A
procissão fez as Calhetas – VI
Fez. Em parte.
Como? Dentro da igreja ou ao redor do seu adro ou pelas ruas do povoado ou
mesmo fora dele, ‘implorando misericórdia,
agradecendo ou tentando aplacar a ira divina,’ homens ou mulheres, ricos ou
pobres, senhores ou escravos, velhos, novos e crianças, ‘cada qual ocupando o lugar que o nascimento lhe destinara,’ ‘uniram’
as Calhetas da rua do Porto à rua da Boavista.[1]
Desde quando ali se fazem procissões?
Apesar de só serem conhecidas notícias (tanto quanto se sabe) para as sedes dos
Concelhos (e pouco mais), é (muito) provável que (todas ou algumas) comunidades
(à volta de ermidas ou de igrejas) também as fizessem. Mais modestas. Talvez
ocasionais. Se calhar, essencialmente, no interior dos templos. Mas também fora
deles.[2]
Além dessas, haveria (estou em crer) romarias. À ermida de São Pedro?[3]
Logo ali à frente. À ermida das Candeias? Também ali perto. Ou à da Senhora dos
Prazeres? Incluindo as romarias que os vizinhos fariam (por certo) à Senhora da
Boa Viagem.[4] E às
paroquiais (Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus)? Era obrigatório. E às (muitas,
entre as quais, o do Anjo Custódio, Senhora da Estrela, Senhor dos Passos e
Terceiros) que a Câmara patrocinava na sede do Concelho? E isso fez (foi fazendo) a identidade (nunca acabada) das Calhetas? Penso
que sim. E a procissão dos padroeiros?
A Festa de Nossa Senhora da Estrela, padroeira do Concelho da Ribeira Grande, vinha
já do século XVI. E os padroeiros das paroquiais a que o Curato das Calhetas
estava ligado? Não sei, mas (muita certamente) já as fariam muito antes de as
Calhetas fazer a sua. Hoje em dia,
realizam-se nas Calhetas duas procissões. A de Nossa Senhora da Boa Viagem:
a primeira (documentalmente) conhecida. Sai à rua no último Domingo de
Setembro. Em tempos que moram na memória dos mais velhos (e pouco mais), terá
saído em Abril.[5] No registo
‘escrito’ (do que apurei), celebrava-se
no primeiro Domingo de Setembro. A segunda é a da Ressurreição e do Senhor aos Enfermos. Não me sabem dizer ao certo
quando começou. Mas será (muito mais) recente. Festeja-se no Domingo de Páscoa.
Corre as ruas onde há enfermos.
Seria já assim antigamente? Não. Há notícia (confirmada) de um culto ‘à cabeça de São João Baptista.’ Haveria
procissão? Nem rasto deixou na memória dos mais velhos. Nem nos documentos. Um
enigma. Em finais de Abril de 1674, a importância que nas Calhetas se dava
àquele culto, levava – imagine-se -, a colocar a cabeça
de São João no altar-mor.’ Irritado, o bispo/visitador (talvez seguindo os preceitos saídos do Concílio de
Trento) ordenou: ‘(…) não
esteja patente como está, senão recolhida.’[6]
Desses dois cultos, apenas subsiste
(pujante) o de Nossa Senhora da Boa Viagem. Vamos (através dele) tentar ‘apreender’ o significado da festa nas
Calhetas. Para que remete o nome de Boa
Viagem? Terra? Mar? Céu? Tudo isso, conforme o crente? E a época? Vamos ver
que sim. Ora, a procissão, percorrendo (quase) rua a rua, (quase) casa a casa,
marcou o território das Calhetas e os habitantes das Calhetas. Rompia (como
sempre acontece nessas ocasiões) com a normalidade (rotina) dos dias de
trabalho. A festa à volta do adro da igreja. Dentro e fora da igreja. A música.
Os foguetes. O incenso. O repique dos sinos.[7]
As refeições ‘melhoradas.’ Roupas
boas. Convívio entre vizinhos. Algum excesso também. Teria sido assim no século XVII? Seria (inicialmente) uma festa (apenas)
reservada ao interior do templo? Até ao século XIX? Como a festa se centra à
volta do culto de uma imagem (do que ela foi representando para cada crente em
tempos diferentes) e de uma igreja/ermida, vou (tentar) ‘ler’ a ‘mensagem’ veiculada
pelas duas imagens (conhecidas): uma, do século XVIII, outra, do século XX. E (espreitar) o hino escrito e musicado (pelo
Frei António Martinho), muito depois da ‘chegada’
da segunda imagem. E (inclusivamente) depois do ‘chamado’ Hino Velho.[8]
A primeira notícia conhecida de uma procissão e festa (da padroeira) nas
Calhetas surge em 1876. Como o devo interpretar? Que nas (largas mas não exaustivas) buscas que realizei,
nada encontrei. Apenas isso. Pelo que (creio), deixará em aberto a
possibilidade de terem existido outras antes. Indícios dessa suspeita? Em 1836/37,
foi enviada (pelo padre e pessoas influentes da terra) uma ‘representação’ ao Bispo, onde aí se
pedia ao Prelado que a ermida de Nossa Senhora da Boa Viagem passasse a igreja
paroquial. Terminando (assim) a sua dependência à paroquial do Senhor Bom
Jesus. Já se haviam ‘libertado’ (antes)
da da Senhora da Luz.[9]
Não teria essa ‘ambição’ levado a ‘imitar’
a festa/procissão das suas antigas igrejas paroquiais? Não equivaleria isso a assumir
por completo o estatuto (desejado ou já adquirido) de paróquia?
Por que razão vou (agora) estudar a fachada (actual) da igreja da Senhora
da Boa Viagem? Porque era o cenário da encenação da festa. E a fronteira entre
o espaço sagrado no interior e o espaço exterior. O adro (não esquecer) era
(como que) a placa giratória da festa: seu ponto de partida e de chegada. Depois
de 1830 (e antes de 1896), modernizou-se a fachada. Porquê ‘lavar
a cara’ no século XIX a um edifício que é do século XVIII?[10] Uma
(primeira e bastante óbvia) razão será a de lhe dar mais luz. E (maior) imponência.[11]
Haverá outra razão (menos óbvia)? Não seria (também) (julgo eu) uma forma
(subliminar) de a igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem provar que era
‘superior’ à de Nossa Senhora dos Prazeres? Por que razão teria sido ‘recolocada’ a cartela com a data das (putativas)
obras de 1728 e não uma com a data das novas?[12]
Essa data, erradamente tomada como a da construção da igreja, foi ideia lançada
(sem provas) por Frei Martinho e Frei Luís de Sousa a partir da década de
setenta do século XX.[13]
Não seria para ‘relembrar’ (os do
Pico da Pedra) que a igreja das Calhetas, além de ser maior (os mais velhos
ainda o dizem), era ainda (e isso não seria contraditório) mais antiga e mais
moderna? No frontispício da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (Pico da
Pedra) figura o ano de 1804.[14]
Para quê esgrimir/reivindicar isso?[15]
Talvez (repito talvez), se pretendesse deixar (muito) claro que a (sacristia
da) igreja da Boa Viagem tinha tanto direito a ser sede da Junta de Paróquia
como a (da) igreja de Nossa Senhora dos Prazeres. Por que não, por exemplo,
alternar a localização da sede da Junta? De facto, até à década de setenta, a
‘freguesia’ (dos Lugares do Pico da Pedra e das Calhetas) era (oficialmente)
apresentada (algumas vezes) como ‘Junta
de Paróquia da Freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres dos Lugares do Pico da
Pedra e Calhetas,’ ou (outras vezes) como ‘Junta de Paróquia das Igrejas de Nossa Senhora dos Prazeres e Boa
Viagem dos Lugares do Pico da Pedra e Calhetas.’[16]
A notícia mais antiga da festa nas Calhetas (já o disse antes mas importa
de novo repeti-lo) recua ao ano de 1876.[17]
E para o Pico da Pedra? Apesar de haver prova de ter lá havido uma procissão em
1841, destinada à recolha de donativos, a primeira festa (procissão) dedicada à
padroeira, com caracter anual, só (terá) principiado em 1881.[18]
Portanto, cinco anos depois da das Calhetas. Ora a notícia para a das Calhetas,
vem no jornal Estrela Oriental, da
Ribeira Grande: ‘Domingo, 3 do corrente
terá lugar nas Calhetas a festa e procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem,
orago daquele Lugar. A banda de Música Progresso fechará o préstito da
procissão.’[19] A
Banda de Música A Voz do Progresso (a
ser essa) havia sido fundada (apenas) dois anos antes na Conceição da Ribeira
Grande. O modelo parece já estar
definido: festa e procissão. A notícia do jornal ‘sublinhava’ (dir-se-ia que a traço grosso) a importância do evento.
A participação da banda de música aumentava-lhe (ainda mais) o prestígio. Esta
primeira procissão foi da responsabilidade do cura-pároco Inocêncio de Almeida
Cabral. Que esteve nas Calhetas de 1874 a 1879. O mesmo jornal, no ano
seguinte, limita-se (apenas) a informar que tinha havido: ‘No Domingo último fez-se a festa e a procissão da Senhora da Boa
Viagem, no Lugar das Calhetas.’[20]
Cujo modelo se mantinha. Saltando dezasseis anos: a festa de 1893. Pode (este
hiato informativo) tanto significar duas coisas: que a festa fora interrompida ou
que não fora. Desta vez a notícia sai no Diário
de Anúncios, um jornal de Ponta Delgada. Capital do Distrito. Divulga
pormenores reveladores da ligação (especial) entre as Calhetas e os Fenais da
Luz. O periódico abre a notícia com a divulgação do calendário dos eventos: ‘No dia três de Setembro haverá festa e
procissão da Senhora da Boa Viagem.’ Desta vez, terá sido organizada pelo
Cura-Pároco Jacinto Augusto da Silva. Repete-se o modelo de festa. Dá conta da
festa no interior do templo: ‘pregando de
manhã um dos reverendos do Colégio Fisher.’ Prova de prestígio: um orador vindo de um ‘reconhecido’ colégio
de Ponta Delgada (frequentado pelos filhos da elite insular). Findo o serviço
religioso no interior, após o almoço, a festa passa para o exterior: A procissão é acompanhada pela Banda de
Música dos Fenais da Luz.’ E a banda de uma das (outrora) paróquias mãe. E
mais (repare-se): ‘os festejos são a
expensas dos Senhores António Viveiros e Manuel Carreiro do Lugar dos Fenais da
Luz que não se têm poupado a despesas para que sejam feitas com o máximo
brilhantismo.’[21]
Que se entendia por festejos? Arraial? Banda a tocar? Antes de cair a noite.[22]
Cinco anos depois desta, mas ainda pelo mesmo sacerdote, em 1898, outro jornal,
informa (desta vez) de forma ‘telegráfica’
o (considerado) essencial: ‘Nas Calhetas,
festa e procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem, a 4 de Setembro.’[23]
No Domingo, dia 2 de Setembro de 1906, portanto, vésperas da (primeira)
conquista de estatuto de freguesia independente (em 1907), O Trabalho (jornal da Ribeira Grande), noticiou: ‘realizou-se na freguesia das Calhetas a
festa e procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem, orago dali.’[24]
Essa, já sob a responsabilidade do Reitor Padre António Botelho de Lima (1906-1933).
Entretanto, entra a República e a situação (ambiente) ‘complica-se.’ Veremos
isso mais tarde. Até ao Estado Novo, a
imagem que serviu às Calhetas foi a Velha. Que inspira confiança. Nada tem (de perto ou de longe) a ver com o
mar.[25]
De quando é a imagem Velha? Não conheço
prova documental que responda (bem ou mal) à pergunta.[26]
No entanto, uma apreciação formal, que solicitei a Historiadores e a
Restauradores de Arte, aponta como período (provável) a segunda metade do
século XVIII.[27] Seja
qual for a resposta certa, a imagem
Velha reinou até ser substituída pela Nova.[28]
A Nova foi feita em 1935.[29]
A mensagem da Nova é clara: aponta para
o mar. Um pescador (no interior de um pequeno barco) ora aos pés da Imagem
Nova.[30]
Pergunto, se a ‘simbologia’ não viria
já fora do tempo? Saudosismo? Toque regionalista? Como era (então) moda? Sim,
mas não só. Ainda se mantinha uma boa comunidade de gente do mar. A letra do Hino de Nossa Senhora da Boa Viagem, quanto a mim, traduz-se em votos de uma
viagem tranquila a caminho do Céu.[31](continua)
Pico da Pedra (Ribeira Grande)
Mário
Moura
(Correio
dos Açores, 29 de Abril de 2023)
[1] O que aqui
entendo por Festa: 1 - Modelo: (interior do templo): Missa solene (com
pregação) – Confirmado a partir de 1876; (exterior do templo) Procissão –
desfile através das ruas – Confirmado também a partir de 1876; arraial
(pressuposto não confirmado documentalmente). Nota de 23 de Julho de 2023:
Pelas conversas que vou tendo, uniram mais, porém, não ainda totalmente: os da
Volta das Calhetas (da rua do Porto das Calhetas) ainda não estão totalmente
integrados. Sentem-se mais próximos de Rabo de Peixe (Cova da Burra).
[2] Devemos admitir
(a possibilidade) da realização (apesar de não haver prova disso) de festas ao
Divino Espírito Santo. Pelo que se conhece, teriam cortejo/procissão e arraial.
E estariam (um pouco ou muito) à margem da Igreja institucional.
[3] Cuja festa
traduz-se em deslocação (mista) e arraial.
[4] Há indícios: a
festa e procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem ‘custeada’ casal dos Fenais da
Luz.
[5] Testemunhos de
José Resendes e Mestre Carlos, 22 de Abril de 2023.
[6] PT/DANG/PDL07/014/348, [Visitações Pastorais Nossa
Senhora da Luz de 29/10/1674 a 1763], fls. 7v-8. Que pode (porventura) isso significar? Que a senhora da igreja, Nossa
Senhora da Boa Viagem, partilhava (lado a lado) a sacralidade do altar-mor com
a ‘cabeça’ de João Baptista. E além disso? Que haveria um orago para cada uma
das (então, ainda) duas Calhetas? É só um tiro no escuro. E patrono/protector de quê? Pedi
ajuda ao etnólogo Dr. Rui de Sousa Martins: ‘O que vejo próximo é as celebrações de São João e os martelinhos. Agora
qual a explicação deste uso?’
[7] Para tentar ir
mais longe na relação da festa e a criação daquela comunidade, regressei a três
obras a que já recorri para a escrita ‘Ribeira
Grande: do Nascimento de uma Vila,’ 2021: São eles: Balandier, Georges, O Poder em Cena, Editorial Universidade
de Brasília, 1982; Turner, Victor, Celebration:
Studies in festivity and ritual, Smithsonian Institution Press, Washington,
D.C., 1982; Martins, Rui de Sousa, D.
Carlos e os Açores: mostra documental, Câmara Municipal de Ponta Delgada;
Carlos Guilherme Riley, Rui de Sousa Martins, 2008; Chaves, Duarte Nuno
(Coordenação), Memória e identidade insular. Religiosidade, festividades e
Turismo nos arquipélagos da Madeira e Açores, CHAM, 2019.
[8] 3 de Abril de 2023: A Cátia Tavares ficou de mo arranjar.
[9] Arquivo da Mitra
de Angra, Paróquia das Calhetas. Petição para erigir na igreja uma paróquia
independente da de Rabo de Peixe, nas Calhetas, na pessoa do Cura Cipriano José
de Sousa. 14 de Junho de 1836-Julho de 1837- Maço 547 – Doc. 21.
[10] Não tendo prova
documental escrita, baseio-me da prova construída.
[11] Esta análise
resultou de uma conversa entre mim e o colega arquitecto André Franco. Beneficiação
(meramente) estética. Não chegando a alterar (radicalmente) a estrutura. E
integram-se numa linha de revivalismo neo-gótico. Então, muito à moda. Como
muitos outros revivalismos. E misturas de estilos. Elevou-se a fachada para ser possível construir a rosácea e uma
porta principal (proporcionalmente) ampla. Para conferir equilíbrio à
fachada/torre, a torre (sineira) foi ‘subida’ um piso. Para corrigir um (certo)
desequilíbrio, acrescentou-se (num segundo momento) o anexo Sul. Sempre para
‘ganhar’ luz, rasgaram-se duas (novas) janelas.
[12] Olhando para o
caso da igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, 1728 poderá corresponder apenas à
data em que se deu por concluído o corpo da igreja?
[13] Almeida, José Carreiro de, 250 Aniversário das Calhetas, Voz Popular do Pico da Pedra, n.º 36, Setembro de 1978: (citado Couto Alves, p. 9) Os padres Franciscanos ‘fundamentaram-se na data que está esculpida na pedra – 1728.’
[14] 1804,
corresponde apenas à data em que se deu por concluído o corpo da igreja. Cf. Bernardo,
Gilberto, Construção da igreja paroquial de Nossa Senhora dos Prazeres (Parte
II), in Voz Popular, N.º 203, Março de 2023, p. 19: ‘Na primeira fase da obra é erguido o corpo da igreja, concluído em
1804, como atrás já nos referimos. Em Abril de 1905, foi feita uma colecta
pelos fregueses deste Lugar para princípio da torre de sino. (…) As obras duraram cerca de seis anos (seis
anos e sete meses) (…).’
[15] Dependendo da
data certa da conclusão das obras da fachada, se antes ou depois da dependência
das Calhetas ao Pico da Pedra ocorrida talvez na década de setenta do século
XIX, é possível apresentar-se várias interpretações: a) Se foi antes da década
de setenta, destinar-se-ia a ‘reclamar’ tratamento igual dentro da freguesia
dual; b) Se depois (num primeiro tempo), seria um protesto para reverter a
situação; c) Se depois (algum tempo depois), seria uma forma de lutar pela sua
independência face ao Pico da Pedra. Claro, sem prova dura, são meras hipóteses.
Ainda que possam fazer sentido.
[16]Arquivo da Junta de Freguesia do Pico da Pedra, Actas e
Contas, 1 de Julho de 1858 a Setembro de 1873, Abertura: Actas da Junta de
Paróquia da Freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres dos Lugares do Pico da
Pedra e Calhetas, Lugar do Pico da Pedra, 8 de Fevereiro de 1859, Presidente:
Padre Francisco José de Amaral e Melo; Orçamento de Receita e Despesa para 1860-1861 da Junta de Paróquia das
Igrejas de Nossa Senhora dos Prazeres e Boa Viagem dos Lugares do Pico da Pedra
e Calhetas. Sancionado pelo Presidente Padre Francisco José de Amaral e Melo e
pelo Governador Civil: Félix Borges de Medeiros; Orçamento de Receita e Despesa
para 1868-1869 da Junta de Paróquia
das Igrejas de Nossa Senhora dos Prazeres e Nossa Senhora da Boa Viagem dos
Lugares do Pico da Pedra e Calhetas, fls. 55 v – 56
[17] Não fiz uma
busca exaustiva. Pesquisei (por festa, Nossa Senhora da Boa Viagem, Calhetas) o
que está disponível na Azoreana. Uso o que apanhei nas pesquisas que tenho
efectuado. Aviso: é possível que uma mais ‘fina’ encontrasse outros elementos.
[18] Bernardo,
Gilberto, Pico da Pedra: Percurso de um Povo (séculos XVI-XXI), 2007, pp.
101-102.
[19] A Estrela
Oriental, Ribeira Grande, 2 de Setembro de 1876, p. 3
[20] A Estrela
Oriental, Ribeira Grande, 6de Setembro de 1877, p. 3(?)
[21] Diário de
Anúncios, Ponta Delgada, 23 de Agosto de 1893, p. 2.
[22] Curiosidade (que
li num livro de Visitas Pastorais de Vossa Senhora da Boa Viagem): A luz
elétrica foi inaugurada a 23 de Julho de 1973.
[23] A Actualidade,
Ponta Delgada, 21 de Agosto de 1898, p. 3.
[24] O Trabalho,
Ribeira Grande, 8 de Setembro de 1906.
[25] Braço direito
estendido. Mão direita aberta e a esquerda (dedos abertos) toca ao de leve o
peito (lado direito). Fico (ainda) com a ideia de uma mãe (doce) que olha (com
ternura) para os filhos. Fico (mais ainda) com a impressão de que, enquanto os
olha, os convida (a juntar-se-lhe).
[26] Pesquisei (sem
sucesso) em diversas fontes (Arquivo dos Açores, Variedades Açoreanas,
Escavações de Supico, Arquivo da igreja da Boa Viagem e dos das igrejas do Bom
Jesus e Senhora da Luz, arquivo da Junta de Freguesia dual, arquivo da
Ouvidoria, Municipal, hemeroteca (digital e física)).
[27] O Paulo Brasil é
desta opinião. De volta à imagem de Nossa Senhora Velha. No geral, o consenso é
mais para a segunda metade do século. Uns (especialistas que consultei) apontam
para o final daquele século, outros admitem a possibilidade de que possa ser de
inícios, mas muito ‘repintada.’ Na ausência de documento, só uma observação e
análises mais profundas, poderia (eventualmente) ir mais longe. A madeira?
Parece ser de cedro vermelho.[27] Os olhos
castanhos de Nossa Senhora e dos quatro anjos que estão na sua base são de
vidro incrustado. O cabelo também é castanho. Vendo-a de perto (subi de
escadote), não pude deixar de compará-la à de São Vicente Ferrer, no solar do
mesmo nome. No entanto, enquanto a de São Vicente é claramente (estou em crer)
de pendor erudito, a da Calhetas é (muito) mais modesta. Os dedos das mãos, as
mãos, os pés, a expressão doce e calma, a roupagem, levam-me a admitir que é
mais tardia e menos erudita. Está bastante repintada. Moura, Mário, Azulejos setecentistas da capela-mor da
igreja de Nossa Senhora da Estrela, Separata da Revista Islenha, N.º 22,
Janeiro-Junho de 1998. As asas dos anjos barrocos estão assentes em volutas
semelhantes às dos azulejos setecentistas da Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Estrela. O mesmo se pode dizer dos acantos que decoram o manto da imagem. Ou o
tom do azul. Essa datação levanta (obrigatoriamente) uma outra questão: o que haveria nas Calhetas antes de haver a
imagem Velha? Uma imagem Seiscentista? E o que teria sido (se foi esse o
caso) resgatado da ermida do Grão Capitão? Quinhentista? Imagem ou painel? Não
sei.
[28] A Velha, sempre
muito estimada, saindo do altar-mor, foi colocada (dignamente) numa capela (bem
iluminada) à entrada da igreja. Fronteira à capela baptismal.
[29] Conforme se lê
na base da imagem: É obra das ‘Oficinas
Domingos A. Teixeira – Fanzeres – Braga - Portugal.’ E oferecida pelo ‘Sr. Alexandrino (Alexandre José Moniz) e a
esposa, Maria do Rosário Ferreira.’
[30] Observação
presencial na igreja de nossa Senhora da Boa Viagem em Fevereiro de 2022. Nossa
Senhora da Boa Viagem sobre uma nuvem. Dedo da mão direita apontando o céu.
Dentro de um barco, um pescador ora ajoelhado a seus pés. O que difere da
Velha? Nossa Senhora da Boa Viagem tem a mão direita cerrada. O dedo indicador
levantado ao céu. Aponta o céu com ar firme. A mão direita (firme) posada no
coração.
[31] Hino da Senhora
da Boa Viagem [inserido num trabalho de M. J. Andrade], in Açoriano Oriental,
Ponta Delgada, 22 de Setembro de 1996, p. 3.
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