«Pode dizer-se que nesse
momento findou a Ribeira Grande de meados do século, dando lugar à pequena urbe
de nossos dias que para ser civilizada ainda precisa de ver ao seu dispor o seu
Teatro restaurado, o seu complexo educativo, com Museu e Biblioteca Municipal»
Manuel Barbosa, Memórias
da cidade Futura... , Ribeira Grande, 1988, p.29
I
Título
Museu da Ribeira Grande:
considerações
1.0 Introdução
Trata-se, tal como sempre afirmei desde 1986, de
acarinhar a Casa da Cultura / Centro
Cultural, as festas da Flor, Estrelas e outras mais, mas trata-se igualmente de
propor e pugnar pela criação autónoma do Museu e Serviços de Documentação da
Ribeira Grande. Estruturas que reputo do maior interesse para o desenvolvimento
integrado deste nosso concelho , da ilha e da região.
A animação sócio- cultural (apanágio do Centro
Cultural/Casa da Cultura ) não deve excluir a animação sócio-patrimonial (Museu
e Serviços de Documentação), todavia, mercê de objectivos e natureza distintas,
mercê da necessidade de racionalizar ,
concertar e rendibilizar acções, mercê ainda da clareza de funções, é imperioso
integrá-los numa política autónoma, coerente e global.
Também acho que o Museu e os Serviços de
Documentação não devem fazer parte da Divisão Sócio-Cultural, nem de um
Gabinete de Acção Sócio-Cultural. Porque? Porque, no caso do museu que
proponho, deverão participar vários parceiros, tanto públicos como privados,
por exemplo o Museu do Chá, Museu do Arcano, Museu do Moinho, entre outros;
como tal devem comparticipar de pleno direito numa estrutura adequada autónoma.
Fundação? Serviços Municipalizados?
Sou ainda de opinião que se deva separar o Museu dos
Serviços da biblioteca, seguindo o exemplo, entre outros, do percurso do Museu
e Biblioteca de Angra do Heroísmo, porém, deve continuar com os Serviços de
Documentação especializados na temática patrimonial do museu. De contrário, o
primeiro atrofiará o segundo e/ou vice-versa.
Percurso crítico
A partir de agora concentrar-me-ei na problemática
do museu da Ribeira Grande. Julgamos ser
útil fazer, mais uma vez, um balanço crítico do projecto sumariado no artigo
“Rede museológica na (e da) Ribeira Grande e desenvolvimento de uma comunidade
nos Açores: uma proposta de museu de identidade regional ”, dando-lhe o título
em epígrafe, seguindo o exemplo do que vimos fazendo desde 1986.[1]
Tanto mais que, desde 1993, promovemos novas
iniciativas museológicas e patrimoniais e concluímos a frequência e defendemos uma tese naquela área patrimonial
e museológica sobre o museu da “Vida e da obra de Madre Margarida Isabel do
Apocalipse, autora do Arcano Místico.”
Fazemo-lo sobretudo no âmbito dos trabalhos práticos
do já referido mestrado, na Universidade Nova de Lisboa.
Estas notas justificar-se-ão igualmente pelo facto
de, apesar da criação em Outubro de 1993, por proposta do vereador Abílio
Baptista, “ de um Núcleo Museológico na Divisão de Acção Sócio- Cultural”,[2]ainda
não se ter procedido ao seu enquadramento e implementação legal do mesmo. A
falta de consenso na sua aprovação decerto conduziu a esse desfecho. A nossa
proposta, todavia, evoluiu para um museu.[3]
Pelo seu carácter redutor bem como por outras razões
técnico-científicas que aludiremos mais adiante, somos pela criação de um museu
de sociedade nos moldes do Musée Dauphinois em Grenoble, França, sem esquecer a
herança da corrente da ecomuseologia, nem sequer a especificidade da Ribeira
Grande. Este museu, de acordo com recentes reflexões museológicas,
designadamente as de Jean Claude Duclos, tenta ultrapassar os limites do
ecomuseu, ao mesmo tempo que incorpora a sua herança.
Justifica-se ainda pelo facto de termos apresentado
o projecto do museu da Ribeira Grande a pedido da vereação vigente, na sessão
sobre património municipal que decorreu em Julho de 1995 nos Paços do Concelho.[4]Ou
ainda mais recentemente, em 1997, como promessa eleitoral.
Porém, não é de agora o desejo de criação de um
museu. O Círculo dos Amigos da Ribeira Grande, em finais da década de sessenta,
dá corpo a uma série importante de exposições e de cortejos denominados de
‘etnográficos.’ Do grupo destacar-se-ão elementos que serão decisivos no
avanço, nalguns casos concretizados, de propostas museológicas, designadamente
o Museu do Chá, aberto fugazmente e a ser remodelado, o Museu do Moinho, proposta da sessão da
vereação de 23 de Fevereiro de 1977, ‘ … ter a Câmara deliberado por maioria
absoluta indeferir o pedido com o fundamento de que poderia admitir-se a
possibilidade de instalação futura de um pequeno museu de âmbito concelhio,’[5]
e o museu da Ribeira Grande, proposta do então vereador engº Armindo Moreira da
Silva, em 1978. ‘ … o aproveitamento do antigo solar de São Vicente ser
instalado o Museu da Ribeira Grande.’ Correio dos Açores, 1 de Fevereiro de
1978. p.1. Tal ambiguidade tem impedido o desenvolvimento normal do projecto
patrimonial para a Ribeira Grande.
1.1 Pressupostos do programa “Rede museológica na
(e da) Ribeira Grande e desenvolvimento de uma comunidade nos Açores: uma
proposta de museu de identidade regional II.”
Os pressupostos serão todos aqueles elementos que
envolvam directa ou indirectamente a comunidade residente no espaço onde se
desenvolverão primordialmente as acções.
1.1.1 O Espaço
O espaço a ter em conta será o do concelho, da ilha, das ilhas e o de
todos os locais que nos possam esclarecer a abordagem patrimonial musealizada
ou a musealizar.
Por exemplo, no caso dos moinhos de água, propõe-se
um centro de interpretação regional, um centro onde se explique os moinhos a
nível regional, onde se aconselhará a visita a uma constelação de moinhos
representativos dos diversos tipos e lugares do concelho, da ilha, das ilhas e
até do continente português e Madeira. O mesmo se poderá dizer da talha na
Ribeira Grande e da família Araújo Lima.[6]
Como nem sempre o espaço concelhio foi o que é
actualmente, tendo sofrido diversas alterações desde o início da formação
geológica, passando pela ocupação humana até ao presente, a explicação do mesmo
deverá ser feita de um modo integrado e intermunicipal. Aqui também entram
considerandos económicos já que será um modo de rendibilizar acções culturais.
1.1.2 O Tempo
Será potencialmente todo o tempo histórico e
geológico dos diversos espaços que foram constituindo o concelho, a ilha de São
Miguel, o arquipélago e o país. Será propor a visão do mundo a partir da
Ribeira Grande.
Há que introduzir aqui um elemento de tempo muitas
vezes esquecido quando se define “ tradicional e típico.” Não esquecer a
evolução das coisas. O que é considerado típico não é estável nem imune à
mudança. Isto tanto em relação ao passado como ao presente ou ao futuro. Esta
noção será de ter em conta quando se procura o representativo.
1.1.3 População
Numa comunidade em que ocorreu bastante célere, a
partir da década de sessenta, uma
mudança da agricultura para a agro-pecuária,
cuja sede político- administrativa e económica, fica demasiado perto e
depende grandemente de um outro certo
urbano muito mais forte, como encontrar caminhos para o seu desenvolvimento? É
esta a questão fundamental para o concelho, é este o pano de fundo onde também
se desenvolverá o nosso trabalho museal.
Ajudando a tornar-nos conscientes de quem temos sido, detectando bloqueios e
potencialidades, através do estudo sério e científico da memória e da herança patrimonial colectivas,
saberemos melhor quem somos e o que queremos vir a ser. O museu como um dos
terminais nervosos da sociedade tem de cooperar em pé de igualdade com as
demais estruturas comunitárias. Seja igualmente através do aproveitamento que
dele fará a indústria turística seja do contributo para a melhoria das condições
de vida dos seus actuais e futuros residentes. Assim indirectamente ajudará a
promover a fixação de populações na área concelhia. Entre outras funções.
A população é a peça fundamental de todo o projecto,
porquanto ele não só se destina a ela como precisa dela para se desenvolver.
Como? Através da sua participação a vários níveis. O voluntariado dos
reformados, a criação de amigos do museu, a comparticipação em acções de
diversas associações comunitárias, tais como escolas e outras entidades
colectivas ou individuais.[7]
É um projecto de identidade aberto ao mundo.
Não se trata de uma metáfora ou eufemismo, mas de
uma realidade concreta, pois sendo o ecomuseu um museu de comunidade esta terá
de participar. Não participará, por exemplo, o moleiro do lugar ao disponibilizar-se a mostrar o seu moinho?
É essencialmente a população do concelho actual. É
evidente que não tendo formação técnico-cientifica ou administrativa na área
patrimonial tal deverá competir a técnicos, todavia, mesmo nestas áreas poderá
colaborar em iniciativas. Pode e deve propor temas, tomar iniciativas e ajudar
na sua concretização. Há regras a seguir, leis a cumprir que ultrapassam e
vinculam não só a comunidade como os técnicos e demais profissionais. Por
exemplo, as regras museológicas tais como o manuseamento de peças, horários,
etc...
1.2.4 Objectivos
Pretende-se, essencialmente, continuar a implementar
uma estrutura patrimonial que estude, conserve e explique à comunidade e com a
comunidade o espaço e o tempo no
concelho da Ribeira Grande, desde a sua formação e
evolução geológica, passando pelas suas vertentes histórica, antropológica,
sociológica, ou seja nas suas múltiplas vertentes interdisciplinares, desde
então até ao presente.
1.2.4.1 Elevar a consciência patrimonial dos
munícipes acerca da cidade, concelho, ilha, ilhas, país e o mundo, ajudando a
conhecer a nossa herança e participar nela.
A quantidade de informação gerada fora do concelho e
a ele chegada veiculada pela televisão, designadamente pelos canais abrangidos
pela parabólica, pelo canal 1 nacional, pela televisão por cabo, mostra-nos o
mundo visto de fora da Ribeira Grande. É importante que vejamos o mundo a
partir do que somos e fomos. Para isso é necessário trabalharmos na área
museológica e patrimonial. É preciso redescobrir e pôr em comum a nossa memória
colectiva a fim de elevarmos a nossa consciência patrimonial.
1.2.4.2 Aumentar o tempo de estadia dos
forasteiros no nosso concelho.
Forasteiro poderá ser todo aquele que não resida
onde nós residimos, seja ele da Lomba de S. Pedro e venha à Matriz, seja ele da
Matriz e visite a Lomba de S. Pedro, seja de Freixo de Espada á Cinta, do
Pantanal ( no Brasil), de Paris ou de Pequim e visite a Maia. Pelo menos é
assim que o definimos.
Os benefícios que desta visita podem advir não serão
só comerciais mas culturais na acepção clássica da mesma cultura já que
comércio, numa acepção mais lata, “ também será uma actividade cultural.” [8]
Não se trata, nem se tratará de fazermos coisas para
“inglês ver”, de fachada, ( a cultura tem de ser profunda ) mas trata-se de
criar ‘coisas’ ( memória, espaços, bens patrimoniais) para fruição dos que aqui
moram e vivem, ou dos que aqui se sintam ligados, como os ribeiragrandenses da
diáspora, com quem este museu tem que ter um diálogo privilegiado. Para fruir e
participar. Não devemos preservar, por exemplo, as ‘Cavalhadas de S. Pedro,’
porque isso agrada aos forasteiros,[9]
mas primeiramente, porque sentimos as
‘Cavalhadas’ como um elemento importante da nossa identidade
comunitária. Toda a ideia de oferta cultural integrada, como seja o cuidado com
o contexto e a envolvente actual dos bens patrimoniais, não será somente
justificável pelo facto de nos querermos apresentar o melhor possível aos
forasteiros , mas por nós próprios. Isso sem exageros, sem etnocentrismos nem
regionalismos balofos, abertos.
( Veja-se o que os antropólogos anglo-saxónicos
disseram sobretudo no século XIX das outras culturas. )
Somos utentes destes espaços e guardiões destas
memórias todo o ano, portanto somos os seus principais beneficiários. É preciso
fazer passar a ideia de que temos ‘duas casas,’ a nossa, dentro de portas, e a
outra, a comum, fora de portas. Num e noutro caso, quer queiramos ou não,
apesar de título de propriedade, somos mais fiéis depositários do futuro, no
presente, do que proprietários.
Todavia, fazer com que a gente de fora passe a ficar
mais tempo na nossa “casa”, também traz vantagens a outros níveis. Troca de
ideias e trocas comerciais. As sociedades são espaços abertos.
1.2.4.3 Uma estrutura que se insira por direito
próprio no âmbito da chamada indústria de lazer e do património cultural.
O museu não é um espaço comercial, é um espaço de
troca de ideias, de realizações, vinculado e limitado por regras patrimoniais
consagradas na sua definição, comummente
aceite pelos membros da comunidade museal internacional, nacional e local. Isto
sem excluir o espaço de inovação sempre necessário. Não devemos esquecer que a
prática tem feito alterar a definição de museu. Deve existir sempre
ponderadamente uma salutar tensão entre o permitido e o novo, o experimental.
Neste projecto dever-se-á inserir e conjugar o apoio
activo da comunidade com a capacidade técnico-científica e administrativa da
estrutura museal.
Todavia, deve participar, no que concerne, por
exemplo, entre outros, a explicação do seu espaço, tempo, etc. aos que visitam
a nossa comunidade. O museu comparticipará, com os demais intervenientes
culturais, sobretudo ajudando a conferir autenticidade ao produto e
rendibilizando-o do ponto de vista da troca de ideias.
2. Modo de o fazer
Alguns aspectos apresentados muito sumariamente.
2.1 Filosofia e prática do museu da Ribeira
Grande
Já nos referimos à estrutura, ou seja ao espaço, ao
tempo e ao papel da comunidade, tripé do museu. Entremos agora no conteúdo, ou
seja nos seus bens patrimoniais.
2.2 Bens patrimoniais
Entendemos bens patrimoniais por tudo aquilo,
material ou imaterial, que possa testemunhar, ilustrar e explicar os temas a
glosar ou glosados. Não só ‘coisas,’ mas também ideias, daí o conceito ‘bens.’
Não só bens históricos, mas geológicos, botânicos,
zoológicos, antropológicos, etc. O próprio espaço, as ruas e campos, a
cobertura vegetal, a orla marítima, o parque habitacional, as artes e ofícios,
etc... A própria memória oral das pessoas e as crenças. Como o vimos fazendo
para, entre outros, « Memórias do presépio da Ribeira Grande», «Memórias dos moinhos da ribeira Grande», «
Memórias da ponte dos oito arcos da Ribeira Grande», « Trabalhos do linho», Cavalhadas de São
Pedro, bandas de música, artes e ofícios e futebol. Igualmente o arquivo da
memória escrita, já existente, ou o oral, a ser constituído/ construído, à
medida que formos desenvolvendo pontos temáticos.
2.2.1 Exemplos representativos do espaço e do
tempo da Ribeira Grande
Escolher algo que se considere representativo
implica sempre uma opção pessoal, de um grupo ou de vários grupos. Apesar da
abertura democrática na constituição de elementos representativos patrimoniais,
esta opção não deve esquecer o estudo
sério e aprofundado feito pelos especialistas da área. Não se brinca com a
memória.
Contudo, nem só tecnocracia, nem só democracia, deve
ser uma democracia tecnocrática. Os exemplos representativos dos bens
patrimoniais devem reflectir, sem exclusão, toda a comunidade. Poderá e deverá
haver bens patrimoniais de um grupo, de famílias, do todo, etc... A comunidade
tem que se sentir reflectida em parte ou no todo. Um consenso entre minoria e
maioria quando for necessário. Quem o decidirá? O bom senso. Ainda aqui
resistirá o direito à teimosia de ser diferente.
Exemplificar a génese da evolução geológica do
espaço da Ribeira Grande, o início do aproveitamento sócio-económico, a viragem
ocorrida no terceiro quartel de quatrocentos com a vinda de madeirenses, a
elevação a vila, a grande mudança pós catástrofe de 1563/64, etc...
2.2.1.1 Desde o solar à casa humilde
Assim, ainda exemplificando, a temática “ onde as
pessoas viviam no século XIX,” deverá, quanto a nós, ( dimensão subjectiva)
glosar a arquitectura, ou seja o modo
como se aproveita o espaço no solar rico, no solar remediado, no humilde
casebre, numa abordagem de história antropológica.
2.2.1.2 Da fábrica de linho ao moinho
Onde trabalharam os ribeiragrandenses, por exemplo,
não se exclui o onde trabalham, no início do século XX. Se o quisermos fazer
teremos de ‘falar’ do moinho, do tear, das pedreiras, das oficinas, das terras,
das quintas de laranja, das bancas de advogado, etc...
2.2.1.3 Das mesinhas medicinais às plantas
endógenas e outros elementos da dieta.
Como curaria a comunidade os seus doentes até ao
advento da medicina científica e como estas duas ainda persistem.
2.2.1.4 Da reserva natural da Lagoa do Fogo ao
centro histórico
Entendemos património englobando neste conceito o
que habitualmente se designa de património cultural e natural por considerarmos este último
humanizado ou humanizável por duas razões. Ou foi transformado pelo homem ou
depende dele para a sua preservação, compreensão e explicação. Ou seja o
património usufruído pelo homem. Quer o centro histórico quer a reserva
completam-se e esclarecem parte substancial desta comunidade.
3. Elementos estruturais deste museu
Basicamente será servido, como todos os do género,
por um centro interpretativo e logístico e por diversos núcleos e demais
espaços musealizados espalhados pelo território (espaço humanizado concelhio -
o dos ‘outros’ - objecto de protocolo especial ).
Haverá outros pequenos centros interpretativos ou de
resumo em cada um destes espaços e núcleos temáticos, porém, no centro
principal se dará uma visão global e integrada de todo o espaço concelhio.
3.1 Centro interpretativo, logístico e administrativo
Além da sua função interpretativa, a que já aludimos
em páginas anteriores, terá a incumbência de gerir todo o complexo museal,
desde a parte técnico-científica até à administrativa. É o cérebro de toda a
estrutura.
3.1.1 Centro logístico
Nele haverá
estruturas de apoio tais como a sala de reservas visitáveis com
capacidade para albergar o que já possuímos e o que se prevê vir a incorporar
no futuro a médio e a longo prazo ( a imagem do adolescente que cresce de dia
para dia serve não só de metáfora como
de ideia-programa para o tipo de espaço
que necessitamos, seja para as reservas seja para as demais áreas funcionais.
Incluindo as espécies arqueológicas do seu arquivo) , o pequeno auditório
multifunções para não mais de meia centena de pessoas ( o espaço do Teatro/
Centro Cultural Municipal terá vocação
para grupos maiores) , a sala de expurgo, a oficina de conservação, a
secretaria com sala reservada ao inventário e documentação sobre peças e
património, espaço para banco de dados e pequena biblioteca especializada sobre
as temáticas estudadas e expostas. Será neste espaço que se organizarão privilegiadamente,
em parte, as exposições itinerantes locais.
À parte deverá haver o espaço do Centro de
Documentação Municipal ( ou Serviços de Documentação) constituído pelo Arquivo
Histórico, Biblioteca, Hemeroteca, Imagoteca, etc..., mais arquivos de
entidades não autárquicas.
3.1.2 Administrativo
Nele se centrará toda a estrutura administrativa do
museu. A ideia é de criar uma estrutura leve e rendibilizar todos os serviços, sem os duplicar. Neste
também existirá um centro de lazer com bar e um espaço para venda de
publicações, artesanato local etc…
3.2 Núcleos, áreas na parte de
percursos musealizados
3.2.1 Núcleos
Será uma estrutura mínima, sobretudo, a de
manutenção e abertura ao público. A sua administração ficará a cargo do pessoal
do Centro de Interpretação de uma brigada móvel que periodicamente os
visitará. Verificar-se-á então todas as
vertentes do trabalho museal. Por exemplo: “ o ciclo de cerealicultura ao
moinho”, deverá ter um núcleo onde se fará um resumo da temática de modo
mais focalizado e especializado do que o feito resumidamente no Centro de
Interpretação Central. Ficando a sua abertura e interpretação quotidiana a
cargo de um funcionário específico a tempo inteiro, ou de um voluntário, ou
outra figura que se adeqúe a cada caso particular.
3.2.1.1 Áreas ou partes de percursos musealizados
Exemplifiquemos. Nos diversos moinhos musealizados,
nos altares de talha, nas oficinas e nos percursos sinalizados exerceremos uma
acção muito discreta e leve, consistindo em pequenos apontamentos de informação
ou ‘ de ver fazer, ver moer ou mesmo moer.’
3.3 Articulação entre eles
Far-se-á através do apoio administrativo, técnico,
gráfico, da brigada móvel, dos itinerários tanto urbanos como rurais.
3.3.1 Administrativos
Os serviços centrais estarão, como vimos, no Centro
de Interpretação mas os funcionários responsáveis pelos núcleos, guias
essencialmente, ou proprietários ou outra qualquer ligação funcional que se
venha a estabelecer entre o núcleo, o guia e o centro, estarão nos núcleos.
3.3.1.1 Técnica
Os técnicos do centro interpretativo terão a
responsabilidade de acompanharem e zelarem pelos bens a cargo de todo o
ecomuseu. Acudindo aos casos de primeiros socorros ou enviando ou recomendando
os diversos bens patrimoniais aos técnicos de conservação e de restauro. Será
uma espécie de paramédico de família. É absolutamente vital haver ligação
estreita, por exemplo, com o Centro de Conservação e de Restauro dos Açores.
Também competirá a eles coadjuvar no estudo, recolha e montagem de exposições
tanto permanentes como periódicas, estas últimas sempre com carácter de
itinerância pelos núcleos e demais espaço concelhio. Seria bom que estas
extravasassem o espaço municipal, transformando-se em intermunicipais. É um outro modo de rendibilizar as realizações
culturais. Ou ainda em outros projectos de animação patrimonial.
3.3.1.2 Apoio gráfico
Os guias gráficos, as tabelas, os painéis
explicativos, toda a sinalização a estabelecer cuidadosamente contribuindo, se
bem feito, para estreitar os laços entre o centro e todos os elementos do museu
da Ribeira Grande.
3.3.1.3 Itinerários
Os itinerários são as “veias” imprescindíveis à
circulação, à compreensão global do espaço territorial vitais à saúde do todo,
seja os no espaço urbano, seja os rurais. Como suporte teremos o Posto de
Informação que centralizará este aspecto, os roteiros pedestres e os escritos.
Os percursos serão orientados por pessoas e/ou por
suporte gráfico. As visitas guiadas serão feitas por pessoas conhecedoras do
concelho explicando percursos temáticos flexíveis estabelecidos e devidamente
divulgados.[10] Por
exemplo, a ‘ Rota dos vulcões’ - focando aspectos geológicos -, a dos ‘
Moinhos’- focando aspectos da
cerealicultura à panificação, tanto no presente como no passado, urbana -
tratando de aspectos arquitectónicos e sócio-económicos, tal como o temos vindo
a fazer há anos. O roteiro é igualmente o complemento contextual - repita-se-
ao explicado no Centro Interpretativo.
Os circuitos - em graus diferentes- serão apoiados
por suportes gráficos, seja os de sinalização- tipo dos encontrados durante os
jogos Olímpicos de Barcelona e ainda utilizados, por exemplo, na Museu da
Ciência daquela cidade, e/ ou mistos.
A prática e a filosofia do museu do tempo e do
espaço, inserido numa determinada comunidade, reforça-se e anima-se com os
itinerários devidamente elaborados e acompanhados pela própria comunidade.
Assim, quem melhor do que o moleiro para explicar como funciona o moinho?
Consubstancia a ideia de que o espaço a musealizar extravasa, diríamos,
obrigatoriamente, o espaço do(s) edifício(s) do Centro de Interpretação.
II
Experiências
4.0 Mais pormenorizado e concreto. Reflexão sobre
o que já foi feito.
Tentaremos discutir os avanços e os recuos do que
tem sido feito.
4.1 Exposição de arranque
Já o fizemos por diversas vezes e em vários locais,
todavia é importante repeti-lo pelas razões apontadas na introdução.
Ao nosso plano inicial de museu, à nossa estratégia,
juntou-se as recolhas de emergência, umas por nossa iniciativa, outras, porém,
da iniciativa de vários cidadãos, alguns dos quais membros da comissão
instaladora desta instituição. Neste caso inclui-se a ‘Latoaria de Mestre
Deodato Cavaco, a Sapataria de Mestre Manuel Morais da Costa’ e, em parte,
parte da secção de azulejaria, cerâmica e arqueologia.
Uma das críticas mais persistentes que nos têm feito
é a de que, apesar desta última ser uma boa exposição, pouco dirá ao concelho.
Está bem exposto, atrai muita gente, mas deveria
estar na vila da Lagoa. Porquê? Porque o ‘nosso’ concelho não tem tradição de
fabrico de azulejo e de cerâmica. Certo, porém, assim sendo não teríamos o
‘Tríptico de Santo André’ por não ter sido feito cá, nem teríamos a imagem de
‘São Vicente Ferrer’ porque foi feita algures e, já agora, porque o santo é
espanhol e aí por diante, pelas mesmas razões. O que não está certo, nem
correcto.
E, se levássemos este argumento ao extremo, não
haveria televisão porque os televisores são, na origem, alemães, japoneses ou
norte-americanos; não teríamos carros por serem franceses ou coreanos... O que
não seria igualmente correcto. Ou o pretendido museu do Emigrante ( ou
Imigrante) ficaria esvaziado pois, tanto quanto sei, só possui por enquanto as ofertas feitas ao
anterior Presidente do executivo açoriano, nenhumas ou poucas feitas na Ribeira
Grande. Para sermos mais correctos dever-se-ia talvez chamá-lo de Museu de
ofertas da presidência X.
Toda a recolha de Calouste Gulbenkian exposta no
museu da Fundação do mesmo nome seria de devolver às suas origens. O mesmo se
diria das colecções do Museu Metropolitano de Nova Iorque, do Museu Britânico,
do Louvre, do Hermitage de Moscovo, etc...
Ou no caso da ilha de São Miguel, toda a pintura e
arte religiosa, ou grande parte dela, toda a azulejaria anterior à Lagoa, seria
devolvida à procedência. Ora os museus têm nascido de muitas e variadas
maneiras. Pela recolha do coleccionador, do investigador, do diletante, pela
reunião de peças reunidas num dado local de âmbito nacional, local ou nacional.
A nossa colecção de azulejo, arqueologia e cerâmica,
tem tanto direito em estar aqui, como as demais. Ela tem essencialmente duas
origens e surgiu em duas ocasiões distintas. Primeiro foi feita a recolha
arqueológica de exemplares azulejísticos encontrados no concelho, nomeadamente
as espécies do século XVI a XIX, sem dúvida a melhor parte da colecção, com a
colaboração interessada da comunidade. Recolhemos, estudámos, apresentámos e
expusemos com a colaboração de muita gente. Seguiu-se, quase sempre
espontaneamente por parte do público, a
doação significativa de peças azulejísticas e cerâmicas que enriqueceram
a colecção. Além do mais, coube-nos dar uma visão global do azulejo e da
cerâmica desde o século XVI até à actualidade. Algumas ofertas surgiram de fora
do concelho, como todo o núcleo de Sacavém, ou alguns lagoenses, alguns mesmo
do continente português.
Bastaria tão-só o que acima se disse para o
justificarmos, tanto mais que toda a recolha foi acompanhada de estudo ( cada
um dos núcleos crono-temáticos foi objecto de apresentação nos encontros sobre
azulejaria no palácio Fronteira, em Lisboa), mas acrescentemos-lhe o facto de a
Ribeira Grande ser , tal como a Madeira para a pintura flamenga, um grande
centro consumidor de azulejo e de cerâmica produzida na Lagoa. Pelo menos a
julgar pelo que sobreviveu. E é desde há pouco produção cerâmica e azulejar
própria. O museu também está virado para o futuro da comunidade. Além de tudo
isso, fizemos recolhas de urgência já que a construção civil e a disseminação
do uso do plástico estão a alterar radicalmente a decoração utilitária dos
lares do nosso concelho. Que fazer? Salvar.
Todavia, para os poucos que fazem desse pseudo
óbice, diríamos pretexto, para favorecerem o adiamento da imprescindível
definição legal do museu, diremos que tal razão não colhe nem tem qualquer
justificação técnico-cientifica, nem tão-pouco, no fundo, afectiva, já que a
comunidade se revê nela. Mesmo na
hipótese de tal secção, em parte ou no seu todo, não vir a integrar a
explicação da vida do concelho, ainda
assim, a colecção ajudou a cumprir, com o presépio e outras realizações,
um objectivo bem definido: chamar gente a um edifício, até então de costas
voltadas para a comunidade, e de lhe despertar
o interesse pelos seus bens patrimoniais.
O núcleo do azulejo, de cerâmica e de arqueologia,
além do mais, serve para ilustrar múltiplos aspectos da vida no concelho, além
de valer pelo que vale em si mesmo. A este respeito veja-se o que dissemos
sobre o objecto contextualizado. ( objecto da nossa tese de mestrado)
Quer a supradita secção, bem como a do presépio,
funcionaram propositadamente, com sucesso, como pólo atractor da comunidade
local. Sem eles, decerto seria mais difícil consegui-lo.
4.1.1 Reservas visitáveis
Além do presépio, caso exemplar de uma peça em crescimento apesar de já incorporada em
museu ( conforme se explica em livro lançado no dia 16 de Dezembro de 1996 intitulado “ Memórias do Presépio da Ribeira
Grande”) e da secção ou núcleo de azulejaria, arqueologia e cerâmica, todos os
demais, e de acordo com a nota afixada à entrada das exposições, estão
inseridos numa área que designámos de reserva visitável.
São conjuntos temáticos, por exemplo, Latoaria, que
pertenceram a um só proprietário, a Sapataria de Mestre Manuel Morais da Costa,
a Carpintaria de Mestre Artur Faria, Latoaria de Mestre Deodato Cavaco e a
Barbearia de Mestre Manuel de Medeiros Cabral ( de Ponta Delgada- esta não
deveria ser aceite?).
O conjunto da tecelagem forma um grupo compósito de objectos que
pertenceram a diversos proprietários. Ambos os conjuntos foram objecto de
estudo, de recolha sistemática e foram expostos em situação de modo o mais
realístico que o espaço continente permitiu. Todos já foram objecto de trabalho
ao vivo por artesãos da especialidade. Nestes se incluem o presépio e a
azulejaria. Todavia, todos poderão ser objecto de uma nova exposição quando se
implementar o Centro Interpretativo.
4.2 A animação
A animação entendida como o dar ‘alma ou dar vida’ a
um projecto aproximando-o da comunidade e vice-versa.
4.2.1 O fazer falar humana e contextualmente os
bens patrimoniais
Demos formação de guia ao nosso pessoal, a partir da
sua experiência vivencial adquirida no apoio à montagem das exposições e
explicação das mesmas. Privilegiamos a explicação verbal como suporte
preferencial às tabelas clássicas. Pretende-se dar a quem nos visita o
testemunho vivo de quem reside neste espaço, tanto mais que muitos dos
percursos propostos têm sido feitos por voluntários especialistas em cada uma
das áreas temáticas. Assim tivemos e teremos os moleiros para os moinhos, o
historiador de arte... É uma filosofia
baseada no princípio caseiro da dona de casa que recebe visitas. O utente é
recebido como visita e não como utente. Não estamos grandemente interessados no
‘déficit’ de troca, mas gostaríamos de receber as suas impressões em troca.
Tal foi também feito pelos mestres que trabalharam
nas diversas tendas e nos materiais aqui expostos. Ou, como se disse, pelos
guias funcionários, ou elementos do M.E.F.E. ou da O.T.L. . Tais iniciativas
tiveram êxito. O sucesso do acolhimento aos visitantes com chá, biscoitos,
prova de outros produtos locais e muita disponibilidade para ajudar os outros,
seja para arranjar um local para almoçar, a próxima caixa automática
multibanco, mede-se pelas críticas globalmente positivas nos meios de
comunicação social ou pela
correspondência trocada pelos que já nos visitaram e nos recomendam a amigos e
enviam prendas e convites para os visitarmos. Alguns destes convites foram
aceites por pessoal nosso.
Sucesso parcial, se considerarmos o exagero dos ‘
biscoitos’, com razão criticados nas colunas de diário local de Setembro
último. Porquê?
Com vários projectos a decorrer e sem um número
suficiente de funcionários experientes e treinados para enquadrar os
funcionários temporários e perante os grupos organizados pelas agências, um dos
elementos do vasto programa proposto para a animação estival tomou
preponderância por ter caído nas graças dos turistas. Subentenda-se turismo de
‘massa’. Não se conseguiu reagir a tempo. Como resultado, os agentes de turismo
pressionaram-nos no sentido de continuarmos e o comércio local, sentindo-se
lesado, pressionou-nos no sentido oposto.
Queremos crer que tal se deveu igualmente ao facto
de vários artesãos terem falhado os seus compromissos, empurrando-nos para o
recurso mais cómodo e apetecido: os biscoitos. Terá de haver mais diálogo com
os agentes de turismo. Tem causado graves perturbações a todas as funções do
museu. Com um corpo reduzido de pessoal, como vimos, sem grande experiência,
ainda assim, absorvido a fazer grandes quantidades de biscoitos para grandes
grupos de visitantes, deixaram a casa e as colecções à responsabilidade do guia
de turismo. Não foi possível, no meio do afluxo estival, inverter esta
situação, conseguimos tão-só minimizar o abuso e fazer passar a alguns agentes
envolvidos, comerciantes e guias, com muito pouco sucesso, a nossa mensagem.
Funcionou menos mal com grupos pequenos organizados
pelas agências e bem com grupos autónomos familiares e bastante mal com os
grupos grandes das agências. Aliás será sempre difícil conciliar, para não
dizermos impossível, a filosofia do turismo de massa com os nossos objectivos
de acolhimento personalizado. Não será de excluir, já o temos tentado, a
organização de circuitos alternativos.
4.2.2 Fazer falar os bens patrimoniais (
externos)
Por bem patrimonial externo, a fim de
sistematizarmos as nossas ideias, convencionámos entender todo aquele que não
estará exposto no Centro de interpretação ou nos demais núcleos.
4.2.2.1 Roteiros
Desde o ano de 1986 que vimos fazendo visitas
guiadas e/ou levando ao exterior os bens patrimoniais contextualizados do Museu
da Ribeira Grande.
Inclui-se neste esforço as cantigas ao desafio, as
palestras e colóquios, os circuitos pedestres a diversos edifícios, espaços não
edificados, exposições temáticas, itinerantes ou fixas. As dificuldades e
carências logísticas impediram o investimento mais sistemático na itinerância.
Consistiu, no caso do presépio movimentado, pelo seu
carácter peculiar de atracção de multidões na quadra natalícia, pelo perigo do
seu desaparecimento em privilegiar o seu estudo e divulgação. O mesmo diremos dos Moinhos de
Rodízio, do Arcano Místico e de outros bens patrimoniais tais como a Igreja do
Espirito Santo. O método seguido tem sido, grosso modo, o mesmo: estudo,
recolha, contacto estreito com a comunidade, exposição, criação de banco de
dados e de um circuito externo complementar.
Foram circuitos temáticos, no caso de grupos
escolares, quase todos antecedidos por introdução no museu. Por exemplo algumas
das acções de sensibilização ao Arcano Místico foram antecedidas por três horas
lectivas, em três dias diferentes, nas quais foram projectados diapositivos,
apresentado o contexto da biografia da autora e do seu tempo. Depois da visita ao
exterior, incluindo casas onde residiu e espaços que frequentou ou a que esteve ligada, os visitantes deram as
suas impressões oralmente, uns, e por escrito, outros.[11]
Este modelo tem sido igualmente seguido para outras áreas temáticas. Nem
sempre, porém, as escolas, dado o seu apertado calendário, conseguem entrar
neste esquema. Iremos tentar concertar acções no início do ano escolar.
Depois de termos experimentado vários percursos, no
verão de 1992, guiado por António Valdemar, ensaiou-se um circuito concelhio
alternativo ao das agências de Ponta Delgada visando essencialmente o
património histórico. Este verão aprofundámos, em colaboração com o programa da
O.T.L., os circuitos pedestres rurais e
urbanos. No primeiro caso, será necessário arranjar uma solução mais sintética,
no segundo, alargá-lo no tempo e no espaço. Em ambos os casos será necessário
estruturá-los.
Julgamos ser oportuno tentar envolver os “Amigos dos
Açores” que não só têm os seus percursos editados em folhetos como têm
programas de visitas pedestres guiadas. É necessário organizar tematicamente
mais percursos dirigindo-os a pequenos grupos, tentando oferecer uma
alternativa credível ao turismo massificado prevalecente na filosofia e na
prática quer das entidades privadas quer públicas. Trabalhar com o turista da
terra, de toda a ilha e com as escolas.
4.2.2.2 Gráficos
Para os percursos é essencial uma sinalética mínima
e cuidada que oriente e facilite a circulação entre todos os trajectos
propostos, a Casa da Cultura, museu e demais pólos. A sinalética existente foi literalmente arrancada
a ferros. Não existindo legalmente o museu que nome poderíamos colocar nas
placas?[12]
Tal deu azo a uma pequena e caricata crise interna.[13]
Ainda assim, apesar da nota interna posterior a que já aludimos, a placa foi
colocada.
4.2.3 Posto de Turismo
Começando por ser uma novidade aclamada ( veja-se
nota em jornal local) há cinco anos é agora alvo de críticas, pelo mesmo jornal
e jornalista, em parte, justas. Na Ribeira Grande nunca existira tal. Primeiro
porque o local continua com o aspecto de provisório não obstante o esforço de
melhoramento só tem sido possível retocá-lo, não há telefone, o espaço é exíguo
não havendo pessoal habilitado que fale uma língua estrangeira. O recurso ao
pessoal do M.E.F.E e da O.T.L. , envolvendo elementos inexperientes e
temporários, não é suficiente. O que torna impossível qualquer continuidade.
Está também encerrado aos fins de semana e em três estações do ano o que dificulta ainda mais o seu
trabalho. Se se justifica o encerramento no período não estival, até porque o
serviço passa a ser feito na Casa da Cultura, não se justificará o mesmo aos
fins de semana já que é durante este período que muitos, da terra e de fora
dela, estão mais disponíveis para visitar o concelho. A julgar pela tendência
verificada nos últimos dois anos. O utente-tipo do posto de turismo não é o que
aparece integrado nas agências mas o independente. Com o aprofundar do museu
este papel terá de ser reforçado.
Verifica-se outro impasse com o posto. Estando
situado estrategicamente, a fim de atrair visitantes à Casa da Cultura, no
local minimamente retocado das bilheteiras do desactivado Teatro
Ribeiragrandense, em pleno centro da cidade, a escassos 200 metros da Casa da
Cultura, pretende além disso ser um apoio aos visitantes que não vêm pelas
agências de turismo.
Funciona satisfatoriamente junto dos visitantes de
língua portuguesa e mal com os restantes. A comunidade compreende, mas reclama
com razão outro tratamento, a tutela queixa-se igualmente com razão do
desinteresse das entidades regionais ligadas ao turismo. Exceptua-se o apoio
sobretudo gráfico e de encaminhamento da Delegação do Turismo em Ponta Delgada.
Segundo consta, conta-se construir a médio prazo um posto de turismo condigno e
infraestruturá-lo capazmente.
4.3 Estudo e divulgação
Para além do que já foi dito na “Rede museológica na
(e da) Ribeira Grande e desenvolvimento de uma comunidade nos Açores: uma
proposta de museu de identidade regional I”, fizemos novas exposições,
exposições mantidas fixas pelo interesse
do público ( outra forma de estar com a comunidade), exceptuando o presépio, a
partir de uns cinco anos, para readquirir o velho espírito inicial e a conselho
dos que o fizeram e do público, anualmente renovado. Após o estudo e a sua
divulgação museal temos tentado, nem sempre com sucesso, a sua divulgação
escrita. Este é um princípio elementar que nunca deverá ser esquecido: não pode
haver exposição sem investigação. A divulgação tem sido feita de várias formas
começando pela exposição em si mesma. (comunicar/dialogar permanentemente com a
comunidade é a forma vital deste projecto) e todo o suporte gráfico
explicativo, passando pelo ponto da situação publicado em periódico, em menor
escala, infelizmente, em livro, não esquecendo as aulas, os diaporamas, as
entrevistas e os congressos em que participamos. Sendo o conhecimento um
processo, sendo o museu um local gerador de conhecimento, ao estudo e à
investigação deve seguir-se obrigatoriamente a troca de experiências. A publicação
é um dos modos de tentarmos este diálogo. Em todos os trabalhos deixamos sempre
um último capítulo intitulado ‘Em
aberto’, sobretudo porque este trabalho , para ser frutuoso, terá de ser um diálogo interdisciplinar. Os especialistas
também são os mestres dos diversos ofícios.
Publicámos três trabalhos, um intitulado «Memórias
do presépio da Ribeira Grande», outro « As Memórias da ponte dos oito arcos da
Ribeira Grande», ainda outro
« Memórias dos Moinhos da ribeira Grande: um
percurso pedestre à terra dos Moinhos de água»
e temos um outro, em fase de
pesquisa, sobre “ As memórias do desporto na Ribeira Grande.” No caso da ponte
dos oito arcos, propomos a integração daquelas infraestruturas não só nas
demais oitocentistas mas no espaço da chamada Cova do Milho, onde se
musealizará dois moinhos de água.[14]
Publicou-se há já alguns anos, com a colaboração de vários elementos locais,
anualmente revisto, corrigido e acrescido, um roteiro turístico concelhio. Foi
a primeira vez que tal sucedeu já que dantes falava-se quase exclusivamente da
sede do concelho.
A dificuldade em publicar, por um lado a
obrigatoriedade em o fazer, por outro, as interpretações incorrectas que daí
possam advir, outras ocupações, têm-nos refreado e levado a descurar este
ponto.
4.4 Levantamento dos bens à nossa guarda
A par e passo completou-se a inventariação das peças
museológicas. Tememos legitimamente a ruptura pelo facto de não haver
continuidade do pessoal que fez o levantamento. Levantamento, desde 1983, da
memória colectiva oral por forma a musealizar as colecções que já temos e a
explicar as histórias destes espaços. O mesmo vimos fazendo em relação aos
documentos escritos, publicados ou arquivados, ou nos jornais que se publicaram
na Ribeira Grande ou artigos sobre a Ribeira Grande. Também aqui tememos pela
continuidade pelo facto de não termos o estatuto de investigador e de termos de
nos afundar cada vez mais em aspectos administrativos também necessários. A
solução passa pela elaboração de um quadro funcional adequado a estes
objectivos.
4.5 Esforço de infraestruturação e de definição
Enquanto se avançou insatisfatória e confusamente na
infraestruturação nada se fez no capítulo da definição.[15]
4.5 Museu
Porquê? Porque é a única maneira correcta, com
provas dadas em outros locais, de desenvolver um projecto patrimonial de
memória. Porquê um museu de identidade? Por ser, quanto a nós, dado a nossa
especificidade, a melhor maneira de envolver todo o espaço, tempo e comunidade
concelhia.
Porquê, então, a morosidade na sua definição? Será
que o não temos explicado devidamente? Em parte. Será que não nos têm querido
entender? Em parte. Além de ser um
projecto novo.
Há, todavia, ao longo destes longos e difíceis,
nalguns casos incompreendidos, onze anos de esforço, diferenças notórias entre
a atitude do público e da administração. Parte substancial do público,
constituído por todos os grupos sociais da área urbana, menos os da área rural,
estamos em crer, dificuldades logísticas não nos têm permitido efectuar um
trabalho mais aturado naquelas áreas, refere-se ao seu museu participando nele
com visitas, ofertas, sugestões e ajuda em trabalhos de pesquisa ou visitas
guiadas.
No início havia quem discordasse da existência de um
museu na cidade da Ribeira Grande por já existir um em Ponta Delgada. A este,
essencialmente a opinião de um influente residente de Ponta Delgada trabalhando
na Ribeira Grande, respondemos que tal como na Idade Média a igreja e a praça
eram equipamentos urbanos necessários,
uma cidade de hoje necessitaria também de um parque cultural, desportivo e
industrial.[16]
Outro, residente naquela cidade mas trabalhando
nesta, ainda mais influente que o anterior, era da opinião de que nós não
dispúnhamos de colecções ricas, subentendendo-se pintura, escultura, etc., que
justificassem um museu. Tratava-se da posição da ‘ditadura da obra-prima.’
Quando muito uma ou outra sala com espécies etnográficas. Isto numa altura em
que a própria administração regional alterara a
‘ obsoleta sala etnográfica.’[17]
Ainda outro,
natural de cá, mas vivendo no longínquo oriente, mestre de muitos de nós, dizia
que as “coisas etnográficas” como suscitassem evocações da dureza/aspereza dos
tempos felizmente idos, não conseguiriam despertar interesse entre a
comunidade.
Mais outro, com grande responsabilidade na
administração local, nem sempre em sintonia com os demais, hoje um proponente
de um outro museu, achava pura e simplesmente que o “museu” era uma traição ao
espírito inicial da Casa da Cultura.
Entretanto a Comissão Instaladora da Casa da
Cultura, reunida a nosso pedido quando tomámos posse em 1986, apesar da sua
ambiguidade programática, deu-nos luz verde para prosseguir o trabalho de
recolha iniciado pela nossa antecessora, Dr.ª Piedade Lalanda, a quem tinham
dado instruções, exaradas em acta, para instalar um museu etnográfico.
Ninguém igualmente recusou ofertas de espécies
museológicas, contratou-se um conservador de museus, ou um director da Casa da
Cultura, como vem em acta, e uma auxiliar de museografia [sic]. Alguns membros da Comissão
tomaram a iniciativa de recolherem ofertas.
A legislação que
em 1993 criou a Divisão de
Acção Sócio-Cultural não contemplou a
existência legal nem do museu nem da biblioteca já existentes, não se atendendo
assim ao alvitre e à chamada de atenção por parte do conservador de museus
responsável e responsabilizado por aquelas colecções. Por esta altura já o
museu era anunciado nos meios de comunicação social, o horário de abertura era
cumprido até aos fins de semana, vínhamos em guias de turismo e existiam placas
de sinalização com o nome museu. Acabou-se com o lugar de auxiliar de
museografia, depois de se ter permitido ao conservador frequentar um curso de
mestrado e de museologia pôs-se a posição a extinguir quando vagasse e
pretendia-se encerrar algumas das secções museológicas mais visitadas em pleno
período estival.
Porque não deve continuar esta situação
Porque temos bens patrimoniais já musealizados à
nossa guarda, tendo outro tanto à espera de ser incorporado, temos de facto o
museu e os serviços de documentação. Não se trata de acabar com o projecto da
Casa da Cultura, projecto interessante e necessário, não se trata sequer de
querer a todo o transe fazer o museu no espaço do solar de São Vicente
Ferreira, outro espaço servir-nos-á à mesma, trata-se de reconhecer o que já
existe e o que sempre se quis fazer. O programa da Casa da Cultura terá
oportunidade para se concretizar em pleno no, esperemos dentro em breve, Centro
Cultural, no espaço do Teatro Ribeiragandense, hoje Teatro Municipal.
Existe uma razão urgente que temos de atender sob
pena de suscitar novas e indesejáveis ambiguidades. É nosso dever alertá-lo.
Está-se a propor a ampliação do espaço do edifício do solar de São Vicente
Ferreira para nele receber e expor colecções museológicas dispersas, está-se
inclusive, segundo me informaram, a lançar a público um concurso de ideias para
o mesmo, havendo, pois, necessidade de dizer aos arquitectos, que desejam
concorrer exactamente e sem ambiguidades, o que se pretende para o novo espaço.
Para albergar novas colecções museológicas, deixe-se passar a verdade
palissiana, os arquitectos têm de ter um programa museal dado por um museólogo.
Para isso serão necessárias duas coisas:
1- Que o museu seja reconhecido;
2- Que o museólogo trabalhe de perto com o
arquitecto.
Como poderão
projectar correctamente se não lhes dissermos que é um museu e não uma Casa de
Cultura. O especialista do trabalho museal é o museólogo.
Em terceiro lugar, não pela sua importância, porque
a nossa proposta de museu da Ribeira Grande, publicamente apresentada em 1995,
a pedido da autarquia, alicerça-se/ fundamenta-se nas razões da criação de um
parque cultural coerente para o concelho,
tão legítimo e coerente como o parque industrial e o
parque desportivo. É um dos elementos imprescindíveis ao desenvolvimento
harmónico de toda a comunidade. Mas a criação de um museu não deve ser uma
tarefa leviana.
Trata-se de sistematizar algumas iniciativas.
Sistematizar e integrar o que se fará no Teatro Ribeiragrandense com o que se
fará nos museus do Arcano e outros.
Trabalhar nesta área patrimonial exige, tal como em
arquitectura, medicina, etc. ,
conhecimentos técnicos e planeamento, não podendo somente haver
considerandos políticos, pois o desenvolvimento global de uma comunidade assim
o exige e o bom senso aconselha.
4.6 Esforço de formação
A não ser corrigido quanto antes, fará acabar tudo o
que tem sido feito e abafará tudo o que se pretende fazer.
Para introduzir alguma maturidade na equipa inicial,
e como veio a propósito, aceitámos o concurso semi-voluntário de um reformado
com largo conhecimento da área. Já tínhamos experimentado anteriormente com
outro igualmente com sucesso. Mais tarde veio a falhar, no primeiro caso por
ter tomado outra opção, no segundo, por ter sido aproveitado pela
administração.
Só temos, além do auxiliar de animação cultural,
dois auxiliares sem qualificação específica. Infelizmente espalhou-se a ideia
de que para a Casa da Cultura, tal como as peças inúteis de museu, deveriam vir
pessoas em fim ou em princípio de carreira, criando assim problemas de
continuidade.
A solução da formação (tema de um trabalho nosso
apresentado nas bodas de prata da APOM, na cidade do Funchal em 1989) não
residirá pois, parece-nos, na continuação do MEFE, mas do aproveitamento dos
seus melhores elementos, enquadrando-os por pessoal mais experiente, devidamente
reclassificado de outras áreas do município
( aproveitando-se a informatização de outros
serviços) e formado. Já que, segundo se diz, dificilmente se poderá contratar
mais elementos.
A partir de uma base humana já conhecida, que, no
nosso caso, consistirá, pelo menos, de um responsável administrativo, um
responsável intermédio para o espólio museológico, uma auxiliar de animação, um responsável intermédio
e superior para os serviços de documentação, um contínuo experiente e uma
auxiliar de limpeza, partiremos para a formação específica na área patrimonial.
4.7 Serviços de Documentação
É o cérebro
de todo o museu. Até agora temos recolhido e salvo o que sobreviveu da
Biblioteca Municipal quando esteve instalada no edifício da rua de Nossa
Senhora da Conceição. Com a entrada da Biblioteca da Gulbenkian o
município errou julgando que fazia bem. Fez bem em abrir as portas à Gulbenkian,
fez mal ao relegar para o esquecimento a Biblioteca Municipal que já existia
desde meados do século XIX e que tinha sido remodelada sob a presidência do Dr.
Lucindo Rebelo Machado. Até porque a política de aquisições da Gulbenkian é de
âmbito nacional, sem atender grandemente, como é óbvio, aos particularismos
locais. ( Nossa proposta no catálogo da exposição bibliográfico-documental de
autores do concelho) Os moldes em que a política de aquisições se deve
orientar, aí propostos, têm servido de base para a constituição do nosso
espólio. Assim procedemos a uma campanha de angariação de espécies documentais,
recebemos alguns fundos de oferta, iniciámos a classificação da hemeroteca e da
biblioteca e, com graves lacunas, ainda assim demos ao público a possibilidade
de consulta. Tentamos, debalde, separar os arquivos histórico do corrente,
procedemos a algum trabalho de recuperação nos arquivos da Matriz, Conceição,
Ouvidoria e Santa Casa da Misericórdia, e temos sensibilizado em público e em
privado as entidades competentes para dar atenção a este serviço.[18]
Para rendibilizá-lo o melhor possível, nas condições
actuais procedeu-se primeiro a uma triagem selectiva daquelas espécies julgadas
mais procuradas. Para ir ter com o público e disponibilizar os periódicos,
durante mês e meio, no verão transacto, levámos a leitura até ao jardim
municipal.
Hoje não temos condições para prosseguir. Recebemos
ainda livros, todavia, por prudência, evitamos adquirir outros. Estamos, pela
primeira vez, desactualizados. Não vale a pena continuar, nestas condições, a
tentar servir o público, sobretudo estudantil e investigadores ( há anos que
vimos alertando para o facto de o local e o modo como o grosso do espólio pode pôr em risco a segurança de todo o
edifício)
Este espólio - de temática não relacionada com a
acção patrimonial do museu -, encontrando-se no mesmo edifício do museu,
decerto morrerá ou fará morrer o museu. Em artigo de 1988, sobre os arquivos,
opinámos sobre a necessidade de um arquivo no chamado “Parque Cultural” e deste
para o desenvolvimento integrado. Não poderá haver verdadeiro desenvolvimento
sem tais infraestruturas.
Contratámos
um técnico superior de B.A.D. que, coadjuvado por uma funcionária do programa
PROSA está neste momento próximo de atingir a informatização de 1000 títulos
dos quase 10 000 livros dos Serviços de Documentação, e que procederá à
regulamentação de acesso aos mesmos. Não
falando das outras espécies documentais. Está-se a estudar a digitalização do
núcleo de vereações.
Porém, para
que haja continuidade deverá ser disponibilizado um espaço autónomo e pelo
menos um técnico intermédio.
III
5 O que há a fazer ?
Para além do que já foi anteriormente referido e
para não nos repetirmos em demasia.
5.1 Definições, criar legalmente o museu e
infraestruturá-lo formando pessoal.
Ou melhor criar no papel , em primeiro lugar, o
museu da Ribeira Grande, em segundo lugar, discutir o modelo de museu proposto.
Não deve haver museu sem programa museal. De outro
modo não se poderá trabalhar a sério nesta área patrimonial. Dar-lhe as
competências próprias de qualquer museu tal como estão consagradas pelo ICOM e
pela APOM.
5.2 Definir, criar, legalizar, infraestruturar e
formar o pessoal do Serviço de Documentação
A Biblioteca Municipal nunca foi extinta, mas há que
adaptá-la à nova filosofia dos Serviços de Documentação, bem como às novas
técnicas de informática. Há que encontrar um espaço adequado para albergar a
colecção existente.
5.3 Centro de Interpretação
Achamos que, não sendo o contrário invulgar, caso do
Museu da Lagoa, deveríamos começar pelo Centro Interpretativo Central no espaço
do solar de São Vicente Ferrer. Por conseguinte, é necessário que o museólogo
acompanhe de perto o trabalho do arquitecto para a ampliação anunciada daquele
espaço. Mas, antes disso, e também por causa disso, é necessário legalizar o
projecto pelas razões já atrás expendidas.
5.3.1 Reservas
Espaço imprescindível ao Centro Interpretativo,
porquanto existem muitas peças oferecidas em casa dos doadores ou em
lugares menos próprios. ( Veja-se o caso
lastimável da garagem e o modo como nela se encontram a adega, a oficina de
ferreiro ferrador, o resto da sapataria, todo material cinematográfico da
Esplanada Peixoto e espólio oferecido pelo sr. Joaquim Morais ). Acresça-se a
estes, o espólio de uma farmácia. Tal espaço tem de ser executado de modo que
sirva tanto as reservas visitáveis como as não visitáveis e que esteja situado
num espaço de fácil acesso e de manuseamento das peças para o local das
exposições. Deverá ficar situado, dadas as características, num edifício feito
de raiz. Também é necessário pelo facto de não irmos expor tudo o que possuímos
ou viremos a ter no futuro. Apesar da nossa filosofia de deixar as coisas nos
seus locais originais, sabemos que nem sempre tal é possível. Veja-se os casos
da Latoaria, Ferreiro Ferrador, Sapataria e Adega.[19]
Espaço generoso, amplo e aberto, tal como vimos,
entre outros locais, no Museu Nacional de Etnologia, tem de ser acessível,
repetimos, ao elevador, ou monta cargas, à entrada de serviço, à câmara de
expurgo ( veja-se a Gulbenkian) e à oficina de inventariação e de conservação.
5.4 Museu do Arcano
Será um museu da paróquia de Nossa Senhora da
Estrela[20]
e deve reflectir a paróquia, devendo-se aliar cooperativamente, de igual para
igual, ao Museu da Ribeira Grande.[21]
Por já termos feito o estudo da vida e da obra da
autora do Arcano Místico, figuras centrais da exposição permanente e pretexto
para os circuitos urbanos complementares temáticos, tal como vem sugerido na
tese que apresentamos. Já há uma Comissão Instaladora, existe uma pequena verba
da autarquia para recuperar a casa que
pertenceu à autora do Arcano que, há um ror de anos, foi adquirida com
dinheiros públicos. Todavia ainda há tramitações que não foram infelizmente
resolvidas. Iremos, pelo menos essa é a nossa intenção, iniciar a última fase
de sondagens arqueológicas ao interior e exterior do edifício em questão.
Depois, antes, ou concomitantemente, tanto fará, um arqueólogo, um arquitecto,
o museólogo e um engenheiro trabalharão em conjunto para acertarem a
intervenção adequada àquele imóvel e àquele programa museal.
5.5 O museu do Moinho ou o núcleo do Moinho do
Museu da Ribeira Grande
Mostraremos no espaço da Cova do Milho ( hoje Parque
Infantil Municipal), a exposição da “ Cerealicultura à farinação”[22]
e mostraremos o aparelho motor completo com a possibilidade de se poder
trabalhar num dos dois moinhos existentes, tal como já se faz no Seixal. Ver
fazer e fazer conversando com o moleiro. Toda a área deverá ser sinalizada.
Situa-se num pequeno espaço o que
facilita a visão rápida de todo o processo de fabrico. Tem este museu vocação
para ser um Centro Interpretativo regional de molinologia.[23]
No Centro Interpretativo Central propor-se-á um resumo desta problemática e um
banco de dados. Aliás este também será o esquema para os demais núcleos, ressalvando as especificidades de cada
temática. No centro interpretativo local deve constar as sugestões para a
visita a outros moinhos, não só na área urbana os da Condessa, com cujos
proprietários se deve estabelecer protocolos, ao exemplo do que se tem feito em
outros locais, os da Ribeira estão exemplificados pelos da Cova de Milho, ou
outros do concelho e fora do concelho. Porque não haver acordos de cooperação
com os moinhos de maré de Corroios, no Seixal, ou entre outros, o Moinho do
Sargento, em Mértola ?
Aliás esta filosofia expositiva temo-la tentado,
debalde, desde 1986, para o caso da Latoaria, etc., sem sucesso devido á
pressão imobiliária.
Por o não termos conseguido, apesar do apoio de
parte da comunidade, a autarquia não se entusiasmou, nem nós tivemos talento
para o fazermos, resolvemos propor para
as mesmas, a exposição tal como vemos hoje na Casa da Cultura, ou seja uma
tentativa de exposição em situação, não
muito do nosso agrado, não só por ser artificial, mas por ser parcial. Por tal
preferimos chamá-la de reserva visitável.
6.0 O que há a fazer depois das fases do ponto 5.
A médio prazo.
Em todas as suas fases, referimo-nos especificamente
à nossa área de especialização, deve ser um museu aberto à comunidade mas não
abdicando, isso é essencial, pelo menos para nós, dos deveres decorrentes do
manuseamento de colecções e bens patrimoniais conforme está exarado nos acordos
e leis sobre a especialidade. O mesmo se passa com a tutela.[24]
6.1 As articulações locais, regional e
intermunicipal
Este museu para se explicar, sobretudo dentro do
espírito de outros no género existentes, deve tecer laços de cooperação diversa
com diversas entidades aos níveis indicados em epígrafe. Deverá ser, sob todos
os pontos de vista, mutuamente vantajoso.
Vejamos o caso dos moinhos da Condessa, na Ribeira
Grande, cujos proprietários acordariam um determinado tipo de cooperação com o
museu da Ribeira Grande. Ou o moinho da Câmara X, fora do âmbito territorial da
nossa, poderá estabelecer alguma relação com o nosso através de um acordo
autárquico ( não é inédito) directo ou através da Associação de Municípios.
Ou a articulação com um museu da igreja, como deverá
ser o caso do museu do Arcano. A todos os níveis e para cada caso deverá haver
um tipo de acordo adequado, desde a cooperação técnica até à logística.[25]
6.2 Museu do Chá
Exemplo de uma articulação entre a autarquia e
proprietários. Inserir-se-á no âmbito da arqueologia industrial abordada numa
perspectiva de história antropológica ou história social.
Deveria haver um núcleo interpretativo local, uma ou
duas fábricas em laboração e espaços cultivados espalhados por várias
freguesias do concelho.
6.3 Roteiros/Percursos
Já estão a ser feitos e continuarão, se tudo correr
bem, não envolvendo grosso modo grandes dispêndios. Todavia, não os podemos
fazer nos moldes actuais. Fazê-lo em cooperação com os ‘Amigos dos Açores’ ou
com algum grupo ou grupos que se organizem para tal efeito. O aparecimento de
iniciativas particulares seria de aplaudir.[26]
6.4 Exposição
itinerante
Um projecto de museu deste tipo, além dos percursos,
do centro de interpretação, dos núcleos, etc., tem de desenvolver uma política
sistemática e concertada de exposições itinerantes.
É a maneira de a parte se fazer conhecer ao todo.[27]
Mas toda e qualquer exposição sempre antecedida por investigação séria e
cuidada, investigação e recolha ligada ao plano do museu.
Além destas, dever-se-á abrir às realizações
externas, ao intercâmbio cultural entre instituições culturais de várias áreas.[28] Ainda aqui há que salvaguardar a qualidade
das realizações, garantindo-se esta com a investigação muldisciplinar. É mais
um modo de atrair a comunidade estudantil e académica a este projecto.
7.0 O que
há a fazer a longo prazo
Ir desenvolvendo no terreno cada uma das temáticas
esboçadas no Centro Interpretativo. O que abaixo resumiremos é tão-só um
horizonte de possibilidades que poderão, eventualmente, ser alteradas, de
acordo com circunstâncias, designadamente em casos de urgência.
7.1 A temática do chá
Já o dissemos atrás, por ser uma temática ligada às
culturas agro-industriais desenvolvidas no concelho, e por ser complexa,
envolvendo várias fases, insistimos de novo.
7.2 A temática dos tecidos[29]
O linho é outra cultura agro-industrial tão relevante
para o concelho ao ponto de o ribeiragrandense ter sido e ser conhecido por
‘fuseiro’. O que é ser-se fuseiro?
O linho constituiu o grosso da exportação da Ribeira
Grande desde o século XVI, no século XVIII houve, por iniciativa do conde da
Ribeira Grande, uma manufactura, mais tarde adquirida pelos ingleses, a que
teriam lançado fogo, e uma quantidade infinda de pequenas explorações
familiares. Já no século XX e até há pouco tempo, houve uma fábrica de
tecelagem na Ribeirinha. Os panos da Ribeira Grande chegaram a ser exportados
para Angola e Brasil.
7.2.1 Fabrico caseiro
Exceptuando o século XVIII, princípios do seguinte,
e século XX, foi essencialmente uma actividade exclusivamente familiar
envolvendo complexos de ruas e artesãos em troca de complementaridade, desde o
cultivo do linho, tratos do linho, tratamento, feitura do pano, sua venda e
transformação.
7.2.2 Fabrico industrial
Falar um pouco do que constituiu a fábrica do Conde
no século XVIII e a Tecelagem no XX no tecido das indústrias familiares.
7.3 A energia hidráulica e a fonte da vida
A água, como fonte de todo o desenvolvimento
agro-alimentar, manufactureiro e industrial do concelho, desde os primórdios
quatrocentistas ao presente. A ribeira que lhe deu o nome e a proeminência. No
século XV a abundância e a perenidade das suas águas, sobretudo da Ribeira
Grande, contribuiu para a fixação de cultivadores de trigo nesta área e igualmente para a construção dos moinhos que
a tornaram tão importante ao ponto de o rei lhe conceder três privilégios
importantes: monopólio de moinhos, servidão gratuita do porto dos Carneiros, na
Lagoa, e o alqueire de vara pequena. Já no século XVII seria concedido o título
de Conde da Ribeira Grande aos Câmara.
7.3. 1 Os moinhos
Desde o século XV que ajudaram a criar riqueza na
área. Este elemento da arqueologia industrial, tal como a central
hidroeléctrica. Sendo, por vezes disputa aberta entre moinhos da condessa e da
ribeira, entre si e contra a hidroeléctrica.
7.3.2 Central hidroeléctrica
Desde inícios deste século, primeiro em 1902 “ luz
do Cordeiro”, na década de trinta a Central de Ponta Delgada. O que a
electricidade permitiu? A mudança.
7.3.3 A água alimento dos seres vivos e
refrigério
Aqui dará para falar da água potável, da água da
rega, das águas minero - medicinais e termais.
7.3.3.1 Água potável
O abastecimento de água para consumo público. O
fontanário público. As penas de água ao domicilio. A moderna canalização.
7.3.3.2 Água da rega
Da rede de abastecimento das culturas dos primórdios
ao projecto do Pico das Covas.
7.3.3.3 Águas minero - medicinais e termais e
banhos de mar
A saúde na água: a água da Ladeira da Velha , das
Lombadas, da Helena, as Caldeiras as Poças. Falar um pouco da evolução da
medicina e dos hábitos de higiene
7.3.3.4. O homem e a terra
A Ribeira Grande foi e ainda é um espaço
predominantemente rural.
7.3.3.5 Os campos
A propriedade e as culturas. A economia rural.
7.3.3.6
A reserva da Lagoa do Fogo
Um
caso de preservação das plantas endógenas no seu ecossistema.
7.3.3.7
Os biótipos da orla marítima
7.3.4
Rabo de Peixe: O horticultor e o pescador duas comunidades
7.3.4.1
O Horticultor
7.3.4.2
O pescador
8.0
O homem e o transporte
8.1
O ex-aeroporto de Santana: futuro comprometido da Ribeira Grande?
8.1.1O
porto de Santa Iria, o dos Carneiros e a proeminência de Ponta Delgada.
8.1.2
Os portos de pesca da costa norte e os transportes
9. A
Maia: a desafortunada candidata a vila
9.1
O pasto
9.1.1
O mar
9.1.2 A fábrica
Fazer o mesmo para as outras freguesias
10 A
arqueologia e nós. O arquivo sob os nossos pés.
10.1
O adro das freiras
10.2
O forte de Nossa Senhora da Estrela
10.3
Um fontanário quinhentista
10.4
O areal de outrora
11 O
homem religioso. O circuito religioso
11.1
As festas religiosas
11.2
A arte religiosa
11.3
A arquitectura, o azulejo e a talha
11.3.1
Os Araújo Lima
Ribeira Grande, 2 de
Fevereiro de 1998
Mário Fernando Oliveira
Moura
[1]A ‘Identidade’, exerce-se
sobre e a propósito de algo e é uma faca de dois gumes. É incontornável e perigosa. Temos o exemplo
exacerbado dos nacionalismos deste século e de toda a xenofobia daí decorrente.
Como ultrapassá-lo? Não o ultrapassando, mas encarando-o. Tendo presente a
identidade e a alteridade, o outro, o estudo, a ética, o bom senso, a
democracia, o respeito pelas minorias, muita abertura, cultura cívica (
política cultural e cultura política), interligação do desenvolvimento ao
património entendido como a criação de parques industrial, desportivo e
cultural. E muito bom senso. E talvez não chegue.
[2] C.M.R.G. Actas,
sessão de 15-10-1993, fl. 2
“ A Câmara analisou a eventualidade de proceder a
uma alteração na Orgânica e no Organograma dos serviços municipais no sentido
de aditar á Divisão de Acção Sócio-Cultural um Núcleo Museológico.
Após troca de impressões sobre a matéria, a
Câmara deliberou, por maioria, com os votos a favor dos Senhores Vereadores
Abílio Baptista, Emanuel Pimentel e João
Oliveira, propor à Assembleia Municipal
a criação de um Núcleo Museológico na Divisão de Acção Sócio Cultural.”
[3] Carta do Conservador
Principal de Museus dirigida ao Presidente da Câmara Municipal datada de
13/08/1993
“ No conhecimento tardio, e ainda assim por
iniciativa própria , da nova estrutura orgânica recentemente posta à discussão
e aprovada na Assembleia Municipal, se bem que não me tenha sido solicitado
qualquer parecer, no tocante ao sector de que oficialmente sou responsável
desde janeiro de 1986, a título de espontânea colaboração e no propósito da
melhor coordenação dos serviços propostos e até agora a meu cargo, peço licença
para apresentar a V. Ex.ª com o
maior respeito e apreço algumas
considerações que julgo de todo pertinentes.
Assim, no referente à matéria respeitante à
secção III ( da Divisão de Acção Sócio-Cultural) e ao seu Artigo 21º se bem que
não esteja no meu propósito pronunciar-me sobre as competências e atribuições
nele subentendidas- atendendo a que se trata apenas das linhas gerais de um
organograma, por mais inovador que pretenda ser, salvo melhor opinião, julgo
que não deverá deixar-se de ter na devida conta realidades e objectivos
concretos, já conseguidos ou a equacionar com a possível clareza e êxito.
Nesta ordem de ideias ( e sempre no melhor
espírito de colaboração) no que toca de forma vaga e menos explicita aos
serviços já citados e de que há públicos testemunhos de eficiência e projecção
concelhia, no âmbito das alíneas a, b e c do artigo 1, apenas referidas no
campo das generalidades, julgo ser meu estreito dever chamar a atenção de V.
Ex.ª para a necessidade e urgência de que, a partir dos esquemas já existentes,
seja definida e criada uma estrutura adequada, desdobrando a actual Casa da
Cultura em actividades específicas e devidamente coordenadas, a saber:
a) Criação do Museu do Concelho, com os
devidos apoios a nível nacional e europeu, no actual edifício, valorizando e
descongestionando as actuais colecções e permitindo a recolha e exposição de um
maior acervo museológico, possível de ampliar no concelho ( a titulo de exemplo
diremos que temos oferecida uma cozinha completa, para além das tendas de
Ferreiro, Ferrador e Adega, que, por falta de espaço não estão expostas) ;
b) Criação de uma Biblioteca Municipal em área
própria, à semelhança do que existe na maioria das cidades e vilas do país,
mantendo e ampliando por forma condigna o actual fundo à volta dos dez mil
exemplares, com a devida classificação e consulta pública ( aliás já o sendo
para a população escolar, os nossos maiores utentes) ... Deste modo,
considerando estes três itens como peças imprescindíveis no âmbito do sistema
que se pretende criar, apresento a v. Ex.ª, os meus respeitosos cumprimentos,
na convicção de que mais uma vez será compreendido o zelo e entusiasmo com que
tenho servido os objectivos da Casa da Cultura como será fácil comprovar pelas
milhares de visitas aqui registadas anualmente, sempre com o menor dispêndio
para o Município e para a sua gestão.”
[4] Em 16 de Dezembro último,
aquando do lançamento do “Memórias do Presépio da Ribeira Grande,”
fizemos, de novo, um apelo público às
entidades competentes para criarem legalmente o Museu e os Serviços de
Documentação. No que fomos corroborados pelo Prof. Rui de Sousa Martins. O
mesmo fizemos em três entrevistas que concedemos a alguns órgãos de Comunicação
Social locais também a propósito do lançamento do supradito livro. Em artigo
saído no «Terra Nostra», este mês de
Fevereiro, ou nos últimos do anterior (1997), Armindo Moreira da Silva retoma
em editorial o mesmo assunto.
[5] Todavia, onze anos após,
nova vereação, decide por unanimidade transformá-lo em ‘Mercado florista.’
Mercado florista na Ribeira Grande e
salvaguarda dos moinhos de água , Diário dos Açores, 30 de Maio de 1988,
fl.4
[6] António Valdemar, Ribeira
Grande… , Diário de Notícias, Lisboa, 9 de Agosto de 1997, fl. V
«
- a par do ferro forjado e do ciclo da produção, transformação dos cereais -
seja atribuída uma representação significativa à talha, no espaço museológico da Casa da Cultura.»
[7] Mário Fernando Oliveira
Moura, Fazer omeletes sem ovos: não, muito obrigado “ Signo”, Ponta
Delgada, Junho de 1986
[8] Mário Fernando Oliveira
Moura, Fazer omeletes sem ovos: não, muito obrigado “ Signo”, Ponta
Delgada, Junho de 1986
[9]Estude-se a transformação da
festa do Espírito Santo em Tomar em festa dos Tabuleiros e perceberemos o que
dizemos. Excluíram-se todos os elementos não espectaculares da antiga festa
dando-se ênfase a um elemento, os tabuleiros, de tal modo que é difícil
recuarmos à sua origem. Tal foi feito já neste século. Decidido e feito por uma
elite local ‘iluminada.’ As Cavalhadas, ainda que bem intencionadamente, também
foram alvo de depurações por parte da elite governante.
[10] Sair com… , “ Açor
Jovem,” Agosto / Setembro de 1997, p.
14- 15
[12] Já tínhamos colocado placas,
o horário estava a ser divulgado diariamente nos meios de comunicação social e
apesar de termos sido oralmente informados da aceitação do conteúdo da placa,
receberíamos uma nota de serviço que nos impedia de designar “isso” de museu.
[13] Com o projecto da placa da
Casa da Cultura para a Câmara e vice-versa a ser autorizado e a ser
desautorizado. Tais andanças prolongaram-se por um período de semanas.
[14] Ficaram bastante danificados
na cheia de setembro último.
[15] Tentou-se debalde a
organização de um Congresso de Casas de Cultura, tentou-se igualmente debalde
uma ligação à D.R.A.C. .
[16] Artigo de 1996- “ Não se
fazem omeletes sem ovos”....
[17] O estudo dos objectos
museológicos não se esgota na abordagem etnológica, assim cada objecto poderá, diria, deveria ser visto e estudado de vários
ângulos disciplinares. É tão simples quanto isso.
[18] É um sonho antigo que tem tido muitos
antecessores. Veja-se o esforço do dr. Lucindo Rebelo Machado, do engº Armindo
Moreira da Silva, do engº Ezequiel Moreira da Silva e outros.
[19] A pressão imobiliária
impediu-o. Desde 1986 que o vimos, em vão,
tentando.
[20] José Garcia, Agradecimentos
, Boletim da Comunidade Paroquial de Matriz da Ribeira Grande, n.º 5,
8/9 Novembro de 1997, fl.4
«
É ver,
por exemplo, a reparação e restauro da antiga casa da Madre Margarida do
Apocalipse, na rua que lhe tem o nome,
para ali ser instalado o já chamado Museu do Arcano; »
[21] Sobre o assunto temos um
trabalho de gestão, etc...
[22] Já proposta pelo Prof.
Doutor Rui de Sousa Martins como membro da Comissão Instaladora da Casa da
Cultura e aplaudido pela mesma.
[23] Prof Doutor Rui de Sousa
Martins, por exemplo in “ Museus e património local.”
[24] Interdependência.
[25] Veja-se artigo de 1986.
[26] Parte do papel do
museu, deste pelo menos, será o de fazer
participar a comunidade a este nível
[27] Veja-se nossa proposta de
1989
[28] Objecto de trabalho, salvo
erro, em 1989
[29] Estamos a desenvolver em
colaboração com diversas pessoas, sobretudo o sr. António Guilherme Pimentel,
um projecto de etno-arqueologia envolvendo a comunidade.
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