Agonia, Morte & Ressurreição
Que - a partir de certa altura -, o porto de pesca
de Santa Iria passou a ser tanto dos pescadores da Ribeira Grande e da
Ribeirinha como dos de Rabo de Peixe, não deixa dúvidas.[1]
‘O porto de Santo Iria era um porto da salvação para a gente. No barco do
meu tio Sebastião cheguei a abrigar-me umas cinco vezes e já com o meu pelo
menos umas duas.’[2]
Era ainda assim na década de setenta. Foi até mais do que isso para os
pescadores de Rabo de Peixe. A bem dizer, chegou a ser, de finais dos anos
cinquenta aos anos setenta, um dos seus mais importantes portos fora de Rabo de
Peixe. Porém, com a adopção do motor, já não precisavam tanto dele. E com a
construção dos novos molhes no porto de Rabo de Peixe, deixaram de precisar
dele.[3]
Por volta de 1949, a rampa em Santa Iria já
não oferecia ‘a segurança necessária.’[4]
Em 1951 (após muito esforço) a Junta Geral fez uma nova rampa e remendou a
muralha. Aos quatro barcos estacionados no porto, o Guarda Paulino consegue juntar
quatro outros: ‘o de António Bernardo
Barbosa, do Porto Formoso, (…) para percursos mais longos e rebocar barcos de
menor tonelagem e ainda para socorros desta área;’ ‘o S. João de Brito, de Gabriel Furtado Tachinha, da Calheta, de Ponta
Delgada (…);’ ‘o Santo Cristo, de António
Marieta, de Água de Pau (…);’ ‘A Estrela
do Mar, de Eduíno Furtado de
Medeiros, da Achada (…).’[5]
Um pouco mais tarde, desconheço o destino que levaram os barcos anteriores, num tempo ligeiramente anterior à
agonia final de Santa Iria, chegam
barcos de Rabo de Peixe. A permanência (ao longo do ano) em Santa Iria de barcos
de Rabo de Peixe, explicar-se-á pelo desaparecimento progressivo dos pescadores
da Ribeira Grande e da Ribeirinha e (ao invés) pelo aumento constante de
pescadores e de barcos no porto de Rabo de Peixe. Que (então) não passava de uma
pequena calheta mal abrigada e perigosa. José Vieira Sopapo traz isso à memória:
‘Há uns cinquenta e mais anos,’ aí
para os anos sessenta ou setenta, ‘o Tio
José Meia-Noite e o José Faia tinham os barcos sempre em Santo Iria. Ia e vinham
a pé para Rabo de Peixe e vendiam o peixe na Ribeira Grande.’ [6] Por
essa altura, concretamente entre 1965 e 1975, o guarda Agostinho Gonçalves Lima
foi o responsável pelo posto Fiscal da Ribeirinha. O Posto encerraria pouco
depois em 1979.[7] Conheci por lá, relembra José António
Lima, filho do guarda Agostinho, ‘sete ou
oito barcos, a maioria de pescadores de Rabo de Peixe. Lembro-me do Laranjo e
do Penacho. Também havia um outro da Ribeirinha e um da Ribeira Grande.’[8] Outros de Rabo de Peixe, só lá permaneciam
temporadas, é de novo José Vieira Sopapo quem o diz: ‘Às vezes a gente ia pescar temporadas para lá, nessas ocasiões
deixava-se os barcos lá. Um ficava lá a dormir o resto vinha dormir a casa e
voltava lá no dia a seguir.’[9]
E, num tempo mais próximo do nosso, ‘há
de ter uns quarenta anos quando teve lá uma traineira de Ponta Delgada. O Gato
Preto. O pessoal era todo de Rabo de Peixe. O mestre era o António Botão (irmão
do Manuel Botão). Ficava lá com a poita na água. Num mês de Setembro rebentou a
poita foi tudo parar às furnas da rocha.’[10]
José Manuel Sousa é da Ribeirinha
e já passa dos oitenta. Do
seu depoimento fica-se a saber que os pescadores dali (Ribeirinha) não se
dedicavam apenas à pesca e que existiam laços culturais e profissionais destes com
os pescadores do vizinho Porto Formoso. Além dos (como já vimos) existiam entre
eles e os da Ribeira Grande, os de Rabo de Peixe. E mesmo com alguns à volta da
Ilha. Que se lembre, pescadores da Ribeirinha, conheceu ‘o Lucindo Janeiro, da rua das Covas. Ao princípio da rua das Covas. Era
camponês. Ao sábado ou ao Domingo ia à pesca. Ia com a companha. Às vezes o
filho ia com ele. Faleceu há 15, 16 anos. Pescava toda a qualidade de peixe: garoupa, bodião, castanhas, peixe-rei. Era à
linha.’ Não havia uns Cagarros? ‘Foi morar para o Porto Formoso. Havia outros
pescadores aqui. Eram agricultores mas iam também ao mar.’ E outros? ‘No bairro da canada das Venanças (ou do Cascalho) [a meio caminho
entre o final da rua do Porto e o porto de Santa Iria] havia pescadores. Eram fraquinhos. Gente velhinha. Não tinham
capacidade para comprar barcos. Com uns cestinhos iam apanhar umas lapinhas,
sargos. Moravam numas casinhas fraquinhas. Não tinham barco. Às vezes iam na
barca do tio Manuel da Alfândega às pombas. Caçavam de espingarda. Para os
lados das prainhas e da ladeira da Velha. Era onde as pombas iam beber água.
Numas poças.’[11] Houve
outros barcos lá em baixo de gente daqui? ‘Humberto Manuel Bento de Sousa, meu patrão, mais o António Barbosa
formaram uma companhia de pesca. Compraram uma lancha. Uma primeira, o mar
levou. Compraram uma segunda. Pela festa da Senhora da Graça levavam dinheiro
para quem quisesse ir de barco ao Porto Formoso.’ Quando foi isso? Há mais de cinquenta anos.[12]
Restando um ou outro que também ia à pesca,
que fazer do porto de Santa Iria? Reivindicar um novo? Impossível. O Governo
Regional não incluía Santa Iria no seu Plano Regional para o Sector das Pescas.
Já deixara de ser preciso. No Concelho, só haveria portos de pesca (a sério) em
Rabo de Peixe e no Porto Formoso. Talvez, talvez, na Maia. O que restava então
a Santa Iria? A Junta de Freguesia entrou em cena. Considerou duas opções, que à
partida não se excluíam: melhorar (quanto bastasse) o porto de pesca para
servir uns pescadores amadores e um ou outro profissional e criar uma zona
balneária em condições (esta última opção, era, porém, a mais desejada): ‘as águas mais límpidas e abrigadas de toda a
costa da Ribeira Grande.’[13]
Vinha de longe o uso balneário daquela baía. Os mais velhos recuam (até onde a
sua memória recua) até à década de quarenta ou mais: ‘No
meu tempo, o porto de Santa Iria não foi afamado pela actividade da pesca. Mas aos Domingos de Verão, o uso era balnear. Enchia-se de gente cá de
cima.’[14] E do centro da Ribeira Grande, digo
eu.
Para tentar
perceber a que cargas de água a Câmara defende (nem sempre com unhas e dentes) a
Vila Litoral da Cidade mas delega a defesa do porto de Santa Iria da Cidade na
Junta de Freguesia, convém recuar no tempo. Apesar de a Ribeirinha pertencer até
1948 à Freguesia da Matriz da Estrela, já havia sinais muito anteriores de uma identidade
(real ou apenas sentida, não interesse ao caso) distinta da do Centro da (então)
Vila. E da Vila em relação à Ribeirinha. Um sinal claro, é o que sucede após o
falhanço do porto oceânico de Santa Iria em 1870’s: o Centro, voltando costas a
Santa Iria, a partir de então quer um porto no Centro. Outro: a indiferença (quase
frieza) com que a Câmara recebe em 1912 à oferta do Conde Jácome Correia, dono
do Lameiro, de dotar Santa Iria com ‘farolim,
bóias de amarração, varadouros, cais de embarque, (…).’[15] Era assunto
da Junta Geral, e ficou por aí. Pelo que, a Câmara tem (desde então) deixado à
Junta da Ribeirinha a tarefa de ressuscitar (ou de simplesmente remendar) o
porto. Porém, apoia pequenas obras. E (por detrás da cortina) mexe alguns
cordelinhos.
É, pois, dentro desse espírito - assunto da
Junta -, e dessa ideia - de zona balnear e de porto -, que Álvaro Feijó,
Presidente da Junta da Ribeirinha, de 1989 a 1997, age. Com algum apoio
municipal, ‘cimentou a rampa de varagem e
fez o solário para banhistas.’[16]
No tempo do Presidente Salvador (1997-2001), ainda com apoio municipal, foram
melhoradas as instalações sanitárias e consertado o caminho de acesso e as valas de captação de águas fluviais.[17]
Em 2003, António Furtado Ledo, o Presidente seguinte, defendeu ‘a pavimentação do caminho de acesso ao Porto
de Santa Iria (…),’ reparem, por
ser ‘fundamental, tanto para a Freguesia,
como para toda a Cidade da Ribeira Grande.’ E a razão, surpreendem-se, ‘dado que dá acesso ao único porto de pesca
da Cidade. Trata-se de um porto onde foi melhorada a rampa de acesso,
possibilitando um melhor varar dos barcos e,’ dentro da dupla função, ‘revela ser uma zona balnear muito apreciada
por banhistas.’[18]
Esta última parte, e talvez algo mais, espelhará mais a visão do jornalista
(que morava no centro da Cidade)?
Em 2006, já com o primeiro molhe de Rabo de
Peixe a funcionar, fui a Santa Iria e lá vi a rampa velha e a nova e as casas
de aprestes. Água doce. Casas de banho. Varados na rampa nova, contei sete
barcos de quilha à frente e atrás.[19]
Na baixa-mar, disseram-me depois, tornava-se difícil varar barcos. Para corrigi-lo,
segundo o meu interlocutor, bastaria uma simples intervenção. Pouco
dispendiosa. As arribas que ladeiam o caminho que conduz ao porto (já prestes a
ruir) estavam de pé e a muralha de pedra do porto (bastante remendada) aguentava-se.[20]
Apesar de tudo, o velho porto dava ainda (ténues) sinais de vida. Até que, em
2008 ou 2009, aconteceu o que se temia: uma derrocada. Parte dos taludes ladeando
o caminho de acesso ao porto cederam. O Governo Regional - tutela dos portos - não
perdeu tempo: proíbe o acesso. E agora? Uma coisa era certa: Santa Iria continuava
a não fazer parte da rede portuária que a Região pretendia melhorar ou
construir de raiz. Dessa lista, no Concelho, faziam parte o porto de Rabo de
Peixe (construído em 2004 e ampliado em 2014) e o Porto Formoso (construído em
2011). Este último porto, ia acolhendo os desistentes de Santa Iria e da Maia. Em
Santa Iria, tanto quanto dá para perceber, far-se-ia pouco mais do que
consolidar os taludes (a muralha cedeu depois). Ainda assim, foi dito -,
carecia de um projecto. Coisa breve. Depois disso feito, a vida daquele porto
continuaria como sempre: de verão, banhos, no resto do ano, quando o mar
permitisse, alguma pesca de barco. Ou de cana. Prova da (aparente) boa vontade
do Governo da Região? O acesso pela rua do Porto até à descida (que iria ser
intervencionada) foi melhorado. Talvez em 2011.[21]
Entretanto, a baía, ainda
sem ver quaisquer obras, mas bem protegida dos temíveis ventos de noroeste, ainda
atraía. Diz-me Manuel Câmara Baboso (pescador
profissional da Ribeira Grande) que ‘há para aí 10 anos
teve lá [em Santa Iria] dois barcos de 15 metros com motor dentro.
Ou me engano ou estão em Santa Maria ou na Graciosa. Acho que era para musgo e
para pesca. Já não vão lá. Porquê? Já viste como está aquilo tudo ali?’[22]
E em 2021, o que vi em Santa Iria?[23] Vi uma ruína. Mais taludes caídos.
Rampa nova destruída. Rampa velha impraticável. Solário engolido pelo mar. Grande
parte dos panos da muralha caídos ao calhau. E nem sombra de embarcações.[24] E agora? Os meses, os anos rolaram e rolaram e em 2025, caíram
mais e mais taludes. E mais e mais panos de muralha. Entretanto, após esforço
das sucessivas Juntas de Freguesia e não só, após um concurso anulado, há um novo
(dizem que) aprovado. Está-se (dizem-nos ainda) em fase de expropriação de
terrenos (confinantes). Vai ser desta? Que destino irão dar a Santa Iria depois das
obras?[25] Uns
contentam-se com uma boa zona balnear, outros (mais ambiciosos ou talvez mais
realistas) desejam (além de zona balnear) um porto. Um dos maiores defensores dessa
última solução foi o Padre Edmundo Pacheco. Em 2012, já após a interdição, Edmundo
sonhava com um ‘(...) porto de Santa Iria
(…) aberto ao comércio, adaptando-se ao local uma doca flutuante (…).’[26] Manuel Câmara Baboso, mais um dos que – por falta de
condições -, trocou Santa Iria pelo Porto Formoso, entende que há lugar para a
pesca e para banhos: ‘Aquilo é o melhor sítio
para tomar banho e para a pesca.’ E propõe para aquele que (com o exagero próprio
de quem ama) considera ser o melhor porto da Ilha: ‘Depois do caminho e dos muros, era fazer dois molhes, um do lado Sul,
outro do lado Norte.’[27] Duarte Monteiro da
Silva, empresário da ‘Pure Sail,’ ‘no caso do Porto de Santa
Iria recuperado,’ sugere a instalação
de bóias. ‘Traria a possibilidade dos utilizadores das bóias desembarcaram
em terra e utilizar os serviços locais.’[28] Em terra (para pôr a render e
salvaguardar o enorme investimento) urge criar um espaço âncora. Que, além dos banhistas
dos meses de Verão, atraia visitantes nos restantes meses do ano.[29]
Entretanto, enquanto nada se faz, indiferentes, banhistas,
pescadores e barcos de empresas turístico-marítimas não arredam pé dali. Uma
dessas empresas usa o slogan: ‘A swim stop in the bluest Atlantic waters.’
Que tal?
Via
Litoral, Cidade da Ribeira Grande
[1] O porto de Santo Iria era um porto da salvação para
a gente. No barco do meu tio Sebastião cheguei a abrigar-me umas cinco vezes e
já com o meu pelo menos umas duas.’
Tavares Barbosa, Atenção ao porto de Santa Iria, Diário dos
Açores, Ponta Delgada, 28 de Dezembro de 1949, pp. 1-2: Um exemplo vindo do ano de 1949, de
Tavares Barbosa: ‘As famílias destes
pescadores, quando o mar se levanta de Este, já sabem que é impossível o
regresso dos seus entes queridos – esses heróis desconhecidos - e nessas horas
de incerteza e aflição já sabem que a esperança de salvação só está no Porto de
Santa Iria, e lá vêm em bando, homens, mulheres e crianças aguardar aqueles que
lá longe (…).’ Já aqui vararam nessas condições, duma só vez, 14 barcos de pesca.’ Todavia, o
porto degradava-se e não se faziam obras: ‘Hoje
isso é impossível, visto (o) respectivo varadouro não oferecer a segurança
necessária. Os pescadores sabem isso, com mágoa vão vendo desaparecer aquele
porto, que tanta vez lhes salvou a vida.’
[2] Porto Formoso de
vez em quando também era. E mesmo a Maia. Mas Santa Iria era o principal. Tavares Barbosa, Atenção ao porto de Santa Iria,
Diário dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Dezembro de 1949, pp. 1-2: Um exemplo vindo do ano de 1949, de
Tavares Barbosa: ‘As famílias destes
pescadores, quando o mar se levanta de Este, já sabem que é impossível o
regresso dos seus entes queridos – esses heróis desconhecidos - e nessas horas
de incerteza e aflição já sabem que a esperança de salvação só está no Porto de
Santa Iria, e lá vêm em bando, homens, mulheres e crianças aguardar aqueles que
lá longe (…).’ Já aqui vararam nessas condições, duma só vez, 14 barcos de pesca.’ Todavia, o
porto degradava-se e não se faziam obras: ‘Hoje
isso é impossível, visto (o) respectivo varadouro não oferecer a segurança
necessária. Os pescadores sabem isso, com mágoa vão vendo desaparecer aquele
porto, que tanta vez lhes salvou a vida.’
[3] Era-o (é bom
dizê-lo) também para os vizinhos do Porto Formoso e da Maia. Não faço a menor ideia se foi também
assim para o vizinho Porto Formoso. Ou para a Maia ou para os Fenais da Ajuda.
[4]Tavares Barbosa,
Atenção ao porto de Santa Iria, Diário dos Açores, Ponta Delgada,
28 de Dezembro de 1949, pp. 1-2.
[5]
Idem, p. 5.
[6] Testemunho de José
Vieira Sopapo, 8 de Agosto de 2025.
[7] Testemunho de
Maria Goretti Pereira, Março de 2021: (N. Livramento 26 – 12- 1934 – f. Ribeira
Grande - 22 -04-2011) Manuel de Medeiros Pereira foi o seu último guarda.
Instalado numa casa da Margem Direita da ribeira (diante da igreja) era também
residência do Guarda. Tavares Barbosa, Atenção
ao porto de Santa Iria, Diário dos Açores, Ponta Delgada, 28 de Dezembro de
1949, pp. 1-2: Um exemplo
vindo do ano de 1949, de Tavares Barbosa: ‘As
famílias destes pescadores, quando o mar se levanta de Este, já sabem que é
impossível o regresso dos seus entes queridos – esses heróis desconhecidos - e
nessas horas de incerteza e aflição já sabem que a esperança de salvação só
está no Porto de Santa Iria, e lá vêm em bando, homens, mulheres e crianças
aguardar aqueles que lá longe (…).’ Já aqui vararam nessas condições, duma só
vez, 14 barcos de pesca.’ Todavia,
o porto degradava-se e não se faziam obras: ‘Hoje
isso é impossível, visto (o) respectivo varadouro não oferecer a segurança
necessária. Os pescadores sabem isso, com mágoa vão vendo desaparecer aquele
porto, que tanta vez lhes salvou a vida.’ Acerca dos guardas, uns
mais amigos do que outros, na óptica dos pescadores, José Vieira Sopapo destaca
um (cujo nome esqueceu): ‘houve um guarda que deixava passar.
Foi o melhor guarda de todos os que conheci. Até dizia: vocês não roubem as
melancias todas tiram uma para comer. Era tudo quanto era bom.’
[8] Testemunho de
José António Lima, 30 de Outubro de 2021; Testemunho de Laureano Almeida, 31 de
Outubro de 2021: ‘Antes de Agostinho, durante anos, foi guarda-fiscal Gil
Paulino. Um homem bastante talentoso, havendo várias casas da Ribeirinha
projectadas por ele;’ Testemunho de Dinarte Ferreira Miranda, 31 de Outubro de
2021. É possível que haja registo de outros guardas anteriores no Arquivo da
Alfândega de Ponta Delgada ou no da GNR. Caso tenham sobrevivido ao tempo e à
moda do ‘eliminar.’ E antes de Gil Paulino, até onde a memória chega, foi o sr.
Ezequiel Miranda. Lá em baixo, no porto havia uma casota de madeira, com uma balança.
[9] Testemunho de
José Vieira Sopapo, 8 de Agosto de 2025.
[10] Testemunho de
José Vieira Sopapo, 8 de Agosto de 2025.
[11] Testemunho de
José Morgado Pixela, 10 de Agosto de
2025. [11] José Morgado Pixela, que frequentou o porto até se mudar para o Porto Formoso em
1981, lembra-se deles com mais
nitidez: ‘Eram umas chatas. Não tinham
motor, era a remos. Não se afastavam da costa. Apanhavam todo o tipo de peixe
que encontravam. Andavam pelas Prainhas.’ Dídio Ponte, outro que trocou
Santa Iria pelo Porto Formoso, lembra-se do
‘Jacinto Janeiro, da rua das Covas. O
Santa Maria. O Cabrita. O Carteiro. Jacinto Pequenino da Ribeirinha que era do
Cascalho e mora agora nos apartamentos. Com um barco de duas quilhas. Duas
proas. E (da Ribeira Grande) os amadores – como eu, o José Pixela, o Pedrinho
(teu cunhado).’ Testemunho Didio Ponte Cirino,
10 de Agosto de 2025.
[12] Testemunho de
José Manuel Sousa, vai fazer 81 anos, 10 de Agosto de 2025.
[13] Gaudêncio, Alexandre, Padre Edmundo Pacheco.
Histórias de um Ribeiragrandense, Câmara Municipal da Ribeira Grande,
2012, p. 233.
[14] Testemunho de
Laureano Almeida, 20 de Julho de 2025.
[15] Carta de Aires
Jácome Correia, 13 de Agosto de 1912, à Câmara da Ribeira Grande, cf. Sessão de
17 de Agosto de 1912, Livro n.º 53 (1910-1913), fls. 123 v – 124.
[16] Testemunho de
Álvaro Feijó, 30 de Outubro de 2021.
[17] Testemunho de
Eugénio Salvador, 30 de Outubro de 2021.
[18]
Tavares, Nelson,
Freguesia da Ribeirinha, Revista Ribeira Grande, n.º 9, Dezembro de 2003, pp.
11, 12.
[19] Através das fotografias, dá para
relembrar: Navegante D694PD; D1550PD; D645PD; JMP. Na rampa velha, duas chatas
e um barco de duas quilhas. Na rampa, António Elias, o velho peixeiro (com
irmãos e pais pescadores), pescava de cana com outros dois. Uma criança
acompanhava-os.
[20] Testemunho de
Pedro Cordeiro, 13 de Agosto de 2025. Do lado poente do Piquinho, um solário a que se acedia por uma ponte de
cimento. Solário feito (sem acompanhamento técnico?) com pedra que juntou por
ali. Daí terá resultado (alguém me explicou) a destruição da rampa velha.
[21] Testemunho de
José Carlos Garcia, 30 de Outubro de 2021. Talvez em 2011, a Secretaria Regional asfalta e alarga alguns pontos do
troço que vai do final da rua do Porto ao início da descida para o porto de
Santa Iria.
[22] Conversa com Manuel Câmara Baboso à noitinha do dia 11 de Agosto,
sentados no Passeio Atlântico, diante do espaço da casa onde nasceu e viveu.
[23] Artigos
publicados em Outubro/Novembro de 2021 no Diário dos Açores.
[24] Foi aprovado em Conselho de
Governo realizado a 26 de Outubro na Ilha da Graciosa. A 2 do mês seguinte foi
enviado para a Horta ao Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma
dos Açores.
As respostas e as muitas dúvidas, foram-me saindo em dezanove artigos. Que
incidi sobre a história passada daquele porto e o que poderia ser o seu futuro.
No Domingo,
dia 14 de Novembro, saiu o último número da nossa série inicial de dezoito
artigos sobre o Porto de Santa Iria. Segunda-feira, dia 15, guiado por mão de
marinheiro calejado, estreei-me a navegar em águas da ALRAA. PT, Após monótona
navegação, atraquei na ‘Proposta de
Decreto Legislativo Regional – Orçamento da Região Autónoma dos Açores para
2022,’ em cujo cais enfim avistei: ‘12.22.3
– Protecção e estabilização costeira do porto de Santa Iria – São Miguel –
(Investimentos) 785 320 – (Plano)
785 320 (outros fundos) 0.’
[25] Posso estar a ver mal,
mas não encontrei resposta nas Memórias Descritivas da Obra.
[26] Gaudêncio, Alexandre, Padre Edmundo Pacheco.
Histórias de um Ribeiragrandense, Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2012,
p. 233.
[27] Conversa com Manuel Câmara Baboso à noitinha do dia 11 de Agosto,
sentados no Passeio Atlântico, diante do espaço da casa onde nasceu e viveu.
[28] João Paz, Entrevista a Duarte Monteiro da Silva,
Correio dos Açores, 21 de Agosto de 2022; Conversa telefónica com Duarte
Monteiro da Silva, 24 de Agosto de 2022.
[29] Facultando-se (pequenos) espaços para café/bar, em que se
acopla um espaço de interpretação da vida daquela magnífica baía, espaços para
alugar a empresas ligadas ao mar: ligação (através de barco ou de outra via) à
onda das prainhas; pesca à superfície e submarina. E, não se julgue que
envolveria fortunas, há soluções simples e muito em conta: uma pequena marina
(que ligaria a ilha inteira)? Moura, Mário, São Miguel ganhou?, Correio dos Açores, 2022: Por exemplo: empresas ligadas ao mergulho, à pesca
desportiva, serviço de táxi aos surfistas que vão à onda das prainhas. Oferecer
no local a ‘interpretação’ de cinco
séculos de história, da geologia da baía.
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