O Resgate de Santa Bárbara
Se era uma entre (muitas) praias de
areia da ilha, por que foi ela (e não uma das outras) a escolhida para abastecer
de areia a Ilha (inteira)?[1] Porque
ficava na Ribeira Grande e a Ribeira Grande era a grande fonte de matéria-prima
da ilha. Além do mais era a maior e a mais larga praia de todas. Com (extraordinária)
capacidade de ‘recuperação’ (de areia).[2] E
era (ainda) acessível.[3]
Porque não a do Monte Verde (Areia)? Partilhava de características idênticas às
de Santa Bárbara. Provavelmente, porque a do Monte Verde (Areia) ficava no
coração da Cidade da Ribeira Grande enquanto Santa Bárbara ficava ali (num lugar) longe da vista (logo,
longe do coração). A escolha terá sido (ainda) uma (verdadeira) bênção dos céus
porque as terras à sua volta (o Sarraçaco)
pouco ou nada valiam. Muito por culpa da areia (soprada) e ao ‘salgado’ do mar. Livrando-lhes daquela ‘peste,’ a extracção poderia (acreditava-se
nisso) valorizá-las. Além de tudo isso, o mar (ali) era (mais) perigoso
(dizia-se). Ora, se antes Santa Bárbara fornecia (quase só) areia (para as ‘camas’ das calçadas), a partir de então passaria
a fornecer areia (sobretudo) para ‘fazer’
betão. A pressão da construção, iria exigir (logo e já) toneladas (industriais)
de metros cúbicos de areia. Santa Bárbara forneceu a Ilha inteira (e dizem que
não só) durante toda a década de oitenta e a maior parte da década seguinte. Em
1978, a extração (já) pertencia à Junta de Freguesia. Em 1985 passou para a
alçada da Câmara da Ribeira Grande.[4] Ora,
enquanto não foi encontrada uma alternativa à areia de Santa Bárbara, Governo,
Câmara, Junta de Freguesia e empresários da construção civil dependeram
(unicamente) da areia de Santa Bárbara. Legalmente, a exploração terminou em
Outubro de 1992. No entanto, teimou em prosseguir (ilegalmente) até (pelo
menos) finais de 1997.
O
que era aquilo ali (em baixo) em Santa Bárbara? No século passado, nos idos de cinquenta
e inícios de sessenta, ainda não havia (ali) uma única casa na rua do Areal (das
15 que hoje ali se encontram). Maria da Glória Alves, 89 anos, diz: ‘Tinha 25 anos [1959-1960], quando casei é que então começaram a fazer
ali casas.’[5]
Em 1968, o investigador Eduíno Borges Garcia, quando andou a estudar as olarias
do Bandejo (ali ao lado), não lhe fez (absolutamente) qualquer referência.[6] Em
1980/81, ainda não se haviam construído (todas) as casas que hoje se vêm naquela
rua. Maria Odília: ‘Moro aqui há 42/43
anos [1980/1]. Era quase tudo
pedreira. Não havia estas casas todas. Depois começaram a fazer casas.’[7] Chegava-se
lá (a Santa Bárbara) através de um estreita canada ladeada por muros de pedra
solta. Ou por carreiros sobre a rocha. Tal como sucedeu ao centro da Ribeira
Grande, ali também se verificou um corte (no caso da Ribeira Seca) entre os da
igreja para cima e os da igreja para baixo: ‘Os patrões não gostavam de contratar gente ali de baixo. Diziam que
eram muito porcos.’ Porcos? ‘Porcos
no serviço que faziam [pouco apurado].’[8] E o ‘preconceito’ (ainda) piorou (na década de noventa) porque (alguns
dali) seriam (tidos como) a parte visível do ‘polvo’ do ‘garimpo.’ Só com a abertura da praia, foi-se, aos
poucos, ‘esbatendo’ a barreira social. Além de um ou outro dali que se atrevia
a ir ao mar, algumas (raras) pessoas ‘lá
de cima’ iam ‘lá abaixo’ ao mar
de Santa Bárbara. Para lá, ia, nos anos quarenta, manhã cedo, um grupinho de
senhoras a ‘lavar-se no mar.’[9] Mais
molhar os pés e pouco mais. Por alturas da (dita) Grande Guerra foram (lá) construídas (engenhosas) casamatas (e uma
posição de metralhadora no cimo do morro). É provável que (então) os militares
de ‘Lisboa’ dali à volta e de Santana
fossem (também) ao mar. Ou algum inglês ou americano (ligados à aviação)? E
(eventualmente) alguém surfou? Quem sabe. Em pequenina, Maria da Glória Alves recorda-se
(bem) de lá ir.[10]
Um testemunho ainda dos anos cinquenta ou já nos de sessenta, recordaria
(décadas depois) as tardes lá passadas: ‘Nesse
tempo, a areia estava ao mesmo nível dos campos de milho e fazia autênticas
rampas, que desciam para o mar. Esses eram dias de festa. Toda a família saía
cedo de casa e levava a sua merenda, os rapazes levavam os seus cachorros,
porque afinal também faziam parte da família, enquanto as meninas levavam as
suas bonecas de trapo. Só se iam embora ao final do dia, depois do pôr-do-sol.
Porque este momento do dia, na altura do Verão, é de uma natureza indiscritível
naquele areal.’[11] A
miudagem (antes de os surfistas ‘cavalgarem’
as ondas) ‘deslizava’ (acima e
abaixo) as enormes dunas de areia.[12] Tal
como nos Moinhos e na Areia (Monte Verde) e por toda a ilha, temia-se aquele
mar: ‘aquilo era a morte.’[13] ‘Os rapazes’ (vi isso vezes e vezes,
conta-me uma outra testemunha) eram corridos (dali até casa) à ‘frente da vassoura das mães.’ Muitos dos
que acabavam de ‘jogar à bola no
Sarragaço’ iam (também) dar (ali) um mergulho. Era (também) para ali que cabreiros
e lavradores (tal como em outras praias) levavam os seus animais para se livrarem
de ‘pragas.’[14] Dali
saía alguma (muito pouca) areia. E (muita, muita) pedra.
E
que actividades havia por ali?
Diz-me um industrial (reformado): ‘Tínhamos
as nossas pedreiras para lá [actual
Largo do Cabouqueiro. Antes Cova da Burra]. Até Abril
de 1974, a MICOL, que se mudou para a Estrada da Ribeira Grande, o José Dâmaso,
que se mudou para a Chã das Gatas, e nós [Agostinho
Ferreira de Medeiros ‘Requeima,’ (n.
28.01.1921 – f. 16.08.1977)]. Na década de oitenta fomos para a Boavista. Ainda ficou o Francisco
‘Tabuga.’ [Francisco Botelho Júnior (n. 1929 – f. 1993]. Que também fazia blocos de pedra e de cimento. Feitos à mão.’[15]
Maria Odília Medeiros, uma moradora, visualiza-me
aquilo ali: ‘Ali [Quase a tocar no parque de
estacionamento, à esquerda onde nos encontrávamos] havia o forno da telha do Francisco Giesta, hoje é do [Luís Carlos
Ferreira] Moço, mas já não faz telha.
Havia ali um fundão com areia. Hoje está cheio. Ali [Um pouco à direita de onde nos
encontrávamos] era a britadeira do Francisco Tabuga.’[16] No
espaço, hoje ocupado – em grande parte -, pelo parque de estacionamento, os
cabouqueiros esburacavam (na pedreira) à procura da pedra certa para calçada e
calçadinha (joga). Que vendiam às empresas.[17] Quando começaram a tirar areia dali do
areal (para a construção)? ‘Meu pai
foi dos primeiros. Um familiar nosso que trabalhava na Base das Lajes
arranjou-nos umas tiras metálicas que se metiam na areia para o camião poder
passar. Depois é que vieram os outros.’[18] E
quando terão deixado de tirar dali areia? Legalmente acabou em Outubro de 1992.[19] Isso
(só) foi possível porque, em 1990, perante a (quase) exaustão do areal - para o
final, as caterpillars já operavam
com as rodas metidas dentro de água ou tinham que ir junto à barreira tirar
areia lá ao fundo -, e perante a ‘feroz’ concorrência
entre empresários, o preço da areia (simplesmente) ‘disparou.’ Então, para se safarem,
alguns empreiteiros investiram em novas soluções: ‘No dia 21 de Fevereiro de 1990 inauguramos isso aqui em cima na
Bandeirinha.’[20]
Ou seja a areia extraída do tufo. ‘Dois
ou três anos depois do Sr. Luís Franco [começou em 1992] estávamos a dragar areia do mar. O José do Couto talvez tenha começado o
mesmo em 1995/96.’[21]
Mesmo com essa ‘nova’ areia, não iria
ser (nada) fácil acabar com o (lucrativo) ‘negócio’
da areia de Santa Bárbara.[22]
Ainda em Novembro de 1997, o Açoriano
Oriental titulava um artigo: ‘Polícia
desmantela o polvo da areia.’[23] A
fome de areia era tanta (e tal) que
houve quem arriscasse a tirar areia do Areal (Areia).[24] Atenta,
a oposição na Câmara, faz soar (com sucesso) o alarme.[25]
Entretanto,
a Ribeira Seca (e
a maioria das restantes freguesia da cidade da Ribeira Grande), haviam (já) despertado para o interesse (balnear)
daquela praia. Os mais velhos lembravam os mais novos de que iam (em tempos
da sua juventude) ali à praia. Os manifestos eleitorais de (quase todas) as
forças políticas concorrentes à Junta (já) prometiam acabar com a (extracção
da) areia e fazer dali uma praia.[26] Tanto
mais que, enquanto Santa Bárbara lutava pela sua sobrevivência, a praia dos
Moinhos ganhava em importância. Em 1992, realizar-se-ia (ali) de novo o ‘habitual Festival de Rock na Praia dos Moinhos,
tão ao agrado da nossa população.’[27] Toda
a gente via (e cobiçava) o sucesso da Praia dos Moinhos (muito mais pequena): ‘por que razão a gente tem de ir aos Moinhos
ou às Milícias com uma praia melhor aqui?’ Enquanto a situação não se
resolvia, a Ribeira Seca agia. Sobretudo o seu Presidente (e equipa). Mal parou
a extração de areia pela Câmara em Outubro de 1992, gente lá de ‘cima’ da Freguesia começou (quase militantemente)
a frequentá-la. Além de ir apanhar banhos de sol, viam (pelos surfistas, que
nunca a abandonaram) que se podia (sem medo) ir ao mar. Foram eles (estou em
crer) que arrastando amigos e conhecidos, forçaram o poder (municipal e
regional) a fazer algo por Santa Bárbara. Enquanto isso, a praia ganha um
aliado inesperado (e insuspeito). Que desequilibra a relação de forças a favor
de Santa Bárbara. Como sofressem a concorrência desleal dos ilegais, os
areeiros legais aderem (indirectamente) à causa. A partir de então, por
convicção ou pressão, eleitos locais de todos os quadrantes políticos tomam
medidas.[28]
Tenta-se dar uma nova cara à área. Em 1994, já com novo Presidente na Junta da
Ribeira Seca, a Câmara tinha (no PDM) propostas que iriam tornar aquele espaço (num
futuro muito próximo) ‘numa área de lazer.’[29]
O mesmo Presidente (e equipa) toma a iniciativa de propor ‘melhoramentos na área envolvente ao areal de Santa Bárbara.’ E partilha
o projecto com a Câmara.[30]
Denuncia-se (abertamente) os atentados ambientais (ali ocorridos).[31]
Surgem (com insistência) artigos nos jornais e há reportagens na televisão.[32]
E a praia? Em Agosto de 1996, um
abaixo-assinado propunha (à Câmara) a abertura não só da praia de Santa Bárbara
mas da do Monte Verde (a Areia).[33] Para
aquela época balnear. No entanto, nada se faria. Antes de abrir a praia, era
necessário correr (uma vez por todas) com os ‘garimpeiros da areia’ (e com quem
lucrava com eles). Em 1997, a escassos meses das eleições, a Câmara Municipal
da Ribeira Grande, naturalmente desejando colher frutos, finalmente, chegaria a
acordo com as ‘entidades envolvidas no
processo de proibição de extracção e venda de areia.’[34] As
acções (agora) são ‘a doer’ e começaram
logo em Julho.[35]
Reeleita e livre (ou a caminho disso) da exploração ilegal, a Câmara avança
para a praia. Mas ainda havia um outro obstáculo a transpor (e igualmente
difícil): convencer o capitão do porto de que Santa Bárbara poderia ser uma
praia como outra qualquer. Em Março de 1998, por ‘ser procurada cada vez mais por parte dos banhistas,’ urgia dar-lhe
(algumas) condições.[36] As
coisas pareciam estar bem encaminhadas, já ninguém (ao que parece) tirava dali
areia, até que (naquela praia ainda não vigiada mas já muito frequentada)
acontece algo inevitável: um acidente mortal.[37] Tinha
16 anos, chamava-se Rui Filipe Ferraz Lima. Morreu afogado no dia 7 de Junho de
1998. Não sabia nadar. Apesar de viver na Vila Nova a dois passos do Areal
(Monte Verde), preferia ir a Santa Bárbara. Diz o pai que o filho ia lá para
encontrar uma ‘rapariga’ de quem gostava. Era para estar a tomar conta de
vacas, mas trocou com um amigo. Foi no Domingo da Trindade. Ainda o viram a
esbracejar a tentar pedir socorro. O seu corpo ficou três dias no mar. Às 6
horas da tarde de quarta-feira, dia 10 de Junho, dia de Portugal, alguém
encontrou-o morto na areia. Foi sepultado no dia seguinte.[38] A
tragédia veio nos jornais, na televisão e na rádio. As autoridades responsáveis
recuaram.
Como me explicou o então vice-Presidente Filomeno Gouveia: ‘Foi antes necessário vencer a oposição de alguns capitães do porto de Ponta Delgada. Até que chegou um de ideias abertas e aberto à abertura daquela praia. Foram alguns mergulhadores da marinha pesquisar o melhor local para banhos. Descobriram que seria no local onde ainda hoje esta [presentemente há um outro ao fundo].’[39] Já prestes a chegar ao Verão de 1999, um vereador da oposição pressiona a Câmara. Esta responde-lhe que iria dotar (a praia) com as ‘infraestruturas,’ tais como ‘o nivelamento do espaço da entrada do recinto para servir de parque de estacionamento, construção de duches e a aquisição do barco que se prevê para breve.’[40] Apesar da manifesta boa intenção, não abriria em 1999, nem tão-pouco em 2000, só o faria em 2001. O seu primeiro nadador-salvador foi o surfista João Brilhante. Nada mais justo. Veterano do tempo dos aventureiros (como eles se apelidam),[41] João Brilhante (aliás João Oliveira), diz-me: ‘mais amigos comecei a ir para Santa Bárbara antes das máquinas lá irem.’[42] Em S. Miguel, diz (por seu turno outro veterano) Pedro Arruda, quanto à ida aos ‘areais do Monte Verde e de Santa Bárbara era como se fôssemos à socapa. Enfrentávamos a oposição das nossas mães. Aqueles areais são perigosos. Repetiam-nos.’[43]
Três meses após a sua abertura, Luís
Noronha previa-lhe um futuro brilhante: ‘Este
Areal foi desaproveitado durante muitos anos mas ainda se vai tornar num dos
motivos de atracção da Ribeira Grande.’[44] E mais: ‘O Areal de Santa Bárbara, muitos me diziam há anos que era uma causa
perdida, ou porque os interesses da extracção da areia seriam incontornáveis,
ou porque seria uma praia condenada, porque o mar é mais perigoso do que em
qualquer outro lado. Afinal, na mais
segura piscina pode acontecer um caso alarmante, como relataram os diários do
dia 19 de Julho [de 2001], desde que
não se cumpram as recomendações divulgadas. Ora, uma praia que tem vigilância
com o sinal de bandeiras, com nadadores salvadores, com mota de água dos
bombeiros, com pranchas de surf (e respectivos surfistas) e outros meios de
socorro, que seja bastante frequentada, onde muitos olhos podem detectar
qualquer situação de pânico é muito mais SEGURA, do que o mesmo espaço, sem
nada do que se apontou e apenas com uma indicação – praia não vigiada. Para
além da segurança, tem espaços limitados para o banho, para jogos, para prática
de body board e surf, de modo a ninguém se sentir incomodado. Há espaço para
tudo isso, porque é uma extensão de mil metros de areia, comparados com os
escassos quatrocentos da Praia das Milícias.’ Acertou em cheio. Passados 22
anos, houve mais duas mortes. Dois turistas que nadavam em zona não vigiada. Já
fora da época balnear. E transformou-se de (quase) mártir a Super-Star!
Lugar das Areias (Vila de Rabo de
Peixe – Ribeira Grande) (continua)
(Correio dos Açores, 22 de
Outubro de 2023, p. 20)
PS: Afinal foi em 2002, pelo que
eliminei: ‘Nesse mesmo ano [2001], dotou a praia dos Moinhos com um (excelente)
parque de estacionamento e ‘cimentou’ o segundo troço da Ladeira da Velha.’
[1] No sul havia a
do Pópulo, a das Milícias e a de Água de Alto. No Norte, a dos Moinhos. Essas
eram só dos banhistas. E havia também os Mosteiros e a Ribeira Quente. Essas
ficavam (muito) longe.
[2] Em 2023, a areia quase já atinge as terras.
[3] Testemunho de Albano Moniz Furtado, 19 de Outubro de 2023. Industrial, filho de industriais, natural da Ribeira Grande e primeiro Presidente da AICOPA. É o interlocutor ideal.
[4] Deu (ao que se diz) muito dinheiro, porém, as contas deixaram muito a desejar. Uns até foram responder ao tribunal.
[5][5] Maria da Glória
Alves (89 anos), 11 de Outubro de 2023
[6] José Luciano Gonçalves Basto
(entrevista), Um ilustre etnólogo e arqueólogo açoriano fala sobre
a cerâmica popular das ilhas dos Açores :
Eduíno Borges Garcia, Sobral de
Monte Agraço, 1971.
[7] Maria Odília
Coroa de Medeiros, 12 de Outubro de 2023
[8] Testemunho de
Agostinho de Medeiros, 11 de Outubro de 2023.
[9] Testemunho de
Mariano Alves
[10] Maria da Glória
Alves (89 anos), 11 de Outubro de 2023
[11] Gaudêncio, Alexandre,
Murmúrio de sentimentos, Um tesouro redescoberto (menção honrosa
no concurso aventura literária, 2001, CMRG, Ribeira Grande, 2001, p.14.
[12] Testemunho de José
António Silva ‘Brinco’
[13]Manuel Rego
Furtado [c. 75 anos], 12 de Outubro de 2023
[14] Testemunho de
Mariano Alves
[15] Agostinho de
Medeiros, 11 de Outubro de 2023; Fernandes, Maria da Conceição, Os que da Lei
da morte se libertaram, Junta de Freguesia da Ribeira Seca, 1998; Hermano
Teodoro, As ruas da Ribeira Seca, Junta de Freguesia da Ribeira Seca, 2013.
[16] Maria Odília
Coroa de Medeiros, 12 de Outubro de 2023. Agostinho de Medeiros, 13 de Outubro
de 2023: Porque saíram dali as empresas
da pedra? ‘As pessoas começaram a
reclamar. As autoridades também.’
[17] Agostinho de
Medeiros, 13 de Outubro de 2023: Porque
saíram dali as empresas da pedra? ‘As
pessoas começaram a reclamar. As autoridades também.’
[18] Agostinho de
Medeiros, 11 de Outubro de 2023
[19] AMRG, Acta da
sessão de 25 de Setembro de 1992, fl. 5: ‘Extracção
de Areias do Areal de Santa Bárbara. Processo 26. Presente nesta reunião n.º
1553 de 10 do corrente da Direcção Regional dos Transportes e Comunicações
informando que findo 60 dias a contar do dia 10 do corrente [encerraria à volta
de 10 de Outubro] findará a extração de areia no Areal de Santa Bárbara
transportando-se para as instâncias oficiais responsáveis pela fiscalização da
orla marítima, o cumprimento daquela decisão.’ Pouco antes, a Câmara ainda
remara contra a maré: Moniz,
Manuel (texto), Nilton Vieira (fotografias), Privados com pedaços da Areia. Mar
engole quintais no areal de Santa Bárbara, Açoriano Oriental, 7 de Julho de
1992, pp. 1, 6,7-9: Resolução N.º 76/90 de 12 de Junho de 1991: Utilidade
Pública do Areal de Santa Bárbara. Câmara toma partido pelos empreiteiros;
Moniz, Manuel (texto), Nilton Vieira (fotografias), Acabaram-se as razões,
mas…Porque não fecha o areal, Açoriano Oriental, 17 de Julho de 1992, pp. 1, 8:
O Presidente publicamente assume o lado dos empresários da areia. Hospital do
Divino Espírito Santo (105 metros cúbicos diários de areia). Havia muita obra a
precisas de areia. As maiores em Ponta Delgada. Açoriano Oriental, 22 de Julho
de 1992, última página: Inauguração do Complexo das Piscinas (Ponta Delgada);
Açoriano Oriental, 19 de Agosto de 1992, p. 1: As obras da nova Biblioteca
começaram.
[20] Marco Vieira, 13
de Outubro de 2023.
[21] Marco Vieira, 13
de Outubro de 2023. Franco, Luís de Vasconcelos, Os escusado. De menino a ancião, 2019, p. 297: Luís Franco: ‘Na Madeira comprei um velho navio cheio de
problemas. Mas era urgente: a licença seria revogada se, em três meses, a
operação não estivessem funcionamento. Nesses três meses extraíram-se,
gratuitamente, da praia de Santa Bárbara, cerca de 100 mil metros cúbicos de
areia, alguma dela guardada em quintais e currais de porcos. Revendia-se a seis
mil escudos o metro cúbico. Belo negócio! (…) Em princípios de Novembro de 1992
comecei a extração.’
[22] Alguns
empresários (que já tinham o problema resolvido) e (alguns) defensores do
ambiente, querem que aquilo acabe. Teimando (só) ainda algum ‘peixe miúdo’
(sobretudo) dali de Santa Bárbara que (em certa medida) – sem o poder dos
grandes – terá pago por aqueles. Um ou outro empresário grado, no fundo do
areal, ainda retiraria (à socapa) areia. E outros tentariam (felizmente sem
sucesso) fazer o mesmo na Areia (que também sofreu com a extração ocorrida no
irmão ao lado, porventura, o último areal a ser salvo?). Açoriano Oriental, 14
de Maio de 1995; Fonseca, Ana Paula, Governo avança para a justiça, Açoriano
Oriental, 7 de Julho de 1996; João Paz, Exigido cumprimento da lei, A.O, 18 de
Agosto de 1997; Ana Paula Fonseca, Areia ilegal a Norte nas malhas da PSP,
A.O., 15 de Novembro de 1997. Acta sessão Câmara Municipal da Ribeira Grande,
16 de Maio de 1995: Os vereadores da oposição, insistem, na sequência de
denúncias publicadas nos jornais ‘que a
Câmara perante esta situação, deveria reforçar a sua intervenção junto ao
Governo Regional no sentido de ser ultrapassado o problema.’ Acta sessão
Câmara Municipal da Ribeira Grande, 21 de Maio de 1996: E, pelos mesmos
motivos, voltam à carga, acrescentando o caso de um lixeira próxima (dali), ‘a visibilidade desta Cidade, começa a estar
aliada a casos como este, ao amazónico cenário dos burros no areal de Santa
Bárbara e às notícias pormenorizadas dos acidentes de viação entre Rabo de
Peixe e Santana.’
Pressionada, a Câmara esclarece que a ‘autarquia havia já denunciado e encetado diligências junto dos
departamentos governamentais.’
[23] Açoriano
Oriental, 14 de Maio de 1995; Fonseca, Ana Paula, Governo avança para a
justiça, Açoriano Oriental, 7 de Julho de 1996; João Paz, Exigido cumprimento
da lei, A.O, 18 de Agosto de 1997; Ana Paula Fonseca, Areia ilegal a Norte nas
malhas da PSP, A.O., 15 de Novembro de 1997. Acta sessão Câmara Municipal da
Ribeira Grande, 16 de Maio de 1995: Os vereadores da oposição, insistem, na
sequência de denúncias publicadas nos jornais ‘que a Câmara perante esta situação, deveria reforçar a sua intervenção
junto ao Governo Regional no sentido de ser ultrapassado o problema.’ Acta
sessão Câmara Municipal da Ribeira Grande, 21 de Maio de 1996: E, pelos mesmos
motivos, voltam à carga, acrescentando o caso de um lixeira próxima (dali), ‘a visibilidade desta Cidade, começa a estar
aliada a casos como este, ao amazónico cenário dos burros no areal de Santa
Bárbara e às notícias pormenorizadas dos acidentes de viação entre Rabo de
Peixe e Santana.’ Pressionada,
a Câmara esclarece que a ‘autarquia
havia já denunciado e encetado diligências junto dos departamentos
governamentais.’
[24] Fonseca, Ana
Paula, Extracção continua. Ilegais da areia no tribunal, Açoriano Oriental, 7
de Julho de 1996, p. 16.
[25] Acta sessão
Câmara Municipal da Ribeira Grande, 4 de Junho de 1996; Acta sessão Câmara
Municipal da Ribeira Grande, 18 de Junho de 1996: A (situação) Câmara (em
resposta) alega ir pedir uma reunião (urgente) com as entidades (ditas)
competentes.
[26] Desde 1986, colecionei
esses papéis que (segundo confirmei hoje, dia 19 de Outubro de 2023) não estão (como
deveriam) na Biblioteca Daniel de Sá ou no Arquivo Municipal.
[27] AMRG, Acta da sessão de 17 de Julho de 1992, fls. 2-3
[28] A Câmara – de
António Pedro Costa – Filomeno Gouveia como a oposição de Ricardo Silva -, e a
Junta – de Norberto Gaudêncio -, eleitas em 1993. A Assembleia Municipal. A de
Freguesia.
[29] AJFRS (Ribeira Seca), acta de 21 de
Janeiro de 1994, Actas da Junta de Freguesia, 4 de janeiro de 1994 – 30 de
Dezembro de 1999, fl. 4.
[30] AJFRS (Ribeira
Seca), acta de 28 de Janeiro de 1994, Actas da Junta de Freguesia, 4 de janeiro
de 1994 – 30 de Dezembro de 1999, fl. 5.: ‘Contactar o técnico de construção
civil, Senhor Paulo Jorge Rodrigues, a fim de fazer um esboço/projecto, da área
envolvente ao areal de Santa Bárbara.’ AJFRS (Ribeira Seca), acta de 11 de
Fevereiro de 1994, Actas da Junta de Freguesia, 4 de janeiro de 1994 – 30 de
Dezembro de 1999, fl. 6 v.: ‘No passado dia 9 (Com a Câmara) com vista à
solução (…): obras de melhoramento, rever a ligação do Bandejo ao Monte Verde.’
[31]AJFRS (Ribeira
Seca), acta de 11 de Março de 1994, Actas da Junta de Freguesia, 4 de janeiro
de 1994 – 30 de Dezembro de 1999,
fl. 7 v.: ‘Ficou o senhor Presidente de juntamente com o fotógrafo senhor José
Morgado (Fotolinda) de fotografar os seguintes locais: zona de entulho do
Bandejo n.º 41, onde o mar ameaça ruir com respectivos quintais: fotografias
essas destinadas a completar processo destinado a enviar a diversas entidades.’
[32] Por exemplo, a televisão entrevistas surfistas e
frequentadores daquela praia. Há uma série de artigos de Juvenálio Rego (membro
das Assembleias de Freguesia e Municipal). Por exemplo, Maria Imaculada
Gaudêncio (professora), esposa do Presidente da Junta da Ribeira Seca, eleita
pelo PSD, grande defensora do areal, é vereadora da Cultura. José do Rego,
eleito pelo PS, é outro grande defensor. O (poderoso) Vice-Presidente Filomeno
Gouveia é outro grande defensor. António Pedro (o Presidente), inicialmente
oposto à ideia, adere à ideia.
[33] Que (igualmente) se expropriasse ‘o caminho de acesso e
parque de estacionamento junto à praia, com posse administrativa imediata dos
mesmos de forma a ser possível utilizar a praia de uma forma normal ainda nesta
época balnear.’ E ‘que, a exemplo do que sucede na maior parte
das praias de S. Miguel, seja eliminado o caminho de acesso de viaturas à praia
prolongando o muro já existente e construído uma escada que apenas permita o
acesso a pé.’ O primeiro subscritor identifica-se como João F. Baldaria
Paiva Vieira. Ainda que falasse com
surfistas, responsáveis autárquicos, etc.. não consegui identificar este João
Paiva Vieira. Nem encontrar os outros subscritores.
[34] Fonseca, Ana Paula, Extracção continua. Ilegais da areia
no tribunal, Açoriano Oriental, 7 de Julho de 1996, p. 16.
[35] Fonseca, Ana Paula, Polícia desmantela na Ribeira Grande
negócio ilícito da areia. Areia ilegal a norte nas malhas da PSP. Polícia
desmantela o polvo da areia, Açoriano Oriental, 15 de Novembro de 1997, pp.1, 3
[36] Acta sessão Câmara Municipal da Ribeira Grande, 24 de
Março de 1998. Por essa (forte) razão, o ‘Presidente
alertou a Câmara para a necessidade de se reivindicar junto da Capitania do
Porto de Ponta Delgada para que a praia do Areal de Santa Bárbara [fosse] aberta ao público e como zona própria para
banhistas.’
[37] Testemunho de
Mário Simas, 27 de Outubro de 2023 (na altura vice-comandante dos bombeiros
voluntários da Ribeira Grande): ‘Recordo-me
que, na praia de S.ta Bárbara faleceu alguém estava a mesma a caminho de ser
licenciada para banhos pela Capitania e, no Monte Verde um luso canadiano
também ter perdido a vida. Datas!!!???’ Foi em 2009 (nota de 11 de Dezembro
de).
[38] Testemunho de
Maria José e Artur, pais do Rui Filipe Ferraz Lima, 28 de Outubro de 2023.
[39]Filomeno Gouveia, vice-Presidente da vereação de António Pedo
Costa, 11 de Setembro de 2023.
[40] Acta sessão
Câmara Municipal da Ribeira Grande, 4 de Maio de 1999; Acta sessão Câmara
Municipal da Ribeira Grande, 18 de Maio de 1999: Ainda naquele mês, aquele vereador, pedia novos
esclarecimentos acerca das medidas (porventura) já tomadas. O Vereador João
Furtado informou que se havia contactado ‘com
Empresas locais com vista à execução das obras a levar a efeito na Praia do
Areal de Santa Bárbara (…).’
[41] Como o gostam de
contrapor aos Betinhos de agora os que iniciaram a prática regular da
modalidade.
[42] Testemunho de
João Brilhante, 15 de Setembro de 2023.
[43] Testemunho de
Pedro Arruda, 9 de Agosto de 2023: que está a trabalhar a História da
modalidade nos Açores, a prática do surf, ‘torna-se
regular a partir dos anos 80. Já com regras. É a geração de 80-90. O
Primeiro Meeting de Surf data de 1985. Tem lugar na Praia do Pópulo. Há uma
primeira associação de surf ligada à Escola Antero Quental.’
[44] Noronha, Luís, A cidade e o mar (è necessário debater
para…), Estrela Oriental, Ribeira Grande, III Série, n.º 4, Setembro de
2001, p. 8.
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