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Moinhos



Moinhos 

Muito antes de ser praia de Presidentes, de Deputados, Secretários e Directores Regionais, de um inglês treinador campeão do Benfica, de um campeão Regional de Ralis, do Rei dos bifes, de empresários, de médicos, advogados, professores, etc. e tal, era (apenas) um (humilde) Lugar (do Porto Formoso) onde viviam camponeses, cabreiros e um ou outro moleiro.[1] Ali ‘vivia tudo do campo,’ diz-me Luís Faria Martins, ‘batata, milho, beterraba, trigo ervilha.’ ‘Era nas ladeiras, no Tomão e nalgumas chãs.[2] Duas lojas, uma até tinha taberna, ‘uma era do meu irmão José Viana, a outra, da tia Botelha,’ onde havia de tudo um pouco.[3] Não havia luz elétrica, nem água canalizada e a Ladeira da Velha (a principal via Nascente Poente da Ilha até ao século XX) havia sido substituída ‘pela estrada lá em cima calcetada com areia da praia dos moinhos.’[4] Tal como a Areia (da Ribeira Grande) aquela praia era ‘temida;’ dali saía a areia destinada à construção de casas e ao calcetamento de ruas e de estradas; ali ‘as mulheres’ lavavam roupa na ribeira do Limo e secavam-na na areia; ali, vacas, cabras e cavalos (umas duas vezes por ano) sortiam-se de sal e curavam-se de ‘empolas’ e mais mazelas; havia moinhos; os barcos varavam por ali (vararam pelo menos em tempos). Ali se ia aos sargos (na altura deles). Haveria (também) por ali lendas nas do género das da Areia? É provável. Até Santa Bárbara se tornar (graças ao surf) no (aclamado) areal internacional de hoje, os Moinhos reinaram indisputados (no Concelho – e talvez na ilha) por mais de duas décadas. Esta praia, sem dúvida, marca (ainda) a viragem das termas (no caso da das Caldeiras) para a praia. Para (tentar) ir desvendando os primeiros passos daquela praia, vou (recorrendo sobretudo à memória oral e a alguma documentação escrita) comparar o que aí sucede com o que sucede (pela mesma altura) aos areais da Ribeira Grande (o de Santa Bárbara e a Areia).[5] O resultado (apesar do meu esforço) é (como sempre) uma narrativa (incompleta e) provisória.

Como é que o Lugar dos Moinhos se transforma na praia dos Moinhos?[6] Tanto quanto (já) consegui saber, não sei se irei mais longe do que isso, ir ali ao mar tomar banho recuará (pelo menos, repito, pelo menos) à década de cinquenta do século XX. A ‘rapaziada’ dali (dos Moinhos) (mesmo não sabendo nadar) aproveitava para ‘se lavar no mar’ enquanto as (suas) cabras e vacas ‘ganhavam saúde’ na praia. ‘A água ficava amarela.’ Diz-me Laudalino Viana. Os (filhos e amigos) de Amâncio Faria e Maia (que explorava as fábricas de chá e a de espadana) também já lá iam. Quando e quem de fora dali começou a usar (mais) regularmente aquela praia?[7] Tudo aponta (ainda) para a família Machado Faria e Maia. Em 1959, Graça, quando casou com Roberto Faria e Maia foi viver para a Fábrica de Chá Porto Formoso. Ali morou vários anos: ‘ia mais a cunhada e sobrinhos para a praia dos Moinhos. Como se fosse algo do outro mundo, os miúdos dali, escondiam-se a espreitar-nos de trás de montes de areia. Às vezes viam lá ao fundo, na ponta da praia, os Marques Moreira. Que moravam no Campo de São Francisco em Ponta Delgada.’[8] E amigos da família. Como os da Gorreana (Hintze e Mota): ‘Ia lá com as minhas amigas Faria e Maia,’ diz-me Margarida Hintze Mota, ‘era ainda uma adolescente. Solteira. As mulheres que lavavam roupa no tanque, até estranhavam.’[9] Já casada, começou por alugar uma casa: ‘[encostada ao lado Sul do tanque de lavar roupa]. Depois, talvez em 1969 ou já em 1970, o Hermano em parceria com o João Lalanda (irmão da Graça, mulher de Roberto) compraram por 80 contos o moinho (do meio). [Do Sr. António Raposo] (que embarcou para a Califórnia).[10] E transformam-no em casa de veraneio.[11]

Entretanto, antes daquela compra, ‘a Casa do Moinho foi inaugurada em Julho de 1968.’ Como o sabe? ‘A minha filha tinha 15 dias e nasceu naquele ano.[12]Tomando (os irmãos Roberto e Leonor Faria e Maia) de renda ao Ti Herculano [o moleiro] a ponta final à frente do moinho, fizeram uma barraca de madeira.[13] Porquê em madeira? ‘Porque o Abel Mafra – marido da Luísa Isabel Bettencourt Mafra – ligado à marinha -, disse não era permitido construir a menos de x metros do mar.’[14] Como era a casa? ‘Tinha casas de banho, dois quartos. Ninguém dormia lá. Havia uma esplanada.[15]As refeições eram feitas na Fábrica lá em cima e trazidas para a praia. Havia sempre visitas e faziam-se serões agradáveis.[16] Por esta altura, ou alguns poucos anos depois, não muitos, no entanto, a Sr.ª Mercês Carreiro, da Lombinha da Maia (Lugar da Maia) ‘já viúva do Eugénio Pereira e amiga de D. Leonor Faria e Maia,’ segundo diz Luís Bettencourt, seu primo, que é testemunha do que diz, ‘fez de renda por 50$00 uma ladeira a uma senhora [cujo nome não se lembra]. Do lado de lá da ribeira do Limo que só tem entrada pela areia. Aí constrói uma casa de madeira onde passa o Verão. E aí recebe um grupo muito restrito de pessoas amigas.’[17]A casa tinha dois quartos, do lado do Porto Formoso, um salão amplo que servia de sala de jantar, uma Kitchenette, casa de banho (com sanita), no lado de fora, um duche.’[18]

E aquilo ali (ida à praia), diz-me um residente dali, que regressara a casa depois de ter estado fora, ‘começa vivinho em 1972. Já vinha gente da Ribeira Grande e do Porto (Formoso). Correram dali com as vaquinhas e as cabras.’[19] Havia (já) quem montasse na praia (ocasionalmente) tenda de campismo. E até (alguns) faziam nudismo. Em 1975, atraído pelo sossego dos Moinhos e de um bom investimento, Ted Smith, antigo jogador do Millwall (equipa inglesa) e treinador de sucesso do Sport Lisboa e Benfica, compra a casa de Luís Faria Martins por 150 contos: ‘Estava sentado à porta da minha casa. Isso logo no princípio do Verão. Apareceu-me num carro branco, um Opel, que veio pela Ladeira da Velha abaixo. O senhor é daqui? Esta é a sua casa? Num português que se percebia que não era português. Quer-me vender a casa? E o negócio foi feito ali mesmo.[20] Ainda assim, durante a semana, eram só três guarda-sóis naquela praia: o dos Faria e Maia, o dos Hintze Mota e o do Ted Smith e de Paula (a companheira). Pelo que, só aos fins-de-semana ia lá mais alguma gente. Não muita ainda.

Como a frequência à praia (entretanto) não parava de aumentar por toda a Ilha (e ali também), surgem oportunidades que valia a pena agarrar. Querendo melhorar a sua sorte, alguns moradores abandonam os Moinhos. Vendem (trocam ou alugam) as suas ladeiras e casas. Uns, mudam-se para o Ramal do Porto Formoso (onde ficavam mais próximos de tudo). Outros, vão para o estrangeiro (onde sonhavam com novas oportunidades). Foi um bom negócio para vendedores e compradores. Os dos Moinhos (consideravam) que vendiam por bom preço (o que causava inveja aos do Porto), os de fora que compravam (por seu turno, consideravam) comprar barato. Que fazer às casas compradas? Desenvolvê-las (na sua maior parte) para as alugar. Tanto quanto sei, quem põe em prática (sem mais demoras) essa ideia é Ted Smith (John Edward Smith 3 de Setembro de 1914 - Grays - Inglaterra - f. 18 de Janeiro de 1989 – Lisboa). Encontra uma solução prática. Logo em 1977 ou em 78, manda vir (de Lisboa) três casas pré-fabricadas.[21] Que aluga. Segue-se (ou já havia mas ainda não avançara) a formação de uma sociedade (informal), ‘não foram oficializá-la,’ diz Graça Faria e Maia, ‘pelos irmãos Leonor e Roberto Faria e Maia (a mãe, D. Gilda falecera em 1976 e o pai em 1962/3), e pelo Alferes Daniel Machado e esposa (moradores na Lomba da Maia).’ A ideia era arranjar as casas para as alugar. Desenvolver o turismo. Como chegaram às casas? ‘O José [Furtado] Pastor, feitor da Fábrica do Chá Porto Formoso [era ainda ou fora Regedor da Freguesia] conhecia quem ia para a América e dizia. E foram comprando.’[22] Aí por ‘1979 ou 1978, foi quando meu filho foi estudar para a América, por dificuldades, sem termos conseguido passar à construção e remodelação das casas, foi decidido vender o que tínhamos.’[23] Quem pegou na ideia ‘foi o Hermano Mota e Luísa Isabel (prima). Em finais dos anos setenta ou já em oitentas.’[24]Na casa [ou espaço?] ao lado do moinho construíram três apartamentos.’[25] Em finais daquela década e na seguinte ‘construímos umas 10, 12 ou 15 casas. Ora o meu pai foi comprando as casas e remodelando ou fazendo aos poucos. Tanto do lado esquerdo como do direito de quem desce.’[26] Diz Fernando Luís Mota. Alguma dessa gente, por exemplo, ‘o António Plácido,’ foi morar para o ramal do Porto Formoso.[27] Outros, porém, foram para a emigração.[28] O Dinis [Botelho Raposo] Caroucha, de 46 anos, trabalhador agrícola, em 1969, ‘para pagar as passagens para a Califórnia [levava a esposa e sete filhos para ir] vendeu a casa e uma ladeira ao lado. [29]

A praia dos Moinhos, que (já) deixara de ser (quase inteiramente) privada, exigia a entrada do poder público. Quem haveria de tratar das infraestruturas necessárias? Dos acessos, da luz elétrica, da canalização da água potável, da construção de balneários, de pagar a um vigia da praia, a nadadores-salvadores?[30] O que foi (sendo) feito a passo de boi estafado. Em 1982, a Junta de Freguesia do Porto Formoso (presidida por José da Ponte Raposo) ‘tendo em atenção a crescente afluência que se tem verificado no decorrer dos últimos anos àquela Praia,’ insistia na ‘(…) construção de balneários públicos na Praia dos Moinhos (…) bem como a colocação na mesma de recipientes para recolha de lixo.’ A Câmara (contactada pela Junta) informava ‘que aquela obra só seria exequível no próximo Verão (…).’[31] Apesar das (repetidas) promessas (e outras tantas insistências), passados dois anos, nada ainda fora feito.[32] Só seriam construídos em 1983.[33] A 11 de Agosto 1985, prova da importância que aquela praia (entretanto) havia ganho, José Soares (com faro para o negócio) abre o Bar dos Moinhos.[34] No Verão seguinte, em 1986, com o apoio da Junta de Freguesia do Porto Formoso, ‘para dar a conhecer o bar e atrair clientela,’ conforme nos confidenciou, organizou um festival em que teve os Engels (conjunto) como atracção principal.[35] Em 1987, haveria ali (ainda com o apoio da Junta de Freguesia), um segundo Festival de Música.[36] Era (já) Presidente da Junta João Furtado. Desde a década de oitenta, já lá havia o Manuel Luís (Cagarro) (o banheiro que não sabia nadar). Quando via ‘estrangeira’ em ‘topless,’ guardião dos bons costumes, gritava: ‘no moleixas, moleixas para dentro, aqui catolic!’ E um nadador-salvador (um deles foi o Álvaro Janeiro, conhecido por Barata). Ora, com mais gente a ir à praia, a Junta volta a insistir (sem qualquer sucesso) na necessidade (urgente) de construir um parque de estacionamento que faz muita falta na época Balnear (…).’[37]

Enquanto isso se passava nos Moinhos, o areal de Santa Bárbara descia aos ‘infernos.’ A Areia (o outro areal) dava (finalmente) uns (tímidos) passos (que pareciam) prometer. Acidentes graves ali ocorridos, no entanto, iriam adiar (mais uma vez) o sonho (já de barbas brancas). A piscina municipal, inaugurada em 1972/3, funcionava a meio gás por não se ter encontrado solução para problemas (técnicos). As Poças ‘rebentavam pelas costuras.’ Em 1978, ‘atendendo aos graves acidentes, alguns deles mortais, que tem acontecido naquele mar,’ foi colocado um sinal de perigo no Areal de Santa Bárbara.[38] O pior ainda estaria por vir: a extração em larga escala da (sua) areia. [39] Em 1985, a gestão passaria para a Câmara.[40] O que não traria nenhum benefício (antes pelo contrário). Em 1984, no Areal/Areia, parecia surgir uma renovada esperança. A Junta da Conceição de José Ledo, dava a boa nova à Assembleia: os balneários na Praia da Ribeira Grande’ seriam feitos ‘por administração (directa) da Câmara Municipal.’[41] E foram-no. E a colocação de duches. Naquele ano a OTL/Jovem ocupou-se da limpeza da praia. Promoveram-se (até) competições desportivas. Porém, azar: recusando-se a capitania a permitir vigilantes, ocorreram (ali) graves acidentes. Evitáveis? Fernando Monteiro (agora vereador eleito pelo Partido Socialista) perante isso propôs que fosse ali (também) colocado um sinal de aviso de perigo. Aqui chegado, vejo que me aproximei (presumo que razoavelmente) do quando e de quem adotou os Moinhos, percebi (presumo ainda) a razão da saída dos que lá moravam, todavia, reconheço, não ter aprofundado um ponto importante: o que viam ali que valesse a pena? E como se relacionavam com quem lá estava? Entretanto, chegados à década de noventa e a princípios do século XXI. Que sucede?

Praia dos Moinhos (Porto Formoso – Ribeira Grande) (Continua) (Correio dos Açores, 7 de Outubro de 2023)



[1] O Porto Formoso ia (lá) moer os seus cereais. Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, 1998, p. 185: ‘a ribeira do Limo, (…) onde há um moinho em que moem os moradores do lugar de Porto Formoso;’  187: ‘(…) a ribeira do Limo, onde estão os moinhos do Porto Formoso.’ Com a pressão, foram construídos depois os moinhos na Ribeira Seca. Outro Lugar do Porto Formoso. Na década de setenta do século passado, tendo tido quatro moinhos, ainda funcionavam dois. Observação e conversas na Ribeira Seca do Porto Formosos e na Praia dos Moinhos, 2-5 de Junho de 1988, Caderno com a imagem de um Arlequim; Entrevistas a Manuel Botelho da Costa (Herculano de apelido), 10 de Setembro de 1988. Diz-me que a 7 de Fevereiro fazia 59 anos, 3.ª Sebenta: ‘Foi moleiro desde criança, perto de 30 anos. Trabalhou nos três moinhos que, como dissemos, tinham a mesma mão. Dois eram seus, o do Caminho e o da Praia. O do meio é hoje (então e ainda) do engenheiro Hermano Motta, que fazia de renda. Morou no moinho do caminho.’ António Herculano: ‘Bem bom que isso acabou! Existiriam quatro moinhos – há muitos anos. Só são visíveis três que beneficiavam da água do mesmo poço. Extensão com três quebradouros. A água que alimenta estes três é da ribeira do Limo, que nasce no Espigão. O quarto moinho ia buscar a água a uma nascente antes do poço. Fraco no verão: iam moer à Ribeira Grande. Nota-se a influências dos sistemas do Porto e do da Ribeira Grande/Ribeirinha.’

[2] Testemunho de Luís Faria Martins, 30 de Setembro de 2023.

[3] Testemunho de Laudalino Viana, 30 de Setembro de 2023. A do Viana é hoje o Restaurante Maré Cheia. A da Tia Botelho fechou.

[4] Os aglomerados populacionais formavam-se em torno de terras (herdades). Podiam, ao longo dos tempos, crescer em torno de uma igreja/ermida, e tornar-se uma paróquia e freguesia, como foi o caso em 1980, de São Brás. Serem ‘engolidos’ pelo crescimento da freguesia (caso da Conceição, na então Vila da Ribeira Grande). Ou continuarem lugares. Como é o caso dos Moinhos e antes (geograficamente) a Ribeira Seca (logo a seguir ao ramal do Porto Formoso) e o Vale Formoso (mesmo antes dos Moinhos). Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV, ICPD, 1998, p. 185: ‘e desta ribeira do Mel [a segunda ribeira dentro da praia dos Moinhos] até a Gorriana, que atrás fica dita, é a freguesia do lugar de Porto Formoso, termo de Vila Franca do Campo; da qual ribeira para o ponente se começa o termo da vila da Ribeira Grande e vai subindo para cima a grande Ladeira da Velha.’ Em 1507 e durante muito tempo, talvez até à segunda metade do século XIX, a légua a Nascente do Pelourinho a Ribeira Grande caía na metade Poente do areal da Praia dos Moinhos. Era aí que o Concelho começava. Além da sua excelente localização, aquele lugar foi (certamente) escolhido pelas duas ribeiras que desaguam na Praia. E (pelas) muitas nascentes. Exemplo disso, é a nascente de água mineral da Helena. Ou as Termas da Ladeira da Velha. Boas ladeiras e chãs. Os Moinhos era o lugarejo que se seguia ao Lameiro, já na Ribeirinha. Daí se compreenderá (talvez) que os Moinhos tenham tido (e de certo modo ainda tenham) a ver mais com a Ribeirinha do que com o Porto Formoso. No início da praia (como local de banhos), a olho nu, ‘o pessoal’ da Ribeirinha não ficava trás em número dos banhistas naturais do Porto Formoso. Daí se compreenderá (talvez) que os Moinhos tenham tido (e de certo modo ainda tenham) a ver mais com a Ribeirinha do que com o Porto Formoso. No início da praia (como local de banhos), a olho nu, ‘o pessoal’ da Ribeirinha não ficava trás em número dos banhistas naturais do Porto Formoso. Além da sua excelente localização, aquele lugar foi (certamente) escolhido pelas duas ribeiras que desaguam na Praia. E (pelas) muitas nascentes. Exemplo disso, é a nascente de água mineral da Helena. Ou as Termas da Ladeira da Velha. Boas ladeiras e chãs. Os Moinhos era o lugarejo que se seguia ao Lameiro, já na Ribeirinha.

[5] E de relance o que sucede (em simultâneo) no Concelho.

[6] Antes convém dizer que por ali existem duas praias: a propriamente dos moinhos (c. cerca de 360 metros de extensão de areia) e a pequena praia do Ilhéu (ali ao lado com apenas c. de 120 metros). A dos moinhos é sulcada por duas ribeiras de água doce.

[7] Sem documento escrito e não o podendo correlacionar com o documento oral, tenho que ficar por este último. Pelo que, tenho que ‘relativizar’ discrepâncias (de datas ou mesmo de versões).

[8] Testemunho de Graça Lalanda Gonçalves Faria e Maia, 3 de Outubro de 2023. Uma fotografia colorida de (muito possivelmente de) Fernando Gago da Câmara Hintze (n. 4.04.1912 - f. 31-06-1961) que apanha parte do areal, do mar e o morro poente da praia dos Moinhos leva-me a admitir essa hipótese.

[9] Testemunho de Margarida Hintze Mota, Setembro de 2023.

[10] Vejo dois possíveis candidatos nas fichas de emigração: um, António Lima Raposo, proprietário de cinquenta anos, que emigrou depois de Maio de 1954 para a Califórnia com mulher e filho; outro, António Carreiro Raposo, trabalhador agrícola, de 46 anos, também emigrou pata a Califórnia, com mulher e quatro filhos, depois de Novembro de 1969. Açoriano Oriental, Paula Gouveia/Regional/2013 com 72 ANOS. De 1986 a 1993 foi Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande. Além de Hermano é possível que tenham entrado na compra o irmão Luís e João Lalanda. Este último era cunhado de Roberto Faria e Maia. O pai de António Raposo, tinha a loja que agora é do Luís dos Ovos. Chegou a ser Presidente da Junta, antes de José Pastor.

[11] Testemunho de Isabel Maria Wallenstein (Faria e Maia), 2 de Outubro de 2023. O que é corroborado pela D. Margarida Mota e pelo filho Fernando Luís Mota.

[12] Testemunho de Isabel Maria Wallenstein (Faria e Maia), 2 de Outubro de 2023. Há uma divergência quanto a quem alugou e fez a casa, enquanto Isabel Maria, que só ia lá em férias porque residiu no Continente, diz que foi Leonor, a tia Graça (mais velha e na Ilha), diz que foi também Roberto. Inclino-me para a versão de Graça.

[13] Testemunho de Graça Lalanda Gonçalves Faria e Maia, 3 de Outubro de 2023

[14] Testemunho de Isabel Maria Wallenstein (Faria e Maia), 2 de Outubro de 2023

[15] Testemunho de Isabel Maria Wallenstein (Faria e Maia), 2 de Outubro de 2023

[16] Testemunho de Graça Lalanda Gonçalves Faria e Maia, 3 de Outubro de 2023

[17] Testemunho de Luís Bettencourt, 4 de Outubro de 2023. Testemunho do Sr. Pimentel, irmão do 2.º marido de Mercês, 3 de Outubro de 2023: ‘O meu filho tem 53 anos e já lá ia com 2 anos, 2 anos e meio [1972-73].’ Depois acrescenta que em 1968/69.’ Qual data?

[18] Testemunho de Luís Bettencourt, 4 de Outubro de 2023: ‘Quando foi para fora com os pais deixou o António Guilherme Pimentel a tomar conta da casa. Irmão do seu segundo marido. Regressando, comprou a ladeira e fez obras na casa.’ Infelizmente, D. Mercês foi internada, pelo que não conseguiconfirmar.

[19] Testemunho de Luís Faria Martins, 30 de Setembro de 2023.

[20] Testemunho de Luís Faria Martins, 25 de Setembro de 2023. Informação de João Pacheco de Melo, 27 de Setembro de 2023: , era presidente o João Gago da Câmara. Em Novembro de 1974 ele cria um curso de treinadores e monitores de futebol (CA 26/Novembro/74) tendo por esta data também a AFPD criado uma comissão (Ted Smith, António Aguiar Machado e João de Brito Zeferino) para estudar a criação da categoria de Juvenis (só havia Juniores, e mesmo os juvenis só apareceriam aí por 1983). Acta da direcção da AFPD nº 11, 27/11/74. Chegara à Ilha em 1974 ‘mesmo em cima do 25 de Abril (e) (…) praticamente de seguida foi nomeado selecionador e colaborador da Associação de Futebol de Ponta Delgada. Testemunho de José António Raposo, 25 e 26 de Setembro de 2023: Antes disso vivia na Estrada velha da Ribeira Grande. Escolheram o Porto Formoso pelo sossego e investimento’ ‘A esposa, Paula Asplanato tinha o curso de psicologia e prestou serviço no exército norte-americano.’

[21] Testemunho de Luís Faria Martins, 30 de Setembro de 2023: ‘O mestre José Manuel Lopes, da Ribeira Grande, que embarcou ara o Canadá, foi quem fez os alicerces.

[22] Testemunho de Isabel Maria Wallenstein (Faria e Maia), 2 de Outubro de 2023.

[23] Testemunho de Graça Lalanda Gonçalves Faria e Maia, 3 de Outubro de 2023

[24] Testemunho de Isabel Maria Wallenstein (Faria e Maia), 2 de Outubro de 2023. Outra versão: Testemunho de Luís Faria Martins, 30 de Setembro de 2023. ‘D. Gilda Faria e Maia (viúva de Amâncio Faria e Maia) adquire casas por 10/20 contos: ‘compraram umas casinhas velhas na Praia e outras para troca no Ramal do Porto Formoso.’

[25] Testemunho de Laudalino Viana, 30 de Setembro de 2023.

[26] Testemunho de Fernando Luís Mota, 26 de Setembro de 2023. Em 1986, é oficializada a Sociedade Turmoinhos, Sociedade de exploração turística Ld., sita na rua dos Moinhos Freguesia do Porto Formoso com sede nos Moinhos, cujos sócios eram Hermano de Ataíde Mota e (a prima) Luísa Isabel Bettencourt pede à Câmara Municipal da Ribeira Grande (de que o primeiro era Presidente desde Janeiro) (e obtém o licenciamento) para construir e remodelar várias casas. [26] Segundo Licenciamentos da Câmara Municipal da Ribeira Grande (era Hermano Presidente da Câmara da Ribeira Grande). Em Maio, a remodelação de uma casa (rua Moinhos lado Norte); naquele mesmo mês de Maio, duas casas (de raiz) no lado norte da rua, e em Setembro, duas outras casas moradias (de raiz) (no lado sul da rua, travessa que dá para o Parque de Estacionamento.

[27] Testemunho de Laudalino Viana, 30 de Setembro de 2023.

[28] Arquivo do Museu da Emigração, Cidade da Ribeira Grande. Por exemplo: ‘Idalina do Espírito Santo Botelho Janeiro, casada, de 23 anos, da rua dos Moinhos, foi juntar-se ao marido em Vancouver no Canadá em 1963; em 1969, a família de Dinis Botelho Raposo (esposa e sete filhos), 46 anos, trabalhador agrícola, América do Norte (Califórnia); ainda em 1969, Manuel de Faria (e a esposa), de 60 anos, trabalhador agrícola, vai para o Canadá (Quebec); em 1972, José Leonardo de Faria Martins, de 26 anos, agricultor, para a América do Norte (Califórnia); em 1976, Manuel Furtado Costa, casado de 22 anos, trabalhador agrícola, para o Ontário, também Canada.

[29] Testemunho de Laudalino Viana, 30 de Setembro de 2023. ‘Ali construíram casas o Victor e o irmão António Crispim e os irmãos Fernando e Albano Vieira.’

[30] Vereação de 26 de Maio de 1971, fl.154. Era membro (no caso membro fundador) dos Amigos da Ribeira Grande e quer Hermano Mota quer Aurélio Ataíde (ambos membros daquele Círculo) tinham casa de veraneio ali (Aurélio na Ribeira Seca dos Moinhos). Em 1974, chegou a luz elétrica. Acta de 7 de Junho de 1978, fl. 84.Em 1978, já no tempo do Presidente Artur Martins, pensava-se na construção de dois balneários. Actas, Vereação de 18 de Julho de 1979, fls. 177 v -178. Em 1979, planeava-se (ainda) um acesso pela Ladeira da Velha e um parque de estacionamento para servir ‘aquela zona balnear.’

[31] AJFPF, acta da Junta da Assembleia de Freguesia do Porto Formoso, 27 de Setembro de 1980, Livro de Actas 1 de Maio de 1979 – 1 de Maio de 1982, fl. 9

[32] AJFPF, acta da Junta da Assembleia de Freguesia do Porto Formoso, 21 de Maio de 1982, Livro de Actas de 1 de Maio de 1979 – 1 de Maio de 1982, fl. 21, 24.

[33] AMRG, Documentos de despesa, Construção dos balneários na Praia dos Moinhos, Porto Formoso, Janeiro a Dezembro de 1983.

[34] Informação do próprio em Agosto de 2023.

[35] AJFPF, acta da Junta de Freguesia do Porto Formoso, 25 de Julho de 1986, Livro de Actas de 2 de Janeiro de 1986 – 9 de Março de 1993, fl. 4 v. Não era inédito, pois, dois anos antes, iniciara-se, na Praia Formosa em Santa Maria, a primeira edição do Maré de Agosto. E em 1976, nos areais da Praia da Vitória, realizara-se ‘o primeiro festival de verão pós-25 de Abril - e o segundo criado em Portugal.’

[36] AJFPF, acta da Junta de Freguesia do Porto Formoso, 30 de Maio de 1986, Livro de Actas de 2 de Janeiro de 1986 – 9 de Março de 1993, fl 8v. ‘Ficou ainda deliberado elaborar o programa para o Festival de música na Praia dos Moinhos.’

[37] AJFPF, acta da Junta de Freguesia do Porto Formoso, 30 de Maio de 1988, Livro de Actas de 2 de Janeiro de 1986 – 9 de Março de 1993, fls. 13 – 13 v.

[38] AJFRS (Junta de Freguesia da Ribeira Seca), Assembleia de 29 de Setembro de 1978, de Livro de Actas da Assembleia de Freguesia, 23 de Fevereiro de 1977 – 29 de Abril de 1988, fl. 8 v.

[39] AJFRS (Junta de Freguesia da Ribeira Seca), reunião da Junta de 2 0de Setembro de 1979, de Livro de Actas da Junta de Freguesia, 8 de Janeiro de 1977 – 27 de Janeiro de 1984, fl. 14. AJFRS (Junta de Freguesia da Ribeira Seca), reunião da Junta de 29 de Janeiro de 1982, de Livro de Actas da Junta de Freguesia, 8 de Janeiro de 1977 – 27 de Janeiro de 1984, fls. 22-22 v. AJFRS (Junta de Freguesia da Ribeira Seca), reunião da Junta de 26 de Março de 1982, de Livro de Actas da Junta de Freguesia, 8 de Janeiro de 1977 – 27 de Janeiro de 1984, fls. 23-23 v.E entram as empresas a matar: ‘dois requerimentos: o primeiro de António de Almeida Oliveira e o segundo da Firma A. R. Casanova; nos quais foi solicitado o pagamento da portagem de areia mensalmente. Deliberou esta Junta anuir ao pedido devendo o respectivo pagamento ser efectuado no primeiro dia útil do mês seguinte (…). Por se considerar que o (litoral), digo a orla marítima desta freguesia se encontra em degradação progressiva, nomeadamente o Areal de Santa Bárbara, foi deliberado propor à Capitania de Ponta Delgada e à Secretaria do Equipamento Social, para que os técnicos daqueles departamentos procedam ao estudo daquela área e das medidas a tomar com vista à protecção da mesma.’ AJFRS (Junta de Freguesia da Ribeira Seca), reunião da Junta de 23 de Setembro de 1982, de Livro de Actas da Junta de Freguesia, 8 de Janeiro de 1977 – 27 de Janeiro de 1984, fl. 27. A 23 de Setembro de 1982: ‘A verba para esta reparação (substituição do soalho da sede) provirá das receitas próprias da Junta nomeadamente da taxa de portagem, pela extracção de areia, no areal de Santa Bárbara.’ Para transportar a areia. Mas dava dinheiro: ‘Mais deliberou esta Junta dar conhecimento, do regulamento do Serviço de portagem, por ofício, à Junta dos Portos e ao Comando da Capitania de Ponta Delgada.’

[40] AJFRS (Junta de Freguesia da Ribeira Seca), Assembleia de 15 de Janeiro de 1985, de Livro de Actas da Assembleia de Freguesia, 23 de Fevereiro de 1977 – 29 de Abril de 1988, fls. 30- 30 v.

[41] AJFC(onceição) RG, Acta da Junta de Freguesia de 17 de Janeiro de 1984, Actas da Junta de Freguesia, 7 de Janeiro de 1977 - 30 de Setembro de 1986, fl. 32 v.

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