Avançar para o conteúdo principal

Baixa da Maia





Baixa da Maia – XXVI

A morte da onda do meio de Rabo de Peixe, enlutou os bodyboarders da Ilha.[1] Onde ir com mar ‘grosso’ em Santa Bárbara e no Monte Verde? Na ressaca daquela morte, Ricardo Moura (então, esperança do bodyboard e futuro campeão de desportos motorizados) e o seu grupinho chegado de amigos, descobrem a onda da baixa da Maia: ‘Procurávamos sítios e vimos aquela onda na Maia.’ ‘Fiz parte [Ricardo Moura] do grupo das primeiras pessoas que entraram na Maia, entre 94 e 96.[2] Uma onda ‘potente, rápida e tubular.’[3] Assim a define Sérgio Rego (o Serginho) que chegou (logo depois) à Maia. A conjugação ideal para esta ‘onda pointbreak de esquerda’ calha nas maré baixa, com o vento sul, sendo a (melhor) direcção ‘sweel de oeste, noroeste.[4]Também dá para surf mas é muito melhor para bodyboard. Por isso, diria que é frequentada por 99% de bodyboarders.’ Arremata Serginho.[5] Em 2015, com obras de consolidação de arribas projectadas, temeu-se que lhe acontecesse o que acontecera à (defunta) de Rabo de Peixe. Houve alerta (geral) tanto na imprensa local como na da especialidade.[6] Receio (felizmente) infundado: feitas as obras (com ou sem mudanças aos planos) a onda mantém-se como dantes (garantem-me).

Sendo até 2005, conhecida por muito poucos, a partir de 2005 viria a ser conhecida por muitos. Nesse ano, juntamente com a onda de Santa Bárbara (e a do Monte Verde, apesar de não vir aí referida), ganharia projecção ‘global.’ Causa disso? Um filme ‘realizado pelo multitalentoso fotógrafo, músico, artista e surfista Mickey Smith, (…) contando com alguns dos melhores bodyboarders australianos da época, Brenden Newton, Harry Dixon, Brandon Foster e Adam Benwell (…).’ A reportagem veio a público na ‘Riptide,’ uma revista australiana. Resultado? ‘Os Açores e as ondas da Maia e dos Areais de Santa Bárbara,’ foram atirados ‘para o centro do radar dos bodyboarders de todo o mundo.’[7] Na Maia, atento às novidades, Eduardo Almeida, guia de turismo e bombeiro, agarra a oportunidade. Em parceria com a ‘Casa do Povo da Maia, Junta de Freguesia, Direcção Regional da Juventude e alguns apoios comerciais e privados,’ aproveita uma das suas Maia em Actividade e Semanas de Juventude, para contratar (em 2006 ou em 2007) o bodyboarder Sérgio Rego (Serginho).[8] Já antes disso, na década de cinquenta, talvez ainda antes, como sucedia em outros locais ao redor da Ilha, ‘ia-se às inchas’ (aqui) ainda dentro da baía (fazia-se uma espécie de carreiras). Na década de noventa, imitando o que viam fazer fora da Baixa Ricardo Ferreira, Serginho, Miguel Reis e C.ª, Gastão e Duarte Sousa, dentro da baía, ensaiavam um bodyboard (instintivo).[9] Porém, em 2006 (ou 2007), passa-se da imitação à aprendizagem. Começou pela prospecção de candidatos (ou ‘baptismo’ no dizer de Eduardo Almeida). Reuniu (no acto) mais de 70 miúdos. Destes ‘baptizados,’ praticaram (por algum tempo) (uns) vinte e nove.[10] Entre eles, havia uma rapariga (que logo desistiu), um rapaz dos Calços da Maia (que ainda pratica) um outro do Burguete, sendo todos os restantes oriundos do centro da freguesia. Entre 2006 e 2014/5, terá tido (recorda-o Sérgio Rego) ‘16 miúdos,’ dos 7 aos 9 anos, que, entretanto, por desistência ou desinteresse, acabaria em ‘10 ou (pouco) mais.’[11] Em Dezembro de 2009, os que persistiram, puderam viver momentos que jamais esquecerão (dizem-me): Mike Stewart - o grande campeão -, visitou a Maia. Miguel Feleja (desse grupo) conta: ‘Na Trincheira toda a gente de boca aberta. Num pé só, fomos buscar pranchas e canetas a casa.[12] De 2011 a 2015, com provas realizadas na Maia e atletas a alcançar bons resultados, a Maia atingiu o topo. Porém, em 2016-2017, deu-se o declínio. Porquê? O Serginho cansou-se de bater em vão às portas de patrocinadores (privados e públicos), e a maioria dos miúdos (já então crescidos) emigraram ou foram estudar para fora.[13]

 

Maia? É Frutuoso quem nos diz essas coisas desses tempos iniciais, porque Inês Maia (de quem nada mais nos diz) terá sido a que ‘principiou e começou e primeiramente morou’ naquele Lugar.[1] Implantado na fajã lávica basáltica da Maia (formada pelas escoadas do pico do Funchal).[1] Enquanto fez parte do Concelho de Vila Franca, por aquele Concelho ser vasto e separado por uma cadeia de montanhas, foi ‘cabeça de toda a banda do Norte’ daquele Concelho. A sua jurisdição ia do Porto Formoso à Achada. Contou ‘com oficiais próprios: escrivão do público, judicial e notas, para efectuar todos os actos tabeleónicos; rendeiro do verde e seu(s) jurado(s), para vigiarem a colocação indevida de gados em terras de cultivo e cobrarem as respectivas multas; afilador de pesos e medidas; arruador, para determinar o traçado das ruas e os limites das paredes exteriores das casas.[1] Que se saiba, desde o início tentou (sem sucesso) ser elevada a Vila: ou devido a catástrofes naturais que a foram empobrecendo ou à oposição frontal de Vila Franca que (entretanto) fora cedendo território e poder aos quatro Concelhos que se foram criando na Ilha a partir de 1499/1507. No século XVII (apesar de continuar pertencendo a Vila Franca) integrou a Ouvidoria da Ribeira Grande. Integrar-se-ia na Ribeira Grande em ano entre 1820 e 1825. A partir de 1907 (ano em que a Lomba da Maia se tornou freguesia) a Maia é constituída pelos núcleos dispersos da Lombinha da Maia (que ainda em 1979 e depois tentou ser freguesia), pelos Calços da Maia e Gorreana. Na própria área central da Freguesia, ainda uns anos depois do 25 de Abril a população da Chada (depois da ponte) dizia que ia à Maia. Ainda havia o Penedo (mais próximo da subida para a Lombinha da Maia).’[14]

 

De que é feito o território da onda da Maia? De ladeiras, arribas, cursos de água, nascentes e do Calhau da Areia com o porto (de pesca, de cabotagem e local de banhos). Na ponta poente da baía, existiu um reduto militar (conhecido por ‘castelo’).[15] Hoje (dele) apenas resta uma memória (muitíssimo difusa).[16] Nas ladeiras (a nascente da baía) cultivavam-se (sobretudo) vinhas.[17] No ângulo Sul, no arranque para as ladeiras, desagua a (hoje problemática) ribeira da Laginha (ou da Grota).[18] A curta distância do casario, o tanque (alimentado por uma nascente que a gente da terra diz ser ribeira) onde as mulheres iam lavar roupa. A fechar a baía do lado Nascente, a ribeira da Faleira.[19] O Calhau da Areia (nem sempre de areia, como acontece à Viola) é de areia esverdeada (de olgivina). O areal, abraçado a dois calhaus, numa dança permanente, ora avança ora recua. Presentemente, não terá cem metros de extensão (medidos em Outubro de 2024). Ali ficavam o porto velho e o novo (nomes pomposos, claro). Já no início do povoamento, ao que se sabe, aquele porto destacava-se na cabotagem e na pesca.[20] Em 1800 e 1813, dava trabalho a ‘15 homens do mar.’ A cabotagem que, fazendo circular ao redor da Ilha novidades e pessoas, ligava os ‘portos’ da costa Sul aos do Norte, reduzir-se-ia (drasticamente) com a construção da estrada do Norte em meados do século XIX.[21] E perderia utilidade com a introdução do transporte automóvel a partir das décadas de vinte/trinta (já no século XX).[22] Comparando os homens do mar da Maia (nem todos seriam pescadores) com os ‘camaradas’ da costa Norte, em 1800/1813, os primeiros ultrapassavam os 6/7 do Porto Formoso, os 6/3 dos Fenais da Ajuda e (ligeiramente) os 14 do Nordeste. No entanto, eram largamente superados pelos 35/32 da Ribeira Grande (porto de Santa Iria) e (sobretudo) pelos 45/64 de Rabo de Peixe.[23] Saltando um século para o ano de 1968, a relação de forças (em desfavor da Maia) seria enorme. Nesse ano, para ‘uma dezena e meia de embarcações,’ no Porto Formoso,[24] havia ‘478 pescadores,’ e ‘(…) 75 barcos – 27 motorizados e 48 à vela e a remos,’ em Rabo de Peixe.[25] Em 2008, a Maia ficara ‘reduzida a três embarcações pequenas de boca aberta, que são tripuladas por cerca de uma dúzia de pescadores que pescam peixe de fundo nos pesqueiros mais próximos.[26] Quando acabou a pesca profissional na Maia? O último pescador com barco a sério e com companhia foi o do meu sogro que faleceu há seis ou sete anos. Depois veio um rapaz de Rabo de Peixe (que já morreu) que era só ele no barco. Não deu certo.[27] Porque acabou?Principalmente devido ao porto não apresentar condições de operacionalidade e protecção principalmente de inverno. A ondulação ultrapassa facilmente a baixa de pedra que protege (parcialmente) atingindo a rampa de varagem (a qual também não é das melhores), reduzindo a operacionalidade.[28] Só por isso? Não creio. O chicharro (desde há muito) vinha de Água Retorta (e de outros partes). Rabo de Peixe (principalmente) ficava próximo dos maiores núcleos populacionais da Ilha. Com acesso fácil por terra ao mar do Sul (quando o mar do Norte não permitia).[29]

E banhos no Calhau da Areia? A ida a banhos de água salgada (em detrimento dos termais) entra muito lentamente nos usos da Ilha a partir do terceiro quartel do século XIX. Ganharia força nas décadas de 50 do século XX por diante. Mais ano menos ano, a Maia não fugirá (em muito) a este cenário. Para a década de cinquenta, Luísa Ramalho, uma das (raras) mulheres que frequentavam o Calhau da Areia em plena luz do dia, relembra: ‘Durante a semana, ia mais umas amigas e primas. Duas primas tinham montado duas barracas de lona às riscas. Iam lá os seminaristas e os estudantes em férias. Aos Domingos de Verão, os homens iam tomar banho nus ou em cuecas transparentes. As mulheres nem se atreviam a lá ir. Havia um ritual: nadar até à pedrinha, era o primeiro passo, depois era ir até à Baixa e por fim dar um mergulho do Piloto.[30] Para a década seguinte e seguintes, Roberto Rodrigues (filho da terra), diz outro tanto.[31]

Mas aquilo ali não é (nem nunca foi) só o que se vê da Trincheira ou do lado de lá da baixa, avisa Roberto Rodrigues: ‘A Baixa, no Calhau da Areia, é um lugar mítico. É o destino final de qualquer aprendiz de nadador, depois de ultrapassadas várias outras etapas intermédias: o “Possinzinho”, o “Possão Grande”, a “Pedrinha”e a “Corrente”. Só depois e finalmente vem a “Baixa.” Ir a nadar até à Baixa, sem ajudas e sem paragens intermédias, é como que a obtenção do diploma de nadador. Quem vai e volta da Baixa é um nadador certificado e capaz de todos os desafios (…).[32] Os bodyboarders da Maia? O bodyboard (a sério) começou com a aposta de Eduardo Almeida no Serginho: ‘Iniciei contactos, promovi baptismos, comprei primeiro 15 pranchas baratas e depois 10 para os jovens as comprarem pelo preço do custo e a prestações. O Miguel deu aulas a um preço simbólico. A alguns até deu de graça. Além disso, estava disponível e dava-se bem com os miúdos.’[33] O que diz Miguel Feleja (um dos miúdos que mais longe foi na competição)? ‘Sem ele, talvez o desporto na freguesia não tivesse chegado tão longe. Costumava acampar na canada e, por vezes, dormia dentro do seu velho VW preto. Por vezes, alguns miúdos nem comiam para estar junto do mestre. Outros, traziam-lhe comida: queijo fresco, pão caseiro quentinho. Tudo servia para tentar que o ídolo ficasse mais tempo e pudesse partilhar as suas experiências com todos. [34] Que balanço faz o Serginho da sua acção?Tentei dinamizar. Formar miúdos. Levá-los à competição. Levei o Miguel Feleja ao continente e estava de olho no Pedro Pereira. Não houve apoios oficiais. Não havia visão. Aliás, depois de mim, não há bodyboard de formação na Ilha.’[35] Balanço geral? A onda da Maia continua a ser muito procurada pelos de fora, contudo, da Maia, apenas três continuam (de forma mais ou menos regular) a praticar: Miguel, Pedro e Furtado (mas deixaram de competir). Na ilha, para além dos que o fazem por recreação, há somente dois (mas excelentes) bodyboarders de competição: Miguel Rijo e Pedro Correia (patrocinados – em parte -, pelo Ricardo Moura que apesar de ter trocado o bodyboard pelos motores não esquece as origens). Isso (pequena nota histórica) quando os primeiros bodyboarders da ilha (conforme tese de Pedro Arruda, à qual ele pertence) haviam começado na década de oitenta na Praia das Milícias. E logo (logo) procurando outras ondas à volta da Ilha, chegam aos areais da Ribeira Grande, à onda de Rabo de Peixe e à de Santa Iria. Aqui acrescento (porque vi) que em Junho de 1983 o Pipoca e o Tiaguinho já o faziam na onda do Castelo (na Ribeira Grande que iria à vida em 2003-5).

Sem virar a cara ou carregar nas tintas, só os cegos negarão que a água da baía (como a da Ilha inteira) está (frequentemente) doente. Sem tirar os musgos do grupo dos suspeitos, considerados (este ano) culpados, ali, quando chove ‘a ribeira da Lajinha arrasta tudo das vacas e dos pastos e chega aqui.’ Além disso, ‘aqui ao lado – vai para anos – a ETAR está avariada e tudo das casas chega ao mar [Trata-se não da ETAR mas da Estação elevatória 2].’[36] Daí que na Maia, os Frades (piscinas naturais ali ao lado) tenham bandeira Azul (sinal de excelência) e o Calhau da Areia esteja vedado a banhos (sinal de desgraça). Sem ser ingénuo ou néscio, digo assim: se cada um cumprisse o seu dever de cidadania e se quem nos representa passasse da realidade/virtual das palavras (para União Europeia ler) à realidade concreta da vida, haveria motivos para ter esperança. Li (com um pé atrás) que se irá (através da formação) ‘assegurar a transição para fileiras agrícolas mais sustentáveis.[37] Esse é o caminho certo, até porque os ‘Açores têm a certificação Ouro como Destino Sustentável.[38] E (quanto ao futuro do bodyboard), haverá esperança, se alguém der nova força à modalidade na Maia. Valerá a pena.

 

Trincheira, Maia (Concelho da Ribeira Grande)

 

 [1] Há quem, como Filipe Mendonça, 2 de Novembro de 20124, se lhe refira como primeiro e segundo picos.

[2] Testemunho de Ricardo Moura, 18 de Outubro de 2024: ‘(…) Tinha depois de confirmar ao certo a data. Mas quem está muito dentro disso é o Pedro Arruda. Tem o contacto?

[3] Testemunho de Sérgio Rego (Serginho) 17 de Outubro de 2024.

[4] Cartela editada pela Câmara Municipal da Ribeira Grande: Baixa da Maia. Em 2018 ou já em 2019, numa altura depois do registo da Marca Ribeira Grande – Capital do Surf, numa cartela (iniciativa da Câmara) contendo cinco mapas descritivos de Surf Spots da Ilha, com especial destaque para os do Concelho. Nota de 13 de Dezembro de 2024, testemunho de Marco Medeiros: ‘Depois da Capital do Surf, no tempo da Nélia Branco, o Sérgio Aparício e eu seleccionámos e descrevemos aquelas cinco. Deixamos de propósito a das Calhetas – manter um secret spot.

[5] Um parêntesis rápido: os primeiros bodyboarders da ilha (conforme tese de Pedro Arruda, da qual ele fez parte) aparecem na década de oitenta na Praia das Milícias. Só depois de arriscam aos areais da Ribeira Grande e à onda de Rabo de Peixe.[5] Aqui acrescento (porque vi) que em Junho de 1983 o Pipoca e o Tiaguinho já o faziam na onda do Castelo (na Ribeira Grande que iria à vida em 2003-5).

[6] Vert Magazine, 28 de Outubro de 2015; Açoriano Oriental, 27 de Outubro de 2015.

[7] Pedro Arruda, O Mais Velho Surfista do Atlântico. Uma História do Surfing nos Açores (a ser publicado). Vieram ao calhas, ou alguém ou algo na Ilha lhes deu dicas? Quem? Pedro Arruda? Luís Melo?

[8] Testemunho de Luís Eduardo Almeida, 15 de Outubro de 2024: ‘Contactei profissionais de bodyboard para surfarem a onda e a filmar. Iniciei contactos, promovi baptismos de BodyBoard, comprei primeiro 15 pranchas baratas e depois mais 10 para os jovens as comprarem pelo preço do custo e a prestações. Estes as utilizaram e aprenderam acabando a Maia por contar com 31 praticantes.’ Projectos em que o mar é palco e envolvem diversas actividades lúdico-desportivas. Testemunho de Eduardo Almeida, 4 de Novembro de 2024.’ Testemunho de Eduardo Almeida, 4 de Novembro de 2024: ‘Criei empatia com o Sérginho por ele adorar a Onda da Maia, viver para a modalidade e retirar sustento desta através do seu ensino, querer muito o seu desenvolvimento, ser um grande atleta com grande comunicação com os miúdos e todos em geral! Sabendo dos seus conhecimentos no meio e facilidade na área dos projectos, bem como necessitar de rendimentos foi com naturalidade e sem hesitação que se tornou um parceiro ideal.

[9]Miguel Feleja, História do Bodyboard na Maia, 17 de Outubro e 2024.

[10] Segundo Miguel Feleja: Miguel Feleja, Pedro Pereira, João Cabral (Rato), João Pimentel (Mariano), João Pimentel (Pimenta), Luís (Pauleta), Alexandre Pereira, Tiago Pereira, Pedro Arruda, Nuno (Biscoito), Daniel (Carrilho), Duarte Sousa, João Pedro (Profil), Fernando (Nando), Cobili, João Santos, Vítor Santos, Mané Louro, Vítor Pereira (Kanu), Narciso Pereira, André (Vizinho), Jorge (Maravilha), Octávio Caetano, Tiago Feleja, Gastão, Xavier, Rafael Amaral, Catarina Raposo, Fábio Raposo

[11] As datas não foram confirmadas com rigor. Testemunho de Sérgio Rego, Outubro de 2024.

[12] Miguel Feleja, História do Bodyboard na Maia, 17 de Outubro e 2024

[13] De 2015 a 2016/7 (sensivelmente) Serginho dinamizou o bodyboard no Clube Naval de Rabo de Peixe. Também desistiu por falta de apoios. Substitui-o por um ano ou pouco mais, David Prescott que alegando as mesmas razões também desistiu.

[14] Nota para colocar depois no Blogue e no Recanto das Letras (onde coloco o que escrevo)

[15] Em 1710, documentos confirmam-no, outros, já em 1763, atestando a sua ruína e abandono, recomendam melhorias, que tendo sido feitas, em 1831, estando de pé e a funcionar, os seus ‘defensores,’ após notícia do desembarque e avanço das tropas liberais, antes que estas o alcançassem, sem resistência, preferem dar à sola.Arquivo dos Açores, volume IV, p. 179, Fortificações nos Açores existentes em 1710: Porto Formoso; Porto da Maia; [Reduto do Lugar da Maia e Reduto do Lugar do Porto Formoso. Não menciona o Forte de Nossa Senhora da Estrela; Martins, José Manuel Salgado, Do basalto ao betão, Fortificações das Ilhas de São Miguel e Santa Maria (séculos XVI-XIX), Letras Lavadas, 2013, p. 114: ‘Forte da Maia. O sargento-mor engenheiro António Júdice, no seu relatório de inspecção à fortificação de S. Miguel, em 1763, menciona a existência de vestígios de um forte na Maia e recomenda a sua reedificação. No contexto da Guerra Civil 1828-34, vulgo Lutas Liberais, é conhecido o episódio do abandono deste forte pelos absolutistas depois de encravarem a artilharia. Reconhecimentos feitos ao local [quase no extremo nascente da baía d a Maia], não se localizaram quaisquer vestígios.’

[16] Sobranceiro ao porto, um casario até chegar à Trincheira.

[17] E excepcionalmente, uma ou outra quinta de fruta

[18] Encostado, havia o monte do lixo (onde hoje está o bar da praia).

[19] Depois do tanque e na proximidade da ribeira da Faleira, descendo as Eirinhas – na ladeira que conduz à Lombinha, acedia-se aos moinhos do Nateiro (dentro da área da Maia) e aos da Viola (já na Lomba) que abasteciam de farinhas a população da Maia.

[20] Frutuoso, Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV: Defronte de seu porto, tem um baixo grande de pedra, ao longo do qual varam batéis, em um bem assombrado porto, de mediana baía, acompanhado atrás pela rocha, ao nível do mar, de muito marisco e frescas fontes de água doce, como as há também no caminho por cima da terra.

[21] Na costa Norte, o de Nordeste, o dos Fenais da Ajuda, o do Porto Formoso, Santa Iria e aí por diante.

[22]Puim, Miguel, Memórias históricas de Vila Franca do Campo, vivencias, património e personalidades, Artes e Letras, 2024, A navegação costeira e os barcos da Vila, p. 21-32. Não esquecer a iniciativa do Caetano, Raposo e Pereira.

[23] Silva, Francisco Borges da, Notas e Estatísticas da Ilha de S. Miguel, Revista Micaelense, Setembro de 1919, pp. 374, 380, 485, 487.

[24] D.S. [Daniel de Sá], Porto Formoso, merecendo o nome, merece também muito mais, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 14 de Fevereiro de 1968, p. 1.

[25] D.S. [Daniel de Sá], O mar e a terra de mãos dadas fizeram Rabo de Peixe, Inquérito do Açores às Juntas de Freguesia, Açores, Ponta Delgada, 10 de Março de 1968, p. 1.

[26] Porto da Maia, in Vieira, João A. Gomes, O Homem e o Mar: Portos e Marinas do Arquipélago dos Açores: passado, presente e futuro, Edição Medialand, Setembro de 2008, pp. 98-101

[27] Testemunho de José Dionísio Pereira, 18 de Outubro de 2024: Agora é só dois ou três barcos de recreio. Há outros – por exemplo o Northshore – da minha mulher Patrícia e do irmão Pedro que está no Porto Formoso. O Jaime também tem lá o seu.

[28] Testemunho de Jaime Serra, 17 de Outubro de 2024: Esta falta de operacionalidade afectava os pescadores durante os longos meses de inverno, com vento e ondulação predominantemente norte, reduzindo muito a possibilidade de ir ao mar e a obtenção de rendimento. Isto foi dissuadindo os jovens de escolherem a profissão de pescador. Além disso, a disponibilidade de peixe veio e tem vindo a baixar progressivamente.São estes vários factores que agregados ditaram que a pesca não era uma solução minimamente rentável para conduzir uma vida. Também nunca houve um investimento ou planeamento na estrutura significativo com vista a melhorar as condições do porto.

[29] Mesmo no Porto Formoso, as obras não vieram a tempo. Na Maia, as diversas presidências de Junta (antes e depois do 25 de Abril) tentaram com sucesso insuficiente. E os seus pescadores demonstraram ser mais (persistentes e) combativos. Se a isso somarmos o peso político que Rabo de Peixe granjeou, talvez se compreenda que se tenham feito obras em Rabo de Peixe e não na Maia (ou em Santa Iria)?

[30] Testemunho de D. Luísa Pereira Ramalho, 16 de Outubro de 2024: ‘Na baixa ainda se vê umas argolas de ferro. Era para servir os batelões que carregavam e descarregavam novidades. Para chegar à água, rodeávamos o calhau (pelo lado da Laginha) por cima das pedras. Na terça-feira da Festa do Santíssima a Maia ia ao Calhau enterrar os ossos.

[31] Roberto Rodrigues, o Calhau da Areia, enviado em Outubro de 2024. João Carlos Rezendes Costa, A praia da Maia, FB 27 de Setembro de 2024. Para a década de sessenta, João Jeremias (filho do médico que servia a Lomba da Maia e os Fenais da Ajuda) conta: ‘durante a manhã enquanto duravam as consultas, uma praia de pedras, com pouca ou nenhuma areia, onde poucos iam a banhos (…) onde havia uma data de 'mirones' num parapeito por cima da praia a apreciar a minha irmã a torrar ao sol em fato de banho (…).’ ‘O Calhau de Areia, agora repleto de areia, durante muitos e muitos anos foi mesmo quase só pequenas pedras, muito incómodas para quem o frequentava. E nessa altura não eram assim tantos os que lá iam. Quase só homens. As senhoras eram raríssimas e apenas aquelas que, pelo seu estatuto social, escapavam às impiedosas críticas que os mais pobres não perdoavam, como sempre, a si mesmos.

[32] Roberto Rodrigues, A Baixa, Outubro de 2024.

[33] Testemunho de Luís Eduardo Almeida, 15 de Outubro de 2024; Idem, 4 de Novembro de 2024.

[34]‘O destaque vai para o Pai do bodyboard na Maia, Sérgio Rego, mais conhecido como Serginho, Pedro Correia (Pedrim), Ivo Batista, Miguel Furtado, Ricardo Moura (Piloto de Rallye), Miguel Reis (Miranda), Miguel Furtado (Miguilinho), Rodrigo Rijo, entre muitos outros. Todos os miúdos esperavam que ele se fosse embora para poderem ajudar a empurrar o carro, que muitas vezes só pegava de empurrão. Durante a permanência do Sérgio Rego, ídolo dos residentes, nunca faltava a companhia dos locais que ficavam todo o dia junto da Trincheira para vê-lo surfar e dar dicas e palestras motivadoras, captivando assim a atenção de todos.

[35] Testemunho de Sérgio Rego, Outubro de 2024. Em 2013, Ricardo Fonseca fundou a ABSA que se manteve até 2018.

[36]Testemunho de João Dionísio Serpa, 18 de Outubro de 2024. Testemunho da colega Chefe de Divisão a quem pedi esclarecimento no dia em que saiu no jornal (6 de Novembro de 2024): É uma estação elevatória. Estamos a aguardar a peça que vai substituir a que está avariada. É a 2 e situa-se ao final da rua Almirante Gago Coutinho. Colecta os efluentes das casas ao longo da Grota que atravessa a Maia.’

[37] Açoriano Oriental, 3 de Novembro de 2024, p. 6.

[38] Açoriano Oriental, 1 de Novembro de 2024, pp. 1, 2,3.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

História do Surf na Ribeira Grande: Clubes (Parte IV)

Clubes (Parte IV) Clubes? ‘ Os treinadores fizeram pressão para que se criasse uma verdadeira associação de clubes .’ [1] É assim que o recorda, quase uma década depois, Luís Silva Melo, Presidente da Comissão Instaladora e o primeiro Presidente da AASB. [2] Porquê? O sucesso (mediático e desportivo) das provas nacionais e internacionais (em Santa Bárbara e no Monte Verde, devido à visão de Rodrigo Herédia) havia atraído (como nunca) novos candidatos ao desporto das ondas (e à sua filosofia de vida), no entanto, desde o fecho da USBA, ficara (quase) tudo (muito) parado (em termos de competições oficiais). O que terá desencadeado o movimento da mudança? Uma conversa (fortuita?) na praia. Segundo essa versão, David Prescott, comentador de provas de nível nacional e internacional, há pouco fixado na ilha, ainda em finais do ano de 2013 ou já em inícios do ano de 2014, chegando-se a um grupo ‘ de mães ’ (mais propriamente de pais e mães) que (regularmente) acompanhavam os treinos do...

Moinhos da Ribeira Grande

“Mãn d’água [1] ” Moleiros revoltados na Ribeira Grande [2] Na edição do jornal de 29 de Outubro de 1997, ao alto da primeira página, junto ao título do jornal, em letras gordas, remetendo o leitor para a página 6, a jornalista referia que: « Os moleiros cansados de esperar e ouvir promessas da Câmara da Ribeira Grande e do Governo Regional, avançaram ontem sozinhos e por conta própria para a recuperação da “ mãe d’água” de onde parte a água para os moinhos.» Deixando pairar no ar a ameaça de que, assim sendo « após a construção, os moleiros prometem vedar com blocos e cimento o acesso da água aos bombeiros voluntários, lavradores e matadouro da Ribeira Grande, que utilizam a água da levada dos moinhos da Condessa.» [3] Passou, entretanto, um mês e dezanove dias, sobre a enxurrada de 10 de Setembro que destruiu a “Mãn”, e os moleiros sem água - a sua energia gratuita -, recorriam a moinhos eléctricos e a um de água na Ribeirinha: « O meu filho[Armindo Vitória] agora [24-10-1997] só ven...

Quem foi Madre Margarida Isabel do Apocalipse? Pequenos traços biográficos.

Quem foi Madre Margarida Isabel do Apocalipse? Pequenos traços biográficos. Pretende-se, com o museu do Arcano, tal como com o dos moinhos, a arqueologia, a azulejaria, as artes e ofícios, essencialmente, continuar a implementar o Museu da Ribeira Grande - desde 1986 já existe parte aberta ao público na Casa da Cultura -, uma estrutura patrimonial que estude, conserve e explique à comunidade e com a comunidade o espaço e o tempo no concelho da Ribeira Grande, desde a sua formação e evolução geológica, passando pelas suas vertentes histórica, antropológica, sociológica, ou seja nas suas múltiplas vertentes interdisciplinares, desde então até ao presente. Madre Margarida Isabel do Apocalipse foi freira clarissa desde 1800, saindo do convento em 1832 quando os conventos foram extintos nas ilhas. Nasceu em 1779 na freguesia da Conceição e faleceu em 1858 na da Matriz, na Cidade de Ribeira Grande. Pertencia às principais famílias da vila sendo aparentada às mais importan...