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DORIVAL (A)








Dorival (A)

Muito embora, tanto quanto sei, não seja costume atribuir-lhes (pelo menos aqui na Ilha) nomes além dos que indicam o seu lugar geográfico, pelos relatos que ouvi e pelas imagens que vi, Dorival é nome que lhe assenta bem. Vive na Fajã do Araújo. Nordeste. Pode atingir cinco metros. É esquiva. Rara. Em Abril de 1992, foi avistada (e perseguida) pelo Zé Pyrrait.[1] O que (só por si) não prova (nem ele, tão-pouco, o pretende) que fosse o primeiro a avistá-la.[2] Não só pelo facto de ser improvável, mas por ser mais revelador, é preferível saber mais do processo de descoberta do que do seu descobridor. Depois disso, amigos de Pyrrait tiveram uma visão (de choque) daquela onda. Já a luz do dia dava lugar ao lusco-fusco. Aplicou um susto de morte ao Carlos Gouveia ‘o Perna’ e ao Jorge Faria. O Perna (instintivamente) gritou Dorival! E Jorge percebeu. Só a surfariam (uns) dois anos depois. Em 2022, o campeão olímpico 2024 - Kauli Vaast – surfou-a.[3] Quem lá for surfar, encontra (quase sempre) o Coração (José Francisco Medeiros) pronto a ‘acolher’ (com os seus preparos) os 10 ou 15 (amigos) surfistas que lhe batem à porta (na sua casa da Fajã do Araújo).

Ora, o avistamento de José Maria Pyrrait deu-se (precisamente) quando este (na qualidade de fotógrafo) acompanhava nos dias 23, 24, 25 e 26 de Abril de 1992, a ‘Presidência Aberta do Governo do Dr. Mota Amaral ao Nordeste.’[4] Numa pausa, espreitando o mar pelo miradouro da ponta do Arnel, reparou (como olhos de surfista) numa onda que corria paralela e seguia para além do farol do Arnel. Intrigado e curioso, quis descobrir o seu ‘poiso.’ Seguiu-a de miradouro em miradouro. No da ponta da Madrugada, Eureka: era lá em baixo. Desceu o caminho do Lombo Gordo. E lá estava ela. Imponente. Enorme. Não a surfou. Só o faria um a dois anos depois.[5] Contou (ou terá contado) aos amigos (entre os quais o Perna e o Jorge). Na altura ainda eram poucos – diz ele -, que se dedicavam ao surf. Pelo que se lembra, fê-lo (surfar) com o Perna, o Jorge e o irmão Mário (dos que se recordo, sublinha). Posso estar (muito ou nada) enganado, ainda assim, do que retiro da conversa com os três (dois pelo telefone, o terceiro pelo FB), faço dela um filme (provisório) do que se passou (ou terá passado): talvez no Verão ou já no Outono, talvez (ou não) em 1994, o Perna e o Jorge (Terceirenses a residir em São Miguel), foram à cata de ondas (e, entre outras) daquela que o amigo (Zé Pyrrait) lhes (provavelmente) gabara. Foram à praia Lombo Gordo (a nascente do Araújo). Durante horas. Nada. E se fossemos ali pelo calhau? Foram. Andaram em direcção à Fajã do Araújo. Aí mesmo, apanharam um tal ‘cagaço:’ uma muralha de água a dirigir-se para o calhau (exactamente onde se encontravam). Uns cinco metros à farta. Por que razão o Perna (instintivamente) gritou Dorival? Era esse o nome de um conhecido que, para não ter de fazer o que temia, arranjava desculpa: tipo, olha, rachei uma unha. No caso do Perna e do Jorge (pelo que percebi) seria parte razão: a luz do dia ia falhando e não dispunham das pranchas certas. E parte emoção: receio e muito respeito. Que é o que acontece (assim me parece) a muitos dos que vão ali surfar. Pelo que, Dorival é o nome que lhe dou (após – apenas -, mudar-lhe o género).

Todavia, só em 92, 93 ou em 94 (os três divergem na data certa) é que os três amigos (Perna, Faria e Pyrrait) se aventuraram àquela onda. [6] Fosse por que via fosse, em 1994, o conhecimento daquela onda já alcançara o Continente Português. ‘Paulo Santos’ vem ‘numa surf trip, à ilha de São Miguel, mais especificamente ao Nordeste e mais especificamente ainda na busca de uma onda mítica localizada na então pouco conhecida e de difícil acesso Fajã do Araújo.’[7] O Zé Seabra também lá foi depois disso, ‘fomos nós,’ Pedro Arruda e Luís Melo, ‘que o levamos lá.’[8] Também tem ido o Marco Medeiros, o Peter Healion, Ricardo Cabral e muitos mais. Em 2023, ‘levei lá o Nic Van Rupp e o Peter. E surfaram.’ Diz-me o Gabriel. Mas, quem mais vezes a surfou, segundo o próprio, desde a inauguração da SCUT e da abertura do caminho da Fajã, tem sido Luís Melo ‘O Professor.’[9] Ou, como Pedro Arruda (também) o trata: o ‘Xerife.’

Como é a Dorival? Fiz a pergunta ao Professor/Xerife (Luís Melo): ‘É uma onda perfeita. De consequência. Que funciona com grandes tempestades do quadrante Oeste. Mais precisamente de Noroeste. Quem a surfa, corre sempre perigo.’ [10] Paulo Ramos Melo detalha: ‘É uma esquerda potente que funciona com 3-4metros. Melhor ondulação NW. Vento W-NW. Maré vazia e intermédia. Pode funcionar por refracção, ou não ter o vento de frente. Sem considerar a hipótese da refracção (ou seja vento que não vem exactamente de frente), como fica no extremo leste o melhor vento é o de oeste. Ou seja que sopra de terra para o mar, a que se chama offshore (da terra para o mar). Produzem ondas mais perfeitas. E a ondulação do mar para a terra. Os fundos são de calhau rolado. Mas é uma onda sem frequência.[11] Numa página, on-line, lança-se um aviso (muito sério): ‘É um dos spots mais perigosos da ilha, pois oferece uma onda rasa, rápida e tubular. Tem um arranque muito vertical, seguindo-se secções rápidas e tubulares.’ Após surfarem a onda, os surfistas (porque é perigoso) não saem pelo Araújo mas pelo Lombo Gordo e regressam ao Araújo a pé pelo calhau.[12]

Para melhor o perceber, é útil agrupar as idas (de surf) à Fajã do Araújo em dois tempos. Um primeiro, anterior ao Google e ao Widguru. Como é que (então) faziam? ‘Recorríamos à Meteorologia da RTP/Açores ou à Rádio. Direcção do vento. Ondulação. Não tínhamos carros. Íamos explorar.’[13] E sem o caminho de ligação à Fajã? Íamos pelo Lombo Gordo ou pelo trilho da Pedreira. Um segundo tempo:É um sítio tão específico que as previsões (meteorológicas) podem não se materializar. Só com as SCUTS [2011] e a abertura do caminho que vai directo à Fajã do Araújo [começa em 2006] permitiu que fossemos mais frequentemente lá. Às vezes chega-se lá e não há onda. Indo pelo caminho do Lombo Gordo, a onda fica muito longe e assusta.’ [14] Acedia-se antes ao calhau através de carreiros de pé posto. Na década de oitenta, ‘talvez em 1988,’ último mandato de Eduardo Medeiros, e ‘obra do Governo [Regional],’ rasgou-se o caminho até à praia do Lombo Gordo.[15] E constroem-se balneários e sanitários. Praia que ‘o pontão do extremo Nascente (que ainda se mantém) e um outro no extremo Poente (que não aguentou) veio contrariar a ideia dos 7 anos de areia e 7 de calhau. E que dispunha de nadador salvador. E de bandeira azul.[16] No tempo de José Carlos Carreiro, é aberto (a muito custo) o caminho para a Fajã do Araújo. Havendo sido uma obra iniciada ‘em 2004 terminaria em 2006. Feita por administração directa com os recursos da Câmara. Foi-se fazendo por etapas. Numa etapa, requereu o trabalho corajoso de um maquinista da Ribeira Grande.’[17] Em 2009, em entrevista a um jornal, José Carlos argumentava que (aquela obra) se destinara a servir as casas da Fajã. Circulação de viaturas de socorro ou privadas. E que faltavam alguns acabamentos.[18] A SCUT foi inaugurada (com pompa e circunstância) em 2011. Obra da Região.[19]

A Dorival viveu momentos de (imensa) glória com o cancelamento das provas no areal de Santa Bárbara em 2022. A Red Bull (patrocinadora) de Kauli Vaast precisava de uma alternativa. Marco Medeiros (conhecedor dos spots da ilha) indicou a Fajã do Araújo. Motas de água. Prontos socorros mínimos. Marco Medeiros auxiliado pelo nadador-salvador Gabriel Amorim (com rádio em terra). Muita gente a assistir em terra. Marco explica o sucedido: ‘Campeonato cancelado devido a condições extremas no areal. Ondulação. O responsável pela empresa que veio filmar para a Sport TV e a Red Bull que patrocinava o Kauli vieram perguntar-me se haveria outro local onde o Kauli surfasse. Como o tempo estava ideal para o Araújo indiquei o Araújo. Assim foi. Só de mota. Melhor dia de Surf. 11 a 15 pranchas partidas. Foi gente de toda a Ilha e da Ribeira Grande. Alto nível de Surf.’ [20] Gabriel, braço direito de Marco, além de testemunha ocular do acontecimento, foi participante (em terra): ‘O Marco foi para a água com a mota de água. Eu fiquei em terra com o rádio e alguns poucos pronto socorros. Não como os que costumámos ter quando vamos para a Nazaré. Afinal, juntaram-se mais alguns ao Kauli Vaast e à irmã Aelan. O Kauli sagrou-se campeão de Surf nestas Olimpíadas. É natural da Polinésia francesa (Taiti). O francês Justin Becret. Penso que o Jácome Correia também se juntou. E muita gente a ver em terra. A maioria. Ondas de 5 metros e sets (intervalos normalmente de 3 ondas) de ondas de 3 metros. Há vídeos disso. Houve pranchas quebradas pelas ondas de 5 metros. Pranchas mais pequenas. Nessa ocasião, o Marco levou o Justin (o Marco diz que foi o Kauli) a surfar uma onda junto ao farol do Arnel. Junto ao porto. Não fui. Mas lá se quebrou uma prancha também.’[21] Triunfante, a página do FB da Câmara Municipal de Nordeste, regista: ‘(…) Surfistas de alto nível (…) vieram esta semana à Fajã do Araújo comprovar a "onda épica," assim conhecida por ser singular.[22] A Surftotal exulta: Ontem dia 19 de Outubro [de 2022] as condições reuniram-se naquele spot Açoriano e os atletas do QS entraram na aventura de surfar aquela esquerda. Grande parte não tinha pranchas com tamanho suficiente para o tamanho e potência das ondas. Houve também algumas pranchas partidas e quedas no crítico.’[23]

Geologicamente, a Fajã do Araújo (lar da Dorival), faz parte do complexo vulcânico do Nordeste (já extinto). Que se situa na banda (oriental) da Ilha de São Miguel.[24] E que, com mais ou menos 4 milhões de anos, é a mais antiga da Ilha.[25] Frutuoso (sempre ele), quanto à (portentosa) encosta que domina a Fajã do Araújo, chama-lhe de Lombo Gordo (que significa morro muito alto e espesso).[26] Servia de ponto de referência à navegação: junto do morro alto que, de vinte e trinta léguas ao mar, primeiro se vê dos navegantes que vêm do oriente, situada no Lombo Gordo.’[27] A costa (tal como se vê ali) começa desse modo a partir de Água Retorta ‘correndo a rocha direita e muito alta, e tão íngreme que em muita parte dela não poderão andar cabras, ao nível com o mar, de calhau miúdo (…).[28] Por ficar distante de Vila Franca, em 1514, Nordeste foi feita Vila. A terceira da Ilha. Administrativamente, a Pedreira (onde se situa a Fajã do Araújo) é parte da Vila de Nordeste de que dista uns dois quilómetros do seu centro. Em termos de organização religiosa (católica), a sua igreja (dedicada a Nossa Senhora da Luz) foi elevada a paróquia em 1995.[29]

O que era (e é) aquilo lá em baixo? Numa espécie de History trip fui lá conversar com o dono da mercearia (75 anos) ao lado da igreja da Pedreira: Deve haver umas 19 ou 20 casas. A água é canalizada lá para baixo do Miradouro da Ponta do Sossego. A electricidade é dos painéis solares. Dos antigos, restam poucos. Há belgas, suíços. Há uns três, quatro anos.’ ‘Lugar abrigado. Dava as primeiras batatas da Pedreira. E vinha. E banana. E hoje? Há quem tenha vinha e novidades. Os de fora querem só bananeiras. E barcos?Conheci o de Manuel Ribeira Grande. O de Manuel de Melo Peixoto, o de Daniel Feiteira. Usavam rede de arrasto. Puxada de terra. Na Primavera e de Verão. Apanhavam serras. Bicudas. Acartava-se tudo para o adro da igreja. Em palancas. Com a proibição das redes de arrasto, acabaram.’ [30] Três dias antes, pelo telefone, estivera à conversa com José Francisco Medeiros Coração (63 anos). Tem casa na Fajã e faz lá terra: ‘Aqui em baixo eram vinhas e cultura. Vinha de cheiro. Dava batata. Feijão. Cultura. As novidades davam antes de lá de cima. Era temporã. Quem tinha casa vindimava aqui mesmo.’[31] E no mar (além de mariscos e pesca de cana)?Desde criança que me lembro de irem tomar banho ao Lombo Gordo. E ir lá com os animais. Não sei se no Inverno ou ainda no Outono, havia o costume de ir um grupo de senhoras (e não só) tomar banhos seguidos durante uns 8 a 10 dias para fazer terapia. Ficavam nesta casa que hoje é minha. Diziam que fazia bem à saúde.’ Vês os surfistas? ‘Conheço uns 10 ou mais. De Nordeste? Não, são todos de fora. Vão ter comigo a minha casa. Pergunta se eles conhecem o Coração?[32]

Fajã do Araújo, Nordeste



[1] Vocês surfaram/descobriram a onda da Fajã do Araújo antes de Abril de 1992? Os dois grupos de bandeirantes iniciais (Chico Melo e Pedro Violante), responderam, não.

[2] A partir de meados da década de oitenta do século XX, conhecem-se várias surf trips de continentais. Quanto aos grupos locais, nem o do Chico Melo nem o do Pedro Violante, viram-na. O grupinho do Paulo Ramos Melo, a princípio disse que sim, mas com uma pequena crítica interna, a coisa passou para a década seguinte. O Paulo diz-me que um ano ou dois após tirar a carta, foi à procura de ondas e viu-a. Havendo nascido em 1972, só poderá ter tido lugar em 91-92. Testemunho de Paulo Ramos Melo, 23 de Dezembro de 2024. Depois, ainda havia o segredo das descobertas.

[3] A irmã Aelan Vaast também a surfou. Ambos polinésios franceses. Mais ainda o francês Justin Becret.

[4]Testemunho de José Maria Pyrrait, 21 de Dezembro de 2024 [Visita do Presidente do Governo Regional dos Açores, Mota Amaral, ao Concelho de Nordeste, nos dias 23, 24, 25 e 26 de Abril de 1992]

[5] Testemunho de José Maria Pyrrait, 21 de Dezembro de 2024: ‘Olá Mário Foi na década de 90. Acho que em 92, na presidência aberta que o governo do Mota Amaral fez no Nordeste [Visita do Presidente do Governo Regional dos Açores, Mota Amaral, ao Concelho de Nordeste, nos dias 23, 24, 25 e 26 de Abril de 1992]. Cheguei a surfar na Fajã do Araújo uns anos mais tarde, talvez 94 ou 95. Abraço e se precisar de alguma coisa é só avisar.’ Testemunho de José Maria Pyrrait, 22 de Dezembro de 2024: ‘Não sei se fui quem a surfou primeiro, nem se fui o primeiro a vê-la, mas chamou-me logo a atenção e fui tentar vê-la mais de frente. Mas não descobri o caminho e fui espreitar da praia. Aquela por baixo da ponta da madrugada, acho que se chama o Lombo Gordo??? Já passaram uns aninhos e a memória já falha.Acho que quando lá surfei a primeira vez, o Jorge Faria da Terceira, junto com o irmão, o Mário, tinham lá ido espreitar e acho que surfaram. Mas não tenho a certeza.Contaste a alguém? Só falei com os amigos do surf. Era fotógrafo sim, mas o surf nessa altura não interessava a ninguém. Chegaste a falar com o Perna (Carlos Gouveia) e o Jorge Faria? Acho que sim, eles eram os meus principais companheiros de surf, por isso é muito provável, quase certo.’

[6] Testemunho de Paulo Ramos Melo, 23 de Dezembro de 2024. Já tratado anteriormente. Por essa altura, já também andaria o Paulo Ramos Melo e o seu grupinho de amigos a surfar aquela onda. E mais outros.

[7] Pedro Arruda, O mais velho surfista, 2024.

[8] Testemunho de Luís Melo, 21 de Dezembro de 2024.

[9] Nome que a Surf Portugal lhe dá na sua edição número setenta e seis, de Maio de 1999. Desde que abriu em 2011 a SCUT para o Nordeste, e se rasgou o caminho de acesso à Fajã,

[10] Testemunho de Luís Melo, 21 de Dezembro de 2024.

[11] Testemunho de Paulo Ramos Melo, 18 de Dezembro de 2024.

[12] Testemunho de Ricardo Cabral, 24 de Dezembro de 2024.

[13] Testemunho de Paulo Ramos Melo, 18 de Dezembro de 2024.

[14] Testemunho de Luís Melo, 21 de Dezembro de 2024.

[15] Testemunho de Eduardo Medeiros. 26 de Dezembro de 2024.

[16] Testemunho de José Carlos Carreiro, 26 de Dezembro de 2024. Correio dos Açores, 21 de Dezembro de 2024, p. 18: ‘Também há alguns anos, a Praia do Lombo Gordo foi uma zona balnear com bandeira azul içada pela autoridade marítima. Só que a falta de investimento num acesso seguro e a falta de empenho em arranjar a zona balnear da praia impede que volte a ser considerada uma zona balnear. Apesar disso, a Câmara de Nordeste, todos os verões, mantém, diariamente, um vigilante na praia em anos de areia.

[17] Testemunho de José Carlos Carreiro, 26 de Dezembro de 2024A partir de 2004, coincidindo com o caminho da Fajã do Calhau – na Água Retorta – e da abertura da SCUT para o Nordeste. Seria logo (obra) embargada. Mas continuaria.

[18] Açoriano Oriental, 9 de Maio de 2009.

[19] Inauguração das SCUT para o Nordeste: Terça-feira, 13 de Dezembro de 2011. O Presidente do Governo dos Açores considerou esta manhã que se estava a viver "um dia que fica inscrito na História da Ilha de São Miguel", "um dia de alegria", "um dia em que foi concretizado o sonho de tanta gente" Carlos César presidia à inauguração do Eixo Nordeste do projecto SCUT.

[20] Testemunho de Marco Medeiros, 22 de Dezembro de 2024. Muita gente na água. Além da sugestão, Marco esteve na água com a sua mota, como aliás o faz regularmente na onda da Nazaré e em muitos outros locais da costa Norte da Ilha de São Miguel.

[21] Testemunho de Gabriel Amorim, 22 de Dezembro de 2024.

[22] As condições atmosféricas desfavoráveis ao Campeonato de Surf da Praia de Santa Bárbara levaram a que a organização, em especial o Marco Medeiros, trouxesse os surfistas de alto nível à Fajã do Araújo, os quais voltarão ao local neste sábado, 22 de Outubro, para mais uma onda épica.

[23] Surftotal, 20 de Outubro de 2022. CM Nordeste, 21 de Outubro de 2022: ‘São Miguel / Açores palco de sessões de surf dos atletas do QS Azores Pro. Enquanto a prova aguarda o inicio... Situada a Nordeste da Ilha de São Miguel fica um secret spot que possui uma onda que quebra em dias de ondulações gigantes.’ A página do FB da Câmara Municipal de Nordeste triunfante, informava: ‘ONDA ÉPICA - Fajã do Araújo Surfistas de alto nível, do Campeonato de Surf da Praia de Santa Bárbara, entretanto cancelado devido à falta de condições provocadas pelo mau tempo, vieram esta semana à Fajã do Araújo comprovar a "onda épica," assim conhecida por ser singular. As condições atmosféricas desfavoráveis ao Campeonato de Surf da Praia de Santa Bárbara levaram a que a organização, em especial o Marco Medeiros, trouxesse os surfistas de alto nível à Fajã do Araújo, os quais voltarão ao local neste sábado, 22 de Outubro, para mais uma onda épica.

[24] Fajã do Araújo poderá ter esse nome de algum dos seus donos. Como é costume?

[25] Forjaz, Victor Hugo et. al., Vulcanologia da Ilha de S. Miguel dos Açores, 2015, pp. 88-89.

[26] Cândido de Figueiredo: Dicionário da Língua Portuguesa, I e II volumes, 1913. Bluteau nada diz.

[27] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, 1998.

[28] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, 1998.

[29] Placa no exterior do templo: Elevada a paróquia em 21 do 2 de 1995 por D. Aurélio Granada Escudeiro.

[30] Testemunho de Furtado Rego, 24 de Dezembro de 2024. Dos antigos: José Francisco Medeiros Coração, Daniel Feiteira, Eduardo Medeiros (foi Presidente da Câmara, herdou do pai), Luís Bensaúde (não sei de quem é agora). Muito mais nova, Delfina lembra-se dos barcos do tempo dela (e do que o pai lhe contou): ‘varavam os barcos na praia (calhau) do Lombo Gordo. Pescavam serra, bicuda, sardinha, etc.. Quando saíam do mar, tocavam o Búzio. Cá em cima já se sabia. Iam ajudar a trazer o peixe cá para cima. Quem trazia, tinha direito a peixe de graça. O que sobrava da venda na Pedreira, ia tentar a venda para a Vila, Água Retorta e arredores. Acabou. Primeiro, morre o pescador da Ribeira Quente. Depois, o da Pedreira, desgostou-se com as obras que fizeram no Lombo Gordo. Receava que lhe fossem vandalizar o barco. Meu pai dizia, a respeito da alternância areia/calhau que (isso antes do pontão) era de sete em sete anos.

[31] Testemunho de Delfina Mota, 21 de Dezembro de 2024. Quanto a vindimas, Delfina Mota (diz): ‘Quem tinha casas lá em baixo, fazia as vindimas lá. Quem não tinha, como era o caso do meu pai, trazia para cima a uva e era lá cima que se vindimava.

[32] Testemunho de José Francisco ‘Coração,’ 21 de Dezembro de 2024. Testemunho de Delfina Mota, 21 de Dezembro de 2024. Praia ou Calhau? ‘A praia nem sempre é praia. É mais calhau. Este ano é calhau.’ Diz José Francisco Coração. Aliás, já Delfina (comadre de Coração) diz que o pai (quando foi construído o pontão no Lombo Gordo) ‘avisara já que com o pontão, a areia iria desaparecer. Como parece suceder agora. Os antigos dizem que é de sete em sete anos.




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