Areais
Na área (e arredores) da cidade da Ribeira Grande? Dois, os
maiores da Ilha, e outros dois (talvez três, muito mais) pequenos.[1]
Os maiores, gêmeos siameses, seriam (ao longo da História geológica) separados pelos
biscoitos do Bandejo e da Cova da Burra.[2]
Ainda assim, em ocasiões muito raras, voltam a ser (apenas por alguns dias ou
até menos do que isso) um só areal.[3]
E os dois (mais) pequenos? Do lado nascente do Morro, ficam as Prainhas (de Santana). Primas de Santa
Bárbara.[4]
A nascente da Areia fica a (minúscula) priminha
Poças. Uma parente (recente e) inesperada.[5]
Há um terceiro, um areal com seixos, na Ribeirinha, a Prainha (acessível apenas
pelo calhau).[6] O areal do
litoral da Cidade é a Areia. Conhecido (também) por Areal, Areal da Conceição,
Areal da Ribeira Grande (para distinguir do da Ribeira Seca) ou por Monte Verde.
O outro, o maior da ilha, estende-se entre o biscoito da Cova da Burra e o promontório
(do Morro). É o (hoje celebérrimo) Areal de Santa Bárbara (que – por um triz -,
não desaparecia na década de noventa). É também conhecido por Areal da Ribeira
Seca. Que outras mais praias (de areia) existem
no Concelho? A poente: o Calhau da Furna (nas Calhetas) que na década de
noventa (à custa da areia de Santa Bárbara) quase foi areal. A nascente: os
areais do Porto Formoso (Moinhos, porto de pesca, Areia do Meio e do Cabo); o Calhau
da Areia (areal do porto de pesca na Maia) e a praia da Viola (de seixos e
areia) (Lomba da Maia/Maia).[7]
Que, em anos, é calhau.
Como via a Ribeira Grande (no seu todo) os
seus areais? Como (potenciais) locais de lazer, a Câmara
ignorou-os (totalmente) no Plano de Urbanização de 1960. Porém, já para finais
daquela década e inícios da seguinte, a atitude começaria (gradualmente) a
mudar. Ainda assim, de forma (bastante) ambígua. Pois que, enquanto olhava quase
só por obrigação para a Areia e Prainhas (Santa Bárbara era apenas uma
‘mina’ de areia), já olhava com interesse crescente para a Praia dos Moinhos. De
um modo geral, quer a Câmara quer a população, via os (seus) areais (todos eles)
com (muito, mas muito) respeitinho.[8]
Na Ribeira Grande (sede), por a costa ser baixa (ao alcance do mar) e de areão,
temia-se (como o Diabo teme a Cruz) a sua força destruidora. Que lhe arrancava
pedaços e engolia casas.[9]
Via (por isso) o mar com muita desconfiança. Que se saiba, a Areia (e o Areal
de Santa Bárbara), não terão sido portos como ainda o são os areais do Porto
Formoso (onde se deve incluir o dos Moinhos) e o da Maia. Ainda que – no início
do povoamento – possam eventualmente ter cumprido – pontualmente ou não – essa
função. Não há registo (que saiba) de a terra ter sido (alguma vez) pilhada por
piratas. Todavia, o medo (dessa possibilidade) teimava. Bem como o ‘medo’ dos espíritos (bons ou ruins). Mal
soavam as trindades, a Areia era (só) deles. Contava-se (muito a medo) na
Conceição (onde fica a maior parte da Areia) que de sete em sete anos, D.
Sebastião, montado no seu cavalo - acompanhado por outros mais cavaleiros -, subia
e descia a rua de São Sebastião. Corriam-se (então) cortinas e postigos. Acautelavam-se
as crianças. Ai de quem fosse apanhado a espreitar! Era esperar coisas ruins. Antes
de voltar ao mar, D. Sebastião ‘enterrava’
a espada (mesmo) no meio dos quatro
cantos (intersecção da rua Direita com a de São Sebastião).[10]
Era (ainda) na Areia que aos Sábados à noite (com a presença do Demónio) as ‘feiticeiras’ e ‘bruxos’ iam ‘dançar’ à
roda de fogueiras.[11]
Areia que - além de separada da irmã Santa Bárbara -, ainda é cortada por três
linhas de água (foz da ribeira Grande, foz da levada dos moinhos e foz da
ribeira Seca). O mar era a última morada do que de mais sagrado se partia: imagens.
Como? Atirando-as (literalmente ou
por palavras) ao mar. Ou do que se temia. Certas ‘poções’ dos curandeiros, só
‘faziam efeito,’ se fossem (ritualmente) atiradas (de costas voltadas) ao mar. Mas
era também de tudo o mais que não prestava (lixo). A Areia era (além do mais) o
território dos (mais) pobres da Ribeira Grande, dos que viviam no Curral, na
rua do Saco, na rua da Praia, na Vila Nova, no Bandejo. [12]
Território cuja fronteira se situava (sobretudo) na rua Direita (território dos
Senhores da terra). Havia no Areal (além das três linhas de água) outros
espaços (de fronteiras porosas). Ali e nos calhaus vizinhos, pescava-se (algum)
peixe ou apanhava-se marisco.[13]
Ou partia-se a pedra para calçadas e casas. Os lavradores ‘iam aí dar de beber água salgada a gueixos, vacas, bois, cabras e
cavalos.’ Para serem saudáveis, faltava-lhes o sal.[14]
As lavadeiras estendiam lá a secar (sobre a areia ou em pedras próximas) a
roupa (a sua e a das senhoras da rua Direita). Que haviam lavado na água da vala
dos moinhos ou na da ribeira. Daí se retirava a areia (muito pouca) para as
calçadas (isso mais de meados do século XX para cá).[15]
E a relação dos da rua Direita para cima com
a Areia? Ainda de mais medo. Ainda na década de
sessenta e mesmo depois, querendo meter medo aos mais afoitos, pais, avós (da
rua Direita para cima) repetiam como (se fosse) um mantra que aquele mar era um
mar de ‘morte certa.’[16]
Contavam casos (escabrosos) de mortes, de cadáveres meio comidos por peixes,
etc... Aquele areal (e o de Santa Bárbara) era (e é) perigoso, pois, exigia (como
ainda hoje exige) um (bom) domínio das ‘manhas’
(entenda-se correntes) do mar da Areia.[17]
Manhas (bem conhecidas por quem
morava por ali) mas que (os de fora dali) só décadas mais tarde, graças aos
surfistas, pioneiros dos anos oitenta (os aventureiros), iriam conhecer.[18]
Apesar das ameaças, os mais destemidos, não faziam caso dos pais. A atração
pelo mar era irresistível. Das Poças faziam-se travessias (ida e volta) a nado
ao Bandejo, no final poente do Areal. Ia-se descansando. Parava-se. Um grande
esticão. Quem não aguentasse a tirada (dupla) regressava (envergonhado ou com
uma boa desculpa) a pé.[19]
No percurso, de quase um quilómetro de areia e mais uns bons metros da pedreira
das Poças Velhas, havia tempo para uns mergulhos. Ainda nesses idos de sessenta, apesar do forte apego da Ribeira Grande às (suas
mais do que tudo) Poças, já havia quem quisesse (sem deixar as Poças também) ir
à Areia e aos areais. Se a moda já chegara a algumas praias do Sul da Ilha,
por que não haveria de chegar ali? Os da rua Direita para baixo estavam sempre
no areal. Tanto mais (ainda) que era um sítio ‘discreto.’ Podia lá fazer-se o
que era vedado fazer nas Poças. A chegada à terra de ‘parteiras’ continentais,
com mentes abertas, deu outro empurrão. Por ser pouco frequentada, aproveitavam-na
para (e para deleite dos mirones) fazer (às escondidas) (lá ao fundo) ‘topless.’ E estudantes (no Continente e
em outro locais) de férias. Que vinham com hábitos de praia de areia. Para alguns jovens da Ribeira
Grande e alguns (seus) conhecidos de Ponta Delgada (e de outros pontos da Ilha),
ainda no tempo em que o aeroporto da Ilha era o de Santana, por haver ali uma
praia mais discreta (por ficar mais
afastada de casa, longe dos olhares paternos) e (porventura, um pouco mais segura),
por vezes, preferiam-na a Santa Bárbara (onde raramente iam) e à Areia (onde já
iam). Porque não tinham transporte, iam a pé a Santana.[20] O
areal de Santana (Prainhas), ‘há mais de
60 anos (…) era frequentado
maioritariamente pelo pessoal que trabalhava no aeroporto e alguns grupos
familiares de Rabo de Peixe. Além
destes, mas muito menos frequente, aparecia lá alguém das famílias que passavam
férias em Santana.’[21] É
a essa luz que se entenderá o pedido de apoio feito à Câmara de 13 de Maio de 1970 pela Junta de Rabo de Peixe: construir uma
ou duas barracas e melhorar o acesso àquela praia.[22]
O que a Câmara acedeu. Terá sido (ainda
antes da praia dos Moinhos) a primeira praia (de areia) concelhia a ter
barracas? Se chegou (alguma vez) a tê-las, terá sido por pouco tempo. Ainda
na década de setenta, já lá só havia areia e mar. E era frequentada, ‘além de nós,’ pelos ‘seminaristas em férias.’[23]
A partir de 1974, acentuar-se-ia a tendência
de inícios da década. A frequência às praias de areia cresceu a olhos vistos.
A muralha social, separando os da rua Direita para cima dos de ‘lá de baixo,’ que (graças à frequência
das Poças) (já) havia aberto brechas na década de sessenta, na de setenta em
diante, haveria de provocar novo rombo. Deu-se, no ponto (exacto) em que a rua
de São Sebastião toca o Areal (entre a rua da Praia e o Monte Verde). Porquê? A
escola e o futebol forjaram (sólidas) amizades entre os de cima e os de baixo
da Ribeira Grande. Além disso, Abril de 74 destapou a tampa dos (apertados) usos
e costumes (em todo o lado e aqui também). A televisão, introduzida aqui em
Agosto de 1975, ajudaria a ver (em directo) outros mundos.[24]
A juventude da Ilha (quase sem atrasos em relação ao que se faz lá fora) adopta
novos hábitos. Sobretudo as raparigas, até então, muito ‘resguardadas.’ É a
época das boîtes. Da (maior) frequência
aos cafés. Que entram na política (em todas as barricadas). Dos encontros nas
praias até ao pôr de sol. Das conversas (noite dentro) no jardim. Jovens
(nacionais e estrangeiros) escolhem o areal para acampar. Isso tudo ainda (muito)
à mistura com o que vinha de trás. Em
1971, talvez por se considerar haver (ou em breve ir haver) um número ‘razoável’
de frequentadores da Areia, o novo Presidente (Fernando Monteiro) propôs ‘por
ser a via de ligação à praia da Ribeira Grande de maior importância e de mais
fácil acesso,’ o ‘arranjo (da) zona denominada Moinho da rua do Infante.’ Com o propósito ‘de criar condições de limpeza à mesma zona e
do futuro estacionamento de automóveis dos utentes da referida praia.’ A
Câmara prometeu verba para a obra.[25]
Nessa mesma vereação, propôs ainda melhorias no acesso à praia dos
Moinhos (no Porto Formoso).[26]
Já no tempo do Presidente Artur Martins, em 1978, seriam ali construídos dois
balneários.[27] Em
1979, planeava-se (ainda) um acesso pela Ladeira da Velha (o que me leva a crer
que a proposta de 1971 – em parte ou na totalidade -, não fora materializada). Também
se planeava, ainda em 1979, a construção de um parque de estacionamento para
servir ‘aquela zona balnear.’[28]
Por essa altura, a praia dos Moinhos (já) era procurada por gente vinda de toda
a parte da Ilha.[29] Seria a primeira praia de areia do Concelho
a abrir-se (decididamente) à nova moda.[30]
O que se passava (então) no resto da Ilha de
S. Miguel?[31]
Já (bem dentro) da década de sessenta, em Vila Franca do Campo, ‘ (…). na praia de Água
d’Alto algumas famílias, poucas, tinham a sua barraca de madeira que era
colocada no início do verão e retirada no fim. Onde se trocava de roupa, poucas
famílias tinham, talvez meia dúzia e a minha era uma delas.’[32] A disponibilização
ao público por parte das autarquias (Câmaras ou Juntas) de barracas, balneários
e de vigilantes, contribui para uma (assinalável) melhoria (e aumento) na
procura da praia de areia.[33]
Qual terá sido a primeira praia (de areia) da Ilha a estar sob alçada Municipal?
Pelo que consegui saber, terá sido a do Pópulo (praia Pequena) (logo na
abertura) da década de sessenta.[34]
Já lá existiam (então) barracas e balneários.[35]
O
que trouxe aos areais (da
ilha e da Ribeira Grande) a década de oitenta?
Uma volta (dir-se-ia) de (quase) 180 graus. Na Ilha, as praias do Pópulo, das
Milícias, de Água de Alto, da Vinha da Areia e (até) a dos Mosteiros, ganham
fama. A praia dos Moinhos é (então) a praia da Ribeira Grande (e de muita gente
da Ilha). O hábito (generalizado) do campismo e o aumento do parque automóvel,
torna-as (mais) acessíveis. Que acontece à Areia e ao Areal de Santa Bárbara? Sob
a pressão da construção, o Areal transforma-se no epicentro da exploração
industrial de areia destinada à Ilha inteira. A Areia (por seu turno) conhece
(por pouco tempo) as suas primeiras (e básicas) benfeitorias. Porém, apesar de ser
cada vez mais frequentada, a Areia ficaria (pouco depois, basicamente) entregue
a si própria até inícios do século XXI.[36] Mas
é então que a Ribeira Grande passa (finalmente) a Cidade. E entram em cena os ecologistas (das ondas: surfistas; dos
trilhos: Amigos dos Açores; do campismo: Escuteiros). Vou (tentar) ver (a
seguir) a sua (possível) influência na evolução da História dos areais da
Ribeira Grande.
Areia
(Cidade da Ribeira Grande) (continua) (Correio dos Açores, 22 de Setembro de
2023)
[1] Medidas através
do SIG (em linha recta de comprimento) (que me forneceu o colega André Franco):
Areal de Santa Bárbara (c.1000 metros); Areia (c. de 800 metros); Água de Alto
(c.550 metros); Milícias (c. 500 metros); Prainhas (Santana = c. 150 metros);
Poças (c. 20 metros).
[2] No SIG, em linha
recta c. de 1000 metros. Segundo a literatura científica da área da geologia, com
destaque, a produzida por Nicolau Wallenstein e Victor Hugo Forjaz.
[3] Em que se
conjugam marés muito baixas e correntes fortes que arrastam areia. Sou disso
testemunha. Além de outros de gente mais antiga e moradora naqueles lados. Os
cabouqueiros quando chegavam ao fim da rocha encontrava, areia.
[4] Segundo o SIG, o
Morro e sensivelmente metade da praia fica na Ribeira Seca/Rabo de Peixe.
[5] Uma praia que
era para continuar a ser piscina natural mas que – devido à construção de um
pontão -, passou a ser areal. Ocorreu entre
2003 e 2005.
[6] Testemunho de
Manuel Francisco Aguiar, 19 de Setembro de 2023.
[7] Para falar desses areais (com algum proveito científico) devo abordar alguns dos mitos (e das práticas) a eles associados.
De quem os livrou da ruína. Como não consigo perceber o que se passava nos
areais da Ribeira Grande sem ver o que se fazia (então) em outros locais da
Ilha, vou (tentar) espreitar o que se passava (por esta altura) nos areais de
Vila Franca (Vinha da Areia, Corpo Santo e Água de Alto) e nos de Ponta Delgada
(Pópulo, Melícias e São Roque).
[8] Ainda que não haja forma (segura) de
se conhecer (suponho) o que ali sucedeu do início do povoamento ao presente, é
possível (ainda assim) chegar-se a uma (sofrível) aproximação. Pelo que se
entrevê em alguns textos, pelo que se poderá comparar com outros lugares (por
exemplo no Sul da Ilha ou em Portugal Continental), e pelo que se vê nestes
nossos concretos, os areais foram lugares a frequentar o menos possível.
[9] Além do temor das ondas do mar, aqui
temia-se a força da água da ribeira, como testemunhou Gaspar Frutuoso). Por via
disso, a Ribeira Grande fortificou as suas margens. Enquanto a ribeira dava vida,
o mar trazia morte.
[10] Contou-me em
várias ocasiões o Padre Edmundo Pacheco. O que vim a confirmar em conversas com
outras pessoas. Não terá essa
lenda algo a ver com a destruição de uma (primitiva) ermida de São Sebastião
junto ao mar relatada por Frei Agostinho de Monte Alverne?
[11] Em que bases o
afirmo? Recolha de tradição oral. Já publiquei algo do que agora repito. Apenas
porque o conheço melhor, continuo a referir-me (mais à) Areia (diante da
Ribeira Grande).
[12] Havia separação
social bem definida. A rua Direita era a fronteira. No lado poente, ter-se-á
feito (em parte) o aterro para ligar a Vila Nova ao Bandejo para evitar que os
do Bandejo (também postos de parte da igreja de São Pedro, na Ribeira Seca para
cima) tivessem de passar pela rua do Mourato e a Rua Direita.
[13] Tal como em
terra as canadas e as áreas, no mar, os calhaus têm todos nomes: Bandejo (boa
lapa), Calhau da Mulher, Rocha da Terra, Rocinha Preta, Salitre, Regueira,
Calhau do Cabo e por aí em diante. O Tio Mariano Frade dizia-os todos numa
cantilena. Hoje (dia 18 de Setembro de 2023) contou-me o António Elias Câmara.
Sentados a um banco da Praça Hintze Ribeiro.
[14] Testemunho de
Mariano Alves, 16 de Setembro de 2023.Falei com um lavrador que o fazia (18 de
Setembro de 2023).
[15] Uma outra prática era a que na
freguesia da Lomba da Maia se fazia (e ainda faz). Ali havia (há) o costume de
na terça-feira da Festa de Nossa Senhora do Rosário ir à praia da Viola ‘comer os ossos.’ (restos da festa)
Dizer-se de um rapaz da rua direita para cima que era um ‘rapaz da Areia’ era o
mesmo que dizer que era mal-educado e (quase ou mesmo já) um ‘delinquente.’ Os (alguns, não todos,
claro) rapazes dali de baixo (os cá
de cima, por contraste, eram chamados de meninos),
fugiam (sem as mães saberem) para o Areal (por vezes) para escapar à escola. Lá
jogavam à bola (feita de qualquer coisa, mesmo de musgo) e tomavam banho (não
necessariamente no mar, mas nos poços que este e a ribeira faziam na areia). A
sua liberdade era (secretamente) invejada por muitos dos meninos bem comportados lá de cima. A Areia era (de
certa forma) também um espaço fora do alcance da ‘regra’ da terra. Tudo isso,
em graus diferentes, poderia (eventualmente) ser visto (igualmente) em Santa
Bárbara e (em menor grau) nas Prainhas (Santana). Testemunho de Mariano
Alves, 16 de Setembro de 2023.
Grupinhos de mulheres mais velhas da Ribeira Seca (logo pela manhãzinha) faziam
outro tanto no Areal de Santa Bárbara. Apesar
disso tudo, ainda nos anos quarenta, algumas meninas (bem) da rua Direita
ou mesmo algumas mulheres mais velhas (já) iam à Areia.
[16] Entre muitos
outros: Testemunho de Albano Moniz Furtado, Julho de 2023.
[17] Não há estatísticas (que saiba) sobre
isso, no entanto, pelo que me lembro dos últimos 50 anos, na Areia, lembro-me
de uma senhora que se suicidou (foi entrando pelo mar dentro); uma
menina de fora da Ribeira Grande que lá foi enquanto o ai negociava na Feira do
Gado – então ali ao lado; e de um jovem que morreu por congestão. Saiu de uma
festa de casamento, entrou vestido no mar. Era dali de baixo, mas já há anos
que ‘embarcara’ para a América.
[18] No meu tempo
(mais velhos do que eu) os que dominavam a natação era o José Francisco Ponte e
o José Pereira. E pouco mais. O resto aguentava-se à tona de água. Hoje, o
facto pode parecer estranho até inacreditável, mas na verdade muitos (então)
nem sabiam nadar. E entre os que o sabiam, poucos dominavam mais do que um
estilo de natação. Nadavam de uma maneira muito rudimentar. Como se aprendia
(então) a nadar? Aqui (o básico) aprendia-se tanto no mar (Poças) como na
ribeira (valas e poços). Quem (ainda) não soubesse, olhava com atenção para
quem (já) soubesse e (depois) era ir tentando fazer igual ou parecido. Em regra,
os mais novos aprendiam com os mais velhos. No porto de Santa Iria, de férias,
o Padre Jacinto Almeida tinha paciência (suficiente) e jeito para ensinar
natação. Na Maia, era o Professor Aurélio Botelho que o costumava fazer. Depois
de 1972, o Professor Jorge Amaral Borges (professor do Externato da Ribeira
Grande) ensinava os seus alunos.
[19] Testemunho de
João Luís da Silva Melo, 12 de Setembro de 2023.
[20] Testemunho de
João Pereira, 15 de Setembro de 2023. Aliás, faziam-no (até) com (alguma)
frequência para ir ao Café.
[21] Testemunho de
Alípio Marques, 15 de Setembro de 2023
[22] AMRG, Actas
Ribeira Grande, Vereação de 13 de Maio de 1970, fl.75 v. Os livros das actas
deste período (e de mais períodos) por negligência foram destruídos.
Informam-me de que uma inundação. Outros de que durante obras foram destruídos
pela água. Lamentável. O acesso anterior era feito pela canada que dividia a
Ribeira Seca de Rabo de Peixe.
[23] Testemunho de
Fátima Senra, 19 de Setembro de 2023.
[24] Como ajudou (nisso) o cinema sem
censura. Os jornais. As músicas.
[25] Vereação de 26
de Maio de 1971, fl.154.
[26] AMRG, Actas
Ribeira Grande, Vereação de 26 de Maio de 1971, fl.154.
[27] Acta de 7 de
Junho de 1978, fl. 84.
[28] Actas, Vereação
de 18 de Julho de 1979, fls. 177 v -178.
[29] Naquela freguesia, da igreja para
Baixo (lado Nascente), dos Calços e de São Brás, iam às praias do porto de
pesca e a um areal ao lado (do porto) chamado areia do Meio e do Cabo. Da
igreja para cima, ou seja do outeiro para cima, da Ribeira Seca e Moinhos iam
para a Praia dos Moinhos.
[30] A Turmoinhos, uma parceria de Hermano
Mota com a prima Luísa Isabel Mafra. Não deu certo. Uma outra iniciática de Ted
Smith um antigo internacional inglês e treinador de futebol profissional em
Portugal Continental. Chegou a treinar equipas de vários níveis em S. Miguel.
Fora criada uma empresa com objectivos de desenvolvimento turístico.
Constroem-se casas de veraneio.
[31] Testemunho de
António Cymbron, 15 de Setembro de 2023. Na Praia de São Roque, em Ponta Delgada, ainda na década de cinquenta,
havia quem houvesse construído uma casa na praia para si, para a família e para
alguém conhecido. A praia era segura. Segundo o mesmo informante, o Pópulo,
ainda na década de cinquenta era frequentado pelas famílias que tinham casa na
área. Um destas era a do Mr. George Hayes. Recorrendo ainda ao mesmo
informante, em Vila Franca, a praia da Vinha da Areia (antes de ser vedada após
ter sido adquirida pelas Francesas) era a preferida. Em Água de Alto, uma praia
dentro da Freguesia, era (também) já frequentada. Mas entre todas as da Vila, a
do Corpo Santo (mesmo no seu coração) era a mais concorrida.
[32] Testemunho de Ricardo Rodrigues, 30 de Julho de 2023.
[33] Os esbocetos (e os Planos) de
Urbanização de 1960 de Ponta Delgada e da Ribeira Grande (casos que melhor
conheço) já o previam.
[34] Não consultei
Vila Franca, Lagoa, Povoação, etc.. Na do Pópulo, além de documentos visuais, Aquela praia fazia parte do Plano de
Urbanização (de Ponta Delgada) de 1960.
[35] Riley, Carlos,
(texto), Época balnear: Vale das Furnas, Documento do mês, Junho de 2022:
fotografia Caixa 10, n.º 109; Caixa 10, N.º 24.
[36] Mário Miguel, Presidente da Junta. E, pouco depois, pela Câmara do Presidente Ricardo Silva e agora pela do Presidente Alexandre Gaudêncio.
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