e deliberou designar como Presidente da Comissão o Senhor Padre
Edmundo, ficando ao critério dele os restantes elementos.’[214]
A
publicação da monografia de António Crispim terá, porventura, a ver com esta
proposta de 1980? Ou terá sido reforçada por ela? O que se sabe é o que o Correio dos Açores de 2 de Outubro de
1980 nos diz que a Câmara solicitara a António Crispim a elaboração de uma
Monografia Histórica.[215] Esta
Monografia Histórico-Geográfica do
Concelho da Ribeira Grande, seria publicada em 1981,[216]
por decisão da Câmara, ‘com o intuito de
proporcionar ao Povo, em geral, e aos Turistas, em particular, informações
acerca deste concelho nortenho.’[217]
Em
Abril de 1981, quando já havia a certeza da elevação a Cidade, a Câmara, após
sondar várias tipografias, opta pela Firma Barbosa e Xavier Limitada. [218]
A cinco de Junho a Direcção Regional da Cultura ‘concorda com
a edição de mil exemplares de ambas as obras que esta Câmara Municipal se
propõe publicar, pelo que comparticipará em cinquenta por cento as despesas de
impressão devendo a quantia correspondente ser facturada àquela Direcção
directamente pela Tipografia. Deverá ainda este Município enviar à queles
serviços trezentos exemplares de cada uma das edições para serem distribuídas
pelas escolas e instituições apoiadas pela Direcção Regional dos Assuntos
Culturais.’[219]
As
obras ‘40 anos de Fé e Dedicação a Deus e
aos Homens,’ cujo autor ou autores desconheço, presumo que fosse uma
homenagem ao Padre Luís Cabral ou ao Padre Artur Agostinho ou ao padre Dr.
Manuel Moreira Candelária,[220] e
a Monografia Histórico-Geográfica do
Concelho da Ribeira Grande, de António Crispim, foram impressas em Braga
antes de 10 de Julho de 1981.[221] A
22 de Julho, a Câmara da Ribeira Grande permuta a Monografia com um livro sobre
o campo de aviação da Câmara da Amadora.[222]
Bruges da Cruz, da
delegação dos Açores da Rádio Televisão Portuguesa, realiza dois programas
sobre a História, Cultura e Etnografia da Ribeira Grande. Fernando Balsinha era
‘Chefe
do Sub-Departamento de Informação da Radiotelevisão Portuguesa’ – Açores.[223] O
primeiro programa, a cores, sendo autor do texto e apresentador do programa, Jorge
Gamboa de Vasconcelos, apesar de datado de 7 de Julho de 1981,[224] por
ter de ser montado em Lisboa, terá sido emitido posteriormente. A 14 de Julho,
ainda não havia sido transmitido.[225]
O guião dos dois
trabalhos é claro: ‘Primeiro de dois documentários
sobre a povoação açoriana de Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, cujo
povoamento remonta aos finais do século XV. São abordadas as suas origens e os
principais factos históricos do seu passado, bem como o seu rico património
edificado, com influências dos estilos gótico, manuelino e barroco.’[226]
Não esquece de aproveitar a ocasião propícia para relembrar a construção de uma
via litoral, urgente para o desenvolvimento da cidade, ao mesmo tempo que
protegia e erradicava os esgotos a céu aberto que drenavam para o litoral. O
segundo, com o mesmo director e realizador, teve como autora e voz a arquitecta
Luísa Constantino, neta de Luís Bernardo Leite de Ataíde. Intitulava-se Ribeira Grande, a Vila-Cidade: da Sua Etnografia às Cavalhadas, sendo emitido a 31 de
Dezembro de 1981.[227]
Pelo menos a 19 de Julho, o programa em que Jorge dá a voz e
a cara já fora divulgado, sendo objecto de uma feroz crítica por parte de
Armando Medeiros, homem ligado à crítica do cinema e da rádio (foi meu
Professor de Alemão): ‘A história da Ribeira Grande, dos seus
tempos de vila aos seus tempos de cidade, não era, exactamente, a história de
como acasalam os salmonetes. Tinha necessidade de um texto base que servisse de
linha mestra à colecção de imagens: um guião, sabem vocelências, um guiãozinho
bem escrito, sem inconsequências, sem lugares comuns, a convidar o interesse do
espectador. Quem dá o que tem a mais não fica obrigado, diz a voz da sabedoria.
Mas quem não tem para dá (o caso ilustre de vosselências, em que a gente
adivinha uma quarta classe de primária tirada a ferros), faz um voto ao santo
de serviço, interrompe por uns tempos os prazeres da bela mesa, - e aprende. Ou
então muda de ofício e abre tenda de sapateiro.’[228]
Jorge Gamboa publica em
Junho de 1981 três trabalhos em três jornais distintos de Ponta Delgada: sobre O Pelourinho da Vila da Ribeira Grande, dois
dias antes do dia oficial de elevação a cidade, no Diário dos Açores,[229]
no dia anterior no Correio dos Açores,
publica o trabalho O Hospital da Ribeira Grande, no passado, no presente e no futuro,[230] e no próprio dia da elevação, sai no Açores, Relíquias artísticas da Ribeira
Grande.[231]
Não será de admirar que, no dia 29, logo após a cerimónia de entrega do Diploma da
Nova Cidade, ocorrida no salão Nobre, perante todos os ilustres convidados,
fosse Jorge Gamboa o cicerone, quando se descerrou a pedra ‘cimeira do
pelourinho’ que oferecera à Câmara e que, no dia 10, apresentasse com base na
História, um projecto para a cidade: ‘El-rei D. Manuel I e as
largas perspectivas urbanas que o seu foral de 1507 abriu à nova cidade de
Ribeira Grande.’[232]
Como entender que Jorge Gamboa aceitasse sendo oposto à
elevação a cidade sem antes a Vila o merecer? Por que razão a televisão e a
seguir os jornais, lhe haveriam de pedir a sua colaboração, que Jorge? Vamos
tentar perceber. Francisco Carreiro da Costa, já estando doente há algum tempo, [233]
falece a 29 de Junho de 1981, no dia em que a Ribeira Grande passa a ser
oficialmente cidade.[234]
Já antes de Luís Bernardo Leite de Ataíde falecer em 1955, Carreiro da Costa
era bastante requisitado pela Câmara da Ribeira Grande. Em Julho de 1948, Francisco Carreiro da Costa apresenta no salão
Nobre da Câmara da Ribeira Grande, A
Lição da Ribeira Grande,[235]
que seria publicada pela Câmara no ano seguinte. Na altura da elevação a cidade, tanto
mais que defendia a elevação a cidade já na década de cinquenta, caso estivesse
bem da saúde, pelo que publicou nos jornais, no Boletim da Comissão Reguladora
dos Cereais e nos seus programas no Emissor Regional dos Açores,[236]
parece-nos, a esta distância no tempo, ser a pessoa ideal para falar e escrever
sobre a Ribeira Grande.[237]
Se fosse vivo, é de crer que tivesse sido o orador convidado para a cerimónia
no Teatro da Ribeira Grande. Voltando ao programa da televisão sobre a Ribeira
Grande e os artigos nos jornais, quem mais poderia tê-lo feito além de Jorge
Gamboa? Ventura Rodrigues Pereira, ausente no Canada, publicara A Ribeira Grande em 1978, com uma segunda edição em 1980 e novamente em 1984.[238]
Em 1963, ao publicar o livro ‘O Dr.
Gaspar Frutuoso (Místico e Sábio),’ confessa a sua intenção em ‘publicar outro despretensioso livro,’ no qual pretenderia ‘focar algumas passagens das suas vidas
operosas e exemplares, enquadradas no
título geral de: A Ribeira Grande e a sua Gente, do qual já foram publicados
alguns capítulos no Diário dos Açores.’[239]
Por que razão só o publicaria mais de uma década depois? Só o faz quando tem a
sua vida estabilizada no Canadá. Mas, estando ao corrente da possibilidade de
elevação a cidade, Ventura terá igualmente achado oportuno tratar da sua
publicação.
Seria justo convidá-lo, apesar de estar longe, era
muito capaz de aceitar o convite.[240]
Ventura Rodrigues Pereira, porque gostava da sua terra adoptiva, ponto final, ao
saber que na Ribeira Grande reabrira em 1987 uma terceira série do Ecos do Norte, que o seu amigo Ezequiel
Moreira da Silva havia fundado em 1916, manda quatro trabalhos de Fevereiro a
Junho de 1988.[241]
Luciano da Mota Vieira, outro que, ao contrário de Jorge Gamboa, defendia a
elevação da Vila da Ribeira Grande a cidade. Por que não o fez? Talvez porque,
apesar da sua posição desfavorável àquela elevação, Jorge Gamboa, por ser da
terra, fosse a pessoa indicada para o fazer? É possível. Luciano foi o orador
oficial da sua cidade de Ponta Delgada em 1983. [242]
Além de ser uma forma de o comprometer ao mesmo tempo que lhe alimentava a sua
natural vaidade? Todavia, ainda com Carreiro da Costa, Jorge já era solicitado.
Em 1980, de 25 a 29 de Fevereiro, Jorge orientou o módulo Arte dos Açores, de duração de 10 horas, inserido no ‘Curso Intensivo de Formação Cultural para
Profissionais da Comunicação Social [que] decorreu em Ponta Delgada, promovido pelo então, Instituto
Universitário dos Açores, precursor da nossa Universidade. Foi organizado em
seis semanas letivas entre dezembro de 1978 e fevereiro de 1980.’[243] Além de Jorge, entre os
açorianos, ministraram módulos António Machado Pires (no início da sua carreira
académica), José de Almeida Pavão, João Bernardo de Oliveira Rodrigues, António
Mendes da Costa e Fernando Garção Piedade. De fora da Região, vieram: Ramon
Font Bové, Manuel Cabrera Santonja, António Guilhermino Pires e Carlos Laranjo
de Medeiros.[244] Este
desempenho de Gamboa perante elementos da Comunicação Social, terá certamente aberto
caminho aos diversos convites para o programa na televisão e para a escrita de
três artigos em três jornais distintos. Penso que o expliquei.
Regressando a Armindo
Moreira da Silva. Seria porventura intimidante para Armindo, perante tanta
gente qualificada, sobretudo para um homem respeitoso como era sempre foi,
avançar. Ventura Rodrigues Pereira [n. 27 Setembro de 1917 - Resende – f. 21 de
Setembro de 1993 - Kitchener – Canadá], que entre 1960 e
1963, publicara vários trabalhos históricos sobre a Ribeira Grande no Diário dos Açores, reúne-os sob o título
A Ribeira Grande e publica-os nas décadas de setenta e de oitenta em livro em versões
actualizadas.[245]
Em Julho de 1981, o velho republicano opositor de Salazar e Caetano, um ídolo
para a geração anterior, Agostinho de Sá Vieira, publica dois importantes
trabalhos sobre o Teatro Ribeiragrandense e a Música na Ribeira Grande nas
páginas do Correio dos Açores, que
ocupara durante a revolta dos Açores em 1931. Agostinho fora um dos
impulsionadores da criação daquele espaço.[246] Foi alvo de homenagem pública,
por altura da elevação cidade, sendo o orador o Padre Edmundo Pacheco. Luciano
da Mota Vieira, filho de um velho amigo republicano de Agostinho, companheiro
na revolta nos Açores de 1931, sabendo-o pianista, sugerira à Câmara que
integrasse no Programa comemorativo da Elevação a Cidade, um recital de
Agostinho Sá Vieira. Em 1973, o Externato da Ribeira Grande, de Manuel Barbosa,
atribui ao meu aluno o Prémio Agostinho de Sá Vieira.[247]
É ele quem profere uma longa alocução no velho Teatro celebrando o 25 de Abril.
Entretanto, na Ilha Terceira, Pedro de Merelim, aliás, Joaquim
Gomes da Cunha (n. 11- 07-1913 - f. 27-11-2001), publica ‘As 18 Paróquias de
Angra (1974) e Freguesias da Praia (1981-1983).’[248] Estes
últimos dois volumes, cujo primeiro volume sai em 1982 e o segundo em 1983, são
edições da Direcção Regional de Orientação Pedagógica, da Secretaria da
Educação e Cultura.[249]
Voltando à Ilha de São Miguel, a Direcção Escolar de São Miguel e de Santa
Maria, sob orientação do professor Rúbens Pavão, entre 1982 e 1989, publica 5
volumes dedicados à História e à Etnografia de cada uma das freguesias e de
alguns lugares dos sete concelhos de São Miguel e de Santa Maria.[250] Ainda
em S. Miguel, em 1982, o Padre Daniel Arruda Correia publica uma interessante e
bem documentada monografia dos Mosteiros.[251] E, 1984, o mesmo autor, publica uma igualmente muito interessante
Monografia dedicada aos Arrifes.[252] Enquanto
‘As 18 paróquias de Angra (1974) e
Freguesias da Praia (1981-1983,’ tiveram um autor único e foram editados em
volumes impressos, os ‘Apontamentos
Histórico Etnográficos,’ (1982-1989), além de ter Rubens Pavão, como
coordenador principal, auxiliado por coordenadores das diversas Delegações
Escolares, na Ribeira Grande foi o Professor Ferdinando José Ferreira, cada
escola deu individualmente a sua colaboração, saindo os trabalhos em folhas A4
fotocopiadas. Há, porém, várias semelhanças, destacando-se a abordagem
freguesia a freguesia, seguindo a tradição de trabalhos de corografia
histórica.
A que se destinava esse trabalho? Confesso que o esqueci de citar
no primeiro volume desta Biografia da Ribeira Grande, mais me convence da falha
ao reler a Nota de Abertura ao I Volume, de 1982, onde se explica,
primeiramente, que o trabalho vinha sendo feito nas ‘Escolas de Ensino Primário das Ilhas de S. Miguel e de Santa Maria (…)
nos últimos anos.’ Alguns destes trabalhos abordam ‘a história das localidades onde se inserem, desenvolvendo e
investigando os aspectos mais relevantes ligados ao seu património cultural e
artístico, usos e costumes e até vivências da participação das comunidades
locais e regionais na vida pública e administrativa.’
Ora, a partir de 1982, ‘No
intuito de dar continuidade a esses trabalhos e porque a bibliografia nesse
aspecto é bastante dispersa, escasseando mesmo, a nível das freguesias,
elementos que, pela sua disponibilidade e cultura possam prestar o apoio que as
Escolas às vezes carecem, julgou-se da maior oportunidade proceder à recolha de
novos dados, os quais, reunidos depois em volume, fossem distribuídos pelos estabelecimentos
de ensino, facultando-se assim um número de elementos capazes de habilitar os
alunos na procura de novas e mais diversificadas informações sobre o meio que
os rodeia, ao mesmo tempo que se supera, em parte, os recursos didácticos
auxiliares, ainda neste campo incompletos, mas apontados de há muito nos
programas em vigor.’[253]
Em 1983, no II volume, sai o ‘Concelho
da Ribeira Grande.’[254] São
mais de duas centenas de páginas, incluindo mapas e algumas imagens, onde, além
de se ocupar das catorze freguesias, onde se incluem as que compõem a novíssima
cidade da Ribeira Grande, também referem alguns lugares do Concelho, tais como
a Lombinha da Maia, a Ribeirinha, as Caldeiras, Santana. Ocupam-se, neste
trabalho, pela primeira vez, da Ribeira Grande como cidade.[255] Dá-se
enfâse à História do Ensino na Ribeira Grande. Dá-se a conhecer a geotermia.
Nas páginas 309 a 312, dá-se a conhecer o Decreto que elevou a Vila a Cidade, a
área da nova cidade e divulga-se o programa comemorativo da festa da elevação a
cidade. Recorre-se a excertos da obra de Francisco Carreiro da Costa, Jorge
Gamboa de Vasconcelos, Luís Bernardo Leite de Ataíde, Rui de Sousa Martins,
António Crispim, Ezequiel Moreira da Silva, José de Oliveira San-Bento e o filho,
José Lobo Oliveira San-Bento.
Por seu
turno, a Câmara não desistira da ideia de publicar uma história da elevação a
cidade. Como interpretar o pedido
que fez, em Janeiro de 1982, ao Secretário Regional da Educação e Cultura, Dr.
José Guilherme Reis Leite, de apoio à edição de ‘um livro versando todos os acontecimentos relacionados com o
processo de elevação a cidade?’ A Câmara adiantava mesmo um título: ‘Livro da Elevação a Cidade.’[256]
Como seria este livro organizado? Incluiria o trabalho de Jorge: Incluiria
o do Professor Doutor, Artur Teodoro de Matos? O de Mariano Alves? O de
Emiliano Carneiro? Daria lugar aos discursos do Ministro da República, do
Presidente do Governo, do Presidente da Câmara? O Programa das festividades? As
inúmeras saudações dos mais variados quadrantes e locais, que foram tombadas em
acta. O Diploma da elevação a Cidade? Profusamente ilustrado com fotografias
das exposições e dos eventos? Quem o iria coordenar? Seria algo no género do
que a Câmara da Horta publicou em 1983 sobre as comemorações dos 150 anos de
cidade?[257] Teodoro
de Matos foi adiando a entrega do seu trabalho.[258]
Fosse assim ou não, por um lado, sem apoio do governo e de outros potenciais
patrocinadores, por outro, sem que os trabalhos chegassem, presumo, a Câmara
não foi adiando até o assunto (com novas vereações) ficar esquecido?
Salvou-se alguma coisa. Jorge publicou o seu trabalho
no Boletim do Instituto Cultura de Ponta Delgada em 1982. Tera a secretaria
votado verba publicar o ‘Livro da
Elevação a Cidade?’ Para não
desaproveitar a verba, será que esta foi canalizada para outra publicação? Em 1984, a
Camara consegue que a Secretaria comprasse uma porção de livros da Historia da
Ribeira Grande de Ventura Rodrigues Pereira. [259] Tera sido com
a verba que havia sido destinada ao Livro da Elevação a Cidade?
E Armindo Moreira da Silva? Armindo, provavelmente,
através da rádio, da televisão ou dos jornais, tomaria conhecimento dos livros
que Pedro de Merelim e a Direcção Escolar de Ponta Delgada publicavam.[260]
É provável que tivesse lido o que saiu sobre a Ribeira Grande. É provável que fosse
influenciado pela sua leitura. Por exemplo, vendo o que, na sua óptica, era
preciso acrescentar. Seguindo o seu ‘curricuum
vitae,’ reforma-se em 1994. Como ocupar o tempo? Deixara de fazer parte da
vereação a partir de Janeiro de 1983. Na ocasião, a Câmara seguinte, da qual
faziam parte o irmão Armindo e os amigos Fernando Monteiro, Artur Martins e
Daniel de Sá, decide atribuir-lhe um voto de louvor.[261]
A mesma convida-o a fazer parte da Comissão Instaladora
da Casa da Cultura e da Comissão de Preservação e valorização do património
arquitectónico do Concelho da Ribeira Grande.[262] É provável que tenha aceitado. De 1978 a
1984, fora Presidente da Direcção dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande,[263]
sabendo-o disponível, a Associação Humanitária da Ribeira Grande convida-o para
elaborar ‘a história desta instituição,
com o título de ‘120 anos ao serviço da
Comunidade, com o qual ganhou em 1998, ex aequo, o prémio Gaspar Frutuoso,
instituído pela Câmara Municipal da Ribeira Grande.’[264]
Para aquele trabalho, publicado em 1995, pela Câmara da Ribeira Grande, fez
intensa pesquisa. Armindo publica a sua História dos Bombeiros em vários
números de O Fogo, Boletim
informativo dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, cuja responsável era a
Zita Madeira, sendo colaboradores regulares o Padre Edmundo e o Emanuel
Martins.[265]
Após a publicação do livro da História dos Bombeiros da Ribeira Grande,
Armindo Moreira da Silva foi coordenador do número 1 ao número 39 (falta o número
40), ou seja de 24 de Outubro de 1996 a 21 de Maio de 1998, [266] de A Ribeira Grande, um suplemento
quinzenal inserido no Jornal Terra Nostra,
de Ponta Delgada.[267]
Cansado, tendo encaixado, sem nunca torcer o braço, algumas críticas aos seus
editorias, alguns pouco meigos, deixa a coordenação, alegando pretender
dedicar-se à pesquisa e escrita do trabalho que sairia em 2000.
Em
2000, Ventura Rodrigues falecera em 1993 e Jorge Gamboa em 1995, talvez sem o
peso daqueles dois, Armindo começa a cumprir a tarefa que aceitara em 1979,
publicando ‘Ribeira Grande De ontem até
hoje (colectânea documental), volume I.’ É essencialmente uma recolha
documental, excepto, para enquadramento, uma introdução recolhida de alguns
trabalhos de Jorge Gamboa. Além de Gamboa, Armindo cita João Cabral de Melo e
Silva. Não cita Ventura Rodrigues Pereira talvez porque os temas são distintos.
Sente-se que está a fazer o que sempre gostou mas não teve oportunidade. É
possível que, no fundo, homem de palavra, pretenda cumprir o que lhe haviam
pedido na longínqua vereação de 1979.
Divide o trabalho em sete capítulos, organizados
em ordem alfabética do título.[268] Pesquisa
em periódicos, mas privilegia a pesquisa às fontes manuscritas do Arquivo
Municipal da Ribeira Grande. Dedica a obra ao Pai (sinal de que não esquecera
nem o pai nem a proposta de 1979), e agradece a colaboração na pesquisa do Sr.
Luís Martins Gamboa (um homem reformado, que era colaborador do Museu
Municipal) e explica que ‘desde há muito
tempo que, em virtude de termos necessidade de recolher dados para um outro
trabalho, encontramos variada documentação sobre aspectos relacionados com a
Ribeira Grande, que, de imediato, despertaram a nossa curiosidade.’ Devia
estar a referir-se à pesquisa que efectuou para o trabalho ‘Bombeiros Voluntários da
Ribeira Grande. 120 Anos ao serviço da comunidade,’ que publica em 1995. Os
bombeiros era uma das suas paixões. Esclarece-nos que não avançara para estes
de 2000, ‘por razões várias, nomeadamente
porque assumimos outros compromissos.’ Em 2000 estava reformado. Portanto,
estava na altura de se dedicar à Ribeira Grande.
De ontem até hoje (colectânea documental), volume I. Terá sido isso que
Armindo pensou? Seguindo-o no seu ‘Curriculum
Vitae,’ Armindo no ano em que publica o I Volume, em 2000, ‘voltou a ganhar o mesmo prémio,’
refere-se ao prémio Gaspar Frutuoso, e ‘ex-aequo’
de novo (?),’ que fora publicado pela Câmara.
Subentende-se
que planeava um II volume. O meu palpite provou estar certo, dei de caras com
uma folha manuscrita do seu punho e uns cadernos.[269]
A folha escrita pelo seu punho, não resisto a transcrevê-la na íntegra,
apresenta os prováveis futuros capítulos que pretenderia oferecer no II Volume.[270] A
maior parte dos temas, já estaria pesquisada, pois, nas pastas castanho claro,
onde reuniu notas, cópias fotocopiadas, recortes de jornais e outra documentação,
colocou títulos, que corresponderão aos capítulos que pretenderia para o II
volume.[271]
Outras pastas, já haviam servido para o I Volume.[272]
Todavia, outras, poderiam fazer parte de novos capítulos do II Volume.[273]
Por
que razão Armindo não publicou o II Volume? Não teve patrocinador? Armindo
(amador de História) terá ficado intimidado face aos Historiadores que iam
publicando sobre a Ribeira Grande e guardado as notas na gaveta? Será que a
pasta ‘O Teatro,’ foi organizada
antes ou depois do Hermano Teodoro ter publicado em 4 de Maio de 2000 ‘Pelo Teatro Ribeira-Grandense: Apontamentos
e reflexões para uma Monografia crítica’?[274] Em
2001, pela mão de Alfredo da Ponte (n. 5 de Agosto de 1962
– Matriz Ribeira Grande), saiu da Ribeira Grande para Fall River
em 26 de Maio de 1984,[275] dá
início a um projecto de História da Ribeira Grande dos inícios ao presente.
Destaco, pela qualidade, os seus ‘Fusíadas:
apontamentos sobre a Ribeira Grande, sua História e sua Gente.’ Depois do
fracasso dos Anais no século XIX, o
autor, cruzando fontes cronísticas coevas e monografias diversas, publicou dois
volumes, o primeiro, em 2001, o segundo em 2004. No segundo, que termina nos
finais do século XVI, o autor confessa ‘a
sua intenção de continuar até ao presente,’ mas adverte, ‘não será tarefa fácil, mas vamos prosseguir
com inteira confiança e redobrada esperança.’[276]
Alfredo da Ponte, apesar de não ter ainda publicado o volume III e os
seguintes, tem continuado a estudar e a publicar sobre a Ribeira Grande.[277]
Armindo
confrontando, por um lado, com este caudal de produção historiográfica, por
outro, com uma saúde periclitante, não avançou para o II volume. Segundo uma
filha, que é enfermeira, uns sete anos antes da sua morte, fora-lhe
diagnosticada a doença de ‘Parkinson.’[278] Ainda
assim, não desistiu, publicou um livro sobre o futebol No entanto, em 2006 não
publica como seria de prever o II volume da Ribeira Grande mas a História do Futebol na Ribeira Grande,[279]
outra das suas paixões, que deveria ser o capítulo 12 do II volume. E continua a publicar coisas nos
jornais, até já não conseguir escrever, por exemplo, em 2006, em dois números
do Jornal dos Açores, aproveitando as notas destinadas ao II volume, escreve
sobre ‘O 75º aniversário da Escola
Central da Ribeira Grande.’[280]
A
Câmara, entretanto, financiou em 2006 o trabalho de António dos Santos Pereira A Ribeira Grande (S. Miguel – Açores) No
século XVI Vereações (1555-1578). Este foi uma abordagem científica à
Ribeira Grande através das suas actas feita por um professor universitário.
Dois anos depois, em 2008, a Câmara publica as actas dos trabalhos do Congresso
dos 500 anos de Vila. Reunindo especialistas na História e não só, abrem-se
novos caminhos na História da Ribeira Grande.
Apesar de todos os
trabalhos já referidos, ficaria ainda por fazer a História da elevação a
cidade. Osvaldo Cabral, em 2006, já não só a falar da História da elevação a
cidade, volta a propor a escrita de anais:
‘É justo que, passado este tempo, todo este esforço seja reconhecido e reunido
numa publicação que ajude os vindouros a compreender a História da sua terra.’[281]
Em 2006,[282]
Ezequiel [n. 14-09-1936 – f. 03-03-2017], irmão de Armindo,
já reformado, havendo-se mudado para Ponta Delgada, mas sempre com a Ribeira
Grande à flor da pele e no coração, inicia ou dá continuidade[283]
no Correio dos Açores, de Ponta
Delgada, durante nove anos, a uma série de artigos de comentário político,
poucos, e de interesse histórico-antropológico, a maioria. Ezequiel, ao
contrário de Armindo, recorre muito pouco ao documento de arquivo, alicerça a
sua imensa narrativa na pesquisa aturada dos jornais, na leitura de monografias
e ao que a sua memória regista. Aparentemente, pararia, por complicações de
saúde, faleceria em inícios de 2017, apenas (talvez?) em 2015.[284]
Além de debilitado, outra razão para Armindo ter deixado de publicar pode ser
explicada pelo facto de o irmão Ezequiel começar a publicar. E publicou sobre
temas que Armindo, aparentemente, desejava escrever.
Por que razão
escreve Ezequiel? Em inícios de 2013, ao escrever sobre o porto de Santa Iria,
ao terminar o trabalho, talvez no-lo explique: ‘E, com esta crónica breve, mais do que tudo, gostaríamos de despertar o
ânimo da Juventude académica da Ribeira Grande para estes assuntos tão
interessantes da brilhante história da sua Terra.’[285]
Diga-se que Ezequiel já escrevia antes, eram sobretudo trabalhos sobre a sua
área profissional,[286]
fora o 2.º Secretário Regional da Agricultura e Pescas do 1.º Governo Regional
dos Açores, escrevera mesmo episodicamente sobre alguma tema mais etnográfico
ou histórico,[287]
todavia, é sobretudo a partir de 2006, que se dedica mais aos trabalhos de
memória, história e etnografia.
Para fazermos uma
ideia à diversidade de olhares sobre a Ribeira Grande, Ezequiel, na rubrica que
titula de ‘Coisas da Ribeira Grande,’
dedica, a partir de 29 de Janeiro
de 2006, três números aos canteiros da Ribeira Grande.[288] Informado
sobre a discussão presente da devolução de bens patrimoniais às suas origens,
toca nas dezasseis pedras que deram o nome à rua. Em 1901, foram da Ribeira
Grande para fazerem parte de uma exposição durante a visita Régia, todavia, passados
101 anos, estão ainda no claustro do Museu Carlos Machado.[289] Ezequiel
deixaria um recado às gerações futuras: ‘essas
dezasseis pedras oriundas da Ribeira Grande esculpidas para ali ficarem e
saídas das mãos de um artesão desconhecido desta Terra, são, sem dúvidas, mais
pertença nossa do que de um museu insolitamente fechado. É esse o alvitre que
aqui deixamos à Câmara Municipal da Ribeira Grande, para que recupere este
pormenor da história do seu Concelho (…).’[290]
Deve ter publicado antes de Maio, mas só tenho um
recorte deste mês, debruça-se sobre a Fábrica do Álcool da Ribeira Grande.[291] Em
Julho deste mesmo ano de 2006, ocupa quatro páginas em outros tantos números de
jornais, a ‘Os calceteiros da Ribeira
Grande.’[292] Em Novembro ainda do
ano de 2006, dedica dois números a ‘O jogo
do ‘quino’ na música dos Gatos.’[293]
Gatos é o nome por que é conhecida a banda musical, Voz do Progresso, agremiação a que o pai presidiu por muitos e
dilatados anos. Em 2007, prossegue a série ‘Coisas
da Ribeira Grande,’ com três números sobre a matança do porco.[294]
Os recortes do ano seguinte, de 2008, são raros, ainda assim, prosseguindo a
série, escreve sobre os entalhadores da Ribeira Grande (descende pelos lados
materno e paterno de famosas famílias de entalhadores).[295]
A fechar o ano, em Dezembro, lembrando-se do ‘pequeno café-restaurante O Balão,’ que atraía a Ilha à rua Direita,
da Ribeira Grande, escreve de memória dois números sobre ele.[296]
No ano seguinte, em 2009, recorrendo ainda à memória, diga-se de coisas do seu
tempo e do tempo dos pais, continua a rememorar a Ribeira Grande: A Cova do Milho, Amêndoas e confeitos
grados, a Lagoa do Fogo, o compadre Aurino, os mercados (este últimos em
três edições do jornal).[297]
De Maio a Outubro
de 2010, fazendo uma pausa nos seus trabalhos mais de cariz etnográfico e
antropológico, discute o potencial económico presente e futuro da Ribeira
Grande.[298] Seguem-se
nove artigos, de 15 de Agosto a 17 de Outubro de 2010, a pensar no Turismo e a
Ribeira Grande.[299]
Terminada esta temática, entre 24 de Outubro de 2010 e 8 de Maio de 2011, em 26
artigos, Ezequiel aborda o que chama de ‘Relances
sobre uma Ribeira Grande.’[300]
Trata-se de uma muito útil e saborosa memória económica e social da Ribeira
Grande.
A visão de
Ezequiel, assente neste permanente diálogo entre economia, memória, história,
etnografia, em suma, quer significar que a Ribeira Grande tem de se conhecer
para ter futuro. Neste sentido, Ezequiel volta à memória em 6 artigos saídos
entre 5 de Junho e 17 de Julho de 2011, falando do tempo da ‘tropa do continente’ na Ribeira Grande
durante a II Guerra Mundial.[301]
A pretexto da homenagem prestada ao Ideal (Clube de Futebol), por ocasião do
30.º aniversário da elevação da Ribeira Grande a Cidade, Ezequiel relembra
actividades teatrais organizadas por aquela agremiação desportiva.[302]
Após este interregno, como o turismo ocupa um lugar central no pensamento de
Ezequiel, partilha em três artigos publicados de 31 de Julho a 14 de Agosto, o
que acha que os responsáveis autárquicos da Ribeira Grande (ele foi autarca por
alguns nos) devem fazer para tirar partido económico do turismo.[303]
Em 28 de Agosto a em 4 de Setembro daquele ano, fala de ‘caixilhos, celhas e banheiras.’[304]
De volta ao turismo, escreve (pelo menos) 5 artigos até 2 de Outubro de 2011.[305]
Num destes, destaca o papel desempenhado pelo Círculo dos Amigos (de passagem
conta como surgiu a ideia da sua criação) no fomento do turismo, sempre a
pensar no turismo, sugere à autarquia que promova o artesanato, tendo ainda
tempo, para apontar o dedo à vergonha da ruína (num passado recente havido sido
a sede da Repartição de Finanças da Ribeira Grande) no centro da cidade.
Havendo sido engenheiro agrónomo, conhece como poucos o valor da horticultura,
pelo que, sem para a pena para descansar, de 30 de Outubro de 2011 a 5 de
Fevereiro de 2012, sempre com a Região, o Concelho e a Ribeira Grande no
coração, lança catorze interessantes trabalhos em torno dos ‘valores da horticultura.’[306]
Em Março, volta ao futebol, era verde em Lisboa, Sporting, e verde na Ribeira
Grande, Ideal. É um painel impressionístico social da terra, coloca o Ideal a
dialogar com o seu irmão-rival Águia. Intitulo os quatro números de ‘Futebol na Vila-Cidade.’[307]
Como o futebol envolvesse a terra, o futebol é um tema incontornável e
inesgotável na Ribeira Grande, assim se percebe que o irmão Arminho houvesse já
publicado artigos na década de 90 e um livro em 2006, ou até eu tenha-o feito
em A Estrela Oriental de Junho de 2000 a Janeiro de 2003.
Em outros três
artigos, salvo raras excepções, é recorrente esse número para tratar do que
pretende, tendo sido participante activo, historia a geminação entre a Ribeira
Grande e a cidade norte-americana de East
Providence e o intercâmbio daí decorrente.[308]
Decorrente do uso que passou a fazer dos jornais, nas suas idas regulares à
Biblioteca em Ponta Delgada, os jornais que a Ribeira Grande teve, são objecto
de mais três artigos, entre 20 de Maio e 17 de Junho de 2012.[309]
De 21 de Julho a Agosto (suponho, apesar de não ter o recorte do III), volta a
interessar-se pelo artesanato da Ribeira Grande.[310]
Em Setembro, recorrendo a dados que apanha sobretudo na imprensa da época,
evoca em 3 artigos a introdução da luz eléctrica na Ribeira Grande.[311]
Já em inícios de
2013, havendo encontrado referência nos jornais, trata do porto de Santa Iria.[312]
Dedica três artigos (só temos dois recortes, mas é provável que haja um terceiro)
ao Arcano, uma das suas mais caras paixões. Para além dos dados históricos,
pretende sugerir à autarquia nova maneiras de potenciar o valor
turístico-económico do museu do Arcano.[313]
De Abril a Setembro de 2013, passando se um título de rubrica de ‘Coisas da Ribeira Grande’ para ‘Coisas do nosso interesse,’ retoma em 21
números, a temática da agricultura.[314]
A Ribeira Grande, na ilha e nos Açores, está sempre presente nas suas
intenções. E a preocupação de tornar a Ribeira Grande mais apetecível ao turismo
nunca o abandona, de finais do mês de Novembro a meados do de Dezembro,
esgrime, no habitual formato de três artigos, o assunto.[315]
Dando um salto para
Julho do ano de 2014, não sei o que terá acontecido neste longo interregno de
sete meses, algo pouco habitual nele, talvez o irmão não guardasse, não sei, o
que sei é que sempre na sua abordagem de três artigos para um tema, refere-se à
Vila quinhentista da Ribeira Grande.[316]
Não se ilude o leitor com o título, pois, no II, conta-nos passos da construção
da ponte dos oito arcos e no III, após uma brevíssima alusão à Ribeira Grande
de quinhentos, dá a volta ao tempo e ruma à Ribeira Grande dos séculos XIX e
XX.
Talvez seja o seu
último trabalho de folego, em contraste com os modelos de três artigos, este
terá tido, pelo menos, 15 artigos. O primeiro, saiu a 28 de Dezembro de 2014 e
o último que temos (normalmente estes de longo folego ultrapassam o número de
20), é de 2 de Agosto de 2015. Por que razão terá escrito estes 12 artigos de
forma tão dilatada (12 em 8 meses) no tempo? Isso não lhe era habitual. Haverá
interpolado outros? Sim. Ezequiel a 12 de Abril, publica o n.º 1 de ‘Lições da nossa História.’[317]
Explica as vicissitudes históricas de alguns produtos da agricultura industrial
de São Miguel. Seja lá o que tenha acontecido, a rubrica é Coisas da Ribeira
Grande, o tema, por seu turno, é ‘Fuzeirices
e companhia.’[318]
Para quem não saiba, Fuseiro é o ‘apelido’ do Ribeiragrandense.
Apesar
de os irmãos Moreira da Silva haverem tratado diversos temas da Ribeira Grande,
merecedores de serem reunidos em livro, apesar de Ezequiel e Armindo terem
estado muito próximos da elevação da Vila a Cidade, de serem protagonistas, não
deixaram nada escrito sobre este longo e sinuoso processo de passagem de Vila a
Cidade. Nem o Dr. Jorge Gamboa. Que se saiba, nem eles nem outros. Por que
razão não o terão feito? Pensando bem no que se disse ao longo desta narrativa,
além da humildade de Armindo, a explicação pode ser simples: achariam que ainda
não havia a distância suficiente para se historiar a elevação a cidade.
Passados
mais de quarenta anos, sendo o tema de primordial importância para perceber o
presente e o futuro da Ribeira Grande, há que lançar mãos à obra. Mas como
fazer a História deste processo de elevação da Vila a Cidade? Antes de mais, o
que é uma cidade? Em Agosto de 1978, poucos meses antes de Jaime Gama
apresentar a proposta de elevação a cidades das Vilas da Praia da Vitória, na
Ilha Terceira, e da Ribeira Grande, em São Miguel, o Professor Doutor Machado
Pires, ao tempo, um jovem que fora assistente de Vitorino Nemésio, definia-a
como ‘um aglomerado de casas e de pessoas
que aparentemente vivem as mesmas preocupações diárias e, o que é facto, é que
estas pessoas, raras vezes, se apercebem do próprio local onde vivem e nem o
conhecem bem. Parece que não sabemos ser turistas na nossa própria terra.’ Era
de todo útil, no entanto, conhecê-la, pois, ‘a
imagem de uma cidade pode fornecer-nos as pistas para as respostas a
importantes perguntas como estas: De onde viemos? Porque habitamos deste modo?
Por que se distribui a cidade para este ou para aquele lado? Por que cresceu
neste sentido? E talvez ainda possa responder a uma outra pergunta. Em que
sentidos provavelmente crescerá, como se desenvolverá? É importante sabermos
contemplar uma cidade fazendo a sua leitura e extraindo dela respostas para o
seu passado e talvez para o seu futuro.’[319]
Ensina-nos
uma outra verdade, em Agosto de 1978, só se conhecia três cidades: Angra, Ponta
Delgada e Horta. Em Agosto de 1978, quando o programa foi exibido na
RTP/Açores, a Região estaria bem longe de imaginar que dali a três anos iriam
surgir outras duas: Praia da Vitória e Ribeira Grande.
Para estudar este longo e difícil caminho
da Ribeira Grande de Vila a Cidade, que terá tido o seu começo ainda no século
XVII, pelo menos já então se acalentava a possibilidade de vir a ser cidade, leia-se
Frei Diogo das Chagas, começo pelas acertadas sugestões de Hermano
Teodoro, um malogrado companheiro na Ribeira Grande destas lides da História
dos Açores, com quem vezes sem conta, troquei impressões sobre este melindroso
assunto: ‘A depuração histórica exaustiva
e rigorosa, factual e crítica do processo que faria a Ribeira Grande vir a
possuir o estatuto de cidade é tarefa ainda por fazer. Aqui entenda-se por
processo todo o caminho (conceitos de cidade, antigas e recentes propostas,
legalidade, avanços e recuos, prováveis contradições, omissões e tropelias,
comunicação social) que levou à criação da cidade da Ribeira Grande nos moldes
que, actualmente, a configuram.’[320]
Para compreendermos com
rigor e clareza o processo de elevação da Vila da Ribeira Grande a Cidade,
acrescento, torna-se necessário seguir (em pé de igualdade) as relações (tanto
civis como religiosas) ao longo dos tempos entre os três principais centros
urbanos da Ilha de S. Miguel: Ponta Delgada (a cidade), Vila Franca do Campo (a
Vila) e a Ribeira Grande (assim mesmo sem mais qualificativo). E destes três
polos com as restantes vilas da Ilha. É preciso seguir com atenção, a partir
dos anos sessenta do século XX, as relações que se tecem entre a sede do
Distrito com as outras duas sedes dos restantes Distritos dos Açores. E na
década de setenta do século XIX, percorrer a pente fino as várias propostas de
Estatuto político administrativo para os Açores.
Para
perceber o contexto político e administrativo da Ilha de São Miguel do início até hoje, primeiro, é preciso
conhecer as linhas gerais iniciais da evolução administrativa da Ilha de S.
Miguel (o que já se propôs no I Volume), segundo, explorar a instalação e o fim da Capitania-Geral,
terceiro, estudar a Junta Geral Autónoma, ou seja de 1831-1895. Mas é
preciso continuar depois de 1895, para os tempos da I República, da Ditadura
Nacional, do Estado Novo, para a III República, para esta II Autonomia.
Entre
as perguntas que surgirão, decerto, ao longo deste trabalho, cujas respostas
nem sempre serão satisfatórias, destaco: Por que razão, do ponto de vista da
administração religiosa, a Ilha foi partilhada a partir do século XVII entre os
três polos principais? Caso das Ouvidorias Eclesiásticas; Por que razão, do
ponto de vista da administração civil, a Ilha foi partilhada a partir do século
XIX entre os três polos principais? Círculos Eleitorais nacionais equivalentes;
Por que razão, do ponto de vista da administração civil, a Ilha foi partilhada a
partir do século XIX entre os três polos principais (em menor escala pelos
restantes centros)? Círculos Eleitorais de representantes à Junta Geral; Por
que razão, foi feita a doca artificial em Ponta Delgada e não em Vila Franca do
Campo e se esqueceu do porto a norte, em Santa Iria?
Por
que razão, foi transferido o aeródromo de Santana para Ponta Delgada? Por que
razão se abriu mãos, sem quaisquer contrapartidas, à tripolaridade multisecular
no interior da Ilha de São Miguel e abraçou uma tripolaridade insular? Por que
razão foram elevadas a cidade sem as prorrogativas inerentes a cidade? As
cidades da Praia da Vitória e da Ribeira Grande são cidades a título honorífico,
sem qualquer poder?
‘Viajas
para reviver o teu passado? – era agora a pergunta do Kan, que também podia ser
formulada assim: - Viajas para achar o teu futuro? E a resposta de Marco: - O
algures é um espelho em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu,
descobrindo o muito que não teve nem terá.’
Calvino, Italo, As cidades invisíveis, Editorial
Teorema, estórias, 2.ª edição, Lisboa, 1996, p. 31.
Que fontes/ferramentas usaremos para esclarecer as
perguntas?
No primeiro
volume, Nascimento da Vila da Ribeira
Grande, mergulhámos (dir-se-ia um puro exercício de apneia) no passado da
Ilha de São Miguel, do início conhecido do povoamento ao momento da elevação do
Lugar da Ribeira Grande a Vila (4 de Agosto de 1507
– 3 de Março de 1508). Centrei-me na
relação entre povoados e povoadores na ilha e fora dela, neste caso, nas Ilhas
de Santa Maria e na ilha da Madeira, de onde muitos pioneiros eram oriundos.
Olhei, igualmente, para as outras ilhas dos Açores. Neste segundo volume, para
tentar perceber a passagem da Vila da Ribeira Grande a Cidade (29 de Junho de
1981), começarei pela tentativa falhada de 1852. Assim, estudarei nos Açores os
casos quinhentistas da elevação a Cidade das Vilas de Angra e de Ponta Delgada,
e oitocentistas, a Vila da Horta passada a Cidade. Tentarei analisar o que se
passou na Madeira e no Continente Português. Para já, as cidades nos Açores
foram criadas com um objectico preciso de participação activa no
desenvolvimento e de ascendente sobre um território além do concelhio.
No
tempo da tentativa que chegou a bom porto, já no quadro da Região Açores (Junta
Governativa e Governo Regional dos Açores), terei de seguir no interior da Ilha
de São Miguel a relação das cinco vilas de São Miguel (Ribeira Grande, Vila
Franca, Nordeste, Povoação e Lagoa), entre si e com a Cidade de Ponta Delgada (sede
do Distrito) e, desta Ilha com as restantes Ilhas dos Açores. Contudo, não deixarei
de prestar atenção à realidade da Região da Madeira e do continente Português. Querendo
comparar a legislação sobre Cidades, partirei do que disponha o Código
Administrativo de 1940, seguirei a alteração de 1959 e deter-me-ei nas actualizações
ocorridas depois de 1974, mercê de novas circunstâncias:[321] Nos
Açores, em 1981;[322] No Continente,
em 1982[323]
e na Madeira em 1994 (existiu um de 1986).[324] Dos
três instrumentos legais, para já, aprofundaremos noutro passo deste trabalho,
o dos Açores é menos exigente e mais permissivo, abrindo portas a qualquer
povoação com o mínimo de 7000 habitantes, sem exigir muito mais. Outra
conclusão prévia, a carecer de maior aprofundamento mais à frente neste
trabalho, é que, ao contrário das cidades do século XVI e XIX, sem o
mencionarem, na prática, a cidade criada depois de 1974 é apenas um título
honorífico concedido a uma Vila ou mesmo a uma povoação.
Quero
ver que Vilas, por esta altura, na Madeira e no Continente Português, a par da
Ribeira Grande e da Praia da Vitória, estavam no processo de aceder a cidade.
Por que razão a Praia da Vitória faz parte da proposta inicial de Jaime Gama?
Por outras palavras, quero conhecer os antecedentes a este respeito (se os
houve) na História da Praia da Vitória. Depois, mais tarde, será elucidativo
olhar o que se passou para Vila Franca do Campo recusar e a Lagoa aceitar.
No
Continente, Amadora e Torres Vedras, foram feitas cidades, em 1979. Por esta
mesma altura, havia sido presente uma proposta à Assembleia da República, para
Vila Real, em Trás-os-Montes, e nos jornais, falava-se da hipótese de Fátima.
Entre 1984 a 1988, foram criadas 33 novas cidades no continente.[325] Na
década seguinte, acrescentaram-se mais 40 novas cidades no continente. Num
total de 278 municípios, Portugal Continental (até 2012), além das cidades
existentes até 1978, mais 103 cidades. No caso da Madeira, em 1996, acederam a
cidade: Machico, Vila Baleeira (Porto Santo), Santa Cruz, Câmara de Lobos. Em
2001, Santana, foi elevada a cidade. De onze Concelhos, seis têm cidade,
ficando de fora, por ora, Porto Moniz, Calheta, Calheta, Ponta do Sol e Ribeira
Brava. De 2000 a 2009, são criadas mais 28 cidades no continente. Em 2012,
Lagoa, em São Miguel.[326] No
caso dos Açores, com 19 municípios, existem mais três. Que cidades são estas,
todas depois de Abril de 1974? Foi uma moda prestigiante? Neste quadro, que
vantagem há em ser cidade, além da vaidade de ser cidade? É por aqui que se
deve compreender a nova cidade da Ribeira Grande.
Onde
ir para encontrar respostas? As actas são essenciais: as das vereações e da
Assembleia Municipal da Ribeira Grande (muito já se encontra digitalizado), as
das Juntas e das Assembleias de freguesia da Ribeira Grande (sobretudo as da
Matriz, Conceição, Ribeira Seca, Ribeirinha e Santa Bárbara), as da Assembleia
da República e da Assembleia Legislativa Regional. Não esquecer os relatórios
das comissões especializadas, quer da Assembleia da República quer da
Assembleia Regional dos Açores.
Depois,
é preciso conhecer e comparar legislação sobre cidades e concelhos: do século
XVI e do século XIX, do século XX (antes e depois de Abril de 1974). Para
situar a Ribeira Grande na Ilha e nos Açores, é preciso estudar os estatutos
Autonómicos. Primeiro, as propostas: as que não foram aceites (porquê?) e as
que foram adoptadas (porquê?). O Estatuto Distrital, de cariz político
Administrativo, de 1895, o Estatuto Regional Provisória de 1976, o de 1980, com
as correcções que foram sendo acrescentadas. Algumas propostas posteriores. Outra
linha de atenção, de modo a perceber a legislação que regulou e regula os
municípios nacionais e regionais, e ver até que ponto é que a Ribeira Grande
ganhou ou perdeu competências, é seguir esta legislação. Não esquecer que parte
das competências dos municípios regionais é exercida pelo governo Regional.
A que mais ferramentas/fontes recorrerei para escrever
este segundo volume, História do
Nascimento de uma Cidade? Para já, continuarei a recorrer - com atenção e
cuidados redobrados - aos cronistas de que fizemos largo uso no primeiro volume
(Biografia do Nascimento de uma Vila): Gaspar Frutuoso, Frei Agostinho de Monte
Alverne, Frei Diogo das Chagas. No entanto, a estes, acrescentar-se-ão, João
Soares de Albergaria, Afonso de Chaves e Melo. Além de Arquivos publicados,
como por exemplo: Arquivo dos Açores. Mas, além dos cronistas, torna-se vital
recorrer para este II volume à imprensa. Enquanto recorremos à
imprensa para fazer História, convém perceber a natureza da imprensa e a
diferença entre esta e a História, sendo prudente termos em conta o que José
Manuel Tengarrinha nos diz: ‘É costume,
também especular sobre a subjectividade do periodista e a objectividade
‘científica’ do historiador. Porque o historiador está submetido também aos
pressupostos ideológicos ao passo que no periodista concorrem também
constrangimentos materiais. A História exige uma metodologia de análise dos
factos, com regras científicas, ao passo que o periodista tem um contrato
informativo com o público.’[327]
Após
este alerta, expliquemos a razão de dar importância aos jornais da Ribeira
Grande para conhecer a Ribeira Grande. São, a partir de 1856, com a fundação de
A Estrela Oriental, na sua maioria, existem excepções, além das actas da
vereação, das fotografias e demais imagens, e arqueologia, uma voz da terra
para conhecer a terra sem intermediários. Claro antes de 1856 e depois de 1856,
não descuro os jornais de fora da terra, nos quis muita gente da terra escreve
ou manda informação. Alguns periódicos de Ponta Delgada, como O Açoriano Oriental, o primeiro editor
era residente na Ribeira Grande, A
Persuasão, Supico esteve ligado ao projecto de A Estrela Oriental, o Correio dos Açores, o Diário dos Açores, são fontes privilegiadas para o conhecimento da
Ribeira Grande.
O
jornal era, além das Filarmónicas, o meio mais moderno de então para poder
elevar a cultura e levar o conhecimento da terra às pessoas.
José
Maria da Câmara Vasconcelos, João Albino Peixoto, Francisco Maria Supico, Félix
José da Costa, Teófilo Ferreira, Teófilo de Braga, Gualberto Soares Vargas,
Manuel Frias de Castro, Padre Egas Moniz, Padre Cristiano Borges de Jesus,
Filomeno Moniz de Vasconcelos, José de Melo Nunes, Manuel Faria Marques,
Guilherme do Rego Teixeira, António Tavares Torres, José de Sousa Calouro,
Manuel Dâmaso, José de Oliveira São Bento, Ezequiel Moreira da Silva, Fábio
Moniz de Vasconcelos, povoaram os 23 títulos de jornais da Ribeira Grande com a
sua escrita.
Para
o estudo da imprensa na Ribeira Grande, recorro, além das minhas notas, à Biblioteca
Açoriana de Ernesto do Canto,[328]
às Escavações de Francisco Maria Supico,[329]
ao Catálogo Ribeira Grande,[330] a
António Brandão Moniz,[331] à
obra os ‘Jornais Centenários dos Açores,’[332]
a Armindo Moreira da Silva,[333]
a António Valdemar,[334]
ao Catálogo dos Jornais,[335] a
Gustavo Moura,[336]
à ‘História da Imprensa e a Imprensa na
História: O contributo dos Açores,’[337] assim
como à monografia ‘Açoriano Oriental:
1835-2000.’[338]
Para
um balanço da Ribeira Grande como cidade, de forma directa, a III Série de A Estrela Oriental, onde se discute a
cidade, e a Revista Ribeira Grande,
edição especial, comemorativa dos 25 anos de Cidade. Ou as Actas dos 500 anos
de Vila.
Os
jornais, além da participação na campanha, quer dando notícias quer publicando
artigos de opinião, desempenharam um papel relevante na narrativa do dia da
elevação e das festas comemorativas que duraram até catorze de Julho, pelo que,
quem queira estudar aqueles dias, tem de consultar os jornais. A uma proposta
da Publiçor, de colocação de
patrocínio a um suplemento especial, a Câmara foi além do pedido, pois ‘Considerando
que as Festas constituem um marco histórico na vida da Ribeira Grande;
Considerando que os órgãos de comunicação social se encontram predispostos a
uma publicação especialmente dedicada à elevação da Ribeira Grande a cidade; A
Câmara deliberou adquirir mil exemplares aos jornais Correio dos Açores e
Açores, solicitando ainda ao jornal Diário dos Açores, informação se pretende seguir
o exemplo dos outros referidos.’[339]
Outra
fonte será a da Fototeca e a da Imagoteca da Ribeira Grande e de outros fundos
(particulares ou públicos), onde se poderá seguir protagonistas, eventos
(sobretudo com a cobertura da elevação a cidade). Bem usada, a imagem (fotográfica ou sob outra
forma) pode ser uma importante fonte documental para conhecer a terra. Em 2006,
ao preparar-me para apresentar um trabalho sobre o Arquivo Municipal de
Imagens, começava por uma pergunta: Porquê um arquivo municipal de Imagens?
A resposta que dei foi: Para além da obrigatoriedade em preservar o
que é do município, fazer passar a mensagem para o interior e exterior da
instituição da importância deste espólio documental.
E outro pergunta que se lhe seguiu: Que tipo
de documento é a imagem? Resposta: Tal qual outro documento, escrito ou oral, a imagem necessita de ser
usada após o escrutínio da crítica interna e externa. A imagem, em primeiro
lugar, reflecte a qualidade técnica da máquina utilizada
e a perícia do fotógrafo. Mas também reflecte uma série de valores e de
intenções deste. Exemplifico: por que será que as fotografias da Cova de
Milho (Hoje Paraíso Infantil), em certa altura do século XX (no início não) só
aparecem para documentar o arrasamento de mais uma casa ou a conclusão de mais
um terraço ajardinado? O mesmo se poderá perguntar em relação às Poças. Um
outro ângulo seria considerado pouco digno. O mesmo se deverá dizer da produção
de imagens de inaugurações, etc..[340]
[Nota Final: Arquivo Municipal de Imagens]
Concluído
em Junho de 1990, saído em 1992 na Revista Património e Museus Locais, e
divulgado em separata em 2000, inventariava a ‘Iconoteca’ existente ao tempo,
assim: ‘cerca de 3 000 fotografias; 2.200
postais; 200 cartazes (…).’[341]
De então até 2008, ano em que fui substituído na Chefia da Divisão, o espólio
aumentara exponencialmente. Estava a preparar a sua inventariação, o que não
veio a suceder por este facto.
Vou
apoiar-me na recolha que fiz (a partir de 1983), destinada a uma Exposição (que
realizei em 2004) e a um Arquivo de Imagens.[342]
Durante a recolha, centrada nas freguesias da Matriz, da Conceição, Ribeirinha
e Ribeira Seca, com incursões à Maia (Gorreana), tive oportunidade ver
demoradamente as fotografias e estudar onde as famílias guardavam as suas
fotografias. Álbuns fotográficos de famílias, mais antigas, e de posses,
selecionado trechos biográficos da família. Alguns recuavam ao século XIX.
Algumas fotografias, ampliadas, expunham-se na sala de visitas, constituindo uma
galeria de família até à terceira e quarta geração. As famílias mais recentes,
também com álbuns, cujo acervo era menos antigo, seguia a mesma estrutura.
Algumas fotografias na sala e outras em cima de mesas. Tudo na sala de visitas.
Nas casas menos abastadas, as fotografias guardava-se em sacos dentro de caixas
de cartão. Depois, as associações (desportivas ou outras), as igrejas, o
Município, algumas unidades fabris, guardavam as suas fotografias. Há uma
profusão de fotografias claramente a partir da década de sessenta.
Realizei
entrevistas com diversos amantes de fotografia. Além do mais, consultei os
Arquivos dos Serviços de Documentação da Universidade dos Açores, da Biblioteca
Pública de Ponta Delgada, do Centro do Conhecimento dos Açores e do Instituto
Cultural de Ponta Delgada. Visitei com atenção duas exposições, a primeira em
2016-2017, de fotografias De Francisco de Chaves e Melo,[343]
e uma segunda, em 2021, ‘Ponta Delgada:
Memórias Fotográficas (1860-1960),’ organizada por Pedro Pascoal de Melo,
pelo Instituto Cultural de Ponta Delgada.[344]
Para abrir caminho, comecei por uma importante entrevista dada em 1992 por
António Valdemar a Germano Domingos.[345]
Para saber o que é a fotografia, visionei atentamente três trabalhos sobre
fotografia produzidos pela Rádio Televisão Portuguesa (existentes no seu aquivo
digital), uma de 1975 (na RTP/1) e as restantes de 1982 (na RTP/2. António Sena
é o autor das de 1982.[346]
Sena publica em 1998 a ‘História da imagem fotográfica em Portugal –
1839-1997,’[347] de que tenho conhecimento indirecto através de ‘A Fotografia nos
Açores nos Açores (dos primórdios ao terceiro quartel do século XX), de
Carlos Enes, publicada em 2011.[348]
Fotografias? Existem álbuns no Arquivo Municipal sobre
a elevação a cidade e os dias à volta da elevação a cidade.[349]
Os Arquivos Particulares das Firmas Nóbrega,
em Ponta Delgada, e Fotolinda, na
Ribeira Grande, são outros locais de pesquisa. A maioria das imagens destes
eventos, foram colhidas pela Fotolinda, no entanto, Gilberto Nóbrega e outros
fotógrafos também andaram pela Ribeira Grande.
Para
outras imagens dos dias da elevação a cidade, temos o que a televisão fez (o
que sobreviveu) e as fotografias. Comecemos pela televisão.[350]
A Câmara protestou, nos seguintes termos: ‘Considerando
a grandiosa manifestação popular que constituíram as festividades até agora
realizadas, comemorativas do feriado municipal e da elevação da vila da Ribeira
Grande a cidade, e a forma como elas foram transmitidas pelos serviços de
informação da Rádio Televisão Portuguesa Açores.’ E acusa a RTP/A pelo ‘(…)
tratamento menos correcto, a péssima
qualidade das imagens no pouco que foi apresentado e o constante alheamento dos
Serviços de Informação da Rádio Televisão Portuguesa Açores em relação a tudo
quanto se passa na Ribeira Grande.’[351]
Fernando Balsinha, Chefe da
Sub-Delegação da Radiotelevisão Portuguesa Açores, em resposta à Câmara, entre
outros argumentos, em que rebate as acusações, diz que ‘Os Serviços de Informação da RTP-A estiveram presentes em todos os
actos importantes do Programa das Festas da Ribeira Grande e deles foram
transmitidas reportagens, nomeadamente, da Procissão dos Padroeiros do
Concelho, de que foram emitidas cerca de 4 minutos de imagem com comentário
apropriado. É falso, portanto, que tivéssemos primado pela ausência e é, pelo
menos, lamentável que se faça uma tal acusação.’[352]
O
que existe no Arquivo da RTP/Açores, em Ponta Delgada, parte terá ido para os
Serviços Centrais em Lisboa, deve ser usado como instrumento de trabalho para
este nosso trabalho.[353]
Quanto ao Ex-Cate, que organizou trabalhos sobre a Ribeira Grande, estou ainda
a aguardar. A RDP também esteve activamente envolvida. O seu arquivo deverá ser
outro local de pesquisa.[354]
Para uma visão global, da Região, há dois trabalhos
que sobrelevam os demais. Primeiro, em 1997, por iniciativa do Fórum Açoriano –
Associação Cívica, as Actas ‘Pensar os
Açores Hoje: actas do colóquio.’ É uma perspectiva da oposição ao governo e
da governação do PSD, ainda no poder. Reúne a contribuição de vários
especialistas. Em 2010, há as reflexões de Álvaro Monjardino, Jaime Gama e João
Bosco da Mota Amaral, em ‘A República, os
Açores e a Autonomia.’[355] Em terceiro
lugar cronológico, ‘A autonomia do Futuro,’
de 2014, publicado em 2015 pela Fundação Francisco Sá Carneiro. Resulta das
intervenções de um 4.º Workshop e é coordenado pelo Professor Carlos E. Pacheco
Amaral. Situa-se no lado da oposição do PSD à longa governação do Partido
Socialista. Há, contudo, intervenções de socialistas tais como Martins Goulart,
incluindo intervenções de antigos responsáveis pela governação do tempo do PSD.
Tentaremos ainda recolher depoimentos de
intervenientes no processo da elevação a Cidade ou o de testemunhos bem
posicionados dos acontecimentos. No entanto, quando se pretende usar a memória
como prova histórica, há que ter cuidado. A distância no tempo entre o que
aconteceu e o tempo de agora, altura em que pesquiso, é superior a quatro
décadas. Para escrever este II Volume – Nascimento de uma Cidade, a uma
distância de quarenta anos do acontecido, terei melhor sorte da que Gaspar
Frutuoso teve, quando escreveu sobre a elevação do Lugar a Vila da Ribeira
Grande, havendo chegado quase seis décadas depois do acontecimento? A natureza
da memória humana está sujeita a desaparecer, a ser reelaborado, ajeitada. O
testemunho, muitas vezes, resulta de um reflexo – às vezes mesmo inconsciente
-, de auto-defesa: será que esta informação me vai prejudicar ou não? Portanto,
o testemunho oral pode não ser o mais representativo. Não é uma matéria
inocente, aliás, como nenhuma outra, incluindo a prova escrita. Disponho de
mais documentação escrita e testemunhos orais do que Frutuoso dispôs. Como me
precaver disso? Ciente destes escolhos, vou cruzar os depoimentos com a
documentação escrita. Mas se a documentação escrita não é 100% segura, como
evitar que a informação não seja inquinada? Manter-se céptico o quanto baste.[356]
Apesar destes escolhos
no caminho do uso da memória oral, para quê usá-la? Simples de se responder: há
coisas relevantes que escapam aos documentos escritos. Vejamos. Sendo o Decreto
Legislativo Regional de 1981, relativo a elevação cidades, anterior aos do
Continente e Madeira, diferente da legislação de 1959 (que ainda regulou a
elevação da Amadora a Cidade), quem e por que se chegou àquele entendimento?
Entrevistar o Dr. Álvaro Monjardino (Primeiro Presidente da Assembleia
Regional, que apesar disso, dada a sua experiência e conhecimento, ajudava as
comissões, como no-lo diz o Dr. Borges de Carvalho, líder do Grupo Parlamentar
do PSD), que foi o grande ideólogo da solução dos três ex-Distritos
(poder-se-ia chamar da Doutrina das três fechaduras), seria a pessoa indicada
para nos esclarecer este assunto? O Dr. Jaime Gama (do Partido Socialista), autor
da proposta de Janeiro de 1979 apresentada à Assembleia da República e de uma
segunda (que não confirmei) de Junho de 1980, poderia explicar-nos (se aceitar,
claro) por que razão tal aconteceu e por que razão decidiu propor a Ribeira
Grande e a Praia da Vitória. O Carlos César (do Partido Socialista), um dos que
subscreveram esta mesma proposta (mesma ou diferente?) à Assembleia Regional,
se também aceitar colaborar, poderá explicar-nos a razão da proposta à Assembleia
Regional e não à Assembleia da República.[357]
Competências? Se fosse pela Assembleia da República, o critério era adverso e
por isso mudou-se de estratégia? O Engenheiro António Manuel Rocha Pontes, que
toca pela primeira vez no assunto na Vereação da Ribeira Grande, seria outro a
poder esclarecer-nos, ou Dinarte Miranda (PSD), Presidente da Assembleia
Municipal da Ribeira Grande, que chumbou a proposta de 1979, ou José Maria
Teixeira (PSD), o Presidente da mesma Assembleia, que em 1980 aceita a proposta
de 1980. Ou Artur Martins, Presidente da autarquia (PSD), que adere à ideia da
elevação a cidade. Da parte dos jornais, Osvaldo Cabral será outro a quem
devemos perguntar acerca de aspectos obscuros da campanha de O Correio dos Açores para a elevação a
cidade. Ou da rádio ou ainda da televisão. A pressão exercida continuadamente
pelos meios de comunicação social (conheço os da ilha de São Miguel, mas seria
bom conhecer o que sucedia na Terceira), forçou a Região a legislar sobre os
critérios de cidade.
Antes de arregaçar as mangas, e entrar na revigorante tarefa
da pesquisa/escrita, confesso que pouco ou nada sabia das pretensões da Ribeira
Grande a ser cidade, muito menos da campanha para que tal sucedesse, nem
tão-pouco me interessava pelo assunto. Estava longe, longe fisicamente em Rhode
Island, nos Estados Unidos, e bem longe dos meus interesses. Lembro-me de
passar os olhos por um ou outro Correio
dos Açores, atrasado como tudo, num molho que o Sr. Plínio Maria da Ponte
enviara ao filho Rui, Vasques (doutorado no MIT) que numa tarde de muita neve,
lá em Rhode Island, fomos folheando
aqui e ali enquanto comentávamos o que mais nos interessava: os resultados do
futebol da Ilha. É disso o que me lembro. Excepto, veio-me agora mesmo á
superfície da memória, de ter lido a edição especial do Correio dos Açores, saída na véspera da elevação. Do que me lembro
mesmo? De ter vertido lágrimas ao ler o artigo do Daniel de Sá que falava nos
esquecidos construtores. Partiu daí a nossa amizade. O padre Edmundo? Começamos
mal, com o pé esquerdo. Porém, aos poucos, após o ter confrontado com o aviso
ao meu ex-futuro sogro, de ter cuidado por eu ser um perigoso comunista, fomos
construindo uma sólida amizade. Gostar da Ribeira Grande? Quando saí, não
pretendia voltar, lá fora apaixonei-me pela Terra. Como? Pelos amigos que
deixara. Pelos cheiros da ribeira, do mar, das plantas. E coisas parvas assim,
aparentemente.
Por que razão escrevo o que escrevo? Desde que
regressei, amigos e conhecidos e nem por isso, de fora da Ribeira Grande, e
mesmo alguns poucos da Ribeira Grande, repetidamente perguntavam-me: como é que
te dás com aquela gente? Porque não te mudas para aqui? Ou quando dizem num tom
trocista que me fere agora (não antes), e que só a boa educação me aguenta de
mandar uns palavrões de resposta: Vens da ‘Cidade
da Ribeira Grande?’ Resposta para mim mesmo: Eu sou aquela gente com os
defeitos das virtudes e as virtudes dos desfeitos. Se vou conseguir ser isento?
Acho que sim, mas só vendo. No fundo, bem lá no fundo, trata-se de um gesto de
tentar resgatar da minha dignidade. Aqui nasci, aqui cresci, daqui vejo o
mundo.
A alegre notícia da
Vila da Ribeira Grande já ser Cidade
Na quinta-feira à noite, após se conhecer a votação no
Plenário na Horta ‘(…) Vinte e um
morteiros disseram à população da Vila que já é Cidade. P Presidente da Câmara,
Artur Martins, mandou hastear as bandeiras nos Paços do Município. Ontem [5
de Junho], à noite, uma filarmónica local
[Qual? Voz do Progresso, da qual Fernando Monteiro era Presidente? Triunfo, por
ser da Matriz?] percorreu os limites da
cidade e, em sintonia repicaram os sinos das quatro igrejas da nova cidade
[Matriz de Nossa Senhora da Estrela, Nossa Senhora da Conceição, Apóstolo São
Pedro e São Salvador do Mundo]. Natalino
Viveiros, como ribeiragrandense e em representação do Governo Regional,
deslocou-se ontem à noite à nova cidade micaelense.’[358]
Esta suculenta nota foi escrita pelo jovem jornalista
de O Açoriano Oriental, João Paz (n.
Calhetas- Ribeira Grande – 5-03-1959). Em 1507, recorri ao testemunho indirecto
de Frutuoso, para 1981, contarei com testemunhos directos. Além de João Paz,
que dera os seus primeiros passos no jornalismo em 1979, nascido num lugar que
só veio a fazer parte da Ribeira Grande talvez em 1515, conto igualmente com
Osvaldo Cabral (1957), nascido em Angra de pais do Pico da Pedra, outro lugar
que chegou à Ribeira Grande por alturas das Calhetas. Como conto com Silva
Júnior, um homem da Fajã de Baico com coração da Ribeira Grande, pertencera ao
Círculo dos Amigos, com Sidónio Bettencour, a iniciar-se na rádio, dos Arrifes,
mas Picoense das quatro costelas, de José França, nascido no Rio de Janeiro,
que cobriu acontecimentos para a televisão. De Gilberto Nóbrega, José Morgado ‘Pixela,’
e outros, que colheram imagens.
No
Correio dos Açores do dia seguinte, o grande lutador da causa, Edmundo Pacheco
fora mais preciso. Titula a notícia: ‘E
o sonho fez-se realidade.’
Era mesmo uma notícia certa: ‘Ribeira Grande – De Vila passou a Cidade.
Foi uma caminhada bem vivida, ma com muita persistência e com a certeza de que
o sonho deveria transformar-se em realidade. E, assim, foi…’
Morador na rua de Nossa Senhora
da Conceição, Edmundo descreve o que os seus olhos viram e os seus ouvidos
ouviram: ‘Quando se soube, aqui, da
decisão unânime da Assembleia Regional, elevando a cidade a vila de
quatrocentos anos, as manifestações de júbilo multiplicaram-se, sendo notório
na população o entusiasmo que lhe ia na alma.’ O melhor estaria para vir,
sabia-o bem porque fazia parte da Comissão das Festas: ‘Mas a explosão do agrado geral por esta Justiça que se fez à Ribeira
Grande vai registar-se por altura das comemorações do Feriado Municipal, com a
realização de um Programa Festivo que está a ser preparado com carinho e com
dedicação.’
E agora a descrição do que ouviu
e viu: ‘Pelas 21 horas de anteontem a
Filarmónica Triunfo depois de ter percorrido as ruas da cidade, concentrou-se
junto dos Paços do Concelho, executando marchas, enquanto os sinos das igrejas
das quatro freguesias da nova urbe repicavam festivamente e subiam ao ar
dezenas de morteiros. A sirene do Quartel dos Bombeiros também se fez ouvir e o
velho sino da torre dos Paços do Concelho dobrou – facto talvez único no
presente século. Já durante o dia, várias girândolas de foguetes tinham sido
queimadas, levando a toda a parte a notícia do ‘nascimento’ da cidade. Por aquilo que apurámos, diversas mensagens
foram dirigidas à Câmara Municipal, tendo o seu presidente sido solicitado
pelos Meios de Comunicação Social da Região a fazer declarações acerca da
efeméride.’[359]
A quem se devia este sucesso?
Segundo
Edmundo, não havia dúvidas, aquele desfecho devia-se: ‘Merece,
finalmente – os últimos são os primeiros – que se arquive, aqui o nome de Jaime
Gama que, em nome do Partido Socialista propôs, na Assembleia da República, a
criação de novas cidades nos Açores – Praia da Vitória e Ribeira Grande, bem
como o dos representantes do mesmo Partido na Vereação da Câmara Ribeiragrandense
que foram incansáveis nos apelos para a concretização daquele projecto – Daniel
de Sá, António Manuel Rocha Pontes e Mário Borges.’[360]
Já em 1979, na presença dos
entrevistadores Jorge Nascimento cabral, Osvaldo Cabral e Lopes de Araújo, em
entrevista conjunta com Jaime Gama, João Bosco da Mota Amaral, confirma-o sem
sombra para dúvidas: ‘(…) (p. 4) O caso Ribeira Grande ‘a iniciativa não partiu da Câmara mas sim de
Jaime Gama.’[361]
O que queremos dizer
quando falamos de Ribeira Grande?
Em 1507/8, com uma légua em torno do Pelourinho, era simplesmente
a Vila da Ribeira Grande com os seus ‘termos’
de Rabo de Peixe, Ribeira Seca, Ribeirinha, Pico Arde e pouco mais. Em 1981,
com a ascensão das freguesias a nível de poder e de identidades, havia duas Ribeira
Grande; uma oficial, que ia das Calhetas à Lomba de São Pedro, cuja sede era a
Vila da Ribeira Grande, e uma outra Ribeira Grande, cuja sede era ainda a
Ribeira Grande, mas que derivava mais da ideia que as freguesias tinham da
Ribeira Grande, e que a confinava à Conceição e à Matriz de Nossa Senhora da
Estrela.
Percebe-se assim que, atentemos nisso, concentremo-nos
nas agora freguesias da área de 1507 da Vila da Ribeira Grande, Rabo de Peixe
(a segunda paróquia da Ribeira Grande, Ribeira Seca (paróquia desde 1577/1578),
Santa Bárbara (que se separara da Ribeira Seca em 1972) e a Ribeirinha (freguesia
desmembrada da Matriz apenas em 1949) não se identificassem, então, com a Vila,
e oferecessem resistência a pertencer à Cidade. Rabo de Peixe, com aspirações a
Vila (veja-se alvitre de Ezequiel Moreira da Silva (pai) em 1972, da proposta
do Vereador Socialista António Manuel Machado da Rocha Pontes, em Janeiro de
1979, que colheu votos favoráveis na Vereação mas foi chumbada pela Assembleia
Municipal em Março, acedendo a Vila a título honorífico) em 25 de Abril de
2004. Ribeirinha e Ribeira Seca, acabaram por fazer parte do núcleo inicial da
cidade da Ribeira Grande em 1981, e, em 2002, sucederia o mesmo a Santa
Bárbara.
Em 1968, Daniel de Sá, entre Janeiro e Março, nos
inquéritos que fez às freguesias do Concelho, deixa de fora as duas que
constituem a sede do Concelho: Conceição e Nossa Senhora da Estrela.[362] Distingue,
pois, a sede do concelho e o concelho, no entanto, destaca as duas que estão
próximas da sede do concelho: Ribeira Seca, a que chama de ‘Formosa dama de honor da Ribeira
Grande,’[363]
e
à Ribeirinha que atribui-lhe ‘Vontade e
bom gosto.’[364]
A proximidade física da sede, além de resultar em benefício imediato, permitirá
uma necessária ligação futura mais estreita.
Uma carta endereçada por Luciano da Mota Vieira endereçada
à Câmara, poucos dias antes da elevação oficial, descreve-nos a unidade física
da nova cidade: ‘Quem
desce a vertente norte da serra de Água de Pau verifica o nítido conjunto do
grande aglomerado populacional constituído pelas cinco citadas freguesias,
felizmente com características que permitirão bom trabalho a um arquitecto
urbanista.’[365] Luciano da Mota Vieira conhecia bem o que dizia, além
de professor e de jornalista era guia de turismo, era o ‘mais antigo guia intérprete deste
arquipélago função em que, algumas centenas de vezes, tenho mostrado boa parte
da Ribeira Grande e da sua área concelhia a visitantes nacionais e
estrangeiros.’[366]
Quem
nascia na Ribeira Grande, vila e sede do concelho, identificava-se de modo
diferente dos que nasciam fora da sede. Em 1979, vê-se bem isso na disputa que
envolveu A.M (supostamente da Vila) e Medeiros Teixeira (do Porto Formoso).
Dando azo a que os não nascidos na sede sejam tidos como aldeões, pelo menos na
interpretação do último. Responde o último ao primeiro: ‘(…) Quanto à informação da pessoa amiga que
disse não serem os membros da Assembleia Municipal nascidos na Ribeira Grande,
não é mentira.’ E acrescenta: ‘Sou aldeão, tenho muito orgulho
de o ser, mas também com muita pena de ter como herança apenas uma 4.ª classe
do E.P.E.’ [367]
Passados 40 anos, em termos de se sentir ou não
pertencer à cidade, tirando a Ribeira Seca, com um sentimento forte de pertença
à cidade, Santa Bárbara e Ribeirinha, ainda estão longe de uma identificação
plena. Mas não é anormal, pois, a Calheta, em Ponta Delgada, até há pouco não
se sentia de Ponta Delgada, apesar de Ponta Delgada ser cidade desde o século
XVI.
Em
1949, D. Lopo de Sousa Coutinho, Conde de Caminha, dá conta que a o
ribeiragrandense vai ‘à cidade [Ponta
Delgada] comprar o que não há aqui e mais
barato, esquecendo-se do custo da camionagem e…do almoço.’[368]
Em 1991, dez anos após a elevação a cidade, a
Ribeira Grande era ainda assim: ‘um
lugar de passagem de e para Ponta Delgada. As freguesias, ditas do norte, nas
pontas dos pés, espreitam por cima da vila já cidade, a sempre cidade, as do
poente, de costas voltadas, fazem o mesmo, e, a vila já cidade, não foge à
regra. A regra é cá virem para as papeladas. Compras, negócios e diversões é
com a outra.’[369]
As freguesias do
Concelho estavam (e estão) de costas voltadas para a sede, o que não ajudou ao
processo de elevação nem à construção posterior da cidade: ‘(…) A proximidade da freguesia do Pico da Pedra à Ribeira Grande – mais ou
menos a meio caminho entre as duas cidades da Ilha – não lhe proporcionou
aquela intimidade de vizinhança como seria de esperar, demais a mais
tratando-se de uma das freguesias do Concelho. Havia com certeza no tempo da
minha criação razões para que a preferência dos habitantes do Pico da Pedra se
inclinasse mais para a então única cidade da Ilha. Aí faziam as suas compras,
consultavam os médicos, submetiam-se a intervenções cirúrgicas (sobretudo ao
estômago, devido á comida salgada, apimentada e á carne de porco da
salgadeira), se estudava… Actualmente não sei se acontece o mesmo, mas é de
crer que tivesse havido alterações a esse comportamento.’[370]
A Maia, que terá entrado no
Concelho entre Dezembro de 1820 e Janeiro de 1822,[371]
e que desde o século XVI tenta ser elevada a Vila, volta a tentar em 1979 e em
1980, mas que tem na Lombinha da Maia uma candidata a separar-se da Maia, sendo
contestada por igual ambição dos Fenais da Ajuda, que festejou com música e foguetório
a inclusão em 1890’s no Concelho da Ribeira Grande, que em 1833 (a verificar)
também se conhece uma tentativa para ser Vila. É um concelho algo disfuncional?
É, mas, tirando Nordeste (tanto quanto sei) todos os demais, sofrem desse mal
(se se considerar um mal): veja-se Furnas e Povoação, Água de Pau e Lagoa
(durante pouco mais de mês o Concelho da lagoa foi extinto e incorporado no de
Água de Pau, corrigindo-se então para a extinção do de Água de Pau e inclusão
no da Lagoa), veja-se as Capelas e Ponta Delgada. Para já não falar no de Vila
Franca que foi sendo sucessivamente amputado. Portanto, é um fenómeno global na
ilha.
Os limites da Cidade
[Cf.
Acta de relatório da Assembleia Legislativa Regional]
Os limites da Cidade de 1981, ficaram bastante aquém
dos limites da Vila de 1507/8. Ou seja a légua em torno do pelourinho, conforme
nos deixou escrito Gaspar Frutuoso, ia além dos de 1981. Mesmo em 2002,[372] com
a incorporação de Santa Bárbara e acrescentos em torno da Ribeirinha e Ribeira
Seca, a área da Cidade aquém da de 1507/8, pois não inclui Rabo de Peixe.
Posições acerca da
passagem da Vila da Ribeira Grande a Cidade?
A tese dos que não queriam ponto final, que pode ser a
manifestada pela decisão da Assembleia Municipal de 1979. O seu Presidente,
Dinarte Ferreira Miranda, sintetiza esta posição: Antes ser uma grande vila do
que uma pequena cidade.
Havia a posição dos indiferentes, que achavam que não
devia ser, que mais valia a ser um aboa Vila do que uma má cidade, mas que, se
assim o desejasse, estaria bem. É o caso de Jerónimo Cabral. Havia a tese dos
que queriam que fosse Vila. Uns, no entanto, condicionam esta elevação à
resolução em primeiro lugar de problemas e de situações. Seria o caso de Jorge
Gamboa. E outros que, não negando o facto de ser preciso de muitas melhorias,
entendiam que as ‘cidades não nascem
cidades.’ Esta era a posição do Padre Edmundo Manuel Pacheco, de Milton
Costa, de toda a vereação. Esta posição acabou por prevalecer.
O primeiro dia da
Cidade
O fotógrafo Gilberto Nóbrega, algures do outeiro do
Galvão, fixou a Ribeira Grande no dia 29 de Junho de 1981.[373]
‘(…) Sou um combatente
pela História, (como sou pelo jornalismo de investigação) não da que se
improvisa, com grandes sínteses panorâmicas acerca da evolução, com alguns
factos soltos, mas daquela em que se buscam as fontes e se procura narrar e
interpretar com objectividade e contextualizadamente o passado (sem perder de
vista o presente e até o futuro), se analisam os problemas com rigor e,
especialmente de lançam muitas dúvidas.’
Torgal,
Luís Reis, E se só a Ciência for revolucionária?, Público, Lisboa, 28 de Junho
de 2021, p. 10.
A primeira tentativa da Vila ser
Cidade: 1852
Para entender a tentativa de 1852, é bom ter presente a
instalação em Ponta Delgada das sedes do Junta Geral e do Governo Civil, com a
polarização de estruturas e a atracção de gente da Ilha de fora de Ponta
Delgada que isso significou.
Muito antes do padre Edmundo e de Ezequiel Moreira da
Silva, aconteceu a 16 de Junho de 1852, o Dr. João José da Silva Loureiro,
natural de Ponta Delgada, Setembrista, levar à Câmara dos Deputados da Nação
uma proposta de elevação da Ribeira Grande a Cidade. Numa espécie de pequena
nota preambular, introduz o seu raciocínio: ‘É um acto
verdadeiramente justo elevar as povoações à categoria que lhes compele pelo
estado do seu desenvolvimento intelectual e material, e pela sua extensão e
riqueza, porque o título de cidade deve ser considerado como o prémio devido às
terras que mais se têm avantajado, pela glória do trabalho e da civilização,
muito embora os seus habitantes não gozem por isso de mais foros.’ Reforçando o que pensava, acrescentava: ‘É
com este poderoso e fecundo estímulo que pequenos Lugares se têm elevado a
Vilas, e a Cidades florescentes; e por consequência os interesses do País
exigem que ele se empregue todas as vezes que a justiça o recomendar.’ No
caso da Ribeira Grande, desabafava: ‘Eu não conheço, Senhores, Vila alguma
que tenha melhores títulos, do
que a Vila da Ribeira Grande da Ilha de S. Miguel, para dever ser elevada a
Cidade, e por isso com o oferecimento desta Proposta não
faço senão cumprir um acto de justiça.’
Prestara
juramento e tomara assento, pouco antes, a 17 de Março de 1852. Alegava que a Ribeira Grande tinha
quase ‘8 mil almas’, que era ‘sede de Concelho e de Comarca,’ que
abrangia toda a costa Norte, com ‘três
julgados,’ que possuía ‘grandes edifícios e belas ruas’, aliás, ‘cinquenta
e seis ruas,’ ‘duas sociedades de instrução e recreio.’[374]
Além da publicação oficial nas actas do Parlamento, a
proposta do deputado por São Miguel viria a ser publicada integralmente um mês
depois na Ilha, no jornal Correio
Micaelense, jornal de Ponta Delgada, afecto ao Partido de Loureiro, onde
habitualmente Loureiro escrevia.[375]
Sete dias depois de O Correio Micaelense,
o Açoriano Oriental publica apenas a
parte da proposta legislativa, omitindo a Memória Introdutória.[376]
Fá-lo ainda no fim de uma extensa coluna, onde enumera outras propostas de
Loureiro. Nem o jornal A Ilha, nem a Revista dos Açores, dão qualquer nota
acerca do assunto. A Ilha acompanhava atentamente o evoluir da quase moribunda
Câmara das Capelas.
A Ribeira Grande só viria a ter o seu primeiro jornal
em Maio de 1856. Como chegara Loureiro a deputado? Inicialmente, ocupara o
quarto lugar dos nove nomes escolhidos pelo seu partido para concorrerem às
eleições. Antes dele, posicionavam-se José do Canto, Dr. José Pereira Botelho e
Nicolau António Borges.[377] E
depois dele, ainda havia: Dr. João Bernardo de Medeiros, Dr. Veríssimo de
Aguiar Cabral, Dr. João Maria Botelho de Sequeira, José Jácome Correia e Dr.
José Maria Tavares Ferreira.[378] A
lista resultara, segundo a mesma fonte, da vontade da maioria do Partido. Por
desistência dos dois primeiros, João Loureiro avança.[379] No
Parlamento, Loureiro apresenta várias propostas, das quais dá privilegiadamente
conta no Correio Micaelense. Propõe
uma abolição de vínculos, que publica em 19 de Junho.[380] A
17 de Julho, o leitor fica ao corrente de que Loureiro não só defendera a
elevação a cidade da vila da Ribeira Grande como igualmente defendera a votação
de uma verba para a construção de novo edifício da Câmara e da cadeia Municipal
de Ponta Delgada, a imposição de um imposto sobre a exportação de barro para
benefício da Câmara de Vila do Porto, e sobre o ensino escolar.[381] O Correio Micaelense, de 31 de Julho,
informa-nos que Loureiro quisera resolver o assunto do financiamento de Festas
dos Espírito Santo em Santa Maria, assim como avançara com propostas para
alcançar o edifício (parte) do extinto Convento da Conceição para sede da
Sociedade Promotora da Agricultura, de que era sócio.[382]
Finalmente, num de Agosto, já com a queda do Governo e do Parlamento, em que se
anunciou o regresso de Loureiro à ilha a 22 daquele mês.[383] Na
ida para o Parlamento em Lisboa, Loureiro embarcara no brigue Vestal, que
zarpara às 4 e meia da tarde, no dia 21 de Fevereiro de 1852.[384] À
ida, O Açoriano Oriental traça-lhe
uma linha de actuação: ‘Pedimos-lhe que
examine minuciosamente o orçamento – que
compare as verbas concedidas para outros Distritos com a importância e necessidades
deste nosso – e que tendo sempre em vista as vantagens que hão-de resultar de se promoverem as obras públicas de que carecemos,
trabalhe para que se levem a efeito.’ Loureiro
assim o faria, remata o jornal porque ‘temos
confiança de que assim o fará.’[385] O
jornal vigiava de perto a actuação do deputado, assim se percebe que oito
números depois, lhe mandasse um recado urgente. Diga-se que o Açoriano Oriental estava ligado aos
Setembristas: ‘Uma outra consideração nos
vem aos bicos da pena, e vem a ser a necessidade imediata de se promoveram as
obras públicas em S. Miguel como meio de evitar a emigração, proporcionando
trabalho aos braços desocupados que com o risco de vida e liberdade o vão
procurar em terras estranhas. Não
dirigimos estas considerações aos Micaelenses, porque elas estão no ânimo de
todos, fazemo-las para que cheguem aos ouvidos do Governo, e especialmente nos
dirigimos ao nosso deputado em Cortes, o Sr. Loureiro, para que pugne como deve
pelos interesses desta Ilha, tão abandonados perante o governo durante as
últimas legislaturas.’[386] E
aumentando o tom da crítica, acrescentava-se um puxão de orelhas incluindo-se
uma ameaça séria: ‘Lembre-se o senhor
Deputado que tem de vir para entre os seus concidadãos, ou cobrir-se de glória
pelo que houver feito em seu benefício, ou perder toda a consideração e
prestígio se nada fizer, e a estima pública é um título tanto para invejar, que
cremos em sua S.S. a boa vontade para o conseguir.’[387]
Sucede que os Distritos da Horta e de Angra, haviam alcançado verbas para o que
desejavam. Acresça-se ainda à crise geral, os estragos causados em toda a Ilha
pelo terramoto de 16 de Abril. O Jornal de 17, dava apenas conta ao sucedido em
Ponta Delgada.[388] A
edição seguinte, de 24 de Abril, detalharia o sucedido ao redor da Ilha. Entre
muitos exemplos possíveis do drama que se abateu sobre a Ilha, dou um ou outro
do ocorrido na Ribeira Grande: ‘na
freguesia da Conceição contam-se duas infelicidades causadas pela demolição de
uma casa de Francisco Barrela, perecendo duas suas filhas, um de 5 e outra de
15 anos de idade. Nas Gramas
(freguesia Matriz da mesma Vila) o infeliz João Pereira perdeu a sua única
filha, está em risco de lhe faltar a esposa, ficou sem casa, e com menos algum
gado que possuía.’[389]
No dia 17 de Abril, o dia a seguir ao terramoto, João
Albino Peixoto escreve a quente o
Terramoto de 16 de Abril de 1852, uma impressão em poesia do sucedido,
atribuindo a causa a Deus. O poema sai no Açoriano
Oriental de 24 de Abril: ‘Nada vem do
mero acaso,/ Tudo vem de alto destino/ Aliás, o acaso é Deus/ Ou não sabio (?)
o ser Divino.’[390]
Parece que a pressão exercida sobre Loureiro produziu
efeito. O jornal A Ilha, de 29 de
Abril, informa que Loureiro havia apresentado ‘um projecto para a criação de uma nova comarca na ilha de Santa Maria.’[391]
Outra pressão, terá vindo doutro facto. A 9 de Junho de 1852, haviam sido
eleitos pelo Distrito de Ponta Delgada, João Soares de Albergaria e Pedro
Jácome Correia, diz-nos a ilha rejubilando, ‘desta vez não houveram foguetes!’[392]
Eram de partido diferente do que elegera Loureiro. A produção de propostas
parece ter aumentado a partir daí.
Por que razão na Memória apresentada ao Parlamento não
foi incluída, e tal daria força à pretensão, a notícia de que o capitão de
engenharia Francisco Maria Montana iniciara os trabalhos no porto de Santa Iria,
com a intenção de o tornar um porto comercial no Norte da Ilha, complementar ao
de Ponta Delgada no Sul? Fora lançada a 12 de Junho, num Sábado, ‘a primeira
pedra no alicerce do cais da Vila da Ribeira Grande.’[393] Aliás, a construção do porto artificial de Ponta
Delgada só veria o lançamento da primeira pedra em Setembro de 1861, começando
a obra meses depois. Em Setembro de 1859, com o cais e a
estrada que conduz ao porto concluídos, restava construir um farol, uma casa
para passageiros e um barracão para bagagens. Tudo isso ocorre antes do
lançamento da primeira pedra para a construção do porto artificial de Ponta
Delgada. A
25 Janeiro de 1862 é carregado o primeiro barco neste porto com laranja para
Inglaterra. Por
pressão do deputado eleito pelo círculo oriental, é criado em 1863 um posto
fiscal no porto de Santa Iria.[394]
A explicação para o facto de o Memorando que o deputado Loureiro apresentou, no
verão de 1852, não ter mencionado o Porto de Santa Iria, justificar-se-á pela
razão de a decisão final entre construir aquele porto nas Capelas ou na Ribeira
Grande ainda não ter sido tomada? Estava tudo ainda em aberto. Além do mais, o
Dr. João José da Silva Loureiro fora ou ainda era partidário da opção pelas
Capelas. Caso mantivesse a sua posição, seria um pouco constrangedor, mas
possível para um político pragmático que se preze, lendo o lado do vento, de
defender com a mesma cara o contrário do que antes defendera.[395]
A Ribeira Grande teve azar. Se fosse antes de ter sido
acometido ‘de um ataque de demência,’
e regressar doente em finais de 1842 a Rabo de Peixe, terra da mãe, onde viria
a falecer a 10 de Outubro de 1844, Manuel António de Vasconcelos, irmão de José
Maria da Câmara Vasconcelos, que fora um deputado combativo nas Cortes, um
excelente orador, é bem possível que o desfecho fosse diferente.[396] O
antigo capitão-mor da Ribeira Grande, António Francisco Botelho de Sampaio
Arruda (1768-1846), [397]
avô de José do Canto e de Ernesto do Canto, que ainda fundara com os netos a
Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, em 1843, mudara-se para Ponta
Delgada,[398]
onde faleceu em 1846. O capitão-mor da Vila da Ribeira Grande, à altura
reformado, António Francisco Botelho Sampaio Arruda envolveu-se ‘nos acontecimentos de 1821, sendo desde
o início membro do governo interino.’[399].
Aliás, foi eleito vice-Presidente na sessão de 23 de Maio de 1821, em
substituição de André do Quental que fora eleito Deputado às Cortes.[400] Fez ‘parte da Loja [Maçónica] União Açoriana, na década de trinta.’[401] O
capitão-mor, mais o seu genro e outros, empenhou-se a fundo nas lutas para
subtrair a Ilha (na perspectiva de Ponta Delgada) ao domínio da Prefeitura de
Angra. Ora, que se saiba, não usou a sua influência para promover a ideia da
cidade da Ribeira Grande, nem os netos.
Quando morreu, O
Cartista dos Açores, dedicou-lhe um obituário, no qual não se refere que
era natural da Ribeira Grande e fora Capitão-Mor, nem onde foi sepultado: ‘Deram-se hoje [quinta-feira, 9 de Abril]
à sepultura os restos mortais do
Ilustríssimo Senhor António Francisco Botelho de Sampaio Arruda. O sentimento
geral que se divisava no semblante do imenso concurso de pessoas distintas que
formavam o acompanhamento, bem denotou o apreço e respeito que mereceu nesta
cidade e em toda a Ilha este Cavalheiro por quem vão cobrir-se de luto muitas
das Famílias nobres de Ponta Delgada [e os parentes da Ribeira Grande?], que lhe são conjuntas por vínculos de
sangue.’[402]
Após o que, traça um retrato moral do morto: ‘A honradez probidade e mais honradez sociais e domésticas que em toda
a sua longa vida distinguiram o Morgado Botelho.’ E finaliza com a
esperança comum a quem crê na vida além desta: ‘fazem olhar a sua perda com um daqueles custosos e estremos lances da
vida, com que nos resignámos só, porque em nosso auxílio acode a Religião
prometendo-nos para quem foi como ele bom pai, bom esposo e bom amigo, a feliz
e eterna morada dos Justos.’[403]
Após esta digressão, por fim, Loureiro seria um
recurso de segunda linha? Foi uma cartada política? De quem terá partido a
iniciativa?
A piorar
ainda mais a situação, em 1879, a geração que tomara parte activa antes e
depois da Ladeira da Velha, havia desaparecido. Quem o diz é Supico que os
conheceu bem, referindo-se aquele tempo: ‘No
tempo em que pela Ribeira Grande havia homens como Maurício da Arruda, Morgado
Diogo (Tavares do Canto Taveira), Morgado Ildefonso (Bicudo Correia), José
Maria da Câmara Vasconcelos, Bernardo Manuel da Silveira Estrela, António Júlio
de Melo, Padre José Caetano, Padre Remy e outros padres, os Cabidos, e tantos
outros homens no primeiro plano António Manuel da Silveira Estrela.’[404]
António Manuel tentou que o filho em 1878, um ano antes de falecer, lhe
continuasse, mas falhou, ganhando o estreante Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro,
homem de Ponta Delgada.[405]
Que preferira ser candidato pelo Círculo Eleitoral de Ponta Delgada ao da
Ribeira Grande, como confessa ao irmão Ernesto em carta particular: ‘(…) Eu confesso que tenho vergonha de
solicitar um círculo onde me (…)
natural que me
propusesse por Ponta Delgada, onde tenho família e relações, e onde sempre me
esforcei por não desmerecer do conceito que me foi chancelado em Coimbra. Mas
enfim, isso não prova contra mim, e só é mais um motivo para me aplaudir de ter
deixado a terra que me foi madrasta.’[406]
Para animar a campanha, fundou-se a Banda
Liberdade, que pouco depois mudou de nome para Triunfo, em homenagem ao
triunfo de Hintze Ribeiro. José do Canto, sogro do irmão de Ernesto Hintze,
contribui, além de outros caciques. A
Liberdade/Triunfo, em retorno, convida José do Canto para sócio.[407]
A Banda do Progresso, rival da do Triunfo, antecipara-se em mais de vinte
dias à rival, pois enviara-lhe com data de 5 de Março convite semelhante a José
do Canto.[408]
Será
que a Ribeira Grande ganhou elegendo um homem de Ponta Delgada, que foi longe
na política nacional, a um homem da Ribeira Grande? Em contrapartida, em 1893,
a Câmara Regeneradora da Ribeira
Grande, querendo premiar e continuar a ter certamente o Regenerador Ernesto Rodolfo
Hintze Ribeiro, como seu protector agora que chegara longe mas partira daquele
círculo, em 1878, deliberou ‘por proposta
do senhor vice-presidente [Gaudino de Sousa Cabral], (…) que se denominasse doravante – Largo
Conselheiro Hintze Ribeiro ao largo fronteiro aos Paços deste concelho e que
até aqui se denominava Praça do Município.’ [409]
Ernesto Rodolfo fora nomeado
Conselheiro de Estado em 8 de Dezembro de 1891 e era em 1893 Presidente do
Conselho, acumulando o cargo com a importante pasta da Fazenda. Em suma, os
Bicudos Correia e outros ‘Tubarões,’ de que faziam parte José Jácome
Correia, senhor do Lameiro, encostado ao Porto de Santa Iria, e José do Canto,
com propriedades em todo o Concelho, mas com herdade na ‘Ponta do Porto Formoso,’ próximo de Santa Iria, substituíram os
Estrela.[410] O Progressista
Gualberto Soares Vargas, redactor de A
Estrela, que fez campanha pelo candidato derrotado por Ernesto Rodolfo, não
tinha dúvidas nem acalentava ilusões: ‘A
Estrela, como todos os bons Ribeira-grandense, ama a união, quer a concórdia de
todos os filhos desta Vila, mas não pode ser indiferente aos que não tendo
política de princípios, fazem guerra aos que a têm, unicamente porque lhes
pediu este ou aquele amigo, sacrificando, como ultimamente, um concelho todo, aos caprichos dos grandes de Ponta Delgada.’[411]
O que
aconteceu ao certo que explique o malogro da tentativa de 1852. Supico, 11 anos
depois, vai direito à questão: por ‘(…) não a julgaram ainda digna.’ E acrescenta: ‘Não faltou quem [Quem? Alguém da própria
Ribeira Grande? De fora? Das freguesias da Ribeira Grande? Da Ilha? Onde? Ponta
Delgada? Vila Franca?] mofasse
[escarnecer] de semelhante iniciativa.’[412]
Apesar dos seus atributos: ‘Com
tamanha população [a Vila (Conceição e
Matriz)
8 401 habitantes, com tinha com a Ribeira Seca, que lhe ficava adjacente, tinha
11.471 habitantes, sendo o total concelhio de 24. 290 habitantes, segundo
Supico, p. 8], riqueza e progresso, a Vila da Ribeira
Grande excede a algumas povoações portuguesas condecoradas com títulos de
cidade.’[413]
Todavia, o futuro
pertencer-lhe-ia: ‘diga-o quem apreciar
conscienciosamente o seu valor moral e material, pela rápida notícia que aí
deixamos. A progredir a sua prosperidade, como tudo nos faz crer, não
decorrerão muitos anos, sem a elevarem à categoria de que em 1852, não a
julgaram ainda digna.’[414]
Não há força destrutiva mais eficaz (mais
poderosa do que um vulcão) do que o não argumento da troça? Insegura, humilhada,
a Ribeira Grande (alguns da Ribeira Grande), sem nunca esquecer a afronta, iria
a partir de então tudo fazer, sem se saber ao certo o que faria uma Vila
merecer sem troça o título de Cidade. Teria motivo para o sentir? Esta troça
iria ao encontro da pretensão de controlo do poder na ilha por parte da única
cidade da Ilha? Faria parte de uma estratégia consciente daquela cidade?
Cidades e candidatas a Cidades nos
Açores
O
que fez a coroa fazer cidades nas Ilhas? Voltemos um pouco atrás, ao fio da
nossa meada. Em 1515, para tentar manter, em desespero, o seu ascendente sobre
as Vilas da Ilha, Vila Franca, pretendeu ser cidade. Porque não terá o monarca
atendido a pretensão de Vila Franca? Talvez porque na ilha de São Miguel,
conforme o informara o seu Corregedor, a crer na sua palavra, Ponta Delgada
fosse já a Vila mais rica e de maior movimento comercial. Além do mais, nos
Açores ainda não havia quaisquer cidades e o Bispado era o do Funchal. Ao
tempo, nas Ilhas Atlânticas, apenas havia a cidade do Funchal, elevada por D.
Manuel a 21 de Agosto de 1508.[415]
O Rei D. Manuel estava a investir
na consolidação administrativa da Ilha da Madeira, a ilha que lhe trazia maior
riqueza. O filho, D. João III, a situação mudara, a carreira da Índia e as
armadas que a protegiam, precisavam dos Açores. Onde nos Açores? D. João III,
vendo as vantagens de uma abrigada baía, no centro do arquipélago, com defesas,
água e biscoito, apostou em Angra, elevando-a à categoria de Cidade em 21 de
Agosto de 1534.[416]
Era lá que as armadas da Índia aportavam, era lá que se havia instalado já a
Provedoria das Armadas, a Carta Régia é bem elucidativa a este respeito: ‘a
vila de Angra é agora tão acrescentada em povoação e assim enobrecida, nosso
Senhor seja louvado, onde bem merece ser cidade havendo a isso respeito e assim
aos muitos serviços que dos moradores da dita vila tenho recebidos assim nos
socorros e provimentos que dão a minhas armadas e naus da Índia quando ao porto
da dita vila vão ter, como em outros serviços em que me sempre servem quanto
deles é necessário como bons e leais vassalos que são.’[417]
Naquele tempo, ser uma Vila elevada a Cidade
trazia enormes benefícios à terra e à gente da terra, era igualmente um
incentivo para se alcançar mais crescimento e atraía gente de outros locais da
ilha, das ilhas ou do Reino e de fora dele: ‘lhe dou e concedo todos os privilégios,
liberdades, e preeminências que tem e são dadas e outorgadas às outras
semelhantes cidades de meus Reinos e aos cidadão dela gozarem deles assim e tão
inteiramente como tem e gozam os outros mais cidadãos das outras ditas
semelhantes cidades.’[418]
Não se conhece (eu não conheço) quando chegou à Terceira esta
carta de Cidade, nem quando ou como ou por quem foi realizada a cerimónia de
transferência de Vila para Cidade. Seja como for, se não bastasse o incentivo de ser a primeira
Cidade dos Açores, tornando-a um poderoso polo de atracção, no mesmo ano de
1534, pouco mais de dois meses depois, o Papa Paulo III, pela bula Æquum reputamus, confirma a erecção do
Bispado do Santo Salvador, feita pelo seu antecessor Papa Clemente VII. Esta
erecção, ocorrera em 31 de Janeiro de 1533, quase vinte meses antes da
confirmação de 3 de Novembro de 1534 do Papa Paulo II. Aí se institui, é assim
que é designado, o Bispado de São Salvador. Leia-se atentamente a tradução da
Bula: na ‘Ilha chamada de São Miguel,
situada no mesmo mar Oceano, maior e mais notável do que as outras ilhas a ela
próximas, chamadas dos Açores, ocupada e defendida por grande população de
cristãos; e numa parte dela que se chama Angra, havia, entre outras, uma
insigne igreja paroquial dedicada sob
a invocação do Santo Salvador.’[419]
As ilhas, aí enumeradas, são: ‘São Miguel
e as que lhe ficam próximas, chamadas Terceira, São Jorge, Graciosa, Pico,
Faial, Flores e Corvo.’[420]
Santa Maria, como se vê, ficou (e ainda fica) de fora. Umas linhas abaixo, diz
o texto traduzido: ‘(o) nosso predecessor
Clemente (…) erigiu e instituiu a
cidade ou vila em que existia a mesma igreja do Santo Salvador, e erigiu a
mesma igreja do Santo Salvador em igreja catedral, sob a invocação do Santo
Salvador, para um Bispo que se chamaria do Santo Salvador.’[421]
Em nota de rodapé, os
editores do Instituto Cultural de Ponta Delgada, dizem-nos que terá havido, no
entanto, é isso que lá está, caso a tradução tenha sido correctamente feita do
original do Latim para o Português. Que pensar dessa presumível confusão?
Explicamos as
circunstâncias, pela parte de Roma. Clemente VII, sobrinho de Lourenço de
Médicis, o Magnífico, faleceu a 25 de Setembro de 1534, Paulo III, o sucessor,
fora eleito a 13 de Outubro, entronizado a 1 de Novembro e assinado a Bula dois
dias depois, a 3 de Novembro. Porém, Clemente VII já havia emitido uma Cédula a
este propósito a 31 de Janeiro de 1533. Em nota dos organizadores do Arquivo
dos Açores, traduzindo ‘A morte de
Clemente VII, em fins de Setembro de 1533, anulou provavelmente os efeitos da
dita Cédula de 31 de Janeiro, na qual se lê: A Vila ou povoação, onde está
erecta a dita igreja de São Miguel (ou de outra invocação, elevou-a (D. João
III) a cidade com este mesmo título de –S. Miguel, e erigiu em catedral com a
mesma invocação a dita igreja (de S. Miguel), para ser regida por um prelado,
que também se intitularia – Bispo de S. Miguel.’[422]
Alguém terá informado (de
propósito) mal a Cúria Romana, a Cúria Romana presumiu que fosse, como era
costume que fosse, que a Sé seria na terra maior e mais populosa. Da parte do
Rei, se pensou ou não inicialmente fazer a Sé na Ilha de São Miguel (onde seria
em São Miguel), mais tarde, mudando de ideia, quis fazer a Sé na Vila que fez
cidade: Angra. Fossem quais fossem as confusões, a 11 de Outubro de 1535, o Rei
não deixava quaisquer motivos para dúvidas: escolhera (ou acabaria por
escolher) para cidade e nela ficar a Sé de São Salvador não na Ilha maior ou
mais rica mas num local estratégico: ‘o
bispo D. Agostinho, de meu conselho é provido, e confirmado à minha
apresentação do bispado de Angra da Ilha Terceira (…).’[423]
Mas esta confusão, que pode
ou não advir somente da confusão geográfica, podendo igualmente ter sido suscitada
por hesitação do monarca, que o Rei terá posto um ponto final em 1535, pode ter
tido origem em dois factos. Primeiramente, já em 1528, se estaria a tentar
tentava em Roma alcançar do papa um bispado nos Açores.[424]
Dois anos antes de o monarca ter feito cidade a vila de Angra e outros tantos
antes da criação do bispado, o monarca concedeu 400 cruzados ‘para as obras da igreja de São
Sebastião de Ponta Delgada.’[425]
Será que os da Ponta Delgada interpretaram mal algum sinal ou putativa promessa
(ou encorajamento) do Rei, num tempo em que nada havia sido decidido? Ou que o
monarca estivesse indeciso? Seria fruto de intrigas e boatos que circulavam
pela corte? Não se sabe.
O que se sabe é que, treze
anos bem contados após D. João III ter feito cidade da vila de Angra, e de o
Papa (de propósito ou não) ter feito a Sé de São Salvador, na Ilha de São
Miguel, num local chamado Angra, a 2 de Abril de 1546, cabe a vez da Vila da
Ponta Delgada ser elevada a Cidade. Para quê uma segunda cidade nos Açores, quando já
havia uma em Angra, tanto mais que na Madeira só havia uma? Porquê em Ponta
Delgada? O teor do Alvará Régio diz tudo: ‘a vila da Ponte Delgada da Ilha de São Miguel é agora acrescentada em
povoação e assim nobrecida, que merece bem ser cidade, havendo a isso respeito
e assim aos muitos serviços que dos moradores da dita vila tenho recebidos,
assim nos socorros e provimentos que dão a minhas armadas e naus da Índia quando
à dita vila vão ter, como em outras coisas que servem quando cumpre meu
serviço, como bons e leais vassalos.’[426]
O
Rei mantinha a Provedoria em Angra, mas, presume-se, quis uma alternativa, em
caso de mau tempo, excesso de navios na Baía de Angra, escassez de mantimentos
na Ilha Terceira, necessidade de acelerar reparações de navios, precisava da
rica e Ilha de São Miguel, e, em São Miguel, era em Ponta Delgada que existia a
Alfândega e era a ela que chegava da Ribeira Grande e de outras partes o trigo,
o pastel, o açúcar, até mesmo a água. Haveria carpinteiros e outros mestres
disponíveis.
Mas
por que razão Ponta Delgada ganhara ascendente sobre o resto da Ilha?
Geralmente atribui-se ao facto de Ponta Delgada ser uma área rica em trigo e
pastel. Não pode ser só por isso, pois a Ribeira Grande também dispunha de uma
área agrícola igualmente rica. Então, o seu sucesso ficar-se-á a dever a outras
razões.
Ponta
Delgada (centro) tinha pouca e medíocre água, existiam apenas poços de água
salobra e uma ribeira mesquinha, a ribeira do Valverde, pelo contrário, a
Ribeira Grande era rica em águas. Quanto ao porto da Ponta Delgada, apenas uma
pobre e perigosa Calheta e um bom areal, havia melhores portos no Sul da Ilha
(porto dos Carneiros e Ilhéu de Vila Franca), e mesmo no Norte (Porto Formoso,
que antes de 1563/4, seria o melhor da ilha). Quanto uma vantagem ao Porto
Formoso, no Norte, explicar-se-á por duas razões (a meu ver): os ventos
predominantes da Ilha sopram do quadrante Norte, pelo que o Sul, junto à costa,
fica mais resguardado; outra, tirando Ribeira Grande, não existia mais nenhuma
povoação importante junto ao mar.[427]
Quanto à presumível vantagem face aos portos do Sul, em termos de
meteorológicos: não vejo superioridade face ao porto dos Carneiros ou ao Ilhéu
de Vila Franca. Assim sendo, a explicação da preferência só pode ser entendida
por outras razões. Quais? Vou tentar explicar.
Como explicar o facto de já antes de 1518 (antes da subversão de Vila Franca em 1522 ou muito antes ainda da catástrofe da Ribeira Grande de 1563/4), Ponta Delgada haver conseguido a adesão voluntária de freguesias a Norte e a Poente e dispunha de facto da Alfândega? Além de ser um local seguro, a governança era unida e sabia o que queria. Mas isso não bastava, Ponta Delgada interessava ao Rei e ao Capitão-do-donatário. Ponta Delgada recorreu a quatro armas para chegar ao que pretendia, sempre com os principais da terra e da governação na liderança: segredo (enfrentando a única Vila existente ao tempo: Vila Franca do Campo), com a cumplicidade do capitão-do-donatário; sub-reptícia (caso da petição favorável dos Mosteiros, Feteiras, etc.), diplomacia (caso da Alfândega) e força (caso do rompimento do cerco sanitário por volta do ano de 1527, indo em armas contra o capitão-do-donatário).[428] E o muito brio que tinham em ser de Ponta Delgada: ‘porque a mais honrada vila que tendes [Capitão-do-donatário] na vossa ilha é a Ponta Delgada.’[429]
Existirá
outra e muito forte razão, talvez decisiva razão, muitas vezes esquecida,
tirando a peste da década de vinte, era uma terra resguardada de enchentes, não
tinha ribeiras, e livre de graves prejuízos causados por abalos sísmicos e
vulcões, pois encontrava-se a distância segura dos maciços vulcânicos do Fogo e
das Sete Cidades. Portanto, era um local seguro.
A rematar o corpo de razões, todo um discurso
legitimador do ascendente de Ponta Delgada, que não terá usurpado o poder a
Vila Franca: ‘(…) quase furtando a bênção
a Vila Franca primaz e por ocultos juízos da Divina Providência (como Jacob o
de Esaú) herdando o seu Morgado.’[430]
Por isso, não esquecer o poder da escrita (bebida na tradição oral), assim a
corporização narrativa quase mítica da fundação da Vila da Ponta Delgada que se
rebelou contra a tirania da Vila Mãe, veiculada por Frutuoso, filho que nunca
desdenhou a terra, a partir da memória oral de Ponta Delgada.[431]
E uma espécie de narrativa explicativa da queda da ímpia Vila Franca do Campo e
justificativa da sua substituição por Ponta Delgada, igualmente transmitida por
Gaspar Frutuoso e repetida ainda no século XVII por Frei Luís de Sousa.[432]
Aliás, o Frei Toledo (vejam só) morava em Ponta Delgada e foi tentar o
arrependimento dos pecadores de Vila Franca. Frei
Toledo, haveria de ser encarregado em 1533, de gerir a verba que o Rei
atribuíra às obras da igreja de São Sebastião, em Ponta Delgada.[433]
Do lote, Frutuoso exclui Rui Gonçalves da
Câmara, que morava ao tempo na ímpia terra mas que escapara porque, em Outubro
de 1522, encontrava-se na sua quinta do Cabouco.[434]
Significativo ainda é Frutuoso, é certo que recorre muito a explicações
naturais, não atribuir ao pecado a peste que grassou em Ponta Delgada entre
1523 e 1531.[435]
Fosse por isso ou não que Ponta Delgada tivesse
ganho ascendente sobre o resto da ilha de São Miguel, em termos de relação de
forças no interior da ilha, a partir da elevação a cidade, houve maior
desequilíbrio: ‘e
quero e hei por bem que a dita cidade e cidadãos e moradores dela gozem e usem
dos privilégios e liberdades que lhe per outra minha carta serão concedidos e
declarados.’[436]
Não
conheço esta carta que o Rei prometeu dar, no entanto, o seu conteúdo talvez
corresponda ao que Frutuoso nos deixou escrito: ‘(…) Com a qual nova começaram o moradores da cidade negociar dali por
diante a cavalo, em que pareciam bem pelas ruas e praças (…).’[437]
Se foram aqueles os privilégios atribuídos s
Ponta Delgada, apesar dos concedidos a Ponta Delgada serem bem menores dos que
o monarca havia concedido a Angra, não esquecer que equiparava Angra às demais
cidades do Reino, treze anos antes, ainda assim, como se não bastasse, Ponta
Delgada alcançou mais um motivo para atrair gente de fora da nova cidade.
Dá para meditar no que diz Italo Calvino em as Cidades Invisíveis: Vila Franca tomara o lugar à Povoação, agora
fora a vez de Ponta Delgada tomar o lugar a Vila Franca. Posto
isto, sendo Ponta Delgada cidade desde 1546, que vantagem teria em permitir uma
segunda cidade na Ilha em 1646? A terceira cidade dos Açores, é bom recordá-lo,
seria a Horta, quase três séculos depois de Ponta Delgada. A Vila da Horta
foi-o como recompensa do apoio prestado à causa Liberal: ‘nos seus habitantes, que tem prestado eficazes, e importantes serviços
à causa da legitimidade, patenteando em todas as circunstâncias a mais decidida
adesão à sagrada Pessoa da Senhora D. Maria II.’ [438]
No entanto, a ter em conta o que escreveu João Soares de Albergaria, em trabalho publicado em 1822, a Horta já seria reconhecida como cidade.[439] Teria sido na sequência da adesão da Horta em 1821 ao vintismo? Assim sendo, em 1833, talvez se tratasse da legalização do Liberalismo triunfante. Voltando a 1833, houve quem se destacasse na obtenção da graça da elevação à categoria de Cidade: ‘(…) foi António José de Ávila quem, depois de ter deixado assinalada de forma notável a sua passagem pelo Senado Municipal da Horta e de ter prestado ali os mais importantes serviços à causa de D. Pedro pugnou junto deste com eficácia por alguns dos principais interesses do município, obtendo do Imperador, ainda em luta no Porto, o decreto de 4 de Julho de 1833, que elevou a Vila da Horta à categoria de Cidade.[440]
Em
ofício enviado a 28 de Agosto de 1833 à
Câmara da Horta da sub-prefeitura, da qual era sub-prefeito,
‘(reproduzido por Marcelino Lima) (…) António José de Ávila comunicava à Câmara
Municipal da Horta – ter requerido a dita
graça a SMI durante a minha última estada no Porto, em atenção, entre outros
factos, aos mui relevantes serviços prestados pelos habitantes daquela Vila ao
sistema sagrado da legitimidade da carta; SMI Majestade dignara-se deferir o
requerimento e mandara entregar o competente Alvará ao Corpo Municipal do
respectivo Concelho, pelo que Ávila pedia lhe fosse indicado o dia e a hora em
que ele poderia realizar tão importante acto.’[441]
E
obtém, a 3 de Julho de 1833, coisa que Ponta Delgada não alcançara em 1546,
ressalvando a diferença dos tempos, privilégios iguais aos de Angra: ‘haja todos os privilégios, e liberdades que
devem gozar, e gozam as outras cidades destes Reinos, concorrendo com elas em
todos os actos públicos, e usando os seus
cidadãos de todas as distinções, e preeminências de que usam os das outras, sem
diferença alguma.’[442]
A
3 de Julho de 1833, o exército liberal encontrava-se quase asfixiado, cercado
na cidade do Porto. Que ajuda terá sido aquela? Vejamos como a Ribeira Grande
entra nisso pela negativa: o exército triunfador da escaramuça da Ladeira da
Velha libertou vítimas do absolutismo que estavam nos cárceres da Ribeira
Grande. Quem eram estas vítimas? À chegada
à Ribeira Grande do exército liberal, 2 de Agosto de 1831 ‘Ao declinar do sol já toda a 3 Divisão se
achava reunida, e triunfante marchou em direcção à Vila da Ribeira Grande, onde
chegamos sem que o inimigo nos tornasse a aparecer. À nossa chegada àquela
Vila, foram logo abertas as portas da prisão onde se achavam alguns honrados
Cidadãos Faialenses, que o tirano para ali tinha mandado para serem processados
e executados!’[443]
Como
poderia a Ribeira Grande atrever-se a pedir ao Rei o que a Horta pedira com
sucesso imediato em 1833? Podendo já vir de 1821. Não podia. Nem tão-pouco
havia na Ribeira Grande alguém da importância de um António José de Ávila que se
empenhasse pela sua terra natal. Além disso, em 1835, a nebulosa revolta dos
Calcetas, última tentativa dos absolutistas da ilha, teria tido um foco
perigoso na Ribeira Grande.[444] O Morgado Bento de Medeiros Galvão,
verdadeiro disseminador de boatos e testemunha de acusação (que se refugiou nos
Fenais da Ajuda) de alegados implicados na conjura dos Calcetas, em 1835.[445]
As acusações não foram provadas em julgamento.
Porventura, só o poderia
ter feito mais tarde, com os ânimos iniciais arrefecidos, no tempo em que José
Maria da Câmara Vasconcelos, um ‘absolutista’ tornado radical, terá conseguido
que Loureiro levasse uma proposta de elevação a Cidade da Vila da Ribeira
Grande. Foi mação na Loja 2 de Agosto de 1831.[446]
Foi o primeiro Presidente da Câmara após a Ladeira da Velha. Em Abril de 1835,
está em Ponta Delgada onde funda mais o irmão e outros, o Açoriano Oriental. É
o seu Director do primeiro ao número 60, de 18 de Abril de 1835 a 11 de Junho
de 1836.[447]
Em Maio de 1847, José
Maria da Câmara Vasconcelos está de volta à Ribeira Grande e é eleito
presidente juntamente com o Maurício d’Arruda, Casa Nova. António Manuel da Silveira Estrela é
Administrador do Concelho.[448]
António Manuel, que falece em 1879, poderia ter puxado pela Cidade. Casara a 18 de
Julho de 1853 na ermida de São Vicente Ferreira, que pertencera ao Capitão-Mor,
avô de José do Canto. Pouco
depois, em inícios de Setembro, cai a Câmara presidida por José Maria da Câmara
Vasconcelos há pouco empossada, por Alvará do Governo Provisório. José Maria não comparecerá à
posse do novo elenco por se considerar ‘desconsiderado como incompetente.’[449]
Apesar
da possível afronta, que o poderia ter levado a desistir, passada a tormenta,
com a Regeneração, José Maria volta à carga. Foi dos poucos que conheço,
referindo-me ao século XIX, que pensou a terra, em 1857, foi Presidente da
Comissão de Melhoramentos do Concelho da Ribeira Grande,[450] escreveu
sobre ela e lutou por isso, nas páginas do jornal que fundou (ou continuou), A União, da Ribeira Grande, em 1857.[451]
A 8 de Março daquele ano houve reunião da ‘Sociedade
Promotora dos melhoramentos deste Concelho,’ da Ribeira Grande. [452]
Temos notícia de outra reunião daquela agremiação anunciada para o dia 10 de
Janeiro do ano seguinte: ‘à hora do
costume, para se resolverem negócios, que ficaram pendentes na última sessão
(…).’[453]
Diga-se que já havia feito parte dos que haviam fundado, em Ponta Delgada, em
1835, o Jornal Açoriano Oriental, do
qual foi o primeiro Editor.[454]
Mas
houve razões fortes para Horta ser cidade. Reis Leite, então Secretário
Regional da Educação e Cultura, orador numa das sessões comemorativas dos 150
anos da elevação da Vila da Horta a Cidade, explica-o com bastante clareza. O
orador, indo aos Anais do Município da
Horta de Marcelino de Lima, diz-nos que a vila da Horta havia, em 1670,
tentado ser elevada a cidade.[455]
Isto acontece na mesma época em que Diogo das Chagas acha que a Ribeira Grande
não fica grandemente atrás de Ponta Delgada e que um dia virá a ser cidade.
Além disso, a posição geográfica desta Vila no centro do arquipélago, pesaria a
seu favor. Tal não sucedia à Ribeira Grande que partilhava a Ilha de São Miguel
com a hegemónica Ponta Delgada. Voltando à Horta, já em finais daquela centúria
de seiscentos, António Cordeiro (continuo a recorrer a Reis Leite que cita
Cordeiro), advogava um governo dos Açores com ‘três pólos administrativo, com uma cúpula na cidade de Angra, Ilha Terceira
(…), Ponta Delgada, já cidade, e Horta, que o autor propõe, seja elevada a essa
categoria, autoridades subalternas (…).’[456]
Em 1822, criam-se três Juntas Governativas nos Açores, em Ponta Delgada, Angra
e Horta, todavia, A Horta, apesar de ficar com as Ilhas do Pico, Flores e Corvo
a seu cargo, mantem-se (ao contrário do que pretendia) como Vila.[457]
Portanto, foi na sequência desta tendência que a Horta em 1833 adquiriu a
condição de cidade. A Ribeira Grande não cabia nos planos da Região.
Prémio de consolação
Regressando
à narrativa inicial, no que respeita à Ribeira Grande. Talvez como prémio de
consolação, o Conde da Ribeira Grande, que era Marquês de Ponta Delgada, em 1855
passa a Marquês da Ribeira Grande. Que se saiba, D.
Francisco
Gonçalves Zarco da Câmara, antes 8.º Conde da Ribeira Grande e 2.º Marquês de Ponta Delgada,
em 1852 não mexeu uma palha para elevar a terra de Vila a Cidade. Marquês de Ponta Delgada é um título
nobiliárquico português criado por
D. Maria II de Portugal, por Decreto de 25
de Janeiro de 1835, em favor de D. Leonor Maria da
Câmara (Lisboa, 30
de Maio de 1781 — Lisboa, 27
de Março de 1850). Por seu familiar de notáveis liberais e sobrinha da Marquesa
de Alorna (outra notória liberal), D. Leonor este presa num convento durante o
período miguelista até ser libertada depois da tomada de Lisboa em 24 de Julho
de 1833.[458] Outra fonte, porém, conta que terá conseguido sair para o
estrangeiro, onde foi aia de D. Maria II.[459]
Serão a mesma pessoa?
Apesar de a proposta, apresentada na
sessão do dia 17 de Junho, ter
sido ‘admitida e remetida às Sessões,’ ficou por ali.[460] As eleições de 1852 para o Parlamento Nacional, realizadas ‘nos
Açores em Fevereiro e Março de 1853,’ sendo o círculo de Ponta Delgada
composto pelas Ilhas de São Miguel e de Santa Maria, deram a vitória a três
Regeneradores: Carlos da Silva Maia, João Soares de Albergaria e António Guerra,
que não fizeram nada pelo projecto de Loureiro.[461] O Setembrista Loureiro,
correligionário de José Maria da Câmara Vasconcelos, ficou apeado e a Ribeira
Grande a esperar por nova oportunidade?[462] Em 1865, representando Ponta Delgada
(Distrito), Loureiro voltou ao Parlamento. Em Março de 1864, fora nomeado Vogal
Substituto da Câmara Municipal de Ponta Delgada, para o biénio de 1864-1865.[463] Será que retomou a
proposta de 1852?[464] Mudara de ideias? A Ribeira Grande
não ligara muito a isso?
O que sei é que não se encontra nada que
refira este processo nas actas das sessões de 1850 a 1852 da Câmara da Ribeira
Grande. A única referência a Loureiro vem numa acta de Março de 1852, expressa
num pedido da Câmara de Ponta Delgada à sua congénere da Ribeira Grande:
‘o projecto da extinção do Tribunal da
Relação dos Açores participando que na primeira oportuna ocasião a enviará ao
Deputado Loureiro, para que a apresente às Cortes da Nação.’[465]
Aliás, a este propósito, O Correio
Micaelense de finais de Julho de 1852, demonstra o empenhamento da Câmara
da Ribeira Grande para impedir a saída daquele Tribunal.[466]
O mesmo se diga do empenhamento constante na concretização do porto de Santa
Iria.[467] Silêncio absoluto. Ou da Ribeira Grande,
através dos jornais, onde se abundam artigos em defesa do porto de Santa Iria.[468]
Se João Albino Peixoto, em verso ou em prosa, trata dos problemas da Ribeira
Grande, por que razão, nem antes da proposta apresentada por Loureiro ao
Parlamento, nem depois, com a queda do governo e do Parlamento, da mesma ter ficado
por ali, ou mais tarde com a reabertura e com representantes bem atentos às
necessidades da Ribeira Grande, como foi o caso de Pedro Jácome Correia? Porquê
esse interesse em Santa Iria e aparente ou real desinteresse pelo título de
Cidade?
Para
tentar perceber a razão, lemos centenas de páginas dos jornais em publicação na
ilha de 1850 a 1853, mas não encontrámos nada antes ou depois do falhanço da
proposta. Loureiro não levou aquela proposta sem que alguém da Ribeira Grande o
tivesse levado a isso. Quem? Quando? Que diferença entre 1852 e 1979!
Três décadas depois da tentativa frustrada de elevação a cidade, em 1883, a grande maioria dos terrenos da Ribeira Grande, continuava nas mãos de ‘(…) moradores fora do concelho,’ fora o Marquês da Ribeira Grande, que morava em Lisboa, os restantes residiam em Ponta Delgada, ‘como são os Excelentíssimos Srs. José do Canto, José Jácome Correia, Dr. Ernesto do Canto, Dr. Agostinho Machado de Faria e Maia, Dr. Caetano Andrade de Albuquerque, Marquês da Ribeira, conde da Silvã e muitos outros (…).’[469] Que não se interessavam coisíssima nenhuma pelas aspirações da terra, a não ser das de Ponta Delgada, que erigiam em dona e senhora da ilha de São Miguel, e que pretendiam engrandecer com a construção das suas sumptuosas casas, teatros, clubes, doca. Aliás, juntamente com a inexistência de um porto de mar capaz, a existência destes proprietários absentistas, a quem a terra apenas interessava pelo que produzia, numa espécie de economia colonial, ao contrário de Frutuoso, que se importava por ela, a ponto de escrever contra os que a não ajudavam, explica o marcar o passo da Ribeira Grande. A situação agravara-se com o centralismo liberal, que desconfiava dos municípios, e a concentração de infraestruturas governamentais em Ponta Delgada.
Descobri
também um mútuo e longo ressentimento, talvez por falta de apoio à terra, dos
descendentes destes senhores para com a terra, sendo o caso notório de José do
Canto. José do Canto, em 1853, em carta escrita de Paris ao primo José Jácome
Correia, descendente de Gil Eanes da Costa, via os da Ribeira Grande, terra da
mãe, elite ou não como: ‘aquela dissidente e intratável gente.’[470]A
propósito ainda de José do Canto, infelizmente não foi caso único, enquanto foi
vivo, nunca confiou o que quer que fosse do seu projecto do pico Arde e da
Caldeira Velha a ninguém da Ribeira Grande, pelo que, contratou apenas
crianças, mulheres e alguns homens que iam colher chá por tuta e meia. Existiram
excepções, uma das mais notáveis foi a de Pedro Jácome Correia (1817 —1896), a quem a terra,
reconhecida lhe deu um nome de rua em 1896. Não tanto o irmão José Jácome
Correia (1816
- 1886),
que apesar de não ter sido constituído oficialmente instigador oficial dos ‘alevantes de 1869,’[471]
a tradição oral guardou outra memória dos acontecimentos.[472]
José do Canto não só desconfia dos governantes da terra, desconfia igualmente
do povoléu. Aceita a crítica do seu feitor: ‘(…) aqui na Ribeira Grande é uma
cruz de ladrões (…).’[473]
Aliás, na década de setenta, quer José do Canto quer José Jácome, foram vítimas
de atentados em Ponta Delgada.[474]
Em 1856, quatro anos após o malogro da tentativa de
elevação a Cidade, João Albino Peixoto mostra que a terra não desistira de vir
a ser cidade: ‘A Ribeira
Grande será então mais do que foi? Não se poderá ela chamar uma nova Cidade? E
por que não?’[475]
Mas então, ‘por que não,’ em um editorial do mesmo jornal, três meses passados
de Albino ter-se interrogado se à Ribeira Grande se poderia ‘chamar uma nova cidade,’ a pouco tempo
da eleição de 4 deputados da ilha para o Parlamento Nacional, texto de autoria
provável do mesmo João Albino, o autor não pretende fazer dos candidatos
arautos da reabertura do processo da elevação a Cidade?[476]
A ocasião era a ideal, ‘as lutas das diversas facções políticas parecem
felizmente acabadas entre nós,’ escreve o autor. Lutas que
terão levado ao insucesso de 1852?
Não
obstante, os de fora que conheciam a terra, até porque viveram nela alguma
tempo, como é o caso de Félix José da Costa, de forma ou não sincera mas
dizendo o que a Ribeira Grande, reporto-me a 1856 ainda, escreviam:
‘Hei vivido algum tempo nesta
antiga e grande Vila – Famosa, lhe chamou há dois séculos, um douto antiquário,
um historiador nomeado, que serve de fanal nas coisas insulares passadas em
longas eras.’ Refere-se sem dúvida a António Cordeiro, autor
da História Insulana. Continua a elogiar a terra de que se despede: ‘Famosa, então, era com justiça alcunhada
naquele tempo; hoje pela sua antiguidade e população, não duvidem disso os
presentes, que a visitam, e lhe observam as vastas proporções de uma cidade!’[477]
Será que a Ribeira Grande, apesar de ser a
segunda povoação da Ilha e a melhor vila dos Açores e melhor do que muitas
cidades do Reino, pretendia antes criar maiores e melhores estruturas? É
provável. No mesmo editorial, o autor é taxativo, ‘(…) São estas as nossas necessidades mais urgentes.’[478] Ou
seja: desbloquear verbas, o porto de Santa Iria, a doca e o Tribunal da
Relação.
Esta
tese de primeiro mudar a Vila para só depois a candidatar a Cidade,
confirmámo-la, em nova nota, em A Estrela
Oriental, de novo de Albino, de
novo estava à frente daquele jornal. Em 1862, no seu editorial, lançando uma
interrogação, para depois ele próprio responder a pergunta, Albino escreve: ‘O que é hoje a Ribeira Grande,’ e
responde: ‘É uma grande vila com todas as
proporções para ser uma bela cidade, e que se não tem esse título, por
concessão governativa,’ aqui se calhar estaria a referir-se ao fiasco da
proposta de João da Silva Loureiro, dez anos antes, ‘muitas vezes o tem recebido em cumprimento ao seu mérito, e qualidades,
dirigido por estrangeiros, que a tem visitado.’[479]
Traça o panorama do que tem acontecido na terra: ‘Há uns quarenta anos a esta parte que a Ribeira Grande muito de tem
embelezada,’ nascera em 1820, ainda assim, e queixa-se, ‘e muito se houvera engrandecido, se em seu
favor tivéssemos tido enérgicos deputados, um Governo acessível, e
consciencioso, e a amortização dos vínculos.’[480]
A situação mudara: ‘Honra imortal ao
nosso insigne Representante, o Digníssimo Bicudo,’ que, não muito tempo depois,
lhe iria alcançar o lugar de Guarda-mor no Porto de Santa Iria, ‘que por nós tanto tem feito, e em quem
fundamos nossas justas esperanças.’
Mas não só. A situação não era fácil. Um
editorial em A Estrela Oriental, do punho de Supico, não deixa lugar a quaisquer dúvidas: advoga
medidas para impedir a emigração, que classifica de flagelo, sugerindo salários
melhores e mais trabalho.[481]
Entre outros apelos, em 1858, coube a vez à A
União: ‘Obstar
à emigração por via, somente, de medidas repressivas pareceu-nos sempre
impossível, e a longa experiência deve ter mostrado a verdade deste parecer.’[482]
João
Albino Peixoto, no longo poema Decadência
na Ilha de São Miguel, de Maio de e Junho de 1852, publicado em o Açoriano Oriental, revela o espírito dos
tempos ao pôr o dedo na ferida: aborda o problema dos laranjais e do comércio
da laranja, lamenta o desaparecimento da cultura do pastel, das fábricas que
existiram na Ribeira Grande.[483]
Sente-se a decadência: ‘São Miguel! Oh
País meu!/ Já chegaste à eminência;/ Mas agora a lentos passos/ Já vais para a
decadência!/ Já lá vai aquele tempo/ Em que o teu fértil torrão/ Tudo aos
homens oferecia/ Com a mais grata profusão!’[484]
E
no caso da Ribeira Grande, João Albino dizia: ‘De pedra hume uma fábrica/ Também de existir deixou,/ igualmente outra
de açúcar/ Tão proveitosa acabou!/ E essa de panos de lã!.../ Panos de tanto
valor! Que à minha Ribeira-Grande/ Deram tão grande esplendor!/ Já dela apenas
existem/ Uns vestígios ruinosos/ Onde exalo algumas vezes/Tristes suspiros
saudosos!’[485]
Mas a ideia de cidade nunca se varreu das intenções,
mesmo em situações difíceis. Teófilo Ferreira, florentino que foi professor
Primário na Matriz da Ribeira Grande, e esteve à frente de jornais na Ribeira
Grande, havendo chegado longe na política nacional (foi vereador e Presidente substituto da Câmara
Municipal de Lisboa e Deputado pela Horta), no jornal Forum, dele e de Supico, escreveu em 1868 o que a terra queria
ouvir: ‘Honra a quem se interessa pelo
embelezamento desta terra, mostrando que não é indiferente à promoção dos
melhoramentos, que a podem ir pouco e pouco elevando à posição [subentenda-se,
Cidade ?] para que foi fadada pela
natureza.’[486]
Teófilo, naquele jornal, abre as páginas à discussão e dá opinião, por exemplo,
aos melhoramentos da ponte do Paraíso e da Praia de Banhos de mar (Poças).[487]
Esta opção pela criação primeiro de condições de
cidade para só depois ser cidade, teve adeptos até Jorge Gamboa.
O
sonho continuava?
Em 1896, não sendo cidade, contudo, a Ribeira Grande
não era tratada como uma simples Vila: ‘Os municípios açorianos foram agora
classificados pela ordem seguinte: 1.ª ordem: Ponta Delgada, Angra e Horta; 2.ª
ordem: Ribeira Grande; 3.ª ordem: Vila Franca do Campo, Lagoa e Praia da
Vitória, 4.ª ordem, os restantes.’[488]
Com a autonomia, há uma relativa partilha da
Presidência da Junta Geral entre Ponta Delgada e Ribeira Grande. Com as devidas
distâncias, parece haver uma semelhança ao que hoje acontece entre Ponta
Delgada e Angra do Heroísmo, porém, aos poucos, a Ribeira Grande foi perdendo
força. Corriam ainda as campanhas autonómicas, e o jornal a Ribeira Grande, com
o título Passagem à Ribeira Grande!, advogava uma nova autonomia municipal.
Referindo-se à Ribeira Grade, o articulista, que não assina, mas cujo estilo me
parece ser o do padre Egas Moniz, disse de modo inconfundível: ‘Grande pela agricultura, grande
pela força motriz de suas águas; porque não há-de provocar, pela
descentralização administrativa, as indústrias exploradoras de sua nata
economia? (…) O grito
de emancipação administrativa vaticinando a justiça, a prosperidade e a ordem.’[489] O
inconfundível cónego Cristiano, natural da Vila da Lagoa,
redactor e dono do jornal da Ribeira Grande ‘O Norte’, talvez um dos
primeiros a cunhar o epíteto de Vila-Cidade para a Ribeira Grande, a findar o
século XIX, menos de três anos
após a instalação da Autonomia, caracteriza a recente Autonomia Distrital em
termos duros e lapidares: ‘Fugimos do Terreiro de Paço para ir cair no Largo do
Colégio. E a diferença é contra nós, porque o Terreiro do Paço é muito mais
espaçoso.’[490]
No ano seguinte, continua a ser contundente: ‘não
é autonómica mas automática,’ considerando ‘todo o Distrito escravo do
Largo do Colégio (…).’[491]
Ainda
assim, o terceiro Presidente da Junta Geral Autónoma do Distrito de Ponta
Delgada, de 1899 a 1901, foi Heitor da Silva Âmbar Cabido, um homem da família
Cabido, uma das duas famílias mais poderosas da Ribeira Grande. Como vogal da
Comissão Distrital, Luís Ataíde Corte Real Estrela, membro da outra família
poderosa da Ribeira Grande.[492] O
primeiro, Ernesto do Canto, proprietário na Ribeira Grande, que pouco caso
fazia dela, era filho de uma senhora da Ribeira Grande, aliás, tal como o
meio-irmão José do Canto.
A ideia de elevação a Cidade continuou presente não só
entre os da Ribeira Grande mas entre os de fora dela, oriundos do Continente. Em
1894, J V Paula Nogueira escrevia assim: ‘A Ribeira Grande é a segunda povoação da ilha de S. Miguel; e
pelo grande número de casas, pela largura das suas ruas e pelo movimento
comercial e industrial que a anima, poderia bem ser elevada à categoria de
cidade.’[493]
No ano anterior Júlio Máximo Pereira dissera algo surpreendente: ‘cada ilha deve ter por capital ao menos uma cidade, ao mesmo tempo que
as três Ilhas principais e cabeças de Distrito (S. Miguel, Terceira e Faial),
têem o direito e corre-lhes o dever de transformar em cidades as magníficas
Vilas da Ribeira Grande, Vila Franca do Campo, Praia da Vitória, etc.’[494]
Em 1906, repete-se a ideia para a Ribeira
Grande: ‘‘(…)
É a mais importante da ilha de S. Miguel
e de todo o arquipélago. Podia até, pela sua população, que é superior a 9.000
almas, e pelo movimento comercial que nela se nota, ser elevada à categoria de
cidade. Algumas há no continente, como Bragança, Pinhel e Leiria, muito menos importantes,
sob todos os pontos de vista.’[495]
Cinco anos antes, o lagoense radicado na Ribeira Grande, o cónego Cristiano
Borges de Jesus, aproveitando a visita régia do casal Real, dizia acerca da
terra que o acolhera: ‘Destarte, não será
para admirar que essa importante e laboriosa Vila, rivalizando e até mesmo
excedendo muitas Cidades do Continente do Reino, venha também, mais tarde gozar
fóros de Cidade. A Ribeira Grande, pois, pelas suas especiais condições, pela tenacidade
dos seus habitantes, tem reservado um grande futuro.’[496]
Já o dissera de forma irónica, criticando a vereação de então, quanto ao
atraso da obra na rua de São Francisco, em 1895, provando que a vontade de ser
cidade perdurava: ‘Pelo amor de Deus tornem
a elege-los para o próximo triénio, porque eles são capazes de mais ainda, têm
ciência e artes de fazer desta Vila uma …grande Cidade.’[497]
E não desarmava. Ainda em 1921, na parte final e conturbada I República, num
jornal de Ponta Delgada (O Norte há
muito deixara de ser publicado) divulgava o programa da ‘Aliança
Ribeira-Grandense,’ sua iniciativa, destinada a ‘tratar de organizar uma força política no Concelho, estranha aos
partidos e destinada a conquistar todas as regalias e de o fazer gozar todas as
vantagens, a que a sua riqueza e importância têm direito.’[498]
Desconhece-se a sua acção (se teve alguma) e a razão do seu desaparecimento.
Dando um salto para 1935,
Clemente de Mendonça de Coimbra, que visitara a ilha e a Ribeira Grande, quis ‘prestar homenagem aos Ribeira Grandenses
que teem tido artes de fazer da sua vila uma cidadezinha que parece mais cidade
de que algumas cidades do Continente. Honra seja a esses bairristas que bem
podem orgulhar-se de serem de uma linda e progressiva terra.’[499]
Manuel Dâmaso, da Ribeira Grande, em 1938: ‘A
Vila da Ribeira Grande, a maior e uma das mais lindas dos Açores, merece pela
sua importância e progresso, ser designada como a segunda cidade da Ilha.’[500]
Será o autor desta crónica, parente do Cónego João Pereira Dâmaso? Que em 1914,
funda com Ezequiel Moreira da Silva e o Professor Laurindo de Melo Garcia o
Colégio Gaspar Frutuoso, o segundo estabelecimento de ensino secundário da
terra após a Extensão do Colégio Jesuíta no século XVII?[501]
Fiquemos por aqui. Uma decisão, totalmente alheia à
terra, veio potencialmente beneficiar a Ribeira Grande: a criação do aeródromo
de Santana. Sucede que o Estado Português, em 1941, requisitou terrenos em
Santana, para servir de aeródromo militar, a Base Aérea N.º 4, como veio a
suceder.[502]
A linha estratégica de defesa da Ilha previa a ligação daquele aeródromo a
Norte com o porto a sul, na linha da ligação inicial entre Ribeira Grande e
Ponta Delgada.[503] Com
Santana, avó de Jesus de Nazaré, renasceu uma certa esperança na terra: se não
havia portos, pensaram, por causa do mar, havia um aeroporto. A Casa do Soldado
da Base Aérea N.º 4 editou o jornal mensal Passarola
(1943),[504]
onde se deu conta de inúmeras actividades culturais e desportivas em Santana.
Alguns militares integraram as equipas de futebol locais, o Águia e o Ideal. Na
base houve mesmo um Laboratório de Fotografia. Na realidade, a Ribeira Grande não
tirou muita vantagem do facto, pois, finda a guerra, em 19 de Dezembro de 1947 passou
a aeródromo civil.[505]
Num trabalho que conheceu duas edições, a
primeira de 1943, a segunda, actualizada, em 1958, que sai em 1960, Sarmento
Rodrigues diz: ‘O
Aeroporto de Santana, a leste de Rabo de Peixe, na costa Norte, permite as
ligações aéreas por meio de aviões médios com a Terceira e Santa Maria, que o
mesmo é dizer com a rede aérea mundial.’[506]
Era ainda Vila ou já Vila-Cidade?
No dia em que a Ribeira
Grande festejava 442 anos de Vila, na edição do Correio dos Açores dedicada à efeméride, há quem discuta o seu
estatuto informal de Vila-Cidade. Seria possível ser Vila-Cidade? Jorge Gamboa
de Vasconcelos colocava muitas reservas à pretensão. D. Lopo de Sousa Coutinho
– Conde de Caminha – apontaria o caminho. Jorge Gamboa de Vasconcelos, no Correio dos Açores,
apresenta um autêntico programa de transformação da vila em cidade: ‘Para
que sejas digna do teu passado e digna do cognome que te querem dar, tens de
despertar da agonia lenta em que caíste. Tens que reconhecer o teu atraso e
lançar-te decididamente, raivosamente, à resolução dos grandes problemas que te
afligem. (...) Tens de defender o património (..) Tens de acarinhar a tua
biblioteca (...) Tens de acarinhar o teu segundo colégio (...) Tens de dar facilidade e preferência aos
sectores úteis do Comércio e Indústria locais (...) Tens de voltar a amar as
árvores (...) Tens que reconstituir em moldes selectos e elevados a antiga
Sociedade de Instrução e Recreio e nela voltar a reunir os homens bons que
ainda conservas e que andam dispersos e agitados como se flutuassem em mar
revolto, para aí discutirem em paz e união as linhas gerais do desenvolvimento
futuro da sua terra e os grandes problemas que agitam a humanidade,
desviando-os da crítica estiolante dos insucessos locais (...) se não o
fizeres, todos aqueles que agora generosamente te enlevam a alma com o nome de
VILA-CIDADE, passarão dolorosamente a magoar-te alcunhando-te de CIDADE-ALDEIA.’[507]
Entre 4 de Setembro e 15 de Setembro entre Jorge Gamboa –
Delegado de Saúde da Ribeira Grande - e Lucindo Ferreira Machado, Presidente da
Câmara da Ribeira Grande estala a controvérsia nas páginas do Correio dos Açores. O Administrador do
concelho vem a público por um ponto final na polémica. Contudo, é D. Lopo de
Sousa Coutinho que propõe um programa concreto de acção para transformar a Vila
em Vila Cidade.
Mas a que é isso de Vila-Cidade? No entender das
pessoas, será uma Vila quase Cidade? António Lopes de Oliveira, em 1967, que
visitara a Ribeira Grande, diz isso mesmo: ‘Da costa
norte da Ilha, Ribeira Grande, é a maior em importância, quase uma cidade. É um
dos centros populacionais, e dos concelhos maiores e mais ricos de todo o
Arquipélago.’[508]
Diz-nos
Jerónimo Cabral que Ezequiel Moreira da Silva chamou ‘Vila-Cidade (…) à sua terra
natal, e desde então o título assentou-lhe como luva, para uns em termos de
convicção, para outros em jeito de ironia, mas sempre num tácito reconhecimento
da sua importância.’[509]
No entanto, que saiba, Vila-Cidade (quase cidade) não
tem qualquer suporte legal. Até foi motivo de chacota. Dizia Daniel de Sá: ‘há muitos anos se fala de Vila-cidade da
Ribeira Grande, um título assim parecido como o de Conde-Barão.’[510] Cristóvão de
Aguiar vai mais longe na crítica: ‘sempre
que os jornais de Ponta Delgada (…) se
referiam (…) à Ribeira Grande,
utilizavam o cediço lugar-comum de Vila Nortenha ou de Vila Cidade. De
preferência, este último. Este pendor barroco demonstra que somos um povo que
se sente na necessidade de inventar subterfúgios para mencionar um simples
topónimo sem lhe justapor qualquer qualificação.’[511]
Porém, Jorge Gamboa explica-o em 1949. Escreveu ele que
o visitante da Ribeira Grande perante a monumentalidade da terra, acreditava
estar antes mais numa ‘velha e rica
cidade’ do que numa vila. E prossegue, ‘daí
ser fácil e frequente à gentileza dos visitantes e grata ao coração dos nativos
chamar à Ribeira Grande Vila-Cidade.’[512] É
por isso que ele escreve o que escreveu: ‘Semelhante
denominação traz porém grandes responsabilidades aos ribeiragrandenses.’[513]
D.
Lopo respondia a Jorge Gamboa na Voz da Ribeira Grande, página de José Pereira
da Silva no Diário dos Açores, assim: ‘Pode
a Vila da Ribeira Grande vir a ser Vila-Cidade? Pode, se o Povo do concelho,
num grito uníssono disser: - Nós Queremos… Tópicos para um Plano de Urbanização
– Grandes empreendimentos – Comparticipações – Boas vontades – Fé no Estado
Novo – E… Medidas drásticas.’[514]
Em 1946, três anos antes do artigo do Dr. Jorge Gamboa, o arquitecto
João Aguiar fora incumbido de elaborar o Plano
Geral de Urbanização de Ponta Delgada, que não iria cumprir. Possivelmente,
esse facto terá levado Jorge a escrever aquele artigo. E terá captado o ouvido
do Presidente da Câmara da Ribeira Grande, António Augusto da Mota Moniz. Em 29
de Junho de 1951,[515] na Presidência de Hermano da Mota Faria, entretanto,
inaugura-se o Campo de Futebol, ‘construído um rectângulo com 105x70
metros, circundado por bancadas e camarotes ficarão situados quartos de estar
para jogadores, vestiários, balneários, instalações sanitárias e arrecadações,
‘projecto do
arquitecto Francisco Quintanilha,’ isto em ‘29 alqueires’ de terreno arrendados à família
Jácome Correia (a mesma família que contribuíra para o Campo de Futebol Jácome
Correia em Ponta Delgada. Foi construído em 1946). As obras na Ribeira Grande
tiveram início em Janeiro de 1950.[516]
Voltando à Ribeira Grande, encurtando a História, a Câmara da
Ribeira Grande celebrou contrato com o arquitecto Nereus Fernandes para
elaborar uma proposta de Anteplano de Urbanização da Ribeira Grande. O
arquitecto fê-lo em Junho de 1960.[517] Numa análise pela rama, pode
dizer-se com toda a justiça que este projecto muda radicalmente a Ribeira
Grande, entre as propostas mais marcantes, que ainda hoje não foram
concretizadas na totalidade, um Parque Urbano, uma Avenida Litoral, estrada de
circunvalação, [o traçado proposta faz com estas duas vias se unam onde hoje se
unem] uma ‘Gare Rodoviária [onde
funcionou o Mercado do Gado],’ uma ‘Zona
Desportiva (campos de ténis, futebol, ginásio, ringue de patinagem),’ [que
além do campo de futebol actual incluía a área hoje dedicada a Parque de
Estacionamento] zonas de urbanização (curiosamente onde hoje se encontram), ‘Zona de Reserva,’ uma Pousada [Entre as
Piscinas e o antigo castelo] Parque Industrial. Em 1963, Nereus Fernandes faria a Revisão do Plano Geral de Urbanização de Ponta
Delgada. A julgar pelo artigo
de 1949 e pelo ‘Parecer (…) da Comissão Municipal de Higiene, do Concelho da Ribeira Grande,’
presidida por Ventura Rodrigues Pereira, ‘realizada
no dia 26 de Agosto de 1960,’sobre o Ante-Plano de Urbanização, da Vila da
Ribeira Grande, elaborado pelo arquitecto Nereus Fernandes em Maio de 1960,’ em
que participaram o Dr. Jorge Gamboa de Vasconcelos, como Delegado de Saúde e o Dr.
José da Silva Tavares, veterinário municipal, a necessária memória enviada ao
arquitecto teria tido a mão do Dr. Jorge Gamboa de Vasconcelos.[518]
Diga-se que a Avenida marginal de Ponta Delgada fora inaugurada em Junho de
1952. Por que razão este projecto não avançou? Os tempos eram de dificuldade?
Início das Guerras Coloniais. Emigração em massa para as Américas. O próprio
Presidente da Comissão Ventura Rodrigues Pereira iria emigrar. Falta de
recursos da Junta Geral. Houve pareceres contrários: por exemplo (ainda não
aprofundei o assunto), um antigo vereador desta altura (com quem falei por
diversas vezes), garantiu-me que o arquitecto que elaborara o projecto da
Avenida para Ponta Delgada discordara de uma Avenida para a Ribeira Grande
alegando que já não se fazia daquela maneira. Saltando alguns anos, ainda nos
primeiros meses da Revolução de Abril, vemos o Presidente indigitado, Sampaio
Rodrigues, a assinar papéis de um Plano de Urbanização.
Entretanto, sem nunca esquecer as suas aspirações a vir a ser
cidade, a Ribeira Grande continuava a ser tratada na imprensa por Vila-Cidade.[519]
Que saiba, ficou por aí. Voltando a Santana. Nem tão
pouco os donos dos terrenos, pois, em 1963, as rendas ainda não haviam sido
pagas.[520]
O que poucos ou ninguém chama à atenção é que a Base Aérea N.º 4, instalada até
então em Santana, foi transferida (sem que os protestos dos da terra tivessem
colhido o ouvido do poder) para as Lages, na Ilha Terceira. Mais uma machadada
nas aspirações da terra.[521] A
Ribeira Grande, sem jornal para a defender, perdera A Razão em 1933/4,[522]
cujo Director fora Fábio Moniz de Vasconcelos, com a cumplicidade de filhos da
terra, à cabeça dos quais, o Deputado da Nação Jorge Gamboa de Vasconcelos, a
quem a terra (creio que justamernte, pois foi ele quem na Assembleia Nacional
alterou os planos do governo de melhorar Santana)[523]
ainda não perdoou,[524] a 1
de Agosto de 1969, dia da inauguração oficial, o aeródromo de Santana cedeu o
lugar ao aeroporto da Nordela (agora de Ponta Delgada: João Paulo II), em Ponta
Delgada.[525]
Foi mais um duro golpe: ‘Vi exposto na
aerogare de Santana um projecto de ampliação da pista. Na altura, esteve o
Governador Civil Aniceto dos Santos e um engenheiro de origem de Macau que
pertencia aos quadros da Direcção de Aeronáutica Civil. Entraram outros
interesses e foi transferido.[526]
Na altura, em Santana, ‘estava a PSP, os
Serviços Meteorológicos e a Sata. Foi
um grande revés para a Ribeira Grande e para a costa Norte. Se se tivesse
mantido o aeroporto em Santana, a cidade seria muito mais desenvolvida. Muita
gente que trabalhava no aeroporto vivia na Ribeira Grande, o que lhe dava um ar
muito citadino. Movimentado. Saindo o aeroporto, mudaram-se, como eu próprio,
para Ponta Delgada.’[527]
Nesta altura, que se saiba, à Ribeira Grande não foi dada qualquer
contrapartida, ou sequer pensada algo no género, como agora se pretende fazer,
muito bem, mas não deixa de ser irónico, no caso da Praia da Vitória, com a
redução drástica do destacamento norte-americano. Sentia-se (entrevistei e
falei informalmente com dezenas e dezenas de pessoas da Vila) na terra, entre
as pessoas ligadas ao governo da terra, muito desalento, houve quem saísse da
terra, porém, quem ficou, andou para a frente. Apesar das saídas do aeródromo
civil e da base aérea n.º 4, a terra manteve-se firme, tal como acontecera em
1563/64, sem ajuda que se conheça do Rei D. Sebastião, ao contrário da promessa
(não conheço se cumprida), de ajuda na reconstrução de Vila Franca, após a catástrofe
de 1522.
A opção pela Nordela obedeceu a motivos abertamente
geográficos e políticos, proximidade, quase promiscuidade com a cidade de Ponta
Delgada, não apenas a motivos geográficos e meteorológicos. A terra decaiu em
movimento mas recusou cair em depressão, continuou como sempre. É por alturas
da transferência do aeródromo civil de Santana para o aeroporto da Nordela, em
Ponta Delgada, que surge em força o Círculo de Amigos da Ribeira Grande,
animado por homens e mulheres de febra, de entre os quais destaco os irmãos
Moreira da Silva, Padre Edmundo Pacheco, D. Berta Hintze, Silva Melo, família
Ramalho e o engenheiro Fernando Monteiro. O Engenheiro Monteiro, mariense
radicado na Ribeira Grande por casamento, foi o motor desta geração, que, com o
seu entusiasmo veio imprimir uma dinâmica que levou, finalmente, a Vila à
Cidade.
A curta distância do 25 de Abril de 1974, Ezequiel
Moreira da Silva, faleceria poucos meses depois de Abril de 1974, pai de
Armindo de Ezequiel, além de autarca, de Industrial, fora Director do Instituto
Gaspar Frutuoso, fora a alma da obra do Teatro Ribeiragrandense, fora Director
e dono do Ecos do Norte, estivera na
reconstrução da Horta após o sismo da década de vinte, já debilitado,
chamavam-no de Senhor Vila-Cidade, mantém acesa a chama da vontade da Ribeira
Grande em ser cidade.[528]
No Correio dos Açores de Janeiro de 1972, escreve ‘A cidade da Ribeira Grande e a Vila de Rabo de Peixe.’[529] Alguns
meses antes, no dia 21 de Agosto, o Presidente Fernando Monteiro, na cerimónia
de boas vindas ao Ministro do Interior António
Manuel Ferreira Gonçalves Rapazote (n.
19.05.1910 Bragança – f. 6.12. 1985 – Coruche),[530]
já o dissera: ‘Caminhamos assim a passos largos
para a Cidade Nova. Um dia quando o querer de todos os Ribeiragrandenses for,
em factos e em méritos, o desejo de verem a sua linda Vila (fl. 181) elevada a
Cidade, então bateremos todos à porta de Vossa Excelência para com a sua sábia
autoridade nos conceder esse pergaminho. Em troca, daremos a Vossa Excelência
todo o espírito de homens duma Cidade actual, aquela que se quer ver vingada,
na confusão do Mundo actual.’[531]
Aliás, por ocasião do
encerramento das Festas de 1971, houve ‘(…) Um
esplendoroso programa patrocinado pela PHILIPS ‘SHOW da Cidade Nova.’ A
intenção vem bem explícita: ‘É, pois, uma
verdadeira apoteose de graça o número de encerramento destas memoráveis Festas
da Ribeira Grande, a traduzir no seu título aquilo que a velha capital do norte
já é há muito tempo: a verdadeira CIDADE NOVA.’ E quem o escreve é (nem mais nem menos) o
Padre Edmundo Pacheco.[532]
Fernando Monteiro participara na fundação do Círculo dos Amigos da Ribeira
Grande. Do qual faziam parte os filhos de Ezequiel Moreira da Silva. Serão eles
que levarão a partir de 1977 (já em Democracia) a Ribeira Grande a Cidade. Em
Junho de 1973, ainda no tempo em que Rapazote era Ministro do Interior,
haveriam de ser elevadas a Cidade as Vilas de Almada, Póvoa de varzim e Espinho.[533]
Na Ribeira Grande, estariam, por certo, a par do assunto. Liam os jornais. E a
pretensão viria de tempos antes. Portanto, estou convicto de que, esta foi uma
acção concertada. O Ministro estaria aberto a isso. Monteiro não pediu para ser
de imediato cidade. Aliás, comparando aquelas três vilas feitas cidades, não
poderia ter sido de outra forma: mais população, comércio e indústria.
Dentro do programa comemorativo das Festas da Elevação a Cidade, reconhecendo-se o seu empenho e amor à terra, Ezequiel foi homenageado pela autarquia no dia 8 de Julho de 1981.[534] Foi orador António Crispim Borges da Ponte, que lhe resumiu assim a traços largos: ‘Homenagem da Ribeira Grande/ Ezequiel Moreira da Silva/ Terra que serviu e Honrou com muita devoção e a quem sempre chamou VILA-CIDADE.’ Ezequiel mantivera acesa a chama do sonho que se iniciara pelo menos no século XVII, e os filhos (Carminda, Armindo e Ezequiel) não o deixaram cair no esquecimento. Em 2004, a autarquia decide atribuir-lhe o nome a uma rua. Ezequiel não foi o único a manter a bandeira bem alta, houve outros igualmente empenhados, todavia, superou desgostos que a muitos fez afastar. Pelo contrário, o amor de Ezequiel à terra venceu o vexame pela sua demissão de Vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande. Fizera parte da última vereação da I República que a Ditadura Militar, iniciada em 28 de Maio de 1926, a quem se deu voz de prisão.[535] Fintara a censura da I República, dando durante três números, o nome de O Tempo nome ao jornal Ecos do Norte. O Ecos do Norte terminaria em Maio de 1921. Entretanto, em 1925 ainda editou o Jornal de Anúncios.[536] Depois, venderia a sua tipografia para Vila Franca. Mas não desistira de escrever para os jornais, pois colaborou a vida inteira com o Diário dos Açores e o Correio dos Açores, ambos de Ponta Delgada. Não era pessoa para se deixar vencer, em 1928, estava na Horta onde contribui para a sua reconstrução após a devastação do sismo. De volta a Ribeira Grande, compra duas casas na Rua do Botelho, onde constrói com os blocos (de cimento) que patenteara duas residências para os Magistrados Judiciais da Ribeira Grande.[537] Produz e comercializa blocos de cimento, feitos numa fábrica que montara junto à sua casa no início da rua Artur Hintze Ribeiro. Iniciara a produção ainda na década de vinte.[538] Sem nunca parar, inventou novos produtos, tais como a farinha de serpentina e o licor de maracujá. Sem descurar os seus negócios, consegue levar sempre consigo a terra. Apesar de ter sido demitido e preso, é ele quem, ao lado de quem ele culpa sempre do acto, no Congresso Açoriano em Lisboa leva as pretensões da Ribeira Grande: uma compartição da Direcção Geral de Obras Públicas para as obras de instalação do Asilo e Escola Agrícola.’[539]
Pouco depois do trabalho de Ezequiel, pai, pouco
antes do 25 de Abril, Vasco Calixto, um continental que escrevia sobre viagens,
disse: ‘A vila da Ribeira Grande, a chamada vila-cidade de
S. Miguel, que bem poderá considerar-se a capital da costa Norte.’[540]
A Cidade da Ribeira Grande
de 1981, só pode ser entendida à luz da Autonomia de 1976. Que caminho tomar
para chegar a essa luz? Rolando Lalanda Gonçalves, Professor Universitário de
Sociologia e militante do PSD, a meu ver, referindo-se à celebração da data das
primeiras eleições
regionais de 1976, que tinham sido objecto de artigos de João Bosco da Mota
Amaral, um dos principais fundadores do PSD, e de Pedro Gomes, e militante do
PSD, indica-o: ‘(…) É importante recordar estas datas
marcantes e reflectir sobre a trajectória
prosseguida pela sociedade açoriana. Mas temos de ir mais longe. É imperativa a
escrita de uma história participada, testemunhada e crítica do processo
autonómico regional, em especial quando pela erosão da memória se vem
assistindo a uma simplificação de factos e acontecimentos, numa óptica mais
apropriada à construção de notícias do que à de um real saber social, político
e histórico.’
Gonçalves, Rolando Lalanda, Assinalar uma data, Açoriano Oriental, 27 de Junho de 2021, p. 15.
À
segunda, chegou mesma a Cidade: 1981
A 29 de Junho de 1981,
chegaria finalmente a Cidade. A campanha pública, começara quatro anos antes
nas páginas de o Correio dos Açores, indo direito ao assunto: ‘Depois
de 470 anos a vila da Ribeira Grande alcançou as condições para transformar-se
em cidade.’[541]
Aparentemente,
a ocasião teria sido a mais propícia. Mantinha-se na terra as duas teses
anteriores acerca de ser ou não cidade: havia os que achavam que isso deveria suceder só quando a
vila tivesse estruturas de cidade, entre estes, destacava-se Jorge Gamboa de Vasconcelos,
que continuava a pensar assim mas já não de forma tão radical, e os que acreditavam
que a elevação a cidade estimularia a sua rápida transformação em cidade, entre
os quais, havendo falecido já Lucindo Rebelo Machado e Ezequiel Moreira da Silva,
entre outros, destacavam-se os filhos de Ezequiel e o padre Edmundo Pacheco.
Entretanto, uma geração mais nova, que entrara na liça recentemente, comungava
da visão destes últimos, como Fátima Borges[542] e António Crispim, como se vê no
folheto de Junho de 1981, cujo texto é da primeira e as ilustrações do segundo.[543] Mas já se avisava: ‘O seu futuro será o resultado das suas
realizações e das suas potencialidades, acabadas umas e conduzidas outras por
aqueles que, à frente dos seus destinos ou nos bastidores da sua cena, a tem
feito e a farão crescer. Sobretudo valer.’[544]
Desta vez, venceu a segunda tese. Em Abril de 1974, a Ribeira Grande, tal como em Agosto de 1831, estava de novo no lado errado da História: o seu dinâmico Presidente, alma poderosa do Círculo dos Amigos, o homem que acreditava na Ribeira Grande, que tinha visão para a nova cidade, sendo também deputado da Assembleia Nacional no tempo de Marcelo Caetano e destacado dirigente da Acção Nacional Popular, foi posto de fora pelo novo regime democrático. E não ficou por aí o azar, o homem que mais sabia de História da Ribeira Grande, Jorge Gamboa de Vasconcelos, por ter sido deputado no tempo de Salazar, também ficou de fora. E mais, outro homem culto, nascido fora da terra mas há muito radicado na terra, ironia das ironias, ligado à oposição ao regime de Salazar e de Caetano, Manuel Barbosa, fora obrigado a sair da terra em 1975, não por ser salazarista ou caetanista, mas por ser comunista.[545] A juventude que fizera parte do CADAR, com o seu encerramento bárbaro (a papelada foi queimada num auto de fé defronte do edifício da Câmara Municipal), emigrou ou meteu-se em casa a tratar da sua vida.[546]
Cinco anos depois do 25 de
Abril de 1974, altura em que pela segunda vez em mais de um século, alguém
apresentou uma proposta de elevação a cidade na Assembleia da República, de
novo a Ribeira Grande teve azar, tal como teve no tempo do radical Loureiro,
pois Jaime Gama era do Partido Socialista, considerado (injustamente) então um
partido quase comunista. Caiu mesmo numa altura em que os poderes da nova
Região e da República se definiam. Todavia, a Ribeira Grande votara
esmagadoramente no PPD/PSD nas autárquicas de 1976 e nas Regionais. O primeiro
Presidente da Câmara eleito democraticamente nas listas do PPD/PSD, foi Eduardo
da Silva Melo, um elemento activo do Círculo
dos Amigos (que deixou de funcionar a partir de Abril de 1974) e
descendente de uma velha e muito distinta família da Vila da Ribeira Grande. Do
primeiro Governo Regional, saído de 1976, era Secretário da Agricultura,
Ezequiel Moreira da Silva, outro elemento do Círculo dos Amigos, que também se
afastara antes de 1981.
Dois partidários da elevação
da Vila a Cidade, Fernando Monteiro e Padre Edmundo Pacheco, não podiam
empenhar-se abertamente, o primeiro, que fora o último Presidente da Câmara e
Deputado filiado na Ação Nacional Popular, fora demitido e vira-se impedido de exercer
o direito de pertencer a organizações políticas depois do 25 de Abril, o
segundo, talvez com demasiados escrúpulos, receava ferir o Bispo. Ainda assim,
usaram da sua influência cívica junto dos jornais e de personalidades da
situação e da oposição, sobretudo o Padre Edmundo Pacheco, que escrevia sobre o
assunto, sob diversos pseudónimos.
Apesar desse impedimento inicial, Fenando Monteiro, já na
posse da plenitude dos seus direitos de cidadão, eleito Deputado Regional em
1980, pelo CDS e pelo Círculo Eleitoral de Santa Maria, ao lado da sua
conterrânea deputada por aquele Ilha, representando o Partida Socialista,
Conceição Bettencourt, que fora Conservadora do Registo Civil da Ribeira Grande
após o falecimento do Dr. Lucindo Rebelo Machado, subscreve a proposta
apresentada pelo Partido Socialista em Dezembro de 1980.[547]
Mais outra ironia, pois, não poderia haver
altura pior para alcançar um acordo de paridade entre a nova Cidade da Ribeira
Grande e as três irmãs mais velhas: Angra, Ponta Delgada e Horta. Como as três
irmãs haviam sido elevadas. Porquê. Ora, vejamos. A Região saíra do compromisso
da aparente dissolução dos três Distritos e da real partilha do poder pelas
três cidades. Não haveria pois espaço para partilhar poder com uma quarta. Além
do mais, uma segunda Cidade (com partilha de poder) na Ilha de São Miguel, não
interessava às outras Ilhas nem interessava (diga-se) a Ponta Delgada. Em 1981,
a partilha tripartida, era caso resolvido.
O
projecto ratificando o círculo de Ilha e o estatuto provisório fora promulgado
a 30 de Abril de 1976, (Decreto-Lei 318 – b/76 de 30 de Abril), as primeiras
eleições regionais tiveram lugar a 27 de Junho de 1976, e a Assembleia Regional
fora instalada a 20 de Julho. Pensou-se que ia a tempo de sugerir algo de
relevante para a Ribeira Grande antes da aprovação do Estatuto Definitivo, que
viria a ser aprovado a 5 de Agosto de 1980?[548] Se foi essa a estratégia, o alvitre caiu em saco
roto.
Daí se percebe que os da
terra quisessem aproveitar a oportunidade, entre o Estatuto Provisório, de 1976
e do que só viria em 1980. Assim, já em 1977, se calhar ainda a tempo de
integrar a Ribeira Grande na rede do poder Regional, havia quem escrevesse, ‘Depois de 470 anos a vila da Ribeira Grande alcançou as condições para
transformar-se em cidade.’[549]
Só assim se percebe, igualmente, a proposta de
Janeiro de 1979 do Deputado pelo Partido Socialista, Jaime Gama, ao tempo
coordenador do Partido nos Açores, assinado por Mário Soares e Salgado Zenha,
tivesse sido aprovado pela Assembleia da República.[550]
A qual viria a tempo, caso fosse aprovada, de constar no Estatuto definitivo
ainda em discussão. O que se sabe é que o assunto nem chegou a ser discutido no
Parlamento. Aliás, tal como o projecto N.º 86 de
16 de Junho de 1852, do deputado de São Miguel, nado e criado e
residente em Ponta Delgada João José da Silva Loureiro.
Só
há uma interpretação possível, para travar a proposta de Jaime Gama, a
Assembleia Regional dos Açores, a quem se havia pedido auscultação, dá parecer
negativo ao ‘Projecto de Lei N.º 187/I. de 17/01 de 1979,’ invocando para tal ‘o § 2, do Artigo 12.º do Código
Administrativo,’ repare-se no absurdo que, tratava-se do caso da Ribeira
Grande, ‘uma Vila para poder usufruir da
categoria de Cidade deveria ter, entre outros factores, uma população superior
a 20.000 habitantes.’[551]
Alguém da cidade da Horta deve ter ficado alarmado, pois a Ilha do Faial não
chegava a 15000 habitantes e a Cidade não chegaria a 8000 habitantes.
Estava-se a um ano de eleições regionais, as
quais seriam novamente ganhas pelo PPD/PSD, de João Bosco Mota Amaral. A
Região, jovem e insegura, reivindicou para si o direito de legislar sobre o
assunto. O Governo Regional, assim o parece, não pretendia claramente
desequilibrar o equilíbrio periclitante de poder entre as três cidades
iniciais, por isso, além de querer tratar do assunto da Ribeira Grande (e da
Praia da Vitória), após as eleições de 1980, estaria a esperar pelo Estatuto
definitivo. Em 1980, a situação mudara por completo para a Ribeira Grande.
Eduardo da Silva Melo, alegando outros afazeres, deixara a presidência ao seu
vice, o muito jovem, Artur Martins, que mais tarde viria a ser Presidente da
Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, sua terra natal e de residência. Amigo de
Edmundo Pacheco, viria a ser uma peça fulcral na elevação a Cidade. Ezequiel Moreira
da Silva desiludira-se com a Secretaria da Agricultura e saíra do governo. Em
1980, Armindo, irmão de Ezequiel, fazia parte do elenco municipal, por parte do
CDS.[552]
Por parte do PPD/PSD, além do Presidente Martins, o partido tinha cinco dos
sete vereadores, o jovem jurista Vítor Borges da Ponte, cujos sogros haviam
sido empenhados membros do Círculo dos Amigos, sendo ele próprio um dos
participantes nas múltiplas actividades, João Tavares, dos Tavares do início da
Vila, José Maria Teixeira, que casara na família Pontes e António Guilherme
Pimentel, o artista da Lomba da Maia.
Por esta altura, a Ribeira Grande já sabia que
iria ser Cidade mas sem ser cidade como as três mais velhas, ainda assim, teimou.
A ideia, segundo apurei junto de alguns, era ser e logo se veria. A lei
obrigava a que a Assembleia Municipal, lei discutível, mas lei, composta
sobretudo pelos 14 Presidentes das 14 freguesias do Concelho, aceitasse que a
Vila fosse Cidade, o que apesar de ser legal, não deixa de ser uma outra
ironia, pois, fora a Vila que fizera as freguesias agora seriam as freguesias a
fazerem ou não a Cidade. Era como se uma mãe de filhos precisasse da
autorização dos filhos para ser outra coisa, o que não deixa de ser vexatório.
Houve freguesias que alcançaram contrapartidas. Outras, não as menciono, não
interessa, ressabiadas, culpando erradamente a Vila por não as deixar ser Vila,
aguentaram-se. Li e reli estas passagens, acho-as tristes.
O texto da memória histórica proposta na
candidatura, que li e reli, é de uma pobreza franciscana confrangedora: repete
acriticamente o que se presume saber sobre a História da Vila da Ribeira
Grande. Poderia ter sido acompanhado, pelo parecer de politólogos, economistas,
urbanistas, e outros, como se exige hoje a quaisquer projectos. Fruto de uma
campanha em jornais de fora da terra, a quem a terra deve agradecer, com
deputados que desconheciam a sua História, chegou a Cidade. A Assembleia
Legislativa Regional, criara critérios para
elevação de vilas a cidades,
publicados a 23 de Maio de 1981.[553]
Desconheço se foi criado do zero ou se seguiu algum modelo existente, o que sei
é que aí se tratam de critérios, pouco exigentes, que, a breve trecho, levará
até freguesias a aspirar a ser Cidades deste tipo, mas nada se define quanto ao
papel destas cidades num eventual Plano de Desenvolvimento da Região. Estava
aberta a porta a uma Cidade da Ribeira Grande a título de honra. Atrás de
tempos, tempos virão, chegará o tempo em que a Região, ainda novinha em idade,
tal como a Sé em Angra viu, criando três Ouvidorias, a ilha é demasiado grande
e rica para ter só uma Cidade a valer.
A Ribeira Grande foi elevada a Cidade, tendo
como justificação, atentem no pormenor: ‘Com o seu passado, o seu património
cultural, a sua vitalidade económica, a Ribeira Grande merece, no contexto
açoriano, ver alargados os seus limites e dignificada a sua categoria como o
segundo pólo de desenvolvimento da ilha de S. Miguel.’[554] E
outro pormenor: ‘a sua actividade
económica é hoje acentuada por empreendimentos agrícolas modernos e pela
primeira central geotérmica portuguesa.’
Nove dias antes, a
Vila da Praia, sem inicialmente pedi-lo, talvez também por pura geopolítica
Regional, acede à condição de Cidade, vaticinando-lhe também prosperidades sem
lhe reservar um papel na geografia das três irmãs mais velhas (Angra, Ponta
Delgada e Horta): ‘As perspectivas do seu futuro passam pelo aproveitamento de importantes
aptidões portuárias, já programado, que fará dela, possivelmente, o principal
centro económico da ilha Terceira.’[555]
Vinte e nove anos
depois da elevação a Cidade das Vilas da Praia da Vitória, na Ilha Terceira, e
da Ribeira Grande, em S. Miguel, nesta última ilha, é elevada a Cidade a Vila
da Lagoa. Ao contrário das primeiras, centros de economia pujantes, adianta-se
como razão decisiva a razão demográfica: ‘Apresentando uma população total de 8902 habitantes no
conjunto da área das freguesias contíguas, a vila da Lagoa polariza claramente
a rede urbana concelhia, obedecendo, assim, a um dos critérios exigidos para a
elevação a cidade, estabelecido no Decreto Regional n.º 6/81/A, de 23 de maio,
que define como condição para que «uma vila para se elevar a cidade deve deter
uma população não inferior a 7000 habitantes».’[556]
E mais não se disse.
E agora?
Onésimo de Almeida dá-nos o toque: ‘O Daniel de Sá explicou então tudo, naquela
maldade que na sua bondade só ele sabe ter: a Ribeira Grande foi promovida a
cidade, falta agora promover a ribeira a rio.’[557]
Na terra havia quem não tivesse de acordo.
Alfredo da Ponte conta-nos na sua Crónica da América para o Jornal Audiência Ribeira Grande, que ‘em vésperas da elevação a cidade da Ribeira
Grande, Padre Edmundo ao encontrar-me na Rua Direita pediu-me uns versos
alusivos ao momento histórico, para serem publicados nos jornais. No dia
seguinte apresentei-lhe uma folha de papel A-4 com seis quadras de cada lado.
Burrice minha da minha parte, porque eu devia saber que ele foi o impulsionador
mais activo daquele movimento, e mesmo que o não fosse nunca aceitaria poesia
satírica. Pois, já se sabe, nada daquilo foi publicado. Qual era a tua ideia,
Alfredo?’[558]
A ideia de Alfredo era do mais cristalino possível, não saiam em forma
de imprensa, as quadras seriam ditas de viva voz: ‘aos microfones da Amplisom, num daqueles dias em que
decorriam as festas da elevação. Havia duas cabines de som: Publisom e Amplison.
A Amplisom, que era gerida pelo Papagaio era o gabinete encostado à torre do
relógio.’[559] O
alcance era só o Jardim e pouco mais, pelo que, para memória futura,
diz-nos ele, ‘Como já te disse, estão gravados no
“Ponte de Rimas.’
Que
quadras, são afinal, pedi-lhe, já que em 1981 estava onde ele está agora, na
América. Ei-las:
Ribeira Grande - Cidade
Certo
dia resolveram
Com
poucas dificuldades
E
logo estabeleceram
As
duas novas cidades.
Linda
Praia da Vitória,
Uma
destas povoações.
Mas
não é da sua história
Que
direi uns palavrões.
Ribeira
Grande, coitada,
Deixa-me
de ti falar
Porque
estás tão mal tratada
E
isso me faz penar.
De
ti tenho muita pena
Porque
de ti eu nasci.
Como
cidade és pequena,
Maior
vila que já vi.
Falando
em tuas belezas
Tu
tens algo sem rival.
E
apanhas muitas surpresas
Da
“junta” municipal.
Para
esta elevação,
Que
será realidade
Estás
em transformação
Pra
pareceres cidade.
Há
pouco nem te ligavam
Com
as belezas que tinhas.
As
pessoas reclamavam
E
queixavam-se as vizinhas.
Paraíso
enfeitado!...
Na
verdade, está lindo.
Melhor
que no mês passado,
Que
me estava consumindo.
Tiveram
notícia, há pouco
Que
cidade hás de ser.
Ritmaram
trabalho louco.
Isto
só pra “inglês ver”.
Eu
me lembro como estavas
Até
há bem poucos dias.
Falo
com minhas palavras
E
uso as minhas manias.
Perto
do nosso jardim,
Um
cenário infeliz:
O
parque era pra mim
Cidade
Patópolis.
Só
lá existiam patos
Embora
já sendo poucos.
Só
eles sabiam fatos.
Do
que aconteceu aos outros.
O
Vale do Paraíso
Pra
quem via de passagem
Com
um pouco de juízo
Daria
boa pastagem.
No Vale do Paraíso,
Que
coisa desengraçada!
Trabalho
não foi preciso
Pois,
dava muita maçada.
Nossa
praia, coitadinha!
Aonde
o lixo vão deitar
E
a piscina, tão sozinha
Somente
vive a sonhar.
A
piscina – que alegria!
Prá
gente banho tomar,
Com
águas quente e fria,
E
com lixo a nadar.
E
lá restam três andares
Por
temporais possuídos.
Ainda
vão pelos ares
E
sempre mal protegidos.
Mas
este espaço falado
Podia
ser coisa fina.
E
há quem já tenha pensado
Fazer
uma outra piscina.
Para
o lixo temos uma
E
é dela que estou falando.
Se
fizerem mais alguma
A
gente só vai pagando...
Pavilhão,
que maravilha!...
Todo
cheio, com bancadas.
Um
espanto, cá, na ilha,
Servindo
p’rás palhaçadas.
Desporto?
Não há lugar
No
estádio municipal.
Pavilhão
só pra se usar
Com
bailes de carnaval.
Muito
mais posso dizer
Mas
prefiro me calar.
Quero
mais que bem-querer,
Tenho
amor p’ra terra dar.
Está
tudo decidido
A
Vila vai-se elevar,
Se
o povo for unido
A
cidade vai chegar.
Vamos
nos capacitar
Que
temos tarefa em frente
Muito
há que trabalhar
Para
sermos boa gente.
Se
a gente corresponder
Com
a força da vontade
Então
se há de dizer:
Vivemos
numa cidade!!!
Ribeira Grande, Junho de 1981
Alfredo
da Ponte[560]
Como passar da Vila que fora à Cidade que já
era? A questão podia resumir-se do seguinte modo: A Ribeira Grande havia
chegado a Vila, com todos os direitos e deveres inerentes às Vilas do Reino e
Ilhas, alcançara o título de Cidade sem os direitos e deveres de Angra, de Ponta
Delgada e da Horta, que haviam sido elevadas a Cidade com todos os direitos e
deveres das demais Cidades do Reino e Ilhas. A questão seguinte era saber se,
por parte da Região, já que não era cidade como as três mais velhas, seria tratada
de maneira diferente de uma Vila.
Para obter uma resposta correcta, fomos
analisar os dados oficiais referentes às cinco cidades existentes em 1981, de
81 ao presente. Em termos de receitas fiscais, a Ribeira Grande (Concelho),
fica em segundo lugar, logo a seguir ao Concelho de Ponta Delgada. Angra do
Heroísmo não fica longe, porém, Horta e Praia, ficam em posição muito distante.
Em termos demográficos, o Concelho da Ribeira Grande vem em terceira lugar,
próximo do segundo e muito afastado dos Concelhos da Praia e da Horta.
Atendendo apenas ao núcleo urbano citadino da Ribeira Grande, constituído por
Ribeira Seca, Santa Bárbara, Conceição, Matriz e Ribeirinha, a cidade da
Ribeira Grande, entre as cinco cidades referidas, vem em terceiro lugar, muito
próximo do terceiro, que é Angra do Heroísmo. Praia e Horta ficam muito longe
da Cidade da Ribeira Grande.
A Ribeira Grande, cidade e Concelho, dá isto
à Região, em troca, o que dá a Região à Cidade e ao Concelho em termos de
investimentos? A Cidade da Ribeira Grande, em termos de investimentos
efectivamente realizados, fica em último lugar (bem atrás) das outras quatro
cidades. Aliás, analisando as verbas (efectivamente) realizadas nas freguesias
do Concelho da Ribeira Grande, há duas freguesias que receberam mais do que as
cinco freguesias juntas do núcleo urbano da Ribeira Grande. Se compararmos com
freguesias da Ilha de São Miguel, a conclusão é a mesma. Para ver se sempre
tinha sido assim, fomos espreitar os investimentos do tempo da Junta Geral do
Distrito de Ponta Delgada, conclusão: apesar das verbas modestas (havia pouco
dinheiro), comparando a Vila da Ribeira Grande com as outras Vilas do Distrito,
a Ribeira Grande ocupava o segundo lugar a seguir a Ponta Delgada.
Abro um parêntesis para dois investimentos na
área da Cidade da Ribeira Grande, haverá um contributo para uma das fases do
Passeio Atlântico, mas fico por estes dois. A geotermia, inicialmente poluindo
a água da rede doméstica da Cidade da Ribeira Grande, tem sede em Ponta Delgada
e pouco ou nada faz pela Ribeira Grande. O Parque Industrial da Ilha de São
Miguel, de tanto esperar a ligação ao porto e ao aeroporto, marcou passo a té
ser um dos muitos parques industriais espalhados pela Ilha.
Em suma: Terá
a Ribeira Grande tirado vantagem pelo facto de ser finalmente cidade? Um velhote, com quem falava amiúde, dizia
assim: ‘Deram-nos caminho para andar.
E muita saúde para gozar a paisagem.’
Tem havido investimento na Cidade? Sim, essencialmente, por parte da Câmara e,
em menor escala, por privados.
Em 2001, duas décadas após a elevação a
cidade, escrevi: ‘No
Ano da Graça de 1981, com comovente candura, um responsável declarava: ‘Os
ribeiragrandenses conseguirão dotar a sua cidade com as infra-estruturas
necessárias mais cedo do que se julga’ (Correio dos Açores). De facto, cerca da
elevação a Cidade da Vila de Ribeira Grande, esta urbe dispôs da possibilidade
de fruir de dois Hotéis - de cinco e quatro estrelas, Centro Comercial,
Ginásios, etc.- , (‘Correio dos Açores’, 1.01.80 e ‘Correio dos Açores’, 82),
de um Parque Industrial - Parque Industrial de São Miguel -, e do seu acesso, a
Via Rápida Ribeira Grande/Ponta Delgada. No
Ano da Graça de 2002, os Hotéis fariam vinte anos, um, e vinte e dois,
outro, a Via Rápida e o Parque Industrial, por seu turno, festejariam outros
tantos. Todavia, não existem Hotéis, a Via Rápida é o insucesso que todos
reconhecem, o Parque Industrial vegeta e a Cidade, para uns, por graça de Deus,
será pacata, para outros, por desgraça de Deus, será pacata em demasia. Para os
que prezam um estilo de vida pacato, terá sido uma bênção divina, e os que,
‘por obras ou inacção’, contribuíram para tal estado, serão justamente
considerados heróis, porque aproveitaram uma ocasião ímpar para estagnar a
Ribeira Grande; Para os que desprezam um estilo de vida pacato, terá sido uma
maldição divina, e os que, ‘por obras ou inacção’, contribuíram para tal
estado, serão justamente considerados vilãos, porque desperdiçaram uma ocasião
ímpar para desenvolver a Ribeira Grande.’[561]
Por outras palavras, a terra ficou com toda a
fama e sem proveito algum. Entretanto, para mais saber,
remeto para o (pretendido) Livro 2 dos nascimentos, intitulado ‘Ribeira Grande: Nascimento de uma Cidade.’
Acerca
da atitude dos que governam a Região em relação à Ribeira Grande, ao que nos
parece, a lógica foi: é preciso construir a Região do Corvo a Santa Maria, a
Ribeira Grande pode esperar. De quatro em quatro anos, por alturas de eleições
regionais, entre alguns dos que apoiavam na Ribeira Grande o Governo, ouvia-se
um tímido resmungo: chegou a hora da Ribeira Grande! Mas, por parte dos da
Ribeira Grande, talvez a explicação mais certeira venha da pena de Manuel Faria
Marques do longínquo ano de 1910 que ainda hoje lhe assenta como uma luva: ‘(…) Não é por falta de boa gente, que a
Ribeira Grande a tem, graças a Deus; mas é por aquela indolência, uma das
características do nosso modo de ser.’[562]
[A propósito da Biografia de Salazar, que assenta
nesta da Ribeira Grande ou em qualquer outra, Tom Gallagher confessa que] ‘(…) Ficaria satisfeito se, em relação ao meu
livro, emergissem outros estudos biográficos mais duros em estilo e
interpretação, desde que fosse trabalho sério, não polémico ou propagandista.’
Faria, Luís M., Entrevista
a Tom Gallagher, in E, Revista do Expresso, Lisboa, 25 de Junho de 2021, p.
55.
Em Conclusão ou em Aberto?
Em
Aberto. Como sempre. Apenas uma suspensão do que fiz oferecido a quem queira
fazer o que faço: desmontar as peças e ver se encaixam ou se lhe acrescento
algo mais.
Do
que escrevi, respigo. Ressalvando a distância de mais de quatro séculos, ao
compararmos o volume I- Nascimento de uma Vila -, com este II – Nascimento de
uma cidade -, saltam logo à vista diferenças de peso.
Começando
pela parte formal da posse do Concelho, em 3 de Abril de 1508, com a ‘posse’
(será assim?) do diploma de elevação a cidade, em 29 de Junho de 1981. Em 1508,
apesar de o povo não ter voto na escolha, o acto legal da posse ocorreu na
praça no meio de todo o povo, que legitimou com a sua presença o acto, em que o
Capitão-do-donatário, Rui Gonçalves da Câmara (III de nome), em nome do
Donatário, o Rei D. Manuel I, entregou o foral de Vila, presidiu à primeira
eleição e deu posse à primeira Vereação. Ironicamente, em tempo de Democracia,
em 1981, o acto formal de entrega feito pelo Ministro da República, Conceição e
Silva, ocorreu no interior dos Paços do Concelho, no chamado Salão Nobre, no
meio dos notáveis e convidados. O que se pode interpretar como legitimação da nova
cidade por todo o concelho e seus habitantes, havia decorrido no dia anterior.
Foi a procissão (de quem teria partido a ideia? Cheira-me que do padre Edmundo)
das imagens de todos os oragos das 14 freguesias do Concelho, em que também
desfilaram todas as freguesias do Concelho. Estava programada para sair às 17:
30 e recolher-se pelas 20:00. Com desfile diante o edifício dos Paços do
Concelho, todas as bandas Filarmónicas do Concelho desfilaram pela rua
principal da nova Cidade. [563]
Os
limites do Concelho outorgados pelo Foral de 4 de Agosto de 1507, uma légua em
redor do pelourinho (defronte da Casa da Câmara/Casa de Audiências), situavam-se
a poente nas cercanias do actual cemitério de Rabo de Peixe, a Nascente, chegavam
à Ladeira da Velha e a Sul, terminariam de forma difusa nos matos. Os limites
iniciais da cidade, ao invés, ficaram aquém dos limites do primitivo Concelho:
não chegaram a Rabo de Peixe, nem a Santa Bárbara, nem à totalidade da Ribeirinha,
incluíam a Matriz, a Conceição, parte da Ribeirinha e a Ribeira Seca. Num
primeiro momento, em discussões informais, antes do Decreto Legislativo
Regional ter fixado um número não inferior a 7 000 habitantes, quando ainda,
pela lei nacional de 1959, se exigia 20 000 habitantes, chegou a ponderar-se a
inclusão de Rabo de Peixe na Cidade.[564]
Da comissão Concelhia para demarcação dos limites da Cidade, algo pedido pela
Assembleia Regional, fazia parte o Padre Edmundo Pacheco. Em 2002, por
iniciativa do Deputado Regional José da Silva Rego, eleito pelo Partido
Socialista, a Região aprovou os limites actuais da Cidade: toda a Ribeirinha e
Santa Bárbara.[565]
Quanto
aos poderes da Vila em 1507 e a Cidade em 1981, a diferença não poderia ser
maior. À Vila, destinada pelo Rei para desenvolver a área dos seus limites, foi
dada todos os direitos e deveres de uma Vila do Reino. Direitos e deveres nas
áreas económicos, fiscais, políticas e de justiça. À cidade, em 1981, a Região,
dirigida, segundo a Doutrina das três fechaduras, ou seja, o poder tricéfalo
das três primeiras cidades, cuja missão era desenvolver a Região no seu todo,
deu-lhe a honra de ser Cidade. Enquanto na Região Autónoma da Madeira, na Ilha
da Madeira, com menos cinco quilómetros quadrados do que a Ilha de São Miguel,
foram criados dez círculos eleitorais, um por cada um dos municípios, em São
Miguel, que na época das Juntas Gerais, tinha representantes de cada um dos
seis concelhos, passou a dispor apenas de um círculo com a responsabilidade de
representar a ilha. Não obstante ser um círculo com um número de deputados
saídos do número de habitantes da Ilha, na prática, os concelhos da Ilha não se
acham representados. A ponto de recentemente, um grupo de cidadão ter
apresentado à Assembleia Legislativa Regional (que o chumbou – houve clamores
na imprensa das Ilhas Terceira e Faial) um projecto que ia no sentido de
recuperar o peso concelhio.[566]
A
Cidade da Ribeira Grande, sede de Concelho, em 1981, dispôs dos mesmos direitos
e deveres de qualquer sede de Concelho. As competências do Concelho foram sendo
transferidas para outros órgãos do poder: Junta Geral, Governo Civil,
Administração do Concelho, Governo Regional. Que resta? Muito pouco do que
antes dispunham os municípios. Aliás, o Governo Regional, que tutela as
autarquias, sem conseguir obter mais poder do Governo Central, a disputa entre
os limites da Autonomia, veja-se Álvaro Monjardino e uma Autonomia Aberta,
veja-se Reis Leite e Mota Amaral, obrigou (será assim?) o Governo Regional a ir
buscar mais poder às autarquias. A este respeito, veja-se o procedimento
habitual: o Governo Regional vai (sem pudor) às freguesias passando por cima
das sedes de Concelho. Veja-se o receio da aplicação do disposto a nível
nacional: a devolução de poderes às autarquias.
Em
1852, o falhanço da proposta da criação da Cidade da Ribeira Grande, numa
altura em que Ponta Delgada, por imposição nacional, se ia apetrechando do
Liceu da Ilha, do Museu da Ilha, da Biblioteca e Arquivo da Ilha, do porto da
Ilha, sem partilha, com tudo o que significa de capacidade de fixação de
população, a Ribeira Grande perdeu uma ocasião de ouro para partilhar o poder
da ilha. Ainda assim, manteve algum peso na representação na Junta Geral.
Muitos dos Presidentes eram oriundos da Ribeira Grande.
Falhou
em 1852, em parte, porque lhe faltou o meio privilegiado de então: não tinha
jornal. Em parte ainda, e mais importante, os maiores proprietários, apesar das
suas propriedades no Concelho, moravam em Ponta Delgada.
Depois
de 1852, as condições mudaram radicalmente. Ainda assim, se tivesse tido
sucesso na década de quarenta do século XX (aeroporto, população suficiente),
se tivesse jornais, se tivesse um grupo de cidadãos que discutissem a Terra, um
Gabinete de Estudos (em que a História do Concelho e da Ilha tivessem sido
aprofundados), a doutrina das três fechaduras, que vingou no Estatuto
Provisório da Região de 1976, não teria sido aceite sem contestação,
porventura, ter-se-ia obtido outra solução político-administrativa ara os
Açores.
Se,
em 1979, quando Jaime Gama propôs a elevação a cidade da Ribeira Grande, se a
Assembleia da República lograsse aprová-lo, como sucedeu à Amadora, talvez a
Ribeira Grande tivesse obtido algo mais além do que uma mera (e oca) distinção honorífica.
Ou teria recebido uma atenção diferente da que recebia como Vila? Se,
porventura, se se tivesse na Ribeira Grande analisado e discutido o Estatuto
Provisório que iria ser aprovado de forma definitiva em 1980, em vez apenas de
pedir para ser cidade, talvez tivesse havido tempo para alterar alguma coisa.
A partir da década de
80 do século passado, o país dá de caras com uma enxurrada de novas cidades sem
poder. No fundo, era esta a percepção a nível do país: continente e regiões
autónomas. Foram criadas cidades como a de
Queluz, cuja sede de Concelho, Sintra, é Vila, ou a cidade de Fátima, cuja sede
de Concelho, Vila Nova de Ourém, é cidade. Não será caso para vermos nestas
enxurradas de cidades após Abril de 1974, o que Almeida Garrett viu na
enxurrada de títulos nobiliárquicos após a implantação do Liberalismo?
Explicou-se assim: ‘Foge cão [para o
que nos interessa, leia-se povoado], que
te fazem barão [leia-se: Cidade]! Mas
para onde, se me fazem visconde [leia-se: Capital]?’
Discurso de Mota Amaral
na sessão de entrega do Diploma de Cidade à Ribeira Grande, no dia 29 de Junho
de 1981: ‘A aposta do futuro que criação da
cidade da Ribeira Grande representa, é um desafio lançado à nova geração que,
aqui, na Assembleia Municipal, na Câmara Municipal, nos outros órgãos do poder local,
tal como em toda a nossa Região, desempenha funções de responsabilidade. E nós
estamos todos dispostos a enfrentar este desafio. A nova geração açoriana quer
entrar no futuro de frente. Parabéns Ribeira Grande.’[567]
Nove dias antes, na entrega do diploma
de cidade à Praia da Vitória, Mota Amaral dissera: ‘com a elevação da Praia da Vitória a cidade faz-se sobretudo uma aposta
para o futuro porque nesta parcela da ilha da Terceira é possível e vai ser
realizado um esforço de investimento e consequentemente de desenvolvimento que
vai reflectir-se em todo o nosso arquipélago, que vai ser motor do progresso de
todos os Açores.’
Passados dois anos da elevação, Ezequiel Moreira da Silva,
Jr, que fez parte do I Governo Regional do PSD, recém-eleito vereador da Câmara
Municipal da Ribeira Grande, não perde tempo, as cidades não nascem cidades,
numa proposta que titula de
Dignificação da Cidade, pede
apoio para diversas infraestruturas, e adianta: ‘O que
pretendemos e nisto temos que ser exigentes, é que o Governo Regional dos
Açores relativamente à Cidade da Ribeira Grande, também saiba assumir o mesmo
papel de propulsor do seu desenvolvimento, embora sem a necessidade de investir
verbas tão vultuosas como aquelas que irá investir na Praia da Vitória.’[568]
Pouco mais de um mês depois, sabe que não se fazem omeletes
sem ovos, em carta a Mota Amaral, e com apoio da vereação, argumenta, repare-se
no nosso destaque a grosso: ‘O município da cidade nortenha considera que talvez seja
possível encontrarem-se outras soluções, ao nível dos diferentes Departamentos
do Governo Regional, com a criação ou extensão de Serviços desses Departamentos
para esta Zona de S. Miguel, descentralizando aquilo que for possível
descentralizar de Ponta Delgada, tendo em vista o apoio de toda a zona norte da
ilha de S. Miguel, a partir da sede deste concelho. Com vista ainda a gerarem
outros polos de desenvolvimento na
crescente macrocefalia de Ponta Delgada, aquela Câmara salienta que só a
Ribeira Grande e a freguesia de Rabo de Peixe, para além de começarem a dispor
de estruturas de ensino que permitem a valorização da sua juventude e o rasgar
de novos horizontes do conhecimento para ela, têm mais população de qualquer
outra ilha da Região, exceptuando, como é evidente, S. Miguel e a Terceira.’[569]
Resultou?
Alexandre Gaudêncio, Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, do PSD,
partido de Mota Amaral, 40 anos depois da elevação a cidade, sem falar da
cidade, considera que ‘está na hora de o
executivo açoriano olhar com outros olhos para a Ribeira Grande,’ ‘tal como tem sucedido em outras localidades
dos Açores.’[570]
Olha
da maneira que desde sempre olhou: A Ribeira Grande tem de esperar pela sua
vez. Qual? Nunca é dito. Vejam esta de Abril de 2022: ‘Da parte do secretário
Regional Clélio Menezes há a garantia que o assunto não está esquecido, mas dá
nota de primeiro requalificar os Centros dispersos pelo Arquipélago,
inclusivamente em ilhas sem Hospital.’ Há uma razão, ‘devido à falta de investimento por parte do Governo Socialista.’[571]
Isto a propósito de requalificar o desqualificado Hospital da Santa Casa da
Misericórdia da Ribeira Grande, um dos três da Ilha antes da Autonomia e agora
passado a Centro de Saúde cada vez mais incapaz de servir uma população que
excede 30 000 habitantes.
Autárquicas
2021. Debate RTP/Açores. Dia 7 de Setembro. Moderador: Herberto Gomes.
Candidatos da Ribeira Grande: Alexandre Gaudêncio (PSD. Candidata-se pela 3.ª
vez); Lurdes Alfinete (PS), Fernando Luís Mota (CHEGA); Judite Barros (CDU),
Jéssica Pacheco (BE). O moderador e os Candidatos, referem-se à Ribeira Grande
e às 14 freguesias do Concelho, nenhum distingue Ribeira Grande Cidade e
Ribeira Grande Concelho. É uma confederação de freguesias. Porquê?
Autárquicas
2021. Debate Antena 1 - Açores. Dia 7 de Setembro. 17.º Debate. Moderador: Pedro
Moreira. Candidatos da Ribeira Grande: Alexandre Gaudêncio (PSD. Candidata-se
pela 3.ª vez); Lurdes Alfinete (PS), Fernando Luís Mota (CHEGA); Judite Barros
(CDU), Jéssica Pacheco (BE). O moderador e os Candidatos, referem-se à Ribeira
Grande e às 14 freguesias do Concelho, nenhum distingue Ribeira Grande Cidade e
Ribeira Grande Concelho. É uma confederação de freguesias. Porquê?
Autárquicas
2021. Debate Antena 1 - Açores. Ponta Delgada. Dia 9 de Setembro. Moderador:
Pedro Moreira. Ponta Delgada Cidade e Ponta Delgada Concelho. O candidato do
PSD fala da Cidade de Ponta Delgada como a grande cidade. A capital de facto
dos Açores. À custa da Ilha? Porquê?
‘A esperança é como um caminho rural.
Primeiro, não há caminho, mas se um número suficiente de pessoas caminhar na
mesma direcção, o caminho aparece.’
Lu Xan, in Wood, Michael, A História da China: um retrato de uma civilização e do seu Povo,
Temas e Debates, Bertrand Editora, Lisboa, 2021, p. 477.
E
agora? O Governo Regional não vê a Ribeira Grande Cidade.
Os representantes da Ribeira Grande cidade, também não. Os jornalistas muito
menos. E se as cinco freguesias citadinas se sentissem (e agissem) como Cidade?
Juntas perfazem quase 13 000 habitantes. Se pensassem no seu território como um
todo? O que é a Cidade da Ribeira Grande? Que papel tem no concelho? A
tripolaridade foi estatutariamente abandonado em 2009, substituindo-se os três
polos pela realidade ilha.[572]
Eis uma oportunidade? Em São Miguel ilha significa Ponta Delgada. Foi como: ‘sair do lume para cair nas brasas?’
Possíveis
respostas a estas e mais perguntas, pedem um novo volume biográfico, um III
Volume, que se poderia muito bem chamar de Ribeira
Grande: Infância e adolescência de uma cidade. Não o faço porque de certa
maneira já o fiz nas páginas de A Estrela Oriental, III Série. Quem quiser
dar-se ao trabalho de dialogar com o que lá se publicou, espreite Blogue do Mário (A Estrela
Oriental - III Série) - http://peco-a-palavra.blogspot.com/
e clique https://aestrelaoriental.netlify.app/index.html.
Entretanto, acode-me à
memória uma passagem de Italo Calvino, que pode tanto ser interpretada como um
bom ou um mau augúrio: ‘E nem pensem em
dizer-lhes que por vezes se sucedem cidades diferentes sobre o mesmo chão e sob
o mesmo nome, nascem e morrem sem se terem conhecido, incomunicáveis entre si.
Às vezes até os nomes dos habitantes permanecem iguais, e o sotaque das vozes, e até mesmo os
delineamentos dos rostos; mas os deuses que habitam debaixo dos nomes e sobre
os locais partiram sem dizer nada a ninguém e no seu lugar aninharam-se deuses
estranhos. É inútil interrogarmo-nos se estes são melhores ou piores que os antigos,
dado que não existe entre eles nenhuma relação, tal como os velhos postais não
representam Maurília como era, mas sim outra cidade que por acaso se chamava
Maurília como esta.’[573]
Mário
Moura
2– 09 - 2023
[1] Wilson, Ben, Metrópoles:
a História da cidade, a maior criação da civilização, Edições Desassossego,
Porto, 2021, p. 23.
[2] Cabral,
Osvaldo, Por um espólio jornalístico,
Ribeira Grande Municipal, Edição Especial dos 25 Anos de Cidade, Revista da
Câmara Municipal da Ribeira Grande, N. º 3, Junho de 2006, p. 35.
[3] Cabral, Osvaldo, Por um espólio jornalístico, Ribeira
Grande Municipal, Edição Especial dos 25 Anos de Cidade, Revista da Câmara
Municipal da Ribeira Grande, N. º 3, Junho de 2006, p. 35.
[4] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Julho de
1970, pp. 1, 4.
[5] [Manuel
Ferreira?] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 3 de Julho de 1971, p. 1.
[6]
Santana,
Miguel, Civismo, Bairrismo, Regionalismo
– a lição da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Janeiro
de 1972, p. 1.
[7] Santana, Miguel, Civismo, Bairrismo, Regionalismo – a lição da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Janeiro de 1972, p. 1.
[8] Ainda o 460.º
aniversário da Ribeira Grande, Transcrição do discurso do Padre Albano Machado
de Oliveira, em São Leandro, em cerimónia organizada pelos Amigos da Ribeira
Grande, da Califórnia, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 9 de Janeiro de 1968,
p. 4: ‘(…) Nessa ocasião, tivemos o
ensejo de louvar a esplêndida iniciativa do Círculo de Amigos da Ribeira Grande
que nas costas do pacífico surgiu e se formou, sob inspiração do dinâmico
Círculo de Amigos formado na vila nortenha que vem exercendo uma actividade a
todos os títulos benemérita a bem da vila-cidade.’
[9] Carta de Maria da
Ascensão carvalho Rogers, Califórnia, aos amigos da Ribeira Grande, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 18 de Agosto de 1970, p. 1.
[10] Estatutos do Círculo de Amigos da Lagoa aprovados em Novembro de 1969 e os da Ribeira Grande, inciando a sua actividade em Fevereiro de 1970. Segundo Sandra Monteiro. O da Ribeira Grande foi pensado em 1965 e começou as suas actividades em 1966: ‘(…) A primeira atividade surgiu a 11 de maio de 1966, com uma conferência no Salão Nobre da Câmara Municipal, proferida por José Lobo de Oliveira San Bento, que falou sobre a ação social da igreja. Os estatutos só foram aprovados a 12 de agosto de 1969, pelo então Governador do distrito autónomo de Ponta Delgada, Luciano Machado Soares.’ Alexandre Gaudêncio. Diga-se que o Professor Jorge Amaral dava aulas de ginástica no Externato da Ribeira Grande.
[11] [Padre Edmundo Pacheco? Tudo leva a crer que sim], Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 3 de Dezembro de 1971, p. 1: ‘(…) Depois de se iniciar na Ribeira Grande esse
movimento salutar com a criação do ‘Circulo dos Amigos,’ em resposta e em correspondência
ao apelo do Correio dos Açores, Lagoa, Vila Franca e Povoação deram a sua voz
de PRESENTE.’
[12] [Padre Edmundo Pacheco? Manuel Ferreira?] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Julho de 1971, p. 1.
[13] Notícias da Ribeira Grande pelo nosso
correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio dos Açores, Ponta Delgada, 15
de Maio de 1983, p. 7.
[14] [Padre Edmundo Pacheco? Manuel
Ferreira?] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Julho de 1971, p. 1.
[15] [Manuel
Ferreira?] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 3 de Julho de 1971, p. 1.
[16] Santana, Miguel, Civismo, Bairrismo, Regionalismo – a lição
da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Janeiro de 1972,
p. 1.
[17] Açores, Ponta Delgada, 2 de Julho de 1968, p. 3.
[18] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Maio de 1969,
p. 2.
[19] Conforme
listagem da Associação de Futebol de Ponta Delgada que me foi enviada pelo seu
Presidente Robert Câmara a 13 de Agosto de 2021. Em 1977-1978, o Ideal leva a
Taça de São Miguel; em 1979-1980, o Águia ganha a Supertaça Norberto Pacheco;
em 1980-1981, o Ideal conquista a Taça de São Miguel; em 1982-1983, o Águia
vence o campeonato; em 1984-1985, é a vez de o Ideal vencer o campeonato.
[20] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 17 de Agosto de 1971, p. ?.
[21] Cabral,
Jerónimo, Escritos sem rodeios: Falando
da Ribeira Grande, Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 1979,
p. 5.
[22] Versão que me
deu em 2021 Artur Martins. Jaime Gama não de recorda.
[23] Entrevista de Nelson Tavares a Artur Martins, Revista:
Ribeira Grande, Junho de 2003, p. 6.
[24] Arquivo Paroquial
de Nossa Senhora da Boa Viagem, Calhetas, Livro de Óbito, Milton Manuel de
Medeiros Costa, 29 de Março de 2001, p. 37.
[25] Esta minha
hipótese não foi confirmada pelos visados na totalidade, que alegaram a
distância de mais de quatro décadas, todavia, Artur Martins assegura que Jaime
Gama o avisou do que ia fazer e Rocha Pontes garante que Daniel de Sá o avisou
do que Jaime Gama ia fazer.
[26] Diário Insular, Angra do Heroísmo, 11 de Janeiro de
1979, p. 1: ‘O secretário regional do
Partido Socialista, Jaime Gama, esteve na Ilha de Santa Maria onde teve reuniões
com autarquias locais e com militantes do partido. Jaime Gama reuniu ainda com
sindicalistas da ilha e falou para os microfones do Clube Asas do Atlântico,
emissor local. Aquele dirigente socialista deverá deslocar-se em breve à Ilha
de S. Miguel, diz-se em Ponta Delgada.’
[27] Cabral, Osvaldo,
Por um espólio jornalístico, Ribeira
Grande Municipal, Edição Especial dos 25 Anos de Cidade, Revista da Câmara
Municipal da Ribeira Grande, N. º 3, Junho de 2006, p. 35.
[28] [Padre Edmundo Pacheco] Da Ribeira Grande.
A caminho de Cidade, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 23 de Janeiro de 1979, p. 3.
[29] Cabral, Osvaldo, Os
Açores e os novos média, Edição e impressão: Gráfica Açoreana, Lda., Ponta
Delgada, 2018, [badana]
[30] AMRG, Sessão de 13 de Março de 1981, Actas da
Vereação, Livro n.º 100, 1980, Volume 1, fl. 162.
[31] Notícias
da Ribeira Grande pelo nosso correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 27 de Março de 1983, p. 5: ‘É sempre digno de registo o apreço em que é tido, nesta cidade, o
Correio dos Açores que se vende em três locais: Café Central, Restaurante o
Balão e Papelaria de Nossa Senhora da Conceição, esgotando-se, diariamente, a
edição.’
[32] Machado, Lucindo
Rebelo, Alvitre, Correio dos Açores,
Ponta Delgada, 4 de Setembro de 1949, pp. 1, 4; Vasconcelos, Jorge Gamboa de,
Resposta à Carta Aberta do Ex.º Sr. Dr.
Lucindo Rebelo Machado, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 9 de Setembro de
1949, pp. 1, 4; Machado, Lucindo Rebelo, Réplica em continuação da Carta Aberta ao Ex.º Sr. Dr. Jorge Gamboa de
Vasconcelos, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Setembro de 1949, pp.
1, 4; Administração Ribeiragrandense. O
encerramento de uma controvérsia, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 13 de
Setembro de 1949, pp. 1, 4.
[33] Caminha, Conde
de, Pode a Vila da Ribeira Grande vir a
ser Vila-Cidade?, Pode, Silva, José Pereira da, A Voz da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 8 de
Outubro de 1949, pp. 2-3.
[34] M., Ribeira Grande Cidade? Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 5 de Agosto de 1977, p. 1.
[35] AMRG, Sessão de
1 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fl. 58.
[36] C. [Padre Edmundo Pacheco], Da Ribeira Grande, A acção do Correio dos
Açores, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 10 de Junho de 1981, p. 7.
[37] C. [Padre Edmundo Pacheco], E o sonho fez-se realidade, Da Ribeira
Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Junho de 1981, p. 9.
[38] Para uma primeira abordagem à História do Correio dos Açores, não dispensando outras mais, sugere-se a consulta de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Correio_dos_A%C3%A7ores
[39] Apesar de não se
abrir ‘muito,’ este foi daqueles desgostos que Edmundo nunca ultrapassou, apenas
disfarçando a mágoa com um olhar benevolente e compreensivo.
[40] [Padre Edmundo
Pacheco], Da Ribeira Grande para o Correio, Correio dos Açores, Ponta Delgada,
16 de Abril de 1970, pp. 1
[41] Estrela
Oriental, Ribeira Grande, 4 de Fevereiro de 1857: segundo este periódico, José
Maria da Câmara Vasconcelos era Presidente daquela Associação.
[42]
Silva,
Susana Serpa, Açoriano Oriental
(1835-2000), Ponta Delgada, 2011, p. 39: ‘José Maria da Câmara Vasconcelos, irmão de Manuel António, foi o
primeiro editor [do Açoriano Oriental].’ Açoriano Oriental, Ponta Delgada, N.º
1, 18 de Abril de 1835, Cf. Catálogo Jornais Açorianos, BPARPD, Ponta Delgada,
1995
[43] A União, Ribeira Grande, n.º 1, 19 de
Fevereiro de 1857; Cf. Catálogo Jornais Açorianos, BPARPD, Ponta Delgada, 1995.
Apesar de figurar como editor responsável João Jacinto Botelho, era ou viria a
ser em breve José Maria da Câmara Vasconcelos.
[44] Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 13 de Abril de 1921.
[45] Silva, Armindo de melo Moreira da, Ribeira Grande de
ontem até hoje (Colectânea documental), Volume I, Edição da Câmara Municipal da
Ribeira Grande, 2000, p. 141: ‘(…) pagamento
duma multa aplicada pelo Instituto Nacional de Estatística à Extinta Sociedade
Irregular de Instrução e Recreio desta Vila (Recreativa) (…).’ Cf. Actas da
Vereação da Ribeira Grande, sessão de 22 de Agosto de 1946. Na sessão de 12 de
Setembro de 1946, fica-se a saber que ‘(…) uma
Recreativa ilegalmente constituída, e que foi encerrada, na qual se praticavam
excessos (…).’ Registe-se que se desconhece o fim dado ao seu Arquivo, o
que se conhece desta importante associação, é graças às notícias dos jornais e
a referências nas actas da Câmara.
[46] Lopes, António, A Maçonaria Portuguesa e os Açores: 1792-1933, 2008, pp. 335-336.
[47] Notícias da Ribeira Grande pelo nosso
correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio dos Açores, Ponta Delgada, 15
de Maio de 1983, p. 7: ‘Círculo dos
Amigos. Passou, no dia 11 do corrente, o 18.º Aniversário da fundação do
Círculo dos Amigos da Ribeira Grande.’ Portanto, 11 de Maio de 1965.’
[48] Gaudêncio,
Alexandre, Padre Edmundo Pacheco:
Histórias de um Ribeiragrandense, Edição da Câmara Municipal da Ribeira
Grande, 2012, pp. 110-114.
[49] AMRG, Sessão de
18 de Outubro de 1978, Actas da Vereação, Livro n.º 97, 1978, Volume 1, fl. 167
v.: ‘Círculo dos Amigos da Ribeira
Grande. Presente uma carta datada de dezassete do corrente solicitando o
indispensável auxílio monetário para tornar o Ninho num estabelecimento de
ensino capaz de, em maior proporção, dar resposta, aos anseios da população
ribeiragrandense no sector da educação infantil. A Câmara considerando o
interesse e apoiando incondicionalmente, deliberou enviar fotocópia às
Secretarias Regionais dos Assuntos Sociais e Educação e Cultura.’
[50] AMRG, Sessão de 3
de Outubro de 1979, Actas da Vereação, Livro n.º 99, 1979 -1980, Volume 1, fl.
56 v.: ‘Perante a resposta que cremos
positiva da Secretaria Regional do Equipamento Social e atendendo à existência
de associações vocacionadas ao desenvolvimento cultural e artístico do
concelho, mormente, o Círculo de Amigos da Ribeira Grande, fundado em mil
novecentos e sessenta e nove, mais proponho que seja permitida a esta
associação dotada de personalidade jurídica, a sua instalação no solar em
questão, ficando incumbida (fl. 57) de dinamizar as actividades atrás citadas.
A Câmara concordou por unanimidade com a proposta apresentada.’
[51] Após ler jornais
da época, revi o que pensei em adolescente: o elitismo do Círculo, formado por
jovens adultos e homens de meia-idade, era aberto, sendo sua intenção, diz-nos
Viriato Madeira, seu membro ‘o despertar
de uma consciência de comunidade aonde todos se sintam irmanados em prol do
progresso, crescente prestígio e engrandecimento da sua terra.’ Cf. Açores,
Ponta Delgada, 2 de Julho de 1968, p. 3.
Açores, Ponta Delgada, 2 de Julho
de 1968, p. 3.
[52] A vida tem
destas ironias e muitas mais, numa noite após o dia 15 de Agosto, noite de
pleno luar, todo o arquivo do CADAR (Actas da Comissão Pró-Associativa, da
Direcção, das Assembleias-Gerais, livro de registo de contas, etc) foi queimado
em ‘Auto-de-Fé’ no espaço que ficava fronteiro à Casa de Audiência de 1508, no
lado de fora da sede do CADAR. Actas que registavam uma experiência inédita na
Terra: Direcções, cujos membros mudavam semanalmente, em que rapazes e
raparigas eram iguais em direitos e deveres, em que o presidente numa semana
podia ser incumbido na semana seguinte de varrer o chão da sede, em que as decisões
eram tomadas em Assembleia Geral. E coisas de adolescentes que acreditavam num
Mundo Melhor. Por que acabou? Já não lá estava: consta que alguns, os tempos
eram assim na altura, fizeram dela núcleos hostis de diversos grupos e
grupelhos esquerdistas.
[53] Moura, Mário, Ribeira Grande: Nascimento de uma Vila.
Biografia, Volume I, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2021, pp. 47-48.
[54] Moura, Mário, Ribeira Grande: Nascimento de uma Vila.
Biografia, Volume I, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2021, pp. 35-36.
[55]
https://ihit.pt/pt/historial
[56] Costa, Susana
Goulart, Pedro Pascoal de Melo, Milton Ventura Ferreira, Instituto Cultural de Ponta Delgada, cf:
https://nch.pt/wp-content/uploads/2020/04/MIOLO-Boletim-Horta-2017-VERS%C3%83O-2-215-256.pdf
[57] https://nch.pt/
[58] Menezes, Avelino
de Freitas, Álvaro Monjardino. Advogado,
o político e culto, in Álvaro Monjardino: o homem, o advogado, o político,
o investigador, Instituto Açoriano de Cultura, 2020, p. 41: ‘Estas agremiações foram essencialmente
criadas nos anos quarenta e cinquenta, que à luz do Estatuto dos Distritos
Autónomos das Ilhas Adjacentes de 1940 se encontravam providas de competências
na área cultural, mas de todo desprovidas de meios de intervenção. Todas elas
possuíam duas prioridades: a investigação histórica e etnográficas e a extensão
científica e cultural.’
[59] Silva, João Cabral de Melo e, Concelho da Ribeira Grande, [S.l.: s. n.], 1959, fls. 121 v- 122 v.
[60] BPARPD,
Baptismos, Nossa Senhora da Conceição, Ribeira Grande, 1880-1884, Jeremias, 19
de Fevereiro de 1880, fls. 9 v-10: Baptismo: 19 de Fevereiro de 1880;
Nascimento: 9/ ¼ da noite no dia 16 de Janeiro de 1880; Filho primeiro do
casal: António Francisco da Costa, professor primário de instrução particular,
e de Ermelinda Isabel do Carmo, doméstica, naturais desta freguesia, onde foram
recebidos, e onde são paroquianos, moradores na rua dos Foros. Neto paterno de
Francisco José da Costa e Maria Ricardo e materno de Jacinto da Ponte e Maria
Helena. Foi padrinho, Egídio da Costa, solteiro, escolar e madrinha não houve.
Cura: Egas Moniz. Notas: Casou com Angelina Resendes, na Conservatória do
Registo Civil de Ponta Delgada, em 27 de Julho de 1912. Faleceu na freguesia de
São José, Ponta Delgada, no dia 7 de Maio de 1970.
[61] Silva, João Cabral de Melo e, Concelho da Ribeira Grande, [S.l.: s. n.], 1959, fls. 95 v-96: ‘O Dr. Jeremias da Costa, natural desta Vila, filho de António Francisco da Costa, Professor Primário, e irmão dos irmãos Egídio da Costa, Hermenegildo Augusto da Costa, e Marcelino da Costa, matriculou-se no Seminário de Angra do Heroísmo, mas conhecendo não ter vocação, para a carreira Eclesiástica, abandonou o Seminário, e matriculou-se na Escola Distrital, de Ponta Delgada, depois do que foi nomeado Professor, para a Escola do sexo masculino, da Freguesia de Água de Pau, Concelho da Lagoa. Obtendo Bolsa de Estudo, do Governo Português, Doutorou-se em Ciências Naturais pela Universidade de Gand, na Bélgica, e foi nomeado Professor do Liceu de Ponta Delgada. Foi administrador do Concelho da Lagoa, Governador Civil, de Ponta Delgada, e Presidente da Junta Geral Autónoma, deste Distrito, e adquiriu durante a sua gerência neste Corpo Administrativo, o edifício o Paço, da Família Fonte Bela, onde instalou o Liceu, então muito mal acomodado, no antigo convento Graciano, prestando, assim, um óptimo Serviço, ao Corpo Docente, do Liceu, e à mocidade estudiosa.’
[62] Testemunho de
João Pacheco de Melo, 25 de Junho de 2021. Vai ver nas notas que tem, para já
acha não só que foi Presidente da Associação de Futebol por ser do União
Sportiva como terá feito parte dos fundadores daquele clube de Ponta Delgada em
1 de Janeiro de 1921. Republicano
e dos ‘velhos republicanos.’ A ele se deve, em muito, a Associação de Futebol
ter sido, até 1931, um forte reduto dos ‘velhos republicanos’ em São Miguel,
PDL especificamente. Era de tal forma militante que acabou levando com uma
bomba à porta (mais concretamente à janela) da casa em que vivia, ali paredes
meias com o antigo ‘Mimo.’
[63] Melo, João Pacheco de, Subsídios para a História da Associação de Futebol de Ponta Delgada. A Associação de Foot-ball de Sam Miguel, Associação de Futebol de Ponta Delgada, 2006, p. 36 (época de 1926-27); p. 38 (época 1927-1928); p. 39 (Nota 13 de rodapé) (época de 1929-1930)
[64] Melo, João Pacheco de, Subsídios para a História da Associação de Futebol de Ponta Delgada. Da II Grande Guerra à chegada da Democracia, Associação de Futebol de Ponta Delgada, 2014, p.16.
[65] Cf. Índices da
Revista Insulana, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1990.
[66] Linda Luz, Entrevista a Mário
Moura:10 anos depois da inauguração da Casa do Arcano: memórias que ficam,
Jornal Audiência: Ribeira Grande, 13 de Outubro de 2019, p. 46: ‘Propus três coisas antes de ir de férias
[cito de cor a data das propostas: 27 de Julho de 2008], que foram, em tempos diferentes, aceites: Candidatura a Classificação
do Arcano, que nos traria benefícios também financeiros, veio dar em Tesouro
Regional; candidatura RPM [Rede Portuguesa dos Museus], que nos iria proporcionar contactos com todos os museus e instituições nacionais
afins e uma publicação cultural que veio a ser A Ponte, onde divulgaríamos tudo
isso. [o nome surgiu-me numa conversa informal na rua, debaixo do arco da
Câmara, entre mim e o Presidente da altura, Ricardo Silva. Mais tarde, não sei
a razão, quem lançou a dúvida é que devia esclarecer, tive de provar a autoria
da proposta e do nome com as propostas que haviam dado oficialmente entrada no
sistema burocrático da Câmara. Ficou esclarecido.]; Moura, Mário, Ribeira Grande: Nascimento de uma Vila.
Biografia, Volume I, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2021, p. 53.
[67] Teodoro,
Hermano, Padre Edmundo: o sacerdócio e o
jornalismo, desde cedo irromperam como vocação, in Estrela Oriental,
Ribeira Grande, III Série, Agosto de 2002, pp. 1, 6-7; Moura, Mário, Padre Edmundo Pacheco, texto da
inauguração da rua com o seu nome, [não publicado. Dezembro de 2003],
iniciativa da Junta de Freguesia da Conceição, Ribeira Grande; Cordeiro, Hermano,
Padre Edmundo Pacheco: A hora da Homenagem, Correio dos Açores, Ponta Delgada,
5 de Dezembro de 2003, p. 9; Neste número do Correio, também escreveram sobre
Edmundo: Sá, Daniel, Servir os homens em Deus, p. 11; San-Bento, Madalena,
Homem do renascimento, p. 11; Zeferino, João de Brito, De leão para leão, p.
11; Silva, Ricardo, Cidadania plena, p. 9; Tavares, Nelson, Perfil do
homenageado, p. 10; Madeira, Viriato, Alegre e comunicativo, p. 10; Narciso,
Santos, Padre Edmundo Manuel Pacheco:
Histórias de 80 anos de juventude, in Açorianíssima, Janeiro/Fevereiro de
2005, pp. 43-45; Gaudêncio, Alexandre, Padre
Edmundo Pacheco: Histórias de um Ribeiragrandense, Edição Câmara Municipal
da Ribeira Grande, 2012.
[68] Machado, Lucindo
Rebelo, Alvitre, Correio dos Açores,
Ponta Delgada, 4 de Setembro de 1949, pp. 1, 4; Vasconcelos, Jorge Gamboa de,
Resposta à Carta Aberta do Ex.º Sr. Dr.
Lucindo Rebelo Machado, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 9 de Setembro de
1949, pp. 1, 4; Machado, Lucindo Rebelo, Réplica em continuação da Carta Aberta ao Ex.º Sr. Dr. Jorge Gamboa de
Vasconcelos, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Setembro de 1949, pp.
1, 4; Administração Ribeiragrandense. O
encerramento de uma controvérsia, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 13 de
Setembro de 1949, pp. 1, 4.
[69] Teodoro, Hermano, Padre Edmundo: o sacerdócio e o jornalismo, desde cedo irromperam como vocação, in Estrela Oriental, Ribeira Grande, III Série, Agosto de 2002, p. 6.
[70] Tavares, Nelson, Padre
Edmundo: Perfil do homenageado, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 5 de
Dezembro de 2003, p. 10.
[71] Pacheco, Edmundo,
Apontamento: O Prestígio do Círculo dos
Amigos da Ribeira Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 13 de Julho de
1969, p. 1; O exemplo vem da Ribeira
Grande (…), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 9 de Janeiro de 1979, p.1; O exemplo da
Ribeira Grande, Açoriano Oriental, N.º7361, 25 de Fevereiro de 1979, pp.1, 8; Almeida,
Carlos R. Ferreira de, Pontos de Vista:
Festividades e necessidades, Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 29 de Março de 1979, p. 3.
[72] Silva
Júnior, Planeamentos turísticos para a Ribeira Grande, Correio dos Açores,
Ponta Delgada, 2 de Julho de 1966.
[73] Cf.
USDUAÇ, Costa, Francisco Carreiro da, O sortilégio da Ribeira Grande, alocução
lida aos microfones do Emissor Regional dos Açores, Cf. Transcrição de Delfina
Mota, 30 de Junho de 1967.
[74] Silva, Ezequiel Moreira da, A cidade da Ribeira Grande e a Vila de Rabo de Peixe, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 11 de Janeiro de 1972
[75] https://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_Galv%C3%A3o_de_Carvalho
[76] Carvalho, Ruy
Galvão de, Ribeira Grande – Cidade-Museu,
Correio dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Junho de 1981: ‘A provar, jornalistas, como o poeta e industrial Ezequiel Moreira da
Silva, se batiam então pela sua elevação a cidade; e nós próprios, anos depois,
em artigo publicado no Açores, da direcção do saudoso Cícero de Medeiros,
eramos igualmente do mesmo opinar. Até, por coincidência, encontrava-se nessa
altura, na Ilha, em visita oficial, um ministro que havia sido nosso
companheiro em Coimbra. Mas..não passou de voz clamando no deserto.’
[77] Vieira, Luciano de Resende Mota, A Ribeira Grande. Cidade? Correio dos Açores, Ponta Delgada, 13 de
Agosto de 1977, p. 2.
[78] Cabral, Osvaldo, Nota Dominical para o padre Edmundo, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Outubro de 2012, p. 15.
[79] Narciso, Santos, Padre Edmundo Manuel Pacheco: Histórias de 80 anos de juventude, in Açorianíssima, Janeiro/Fevereiro de 2005, pp. 44-45.
[80] Tavares, Nelson,
Padre Edmundo: Perfil do homenageado,
Correio dos Açores, Ponta Delgada, 5 de Dezembro de 2003, p. 10.
[81] Padre
Edmundo: Perfil do homenageado, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 5
de Dezembro de 2003, p. 10.
[82] Padre Edmundo: Perfil do homenageado, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 5 de Dezembro de 2003, p. 10.
[83] Andrade, José, Poder local nos Açores. 40 anos - 1000 Presidentes, Letras Lavadas, Ponta Delgada, 2016, p. 287.
[84] Dédalo, Henrique, Entrevista a Jaime Gama (na
sexta-feira, dia 20 de Janeiro), Diário Insular, Angra do Heroísmo, 23 de
Janeiro de 1979, pp. 1, 4.
[85] Lochery, Neil, Portugal saído das sombras, Editorial
Presença, 2017, p.86.
[86] Ferreira,
José Medeiros, Os Açores na Política
Internacional, 2011, Tinta-da-china, Lisboa, p. 119.
[87] Vieira, Joaquim, Mário Soares: uma vida, A
Esfera dos Livros, Lisboa 2013, p. 441.
[88] Cabral, Rui Jorge, Entrevista a Mário Mesquita, Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 5 de Outubro de 2021, p. 2.
[89] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 303, 17 de Julho de 1852, fl. 2.
[90] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 912, 24 de Julho de 1852, fl. 4.
[91] Supico,
Francisco Maria, A Ribeira Grande, Cosmorama, Ponta Delgada, n.º 12, Outubro de
1863, p. 15.
[92]
Cabral, Joaquim Maria, Filarmónicas da Ilha de São Miguel, Instituto Açoriano de Cultura,
Angra do Heroísmo, 1985, p. 142.
[93] Testemunho de
Jaime Gama, 10 de Julho de 2021.
[94]
Dédalo,
Henrique, Entrevista a Jaime Gama (na sexta-feira, dia 20 de Janeiro), Diário
Insular, Angra do Heroísmo, 23 de Janeiro de 1979, pp. 1, 4.
[96] Testemunho de
Francisco Oliveira, 6 de Julho de 2021.
[97] Testemunho de
Francisco Oliveira, Francisco de Oliveira conversa telefónica em 6 de Julho de
202: Havia tradição na Praia de querer ser cidade? Não. Fui falar com o Dr.
Álvaro Monjardino. Perguntei-lhe se achava bem. Disse que sim. Depois falei com
o Chefe de Repartição de Finanças da Praia e outros. Acham que a Praia vai
beneficiar? Agora que se fala no porto oceânico? Houve polémica nos jornais da
Terceira? Não;’ Conversa telefónica com Doutor José Guilherme Reis Leite, 14 de
Julho de 2021: ‘Não me lembro ou tenho
conhecimento de haver polémica por causa da elevação da Praia a Cidade. O que
havia era a pretensão da Praia ter sido Vila antes de Angra o ser;’ Pelo
telefone: Eduardo Ferraz da Costa, 16 de Julho de 2021: ‘Havia tradição na Praia quanto a ser Cidade? Não. Nunca tal ouvi. Antes
disso, não havia sentimento semelhante na população. Depois, foi acolhido com
satisfação e júbilo. A ideia foi apresentada e primeiro acolhida por alguns
notáveis. Daria prestígio local (na Ilha) e na Região. A memória descritiva
inclui uma justificação histórica – a batalha da Praia, etc -, e a sua aptidão
aeroportuária. Houve polémica ou debate na imprensa escrita ou outra? Não.’
[98] Sousa, Dionísio (coordenação), Daniel de Sá, Letras Lavadas, Ponta Delgada, 2015, p. 81
[99]
Cabral,
Jerónimo, Falando da Ribeira Grande,
Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 1979, p.5.
[100] Monjardino, Álvaro, Organização política da Região: uma visão
pessoal, da experiência post 1974, Actas do Colóquio: Pensar os Açores
Hoje, Forum Açoriano – Associação Cívica, Ponta Delgada, 1997, p. 134.
[101] Ordenações
Manuelinas, TITULO XLVI: Dos
Vereadores das Cidades, e Villas, e cousas que a seus Officios pertencem, http://www.ci.uc.pt/ihti/proj/manuelinas/: ‘11 - Item os vereadores farão guardar em uma arca
grande, e boa, todos os Forais, Tombos, Privilégios, e quaisquer outras
escrituras, que pertencerem ao Concelho; e esta área terá duas fechaduras, das
quais uma chave terá o Escrivão da Câmara, e outra um dos vereadores, e nunca
se tirará escritura alguma da dita arca, salvo quando alguma for necessária
para se ver ou trasladar, então somente a tirarão em a dita casa da Câmara, em
qua a dita arca estiver, e acabado aquele para que for necessário, se torne
logo à dita arca, e isto sob pena de o Escrivão da Câmara perder o seu ofício,
e o Vereador que a outra chave tiver haverá aquela pena;’ Cf. http://www.bnportugal.gov.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=697%3Amostra-ordenacoes-manuelinasSão conhecidos
com o nome de “Ordenações Manuelinas” os três sistemas de preceitos jurídicos
impressos, em cinco livros: o primeiro, de 1512-13 (teve uma reedição com
correcções pontuais, em 1514); o segundo sistema, posterior a 1516 e anterior a
1520 (de que apenas se conhecem fragmentos
recentemente descobertos que se encontram em restauro); e o terceiro
sistema, de 1521 (com quatro edições e diferentes reimpressões de cada uma
delas, entre 1521 e 1603). Constituem o primeiro grande conjunto legislativo e
normativo do Portugal Quinhentista. Ao mesmo tempo que compilavam, reduziram a
um único corpo o direito medieval.’
[102]
Cf. Livro
das Vereações da Câmara Municipal da Ribeira Grande, anos de 1604-1605, fl. 142
v., Auto de retirada do primeiro pelouro da eleição da Casa da Câmara da
Ribeira Grande, 1 de Janeiro de 1605, in Arquivo dos Açores, volume V, 1981, p.
432.
[103] AMRG, Vereação Ribera Grande, Livro de Acórdãos de 1767-1771, 29 de Julho de 1767, fls. 9-9v
[104]
Viveiros,
Amárico Natalino, O 6 de Junho: um marco
na rota da autonomia dos Açores, Gráfica Açoreana Limitada, Ponta Delgada,
2012, p. 188: ‘O Presidente da Junta
Regional decidiu então propor aos partidos representados na Assembleia
Constituinte que indicassem nove
elementos, cinco do PPD/A, três do PS e um independente, para formarem
uma Comissão que ficaria encarregada de elaborar uma anteproposta de Estatuto
que depois seria submetido pela Junta Regional ao governo provisório.’ Monjardino, Álvaro, Organização política da Região: uma visão
pessoal, da experiência post 1974, Actas do Colóquio: Pensar os
Açores Hoje, Forum Açoriano – Associação Cívica, Ponta Delgada, 1997, p. 125 ‘Há precisamente 20 anos, aqui em Ponta
Delgada, decorriam já os trabalhos do que então se chamou a Comissão do
Estatuto, um grupo de nove homens, entre os quais me contava, mandatados para o
efeito, e mediante designação partidária, pela Junta Regional dos Açores.’
[105] Viveiros,
Amárico Natalino, O 6 de Junho: um marco
na rota da autonomia dos Açores, Gráfica Açoreana Limitada, Ponta Delgada,
2012, p. 188
[106] Amaral, João Bosco Mota, Evocando as primeiras eleições regionais, Açoriano Oriental, 22 de
Junho de 2021, p. 14.
[107]
Amaral,
João Bosco Mota, Evocando as primeiras
eleições regionais, Açoriano Oriental, 22 de Junho de 2021, p. 14.
[108] Parabéns Horta, Editorial, [J. Rogério da S. Gonçalves], Telégrafo, Horta, 4 de Julho, p. 1
[109] Tentei, sem
sucesso, chegar a possíveis arquivos de entrevistas na RTP/Açores e na
RDP/Açores, pois, ou não estão catalogados ou foram eliminados, segundo fui
informado. Mas ainda não desisti completamente de lá chegar.
[110]SDUAÇ, Fundo
Francisco Carreiro da Costa, transcrição de Delfina Mota, Costa, Francisco
Carreiro da, Ribeira Grande: Vila-Cidade,
31 de Julho de 1953.
[111] Janeiro, Nelson,
A Ribeira Grande a e cidade do norte, Ribeira Grande, em 20 de Setembro de
1980, Açoriano Oriental (?), Ponta Delgada.
[112] Complexo turístico Açor projectado para a Ribeira
Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 1 de Janeiro de 1980, Janeiro de
1980, pp. 6-7.
[113] AMRG, Sessão de 10 de Janeiro de 1979, Actas da Vereação, Livro n.º 98, 1978-1979, Volume 1, fl. 20v.
[114]
[Director:
Sílvio do Couto] Editorial. Subsídios
para a História do aeroporto de São Miguel, Correio dos Açores, Ponta
Delgada, 1 de Março de 1979, p.1.
[115]
Jaime Gama,
Aeroporto de S. Miguel, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 11 de Março de 1979, pp. 1, 8.
[116] Para o período
de 1977 a 1982, houve dois bispos: D. Manuel Afonso de Carvalho (1957-1978) e D. Aurélio Granada Escudeiros
(1979-1996). Acho que isso se deve mais ao ‘feitio’ do Padre Edmundo. Por esta
altura, o Padre Manuel Coelho de Sousa, em 1976, pertenceu à Direcção do Rádio
Clube de Angra, fora Chefe de Redacção e era director de A União, jornal da
diocese. Sempre deu a sua opinião sobre diversos assuntos de interesse para a
Ilha da Terceira. O Padre Florêncio Lino da Silva foi
nomeado Presidente da Comissão Administrativa do Nordeste, 07/09/1974. E foi
jornalista da rádio, onde manteve programas além dos do âmbito religioso. O
Bispo podia apertá-los, sobretudo o segundo, que era considerado de esquerda,
mas nada os impediu de dizerem o que disseram. Para não referir, na
Ribeira Grande, o Padre Luís Cabral e o Padre Artur Agostinho, alinhados à
direita, que nunca calaram o seu posicionamento.
[117] Manuel E. [Edmundo Pacheco], Nova jornada, Correio dos Açores, 28 de Junho de 1981, [s.n.p].
[118]
Monteiro,
Fernando, Diário Insular, Angra do Heroísmo, 6 de Junho de 1981, p. 4.
[119] Janeiro, Nelson, A Ribeira Grande a e cidade do norte, Ribeira Grande, em 20 de Setembro de 1980, Açoriano Oriental (?), Ponta Delgada.
[120]
Cabral,
Jerónimo, Falando da Ribeira Grande,
Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 1979, p.5.
[121]
https://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/DeputadosAN_1935-1974/html/pdf/v/vasconcelos_jorge_de_melo_de_gamboa.pdf
[122] A livraria de
Jorge Gamboa, desde 2015 na BPARPD, tem um exemplar de: ‘Câmara de Comércio de Ponta Delgada:
comentário ao relatório final do estudo
do transporte aéreo dos Açores, preparado para o Governo Regional dos Açores
pela systems analysis and research corporation, Ponta
Delgada: SARC, 1979, que Jorge deve ter lido. Além de poder ter seguido as
notícias dos jornais, noticiários da rádio e da televisão.
[123] Jaime Gama, Aeroporto de S. Miguel, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 11 de Março de 1979, pp. 1, 8: ‘(…) As razões que determinaram a escolha da Nordela, com a consequente
impossibilidade de prolongamento para uma pista colocada em tal posição, nunca
foram suficientemente esclarecidas nem indicados os responsáveis técnicos e
políticos por tal opção.’
[124] Vasconcelos, Jorge
Gamboa de, Ponta Delgada e alguns dos seus aspectos estéticos e
urbanísticos, Conferência proferida no Salão Nobre da
Câmara Municipal de Ponta Delgada em 2 de Abril de 1980 para comemorar o 434º
aniversário da sua elevação a cidade, Câmara
Municipal de Ponta Delgada, [198?], p. 40: ‘o
monstro da Avenida, como já é denominado o edifício de 22 andares (…).’
[125] AMRG, Sessão de
20 de Junho de 1979, Actas da Vereação, Livro n.º 98, 1978-1979, Volume 1, fl.
144 v.: Jorge havia enviado em reuniões anteriores recorte de artigos que
publicara no Diário dos Açores acerca
da localização da estátua do Dr. Gaspar Frutuoso, pelos visto, fora convidado a
fazer o discurso da inauguração. O texto da placa é, todavia, do Daniel de Sá.
[126] AMRG, Actas da
vereação 1971-1973, Livro n.º 93, Volume I, sessão do 10 de Maio de 1971, fl.
62 v.
[127] Pereira, Ventura Rodrigues, O Dr.
Gaspar Frutuoso (Místico e Sábio), Ribeira Grande, 1963, [p. 5]: ‘Propus à Câmara a construção duma estátua,
que em breve será inaugurada, em lugar próprio.’ Percorri as actas, não vi
proposta exarada. Todavia, a encomenda da estátua, só pode ter sido feita em
data próxima de 18 de Dezembro de 1961, cf. AMRG, Actas Vereação, Livro n.º 86,
Volume I, 1960-1962, Vereação de 27 de Dezembro de 1961, fl. 188. Quanto a esta
inauguração, a primeira, provisória, poderá
ter
sido em 1962. O conteúdo do livro de 1963 de Ventura Rodrigues Pereira,
publicado antes de Maio de 1963 (não menciona a inauguração do busto de Madre
Teresa), já insinua que a estátua de Frutuoso havia já sido inaugurada
provisoriamente.
[128] Pereira, Ventura Rodrigues, O Dr.
Gaspar Frutuoso (Místico e Sábio), Ribeira Grande, 1963, [p. 1]: ‘Homenagem ao Sétimo Vigário da Matriz de
Nossa Senhora da Estrela, no ano [1963] em
que se vai colocar a sua estátua no Largo que tem o seu nome (…).’
[129]
AMRG, Actas
da vereação 1971-1973, Livro n.º 93, Volume I, sessão do 9 de Fevereiro de
1972, fl. 44: ‘Estátua de Gaspar Frutuoso – Por proposta do
Excelentíssimo Presidente [engenheiro Fernando Monteiro], a Câmara deliberou por unanimidade que a
estátua de Gaspar Frutuoso, recentemente recebida, seja erigida no Largo das
Freiras desta Vila, por considerar que o local escolhido é o mais adequado para
o efeito. Mais deliberou a Câmara se proceda à construção, em pedra, do
respectivo pedestal.’ Como explicar, então, o testemunho de João Pereira, filho
de Ventura Rodrigues Pereira, de 29 de Julho de 2021, em que, afiança, houve
uma inauguração provisória da estátua, a que assistiu, sendo o seu pai o
orador. O local provisório foi no adro Norte da igreja Matriz. João Pereira, nascido em 1947, com 15 ou já 16 anos, assistiu à
Homenagem de (estamos em crer) 1962? Ventura Rodrigues Pereira está em São Paulo em finais de 1963. Terá havido equívoco? Teria
sido uma prova em gesso da futura estátua? Vi a estátua em 1974 e inícios de
1975 (embarquei para os USA em Março de 1975) num caixote aberto na rua da
Praça n.º 29, sede inicial do CADAR.
[130]
AMRG,
Sessão de 28 de Julho de 1965, Actas da Vereação, Livro n.º 89, 1965-1966, fl.
65: ‘Do Senhor Numídico Bessone – Carta
datada de dezasseis do corrente, comunicando que em trinta do próximo mês de
Setembro, chegará ao porto de Ponta Delgada, a bordo do Funchal, a estátua de
bronze de Gaspar Frutuoso, destinada a esta Vila. A Câmara tomou conhecimento.’
[131] Talvez se
encontre algum eco disso nas actas da Vereação entre 1963 e 1972. Será uma
questão de queimar pestanas?
[132] Pereira, Ventura Rodrigues, O Dr. Gaspar Frutuoso (Místico e Sábio), Ribeira Grande, 1963, [p. 5]: ‘De Madre Teresa, cujo busto espera uma data para se colocar e inaugurar.’ O busto foi inaugurado a 12 de Maio de 1963: Cf, AMRG, Actas Vereação, Livro n.º 87, Volume I, 1962-1963, Vereação de 8 de Maio de 1963, fl. 183.
[133] Vasconcelos,
Jorge Gamboa de, Homenagem a Gaspar
Frutuoso, Discurso proferido na inauguração da sua estátua, na Vila da
Ribeira Grande, em 29 de Junho de 1979, Composto nas Oficinas Gráficas do
Diário dos Açores, Ponta Delgada, 1979, pp. 10-11.
[134] Vasconcelos,
Jorge Gamboa de, Homenagem a Gaspar
Frutuoso, Discurso proferido na inauguração da sua estátua, na Vila da
Ribeira Grande, em 29 de Junho de 1979, Composto nas Oficinas Gráficas do
Diário dos Açores, Ponta Delgada, 1979, p.11; O assunto arrastava-se, conforme:
Carta de Jorge Gamboa de Vasconcelos a Nelson Correio Janeiro, Ribeira Grande,
2 de Julho de 1979: ‘Assim Gaspar
Frutuoso ficou à margem da sua igreja e fora do seu largo. Mas foi a única
forma de acabar, de uma vez para sempre, com o impasse que durava há 12 anos.’
[135]
Pereira, Ventura Rodrigues, O Dr.
Gaspar Frutuoso (Místico e Sábio), Ribeira Grande, 1963.
[136] Carta de Jorge Gamboa de Vasconcelos a Nelson Correia
Janeiro, Ribeira Grande, 2 de Julho de 1979: ‘O original do meu discurso foi entregue à Revista Insulana, órgão do
Instituto Cultural de Ponta Delgada, que o deve publicar dentro de alguns meses;’
Vasconcelos, Jorge Gamboa de, Homenagem a
Gaspar Frutuoso, Discurso proferido na inauguração da sua estátua, na Vila
da Ribeira Grande, em 29 de Junho de 1979, Composto nas Oficinas Gráficas do
Diário dos Açores, Ponta Delgada, 1979; Vasconcelos, Jorge Gamboa de, Homenagem a Gaspar Frutuoso, Insulana,
ICPD, XXXV-XXXVI, 1979-1980, pp. 175-197.
[137]AMRG, Sessão de
12 de Dezembro de 1980, Actas da Vereação, Livro n.º 101, 1980-1981, Volume 1,
fl. 96 v.: ‘Comissão Instaladora da Casa
da Cultura: - Carta datada de 5 do corrente do Excelentíssimo Doutor Jorge de
Melo Gamboa de Vasconcelos, informando
com profunda mágoa que para pouco ou nada servem ou tem servido as suas ideias
e pareceres pelo que acha de bom conselho não aceitar o honroso convite para
fazer parte da comissão acima referida. A Câmara deliberou encarregar o
Vereador Engenheiro Moreira da Silva de contrapor os argumentos apresentados.’
[138] AMRG, Sessão de
3 de Junho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fl. 27 v.
– 28 v.
[139] Vasconcelos, Jorge Gamboa, O Pelourinho da Vila da
Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 27 de Junho de 1981, pp.
2, 8; Vasconcelos, O Hospital da Ribeira
Grande. No passado, no presente e no futuro, Jorge Gamboa, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 28 de Junho de 1981, [s. p.]; Vasconcelos, Jorge Gamboa,
Relíquias artísticas da Ribeira Grande, Açores, Ponta Delgada, 29
de Junho de 1981, p. 8. Já escrevera numa longa carta à Câmara sobre o
Pelourinho, que a Câmara transcrevera, na acta da reunião do dia 3 de Junho: AMRG,
Sessão de 3 de Junho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1,
fl. 27 v. – 30. Na carta, é cauteloso na atribuição da pedra ao pelourinho, ao
invés, no jornal, deixa de ter dúvidas. Os textos não são exactamente iguais.
No Diário dos Açores, em que publica sobre o Pelourinho, parece que também
publica ‘Notas históricas do Concelho da Ribeira Grande, pp. 2, 8.
[140] Programa das Festas
de Elevação a Cidade da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 27 de
Junho de 1981, p. 3. Confirmo e corrijo:
No Volume I, Biografia do Nascimento de uma Vila, na nota 1144, da página 292,
escrevi isso: ‘Vasconcelos, Jorge Gamboa de
(1981-1982) – “El-rei D. Manuel I e as
largas perspectivas urbanas que o seu foral de 1507 abriu à nova cidade de
Ribeira Grande.” In Insulana, vols. XXXVII e XXXVIII (1981-1982). Instituto
Cultural de Ponta Delgada, pp. 111-169. Nota: Em bom rigor, não sei se o texto
que leu na sessão foi o mesmo que depois publicou, nem sei o ano em que o
número da Insulana de 1981-82, saiu.’ Este texto, ou parte dele, segundo
Programa das Festas de 1981, acima referido, foi apresentado no salão Nobre dos
Paços do Concelho da Ribeira Grande, às 21 horas, no dia 12 de Julho de 1981,
assim, só pode ter sido publicado a partir daí.
[141] Vasconcelos, Jorge Gamboa de (1981-1982) – “El-rei D. Manuel I e as largas perspectivas urbanas que o seu foral de 1507 abriu à nova cidade de Ribeira Grande.” In Insulana, vols. XXXVII e XXXVIII (1981-1982). Instituto Cultural de Ponta Delgada, p. 165.
[142] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, O vitral dos Paços do Concelho da Ribeira Grande e seu significado, Separata da Revista Insulana, ICPD, Ponta Delgada, 1988, pp. 8, 10, 27.
[143] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, O vitral dos Paços do Concelho da Ribeira Grande e seu significado, Separata da Revista Insulana, ICPD, Ponta Delgada, 1988, p. 27.
[144] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, O vitral dos Paços do Concelho da Ribeira Grande e seu significado, Separata da Revista Insulana, ICPD, Ponta Delgada, 1988, p. 7: ‘Palestra proferida no salão-Nobre da Câmara Municipal da Ribeira Grande no dia 2 de Julho de 1983.’
[145] Jorge aproveita
a morte de familiares da esposa que residiam na casa da Rua José Maria Raposo
do Amaral, em Ponta Delgada, para ter algum descanso e afastamento da Ribeira
Grande, onde era constantemente solicitado (dia e noite) como médico. Em Ponta
Delgada, adquire espaço. É desta altura que começa a escrever mais
assiduamente. Ter-se-á mudado no início da década de 1960. AMRG, Róis de
Confessados, Conceição, Ribeira Grande, 1960-161 (?), n.º 42: D. Jorge Gamboa
de Vasconcelos, Chefe, 50 anos; Maria Eugénia de Viveiros gamboa, 46; maria
Luísa Viveiros Gamboa, filha, 19; Inês, criada, 27; Grinoaldo, criada, 17.’ Mas
nenhum cumpriu a Confissão/comunhão. Já estariam em Ponta Delgada na quaresma a
que corresponde aquele Rol?
[146]
Vasconcelos, Jorge Gamboa de, Ponta Delgada e alguns dos seus aspectos estéticos e
urbanísticos, Conferência proferida no Salão Nobre da Câmara Municipal de
Ponta Delgada em 2 de Abril de 1980 para comemorar o 434º aniversário da sua
elevação a cidade, Câmara Municipal de Ponta
Delgada, [198?]
[147] Testemunho da filha, Maria Luísa Viveiros Vasconcelos Tavares, 12 de Agosto de 2021.
[148]
Vasconcelos, Jorge Gamboa de, Ponta Delgada e alguns dos seus aspectos estéticos e
urbanísticos, Conferência proferida no Salão Nobre da Câmara Municipal de Ponta
Delgada em 2 de Abril de 1980 para comemorar o 434º aniversário da sua elevação
a cidade, Câmara Municipal de Ponta Delgada, [198?],
p. 35: ‘Mas, em São Miguel, Ponta Delgada
é não só a única cidade, mas também o único centro urbano que tem porto e aeroporto,
além de muitas outras estruturas que as outras Vilas e freguesias não têm.
Natural é pois que a sua população chegue, dentro em breve, a 30 000, isto é, a
20% da totalidade dos habitantes da ilha (…).’
[149] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, A Estrada Regional da Ribeira Grande e a
Avenida Marginal de que esta nova Cidade tanto carece, Açoriano Oriental,
Ponta Delgada, 3 de Outubro de 1981, p. 6.
[150] Vasconcelos,
Jorge Gamboa de, Homenagem a Gaspar
Frutuoso, Discurso proferido na inauguração da sua estátua, na Vila da
Ribeira Grande, em 29 de Junho de 1979, Composto nas Oficinas Gráficas do
Diário dos Açores, Ponta Delgada, 1979, p. 7.
[151] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, A Estrada Regional da Ribeira Grande e a
Avenida Marginal de que esta nova Cidade tanto carece, Açoriano Oriental,
Ponta Delgada, 3 de Outubro de 1981, pp. 5, 6.
[152] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, Ribeira
Grande: eterna cidade do interior à beira-mar plantada (Carta aberta pelo Dr.
Jorge Gamboa de Vasconcelos a Francisco Xavier Araújo Rodrigues e a Duarte
Manuel Carreiro Maré), Correio dos Açores, Ponta Delgada,18 de Fevereiro de
1982, p.5.
[153] O texto
histórico introdutório do Diploma da elevação a cidade não é de Jorge, terá o
dedo de Fernando Monteiro, que fazia parte da Comissão de Assuntos Políticos e
Administrativos da Assembleia Legislativa Regional, e do irmão, o historiador
Jacinto Monteiro, isto a deduzir da conversa que mantive com Álvaro Dâmaso,
também membro da referida comissão.
[154] Teodoro, Hermano, Diálogos: Edmundo Manuel Pacheco: padre,
cidadão e jornalista, in A Oriental,
Ribeira Grande, III Série, Agosto de 2002, p.7.
[155] Testemunho de
Juvenálio Rego, Agosto de 2021: ‘Disseste que participaste na reunião de
formação do núcleo do PS na Ribeira Grande que decorreu nos baixos da casa do
Sr. Luís Gamboa [Rua das Pedras – foi pouco depois o local do Restaurante
Fuzeiro]. Isto terá sucedido em 1974, a curta distância do 25 de Abril.
[Lembraste quando exactamente? Dia, mês, a que horas?] O Padre Edmundo Pacheco
é quem conduziu a sessão, além dele, do sr. Luís Gamboa, de ti, o Mário Borges
e o Eduardo (cunhado da Lélia Gomes).’ Tentei confirmar. Mário Borges não se
lembra. Os restantes já faleceram.
[156] Testemunho de Juvenálio Rego, Agosto de 2021. Confirmada por Edmundo Borges e por Mário Borges.
[157]
Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 21 de Agosto de 1975, pp. 1,4.
[158] Barbosa, Manuel,
Memórias da Cidade Futura, Ribeira
Grande, 1988, p. 27
[159] Barbosa, Manuel, Memórias da Cidade Futura, Ribeira Grande, 1988, p. 29.
[160]
Barbosa, Manuel, A Cultura na cidade. Os livros, Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 15 de Abril de 1983, p. 3.
[161] Barbosa, Manuel, Cultura na Cidade: O
Teatro, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 6 de Maio de 1983, p. 3.
[162] Barbosa, Manuel, Impressões da Ribeira Grande, A Voz da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 12 de Fevereiro de 1949, p. 2.
[163] Intervenção do
Deputado Socialista, Avelino Rodrigues, Diário da Assembleia Regional,
Assembleia Legislativa Regional, Horta, sexta-feira, 5 de Junho de 1981, p.
716: ‘A RTPP transmitiu um inquérito de
rua realizado na Ribeira Grande, em que a generalidade dos entrevistados
mostrou a sua concordância com a elevação daquela Vila a cidade.’
[164] Entrevista de Nelson Tavares a Artur Martins, Revista: Ribeira Grande, Junho de 2003, p. 6.
[165] Manuel E. [Edmundo Pacheco], Nova jornada, Correio dos Açores, 28 de Junho de 1981, [s.n.p].
[166] Manuel E. [Edmundo Pacheco], Nova jornada, Correio dos Açores, 28 de Junho de 1981, [s.n.p].
[167] Ponte, Victor Borges da, Ribeira Grande - Que Cidade?, Correio dos Açores, 28 de Junho de
1981, [s.n.p].
[168] Ponte, Victor Borges da, Ribeira Grande - Que Cidade?, Correio dos Açores, 28 de Junho de
1981, [s.n.p].
[169]
Borges, Maria de Fátima, Ribeira Grande: passado, presente e futuro, Desdobrável cartonado,
Junho de 1981.
[170]
Teodoro,
Hermano, Diálogos: Edmundo Manuel
Pacheco: padre, cidadão e jornalista, in A Oriental, Ribeira Grande, III Série, Agosto de 2002, p.7.
[171] Gaudêncio,
Alexandre, Padre Edmundo Pacheco. Histórias de um Ribeiragrandense,
Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2012, p. 233.
[172] Almeida, Onésimo
Teotónio de, Onde houver um jornal
português, haverá dois, in Estrela Oriental, Ribeira Grande, III Série, N.º
1, Junho de 2001, p. 2.
[173] Almeida, Onésimo, O palco do meu exame, Ribeira Grande Municipal, Edição Especial dos 25 Anos de Cidade, Revista da Câmara Municipal da Ribeira Grande, N. º 3, Junho de 2006, p. 53.
[174]
Sousa,
Eduardo Soares de, A propósito de um
presépio, ou uma ida à cidade da Ribeira Grande, Açoriano Oriental, Ponta
Delgada, 20 de Janeiro de 1993, p. 2.
[175] Ponte, Alfredo
da, Ribeira Grande- Cidade, Ribeira
Grande, Junho de 1981.
[176] AMRG, Sessão de
17 de Junho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fls.
35-35 v.
[177] Disse-me José António Martins de Sousa machado, do pai, Luís.
[178] Barbosa, Manuel,
Memórias da Cidade Futura: Contribuição
para a História do ensino secundário da Ribeira Grande, Ribeira Grande,
1988, p. 27.
[179] Maré, Duarte Manuel Carreiro e Francisco Xavier Araújo Rodrigues, Ribeira Grande: eterna cidade do interior à beira-mar plantada, Correio dos Açores, Ponta Delgada,13 de Fevereiro de 1982, p.5.
[180] Aguiar,
Cristóvão, Vila Cidade ou Cidade Vila,
Ribeira Grande Municipal, Revista da Câmara Municipal da Ribeira Grande, N. º
7, Agosto de 2007, p. 36.
[181] Gaudêncio,
Alexandre, Padre Edmundo Pacheco. Histórias de um Ribeiragrandense,
Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2012, p. 233.
[182] Sousa, Dionísio
(Direcção e coordenação Editorial), Daniel
de Sá: A serena sabedoria, Letras Lavadas, 2015, Ponta Delgada, p.81.
[183] Adrehi, Salomão,
Mais duas palavras a propósito Vila da
Ribeira Grande ser elevada a Cidade, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 1
de Abril de 1979, p.3.
[184] [Padre Edmundo
Pacheco] Da Ribeira Grande. Vila ou
Cidade?, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 18 de Março de 1979, p. 4.
[185]
AMRG,
Sessão de 14 de Março de 1979, Actas da Vereação, Livro n.º 98, 1978-1979,
Volume 1, fls. 63- 63 v.
[186] AMRG, Sessão de 14 de Março de 1979, Actas da Vereação, Livro n.º 98, 1978-1979, Volume 1, fls. 63- 63 v.
[187]
AMRG,
Sessão de 26 de Setembro de 1979, Actas da Vereação, Livro n.º 99, 1979 -1980,
Volume 1, fl. 46: ‘Elevação da Vila da
Ribeira Grande a Cidade. Presente uma carta do Sr. Padre Edmundo Pacheco
enviando elementos relacionados com o assunto em epígrafe. A Câmara tomou
conhecimento e deliberou que o Senhor Vereador Milton Costa completasse os
restantes elementos solicitados.’
[188] Nota 14 de Junho
de 2021: Recolhi e guardei (e consultei) não só este ‘dossier’ como pastas com recortes de jornais locais e de fora da
ilha e demais documentação (cópias) até à década de 90 do século passado. A
anterior responsável, em mensagem enviada ontem, garantiu-me a sua existência,
a actual responsável, infelizmente, em mensagem que me enviou, confirmou que,
por falta de espaço, haviam sido as referidas pastas eliminadas há dois anos. È
uma perda irremediável.
[189] Teodoro, Hermano, Ribeira Grande: lugar, vila e cidade, Ribeira Grande Municipal, 25 Anos de Cidade, Edição Especial, N.º 3, Junho de 2006, pp. 8-11.
[190]Silva, Ezequiel de Melo Moreira da, A cidade da Ribeira Grande e
a Vila de Rabo de Peixe, Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Janeiro de 1972.
[191]
AMRG,
Sessão de 12 de Setembro de 1980, Actas da Vereação, Livro n.º 101, 1980-1981,
Volume 1, fl. 14 v.
[192] A. Quental, Das
coisas da Ribeira Grande Rejeito uma Cidade P.S, Açoriano Oriental, Ponta
Delgada, 8 de Abril de 1979, p. 8.
[193]
Curriculum
Vitae de Armindo de Melo Moreira da Silva, cf. Espólio da Família. Conforme
catálogo da Universidade dos Açores: Silva,
Armindo de M. Moreira da, Determinação do período de desova da truta na Lagoa do Fogo, Ponta
Delgada: Direcção dos Serviços Florestais de Ponta Delgada 1980; Inquérito sobre a pesca nas águas
interiores da Ilha de S. Miguel (1983 a 1987 e 1991), Ponta Delgada,
Direcção Regional dos Recursos Florestais,1992; Introdução de peixes dulciaquícolas na Ilha de S.
Miguel: subsídios para a sua história, [Ponta Delgada]: Direcção Regional dos
Recursos Florestais, 1992.
[194]
Silva, Armindo de M. Moreira da, Prospecção da
densidade da codorniz na Ilha de S. Miguel (1972/73 a 1976/77) ¸ Ponta Delgada: Circunscrição
Florestal de Ponta Delgada, 1977; Algumas
observações sobre a nidificação da gaivota (Larus argentatus atlantis Dwight)
na Lagoa do Fogo (S. Miguel-Açores), Ponta
Delgada: Circunscrição Florestal de Ponta Delgada, 1977.
[195]
Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 7 de Julho de 1981, p.8.
[196]
AMRG,
Sessão de 4 de Janeiro de 1978, Actas da Vereação, Livro n.º 96, 1976-1978, fl.
191 v.: ‘julgando-se indispensável a
ampliação da biblioteca municipal, dada a falta de arquivos desta Câmara e
instalação condigna do pessoal administrativo da Secção de Águas, uma vez que o
Posto da PSP deste concelho vai ser instalado em edifício próprio, propomos que
a Câmara promova a elaboração de um projecto para o aproveitamento do
quarteirão anexo ao edifício desta Câmara, localizado entre as ruas da Praça, e
Conselheiro João Franco, para a instalação daqueles serviços. A Câmara
concordou com a proposta apresentada.’
[197]
[Padre
Edmundo Pacheco] Da Ribeira Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 7 de
Janeiro de 1979, p. 3 (?)
[198]
Teodoro,
Hermano, História de um Arquivo que faz História, in Guia de Fundos Históricos
do Arquivo Municipal, 2005, p. 26: ‘Em
sessão da Câmara Municipal do dia 19 de Janeiro de 1983, o Vereador Ezequiel de
Melo Moreira da Silva, relativamente à situação do Arquivo Municipal,
considerou e propôs: Considerando as condições extremamente precárias em que se
encontra o Arquivo desta edilidade, não só no que se refere à sua organização
como, também, à sua segurança, o que é simplesmente inadmissível, se atentarmos
naquilo que de valor ele contem para a feitura da História desta nossa Terra;
Considerando, ainda, que ao longo dos anos, não temos visto, dentro desta
Câmara, ninguém preocupar-se, seriamente com este estado de coisas; Propomos
que, com maior brevidade, esta Câmara: - mande inventariar, por gente
especializada nesta matéria, tudo quanto contém o Arquivo Municipal; Arrecade,
nas melhores condições de preservação e segurança, todo o valioso património
que representa este Arquivo.’ Cf. AMRG, Livro de Vereações, 1982-1983, fls. 123
v.- 124.
[199] Testemunho de
Ana Paula Rita, 13 de Junho de 2021: Fui tirar um curso de técnico auxiliar de
BAD, organizado pela DROAP e pelo INTT, que teve como responsável a Dr.ª Graça
Chorão de Almeida Lima.
[200] Teodoro,
Hermano, Biblioteca Municipal, in Guia de Fundos Históricos do Arquivo
Municipal, 2005, p. 26: ‘Segundo o seu
testemunho, encontrou a documentação camarária nas três salas do edifício
municipal sito ao longo de todo o lado norte da Travessa da rua da Praça, s/n,
freguesia Matriz, empilhada no chão, sem qualquer tipo de tratamento, muita
dela em folhas soltas, arrumada, inclusive, nos vãos das janelas.’ Conforme
Testemunho de 4 de Maio de 2005.
[201]
AMRG,
Administração do Concelho da Ribeira Grande, Registo de Correspondência
expedida para as Regedorias (1869-1974), CEA, Reg. 1, Termo de Abertura, 22 de
Junho de 1869.
[202] Este trabalho, sob a orientação de
Sacuntala de Miranda, foi dramatizado pelo seu amigo actor e encenador, Mário
Barradas, no tempo do Presidente Ricardo Silva, e apresentado ao ar livre na
Ribeira Grande, tendo como cenário o arco do edifício da Câmara.
[203] Barbosa, Manuel,
A Cultura na cidade. Os livros, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 15 de Abril
de 1983, p. 3.
[204] AMRG, Actas da
Câmara Municipal da Ribeira Grande, Sessão de 12 de Setembro de 1946; Discurso
do Presidente, Dr. Lucindo Rebelo Machado, na ‘1.ª Conferência de Administração
Pública. A 6.ª Sessão realizada no sábado
último [31 de Julho], na Câmara da
Ribeira Grande,’ transcrito em: Silva, José Pereira da, A Voz da Ribeira
Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 4 de Agosto de 1948, p. 2: ‘ (…) Além disto, a actual Câmara instituiu e
mantém, num bom edifício na rua principal, desta Vila, uma biblioteca e casa de
recreio, completamente gratuitos para o público, sob o nome de Biblioteca
Municipal, onde existem todas as comodidades proporcionadas a este meio.’
[205] AMRG, Actas da
vereação 1973-1975, Livro n.º 94, Volume I, sessão do 10 de Julho de 1974, fls.
108 v-109.
[206] Teodoro,
Hermano, Biblioteca Municipal da Ribeira
Grande: a polifonia dos seus fundos, Ribeira Grande Municipal, N.º 12,
Abril de 2009, p.23: ‘Em 1966,
instala-se, na então vila da Ribeira Grande, a biblioteca Fixa, n.º 118, da
Gulbenkian, a qual suplantaria a Municipal.’
[207] Teodoro,
Hermano, Biblioteca Municipal da Ribeira Grande: a polifonia dos seus fundos, Ribeira Grande
Municipal, N.º 12, Abril de 2009, p. 24: ‘No
ano 2002, a Biblioteca da Gulbenkian seria doada à Câmara Municipal da Ribeira
Grande, sendo integrada no Fundo Geral da Biblioteca Municipal.’
[208] AMRG, Actas da vereação 1973-1975, Livro n.º 94, Volume I, sessão do 10 de Julho de 1974, fl. 109.
[209] Desconheço mas
gostaria de saber ainda a vida que levou a desditosa Biblioteca Municipal de
então até eu deparar, estupefacto, nos primeiros meses de 1986, com um quarto
contíguo ao Salão Novo e outro na torre do relógio completamente entulhados de
livros, alguns de valor imenso. A decisão da transferência foi tomada por uma
Câmara em gestão na sequência do 25 de Abril, cujo Presidente e
vice-Presidente, Fernando Monteiro e Manuel Martins, já não faziam parte da
Câmara, da qual era Presidente José Cabido e os vereadores eram Joaquim Costa
Leite, Berta Hintze Ribeiro, António de Jesus Amaral e Armindo de Melo Moreira
da Silva. Plínio Maria da Ponte já não fazia parte; Teodoro, Hermano, Biblioteca Municipal da Ribeira Grande: a
polifonia dos seus fundos, Ribeira Grande Municipal, N.º 12, Abril de 2009,
p. 24: ‘A partir de 1986, a Casa da Cultura da Ribeira Grande procede à
salvaguarda do que restou das duas iniciais bibliotecas (Popular e Municipal) e
ainda uma caminhada para o recrudescimento da Biblioteca Municipal através de
compra e aceitando doações.’
[210] E. Manuel, Nota Preambular, Ribeira Grande, Janeiro
de 1981, António Crispim A. Borges da Ponte, Monografia Histórico-Geográfica do Concelho da Ribeira Grande,
1992, 2.ª edição, p. 7.
[211]
Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, 28 de Junho de 1979, p.3.
[212] Fiz a pergunta
hoje, dia 22 de Julho de 2021 ao António Crispim (através da esposa, Liliana,
devido a um AVC, perdeu a fala), que garante que o que apresentou nos jogos
florais em 1979 e o publicado em 1981, são a mesma coisa.
[213] AMRG, Sessão de
14 de Março de 1980, Actas da Vereação, Livro n.º 100, 1980, Volume 1, fls. 13
– 13 v.
[214] AMRG, Sessão de
14 de Março de 1980, Actas da Vereação, Livro n.º 100, 1980, Volume 1, fls. 13
– 13 v.
[215] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 2 de Outubro de 1980, p.1.
[216] Ponte, António Crispim Borges da, Monografia Histórico-Geográfica do Concelho da Ribeira Grande, 1981: Na capa principal: 1981. Quando em 1981? Não consta do programa da elevação a Cidade. Em caso algum poderá ser em finais de 1983, pois a lista de vereadores que consta no livro, corresponde a autarcas que estiveram até finais de 1983.
[217] E. Manuel, Nota Preambular, Ribeira Grande, Janeiro
de 1981, António Crispim A. Borges da Ponte, Monografia Histórico-Geográfica do Concelho da Ribeira Grande,
1992, 2.ª edição, p. 7; Correio dos Açores, Ponta Delgada, 2 de Outubro de
1980, p.1.
[218]
AMRG,
Sessão de 24 de Abril de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume
1, fls.2 – 2 v.: ‘Monografia Histórica: Propostas das Firmas: Barbosa e Xavier
Limitada, Artes Gráficas; Braga e Impraçor, Ponta Delgada para impressão das
obras ‘40 anos de Fé e Dedicação a Deus e aos Homens e Monografia
Histórico-Geográfica do Concelho da Ribeira Grande.’ A Câmara considerando mais
vantajoso o orçamento (fl. 2v.) da referida Firma Barbosa e Xavier Limitada,
deliberou adjudicar à mesma o referido trabalho.
[219]
AMRG,
Sessão de 17 de Junho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume
1, fl. 41-41; Ponte, António Crispim Borges da, Monografia Histórico-Geográfica do Concelho da Ribeira Grande, 2.ª
edição, 1992 [a de 1992 é uma edição fac-similada da de 1981? Parece]: ‘Subsidiada
pela Direcção Regional dos Assuntos Culturais da Secretaria Regional de
Educação e Cultura – Açores.’
[220] Notícias
da Ribeira Grande pelo nosso correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 15 de Maio de 1983, p. 7: ‘Á memória do Dr. Moreira Candelária. Na passada quarta-feira, ocorreu o
sexto aniversário do ilustre Ribeiragrandense, Dr. Manuel Moreira Candelária.
Na igreja Matriz, foi celebrada missa pelo Padre Edmundo Pacheco, que, na
ocasião apropriada, proferiu algumas palavras acerca da actividade fecunda
daquele sacerdote, em campos de apostolado, não esquecendo o trabalho do saudoso
filho desta terra no jornalismo e na cultura. Refira-se que o município
deliberou dar o nome do Dr. Manuel Moreira Candelária a uma rua desta cidade,
em homenagem à memória daquele Ribeiragrandense que muito prestigiou a Ribeira
Grande, tanto no Continente como no Ultramar Português e bem assim nestas Ilhas
açóricas.’ Hoje, dia 14 de Fevereiro de 2023, verifiquei na listagem da
biblioteca oferecida pelo Sr. Pedro Pereira (graças à minha amizade com ele dos
tempos do Liceu) a referência (incompleta) n.º 1716 - de ‘Quarenta anos de Fé e de dedicação a Deus e aos Homens. E alguns factos
relacionados com as igrejas da Ribeira Grande.’ Terei de ver se vem no lote
para a Biblioteca Daniel de Sá ou se foi para a Biblioteca Pública de Ponta
Delgada.
[221] AMRG, Sessão de
15 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fl. 71
v.: ‘Impressão de Obras: Carta datada de
dez do corrente da Tipografia Barbosa e Xavier Limitada – Artes Gráficas –
Braga – remetendo novas facturas de dois livros impressos, de conformidade com
as instruções enviadas por estes serviços. A Câmara deliberou mandar processar
a quantia referente a esta Câmara e enviara a factura respectiva à Direcção
Regional dos Assuntos Culturais.’
[222]
AMRG,
Sessão de 22 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume
1, fl.77: ‘deliberou enviar um exemplar
da Monografia da Ribeira Grande.’
[223] AMRG, Sessão de 15 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fls. 72 v.- 73.
[224] Vasconcelos,
Jorge Gamboa de, texto e voz, Produtor e
Realizador, Bruges da Cruz, Rádio Televisão Portuguesa/Açores, emitido
em 7 de Julho de 1891. Acerto porque a História é isso, na página 48 do I
Volume, há, além da gralha de 1981 por 1891, a data da emissão não está
correcta.
[225]
AMRG,
Sessão de 22 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume
1, fl.76: ‘No caso presente, os Serviços
de Informação da RTP-A, (fl.76) conforme assinalado no relatório do Conselho de
Redacção dadas as especiais circunstâncias que afectam a actividade da
Televisão nos Açores, fizeram elaborar, apesar das dificuldades, um
documentário a cores que será exibido
conforme anunciado, logo que estejam concluídos os trabalhos de montagem que
têm de ser efectuados em Lisboa, pelo simples mas significativo facto, Sr.
Presidente, de ser feito a cores.’
[226] https://arquivos.rtp.pt/conteudos/ribeira-grande-a-vila-cidade-da-sua-historia-e-arquitectura/
[227] Constantino,
Luísa, Ribeira Grande, a Vila-Cidade: da Sua Etnografia às Cavalhadas, 31 de
Dezembro de 1981,Produção e Realização: Bruges
da Cruz; Cf. https://arquivos.rtp.pt/conteudos/ribeira-grande-a-vila-cidade-da-sua-etnografia-as
cavalhadas/?fbclid=IwAR2M_Vus4Kitj7YUbSm9Zj5y9ymqr9u4SbulHzKsjuMismtEdN6YfaEVwRg
[228] Medeiros, Armando, TV/rádio: canal da crítica, Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 19 de Julho de 1981, p. 9.
[229] Vasconcelos,
Jorge Gamboa, O Pelourinho da Vila da Ribeira
Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 27 de Junho de 1981, pp. 2, 8
[230] Vasconcelos,
Jorge Gamboa de, O Hospital da Ribeira
Grande, no passado, no presente e no futuro, Correio dos Açores, Ponta
Delgada, 29 de Junho de 1981, [s.p.]
[231] Vasconcelos,
Jorge Gamboa, Relíquias artísticas da
Ribeira Grande, Açores, Ponta Delgada, 29 de Junho de 1981, p. 8.
[232] Vasconcelos, Jorge Gamboa de
(1981-1982) – “El-rei D. Manuel I e as
largas perspectivas urbanas que o seu foral de 1507 abriu à nova cidade de
Ribeira Grande.” In Insulana, vols. XXXVII e XXXVIII (1981-1982). Instituto
Cultural de Ponta Delgada, pp. 111-169. Nota: Em bom rigor, não sei se o texto
que leu na sessão foi o mesmo que depois publicou, nem sei o ano em que o
número da Insulana de 1981-82, saiu.
[233] Testemunho de
Rui de Sousa Martins, Maio de 2021: ‘Porque
o estava a substituir na Universidade, Carreiro da Costa estava em casa doente,
e como precisasse de esclarecimentos, ia com frequência, a casa com frequência,
que ficava na rua ao lado da Universidade.’
[234] Dias, José
Manuel Teixeira, Prefácio, Esboço
Histórico dos Açores, 2.ª edição, Artes e Letras, Ponta Delgada, 2021; Narciso,
Santos, Leituras do Atlântico: Esboço Histórico dos Açores, 5 de Julho de 2021,
p. 4.
[235] Costa, Francisco Carreiro da, A Lição da Ribeira Grande, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 1949.
[236] Cf.
USDUAÇ, Costa, Francisco Carreiro da, As
Cavalhadas de São Pedro, 29 de Junho de 1945; A Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, 27 de Maio de 1951;
Ribeira Grande Vila-Cidade, 1953;
Algumas palavras a respeito das cavalhadas, 29 de Junho de 1956; A respeito das
Alâmpadas de São Pedro, 27 de Junho de 1958; As primeiras fontes da Ribeira Grande, 1959; A respeito das
Cavalhadas, 30 de Junho de 1961; As
Cavalhadas no culto de São Pedro Apóstolo, 29 de Junho de 1962; Para o estudo das Cavalhadas de São Pedro,
26 de Junho de 1964; Raízes das
Cavalhadas, 25 de Junho de 1965 [também Açoriano Oriental, Junho de 1965]; O sortilégio da Ribeira Grande, 30 de
Junho de 1967; O Arcano da Ribeira Grande,
25 de Dezembro de 1970; Alocuções lidas aos microfones do Emissor Regional dos
Açores, Cf. Transcrição de Delfina Mota.
[237] AMRG, Sessão de 1 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fl. 51 v.
‘Voto de pesar. Tendo falecido o Doutor
Francisco carreiro da Costa, distinto Etnógrafo da nossa Ilha, foi sempre um
grande amigo da Ribeira Grande, demonstrando-o por diversos modos,
principalmente em conferências proferidas neste Salão Nobre e, por isso,
proponho que seja exarado em acta, um voto de pesar pelo desaparecimento deste
ilustre homem defensor acérrimo das tradições do Povo Açoriano.’ Percebe-se no
voto de pesar, o apreço que a Câmara dedicava a Carreiro da Costa.
[238]
Pereira, Ventura Rodrigues, A Ribeira Grande, 3.ª edição, [edição do autor], 1984. Da 1.ª à
última edição, Ventura Rodrigues Pereira, actualiza e incorpora nova
informação. Nesta de 1984, o autor no Prólogo da 3.ª Edição, confessa que a ‘4.ª Edição de A Ribeira Grande sai junta com
a 3.ª, por motivos económicos.’ Publica estas novas edições, porque, diz
ele, ‘não posso é consentir que nas
Bibliotecas Regionais fique um livro escrito por mim, com amor e sacrifício,
cheio de gralhas e alterações ao texto. Esta é uma das razões mais fortes pelas
quais o livro tem de ser reeditado.’ Alude a uma segunda edição que não se
esgotara, não nos diz quando a editou. Infere-se daqui uma primeira e segunda
edição, que foram impressas na ‘Impraçor.’
Segundo o genro, José Amaral, a 3.ª e a 4.ª (num só volume) foram
patrocinadas pela DRAC, cujo Director era Jorge Forjaz, e pela Autarquia, sendo
Presidente, Artur Martins. http://catalogo.bnportugal.gov.pt/: Tem dois exemplares, as datas que
indica: 1978, 1980 e 1984. 1978 e 1980, serão as datas da impressão da 1.ª e
2.ªe Edição?
[239]
Pereira, Ventura Rodrigues, O Dr.
Gaspar Frutuoso (Místico e Sábio), Ribeira Grande, 1963, [p.5]. Nota:
Quando escrevi ‘Ribeira Grande,
Nascimento de uma Vila: Biografia, Volume, I, pp. 45-46 e Notas 129, 130, 131,
133,’ desconhecia esta intenção do autor expressa na sua obra de 1963.
Assim, aqui registo-a.
[240] É uma tremenda
injustiça a terra que tanto amou ainda não o ter reconhecido. Uma vergonha.
[241] Pereira, Ventura Rodrigues, Passado, Presente e Futuro. Teatro Ribeiragrandense, Ecos do
Norte, III Série, Ribeira Grande, Fevereiro de 1988, p. 9; Passado, Presente e
Futuro, Demagogia? Ecos do Norte, III
Série, Ribeira Grande, Abril de 1988, p. 3; Gente do meu tempo: Dr. Jorge Gamboa de Melo Vasconcelos,
Ecos do Norte, III Série, Ribeira Grande, Maio de 1988, p. 7; Passado, Presente
e Futuro IV, O Feriado Municipal,
Ecos do Norte, III Série, Ribeira Grande, Junho de 1988, p. 9.
[242] Vieira, Luciano da Mota, Mota Vieira no aniversário de Ponta Delgada: A cidade apresenta-se pletórica e plena de força e movimento, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 20 de Abril de 1983, pp.3 -4.
[243] Correio electrónico de José Manuel
Baião a Mário Moura, 13
de Julho de 2021: Caro Mário
Moura/ Só agora, me é possível corresponder à tua solicitação, o que faço com
muito gosto e estima./ O curso de que falámos pelo telefone, tinha a seguinte
designação oficial: Curso Intensivo de Formação Cultural para Profissionais da
Comunicação Social, decorreu em Ponta Delgada, promovido pelo então, Instituto
Universitário dos Açores, precursor da nossa Universidade. Foi organizado em
seis semanas letivas entre dezembro de 1978 e fevereiro de 1980.’Cf. também
conversa pelo telefone: A Dr.ª Luísa Bairos, hoje integrada nos
quadros da RTP/ Açores, tendo a seu cuidado os preciosos arquivos de imagem,
então uma adolescente, frequentou este curso. Disse-me hoje (9 de Julho de
2021) que se lembra de colegas que frequentaram este curso e nomeou alguns:
José Manuel Baião, Carlos Tavares, Teresa Tomé, João Gago da Câmara, até o
Professor Machado Pires acompanhou este curso.
[244] Cf PDF enviado por José Manuel baião reproduzindo programa inicial. Correio electrónico de José Manuel Baião a Mário Moura, 13 de Julho de 2021
[245] Pereira, Ventura Rodrigues, A Ribeira Grande, 3.ª edição, [edição do autor], 1984. Da 1.ª à
última edição, Ventura Rodrigues Pereira, actualiza e incorpora nova
informação. Nesta de 1984, o autor no Prólogo da 3.ª Edição, confessa que a ‘4.ª Edição de A Ribeira Grande sai junta com
a 3.ª, por motivos económicos.’ Publica estas novas edições, porque, diz
ele, ‘não posso é consentir que nas
Bibliotecas Regionais fique um livro escrito por mim, com amor e sacrifício,
cheio de gralhas e alterações ao texto. Esta é uma das razões mais fortes pelas
quais o livro tem de ser reeditado.’ Alude a uma segunda edição que não se
esgotara, não nos diz quando a editou. Infere-se daqui uma primeira e segunda
edição, que foram impressas na ‘Impraçor.’
Segundo o genro, José Amaral, a 3.ª e a 4.ª (num só volume) foram
patrocinadas pela DRAC, cujo Director era Jorge Forjaz, e pela Autarquia, sendo
Presidente, Artur Martins. http://catalogo.bnportugal.gov.pt/: Tem dois exemplares, as datas que
indica: 1978, 1980 e 1984. 1978 e 1980, serão as datas da impressão da 1.ª e
2.ªe Edição?
[246] Vieira,
Agostinho de Sá, Apontamento para a
história da Cidade da Ribeira Grande: A música, o seu culto e a sua evolução,
Correio dos Açores, Ponta Delgada, 17 de Julho de 1981, p.3; Apontamento para a história da Cidade da
Ribeira Grande: Teatro Ribeiragrandense, Correio dos Açores, Ponta Delgada,
26 de Julho de 1981, p.5.
[247] Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 5 de Outubro de 1973, p. 1.
[248] Ávila, Leandro, Nota Introdutória, 2021, Merelim, in
Pedro, Freguesias da Praia (…),
Volume I, 2.ª edição, 2021, pp. X-XII.
[249] , Leandro, Nota Introdutória, 2021, Merelim, in
Pedro, Freguesias da Praia (…),
Volume I, 2.ª edição, 2021, p. VII.
[250] Apontamentos
Histórico Etnográficos: São Miguel e Santa Maria, Direcção Escolar de Ponta
Delgada: 1.º Volume: Introdução Geral – Concelho da Lagoa: Novembro de 1982; II
Volume: Ribeira Grande e Vila Franca do Campo, Maio de 1983; III Volume: Agosto
de 1984, Povoação; IV Volume: Sant maria, Julho de 1986; V Volume: Ponta
Delgada: Outubro de 1989.
[251] Correia, Padre
Daniel Arruda, Memórias dos Mosteiros:
Monografia da Freguesia dos Mosteiros, Concelho de Ponta Delgada (…),
Mosteiros. 1982.
[252] Correia, Padre Daniel Arruda, Crónicas dos Arrifes. Apontamentos para a Monografia da Freguesia dos Arrifes, Concelho de Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, Empresa Gráfica Açoriana, 1984.
[253] Director Escolar
de Ponta Delgada, Nota de abertura, Apontamentos
Histórico Etnográficos: São Miguel e Santa Maria, Direcção Escolar de Ponta
Delgada: 1.º Volume, 1982.
[254] O volume que trata da Ribeira Grande, não saíra a 31
de Março de 1931, conforme: Notícias
da Ribeira Grande pelo nosso correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio
dos Açores, Ponta Delgada, 31 de Março de 1983, p. 5: ‘Há dias, realizou-se no
Salão paroquial da Conceição, sob a presidência do Sr. Director Escola,
Professor Rubens de Almeida Pavão, e com a assistência de todos os Directores
das Escolas, efectivos e substitutos deste concelho, bem como de outras
individualidades convidadas. A finalidade de tal reunião foi de apresentar o
volume Apontamento Histórico e Etnográfico das Ilhas de São Miguel e Santa
Maria referente aos concelhos da Lagoa e de Vila Franca do Campo. Em breve, será a vez do volume relativo a
este concelho ribeiragrandense.’
[255]
Apontamentos Histórico Etnográficos: São Miguel e
Santa Maria,
Direcção Escolar de Ponta Delgada: II Volume, 1983.
[256] Açoriano Oriental,
Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 1982, p. 5.
[257] Gomes, Francisco
António Pimentel Nunes, [et. al], Horta
de Vila a Cidade, Edição da Câmara Municipal da Horta, Comemorações
Tricinquentenárias, [Executada pelos Serviços Gráficos da Assembleia Regional
dos Açores] 1983.
[258] Correio electrónico
de Artur Teodoro de Matos a Mário Moura, 10 de Julho de 2021:
‘Recordo que a Câmara da Ribeira Grande
insistiu para que lhe desse o texto, mas fui adiando pela falta das notas e de
revisão do próprio texto. Hoje faria uma bibliografia e arrumava o assunto, mas
na altura não o fiz. Preconceitos!’
[259]
Pereira, Ventura Rodrigues, A Ribeira Grande, 3.ª edição, [edição do autor], 1984. Segundo o
genro, José Amaral, a 3.ª e a 4.ª (num só volume) foram patrocinadas pela DRAC,
cujo Director era Jorge Forjaz, e pela Autarquia, sendo Presidente, Artur
Martins.
[260] Horta- De Vila a Cidade, Comemorações tricinquentenárias 1833-1983), edição da Câmara Municipal
da Horta, 1983, p. 8: ‘Além da imprensa faialense,
outras publicações periódicas da Região, a RDP e a RTP/Açores foram pondo os
seus leitores, ouvintes e telespectadores a par das iniciativas (…).’
[261] Notícias da Ribeira Grande pelo nosso
correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio dos Açores, Ponta Delgada, 6 de
Janeiro de 1983, p.4: ‘O importante contributo do vereador de Engenheiro
Técnico Agrário Armindo de Melo Moreira da Silva na árdua tarefa de gerir os
destinos da Câmara Municipal da Ribeira Grande, é por justiça de realçar, nesta
altura em que os trabalhos da actual vereação conhecem o seu términus. O denodo
que pôs em todas as tarefas que lhe foram confiadas, possibilitou que as suas
altas faculdades fossem postas à prova, saldando-se sempre positivamente na
procura das melhores soluções para os problemas de todo o concelho (...).’
[262] Notícias da Ribeira Grande pelo nosso correspondente [Padre Edmundo Pacheco], Correio dos Açores, Ponta Delgada, 10 de Janeiro de 1983, p.6
[263] Silva, Armindo
Moreira da, Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande: 120 anos ao serviço
da comunidade, Câmara
Municipal da Ribeira Grande, 1995, pp. 313-328.
[264] Curriculum Vitae
de Armindo de Melo Moreira da Silva
[265]
I Série: 12 números de Novembro de 1992 a Agosto de 1995.
O Fogo, Boletim informativo da
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, ano I, I
Série, N.º 1, Novembro de 1992. A I Série teve 12 números, de Novembro de 1992
ao n.º 12, Agosto de 1995.
[266] Armindo Moreira
da Silva sugere e ataca em editoriais diversos problemas da Ribeira Grande,
tais como: resenha histórica lacunar de jornais da Ribeira Grande e de
correspondentes da Ribeira Grande em jornais de Ponta Delgada, Parque
Desportivo da Ribeira Grande, Questões de trânsito na Ribeira Grande, o relógio
da Câmara, o porto de pesca de Rabo de Peixe, Repensar o jardim?, Ribeira
Grande: que projecto cultural?, Matadouro da Ribeira Grande: que futuro?, Em
prol do desenvolvimento da Ribeira Grande, Questões de pormenor, Um novo plano
de urbanização para a Ribeira Grande, Teresa da Anunciada. A freira do Senhor
Santo Cristo dos Milagres, a ponte da Ribeira Grande, A Ribeira Grande e o seu
património Histórico-Cultural, Turismo (I, II, III), IV, V – Turismo – Um Hotel
para a Ribeira Grande, Um dia negro para a Ribeira Grande, Escola E.B. 2,3 da
Maia, Fenais da Ajuda, uma freguesia com graves problemas, Avenida Marginal e
variante sul à Ribeira Grande, Ribeira Grande: Que palno de actividades?, A
Bandeira da Ribeira Grande, A Ribeira Grande a caminho do progresso, a torre da
Câmara e o relógio, ainda a Festa da flor. Alguns destes trabalhos, iriam ser
usados no volume I da colectânea de textos, que a Câmara publicou em 2000.
[267] Descrição pela colecção de Armindo Moreira da Silva.
[268] A Câmara Municipal ou os Paços do Concelho; II – A bandeira do Município; III – O Feriado Municipal; IV - Os Serviços de Segurança; V – A Biblioteca Municipal; VI – O Forte da Senhora da Estrela; VII – Os Mercados.
[269] Confirmei-o hoje
graças à amabilidade da sua filha Isabel, que me levou a vasculhar nos papéis
do pai. Desde já, tal a sua importância, aconselho a sua edição e publicação.
[270]
Havendo
terminado o I volume no capítulo VII, a folha dá conta (em numeração árabe): do
8 – O Ensino – 40 páginas; 9 – Os Correios – 25; 10 – O navio ‘Ribeira Grande’,
15 páginas; 11 – O caminho-de-ferro – 39 páginas; 12 – O Futebol; 13 – A
energia eléctrica – 31 páginas; 14 – O Teatro – 22 páginas.
[271] [8] – Colégio [O Ensino]; [9] – [Os] Correios [11] -O caminho-de-ferro; [13] – Iluminação [A energia] eléctrica; [14] – [O] Teatro. Fica de fora o 10 – Navio Ribeira Grande e o Futebol.
[272] Embora com outro
nome, pode ser o caso das seguintes: Palheiro – Castelo; Feriado Municipal,
Polícia na Ribeira Grande; Sala das Sessões.
[273] Estas: ‘Ponte;
Hospital – Médicos; Diversos (jardins, Relógio, Procissão do Corpo de Deus;
Hotel, Carros a electricidade, Casa para Magistrados, Automóveis.’
[274] Teodoro,
Hermano, Pelo Teatro Ribeira-Grandense:
Apontamentos e reflexões para uma Monografia crítica, in Ribeira Grande da
Cidade e do Concelho, Suplemento do Jornal Terra Nostra, Ponta Delgada, 4 de
Maio de 2000, pp. 1-4. Fazendo parte da comissão encarregada de festejar a
reabertura do Teatro Ribeiragrandense, havendo sido convidado para o fazer,
querendo dar uma oportunidade ao Hermano, indiquei o seu nome, não sem
resistência inicial de outro membro da Comissão. Além de sair no jornal, o
texto foi editado em desdobrável.
[275] Testemunho de
Alfredo da Ponte, 25 de Abril de 2021.
[276] Ponte, Alfredo
da, Os Fusíadas: apontamentos sobre a
Ribeira Grande, sua História e sua Gente, vol. II, Casa dos Açores da Nova
Inglaterra, 2004, p. 189.
[277] Entre outros:
Para Fusos e para todos: Crónicas da Nova Inglaterra, Amigos da Ribeira Grande,
USA, 2008. Colabora com a imprensa na diáspora e na Ilha de São Miguel.
Presentemente (2020), escreve (sempre sobre pessoas e a historia da Ribeira
Grande) no jornal Audiência: Ribeira Grande, que se publica na Ribeira Grande e
em Gaia, em Portugal Continental. ‘No seguimento do contacto telefónico informo a data
do 1º número do AUDIÊNCIA AÇORES, com sede em Angra do Heroísmo (15/11/2014) e
a do 1º número do AUDIÊNCIA RIBEIRA GRANDE (10/05/2016) e que substituiu o
primeiro quando a sede passou para a Ribeira Grande. Atualmente vai no número
130 e que contabiliza as duas publicações. Numa primeira fase o AUDIÊNCIA
RIBEIRA GRANDE assumiu numeração própria, mas depois recuperou os números
publicados pelo seu antecessor. Anexo as capas dos dois números 1.Abraço,
JFL.’ Joaquim Ferreira Leite a Mário
Moura, 24 de Agosto de 2020.
[278] Testemunho de
Isabel Moreira da Silva, 17 de Junho de 2021.
[279] Silva, Armindo
de melo Moreira da, História do Futebol
na Ribeira Grande, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2006.
[280] Silva, Armindo
Moreira da, O 75º aniversário da Escola
Central da Ribeira Grande (1), Jornal dos Açores, Ponta Delgada, 5 de Julho de
2006; O 75º aniversário da Escola Central da Ribeira Grande (2), p. 14; 6 de
Julho, p. 14.
[281] Cabral, Osvaldo, Por um espólio jornalístico, Ribeira
Grande Municipal, Edição Especial dos 25 Anos de Cidade, Revista da Câmara
Municipal da Ribeira Grande, N. º 3, Junho de 2006, p. 35.
[282]
Silva,
Ezequiel Moreira, Coisas da Ribeira
Grande. Os canteiros da Ribeira Grande (I), Correio dos Açores, Ponta
Delgada, 29 de Janeiro de 2006, p. 16.
[283] Não procedemos a uma pesquisa exaustiva ao Correio dos Açores, a nossa fonte baseia-se unicamente nos recortes (guardados pelo irmão Armindo) encontrados, algumas séries são omissas, na casa do irmão Armindo no mês de Junho de 2021.
[284] Silva, Ezequiel Moreira, Coisas da Ribeira Grande. Fuzeirices e Companhia XII, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 2 de Agosto de 2015, p. 22.
[285] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. O porto de Santa Iria, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 10 de Fevereiro de 2013, p. 13.
[286] Silva, Ezequiel Moreira da, Bloco de Memórias. O Regadio da Ribeira Grande (III), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 31 de Julho de 2004, p. 13; Coisas do Passado e do Presente. A Ribeira Grande e a Agricultura (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 4 de Agosto de 2005, p. 11.
[287] Silva, Ezequiel Moreira da, As Poças, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 31 de Julho de 2005, p. 13.
[288] Silva, Ezequiel Moreira, Coisas da Ribeira Grande. Canteiros da Ribeira Grande (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 29 de Janeiro de 2006, p. 16; (II), 5 de Fevereiro de 2006, p.22; (III), 12 de Fevereiro de 2006, p. 16.
[289] Antes de 2008, ainda
antes de ser Chefe de Divisão da Cultura da Câmara Municipal da Ribeira Grande,
diligenciei no sentido da sua devolução. Informalmente, sem que me tenham
mostrado qualquer documento comprovativo, foi-me dito que herdeiros do Morgado
João da Arruda as haviam cedido/doado ao Museu Carlos Machado. Quando? Quem em
concreto? Mesmo que se comprove a existência de tal doação, não seria mais
correcto ter as dezasseis pedras na rua das Dezasseis Pedras? Em local
preparado, claro.
[290] Silva, Ezequiel
Moreira da, A rua das Dezasseis Pedras…,
Coisas da Ribeira Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 12 de Agosto
de 2012, p. 20.
[291] Silva, Ezequiel Moreira, Coisas da Ribeira Grande. A Velha Fábrica do Álcool (II), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Maio de 2006, p.13.
[292] Silva, Ezequiel
Moreira da, Coisas da Ribeira Grande.
Os calceteiros da Ribeira Grande (1),
Correio dos Açores, Ponta Delgada, 2 de Julho de 2006, p. 17; (II), 9 de Julho
de 2006, p. 15; (III), 30 de Julho de 2006, p. 19.
[293] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. O jogo do quino na Música dos gatos (II), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 12 de Novembro de 2006, p. 15.
[294] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. A minha matança (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 16 de Dezembro de 2006, p. 19; (II), 23 de Dezembro de 2007, p. 19; (III), 30 de Dezembro de 2007, p. 17.
[295] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Os entalhadores da Ribeira Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 2008, p. 30.
[296] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. O Balão, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Dezembro de 2008, p. 21; (II), 14 de Dezembro de 2008, p. 21.
[297] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. A cova do milho, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 5 de Abril de 2009, p. 27; Amêndoas e confeitos grados, 10 de Abril de 2009, p. XI; A Lagoa do Fogo, 23 de Julho de 2009, p. 19; O meu compadre Aurino, 6 de Setembro de 2009, p. 17; Os mercados (I), 13 de Setembro de 2009, p. 17; (II) 20 de Setembro de 2009, p. 17; (III), 27 de Setembro de 2009, p.17.
[298] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas do nosso interesse, Do que produzimos e da sua qualidade (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 16 de Maio de 2010, p. 18; (II), 23de Maio de 2010, p. 18; (III), 6 de Junho de 2010, p. 19; Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Ainda a gastronomia (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 13 de Junho de 2010, p. 15; (II), 20 de Junho de 2010, p. 17; (falta o III) (IV), 4 de Julho de 2010, p. 15; (V), 11 de Julho de 2010, p. 15; (VI), 25 de Julho de 2010, p. 17.
[299] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas do Turismo. A Ribeira Grande e o Turismo (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 15 de Agosto de 2010, p. 15.
[300] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Relances sobre ‘uma’ Ribeira Grande (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 24 de Outubro de 2010, p. 15; Relances sobre ‘uma’ Ribeira Grande (XXVI), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 8 de Maio de 2011, p. 17.
[301] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Ares da Guerra (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 5 de Junho de 2011, p.15; (VI), 17 de Julho de 2011, p. 15.
[302] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. O Ideal, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 24 de Julho de 2011, p. 19.
[303] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Turismo na Ribeira Grande (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 31 de Julho de 2011, p. 17; (II), 7 de Agosto de 2011, p. 13; (III), 14 de Agosto de 2011, p. 17.
[304] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Caixilhos, celhas e banheiras (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Agosto de 2011, p. 22; (II), 4 de Setembro de 2011, p. 13.
[305] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Turismo na cidade do Norte (V), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 2 de Outubro de 2011, p. 15.
[306] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Os valores da horticultura (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 30 de Outubro de 2011, p. 17; (XIV), 5 de Fevereiro de 2012, p. 24.
[307] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Futebol na Vila-Cidade (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 4 de Março de 2012, p. 15; (IV), 25 de Março de 2012, p. 21.
[308] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. As cidades irmãs (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 1 de Abril de 2012, p. 8; (III), 6 de Maio de 2012, p. 19.
[309] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. E os jornais que ela teve (1), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 20 de Maio de 2012, p. 8; (II), 27 de Maio de 2012, p. 17; (III), 17 de Junho de 2012, p. 25.
[310] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. O Artesanato (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 21 de Julho de 2012, p. 17.
[311] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. E da iluminação pública (II), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 2 de Setembro de 2012, p. 16; (III), 9 de Setembro de 2012, p. 25.
[312] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. O porto de Santa Iria, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 10 de Fevereiro de 2013, p. 13.
[313] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. A propósito do Arcano (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 17 de Março de 2013, p. 20; (II) 31 de Março de 2013, p.24.
[314] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas do nosso interesse. Remexer a agricultura regional, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Abril de 2013, p. 15; (XXI), 22 de Setembro de 2013, p. 21.
[315] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Por uma Ribeira Grande mais turística (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 24 de Novembro de 2013, p. 24; (III), 15 de Dezembro de 2013, p.26.
[316] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. A Vila quinhentista (II), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 10 de Fevereiro de 2014, p. 11; (III), 20 de Julho de 2014, p. 20.
[317] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Lições da nossa História (1), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 12 de Abril de 2015, p. 24.
[318] Silva, Ezequiel Moreira da, Coisas da Ribeira Grande. Fuzeirices e companhia (I), Correio dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Dezembro de 2014, p. 23; (XII), 2de Agosto de 2015, p. 22.
[319]
Pires,
António Machado (texto), Três cidades,
três destinos, RTP/ Açores, Agosto de 1978. [cf: 3 Cidades 3 Destinos.mp4 ]
[320] Teodoro,
Hermano, Ribeira Grande: lugar, vila e
cidade, in Ribeira Grande Municipal, Revista da Câmara Municipal da Ribeira
Grande, edição especial 25 Anos de Cidade: Reviravolta Histórica, n. º3 – Junho
de 2006, p. 9.
[321] Cf. DATAJURIS, Direito e Informática, lda: Código Administrativo de 1940; Redacção
do Decreto-Lei nº 42536, de 28 de Setembro de 1959.
[322] Cf: Decreto Regional 6/81/A. ‘Critérios para elevação de
vilas a cidades,’ Decreto Regional 6/81/A, de 23 de Maio.
[323] Cf. https://dre.pt/pesquisa/-/search/391832/details/maximized. Revogado pela Lei
nº 11/82, de 2 de Junho.
[324] Decreto Legislativo Regional n.°
2/94/M
[325]
Barreiro,
Matosinhos, Mirandela, Oliveira de Azeméis, Ovar, São João da Madeira, Vila
Franca de Xira, Vila Nova de Gaia, Águeda, Amarante, Montijo, Olhão da
Restauração, Preso da Régua, Ponte de Sor, Rio Maior, Santo Tirso, Torres
Novas, Vila Nova de Famalicão, Albufeira, Fafe, Maia, Mangualde, Seia, Gouveia,
Loulé, Moura, Peniche, Tondela, Vila do Conde, Fundão, Marinha Grande,
Montemor-o-Novo, Vila Real de Santo António.
[326] https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_cidades_em_Portugal_por_data_de_cria%C3%A7%C3%A3o#D%C3%A9cada_de_1970
[327]
Tengarrinha,
José Manuel, A História da Imprensa e a
Imprensa da História, Actas de A História da Imprensa e a Imprensa na
História. O contributo dos Açores, Carlos Cordeiro, Susana Serpa Silva
(coordenação), Ponta Delgada, 2009, p. 36.
[328] Canto, Ernesto,
Biblioteca Açoriana: Notícia bibliográfica das obras impressas e manuscritas
nacionais e estrangeiras concernentes às Ilhas dos Açores, Tipografia Arquivo
dos Açores, Ponta Delgada, 1890.
[329] Cf. Escavações,
Francisco Maria Supico, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1995, Vol. I, II,
III.
[330] Lima, Maria da Graça Almeida (organização), Ribeira Grande: mostra bibliográfica,
Serviços de Documentação da Universidade dos Açores, [Fotocópia] Ponta Delgada
1981.
[331] Moniz, António Brandão, O poder e o discurso da Imprensa quotidiana nos Açores, ICPD, 2000: ‘Passaram-se cerca de 16 anos entre a produção e defesa deste trabalho em provas académicas nos Açores (1983), e a sua edição (1999).’
[332] Andrade, Jacinto
de, Jornais Centenários dos Açores,
1994.
[333] Silva, Armindo, Editorial, in Ribeira Grande da Cidade e
do Concelho, Suplemento do Jornal Terra Nostra, Ponta Delgada, 24 de Outubro
1996, p.1.
[334] Valdemar, António,
Um jornal, o seu passado e o seu futuro,
Estrela Oriental, Ribeira Grande, III Série, N.º 1, Junho de 2001, pp. 1-2.
[335] Jornais
Açorianos – Catálogo -, Exposição
integrada nas Comemorações do Sesquicentenário da morte de Manuel António de
Vasconcelos, fundador do Açoriano Oriental e no 160.º aniversário deste jornal,
Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, Ponta Delgada, 2005.
[336] Moura, Gustavo, Ribeira Grande, sua imprensa e seus
jornalistas, in Ribeira Grande: 500 Anos de História, Revista da Câmara
Municipal da Ribeira Grande, N.º 7, Agosto de 2007, pp. 46-47.
[337] Cordeiro,
Carlos, Susana Serpa Silva (coordenação), História
da Imprensa e a Imprensa na História: O contributo dos Açores, Ponta Delgada,
2009.
[338] Silva, Susana Serpa, Açoriano Oriental: 1835-2000, Ponta Delgada, 2011.
[339] AMRG, Sessão de 17 de Junho de
1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fls. 41-41 v.
[340] Moura, Mário, Ribeira Grande: Arquivo Municipal de Imagens,
in VI
Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, na Ribeira Grande,
Açores, de 11 a 12 de Maio. 2006. (não publicado)
[341] Moura, Mário, Rede Museológica na (e da) Ribeira Grande:
Uma proposta de Museu de Identidade Regional, Ribeira Grande, 2000, p.28.
[342] Moura, Mário, Ribeira Grande ontem e hoje: Retrospectiva,
Junho de 2004; Moura, Mário, Ribeira
Grande: Arquivo Municipal de Imagens, in VI
Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, na Ribeira Grande,
Açores, de 11 a 12 de Maio. 2006. (não publicado)
[343] Foi apresentada em julho no Museu
Carlos Machado, em Ponta Delgada, nos Açores, abrange as exposições realizadas
em 2016 e 2017 no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, em
Lisboa, no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada (de 24 de Março a 3 de
Setembro), Açores, e no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em
Lisboa. Curadoria de Victor dos Reis e Emília Tavares. No Catálogo figuram
imagens captadas (um universo de 400) entre 1901 e 1926, ano da sua morte.
Nelas Afonso de Chaves revela o cientista que encontrou, no processo
estereoscópico, um elemento fundamental do seu trabalho de observação, registo
e arquivo.
[344] Nota de 25 de
Fevereiro de 2021: Aguarda-se o Catálogo.
[345] Entrevista de
Germano Tavares a António Valdemar [Historia a origem e a evolução da
fotografia nos Açores], in Açoriano Oriental, 18 de Abril de 1992, pp. I, IV.
[346]
Já está, Ver e Pensar, RTP/1, 9 de Maio de 1975. Cf. https://arquivos.rtp.pt/conteudos/ja-esta/, Sena, António,
(Autor) Margarida Gil, (Realizador), 1.ªa Parte:
A Luz dos Fotógrafos de 1820 a 1920,
Artes e Cultura, Ciência e Tecnologia, Olho de Vidro, RTP/2, 16 de Abril de
1982, 1.º Episódio. Cf. https://arquivos.rtp.pt/conteudos/a-luz-dos-fotografos-de-1820-a-1920/;
Sena,
António, (Autor) Margarida Gil, (Realizador),
2.ª Parte: Os Fotógrafos da Luz de 1920 a
nossos dias, Artes e Cultura, Ciência e Tecnologia, Olho de Vidro, RTP/2,
17 de Abril de 1982, 2.º Episódio. Cf. https://arquivos.rtp.pt/conteudos/os-fotografos-da-luz-de-1920-aos-nossos-dias/
[347] Sena, António, História
da imagem fotográfica em Portugal – 1839-1997, Porto Editora, 1998.
[348] Enes, Carlos, A
fotografia nos Açores (dos primórdios ao terceiro quartel do século XX),
Presidência do Governo Regional dos Açores, 2011.
[349] Quando fui Chefe
de Divisão comecei, primeiro, por os salvar, de seguida, os organizar.
Sucessivas mudanças, porém, levaram a mistura de imagens. Estou a tentar
colaborar, mais uma vez, com a elaboração mais aprofundada do Catálogo da
Fototeca.
[350] Cf. Luísa
Bairos: Peça do
Noticiário Nacional de Junho 1981. “Elevação
das Vilas da Praia da Vitória e Ribeira Grande a Cidades.” Sessões
solenes da elevação da Vila Praia da Vitória à categoria de cidade a 20 de
Junho de 1981 e da Vila da Ribeira Grande à categoria de cidade a 29 de Junho
de 1981. Duração: 28m19 (Avid: Origem: Filme.)
[351] AMRG, Sessão de
1 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fl. 50 v
51.
[352] AMRG, Sessão de
22 de Julho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fl. 74
v.
[353] Hoje, dia 18 de
Julho de 2021: Após obter autorização dos serviços competentes, aguardo a lista
de trabalhos sobre a Ribeira Grande que foi elaborada pela Dr.ª Luísa Bairos.
[354] Hoje, dia 18 de Julho de 2021: Já iniciei contactos com a Dr. Luísa Bairos e Sidónio Bettencourt. Sidónio esteve na Ribeira Grande durante os dias da elevação a cidade com Carlos Tavares.
[355] Monjardino,
Álvaro, Jaime Gama e João Bosco da Mota Amaral, A República, os Açores e a Autonomia: Ciclo de Conferências, ICPD,
2011.
[356]
No
essencial, mantenho a opinião que formulei em: Moura, Mário, A Mã’ da água, a ‘santinha’ e a água que
dorme: (acessos à mentalidade dos moleiros da Ribeira Grande), Separata das
Actas do I Encontro Etnolinguístico (21 a 23 de Maio de 1998), Universidade dos
Açores, Ponta Delgada, 1999, pp. 21-24.
[357] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 4
de Janeiro de 1983, p. 1: César substituía então Daniel de Sá. Em 1983, Daniel
de Sá que havia sido eleito vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande,
renunciou em definitivo ‘a favor de
Carlos César.’ Caso não o tivesse feito, César teria saído do Parlamento.
[358] Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 6 de Junho de 1981, p. 1.
[359] C.
[Padre Edmundo Pacheco], E o sonho fez-se
realidade, Da Ribeira Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Junho
de 1981, p. 9.
[360]
C. [Padre Edmundo Pacheco], E o sonho fez-se realidade, Da Ribeira Grande, Correio dos Açores,
Ponta Delgada, 7 de Junho de 1981, p. 9.
[361] O almoço de Mota Amaral com Jaime
Gama. Açores no prato do dia e eleições à sobremesa, Debate moderado pelos
jornalistas Jorge Nascimento Cabral, [José Maria] Lopes de Araújo e Osvaldo
Cabral, Destacável Eleições, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 29 de Novembro
de 1979, p. 4.
[362]
D.S.
[Daniel de Sá], Maia, Industrial e Geométrica.
Princesa das aldeias do Norte de S. Miguel, Inquérito do Açores às Juntas de
Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 26 de Janeiro de 1968, pp.1,4; Fenais da Ajuda, que já foram da Vera Cruz e
que se poderiam chamar de Esperança, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia,
Açores, Ponta Delgada, 2 de Fevereiro de 1968, pp.1,3; Lomba da Maia – Boa terra que um bom povo habita, Inquérito do Açores
às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 7de Fevereiro de 1968,
pp.1,3; Porto Formoso – Merecendo o nome,
merece também mais, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores,
Ponta Delgada, 14 de Fevereiro de 1968, pp.1,3; Ribeira Seca – Formosa dama de honor da Ribeira Grande, Inquérito do
Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 24 de Fevereiro de
1968, pp.1,3; A beleza e o progresso na beleza rústica do Pico da Pedra, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores,
Ponta Delgada, 3 de Março de 1968, pp.1,3; O mar e a terra de mãos dadas
fizeram Rabo de Peixe, Inquérito do
Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 10 de Março de 1968,
pp.1,7, 9; A mais pobre do concelho: Aqui não morre a Esperança! Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia,
Açores, Ponta Delgada, 16 de Março de 1968, pp.1, 3; Vontade e bom gosto. Ribeirinha, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada,
24 de Março de 1968, pp.1, 7; Concelho da
Ribeira Grande, Seara de Promessas que se podem realizar, Inquérito do Açores
às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 2 de Abril de 1968, pp.1,4
[363] D.S. [Daniel de Sá], Ribeira Seca – Formosa dama de honor da
Ribeira Grande, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta
Delgada, 24 de Fevereiro de 1968, pp.1,3.
[364] D.S. [Daniel de
Sá], D.S. [Daniel de Sá], Vontade e bom gosto. Ribeirinha, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada,
24 de Março de 1968, pp.1, 7.
[365] AMRG, Sessão de 3 de Junho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1, fls. 31 v. - 32.
[366]
AMRG,
Sessão de 3 de Junho de 1981, Actas da Vereação, Livro n.º 102, 1981, Volume 1,
fl. 32 v.
[367] Teixeira,
Laudalino de Medeiros, Tema Quente, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 20 de
Março de 1979, pp. 1,4.
[368]
Caminha,
Conde de, Pode a Vila da Ribeira Grande
vir a ser Vila-Cidade?, Pode, Silva, José Pereira da, A Voz da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 8 de
Outubro de 1949, pp. 2-3.
[369] Moura, Mário, 1991, Carta
XIX do Presépio do Prior Evaristo Carreiro Gouveia, in Diário dos Açores,
Ponta Delgada, 14 de Maio
de 2021, p. 8.
[370] Aguiar, Cristóvão, Vila
Cidade ou Cidade Vila, Ribeira Grande Municipal, Revista da Câmara
Municipal da Ribeira Grande, N. º 7, Agosto de 2007, p. 36.
[371] Procurei em Vila Franca, na
Ribeira Grande, no Governo Interino, até ao momento o mais aproximado será:
AMRG, Vereação de 31 de Dezembro de 1820, fl.32: Nomeação de juízes “opidanos”
para o lugar da Lomba da Maia, do Porto Formoso, da Ribeirinha, Lomba, Rabo de
Peixe, Calhetas, Pico da Pedra; Vereação de 09 de Junho de 1821, fl.70; A
propósito da nomeação dos cobradores dos dízimos referem-se os nomeados para
Rabo de Peixe, Pico da Pedra, Calhetas e também do Porto, Maia e Lomba da Maia; Vereação de 09 de Janeiro de 1822, fl.111 v.: Nomeação dos juízes “da
vintura” do distrito. Assinaram os juizes do [porto], da Ribeirinha, do
Pico da Pedra, das Calhetas, da Maia, de Rabo de Peixe e da Lomba.
[372] Sob proposta do Deputado do partido socialista José de Sousa Rego chegou-se ao Decreto Legislativo regional n.º 27/2002/A.
[373] Cf. Legenda ‘Um aspecto da cidade da Ribeira Grande. Uma
fotografia de Gilberto Nóbrega.’ Consegue-se ler dentro da fotografia: 29
de Junho de 1981, O Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 21 de Outubro de 1981, p.
1. Antes, em trabalho dos azulejos seiscentistas, identifiquei-a como sendo do
Foto Silva. E agora?
[374]Cf. www.parlamento.pt,
Diário da Câmara dos Deputados, Acta N.º 93, p. 226, 16 de Junho de 1852. http://debates.parlamento.pt/mc/cd/shpg_cd.asp.
[375]
Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 303, 17 de Julho de 1852, fl. 2.
[376] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 912, 24 de Julho de 1852, fl. 4.
[377]Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 894, 20 de Março de 1852, fls. 2-3: José do Canto,
Aos Micaelenses que pretendiam eleger-me deputado (conclusão) V; Açoriano
Oriental Ponta Delgada, N. º 889, 14 de Fevereiro de 1852, fl. 4: José Pereira
Botelho explica a sua renúncia; A Ilha, Ponta Delgada, N.º 6, 29 de Abril de
1852, fl. 2: Informa da renúncia de José do Canto e de Nicolau António Borges.
[378] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 276, 10 de Janeiro de 1852, fl. 1.
[379] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N. 282, 2 de Fevereiro de 1852, fl. 1.
[380] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 299, 19 de Junho de 1852, fls. 2-3.
[381] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 302, 17 de Junho de 1852, fls. 1-4.
[382] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 305, 31 de Julho de 1852, fls. 1-2.
[383] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 309, 28 de Julho de 1852, fl. 1, 4.
[384] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 891, 28 de Fevereiro de 1852, fl. 4.
[385] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 890, 21 de Fevereiro de 1852, fl. 4.
[386] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 898, 17 de Abril de 1852, fl. 4.
[387] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 898, 17 de Abril de 1852, fl. 4.
[388] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 898, 17 de Abril de 1852, fl. 1: ‘Última hora. Hoje (16), pelas 10 e um quarto
da noite, sofreu a cidade um tremor extraordinário, abalando muitas casas, das
quais algumas caíram (…).’
[389] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 899, 24 de Abril de 1852, fls. 2-3.
[390] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 899, 24 de Abril de 1852, fls. 2-3.
[391]A
Ilha, Ponta Delgada, N.º 6, 29 de Abril de 1852, fl. 3.
[392] A
Ilha, Ponta Delgada, N.º 12, 11 de Junho de 1852, fl. 3.
[393] Açoriano, Ponta
Delgada, 13 de Junho de 1850: ‘Consta
nesta cidade o haver-se ontem lançado a primeira pedra no alicerce do cais da
Vila da Ribeira Grande.’ CF. Supico, Francismo Maria, Escavações, Volume
II, 1995, p. 700.
[394] Supico, Francisco Maria, As Escavações, Instituto
Cultural de Ponta Delgada, 1995, vol. 2º, pp. 699 – 703; Lopes, João Luís,
Memória descritiva em apoio do projeto para melhoramento do porto de Santa
Iria. Ponta Delgada, Tip. A. das Letras Açorianas, 1856;
BPARPD/ACD/ALFPDL-DSIR¸ 1863
a 1875¸https://arquivos.azores.gov.pt/details?id=1183656
[395] Supico, Francisco Maria, Escavações, Volume I, ICPD, 1995, p. 97. ‘Eis o que a este respeito encontrámos no Cartista dos Açores, de 11 de Abril de 1846 (…). ‘Houve a este respeito tal discussão na imprensa, e tanto se azedou ela, que chegou a ser desafiado o redactor do Correio Micaelense, Dr. João José da Silva Loureiro, que era pelas Capelas, supomos que por António Júlio de Melo, da Ribeira Grande, que era, se não nos enganámos, quem defendia Santa Iria, pelas previsões de engrandecimento que disso adviria aquela vila.’
[396] Andrade, Manuel
Jacinto de, Jornais centenários dos
Açores, Gabinete do Subsecretário Regional da Comunicação Social, 1994, 44; BPARPD/ALL/CMPDL-G -
Governo Interino da Ilha de São Miguel, 1821 a 1822, Acta da eleição do Presidente e
vice-Presidente do Governo Interino, 2 de Março de 1821, fl. 2: ‘O capitão-mor reformado António Francisco
Botelho de Sampaio Arruda (…).’.
[397] Rodrigues, Rodrigo, Genealogias das Ilhas de São Miguel e de Santa Maria, 2008: 4.8.1768 e aí morador. Morreu na Matriz de Ponta Delgada a 6.4.1846. Casou quatro vezes: a 1.ª no Faial com Francisca Úrsula Berquó da Câmara Corte-Real (Cap.º 118.º § Único N.º 5), s. g. deste casamento; a 2.ª vez na Matriz de Ponta Delgada, a 23.1.1792, com Ana Claudina Micaela do Canto Medeiros Costa e Albuquerque (Cap.º 11.º § 5.º N.º 9). Era Alferes quando casou a 2.ª vez. Casou a 3.ª vez na Matriz de Ponta Delgada, a 23.10.1797, com Inês Máxima da Câmara; e a 4.ª vez, a 25.4.1816, com sua cunhada Margarida Ricarda da Câmara, irmã de sua 3.ª mulher (Cap.º 82.º § 3.º N.º 10).
[398] Dados colhidos no Jornal Preto no Branco, que publica Canto, Ernesto do, Notícia sobre as Igrejas, Ermidas e Altares da Ilha de S. Miguel: ‘(N.º 257) Vicente Ferrer (San) – Ribeira Grande – Ermida junto às casas do falecido Visconde da Praia, que as alcançou por permuta com meu avô materno, António Francisco Botelho Sampaio Arruda. Por 1880 existia nessa ermida um cálix de prata que tinha esta inscrição: D. Júlia Taveira – Ano de 1660. O escudo das Armas dos Bruns e Taveiras estava em um losango, tendo por cima uma coroa aberta.’ Ernesto do Canto.
[399]
BPARPD/ALL/CMPDL-G -Governo Interino da Ilha de São Miguel - -- 1821 a 1822, Acta de eleição do
Governo Interino da Ilha de S. Miguel, 2 de Março de 1821, fl. 2
[400] BPARPD/ALL/CMPDL-G -Governo Interino da Ilha de São Miguel - -- 1821 a 1822, Acta de sessão do Governo Interino da Ilha de S. Miguel, 23 de Março de 1821, fl. 5 v.: ‘(…) todos reunidos e congregados passaram à eleição do vice-presidente em lugar de André da Ponte Quental da Câmara que o era [eleito Deputado às Cortes], e por unanimidade [clero, nobreza e povo convocados pela Câmara de Ponta Delgada] de todos ficou eleito o Capitão-mor António Francisco Botelho de São Paio.’
[401] Lopes,
António, A Maçonaria Portuguesa e os Açores: 1792-1933, 2008, pp. 303-304.
[402] O Cartista dos Açores, Ponta
Delgada, N.º 59, 9 de Abril de 1846, fl. 3.
[403] O Cartista dos Açores, Ponta
Delgada, N.º 59, 9 de Abril de 1846, fl. 3.
[404] Supico, Francisco Maria, Homens e
Senhores Micaelenses. António Manuel da Silveira Estrela (…), Persuasão, Ponta
Delgada, 2 de Junho de 1879, in Escavações, ICPD, 1995, Volume III, p. 1000.
[405]
Supico, Francisco Maria, Homens e
Senhores Micaelenses. António Manuel da Silveira Estrela (…), Persuasão, Ponta
Delgada, 2 de Junho de 1879, in Escavações, ICPD, 1995, Volume III, p. 1001.
[406] Cf Arquivo
particular Família Hintze Ribeiro Carta de Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro a
Artur Hintze Ribeiro, Lisboa, 1 de Abril de 1878, fl. 1.
[407] Cf.
UACSD/FAM-ABS-JC/JC/001/002, Carta da Banda Triunfo a José do Canto, 30 de
Março d 1880: Convite para sócio, em nome da Direcção da Banda Triunfo, Ribeira
Grande, endereçado a José do Canto. Outrora Banda Liberdade, hoje (então), aí
se escreve, Triunfo, por ocasião da eleição a deputado pelo círculo da Ribeira
Grande de Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro.
[408] UACSD/FAM-ABS-JC/JC/001/002/829-C, Carta da Banda Voz do Progresso,
Ribeira Grande, a José do Canto, Ponta Delgada, 5 de Março de 1880.
[409] AMRG, Acta da Camara Municipal da
Ribeira Grande, 31 de Agosto de 1893, fls. 45-45v; digitalização fls. 47-48.
[410] Lutas eleitorais entre o Democratismo e o Conservantismo em 1870-74.
Suas origens e seus efeitos, in A Revista
Micaelense, S. Miguel, Ano I, N.º3, Novembro de 1918, p. 232.
[411] A Estrela Oriental, Ribeira Grande,
II Série, 1880, N.º 1, 2 de Janeiro de 1880, fl. 4.
[412] Supico, Francisco Maria, A Ribeira
Grande, Cosmorama, Ponta Delgada, n.º 12, Outubro de 1863, p. 15.
[413] Supico, Francisco Maria, A Ribeira Grande, Cosmorama, Ponta Delgada, n.º 12, Outubro de 1863, p. 15.
[414]Supico,
Francisco Maria, A Ribeira Grande, Cosmorama, Ponta Delgada, n.º 12, Outubro de
1863, p. 15.
[415] D. Manuel na sua
carta Regia de 21 de Agosto de 1508, elevando a vila do Funchal á categoria de
cidade.
[416] Carta Régia de
D. João III, de 21 de Agosto de 1534, elevando à categoria de cidade a vila de
Angra, na Ilha Terceira, ANTT, Chancelaria de D. João III, Livro 7, fl. 235 v.,
in Arquivo dos Açores, Vol. I, 2.ª edição, 1981, p. 317; Monte Alverne, Frei Agostinho,
Crónicas da Província de São João
Evangelista das Ilhas dos Açores, ICPD, Ponta Delgada, 1961, p.9: diz
erradamente a 22 de Agosto e não a 21 como deveria ter escrito.
[417] Carta Régia de
D. João III, de 21 de Agosto de 1534, elevando à categoria de cidade a vila de
Angra, na Ilha Terceira, ANTT, Chancelaria de D. João III, Livro 7, fl. 235 v.,
in Arquivo dos Açores, Vol. I, 2.ª edição, 1981, p. 317.
[418] Carta Régia de
D. João III, de 21 de Agosto de 1534, elevando à categoria de cidade a vila de
Angra, na Ilha Terceira, ANTT, Chancelaria de D. João III, Livro 7, fl. 235 v.,
in Arquivo dos Açores, Vol. I, 2.ª edição, 1981, p. 317.
[419] Monte Alverne,
Frei Agostinho, Crónicas da Província de
São João Evangelista das Ilhas dos Açores, ICPD, Ponta Delgada, 1961,
p.262.
[420] Monte Alverne,
Frei Agostinho, Crónicas da Província de
São João Evangelista das Ilhas dos Açores, ICPD, Ponta Delgada, 1961,
p.263; Bula da Criação do Bispado de Angra, Documento W., in Drummond,
Francisco Ferreira, Anais da Ilha
Terceira, I Volume, 1981, pp. 535-547
[421] Monte Alverne,
Frei Agostinho, Crónicas da Província de
São João Evangelista das Ilhas dos Açores, ICPD, Ponta Delgada, 1961,
p.262.
[422] Nota dos
organizadores do Arquivo dos Açore, in Sousa, D. António Caetano de, Catálogo
dos Bispos da igreja de S. Salvador da cidade de Angra que D. António Caetano
de Sousa, clérigo regular, ofereceu na conferência de 12 de Fevereiro de 1722,
à Academia Real da História Portuguesa, in Arquivo dos Açores, vol. II, 1980,
pp.58-59.
[423] Carta de
Mantimento do bispo, dignidades, e cónegos da Sé de Angra (extratos do Padre
Maldonado), Dada por D. João III, 11 de Outubro de 1535, in Drummond, Francisco
Ferreira, Anais da Ilha Terceira, I
Volume, 1981, p. 550.
[424] Nota dos
organizadores do Arquivo dos Açores, in Sousa, D. António Caetano de, Catálogo
dos Bispos da igreja de S. Salvador da cidade de Angra que D. António Caetano
de Sousa, clérigo regular, ofereceu na conferência de 12 de Fevereiro de 1722,
à Academia Real da História Portuguesa, in Arquivo dos Açores, vol. II, 1980,
p. 62.
[425] Alvará de 22 de
Agosto de 1532, concedendo 400 cruzados para as obras da igreja de São
Sebastião de Ponta Delgada, Livro 4.º de Registo da Câmara de Ponta Delgada,
folhas 25 v., onde foi tresladado pelo escrivão Belchior Rodrigues e assinado
pelos Juízes, Amador da Costa e Lourenço Mendes, Manuel de Matos de Novais
vereador, Aires Lobo, tabelião em 1533, In Arquivo dos Açores, Vol. IV, 2.ª
edição, 1981, pp. 49-50.
[426] Carta Régia de
D. João III, de 2 de Abril de 1546, elevando à categoria de Cidade, a Vila de
Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, Retirado do Arquivo Nacional da Torre do
Tombo, Chancelaria de D. João III, Livro 43 de, folha 34, publicado em o
Arquivo dos Açores, Vol. I, 2.ª edição, 1980, pp. 323-324.
[427] Falei no assunto
com diversas pessoas conhecedoras dos mares do norte e do sul da Ilha e formei
esta opinião provisória.
[428] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro
IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, pp. 299-300: ‘‘E, vendo os da governança da vila da Ponta Delgada que os apertavam
tanto com duas bandeiras, Pero de Teves e Fernão do Quintal e Gaspar do Rego
Baldaia, que era então mancebo e grande cavaleiro, que, andando nas partes de
além em África, fora pagem do Conde de Linhares e trouxera lá o seu guião,
ajuntaram-se com outros homens da governança e misteres, tomando conselho o que
sobre este caso fariam, por não poderem sofrer tanta sujeição, e tomando
assento do que haviam de fazer, o dito Pero de Teves e Fernão do Quintal e
Gaspar do Rego, oficiais da Câmara e outros homens principais, com o mais povo,
ajuntaram até trezentos homens, entre (300) espingardeiros e besteiros e homens
de lanças, espadas, rodelas e alabardas, afora os de cavalo, que seriam vinte,
todos os mais escolhidos e esforçados que acharam; os quais, partindo da Ponta
Delgada, passaram a bandeira do lugar de Rosto de Cão, indo pela via do pico de
João Ramos, caminho desviado do direito, para a vila da Alagoa, onde estava o
Capitão e seu ouvidor, o licenciado Diogo de Vasconcelos, segundo letrado natural
desta ilha, porque o primeiro foi Diogo Pereira, da vila da Alagoa.’
[429] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, p. 301.
[430] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, p. 171.
[431] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, pp.
171-172.
[432] Sousa, Frei
Luís, Anais de D. João III, Volume I,
2.ª Edição, Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1951, pp. 69-72.
[433] Alvará de 22 de
Agosto de 1532, concedendo 400 cruzados para as obras da igreja de São
Sebastião de Ponta Delgada, Livro 4.º de Registo da Câmara de Ponta Delgada,
folhas 25 v., onde foi tresladado pelo escrivão Belchior Rodrigues e assinado
pelos Juízes, Amador da Costa e Lourenço Mendes, Manuel de Matos de Novais
vereador, Aires Lobo, tabelião em 1533, In Arquivo dos Açores, Vol. IV, 2.ª
edição, 1981, pp. 49-50.
[434] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, pp. 277,
292-296.
[435] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, pp.
298-302.
[436] Carta Régia de
D. João III, de 2 de Abril de 1546, elevando à categoria de Cidade, a Vila de
Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, Retirado do Arquivo Nacional da Torre do
Tombo, Chancelaria de D. João III, Livro 43 de, folha 34, publicado em o
Arquivo dos Açores, Vol. I, 2.ª edição, 1980, p. 323.
[437] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, Ponta Delgada, 1998, p.172.
[438] Alvará elevando
à categoria de Cidade a Vila da Horta, 4 de Julho de 1833, In Arquivo dos
Açores, Vol. VII, 2.ª edição, 1981, p. 367.
[439] [Albergaria, João Soares], Corografia Açórica (…), Lisboa, 1822, p.33.
[440] Basto, A. Magalhães, Falam velhos manuscritos…Quando a Horta foi elevada à categoria de cidade, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 15 de Fevereiro de 1948, p. 4.
[441] Basto, A.
Magalhães, Falam velhos
manuscritos…Quando a Horta foi elevada à categoria de cidade, Diário dos
Açores, Ponta Delgada, 15 de Fevereiro de 1948, p. 4.
[442] Alvará elevando
à categoria de Cidade a Vila da Horta, 4 de Julho de 1833, In Arquivo dos
Açores, Vol. VII, 2.ª edição, 1981, p. 367.
[443] Carvalho, J. P.
Luna de, Narração do desembarque das
tropas constitucionais em S. Miguel, batalha da Ladeira da Velha, e embarque
para o Porto, Arquivo dos Açores, Volume VI, 2.ª edição, 1981, p.125.
[444] Supico,
Francisco Maria.
Escavações (vol. I), Ponta Delgada (Açores), Instituto Cultural de Ponta
Delgada, 1995. N º 38, p. 78, jornal A Persuasão n.º 1788, 22 abr. 1896.
[445] BPARPD, Crime,
Ribeira Grande, Autuação de um ofício vindo a este Juízo (…), 25 de Abril de 1835,
fls. 15-15v: ‘[Testemunhas do Ministério Público] (…) O Morgado Bento de Medeiros Galvão (…) António Manuel da Silveira
Estrela, comandante do corpo da guarda cívica da Vila – seu morador – 32 anos –
sabe por ouvir dizer a Bento de Medeiros Galvão [que ouvira] que estava para haver uma revolução que
pretendiam surpreender os constitucionais da vila têm para isso duzentos homens
e espingardas em depósito que isto mesmo lhe descobriram a Senhora do dito
Galvão dizendo que queriam que o dito marido entrasse e para fugir a isto se
retirara para os Fenais [da Ajuda].
(…) Ouvira dizer ao dito Galvão que Manuel Duarte da Silva tinha dito que o
Governo Constitucional que bastaria atacarem os cabecilhas para o Governo cair
(…).’
[446] Lopes, António, A Maçonaria Portuguesa e os Açores:
1792-1935, Ensaius, Lisboa, 2008, p. 310.
[447]
Silva, Susana Serpa, Açoriano
Oriental: 1835-2000, Ponta Delgada, 2011, p. 54.
[448] AMRG, Vereação
de 6 de Maio de 1847.
[449] AMRG, Vereação
de 8 Setembro de 1847.
[450] Estrela
Oriental, Ribeira Grande, 4 de Fevereiro de 1857: segundo este periódico, José
Maria da Câmara Vasconcelos era Presidente daquela Associação.
[451] A União, Ribeira Grande, n.º 1, 19 de
Fevereiro de 1857; Cf. Catálogo Jornais Açorianos, BPARPD, Ponta Delgada, 1995.
Apesar de figurar como editor responsável João Jacinto Botelho, era ou viria a
ser em breve José Maria da Câmara Vasconcelos.
[452] A União, Ribeira Grande, n.º 5, 19 de Março de 1857.
[453] A União, Ribeira Grande, n.º 47, 7 de Janeiro de 1858.
[454]
Silva,
Susana Serpa, Açoriano Oriental
(1835-2000), Ponta Delgada, 2011, p. 39: ‘José Maria da Câmara Vasconcelos, irmão de Manuel António, foi o
primeiro editor [do Açoriano Oriental].’ Açoriano Oriental, Ponta Delgada,
N.º 1, 18 de Abril de 1835, Cf. Catálogo Jornais Açorianos, BPARPD, Ponta
Delgada, 1995
[455]
Leite, Reis, A
Cidade da Horta e a União dos Açorianos, Horta- De Vila a Cidade,
Comemorações tricinquentenárias 1833-1983), edição da Câmara Municipal da
Horta, 1983, p. 130.
[456] Leite, Reis, A Cidade da Horta e a União dos Açorianos, Horta- De Vila a Cidade,
Comemorações tricinquentenárias 1833-1983), edição da Câmara Municipal da
Horta, 1983, p. 130.
[457] Leite, Reis, A Cidade da Horta e a União dos Açorianos, Horta- De Vila a Cidade,
Comemorações tricinquentenárias 1833-1983), edição da Câmara Municipal da
Horta, 1983, p. 133.
[458] Caldeira, Arlindo Manuel, Mulheres enclausuradas: as ordens femininas em Portugal nos séculos XVI
a XVIII, Casa das Letras, 2021, p. 90: ‘Também
durante o reinado de D. Miguel mulheres pertencentes reconhecidamente a
famílias liberais foram feitas prisioneiras em conventos, de onde só puderam
sair em 24 de Julho de 1833, com a entrada em Lisboa das tropas de D. Pedro. As
duas mais ilustres dessas detidas foram a Condessa da Ribeira Grande (filha do
conde de Lavradio), encerrada no Convento de Arroios, das freiras
contemplativas da ordem da Imaculada Conceição (…).’
[459] https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_da_C%C3%A2mar
[460] Hoje, dia 5 de
Janeiro de 2021, pedi ajuda ao Arquivo Histórico Parlamentar e hoje mesmo
recebi como resposta da Técnica Superior Natália Tojo, o que transcrevo,
confirmando a minha suspeita de que tinha ficado por ali: ‘Ex.mo Sr. Mário
Moura, Na sequência do seu contacto telefónico e após pesquisa nos livros de
Registos e na Base de dados do Arquivo Histórico Parlamentar, informamos que
não nos foi possível encontrar mais informações sobre o Projeto de lei nº 86-B
de 17 de junho de 1852, apresentado pelo Deputado João José da Silva Loureiro.
Como consta na Base de Dados Debates Parlamentares (Nº 093, 1852-06-17, Página 226), o Diploma foi
admitido e remetido às Secções. /Natália
Tojo/ Técnica de Apoio Parlamentar.’
[461] Nota de Natália
Tojo, 5 de Janeiro de 2021:‘Ex.mo Sr. Mário Moura, Tendo recebido o seu pedido,
informamos que não encontrámos referências a Iniciativas Legislativas
apresentadas pelos Deputados Carlos da Silva Maia, João Soares de Albergaria e
António Guerra sobre a elevação da Vila da Ribeira Grande a cidade no período
que refere.’
[462] Rodrigues, Vítor Luís Gaspar, A Geografia Eleitoral
dos Açores de 1852 a 1884, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1985, p.
41.
[463] Maria Filomena
Mónica (coordenadora) (Lisboa, 2006). Dicionário Biográfico Parlamentar
(1834-1910). Assembleia da República Vol. II. pp. 564-5.
[464] Abandonou por
completo, conforma me respondeu Natália Tojo: ‘Existem contudo mais três
Projetos de lei apresentados pelo Deputado João José da Silva Loureiro (nº
76-F/IX/2ª e nº 58/IX/2ª, de 1852, e o nº 026-B/XV/1ª de 1865), mas nenhum se
refere ao assunto tratado no Projeto de lei nº 86-B de 1852. Projeto de lei n.º 76-F/IX/2.ª de 6 e
janeiro de 1852 “Sobre ser autorizada a Câmara Municipal da vila do Porto da
ilha de Santa Maria a lançar um imposto sobre a exportação de carro de barro ou
argila.” Projeto de lei nº 58/IX/2ª de
26 de maio de 1852 “Sobre a abolição dos morgados e capelas nas ilhas de S.
Miguel e de Santa Maria.” Projeto de
lei n.º 026-B/XV/1.ª de 5 de agosto de 1865 “Sobre ser
autorizado o pagamento de uma dada quantia a cada uma das viúvas das famílias
pobres, dos operários que morreram vítimas do sinistro ocorrido nos trabalhos
do porto artificial de Ponta Delgada.” Com os melhores cumprimentos, /Natália Tojo/ Técnica de Apoio
Parlamentar.’
[465] AMRG, Sessão de 31 de Março de 1852, Livro N.º 30
(1852-1853), fl. 31 (?).
[466] Correio
Micaelense, Ponta Delgada, N.º 299, 31de Junho de 1852, fl. 1.
[467]Entre muitos
outros exemplos, eis alguns: AMRG, Sessão de 6 Dezembro de 1855; AMRG, Ofícios
Recebidos, 29 de Agosto de 1856, 1856-58, fls. 29- 29 v.; AMRG, ofícios
Recebidos, 5 de Setembro de 1856, 1856-58, fl. 31; AMRG, Acta da sessão de 24 de Outubro de
1856, 1856-58, fls. 46 - 46 v; AMRG, Acta da sessão extraordinária de 5 de Janeiro de
1857, 1856-58, fls. 64 – 64 v; AMRG, Acta da sessão de 12 de Agosto de 1858,
1858-1861, fls. 34 – 34 v; AMRG, Sessão de 21 de Outubro de 1858, 1858-1861, fl. 47 v.
[468] A Revista
Micaelense, Ponta Delgada, 11 de Março de 1852, fls. 3-4; A União, Ribeira
Grande, n.º 5, 19 de Março de 1857; A Estrela Oriental,
Ribeira Grande, N.º 128, 14 de Novembro de 1858, fl. 1.
[469] AMRG, Livro de Actas [sic], Livro nº: 44; Nº do volume:
1; Ano: 1882-1884; índex: 539; Sessão de 19 de Julho de 1883; fls. 67, 68v.
[470] Canto, José do, Cartas
particulares a José Jácome Correia e Conde de Jácome Correia 1841 a 1893,
Carta VII de José do Canto a José Jácome, 24 de Agosto de 1853, Paris,
Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1999, p. 16.
[471] Miranda, Sacuntala, Quando os sinos tocavam a rebate: Notícia
dos alevantes de 1869 na Ilha de São Miguel, Edições Salamandra, 1996, pp.
101-102: não consta dos instigadores.
[472] Silva, João Cabral de Melo e, Concelho da Ribeira Grande, [S.l.: s.
n.], 1959, pp. 16 – 17: ‘Tumulto/Este
alvoroço, teve o seu início, no Lugar da Ribeirinha, em um Domingo, em vinte de
Junho, de mil oitocentos e sessenta e nove. Uma caterva de criaturas, da pior
espécie, daquele lugar, amotinada e armada de varapaus, dirigiu-se a esta Vila
da Ribeira Grande, e, após o rebate de sinos, em constante berreiro, e, com
alguns da ralé, desta mesma Vila, encaminharam-se, para a rua do Espírito
Santo, onde estavam as Repartições da Fazenda, Tesouraria e Conservatória (p.16
v.) Predial (…) (p.17) (…) Então correu que o motim fora preparado, pelo grande
proprietário e senhor de alguns morgadios, o soba José Jácome Correia, em
demanda, então, com o tio, Morgado Ildefonso Raposo Bicudo Correia, dono de
alguns prédios do referido Lugar da Ribeirinha, para que este último apresentasse
na Relação – Tribunal Judicial de Segunda Instância – documento comprovativo de
que estes prédios eram seus. E o régulo, lá ficou com eles. - Que contas terão
prestado ao Altíssimo as pessoas, que entraram neste enredo, ou trama !!!.’
[473] Carta de Francisco de Melo a José do Canto, 27 de Março de
1882, cf. UACSD/FAM-ABS-JC/Documentação não tratada, Cx. 274 [Não tem número].
[474] A Persuasão, Ponta Delgada, 22 de Setembro de 1875: Naquele ano, ocorrem atos de violência contra José do Canto e José Jácome Correia, conforme é noticiado na imprensa.
[475] A Estrela
Oriental, Ribeira Grande, (?) 19 de Agosto, n.º 13, 20 de Agosto de 1856, fls.
1, 2-3.
[476]A Estrela
Oriental,
Ribeira Grande, 19 de Novembro de 1856, fl. 1.
[477]A Estrela Oriental, Ribeira
Grande, n.º 21, 15 de Outubro de 1856, fl. 1.
[478] A Estrela Oriental, Ribeira Grande,
19 de Novembro de 1856, fl. 1.
[479] Estrela
Oriental, Ribeira Grande, 12 de Outubro de 1862, fl. 1.
[480] Estrela
Oriental, Ribeira Grande, 12 de Outubro de 1862, fl. 1.
[481] A Estrela
Oriental, Ribeira Grande, N.º 44, 29 de Março de 1857, fl. 1.
[482] A União, Ribeira
Grande, 4 de Agosto de 1859.
[483] Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, N.º 901, 8 de Maio de 1852, fl. 3; Açoriano Oriental,
Ponta Delgada, N.º 906, 12 de Junho de 1852, fls. 2-4.
[484] Açoriano Oriental, Ponta Delgada, N.º 901, 8 de Maio de 1852, fl. 3.
[485] Açoriano Oriental, Ponta Delgada, N.º 901, 8 de Maio de 1852, fl. 3.
[486] Forum, Ribeira Grande, I Ano, N.º 8, 30 de Abril de 1868, fls. 1-2.
[487] Forum, Ribeira Grande, I Ano, N.º 8, 30 de Abril de 1868,
fls. 1-2.
[488] O Preto No Branco,
Ponta Delgada, 28 de Junho de 1898, fl. 4.
[489] [Padre Egas Moniz?], Passagem à Ribeira Grande!, Ribeira Grande, ano I, N.º 1,
Quarta-feira-16 de Maio de 1894, p.1
[490] [Padre Cristiano
de Jesus Borges?], A Descentralização,
O Norte, Ribeira Grande, Ano III, N.º 183, 12 de Novembro de 1898, p. 1.
[491] A Persuasão, Ponta
Delgada, 11 de Janeiro de 1899, fl. 3.
[492] Medeiros, Maria
Margarida Martins Franco de Medeiros, O Governo Civil de Ponta Delgada na
década de 1880, A sua ação política, social e económica, Universidade dos
Açores, Tese de Mestrado em História Insular e do Atlântico, Séculos XV-XX,
Ponta Delgada, 2014, pp. 166-167; Leite, José Guilherme
Reis, Política e administração nos Açores
de 1890-1910: 1.º Movimento Autonomista, Jornal de Cultura, Anexos, p. 32.
[493] Nogueira, J V Paula, Açores: Ilhas de S. Miguel e Terceira, I A
Ilha de S. Miguel, in Diário dos Açores, Ponta Delgada, 13 de Janeiro de
1894, p. 1.
[494] PEREIRA, Júlio Máximo, Recordações dos
Açores, Lisboa, Imprensa Nacional, 1893, Cf. Boletim da Sociedade de Geographia
de Lisboa, 12.ª série, n.ºs 7 e 8, p. 31.
[495] Silveira Moniz [António Miguel da Silveira],
Terras Açoreanas: Notas Chorographicas e Históricas, Ilustradas, Lisboa,
Typographia do Pimpão, 1906, p.19.
[496] Borges,
Cristiano de Jesus, Vila da Ribeira
Grande, in Álbum Açoreano, 1903, Direcção António Batista, Lisboa, p. 135;
transcrito também: O Globo, Ribeira Grande, 25 de Fevereiro de 1906, n.º 45, fls.
5-6.
[497] Borges, Cristiano de Jesus, Nota diversas, in O Norte, Ribeira Grande, 1895.
[498] Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 13 de Abril de 1921.
[499] Carta de
Clemente de Mendonça de Coimbra ao Director do jornal, Correio dos Açores,
Ponta Delgada, 16 de Maio de 1935.
[500] Correio dos
Açores, Ponta Delgada, n.º 5127, 22 de Janeiro de 1938.
[501] Correio do Norte, Ribeira Grande, N.º 21, 24 de Outubro de 1914, p. 3 (?).
[502] Dias,
Fátima Sequeira, O aeroporto de Ponta
Delgada, João Paulo II: 40 anos de História, ANA, Aeroportos de Portugal,
2010, p.23.
[503] Rezendes,
Sérgio, A II Guerra Mundial nos Açores,
Caleidoscópio, Lisboa, 2018, p. 62; Rezendes, Sérgio Guerra Mundial, II, http://www.culturacores.azores.gov.pt/.
[504] Cf. Catálogo
Jornais Açorianos, BPARPD, Ponta Delgada, 1995: Passarola, Santana, 1943-1943. Jornal do
Expedicionário da aviação/ Direcção da Casa do Soldado da Base Aérea N.º 4, São
Miguel), Tipografia: Correio dos Açores.
[505] Dias,
Fátima Sequeira, O aeroporto de Ponta
Delgada, João Paulo II: 40 anos de História, ANA, Aeroportos de Portugal,
2010, p.31; Rezendes, Sérgio, Base Aérea das Lages, https://acores.fandom.com/wiki/Base_A%C3%A9rea_das_Lajes
[506] Sarmento
Rodrigues, Manuel Maria, Ancoradouros das
Ilhas dos Açores, Edição dos Anais de marinha, [1943], 2.ª edição 1960,
p.93.
[507] Vasconcelos, Jorge Gamboa de, Resposta à carta aberta do Ex.º Senhor Dr. Lucindo Rebelo Machado,
Correio dos Açores, Ponta Delgada, 9 de Setembro de 1949, fls. 1 e 4.
[508] Oliveira, A.
Lopes de, Arquipélago dos Açores, Editora Pax, Braga,
1967, p. 78.
[509] Cabral, Jerónimo, Escritos sem rodeios: Falando da Ribeira Grande, Açoriano Oriental, Ponta Delgada, 27 de Janeiro de 1979, p. 5.
[510] Sousa, Dionísio
(Direcção e coordenação Editorial), Daniel
de Sá: A serena sabedoria, Letras Lavadas, 2015, Ponta Delgada, p.81.
[511] Aguiar,
Cristóvão, Vila Cidade ou Cidade Vila,
Ribeira Grande Municipal, Revista da Câmara Municipal da Ribeira Grande, N. º
7, Agosto de 2007, p. 36.
[512]
Vasconcelos,
Jorge Gamboa, Ribeira Grande,
Vila-Cidade?, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 4 de Setembro de 1949, p.
1.
[513] Vasconcelos,
Jorge Gamboa, Ribeira Grande,
Vila-Cidade?, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 4 de Setembro de 1949, p.
1.
[514] Silva, José Pereira da, A Voz da Ribeira Grande, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 8 de
Outubro de 1949, pp. 2-3
[515] Diário dos Açores, Ponta Delgada, 26 de Junho de 1951.
[516] Açores, Ponta Delgada, nº 1461, 11 de
Janeiro de 1950.
[517] CID –
Secretaria Regional de Obras Públicas e Comércio, Pasta J. G. 023, Ante-Plano
de Urbanização de Ribeira Grande, esboceto, escala 1: 2000, arquitecto Nereus
Fernandes, Lisboa Junho de 1960.
[518] CID –
Secretaria Regional de Obras Públicas e Comércio, Pasta J. G. 023Parecer sobre
o Ante-Plano de Urbanização, da Vila da Ribeira Grande, elaborado pelo
arquitecto Nereus Fernandes em Maio de 1960.
[519] Diário
dos Açores, Ponta Delgada, nº23945, 5 de Dezembro de 1958
[520] Dias,
Fátima Sequeira, O aeroporto de Ponta
Delgada, João Paulo II: 40 anos de História, ANA, Aeroportos de Portugal,
2010, p.46.
[521] O nome de Base
aérea n.º 4, o pessoal e o material da base, sediados em Santana, em São
Miguel, Concelho da Ribeira Grande, foram transferidos para a Base aérea N.º 5
nas Lages, na Ilha Terceira, que passou a ser Base n.º 4.
[522]
Cf.
Catálogo Jornais Açorianos, BPARPD, Ponta Delgada, 1995: A Razão, Ponta Delgada, 1931-1934, Mensal.
Apesar de ter iniciado a sua publicação em Ponta Delgada, em 1933 e 1934, Fábio
Moniz Vasconcelos. Ribeiragrandense, publicou-o na Ribeira Grande.
[523] https://debates.parlamento.pt/catalogo/r2/dan/01/08/01/034/1962-02-16/764?q=gamboa%2Band%2Baeroporto&pPeriodo=r2&pPublicacao=dan&pSerie=01&pLegis=08
[524] Dias,
Fátima Sequeira, O aeroporto de Ponta
Delgada, João Paulo II: 40 anos de História, ANA, Aeroportos de Portugal,
2010, p.44.
[525] Dias,
Fátima Sequeira, O aeroporto de Ponta
Delgada, João Paulo II: 40 anos de História, ANA, Aeroportos de Portugal,
2010, p.65.
[526] Entrevista a
Laureano de Almeida, 8 de Outubro de 2020.
[527] Entrevista a Laureano de Almeida, 8 de Outubro de 2020.
[528] Moura, Mário, Cinco Vidas, Publiçor, 2010.
[529] Silva,
Ezequiel Moreira da, A cidade da Ribeira Grande e a Vila de Rabo
de Peixe, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Janeiro de 1972
[530] Exerceu funções de ministro do interior entre 19 de Agosto de 1968 e 7 de Novembro de 1973, com responsabilidade directa pela PIDE. Foi Presidente do Tribunal de entre 8 de Novembro de 1973 e 25 de Abril de 1974.
[531] Vereação de 25
de Agosto de 1971, fls.180 v. – 181.
[532] [Padre Edmundo
Pacheco? Manuel Ferreira?] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 11 de Julho de
1971, p. 1.
[533] Almada, 14 de
Junho de 1973; Espinho, 14 de Junho de 1973; Póvoa de Varzim, 14 de Junho de
1973.
[534]Correio dos Açores, Ponta Delgada, N.º 17954, 8 de
Julho de 1981, pp. 1,8.
[535]
Prisão dos
Vereadores Municipais ao chegarem do Comissário de Policia – Correio dos
Açores, Ponta Delgada, N.º 1765, 1 de Junho de 1926; Relato
pormenorizado da prisão dos Vereadores da Ribeira Grande (foram presos: o Dr.
Horácio de Medeiros Franco, Ezequiel Moreira da Silva, Calixto [sic] d’Oliveira
Rocha, José da Costa Raposo, José António de Fraga, Humberto Tavares U. M.
Cabral, Francisco Peixoto d’Oliveira e Jacinto da Costa Amaral) – Correio
dos Açores, Ponta Delgada, N.º 1766, 2 de Junho de 1926; Última sessão do
Senado Municipal da Ribeira Grande, Correio dos Açores, Ponta Delgada, N.º
1768, 5 de Junho de 1926; Instauração do processo contra os Vereadores da
Câmara Municipal [os quais congratularam-se publicamente com o triunfo da
revolução] – Correio dos Açores, Ponta Delgada, N.º 1789, 8 de Julho de
1926.
[536] Publicação de um jornal de
anúncios, de Ezequiel Moreira da Silva; Cf. Correio dos Açores, Ponta Delgada,
N.º 1451, 1 de Maio de 1925.
[537] Compra de 2
casas na rua do Botelho, pertencentes ao sr. Ezequiel Moreira da Silva, para
residência de Magistrados judiciais da comarca – Correio dos Açores, Ponta
Delgada, N.º 2892, 16 de Maio de 1930.
[538] Publicidade dos
blocos de cimento do sr. Ezequiel Moreira da Silva [‘Em dez anos de fabrico de
blocos de cimento, não recebemos a mais pequena queixa, ou reclamação, contra a
qualidade do nosso Material’] – Correio dos Açores, Ponta Delgada, N.º 3466, 7
de Maio de 1932.
[539] Livro
do I Congresso Açoreana, 8-15 de Maio de 1938, Lisboa:
Edição da Casa dos Açores, 1940, p. 323.
[540] Callixto,
Vasco, Pelas Estradas dos Açores,
Edição do Autor, Lisboa, 1973, pp. 47-47.
[541] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 7 de Agosto de
1977, p.1.
[542] ‘Borges,
Maria de Fátima do Rego [N.
Ribeira Grande, ilha de S: Miguel, 13.12.1943 – faleceu em 2020] Estudou no Liceu
de Ponta Delgada e frequentou a Faculdade de Letras de Coimbra, mas desistiu da
licenciatura seguindo uma carreira de bancária, na sua vila natal. Acabou por
se licenciar em Estudos Portugueses e Ingleses na Universidade dos Açores,
sendo assistente de Cultura Portuguesa no departamento de Línguas e Literaturas
entre 1991 e 2001. Tem colaborado na imprensa de Ponta Delgada, com textos
literários e poemas e publicou um livro de contos, sendo um nome destacado
deste género na moderna literatura açoriana. J.
G. Reis Leite (2002) Obra (1989), A Cor Ciclame e os Desertos.
Lisboa, Cotovia. Bibl. Carvalho, R. G. (1979), Antologia Poética dos
Açores. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura, II:
365. Melo, J. (1978), Antologia Panorâmica do Conto Açoriano, séculos
XIX e XX. Lisboa. http://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/Default.aspx?id=99
[543]
Borges,
Fátima (texto), António Crispim Borges da Ponte (ilustrações), Ribeira Grande: Passado, Presente e Futuro,
Festas Comemorativas da elevação a cidade, Câmara Municipal da Ribeira Grande,
Junho de 1981.
[544] Borges, Fátima
(texto), António Crispim Borges da Ponte (ilustrações), Ribeira Grande: Passado, Presente e Futuro, Festas Comemorativas da
elevação a cidade, Câmara Municipal da Ribeira Grande, Junho de 1981.
[545] Pode-se ver, em
Barbosa, Manuel, Memórias da Cidade
Futura: contribuição para a História do ensino Secundário na Ribeira Grande,
Ribeira Grande, 1988, um resumo do contributo; Correio dos Açores, Ponta
Delgada, 21 de Agosto de 1975, pp.1, 4.
[546] Na altura a
estudar nos E.U.A, chocou-me o relato do que aconteceu. Fez-me recordar o
sucedido dois anos antes (em 1973, se não estou em erro) ao espólio da Cooperativa
Sextante ‘acartado’ (é assim que se diz), numa carroça usada habitualmente para
carregar o estrume das estrumeiras e os excrementos deixados pelas vacas e
cavalos nas ruas.
[547] César, Carlos, Crescer
com confiança, Ribeira Grande Municipal, Edição Especial dos 25 Anos de
Cidade, Revista da Câmara Municipal da Ribeira Grande, N. º 3, Junho de 2006,
p. 2.
[548] O Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma
dos Açores, aprovado pela Lei nº 39/80, de 5 de Agosto.
[549] Correio dos
Açores, Ponta Delgada, 7 de Agosto de 1977, p.1.
[550] 17 de Janeiro de
1979, PS apresenta na Assembleia da República ‘Projeto
de Lei 187/I/3, da autoria do
Deputado Jaime Gama e outros, poderá seguir a sua tramitação através da
seguinte ligação: a 18 baixou à ‘comissão distribuição inicial generalidade,’ à
COMISSÃO DE ADMINISTRAÇÃO INTERNA E PODER LOCAL. A 19 é publicada: DAR II série N.º26/I/3 1979.01.19 (pág. 468-468)]; A 19 de Abril
há uma audição das Assembleias Legislativas
Regionais (Parecer do Governo. Regional ou de comissões da AR). E morre por
aqui.
[551] Assembleia
Legislativa Regional, Resolução N.º 5/79, de 22 de Março
[552] Era presidente da Concelhia da Ribeira Grande do CDS.
[553] Critérios
para elevação de vilas a cidades, Decreto Regional 6/81/A, de 23 de Maio.
[554] Decreto Regional
9/81/A, de 29 de Junho, consagra a elevação a então Vila a Cidade da Ribeira
Grande.
[555] Decreto Regional n.º 7/81/A Eleva à categoria de
cidade a Vila da Praia da Vitória: 20 de Junho de 1981.
[556] Elevação a Cidade a Vila da Lagoa, Decreto Legislativo
Regional n.º 17/2012/A
[557] Almeida, Onésimo
Teotónio de Almeida, O palco do meu exame,
in Ribeira Grande Municipal, Revista da Câmara Municipal da Ribeira Grande,
edição especial 25 Anos de Cidade: Reviravolta Histórica, n. º3 – Junho de
2006, p. 9.
[558] Ponte, Alfredo
da, Fuseirada de Março Lembrando Padre
Edmundo, Audiência, Ribeira Grande, 10 de Março de 2021, p. 2.
[559] Carta
por correio electrónico de Alfredo da Ponte a Mário Moura, 3 de Abril de 2021.
[560] Carta
por correio electrónico de Alfredo da Ponte a Mário Moura, 3 de Abril de 2021.
[561] Moura, Mário, Duas Décadas Pacatas: heróis e vilãos,
Editorial, Estrela Oriental, III Série, Junho de 2002, p. 2.
[562]
A Semana, Ribeira Grande, N.º 23, 8 de Janeiro de 1910, fl. 1.
[563] Programa das
Festas – Ribeira Grande – 1981, Correio dos Açores, Suplemento. Especial, Ponta
Delgada, 28 de Junho de 1981.
[564] Segundo testemunho do Presidente de então, Artur de Sousa Martins, natural de Rabo de Peixe, este recusara-se a semelhante solução.
[565] Decreto
Legislativo Regional n.º 27/2002/A.
[566]
Cidadania Activa, Proposta de Alterações ao Sistema Eleitoral para a
ALRAA, 2020
[567] ‘Peça do
Noticiário Nacional de Junho 1981. “Elevação das Vilas da Praia da
Vitória e Ribeira Grande a Cidades.
Sessões solenes da elevação da vila Praia da Vitória à categoria de cidade
a 20 de Junho de 1981 e da vila da Ribeira Grande à categoria de cidade a 29 de
Junho de 1981. Duração: 28m19 (Avid: Origem: Filme. CF. Pedido Ext 10-2021.mp4
[Discursos transcritos Cf. Tb: Açoriano
Oriental, Ponta Delgada, 30 de Junho de 1981, pp.1, e última página]
[568] Notícias da Ribeira Grande pelo nosso correspondente
[Padre Edmundo Pacheco], Correio dos Açores, Ponta Delgada, 20 de Janeiro de
1983, p.3.
[569] Correio dos Açores, Ponta Delgada, 23
de Fevereiro de 1983, p.1
[570] P. G. [Paula
Gouveia] A Ribeira Grande quer apoio do governo para Via Litoral, Açoriano
Oriental, 28 de Junho de 2021, p. 8.
[571] Délia Melo
(Deputada Regional), Uma espécie de Fénix Renascida, Audiência, Ribeira Grande,
26 de Abril de 2022, p.15.
[572] Ourique, Arnaldo, A
Tripolaridade Açoriana, Correio dos Açores, 28 de Janeiro de 2022, p.15:
‘‘(…) E eis que chegamos ao ano de 2009,
altura em que, por proposta de Carlos César, o conceito foi destruído na
alteração ao Estatuto Político – e já não faz, pois, parte do Estatuto a ideia
dos três centros urbanos. (…) A experiência autonómica iniciada em 1976 – foi
abruptamente interrompida em 2009; e continua aos poucos. Se não quisermos ver
o que estamos a fazer, algum dia vamos pagar o desvio que, entretanto, como se
percebe em muitos aspetos, já têm custos quase insuportáveis. Para salvar a
autonomia política temos de regressar à origem e repensar o que necessitamos
fazer a longo prazo. A tripolaridade universitária ainda mantem alguma réstia
de unidade regional; mas também está a prazo. Mas vamos sempre a tempo de fazer
melhor.’
[573]
Calvino,
Italo, As cidades invisíveis,
Editorial Teorema, estórias, 2.ª edição, Lisboa, 1996, p. 33.
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