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Quadro cronológico do espaço do tempo e das relações de Madre Margarida Isabel do Apocalipse

 

Quadro cronológico do espaço do tempo e das relações de Madre Margarida Isabel do Apocalipse

 

Meados séc.XVII

“Magia, demónio e força mágica na tradição portuguesa (Séculos XVII e XVIII)” Maria Benedita Araújo, Lisboa,ed. Cosmos,1994,p.64-65

O pacto com o demónio de Madre Mariana da Coluna freira do Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande.

“ Em meados do século XVII, ocorreu um caso que se tornou célebre com Mariana da Coluna, freira professa de santa Clara, no convento de Jesus da Ribeira Grande, Ilha de São Miguel. Esta jovem feiticeira, dotada de grande beleza, confessou que ‘estando eu cicular em caza dos ditos meus pais, de idade de des annos pouco mais ou menos, cometi grandes I enormes pecados contra meu deos por minha malicia e fraqueza por indusã de huma feitiseira por nome maria goncalves, ja de-funta(...) (1) [ANTT Inq. de Lisboa, Processo de marianna da colunna, freira profesa de Santa Clara no Convento de Jesu da Ribeira Grande, Ilha de S.Miguel, presentada no santoi Oficio, fl.1]

“... A adoração satânica prolongara-se mesmo dentro do con-vento, confessando a jovem feiticeira que ‘tudo fis por minha culpa e pelo visio de minha torpeza, e juntamente por ordem e trasa da dita maria gonçalves e engano do demonio.”

Este modelo extremo e negativo não serve a Margarida. To-davia, para avaliarmos algém no seu tempo e no seu espaço sem incorrermos em anacronismos temos que balizar os mo-delos possíveis. Não quero ainda dizer que a maioria ou a minoria o fosse.

Outros modelos comportamentais de que dispunha Madre Margarida

Modelos positivos extremos.

Madre Teresa da Anunciada, freira clarissa no Mosteiro da Es-perança em Ponta Delgada, de finais de seiscentos a inícios de setecentos, nascida na Ribeira Grande.Instituiu com su-cesso, com o patocínio do Conde da Ribeira Grande, o culto público do “Ecce Homo.”Foi elevada á categoria de Venerável.

tenta-se a sua beatificação. A ela o seu biografo atribui por ela e através da imagem milagres. Era enérgica, por vezes enfrentou as ordens da superiora para conseguir a festa do “Ecce Homo”.

 Madre Francisca do Livramento, freira contemporânea da anterior e no mesmo mosteiro.Fez milagres em vida e depois de morta. tal como Madre Teresa também foi acusada por algumas colegas de pactuar com o demo. O seu confessor tentou averigua-lo. A fronteira entre a santidade e o pecado era difuso. O dom sobrenatural poderia vir de um ou de outro lado.era preciso saber discernir-se. Para tal era necessário a opinião da hierarquia. Veja-se o caso da chamada Monja de Lisbos, romanceada por Agustina Bessa Luís, que foi condenada, apesar soa sintomas serem de santidade, como bruxa. A situação política de então tendeu a outra interpretação.

A  Margarida Animada.

É outro caso a estudar.Casou para obedecer aos pais, mas manteve sempre o sentimento de culpa por tal facto. Viúva professou e morreu com fama de santidade.

Existem outros exemplos de santidade no próprio Mosteiro de jesus, confoeme nos transmite Frei Agostinho Monte Alverne.

Mas quais são as características de santidade? Em primeiro lugar é um estado reconhecido por terceiros. Pode muito bem ser confundido com pactos demoniacos. Em segundo lugar, há um desprezo pelo corpo. recorrem  a jejuns além dos aconselhados, evitam-se as comodidades, a comida a cama etc. Fazem-no às ocultas.Andam com cilícios. fazem aparecer coisas. Adivinham outras.E importante. Nodia do enterro por sua intercessão acontecem coisas positivas. mas nem todas são mansas e obedientes, ou sem inimigas.Veja-se Madre Teresa da Anunciada. O desprezo do corpo foi tal em Madre Francisca do Livramento que raramente mudava de hábito. Estas pessoas lutam directamente e palpavelmente com o demónio. Este rouba-lhe chaves, atira-lhes pedras, empurra-lhes, etc. deus também aparece palpavelmente a dizer-lhes coisas. Nada disso foi Madre Margarida.

Modelos freiráticos.

Conforme o que acusa Thomas Ashe e muitos outros. tinham amores platónicos, chegando algumas a vias de facto. Madre M;argarida também não se inclui neste grupo.

Modelo de chefe.

também não. Não parece ter ocupado qualquer cargo de relevo no convento.

Era bonita, forte e habilidosa, mas prudente e recatada, sem ser “bicho de buraco”Era uma senhora da época.Nem Santa nnem bruxa nem desmiolada. Ao que parece.

Modelos familiares

Irmãs do pai foram freiras e xistem outros exemplos na famí-lia. Asliás é um hábito entre o grupo social ao qual ela perten-ceu. As colegas que entraram com ela e com a irmã no mos-teiro eram filhas de gente com patentes militares. Veja-se o estudo de Margarida Lalanda sobre o século XVII.

Margarida fez o que era comum fazer-se, sem exageros. O exagero foi o Arcano Místico.

3 Nov.1743

Nascimento do pai de Margarida também na freguesia da Conceição. Filho do capitão Manuel de Sousa Monte e de Joana Baptista Moniz.

29 Dez. 1749

Nascimento da mãe de Madre Margarida na freguesia da Con-ceição, Dona Inês filha do capitão Miguel Tavares do Amaral, natural da Maia , e de Dona Guiomar Botelho natural da Con-ceição.

13 Maio 1765

Casamento dos pais de Madre Margarida Isabel do Apocalipse na Igreja Paroquial de N.S. da Conceição

23 Out.1766

Nasce José, o irmão mais velho de Margarida.

11 Dez.1770

Nasce o irmão Joaquim.

Cartas dos tios

     Minas Nouas 30 de Majo de 1772

    à Maj e S.ra D.Guimar B.to de aruda

 

      ReSebemos duas de V. m.ce feitas por duas Vias hua de 24 de Marsso e outra de 9 de Setembro 71 o q. m.to estimarmos por Sabermos nutiÇias de Sua Saude de V. m.ce ; e da dos Irmáos e Irmáns e Joze Sa (?) pois na conSeruaÇão desta Se deCifra o noSSo Major gosto e alegria p.a q. nos emComendem a D.s e V.m.ce nos LanSSe a Sua benÇão pois nos de Saude D.s Louuado ao perzente

com aquella união q. D.s quer e V. m.ce nos rreComenda.

     NoSa Maj e S.ra Vemos tudo o q. V. m.ce na Sua nos dis o q. nada nos murtifiqua pois D.s  N. S.r não esta pobre com o q. tem dado e pode dar, Som.te a pena q. nos fiqua he de não podermos ter em noSSa Conpanhia a NoSa Irmán D.Fran.ca Josefa pois eSSe Seria o major gosto da Vida porem  D.s tudo Remedeja Se o mesmo S.r nos der Saude (?) e graSSa , , pertendemos q. V.m.ce paSSe a  ( papel em falta) VelhiSSe desCanSada.

     S.ra ao Prezente Nestes lõnges (?) o unico e milhor modo  q. pudemos descubrir p.a lhe fazermos o(?) bem he o de lhe mandarmos dar neSSa terra trinta mil Reis Cada hum anno na mão do Sarg.to Mor M.el Jose Gusmão da V.a Fran.ca  adevertindo q. Logo em ReSebendo esta, dara a V. m. ce este dnrº e V. m.ce o ReSeba não por m.ce de ningem, mas Como Couza de Seus F.os e Sua q. he  e lhe dara dous ReSibos de hum Thior e da mesma era, p.a Seruir de disCarga a hum Seu Cunhado q. Viue em noSa Comp.a a q.m temos fauorecido á Irmão e ainda Mais, e lha damos todos os annos eSSe dnrº Ca p.a o Cunhado o dar La a V. m.ces porq.to este NoSSo por nome  Joze Pa.co Rolim (?) Viue por nos abonado e tem na mão do d.to Sarg.to Mor  de Sua eranSSa 7 Mojos de renda e he emvioluel deichar de contribuir a V.m.ces Com os d.os trinta mil Reis e p.a esta tem e V. m.ce tera o cudado por peSoa confidente o mandar lhe eSas cartas q. Sam p.a este negocio e Sam do d.o NoSSo , e lhe peSa  a reposta p.a nos mandar Com breuid.e e nos remetera por duas Vias  Como nos fazemos p.a Ca chegarem Mais depressa , pois se o d.o Ma.el Joze , não proSeder Como tem de obrigação e nos esperamos hira huma esCritura de uenda q. o tal moSSo nos quer fazer p.a lhe pormos hum boCado de pam neSSa terra  (?) anualm.te e de tudo q. paSar em Rezam deste negocio nos háuize pois este mejo Soleçitamos por q. o dnrº q. Vai destas Minas Custa a chegar neSas terra (sic) a q.e Se manda he o q. Se nos ofereSSe a dizer a V. m.ce q. o Seu (?) g.de (?) m´    (?) p.a noSSo gosto a todos os noSSos Irmãos e conhecidos Vezinhos m.tas RecomendaSomis , prinCipal a gente do amigo Careiro (?) Ssa (?)

                          D.s G.de V. M.ce   m´n´  (?)

                           De V. M.ce Filhos obedientes

 

                           Joam Caetano Boteilho

     ( na mesma, uma de José Teodoro Botelho para sua mãe D.Guiomar)

 

     V.m.ce nos ponha ao pe (?) do Cap.am Monte e do Pe. An.to Vieira e Se aCazo nos puder mandar os papeis de meu Irmão João Caetano B.to perparados isto he para Se ordenar na Cid.e da B.a  emquereção  de genero e sita moribus a banhos (?) , não Se dis onde pois mais Vale nestas minas Ser clerigo q. bispo em portugal p.a  o Respeito e comVeneenCia , m.to haViamos estimar q. o noSSo Fr. (?) Manoel tire huma liçenca p.a Vir ter comnosco (sic) a estas Minas , pois haVia hir bem arumado p.a V.m.ces  e p.a Çi (? ) , e V. m.ces faSam esta deligencia pois della CareSem Sem falta porquanto Se Se rezoluer a vir hade Lucrar em 2 a. Mais do q. neSSa Jlha pella predoCa (?) toda à vida e Juntam.to he portador Serto por onde V. m.ce pode Ver o bem q, lhe dezejamos fazer.

                                                       F.o obediente

 

                                                  Joze Theodoro Boteilho

          ( ainda outra carta de José , na mesma , para sua mãe D.Guiomar.)

     Minha May e Senra. Como ao fazer destas Vim da V.a aomde aSisto a este arrabal  da Chapada e Junto Com meu Irmam lhe fazemos estas por nos anbos Segundo aSima Se lhe expreSa e aSim V. m.ce veija q. o q. lhe mandamos dar he todos os annos cada anno trinta mil Reis isto anualmte. p.a o prato de V. m.ce e de noSa Irmam D.FranCisCa e he o q. Se me ofreSe dizer lhe e quero q. V. m.ce nos aSista Com a Sua benSoa e noSa Irmam  aSeita esta Como Sua , e o frade na mesma forma  e os os mais amigos e ConheSidos aSeitem tambem , tambem quero q. V. m.ce me mande os meus papeis Junto Com os do meu Irmam João não q. CareSa delles mas Sempre he bom tellos huma peSoa em Comp.a e va aSim a F. Supra

                                D V. mce Filho ar.to (?)

                                Joze Theodoro Bo.to

c. 28 Abr. 1772

O pai herda dos avós terrenos no Morro  ena Madre de Deus , bem como casas na vila .O pai, ao contrário da mãe não é de ascendência nobre.

14 Out. 1773

Nasce a irmã Ana que com ela professaria no Mosteiro de Jesus.

16 Jan.1775

Nasce o irmão Bernardo

Cartas dos tios

      B.a de todos os S.tos hoje 2 de marso de 1776

 

     Sr.a D. Francisca Euzebia da Silveira

 Mana e Snra. R.ce as de V. m.ce de Cuijas li toda a estimaSão devida e  Juntamto. e Juntamto. por me notteSiarem V. m.ce Va na  poSe  de bona Saude , Cuija o AltiSimo lha Comtenue p.a sempre guiar  toda no seu Santo SeruiSo.

     Mana pello amigo FranCisCo Manoel rremeto a V. m.ce hum llaSo de ouro e hum par de brinCos ;V. m.ce esColha aquelle q. milhor lhe agradar e houtro o de a noSa miSa  Joze ( ilegivel ) lhos mando de mim em rremunaraSam de algum trabalho q. lhe dei Coando me Carregou nos Seus braSos, e q. me emComende ao Snr. S. Antono q. me de Fellis  (?)  ViaJe e bom SuSeso ; e V. m.ce me perdoe a llemitaSão da oferta mas aSeite a bona (?) Vontade  q. lhos mando.

     ttambem pello mesmo amigo Remeto a noSa maj Seis dobllas em ouro q. Seruira p.a aJuda de algums gastos de Sua Caza , e tambem mando Continuar aSistenSia  dos trinta mil Reis , anualmte. pois o dito Sargento Mor Gosmam não hade Faltar Com aSistenSia pois niSo mesmo fas (?) ComuenienSia,

     V. m.ce nas q. esCrevo a noSa maj pode llargamte. uer o modo Com q. me acho nesta terra pois llargamte. m.to lhe dou notiSia e tudo m.to por extemso.

      Sobre tudo heide estimar esta a FelliSidade de achar a C. m.ce aSestida de huma    ( ilegivel )  pois não faltarei em lho obedeSer Como deuo;  a Sua peSoa q. D.s g.de m.tos anos era  V.tt Supra

                                                 Deste amante Irmão q. M.to lhe quer e ama

  

                                                     Joze Theodoro Botelho

     Mana não rrepare nalgums erros q. nestas vam de algumas rrepetiSoms  q. Com a m.a  llida asSim (?) me SuSede e C. M.ce como he de Caza  as hade desfarSar.

19 Out. 1776

Nasce outro irmão a quem dão o nome de Joaquim.O primeiro Joaquim morrera.

11 Nov. 1777

Nasce a irmã Maria

2 Mar.1778

Morre o irmão José com 11 anos.

 

Minas noVas V.a de N. S.ra do Bom Suse (sic) hoje 10 de Janeiro de 1779.

 

        Minha Maj e Sn.ra D. Guimar Botelha de arruda

 

        Minha amada Maj do meu CoraSão . ReSebi as de V. m.ce  Cuijas estimei Com aquelle apllazo deuido de am.te filho e nellas ui fiCaua V.m.ce  aSestida de Saude ; a Coal Ds. lha Continue por dillatados anos : P.a meu gosto e de meus Irmans ; heu ao fazer esta aChome de pe mas  Com Seis Samgrias nelles q.e onte aCabei de tomar a ultima ; e em besporas de tomar huns  purgantes frescos (?) ; mas não hé Couza de perigo ; pois como toda esta  SeÇa tenho andado de cauallo nas m. as cobranSas e apanhando Sois ; e tambem Se me foj perSizo Chegar ao Serro do trigo q. fiCa distante deste pais quaremta e tantas llegoas ; e tambem p.a uer se fazia huma CobranSa de meu Cunhado Pedro Paullo ; q. della me mandou eSa emCombemSia  p.a Ce Cobrar do primo Antonio Monis Sento e Setenta e Tam.tos mil rreis ; e o Sem.tos (?) me fiCou o pezar ; não a fazer na oCazião prezente p.a lhe mostrar o Coamto dezeijo Seruillo mas Com estas (?) llidas adequiri hum rreSiCam.to na maSa do Sangue (?) gr..e Se me foj perSizo ; Como dito fiÇá a Sangrar e tomar huns purgantes: e ordem  a rrefresCar a maSa do Sangue mas de toda a Sorte  Como filho obediente as Suas ordems:

     Não faSo nesta  nem São da data e rreSibemto das de V. m.ce pellas não ter aqui Comigo , e estamdo todas as Cartas na Chapada nas minhas Cazas; ahonde meu Irmam Se acha de prezente  aSestimdo nellas ae dispondo o Seu negoSio .

     Pois  Como as aChou deVolluto não quis estar paguamdo allugueis di outros ; mas Segundo o meu Ver não lhe Vaj m.to mal ; Como os negoSios q. fas ; heu ao fazer desta tiue Cartas delle ; e esta de Saude ; e Coaze  todos os dias temos notiSia hum do outro , pois sempre andam portadores  de huma parte p.a a outra ; e heu q. tambem  lla Vou e helle Çá tambem Vem as Suas dependenSias; e esta Com todo o Cudado a uer Se Se pode arrumar a hir tambem embora ; e helle mais llarguam.te lhe

dara a V. m.ce notiSias de Sua Vida.

     Minha Maj e Sn.ra heu deziJaua Ser o portador desta mas não quer ahinda a Sorte ; heu do negoSio q. Comdezi ; e o q. mandei busCar pello meu Cajx.ro tudo esta disposto Sem m.to me falta o aCabar de Cobrar , o rresto de diuidas Velhas ; mas ahimda q. Seija Com perJuizo de algum par de mil Cruzados Vou me embora;

     Snrª nesta oCazião V.m.ce me perdoe o não me llembrar de V. m.ce Com alguma Couzinha  p.a aJuda das Suas despezas miudas pois a distanSia (?) asSim o permite ; Maj sempre mando ao noSo Frade duas dobllas p.a dizer miSas  pellas almas do purgatorio ; todo o rrendimto. dos ditos a rrezam de trezentos e Vinte a esmola de Cada huma miSa emte honde Cheguar o d.to dinheiro; e não Sei Se o Comp.e (?) LourennSo Sera o portador dellas pois Sajo destas minas no projeto de Se transportar p.a eSa terra . Foj o d.to Comp.e daqui p.a o rriJo (sic) de Janeiro, p.a uer Se lliVraua o filho de Soldado ; a lleuallo Comsigo p.a a B.a e mandallo p.a as minas a tratar da Vida ; e helle ; empreguar o Seu dinheirinho comSolla p.a lleVar p.a eSa terra ; mas não Sei Se lleVado dallguma ambiSão tornara a Vir p.a Sima  Com negoSio ; e Cazo o d.to uenha Sempre mandolla a hum amigo q.e mos mande p. a eSa Jlha Jumto Com as Cartas.

     João F.ra da Costa aquelle q.e lla tem as parentas na rrua das espigas  a quem V. m.ce pedio por elles ; lhe emVia a V.m.ce Setemta e outo mil rreis em mejas dobllas ; p.a V. m.ce Com as Suas mams as rrepartir  Com os ditos parentes ; o primSipal e os auamSos das ditas dobllas ; e V. m.ce Cobrar rreSibos delles; e mandallos ; e Cada hum paSe dois de hum tior fiCando lla hum enuie (?) do outro de Cada hum ;

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                V. m.ce (?) a Catanada (?) q.e V. m.ce me deu aSer(ca)

(?) do meu bastam de Sargento Mor ; numCa Cudei ;  ( danificado) hums amigos meus Como foj o Comendante deste pais  (e) (o)utros (?) ; tiraramos a nomiaSão da Camara; e a mandaram Comfirmar pello Snr. General e o não Soube Senão Coamdo ella vejo; Cuija Ja foj p.a Lisboa  a ComfirmaSão  Regia; mas ahinda  não Chegou ; a de meu Irmam; Como Coamdo foj em Setemta e SimCo  p.a Setemta e Seis p.a a Baja; a ter Comigo ; Leuoa Comsigo e a mandou de lla p.a Lisboa; e Ja lhe uejo Comfirmada .

      Snra. heu Sempre estou Com o Cudado em V. M.ce e não tenham V. m.ce p.a Ssi q.e a ManJetude (sic) em q. me aCho ; me tira eSe Sentido em q. de   Comtinuamte. me aCho ; mas em parte depois q. rreSebia Sua Carta Vou uiuendo mais desCamSado ; em V. m.ce me dizer  q. Vaj paSando ; e San.tos me da a emtender ; a falta q.tem de hum filho em Sua Comp.a p.a lhe ter Cudado nas Suas depemdenSias não Se aflliga V. m.ce Com hiSo pois por ora não Se lhe perde nada  llembrada ertara V. m.ce em huma q.e lhe esCrevi a tempos em rresposta de houtra em q.e V. m.ce LastimaVa  a falta dos seus mojos do piCo do Boj e heu lhe mandei dizer q.e não fizeSe Cazo diSo e q.e heu tambem em perder hiSo q. não perdia nada pois q.Coando heu nasSi foj nú mas grasSas a Ds. Senpre emte (?) o prezente tenho Comido e bebido e uestido e paSado ; e no q. rrespeita  aos bem deste mundo tudo he estoria Ds. os empresta emCoamto quer e os tira Coamdo lhe pareSe ; e Se não graSas ao altiSimo ; diguame V. m.ce heu trouSe alguns aueres da m.a terra ou por ventura algum parente me deiChou alguma Couza nesta , ou por ventura V. m.ces me deram algum ofiSio q. me SeruiSe de alguma Utilidade  não por Serto ; mas Comtudo não tenho Viuido ; em pais estranho ; ahinda q. Com alguma Lida ; mas abondante do neSeSario ; p.a a uida omana; pois q. hé histo ; e a q. Se deue atribuir ; não hé a prouidenSia do altiSimo  e V. m.ce por uentura depois q. lhe tiraram as Suas rrendas não tem tambem uiuido ¸e o q. lhas tirou não morreo Ja.

     Pois Como asSim Seija Minha May e Snra. ComSellemonos Com a uontade Ds. q. nnos da´mais do q. lhes mereSemos . heu emtendo q. o Sargento Mor de V.a FranCa  Se lhe hira Comtribuindo Com os trinta mil rreis Como os mais annos . heu bem dezeijo hir p.a Sua Comp.a não fiado lla nas eranSas dos meus parentes pois elles poderram (sic) deiChallas a quem for Seu gosto e heu não lho poSo empedir ; Se aCazo uier alguma Couza não auemos de botar fora ; mas q. por iSo  Corra demandas hiSo não hirei antes Ça temperando a Vida da milhor forma  q. Ds. me aJudar.

     Estimo m.to q. V. m.ce Se dé bem Com os Seus genrros; e filhas e netos pois Coando há União  a todos Cauza gosto  heu a todos esCreuo ; em Jeral; menos ao Sobrinhozinho; filho de D. Ines q. me esCreueo mas Comp não tenho aqui a Sua Carta não estou Serto nome delle V. m. ce. me desCulpe p.a Com elle ; pois esta hé motiuo e tambem a m.ta llida de Cartas p.a a Baja e o portador esta Com

preSa.

     V. m.ce FaSa esta prezente a tódos os (ui)zinhos (?) ; e á tia Guimar e ao P.e Joze de Pimentel q.e aSeite esta Como Sua; e tambem ao amigo FranCisCo Manoel  a quem tambem esCrevo ; e q. Se Ds. for Seruido q. Sedo nos (ue)Jamos q. Justaremos Comtas das Coimas ( Camas ?) q. foj lla Fazer dir(?) mas (?) deiCheSe helle estar; q. ahimda mo ade paguar.

     Não Sou mais empertinente pois (?) a não quero deterimentar mais ; q. esta aChe V. m.ce aSestida de huma Fellis Saude o Saberei estimar (?) p.a q. da m.ª V. m.ce disponha Como Sua pois não Faltarei em obedeser Como deuo erra V FF Supra.

                                              Deste Filho o mais obediente emte a morte

                                                              Joze Theodoro Boteilho

 

 

    

      Baija 26 de agosto de 1779

        

         Minha May e S.ra D. Guimar Botelha de arruda

 

         Como me áCho nesta Cidade e tenho oCaziam de propio por uia de LL.xa não quero deiChar de lhe noteSiar notiSias m.as e Como de minas esCrevi a V. m.ce e a todos neSa Jlha ; pertemSentes a noSa obrigaSão e Como o portador dellas p.a esta Cid.e FoSe o falleSido Joze Antonio do amaral ; meu Cajx.ro  q. D.s ttenha em gloria ; pois depois q. Chegou ; e emtreguamdo as m.as Cartas aos meus ConSrrespondentes (sic) ; adoeSeo de Sezams amallinadas ; de q. morreo mas os mesmos Consrrespondentes Sabemdo ; dos meus partiCullares e dinheiros meus q. parauam na mam do  d.to o fizeram fazer testam.to em ordem a heu não fiCar porJediCado ; e llogo com Comtinente fazeram hum esCrauo meu q. tinha uindo em Comp.a do d.to falleSido a Caminho Com Cartas a darme parte; de q. não tiue rremedio Senão por me a Caminho p.a esta Cidade ; e Cheguei ahimda  molleto de huma perna ; pois Ja de minas Sahi Com ella molestada de hum Cabum Collo ; q. me nasSeo ; e Com o exSeSo da uiaJe mais Se emfllamou e me foj perSizo tomar bastamtes rremedios ; nesta Cidade; mas ao fazer desta Ja me aCho Com milhora; e Coaze Sam della; e V. m.ce peSa lla o S.º S. Antonio q. mora em S. FranCisCo q. permita dar me perfeita Saude ; p.a lhe mandar fazer a Sua festa  Com trezena e miSa e o mais tudo a m.ª CuSta pois aSSim mesmo lho tenho permitido ;  Com q. mª mª (mãe?) e S.ra tiue rre (sic) Senão Vir a toda a preSa por não fiCar progidiCado em hums pouCos de mil Cruzados ; mas Louuores a D.s não heide Ser progidiCado em Couza alguma ; heu não pertemdo hir mais a minas emtreguei as m.as CobranSas a meu Irmam e os proCuradores ; e estou aqui Som.te a espera q. uenham as rre (sic)  AS rremeSas de minas e no emCoamto Sempre Compro hums pouCos de CajChas de aSuCar ; p.a mandar p.a Vx.a a busCar hum boCado de negoSio com ordem  a não estar Vadijo ; heu Sempre Comdezi de minas Comigo Seis esCrauos  q. me Seruiam e por não ter tempo de os uender ; pois tamto q. rreSebi o auizo não me demorei mais do q. des dias ; mas Como tudo não me arrepemdo de os trazer pois pus SimCo ao ganho em e (?) dam todos os SimCo Cada dia SimCo tostoms a tostam Cada hum ; e me Serue p.a o prato em ordem a não bullir no Capital;

     ( à margem diz: Cartas q. Forão pa. Lxa.) ComCoamto as Cartas q. esCreui a V. m.ce pello deFumto proCuramdo os me diSeram q. as tinham remetido p.a eSa Ja ; por uia de llxª e heu em huma q. esCreuia ao noSo Frade lhe mandaua dizer q. lhe mandaua duas dobllas p.a dizer em miSas pellas almas a rrezam de trezemtos e e uimte de esmolla Cada huma ; e Com a morte do deFumto não foram o (?) ; mas as heide mandar na Curueta; q. de lla uier ou outra Coalquer embarCaSão

      ( à margem diz . LourenSo )  ttambem FaSo a V. m.ce Siemte em Como hé FalleSido o noSo Comp.e LourenSo da S.a pontes ; elle deSeo de minas pello rriJo de Janeiro e Comdezio o Filho p.a esta Cidade; e Cheguado q. FoSe a ella ; foj Ds. Seruido darlhe huma mallina de q. morreo ; o Filho esta a espera  q. haija embarCaSão p.a eSa Jlha p.a Se hir embora ; e Sempre hade hir a uiVua     (?) mais de outo Semtos mil rreis mmas os testamenteiros não querem emtreguar ao Filho ; Com desComfiamSa q. helle depois q. o rreSeber Se esqueSa de lla hir llleuallos a mais ; mas na embarCaSão q. de lla uier o haumde rremeter  a d.ta ViVua (?); por Sua Comta e rrisCo .

 

     Meu Irman emtemdo estara Com Saude perfeita pois estes dias rreSebi Cartas dellé e ao fazer das d.tas estaua de Saude ; e me dis nellas q. alguma Couza vam o Cobramdo e q. no fim da da CheÇa me hade fazer a p.ra rremeSa ; elle tambem dispos o Seu negoSio; todo pois uendeo o rresto attaCado por Coatro mil Cruzados e tambem esta aCabamdo de Cobrar p.a Se uir embora; Com q. aqui espero por elle ; Ds. permita aJudallo ; a q. Se arrume breue;    

     Heu por ora não esCreuo mais a ninguem pois o tempo me não da mais Luguar V. m.ces FaSam esta prezemte a FranCisCo Manoel e da morte do defunto. Joze Antonio do ammaral ; pois elle bem o ConheSia tambem o pai do d.to a quem não esCreuo tambem nesta oCaziam , por não poder ; o q. pertemdo fazer na p.ra oCaziam  e o não faSo agora por não Saber ahimda o q. aCreSeo ; do Seu emterro ; e dastos da doenSa e mediCos e mais despezas. pois Sempre Se gastou mais de Semto e tamtos mil rreis Segundo Consta dos rreSibos e quitaSoms de miSas ; e Como emte agora estiue tratamdo de mª Saude ahimda não pude tomar Comtas; heu Sei q. alguma Couza  hade Sobrar do Seu emterro ; mas não o Coamto p.a lhe mandar dizer ; Com  q. o q. Sobrar lho heide rremeter ao pay ; histo he paguas todas as diuidas q. o defumto deuer pois não heide FiCar Com des rreis q. pertemSão aos errdeiros do d.to defunto. ( dizia à margem : Amaral)

      (à margem : da Rua das Espigas) ttambem V. m.ce dira aquellas peSoas da rrua das espigas q. nesta Cidade Se aCham Setemta  Setemta e tamtos mil rreis q. o mesmo defunto tinha trazido p.a esta Cid.e p.a lhos rremeter p.a a Jlha q. lhos manda aquelle Seu tijo q. tem nas minas; elles hamde Ser rremetidos a V. m.ce p.a lla fazer eSas partilhas Com elles; e emtemdo q. disto mesmo lla lhe uaija Carta do d.to tijo ;

      Não Sou mais extemSo heide estimar esta aChe  a V. m.ce  aSestida  boama (?) Saude p.a me Comtenuar Com milhares de bemSams todos os meus Irmams aSeitem esta Como Sua ; e os amigos da mesma Sorte; era V ff Supra.

                                       Filho o mais obediente emte a morte.

                                       Joze Theodoro Boteilho.

       ( à margem, um último acrescento) Se V. m.ce quizer Saber mais llarguas notiSias minhas Se o Nel Ttauares q. mora a S.ta Luzia for a heSa Jlha q. hé o portador desta Ca esteue Comigo e uijo me dezembarCar Coamdo Cheguei de minas q. na amte uespora da S: Joam.

 

     

     Minas Nouas 9 de Majo de 1780

       Minha Maj e Srª D. Guimar Boteilha de Aruda

 

       Aos mesmos da era aSima R.ce (?) todo. o cartame q. me enviou Meu Irmão Theodoro da Cide. da B.a tanto Suas de V. m.ce Como dos mais Irmaõs e Irmans m.to  m.to estimei por uer Letras de V. m.ce  q. tanto , Suspiraua , pois he Serto q. emq.to as uejo tenho a ConSolaCam de ter mais viua pois So depois q. ando nestas terras he q. Sei qual he o amor de Maj e paj e o q. to Se perde na Falta de Coalqer destes,ora Ds. noSSo S. aConSelha em tudo q. Se dis padeSer neste mundo  e ao despois lhe de a gloria , q. he o fim a q. podemos todos Suspirar lembrandoSSe  Senpre de nos , Com a Sua benCam, p.a Sermos bem SuSedidos, e tanben p.a q. D.s nos Liure de noSos Inimigos dalma e Corpo .

      Meu Irmão Se acha estabelecido na B.a e eu nestas Minas , Com a dependenCia de CobranCas Suas e minhas , Se Ds. for Seruido . q. Seja bem Susedido, mudo de Sistema de negoCio e Vou me p.a a d.ta Cid.e aCestir Com elle aonde Se fara algum negoCio Com mais Susego do q. por aqui  pois isto de Minas , he mais la ( papel roído) do q. Se pode Imaginar.

      Vejo o q. V. m.ce me dis a respeito dos trinta mil reis , mandauamos dar neSa terra  pello S.M. Gusmão,  tuido (sic) q. D.s fas he por milhor , Se aSim o faziamos hera por beneficio a Seu Cunhado Joze P.co por este aSim (?) no lo pedir , e não doutra Sorte, e e aSim  tinhamos tratado e estauamos a espera dos rreCibos dos dois annos p.a lhe Contrebuir Com os SeSenta mil Reis , mas        (?) aSim o terem feito, Sem ao me(nos) (?) me (?) parteCipar, paCienCia.

        Agora Com mais Ver as  pode V. m.ce  estar Serta hade ReSeber os Seus alimentos, dos trinta mil Reis  pois Como todos os annos uem embarCaSoms deSa Jlha , hira o d.to dnrº em mejas doblas Sem Se         (?) , de q. o noSo frade ua aos pes do d.o amº a busCar , o q. he deuido Como por esmolla e aSim , mando, dizer , o Irmão , q. agora lhe mande os SeSenta mil Reis q. a V. m.ce deuemos , dos dois annos paSados  por Comta de nos dois, pois aSim o deuemos fazer por deuida Segundo a noSa obrigaSam,q. p.a iSSo he q. D.s N.S. a da  e Como o d.o Jrmão habita na B.a não hade hauer falta querendo D.s pois esta tanbem aSim o dezeja.

        Mais Mando hum   (papel roído) de brinCos , estimaueis aqui nestas Minas   ( q. me ? - igualmente roído) Custaram trinta e Seis mil Reis Juntam.te Vom hum LaSo de diamantes p.a a Irman D. Fran.ca dos d.os Brincos e LaSSo , a d.a Irman q. Se Sirua e Se os não quizer q. os de a q.m for Seu gosto , q. eu lhe não esCreuo pella munta Lida , pois não falta em q. Cuidar e não purzumão he falta de amor.

            Da mesma Sorte a Jrman D. Jnes e D.Clara q.  V (roto) m desta Como Sua , uela tinha dezejos de me lembrar de ( roído ) Com algum bunitu porem isto por Ca anda m.to  m.to mau de dnrº tuido vaj aCabar ora pois D.s dara Se for Seruido.

            Tanbem esCreui ao noSSo frade e lhe mando meja dobla p.a huma miSa  a S.a do RoZariu este, bem pode Seruirlhe a V. m.ce de aliuio em algumas Couzas  (?).

               A meus Cunhados Subrinhos Vezinhos e parentes muntas Vezitas a todos e a V. m.ce g.de D.s ´m  ´n  Com Saude perfeita.

                                                      De V. m.ce filho obediente 

(à margem, meio apagado e roído

  q. rezem a S.An.to )                                     Joam Caetano B.to

 

 ( no verso, ainda menos legível, julgo ler: Cartas do brazil das pelles (?) de ovelha q. meus Jrmans mandaram ?  )

 

       

        B.a hoje 16 de Junho de 1780

        Mana D. FranCisCa Inasia

 

            R.ce a uoSa q. m.to estimei por nella Ver estauas aSestida de boma Saude Cuija o altiSimo Volla Comtinue p.a meu e VoSo goSto.

            Heu ao prezente aChome nesta Cidade desde Junho de 1778 dahomde Ja esCreui por uia de Lisboa a noSa maj  de q. foj portador ; Manoel tauares q. mora lla a S.ta Luzia; e lhe daua parte ; de q. não tornaua mais p.a minas; pois Vim abaCho ; por me Ser m.to percizo  por Ser falleSido o meu Caijx.ro  q.e tinha mandado a esta d.a Cid.e  a Sertas dependenSias ; a Cuijas uim aCudir  a toda a preSa ; na falta do d.to  e emtreguei as minhas CobranSas nas minas a meu Jrmam ; aos meus proCuradores ; e gora ao fazer desta R.ce Cartas do d.to noSo Jimam ; e a prª rremeSa q. me mandou das minhas CobranSas e o d.to noSo Jrmam esta de Saude ; ao fazer das q. me esCreueo.

           Ora pois minha Jrman Como não poSo ahimda  hir nesta Curueta p.a eSa Ilha por Cauza de não ter nas manos tudo aquillo q. me pertemSe  não tennho rremedio Senão esperar  mais algum tempo  e asSim Vos rremeto pello Duarte Joze Rabello Jrmam de FranCisCo Manoel eSes trastezinhos q. Se não forem do uoSo agrado Com hiSo tereis paSiemSia; e uem a Ser huma Crus e brimCos de predras (sic) de amatistas Com Vimte e outo diamantes emtre miudinhos e mais graudinhos; q. São os Coatro primSipais da   (   ?)  os majores ; e mais duas pulSeiras  PulSeiras de aljofres emfiados Com Comtas de ouro ; e Chapas de ouro; e Se estiuerem mariados alguma Couza ; llá tendes tempo de os esCouar ; e o Duarte dis q. Sabe Como elles Se allimpam ; nos Ca´não estamos p.a hiSo pois Vos lla tendes tempo desemfiajos e tornaios a emfiar a medida dos VoSos braSos ttambem Vos mmando mais hum anel de grizollita ; a Saber a pedra do meijo he grizollita amarella ; e Como mando tres dos ditos p.a Coada (sic) huma  de noSas Jrmanis o Seu (?) uede q. o VoSo lleua o VoSo nome esCrito em hum papelzinho metido ; e os houtros lleuam tambem os nomes de Suas donas esCritos  p.a não auer lla duuidas nas rrepartiSomis  ComtemSe Cada huma Com a Sua Sorte ; e Se aSim Se não derem por bem Seruidas em  mandarei           (?) ; e emCoamto o d.to anel podeis  fazer delle estimaSão não tanto por Ser Couza q. Vos mando mas por q. as pedras São de Coallidade Subida; pois abaCho dos diamantes Se não tem desCuberto; outras milhores neste pais na Callidade.

          Não Sou mais extemso por Vos não deterimentar; e Se uos não emfadares de lleres estas minhas rrabisCas feitas a preSa podeis uer os q. esCreuo a noSa maj pois mais llarguam.to lhe dou parte da mª Vida e Ds. q. uos G.de Como dezeijo desta.

                                                     Deste VoSo Jrmam am.te

                                                        Joze Theodoro Botelho.

 

             B.a hoje 10 de Julho de 1780

             M.a Maj e Snrª D. Guimar Botelha de arruda

                    R.ce a de V. m.ce Cuija estimei Como mimo m.to espeSial de Suas mams aJumtam.te por nella V. m.ce me SertifiCar fiCaue aSestida de fellis Saude  Cuija o altiSimo lha Comtenua por dillatados annos p.a noSo Gosto;

                    Heu ao fazer desta Ja me aCho mais alliuiado de minhas mollestias q, D.s foj seruido dar me  pois Como Ja nas outras  q. a V. m.ce esCreui  tamto de minas Como desta Cid.de pois Ja paSá de anno q. a ella cheguei ; e quem foj o portador desta ultima Carta q a V. m.ce mandei foj Manoel ttauares q. mora a S.Luzia  e foj por Lx.a e emtem do q. Ja a m.to estara neSa Jlha ; e V. m.ce emtregue da d.ta Carta  e nella lhe mandaua dizer q. tinha Chegado de minas Com huma nasCida na perna esquerda Cuija me llevou algums Coatro mezes a Sarar , e não me deu pouCo trabalho ; e depois da d.ta Sam e heu andar hum pouCo de tempo  na rrua Suberuieram me hums temores  na na (sic) curua da perna digo da mesma  perna debajCho do Joeulho letal Sorte q. desde Coarta f.ra de Simza emte agora a pouCos dias não tenho Sajdo a rrua ; mas agora graSas a Ds. Ja estou Coaze Samo ; e ja paSejo pella Cid.de mas tenho tido bastante despeza Com mediCos e Surgiams e botiCa q. me Chegou a mais de trezemtos mil rreis todos estes meus Curatiuos  mas Como Se tem aproueitado ; alguma Cura ; paSiemSia Com a despeza.

             João LourenSo filho do defunto LourenSo de Sa pontes ; Como esteue aqui em Caza Comigo perzemSiou toda a mª moLestia e uiyo Coanto padeSi nella llla Comtara Com miudeza ; pois esteue em mª Caza mais de tres mezes e lla Vaj p.a Compª de Sua Maj ; e Sempre lhe lleua Sis Sentos e quarenta e tamtos mil rreis em dinheiro fora algums trasteszinhos ; e tambem hums boCados de terra q. o defunto paj tinha Comprado em Sua Vida , Elle não lleua boma notiSia a Sua Maj pella falta de Seu paj; mas Comtudo Sempre lhe lleua alguma Couzinha Com q. elles lla Vam paSando a Vida.

 

              Meu Irmão  aChaSe de perzente em minas e Com Saude ; pois a pouCo tempo tiue Cartas delle e a pr.ª RemeSa  q. me mandou das minhas CobranSas  elle não elle não esCreue a V. m.ce por não Saber ahimda q. Se aCha aqui embarCaSão deSa terra heu mandei lhe p.a Sima as Cartas todas q. Vieram da Jlha ; e Como elle me não falla nellas emtemdo q. Coamdo me esCreueo as não teria reSebido ; heu na outra Ja lhe expus a V. m.ce q. elle fiCara nas d.tas minas Cudamdo nas Suas CobranSas mais nas minhas; e he o q. nesta parte lhe posso dizer.

                Veijo o q. V. m.ce na Sua me dis a rrespeito de Manoel Joze de Gosmam ; não faSa Cazo diSo ; pois Sempre V. m.ce hade hie paSando ; pois heu me não heide desCudar em Cudar de V. m.ce  pois o tenho de obriguaSão .

                 Na oCazião prezemte Remeto por Duarte Manoel digo, Duarte Joze Rabello Jrmão de FranCisCo Manoel ; huns trastezinhos p.a Mª Jrmam; e uem a Ser  huma Crus p.a o pesCoSo Com pedras amatistas Crauadas de diamantes e tem por tudo Vimte outo pedrinhas des (?) dos d.tos diamantes ; e mais humas pulSeiras Com Coatro fijos Cada huma metade de aljofar e metade de Comtas de ouro ; e tambem Chapas de ouro nas mesmas pulSeiras  ; e mais tres aneis q. uem a Ser p.a Cada huma de minhas Jrmans  o Seu anel; p.a q. não digam q. heu tambem me não Lembro dellas os aneis Cada hum Leua o nome de Sua dona a quem pertemSe elles São bem Jrmanados nas Cores ; não Se amde queiChar de milhor ou pior Callidade; E Se D.FranCisCa Se não der bem Sastifeita Com os trasteszinhos q. tenha paSienSia pois Não esta mais nas minhas manos e não poSo adeuinhar Vontades p.a Saber Cada hum de q. gosta p.a lhe ofreSer.

                 Allen diSo o mesmo portador hade emtreguar a V. m.ce noue dobllas e meija em ouro; a Saber Seis e meija São p.a o q. a V. m.ce exponho ; das ditas Seis dobllas e meija hade V. m.ce dar aquelles parentes de João Frr.a da CoSta q. esta Ca nas minas e helles moram llá na rrua das espigas de quem V. m.ce emviou Cartas p.a esta terra ; e Vem a Ser ; q. V. m.ce hade rrepartir Com os d.tos parentes mais Cheguados Setemta e outo mil e Coatro Semtos e Sesenta rreis e o auamSo de Seis dobllas o q. rremder o troCo dellas E e o rrestozinho q. falta p.a emteirar ods d.tos 70460 o hade V. m.ce tirar da mesma doblla pois as Seis dobllas emportam em 76800 e uem a faltar 1660 p.a emteirar a Comta dos 78460.

                   Ora pois torno a rrepetir a raSão por outra forma p.a q. V. m.ce milhor o perSeba ; dos d.tas Seis dobllas e meija tire V. m.ce Seis ; dobllas; e tire da meija , mil e Seis Semtos e SeSenta e aJunte os mil os mil Seis Semtos e SeSenta Com as Seis dobllas e o q. rrender o troCo das d.tas tudo Jumto Reparta V. m.ce pellos tais parentes do d.to João Frr.a da Costa e Cobre de Cada hum delles dois rreSibos de hum tior ; p.a mos remeter ; a esta Cid.de q. os quero mandar ao parente  q. não Cude q. lhe Comi o Seu dinheiro.

                     Agora da meija doblla depois de tirar os mil e Seis Semtos e Sesenta daua V.M.ce a Manoel do amaral p.ra Morador no Luguar das Calhetas Coatro mil duzemtos e nouenta ; e o Seu auanSo q. lhe pertemSer desta dita quantia Segumdo lla o tro (?) das dobllas ; e algums tostams q. a creSer da meija doblla São meus e Como São meus pertenSem a V. m.ce pode fiCar Com elles;

                         Agora as tres dobllas q. uam mais q. perfas a Comta da lletra q. me paSou Duarte digo Duarte Joze Rabello ; huma dellas he p.a V. m.ce e duas p.a o frade mas dizer em miSas pellas almas do fogo do purguatorio a trezemtos uimte a esmolla de Cada huma miSa ; e V. m.ce me perdoe nesta oCazião me não allarguar mais ; mas as grandes despezas São a Cauza de tudo pois este anno não me tem emtrado pou (?) pella al  Allgibeira; p.a a houtra Viaje ;Sera Maijor a oferta ou p.a milhor dizer ; me allarguarei mais Com aquillo q. tenho de obrigaSão ou Serei o uerdadeiro portador Se Ds. asSim for Seruido:

                            A quantia dos Setemta e outo mil e Coatro Semtos e SeSenta rreis ; o defunto Joze Antonio do aMaral filho de Manoel do amaral das Calhetas Coamdo ueijo p.a esta Cidade o anno paSado o trouSeo ComSigo p.a a emtreguar nesta Cid.e ao falleSido LourenSo da S.a Pontes ; p.a este o leuar p.a a terra e Como  ambos falleSeram e não Se tornaram a uer desde q. Se apartaram nas minas ; pello defunto LourenSo desSer pello rrijo e Coamdo Chegou a esta Cide  (sic) Ja aChou o outro defunto este foj o motiuo po q. o d.to dinheiro fiCou emte agora Sem hir e tambem depois q. cheguei por falta de embarCaSão e histo mesmo lhe exponha ; p.a elles asSim mandarem dizer a Seu  (?) .

                           V. m.ce da mª parte faSa esta prezemte aos de Caza e aos ConheSidos q. por mim perguntarem lhe de notiSias minhas pois na uerdade as gosto ter dito dos (?) ; e Saberei estimar lhe aSista a V. m.ce boma saude p.a q. nas (?) della disponha da mª pois Como filho obediente não faltarei em obedeSer Como deuo a peSoa de V. m.ce q. Ds. g.de m.to a V. m.ce e Vaj(?) ff Supra.

                              Deste filho m.to am.te

                              Joze Theodoro Botelho

 

 

                            ( acrescento na mesma página) A noSa Jozefa q. cá pergumtei por ella e fiquei Com grd.e Simtim.to de me dizerem q. esta  fal    (?) e Ds. lhe de paSienSia e Saude  nalma e no Corpo. Demtro nesta Vaj o ConheSim.to ou rreSibo q. me paSou Duarte Joze Rabello ; e tambem outro rreSibo p.a V. m.ce emtreguar a FranCisCa do rrozario pimenta ViuVa do defunto LourenSo da S.a pontes.

 

 

          Bª hoje 19 de Julho de 1780

          Mª May Snrª D.Guimar Botelha de arruda

              

              Onte q. Se Comtaram 15 do Corrente ReSebi de meu Jrmão João Caetano ; e tambem Cartas p.a emviar a V. m.ce o q. m.to estimei ; e Jumtam.te por elle mandar a V. m.ce dar trinta mil rreis dos annos paSados na falta da CobranSa do Gosmam ; e tambem o mimo q. manda a D. FranCis (sic) do llaSo e brinCos q. m.to estimei ; e tambem a llembranSa q. teue do frade p.a o Seu tabaCo Ora pois tomei histo por millagre de S.Antonio o Cheguar de tam llomJe ; e por hum dia ou dois Cheguar a tempo e a oras de hir tudo na Curueta;

            O Duarte Joze Rabello paSou desta rremeSa dois ConheSimentos asSim Como paSou das minhas ; Veija V. m.ce q. na Sua Carta vam tres ConheSimentos ; e uem a Ser hum o da rremeSa de meu Jrmão outro da m.a rremeSa e o outro do dinheiro da FranCisCa do rrozario p.a V. m.ce lhe emtreguar ; ttambem na Carta da FranCisCa do rrozario Vam outros tres q. uem a Ser hum della e os dois pertenSem a V. m.ce q. Comsta das mesmas RemeSas q. mandamos ; V.m.ce lla os mande proCurar p.a os emtreguar ao d.to Duarte ; Coando lhe emtreguar os outros;

                Ttambem me esqueSeo na outra q. fis dizer q. lhe ofreSo esta CaijCheta de marmellada q. o mesmo Duarte lhe ade emtreguar ; pois ma mandou hum amigo das minas ; e heu faSo gosto q. V. m.ce antes a Coma do q. heu ; e Jumta por Ser Couza q. Veijo de tam LomJe pois dos llomJes Se fazem pertos a quem fas gosto de mamdar huma Couza; a d.ta hade ter Couza de meija aRoba de pezo pouCo mais ou menos; Veija V. m.ce q. nas tres dobllas q. mando por Comta de meu Jrmão Vam demais Demais dois mil rreis ; pois 30000 q. helle manda a V. m.ce e 6400 ao frade ; fas a quamtia de 36400 e as tres dobllas emportam em 38400 asSim nestes termos Como lla Vam V. m.ce os tome a Comta do q. lhe deuo ; pois asSim SuSede aos maos paguadores Jrem paguando aos boCadinhos;

                  Não Sou mais extemSo pois tambem não me falta q. esCreuer p.a as minas a uarios amigos q. me esCreueram e dar de SulSão a uarios negoSios q. me emCubirão e Como estaua proprio a SaJr estes dias hé me perSizo esCreuer e não me faltam Lidas mais Comtudo hade Ser o q. D.s quizer;

                 NoSo Senhor lhe aSista Com Saude m.to perfeita e não Se esqueSa de me emComendar a Ds. ahimda q. não CareSo fazer lhe esta adeuertenSia ; pois Sei q. V. m.ce Se não desCuida e tambem em me botar a bemSão ; e Ds. q. a V. m.ce  g.de m.tos annos

                                                    De V. m.ce  am.te filho

                                                    e m.to obediemte  

                                                    Joze Theodoro Botelho

                                                      

 

 

               Ttermo de parnambuCo pouoaSão de Una hoje 6 de abril de 1783

               Minha May e Snrª D. Guimar Botelha de arruda

 

 

                      R.ce a de V. m.ce Cuija estimei pella Serteza q. me daua de Sua boma Saude Cuija a mesma Ds. lha Comtenue p.a alivio de mª Saudade ; e Jumtam.te p.a Sempre de Comtino me botar a Sua bemSam.

                      O portador desta emtemdo Sera o m.o Duarte Joze Rabello q. Vaj por uia de Lx.ª o q. m.to Simto não hir a embarCaSão em direitura p.a eSa Jlha p.a de alguma Sorte lhe agradeSer a V. m.ce a llembranSa q. de mim teue; e Jumtam.te a mana D. Jnes ou allias meu Cunhado Joze FranCisCo PaCheCo ; o q. farei na p.ra oCazião q. uier embarCaSão a este porto e em direitura p.a eSe ; e todo o disuello  ( roído ) lhe agradeSo m.to aimda q. me não uieram as mams mas do q. humas pouCas de fauas pellas não quererem; pois emCoanto ao Capado e CusCus e lemtilhas paSei Com a Seia (?)  dellas; ; e  a quem Volto a Culpar he o p.e mestre q. Sem (?) tamo (?) (roído)  mestre lhr faltou a SiemSia de tirar ConheSim.to em Forma; por Letra rredonda ; por não dizer Letra de emprenSa q. Sso asSim Se pode obriguar o Capp.tam a dar Comta do q. rreSebe; mais alto Vamos adiamte não Se gastaua tamto dinheiro q. Se não pudeSe rremunerar; e o mesmo Duarte Joze Rabello dira llá as delligemSias q. Se fizeram mas tudo debalde ; pello Dito Duarte Joze Rebello rremeto a V. m.ce Seis dobllas em ouro p.a aJuda dos Seus gastos ; pois agora Como estou aqui mais perto ; não me eide deCudar de V. m.ce e Como todos os annos a este porto uem embarCaSão Vem embarCaSão Com Serteza me não hei desCudar  da obriguaSão q. tenho em me lembrar de V. m.ce.

                    Bem deziJaua mandar a V. m.ce hum pouCo de aSuCar e mel; e tambem huma pouCa de agoaard.te. do meu Lambique ; pois a não fas m.to má heu a treze mezes q. uim da Baija e demtro neste tempo Leuantei SimCo Cazas p.a a d.ta fabriCa na Coal heide ter gasto mais de des mil Cruzados ; mas Com o fauor de D.s Ja uaj rremdemdo alguma Couza ao fazer desta Ja tenho feito humas uimte e tamtas pipas de agoaard.te e temSe uendido na praSa a Cruzado e dois uintens e agora Ja Se uende a Sello (?); ( diz em cima 480) Com q. não foj m.to mao o ComSeilho ; em Leuamtar a d.ta fabriCa; pois depois q. peguei a trabalhar faSo todas as Semanas duas pipas de agoaard.te por pipas do porto q. São m.to Maores do q. as de lla ; e em querer ainda faSo mais ; e estas uendilas a 40000 Cada huma no Cabo do anno da p.a gastos ; e heu não tenho mais perciSão do q. Comtar o d.ro p.a os mais e uigiar a q. os negros me não furtem alguma; ttambem Ja emgeitei quinze mil Cruzados a uista pellos negros e a fabriCa mas aimda me não fas Comta quero aCabar as Cazas de uiuemda e murar o quimtal e desfrutar mais algum anno Se D.s for Seruido p.a uermos Como nos auemos arrumar emtam Leuamtarei alguma pataCa q. trago arrisCo na Baija p.a me hir embora ; V. m.ce das Seis dobllas q. Das Seis dobllas q. lhe mando a V . m.ce e rreSebidas q. Sejam e troCadas ; dara V. M.ce ao noSo frade Vimte mil rreis q. dis elle CareSe m.to e m.yo p.a huma emduligenSia plennaria;

                   Meu Jrmão João Caetano fiCou na Baija; mas Ja tiue por notiSia q. Como houve huma desCuberto Grande de ouro e diamantes ; perparou Comboijo de fazemda ; e foij emte Lá a uer Se aumentaua a fortuna  Com q. não tarda a uirSe embora p.a baCho;

                      M.to lhe agradeSo o Seu mimo  das fauas q. de tudo foj o q me ueijo as mams  aimda q. metade do q. della saijo ; e Scas e tudo esbamdelhados ; e asSim Se V. m.ce me quizer mandar alguma Couza Seija tudo em barriCa  e nos ConheSim. tos deClarando o q. uem dentro Ou ou paijos paijos (?) / V. m.ce faSa esta prezemte a Mana D.Jnes digo D. FranCisCa q. V. m.ce della Como Sua pois não tenho tempo agora de lhe esCreuer ; e V. m.ce Se não desCude de me botar a Sua bemSão e D.s q. a V. m.ce g.de m.tos annos.

                                                         De V. m.ce o mais atenSiozo

                                                         filho obediemte emte a morte

                                                         Joze Theodoro Botelho

( na parte de trás: de 760 ReCebida aos noue de 1783. as Seis dobas Como troCo emportou tudo em nouenta e hum mil e duzentos o troCo a meija moeda por dobla Cartoze mil e Coatro Sentos foj tudo o Contagima  (?)    )

               

               PernanbuCo 22 de abril de 1784

                      

               Minha Maj e Srª D.Guimar Botelha

                                                

                      FaSSo estas a V. m.ces todos  Com preSSa , por não dar oCaziam , a Corueta q. Vaj por L.xa e he portador desta An.to da Cunha Mourato q. he natural e Cazado , neSa V.a e p.a a mesma Se enCaminha, cheguei, aqui a esta Cid.e de PernanbuCo , uindo embarquado , por mar , Com o destino de hir por L.xa p.a lhe hir tomar a benCam a V. m.ce e uellos a todos pellas Saudades q. me aConpanham, mas foj Ds. Seruido q. tendo a enBarquaCam emm q. Vinha de rota de mar e tenpos e por este motiuo VieSSe a este porto de pernanBuCo arribado deichei de Segir o destino p.a L.xa Como pertendia , Sendo o motiuo premario , emContrame Com meu Jrmam Joze Theodoro nesta praSSa , munto doente em termos de dar Contas ao Criador, e Como o Vi neste estado  e este me pediSSe o nam dezemparaSSe , me Rezolui a fiCar na Sua Conpanhia he(?)Ver oq. Rezulta de Sua molestia na qual Se acha Com m.to aliuio depois de minha chegada, mas eu Senpre desConfio munto de Sua Saude, por Ser a quixa entrinzeca q. os medicos nam Sabem Remediar em fim pareSSe D.s nam he Seruido nos uejamos porq. Já Sam duas Com esta q. tenho tudo prencipio (?) ao meu RegreSSo p.a eSSa Jlha , e afinal Cá Vou fiCando , faSaSSe a Vontade de D.s.

                      Pello portador deste Mando hum Resplendor , ou deadema de prata grande de q. Consta o ReSibo emcluzo, cujo Resplendor he do Senhor bom Jezus do NoSSo oratorio , q. V. m.ce o mandara por no mesmo Senhor pellas manus do noSSo frade, pois me lenbra q. lho deue Repor ; e aSim a tres ou Coatro annos o tenho feito p.a o leuar q.do foSSe , mas Como Ja duas Vezes fiCou frustrada a Viaje va Senpre o Resplendor.

                       Eu queria mandar a V. m.ce huns Vintens mas Com duuida de portador Serto o nam faSSo o q. obrarei no nauio q. Vier em direitura deSSa Jlha querendo Ds.

        Eu me acho Com Saude Vigoroza , dezejaria q. V. m.ces todos peSuam a mesma , em graSSa de D.s e q. todos Uzem esta Como Sua D.s g.de a V. m.ce m  n

 

                                                De V. m.ce filho obediente

 

                                                Joam Caetano Botelho

 

 

 

                   ( recibo do Capitão João Caetano Botelho , do Recife de Pernambuco de 21 de Setembro de 1784, mais Rol que presumivelmente será da mesma data )   

     

                     Resebi do Snrº Capp.am Joam Caetano Bott.o o Seginte Seis dobbllas em ouro hua BoÇeta de tataruga : 2 meijos de folha hum RiliCario de ouro Com duas uaras  da (?) q. peza de Vinte e hua outaua p.a Sima = hum par de fiuellas de ouro q. peza de trinta outauas p.a Sima e hua Salua e hua  Resfriadeira (?) de prata Com 26 outauas  p.a Sima duas pistollas  e noue Cujas e afim mais hum Conheçim.to de duas Pipas de Agua ardente o que tudo Leuo e ReSibi  da mão do d.to Srº p.a emtregar na Jlha de São Miguel a Sua Mai a Snª D. Guimar Bott.a  de Arruda e na falta o R.do Srº Mestre Fr. Manoel dos Crauos e na de ambos a Sua mana a Srª D. Fran.ca o que me obrigo a fazer Leuamdo me D.s a Saluam.to p.r Conta e Risco de q.m pertenSer e p.r uerd.e paSei dois de hum theor Reçife de Pern.co de 7bro. 21 de 1784.

                                        An.to Joze da S.a Nouais.

 

 

                        Rol das emComendas q. mando no Bargantim p.a a Jlha a entregar a minha Maj D. Guimar Botelha ou ao R.o M.e Fr. Manoel dos Crauos.

 

            P 1   BoSeta de tartaruga quadrada e dourada------------------

            P 3   LaSSos de ouro 2 LaSos Com pedras uerdes e Com Seus Cordoms de ouro, e hum pedras branCas Sem Cordam---------------------------------------------------------

            P 2   pares de brinCos de ouro hum pedras uerdes e outro Sem pedras-----------------------

            P 2   Cordoms de ouro Cada Hum tem de Vara p.a Sima q. Sam de pesCoSSo -------------

            ( ilegivel)

            P 3 Meijos grandes de Ssolla (?)

            P 4   Couros de Cabra ( o ?) Com a Sua MarCa B ------------------

            P 1   Selim bordado e espiguelhado de ouro Com os Seus pertenSes------------------------

                       Joam Caetano Botelho

 

           Rol das enComendas .....

                 Rol das enComendas q. eu Com o fauor de Ds. intreguei ao Srº An.to Joze Guamito , p.a q. leuando Ds. a Saluam.to as intregue  a minha Maj a Sª D. Guimar Botelha na V.a da Ribr.a Grande Jlha de S. Miguel em falta a meu Jrmão Fr. Manoel dos Crauos e na de anbos a Minha Jrman D Fran.ca euzebia da Silueira p.a as rreparterem por q.m pertenSerem  de q. me paSou o d.to Guamito dois ReSibos hum Vaj emcluzo na Carta de Fr. Manoel dos Crauos q. Leua An.to Joze da ponte. o Seginte.

                P      Dnrº em ouro p.a a d.ta minha Maj Seis doblas-----------------------------

                P      o Arrelicario de ouro Com Suas Varas de Colares de ouro q. pezão de 28 outauas p.a Sima p.a D. Fran.ca----------------------------------------------------------------

                P1     par de fiuellas de ouro Com Xarneilhas (?) de prata q. o ouro peza de 30 outauas p.a Sima p. D.Jgnes---------------------------------------------------------------------

                P1     Salua e huma rresfriadeira de prata q. pezam 262 outauas p.a Manoel JgnaCio meu Sobrinho------------------------------------------------------------------------

                P1     par de pistollas mais p.a o d.to Subrinho--------------------------------------

                Para meu Jrmão Fr. Manoel dos Crauos huma BoSeta Coadrada de tartaruga------------------

                P2     Meijos de Solla boa q. eu mais mando p.a Sapatos a d.a S.ª minha Maj Com a marCa B--------------------

                P9     Caites (?) pretos ou Cujas pintados p.a D. Fran.ca-----------------------------------------

                P2     pipas dagoaardente da Sua fabriCa q. manda meu Jrmão Joze Theodoro B.to a d.a minha Maj------------------

                Nada mais por ora

                       Fº.

                     Joam 

 

         

        PernanbuCo 30 de 7bro. de 1784

       Manas e S. as D. Fran.ca e D. Jgnes.

           Como V. m.ces Senpre foram Cameradas Vam anbas aqui estendidas neste papel estimarei á Saude de anbas e q. anbas Liam (?) estas Letras  Já q. nenhuma de mim tem LembranCa nam Sei o q. he Ser hum homem menos RiCo do q. o outro q. logo Se fas esqueCido , e todo o Cudado So existe Com apliCaÇam p.a o q. he poderozo tudo p.a meu Jrmão Theodoro , e nada p.a o Joam : ora ; quero me Lembrar de VoSSes , pagando lhe o Seu esqueCim.to ,  Com huma memoria Viua , q. Senpre porfeSei  de amor entre as enComendas  q. mando á noSSa maj e Jrmans Vaj hum par de fiuellas de ouro p.a D.Jgnes da Gloria, e p.a D. Fran.ca hum areliCario de ouro Com Seus Cordames de Colares, e nam presta terem poSSes Ca no brazil Seus Jrmams p.a mandarem estes bonitos , ora Se quizerem ler mais Vejam as Cartas de D. Clara a de noSSa maj e a do noSSo frade q. eu nam estou agora p.a mais esCreuer, tudo Vaj Remetido a uelha (?) em falta ao frade e na de Anbos a D. Fran.ca p.a esta repartir Com Seus donos

                      D.s g.de a V. m.ces m  n Com Saude

                                          Mano am.te

                                   Joam Caetano Boteilho

 

            PernanbuCo 30 de 7bro de 1784

            M.to R.do Srº P.e Mestre Fr. Manoel dos Crauos de Jezus.

            Meu munto estimado Jrmão Vi as VoSas Letras e de minha Maj e Jrmams , deregidas a noSSo Mano o S. M. Joze Theodoro Botelho , e aConpanhadas do Mimo dos dois baris de pajos , lentilhas , e CusCus tudo uindo na Curueta de q. foj portador  An.to Joze Guamito e de tudo fiCamos intregues a estemamos Sobretudo a Saude de todos os parentes e Jrmams e mais q. eu fiCo na poSSe da mesma  D.s Louuado ; Como tambem gostei m.to do Seu adiantam.to pois os q. della Vem milhor mmo Sabem expliCar Como Cartas Viuas o q. eu dezejo Saber ora meu Padre Se uoSSe pudeSSe Vir a esta praSSa nam lhe faria mal Sequer hum anno mas isto duuido.

              Meu Jrmam Joze Theodoro Se acha doente nam Sei Se lhe escreua ou nam , e eu me acho perzentem.te nesta prassa o faSSo , por mim e por elle , pois nam estou Ja neSSa terra  por este me pedir o nam dezampare Como V. R. Vera na q. esCreuo a noSSa Jrman D.Clara.

                 o Dito Manda p.a noSa Maj duas pipas daguaard.te da Sua FabriCa as Coais Vam na Corueta , debacho da proteSam do dita Guamito e Se lhe manda mais alguma Couza elle a dira q. eu nam Sei por ora de mais .

                      Eu manndo a d.a noSSa Maj 6 doblas em ouro pello dito Guamito , destas 6 doblas Se hamde tirar Seis mil Reis  p.a o frade fr. Manoel dos Crauos tomar de tabaCo, e tambem Se hade Resgatar hum ReSibo meu de 5$000 e tantos Reis Cuja quantia deuo a An.to da Cunha Mourato q. me deu p.a lhe mandar , empergado em Solla  e Como nam ha Solla mando lhe dar os ditos CinCo mil reis , este MoSSo he q. leuou hum Resplendor de prata p.a o S. S. Cristo do noSSo oratorio Cujo ReSibo mando encluzo a V. R. p.a Ca  uer Se o intregou ou nam o mais dnrº he p.a a noSa Velha Maj dois meijos de Solla Com marca B---------

                      A V. R. Mando Mais pello do Guamito huma boSeta de tartaruga quadrada  e dourada  p.a botar o d.o tabaCo e p.a o frade nada mais  e o dito frade me perdoje.

                       A minha Jrman D. Fran.ca Mando , pello d.o An.to Joze Guamito hum aReliCario Com Seu Cordam de ouro q. pezam dezouto outauas p.a Sima isto he o ouro digo de Vinte e huma outauas p.a Sima e os Cordams Sam de Colares  (?) tem duas Varas ... A minha Jrman D. Jgnes Mando pello d.o Guamito humas fiuellas de ouro Com Xarneilhas de prata q. o ouro So peza  de 30 outauas p.a Sima , e Carta , p.a o Alferes Joze Fran.co .

                           A minha Jrman D.Clara ou p.a Milhor, a minha Subrinha Cazada Com meu Sobrinho Manoel IgnaCio Mando huma Salua de prata Com Sua Resfriadeira q. peza tudo 262 outauas de prata e aSim mais hum par de pistollas do uzo moderno e Carta p.a a dita Jrman e Sobrinho.

                                   Mando Mais p.a D. fran.ca Repartir Com os parentes q. lhe pareSer 9 pratos dameriCa q. Sam Caites (?) pintados  ou Cujas pretas em q. Se bota Ca  a fr.a q.do Vaj p.a a meza isto tudo leua An.to Joze Guamito a intregar a minha Maj auzente o V. R. e na de anbos a noSSa Mana D. Fran.ca p.a V.m.ce ou noSSa Maj Repartir estas Couzinhas pellos Seus donos , e tambem as Cartas , de q. me paSou o d.o Guamito ReSibos dois de hum thior q. hum mando encluzo nesta a V. R. e o outro fiCa em meu poder p.a a todo o tenpo q. ouuer duuida.

                                      Se quizer Saber os motiuos destas aqui nesta terra Veja a Carta da Jrman D. Clara q. eu nam poSSo estar dando Contas a todos Cada hum per Si  da m.a Vida pois nam falta em q. Cuidar  e emq.to ao mais os portadores desta sam Cartas Viuas bem Sabem do meu Viuer ten(ha?) V. R.ma bem Saude  Senpre quero diga huma miSSa a S.a da pied.e por minha tenCam D.s g.de a V. R.ma por muntos annos

                                           De V. R. mo Jrmão am.te

                                              Joam Caetano Botelho

         ( à margem diz: Sam em ouro Seis doblas )

 

 

 

           PernanbuCo 30 de 7bro de 1784

           Minha Maj e Srª D. Guimar Botelha de Arruda

 

               Tiue a dita , de me achar Juntam.te Com o meu Jrmão Joze Theodoro, na Sua fazenda de Lanbiques na pouoaCam de Rio duna , aonde aSiste  quando chegarão as Cartas de V. m.ce e de noSos Jrmanus e Jrmans  e Juntamente o mimo q. lhe fizeram de pajos  lentilhas e CusCus  q. de tudo parteCipei Como erdeiro destas Relequias do amor de maj, Com Sumo gosto li as Suas Letras e fiquei ademerado, Com a Sua esCrita pois agora esCreue melhor do q. nunCa ora pois D.s lhe de Saude e grassa p.a  q.  Seruendo a D.s  meressa o Ceo, e de nos Se nam esquesa  Com a Sua benCam.

               Por Ant. Joze Guamito emuio a V. M.ce Como boa Maj e Srª q.  Senpre foj ; todas as inComendas q.  mando p.a  essa Jlha a V. M.ce  ; e a todos meus parentes  p.a  q.  V. m.ce  as rreparta por  q.m  pertenSerem Com as Cartas q.  lhe toCarem e em falta a Fr. Manoel  e na de anbos , a D. Fran.ca  p.a  q.  qualqer fassa a mesma , destribuiSam q. he a Seginte.

              Para Meu Jrmam Fª Manoel huma boseta de tartaruga Coadrada  e dourada e aSim mais lhe pertenCem Seis mil Reis q.  V. m.ce lhe hade dar , de 6 doblas q.  mando a V. m.ce em ouro por Ant.to  Joze Gamito.

             Destas Seis doblas tanbem  hade V. M.ce tirar CinCo mil e tantos Reis , e metade pagar hum bilhete a  An.to da Silua  Mourato Cuja quantia me deu p.a  lhe mandar em Solla na Corueta e Como nam ha lhe mando o dnrº e o mais das Seis doblas q.  a V. m.ce  mando Seruera p.a  as Suas neSeCidades e me perdoje a pouquidade o d.o  Mourato lhe hade entregar hum Resplendor  q.  mandei p.a  o Cristo do nosso oratorio Com 90 e tantas outauas de prata : Mais dois meijos de Folha Com a marCa B--------- Mais p.a  V. m.ce lhe manda meu Jrmão Joze Theodoro Boteilho duas pipas daguaardente da Sua FabriCa q. he o q.  perzentemente me paresse lhe manda pois Como anda doente , e Sem gosto nam Sei Se lhe esCreue ou nam por q.  mme acho nesta  prassa e elle na Sua fazenda , Cujo ferro vaj a marga..................  B

                        Mando eu Joam Caetano B.to  Mais p.a Minha Jrman D. Fran.ca  por An.to Joze Guamito húm areliCario de ouro Com Cordomis  q. o ouro So peza de dezouto outauas p.a  Sima digo de vinte e huma outauas p.a  Sima e os Cordas sam duas Varas de Colar, Mando eu Joam Caetano B.to  Mais p.a  Minha Jrman D.Jgnes da Gloria hum par de fiuellas de ouro  q.  o ouro So peza de 30 outauas p.a  Sima menos as Xarneilhas q.  Sam de prata Cuja enComenda Leua  An.to  Joze  Guamito.

                           Mando eu Joam Caetano Boteilho mais por An.to  Joze Guamito huma Resfriadeira e huma Salua de prata q.  he p.a  entregar a meu Sobrinho o Morgado Manoel JgnaCio ou a Sua ConSorte D.Jlena Juntam.te hum par de pistollas da fabriCa noua.

                          Mais Mando 9 Caites (?) ou Cujas pretas Lauradas de branCo q.  Sam os pratos destas terras p.a  V. m.ce Repartir por q.m  lhe pareSer por Ser Couza Rediculla e galante.

                               Todas estas Couzas vam Remetidas a V. M.ce  por An.to  Joze Guamito  e na Carta do noSSo frade mando o ReSibo do dito por onde Vaj emCarregado nestas Couzas e me fe(s) (?) outro do mesmo thior p.a Clareza a todo te(n)po (?) , e na falta de V. m.ce  o noSSo frade e na de am(b)os (?)  a D.Fran.ca  D.s permita chegue tudo a Saluam.to e q.  os acham a todas V. m.ces  de Saude q. he o  q.   mais lhe dezejo e peSam (?) q.  me ajude e me liure de Jnimigos q. nam nos hauemos esqueSer de lhe fazer tudo o bem q.  puder Ser ou mais ou menos e Se V. m.ce quizer Saber o Como aqui Vim esbarar cuja Carta de D.Clara q. a esta o digo por me pedir Com emCareÇim.to a q.  peSSa a meu Jrmão q.  Se ua embora  q.do  este Ja agora o nam pode fazer porq.  nam tem q.m  lhe Conpre a uista a Sua fabriCa e aSim nam pode hir e Como Se acha doente tanbem me embaraSSa a q. eu o faSSa tudo D.s he Seruido Dara V. m.ce  m.tas lembranCas a todos os uezinhos e amigos e Com isti D.s g.de a V. m.ce  m  n

 

                                                    De V. m.ce   filho obediente

                                                 Joam Caetano Boteilho

 

         ( à margem: Sam Seis doblas em ouro )

 

 

 

                      PouoaSão de Unna termo de pernanbuCo  hoje 20 de Janeiro de 1785

                                Minha Maj e Snrª D. Guimar Botelha de arruda.

                                  R.ce  as de V. m.ce  Cuijas estimei Como mimo mais espeSial das Suas mams e primSipalm.te  Ver nellas a  Serteza da Sua boma Saude Cuija o altiSimo lha Commtenue por dillatados ann. p.a  Gosto de nos todos ; heu mª aMada Maj aqui Vou uiuendo Como D.s quer  e he Seruido Com as minhas molestias  de Sorte  q.  Como tiue humas boubas (?) e as Curei Com hums rremedios Cazeiros histo a mais de noue ann. (?) e Como não tomei azougue  Sempre me fiCou o Umor no Corpo ; de Sorte q.  de tempos em tempos me dam humas dores pellos ollos q. as uezes não poSo parar Com dores primSipalm.te Coamdo adeuinha tempo de Chuua hiSo he morrer ; e tambem os fastijos q.  me dão de tal forma estes tempos paSados me Sustemtei mais de hum anno ; em Caldos de guallinha; pois nem a mesma guallinha heu podia Comer ; hera Som.te beber  a SustamSia ; e Comer algum boCadinho de peiche fresCo ; e mais nada ; mas ttudo he viver ; e Com histo hé Val de llagrinas (sic) Vamos gemendo e chorando ;

                           Minha Maj e Snrª Nesta oCaz(ião) (?) não tenho nada q.  lhe poSa otreSar Senão eSas duas pipas de agoaard.te por Ser do uinho da m.a    vinha V. m.ce  as mande uemder (?) e ótelizese do  q.  ellas rremderem p.a  algum gastozinho (?)  pois as mando  p.a  Sajbam q.  a m.a  vinha da uinho ; o prº anno q.  aSemtei a m.a  fabriCa não fis mais do q.  SimCoemta pipas por aimda não estar bem aprememtada a fabriCa do nesSeSario e o Sigumdo anno por Cauza das minhas molestias ; q.  fuj p.a  a praSa do rreSife a Curarme e fiCou isto em mams de  feitores e Coando uim Ja foj no fim das aSafras do emJenho e aChei tudo desmantellado; de Sorte q. Ja não pude tirar mais Mais meis (?) e não fis mais do q.  SemSemta e hum ou SeSemta e duas pipas de agoaard.te   mais este anno Se D.s for Seruido pertemdo fazer de nouemta  p.a Sima ; e tudo he da Coallidade deSa q. rremeto ; o negoSio não he de pouCa ComueniemSia p.a mim mas So me Serue de desComueniemSia o estar fora da m.a  patria e fora dos meus paremtes . ASSim q.  Já estou rrezoluto a Jrme embora e Ja tenho Comprador a d.ta  fabriCa e estamos em preSo de uimte e Coatro mil Cruzados e heu aimda q.  perCa os Coatro e me dem (?) os uimte Largo e uoume embora ; vou daqui a Cid.e da Baja aomde tenho humas pouCas de pataCas a rrisCo e Ja esCreui  p.a  Lá aos meus Comrrespomdemtes  e Já mandei Suspemder as Letras p.a  Se  hir rreColhemdo o meu dinheiro e não tornar mais a Sair p.a  fora ; pois Coamdo Sair daqui quero uer Se esta Jumto  p.a  não ter mais demora nestas terras ; mas Sempre quero desfrutar este anno Se Ds. for Seruido ; pois como tenho Comprado os meis e os tenho em Caza os quero desfrutar; a m.a  fabriCa tem 24 Catiuos (?) aomde tem tanoeiro; tem ofeSial de Seleiro ; q.  esta rredomdam.te Ganhamdo dinheiro ; tem tres Negros Serradores q.  So estes tres negros me dam todos os dias SeisSemtos e Quaremta rreis  q.  tamto gamham na Serra; pois (?) isto aqui hé huma Gr.de  Ribeira de negoSio de taboados; e heSe mesmo q.  mamdo de esmoLa a noSa Snrª da ComSeiSão helles mesmos he q.  o Serram ; e fora agora os mais negros q. oCupa a fabriCa hums a Comdizirem meis e outros as Lenhas e outros trabalhamdo na fabriCa  p.a  o q.  São perSizos  e mais dois feitores branCos a quem pago a hum SimCoemta mil rreis e o outro quaremta mil rreis por anno

                          Ora pois minha maj e Snrª heu  auera Ser mais extemSo porem a breuidade do portador hé a Cauza e demais hiSo Ja esCreuo estas Com oCullos e estranho  m.to o fazellas Se V. m.ce lhe Custar a llellas tenha paSiemSia;

                               M.to  lhe agradeSo a V. m.ce  a LembranSa q.  de mim teue mas minhas manas Com os Seus mimos ; pois  m.to  gostei dos paijos  e CuCus menos da Lemtilha q.  Já não Chega Ca boma ; pois antes fauas não digo isto p.a  q.  V. m.ce  tenha o trabalho de tornar a mandar ; mas Se o fizer heide aSeitar a m.ce.  ;

                               ttambem ofreSo a V. m.ce eSa Quatollazinha de mel Cozido pois me não me não esqueSi do melzinho V. m.ce delle faSa lla os mimos aos noSos Como lhe pareSer  ; ttambem mando mais eSa AnCoretazinha de agoaard.te  ao fr. Manoel p.a  prouar;

                              A mana D. FranCisCa  q.  rreSeba esta Como Sua pois na oCazião lhe não poSo esCreuer; e Como ella he de Caza tenha paSiemSia pois p.a  outra oCazião o farei ; e asSim Ds. a V. m.ce G.de  m.tos  ann.  era v. ff Supra

                                                 Filho am.te e obediemte emte a morte

                                                 Joze Theodoro Botelho

 

               PouoaCam de Unna  20 de Janrº  1785

               R.do  Srº  P.e  Mestre Fr. Manoel dos Crauos

               Suposto q.  largamente lhe tenho esCrito a V. m.ce Reuerendicima e a todos as Manas; e maj de q.  fis intrega tanto a An.to Joze da ponte Como a Antonio Joze Guamito, e tanbem das enComendas q.  aos ditos fis entrega  p.a  eSSa q.  Sam as Segentes Seis doblas em ouro , hum par de fiuellas de ouro , Com o pezo de 30 /8  hum aReliCario de ouro  ; Com duas Varas de Colar de ouro , huma Salua grande de prata  Com Sua Resfriadeira  do mesmo, hum par de pistollas Curtas, huma boSeta de tartaruga  quadrada  dois meijos de Solla , e noue Caistes (?) pretos , e aSim (?) mais duas pipas daguaard.te  por Conta de noSSo mano o S. M.  Joze Theodoro , tudo emuia(do) (?) a noSSa Maj em falta a V. R. ma  e o CunheCim.to  das d.as pipas do  d.o  Jrmam lhes hade dar o d.o Guamito a V. R.ma  pois no tenpo q.  estiue em pernanbuCo tudo lhe emCarguei aos ditos de q.  tomaram Contas, e Como eu Vim p.a  fora pasar a festa do natal em Conpanhia do d.o  Jrmam Joze Theodoro, agora Sei q. o d.o  Jrmão manda mais hum Baril de  de mel purefeCado p.a noSSa Maj e destes grandes de 4 em pipa q.  leua o Seu ferro e mais manda a V.  R.ma  huma anCoreta daguaard.te  da Sua fabriCa e a N. S.ª da ConSeiCam manda o d.o  Jrmão Joze taboamis de trinta palmos de Conprido p.a as portas da Jgreja, estes Taboamis vam de esmolla Remetidos ao BenefeCiado Pedro JgnaCio ouão (?) Vigrº  da noSSa Jgreja , he esmolla grandioza por valerem em L.xa 80$000 e a mais D.s permita chegem a tenpo de Se embarCarem na Curueta q.  Suposto estas Couzas despedem daqui perzentem.te Como as muSamis do mar sam Contrarias agora nam Sabemos Se chegaram ao ReSiffe a tenpo de hirem na Curueta; e eu Mando mais a V. r.ma  duas LasCas daSuCar branCo p.  aJuda do Seu Xa , Como este Anno nam ha Caras daSuCar por iSSo lhe mando eSSa LimitaCam Couza de Jrmanos, o q.  não Repare.  ( à margem diz: as ditas LasCas emCouradas Leuam a marca B )

                                Ora Jrmão quero lhe dar a mais alegre nutiCia a V. m.ce  a noSSa Maj e Jrmans e he , q. depois q.  cheguei de pernanbuCo, a Conpanhia do d.o  Mano Como Truxe em m.a  Cunpanhia o Mullato Antam (?) , dagua de pau , entrei eu nouamente a trabalhar o d.o  Jrmão , juntam.te o mulato p.a  q.  nos foSemos embora , e aSim temos o noSSo Jrmão Theodoro Reduzido a Se hir embora , e Como a fabriCa he boa no Rendm.to tem q.m  lha Conpre , por Cujo mutiuo o mais tardar daqui a 18 mezes pertendemos achar neSSa Jlha querendo D.s   o qual permita q. o d.o Jrmão nam Vareje outra ues de pareSer , q. Cazo aConteSSa isto por disgraSSa, ue (?) entam nam lhe falta  a V. m.ces Se tiuer uida e Saude p.a a Viaje q.  uem Sahirei daqui  o q.  nam fis agora pellos mutiuos q.  Já po(n)derei (?) a todos V. m.ces  e tanbem por ter espalhado hunas pataCas q.  quareSSo de as aJuntar . Ds. G.de a V. R. ma  Com Saude perfeita era Supra.

                                          De V. R.ma  Mano am.te

                                          Joam caetano B.ho

 

 

         PouoaCam de Unna 10 de abril de 1785

         Minha Maj e Sª D. Guimar Botelha

 

             Com bem preSSa lhe faSSo esta e a emujo por duas Vias, a parteCepar a V. m.ce  em Como meu Jrmão Se acha bem mal, mas Com o Seu testam.to feito Sei q.  me deicha por testamenteiro , porem Como V. m.ce he Viua a V. m.ce deicha por erdeira , e em falta de V. m.ce , a suas tres Jrmans Cazadas, e a mim ora v. m.ce  me mande Já hua Sua ProCuraÇam bastante paSada e ReConheCida por             (?)  nho, e não Sendo  v. m.ce Viua  amesma proCuraÇão Bastante me deuem mandar, minhas tres Jrmans Cada huma a Sua , as Cazadas Seus maridos  a deuem fazer a Solteira D. Fran.ca a deue aSim fazer por Ci Som.te  e emuiar me tudo pois no Cazo hauer (?) nuuid.e q.  D.s nam permita esCuzamos Ladroeiras de JusteSSa a d.a  proCuraÇam Venha Remetida a Joze Gomes Frrª ComeSario em pernambuCo  em falta An.to do Rego Baldaija não Serue de mais Suponho lhe teram chegado as enComendas q.  foram pello Gamito   D.s  G.de  a V. m.ce  m  n 

 

                                                                   Filho obediemte

 

                                                                    Joam caetano B.to

 

 

         ( está no fim: Unna hoje 10 de Janeiro de 1787)

         Mano João Caetano Botelho

              R.ce  as VoSas tamto a q.  me mandaste pello preto Joze Como a q.  me mandaste pello moSo JnaSio filho de minas cuijo a defiremSia q. Vaj de huma a outra ; heu Louuo lho m.to  V. m.ce  a estar dezembaraSado hir Ver Lisboa, e tambem a Sua patria  Com o Seu negoSio ; mas antes de de hum anno Cá o espero ; pois Sertam.te eSas Couzas  a m.to  tempo q.  heu Sei não estam Como as deiCharmos mas ao menos tem o gosto de uer a Sua patria  e os Seus parentes  q. tomara heu tambem asSim podello fazer ; sem perJuizo Cá do meu negoSio ; heu sempre heide esCreuer aimda q.  Seija a m.a  Maj  e em geral p.a todos  e heu agora aChome outra ues Com os meus fastios mas de pe Louvado Seja Ds.

              Mano heu Lá mandei outo pipas de agoaard.te ao Capp.tam João PaCheCo e ao Felipe da rroza Leua Coatro q.  fas doze Lá esCreui ao paCheCo  q. Vos preSo por PreSo  perferias (?) a ellas não Vos lla rremeti a uos mesmo por rrezam de helle não desComfiar  q. heu o faria por lhe tirar a ComiSão pois CareSo delle p.a a mais despoziSão heu este anno pertemdo fazer Se D.s me aJudar algumas outemta pipas pois estou puChamdo a todo Custo nos preSos pois elles ham de dar Bom dinheiro.

            E ttrago duas tropas q. peguaram estes dias por agora Ser abomdamSia delles e heu tenho algums Vimte Coartaos (?) e dois Camaradas Cada hum Com a Sua tropa de Seis Cauallos  p.a  poder auer rrezerua.

              Meu mano heu de negiSio numCa o tiue tam bom Como agora hé Ja tarde mas Grasas a Ds. mais Valle tarde do q.  numCa Sempre he rremda Serta e Sigura; Sempre me da p.a  o q.  CareSo.

              As minhas cazas ahimda me Chegam a outo Semtos mil rreis Se as quero uer aCabadas fora o maSame  q. emtreguei  Como Vos uistes porem fica deLiSioza a obra ; ttambem Ja temho Muros feitos  e portams e tudo rreboCado q. por gosto Se pode uer ; e fica a milhor fazemda q. tem todo parnambuCo ; dito por todos os q. a  uem .;

              O VoSo baril deagoaagoaard.te (sic)           (?) p.a  o Felipe da rroza La o ade Leuar se Vos mas VoSo Compa. Mineiro ; depois de teres tudo embarCado; Como agora São nordestes Se quizeSem meter em huma Jamgada e uir aqui estar hums outo dias hera Bom o uirem Se diuertir q. não aueram desgostar , e Coamdo ao despois os uemtos lhe faltaSem  p.a llá heu os mandaria por por terra de Cauallo heu Sempre heide esCreuer antes de uos embarCares D.s Vos G.de m.tos  (?) Unna hoje 10 de Janeiro de 1787. Mano am.te

                                            Joze Theodoro Botelho

        (no local onde deveria ter sido o endereço: ao Snrº Capp.tam  João Caetano Botelho G.de  D.s m.tos annos ReSife  am.ce (?) do Srº Capp.ttam João PaCheCo )

 

 

           PernanbuCo 16 de MarSSo de 1787

           Minha Maj e Snrª D. Guimar Botelha

 

                Pello am.o e SrºAn.to Joze da ponte Remeto a V. m.ce huma boSeta quadrada de tartaruga dois LaSos (?) de ouro , Com pedras uerdes  e Cada hum destas Com Suas duas Voltas de Cordam de ouro do pesCoSSo ; Mais hum LaSSo de ouro Com pedras branCas , este nam Leua Cordam mais dois pares  de brinCos de ouro hum de pedras uerdes , e outro Sem pedras mais dois Cordoms de ouro do pesCoSSo , Cada hum tem de Vara  p.a  Sima , mais Coatro Voltas em dois pedaSos de Cordam fino de ouro , q. he dos      (?)  tudo isto dentro , na dita buSeta mais tres mejos de Solla  e Coatro Couros de Cabra Com a marqua  a margé V. m.ce  ou o noSSo frade ou D. Fran.ca  q.  ReSebam isto e q.  guardem the minha chegada.

                           Mais pello Cap.am An.to Rapozo Remeto hum Selim bordado e espeguilhado  de ouro, Co todos Seus pertenSes de arrejos Cujo emporte foram 70$000 e Leua a mesma marCa e Vaj Remetido ao P.e M.e  Fr.  Manoel dos Crauos o d.o  P.e M.e tenha o Cudado de arreCadar estas Couzitas athe minha chegada e Se tiuer dispeza pague o q.  ouuer.

                          Eu da dacta desta a des dias embarCo p.a Lisboa emthe os fins dagosto Vindouro , estou Com V. m.ces neSSa Jlha aimda Comerei Uuas peSam a Ds.  me de Saude  e felix Uiaje e Se morer a D.s daram diSSo q.  mando, a mulher do mourato  q. Leuou o Resplendor o LaSSo de ouro de pedras branCas , os brinCos de ou (sic) Sem pedras hum mejo de Solla e hua pelle de Cabra , isto Se eu morer na Uiaje, mas nam dem nada Sem minha chegada porq. lhes leuo hums Vintems mais entam darei tudo o mais q.  mando he noSSo D.s  g.de a V. m.ce   m  n 

                                                        Filho obediente

                                                        Joam Caetano Botelho

 

               R. ce de pernanbuCo hoje 6 de marSo de 1788

              Minha Maj e Snrª D. Guimar B.ta de arruda

 

                     Como me aCho nesta praSa ao embarque  do am.o Duarte Joze Rabello  portador desta  não quero deiChar de dar Copia de mim e Jumtam.te por mejo desta  alCamSar notiSias de todos V. M.ces  , pois heu ao fazer destas  a Dsa as GraSas aChome Com boma despoziSão e heide estimar q. esta  aChem (sic) a V. m.ces todos aSestidos de perfeita Saude Jgoal ao Seu e meu dezejo;

                     Ora pois V. m.ces todos na oCazião perzemte hamde aSeitar esta Como S V.a  pois nesta oCazião não poSo rresponder a todos ; o q.  em outra farei auendo oCazião aSeitem estas rrepetiSoms  de pallavras Como quizerem pois a preSa Com q.  he feita  asSim o permite;

                     Meu Subrinho Antonio JaSimto La Se aCha na fabriCa do Lambique Com saude Lidando e Cudando em tudo ; botou Se o Lambique a trabalhar nos pr.os de dezemb.ro  e hoije q.  Se Comtam Seis de marSo Ja tem feito trimta e duas pipas de agoard.te e pellos meis q. tenho tirado e estou tiramdo emtemdo Se faram esta Safra outemta ou nouemta pipas e dahi (?) Sera o q. D.s quizer  estou m.to agradado do d.to Subrinho Ds. o ComSerue .

                            V. m.ces faSam Siemtes a mana D.Clara q. o d.to Sobrinho me diSe aimda agora aqui ao meu ouuido q.  tinha m.tas Saudes de hums torresmos  e pajoszinhos metidos em manteigua; não por neSeSidade mas Sim por fome delles ; em ComCluzão bem Vem V. m.ces  histo não Ser Couza minha pois heu não peSo nada não Sou mais extemSo pello ttempo me não dar mais Lugar, V. m.ces todos aSeitem m.tas  Saudades minhas e llambramSas de hum CoraSão Saudozo e D.s g.de a V. m.ces  m.tos  ann.  era V ff : Supra.

                                   De V. m.ce o filho mais am.te

                                   q.  m.to  lhe quer e ama

 

                        (ao  lado , o que parece ser uma lembrança de última hora: Dou a V. m.ce os parabems de ter o Seu filho João em Sua Comp.a     )

                                     Joze Theodoro Botelho

 

       ( endereço   no verso:   A m.a  Maj e Snrª D. Guimar Boteilha de aRuda   G.de  m.ttos  ann.   V.a da rr.a Gr.de  Jlha de S. Miguel )

 

 

 

                    

 

23 Fev. 1779

Nasce Madre Margarida Isabel do Apocalipse na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila da Ribeira Grande. Filha de José Francisco Pacheco Moniz de Sousa e de D.Inês Eufrá-sia Botrelho de São Paio Arruda.

10 Mar. 1779

Baptismo de Margarida Isabel do Apocalipse na igreja paroquial da Conceição. Foi seu padrinho o tio paterno Manuel João do Canto.

3 Out. 1780

Nasce o irmão Teodoro

8 Jun.1781

O pai de Margarida é padrinho de Miquelina filha do irmão Manuel João do Canto

19 Nov 1782

O pai de Margarida é almotacé e mora na rua de São Francisco.

Caracterização do período

“Produções agrícolas, abastecimento conflitos de poder” de Margariga Rego Machado

Caracterização do terceiro quarto de setecentos e inícios de oitocentos.Enquadramento.

“ Graves problemas voltam a surgir a partir de 1779 e durante toda a década de oitenta.Época difícil na nossa agricultura, com carências graves na produção, temporais e epidemias, levando mesmo a uma queda da população (2). São particular-mente difíceis os anos de 1784 a 1788, podendo-se mesmo aplicar aqui a palavra crise, no sentido de uma conjuntura tal, que leva a uma recessão mas, que por sua vez gerará modi-ficações que levarão a suoerá-la. Verificamos na década de no-venta inovações, que mostram bem esta capacidade de se adaptar às novas exigências mas, que por outro lado apresen-tam um certo imobilismo e tradição. é que se por um lado o povo micaelense reconverte as suas produções, por outro ele não se abre às inovações técnicas. Rotina e tradição é o que caracteriza as técnicas praticadas e os instrumentos utiliza-dos. A grande inovação da década de noventa é a viragem pa-ra o milho.Depois de maus anos, com temporais destruidores: “ os lavradores  cada vez fazem menos terras de trigo, recio-sos justamente da perda ....

O conflito entre o poder local e central, trava-se agora nas licenças de exportação do milho e não do trigo...

Luta entre pequenos e grandes, que não conseguem rebentar com o quadro legal dos Concelhos, que na defesa do abas-tecimento local, vai contra a maré dos ideais liberais, que se começavam a difundir. A preocupação do abastecimento local por parte das “gentes da governança”, leva a medidas rígidas, dificultando assim a expansão de um mercado interno dina-mizador desta economia agrícola. Esta escassez do mercado interno não pressupõe que não haja uma economia mercantil. Pelo contrário ela existe, mas sobre uma dependência de um mercado periférico, aberto às solicitações do mercado mun-dial: umas vezes o trigo ou o milho, outras dirigidas às produ-ções do linho e dos citrinos. Enquanto o mercado Brasileiro permitia a exportação dos panos de linho, esta produção cul-tivava-se e tecia-se na Ilha em grande escala. Quando a con-juntura não o permitiu, não só pelas vicissitudes do mercado consumidor como devido às condições atmosféricas da Ilha, que afectou também a produção do linho na década de oiten-ta, a capacidade de adaptação revela-se, mas sempre ligadas às motivações e exigências do mercado internacional, nomea-damente Londres, que como centro da “economia mundo” Eu-ropeia, não deixa de fazer sentir a sua atracção e dominação face aos centros periféricos. “p.139-41

19 Fev.1783

José Francisco, pai de Margarida, é nomeado pela vereação para Louvado das propriedades do Districto ( Ribeira Grande)

14 Nov. 1785

Nasce a irmã Mariana

8 Dez 1785

O pai de Margarida escreve nas costas de um título de Pro-priedade.

“Aos dois de 8 bro Se fizera Lominarias tres dias Com Te De-um em acção de gracas pelo Felis despozorio do senrº Dom João Com a Serenicima Srª Dona Carlota de Castella, permita o Alticimo, dar Sucesão p.a gosto de Seus Vaçallos, Onra (?) e Gloria de Ds.”

18 Ago.1787

O Capitão João Caetano Botelho chegado há alguns dias do Brasil é logo nomeado Guarda -mór para o porto do forte da Estrela. Iniciava-se assim um período de predomínio tanto na família como na comunidade.Seria uma pessoa carismática e dinâmica.

Vereação 8 Jan.1788

João Caetano Botelho é nomeado almotacé para o trimestre de Janeiro a Março.

22 Jun.1788

Nasce a irmã Joana: João Caetano é o padrinho.

Vereação 8 Nov.1788

Exéquias por alma do principe  do Brasil D.José.O Ouvidor  pede ao Sargento-Mór para estar presente com a Companhia no Adro da Igreja Matriz e para que se proceda às descargas do costume.Toda a comunidade estará presente.

Vereação 12 Ago.1789

João Caetano Botelho Vereador mais Velho.É fulgurante a sua ascenção social! Ciúmes do cunhado?Regressara há um ano.Ele era nobre, o cunhado não.

Vereação 13 Abr. 1791

João Caetano Botelho nomeado almotacé.

8 Jul.1791

Testamento da avó materna D.Guiomar.Problemas com o pai?

c.10 Abr. 1793

Diferendo entre o pai e o tio materno João Caetano Botelho?

23 Out 1793

Morte e abertura do testamento da avó paterna.

Jan-Mar. 1794

João Caetano Botelho almotacé.

18 Jan 1794

João Caetano Botelho vem na pauta como vereador mais vel-ho

31 DEZ. 1794

João caetano Botelho é Juiz Por Bem da Lei e Presidente.

1794-1802

João Caetano Botelho, tio materno de Margarida é Síndico e Procurador Geral do Mosteiro de Jesus,numa altura que foi preciso habilidade e muito esforço para cobrar muitas dívidas.Fê-lo com mestria, assim como o fez no Brasil onde tinha estado e depois faria na Câmara e na Santa Casa.Não conseguiu evitar que os seus bens não vinculados fosssem penhorados.Seria um exemplo do que diz o José de Medeiros da Cost Albuquerque? Luxo e dispêndio dos Morgados? Cremos que sim Conseguiu ser a pessoa mais importante da Ribeira Grande até à sua morte.

14 Out. 1794

Morre a irmã Mariana. O pai era ainda Alferes.

31 Dez. 1796

João Caetano Botelho é Vereador mais Velho

1797

Relatório de José de Medeiros da Costa Albuquerque

Contra o absolutismo centralizador das reformas da adminis-tração de 1766

Segundo Carlos Riley: ”... a carta dirigida à Soberana por J.M.C.Albuquerque..., mas sobrará tempo para evidenciar as medidas de fomento público e racionalidade económica pre-conizadas por este militar de 37 anos ( natural de Ponta Del-gada) e, mais ainda, para destacar o original plano de desen-volvimento dai lha de S.Miguel, cuja execução sugeria ser sus-tentada pela terça parte dos rendimentos de todos os mor-gados da ilha a quem, aliás, o autor da missiva não poupa cru-as reprimendas pelo absentismo rentista e /ou obscurantismo cultural que evidenciavam”

A nota 16 “ O relator é ainda particularmente crítico no res-peitante ao despesismo e consumo sumptuário que caracte-rizam as aplicações dos rendimentos dos morgados, como se poderá avaliar por este excerto que aqui transcrevo ’... tem chegado o luxo ao mayor auge em desproporção desmedida às forças da terra, e basta para regularse o mais, verem-se rodar carruagens a quatro, e a seis (...) A troco destas superfluidades se consomem os rendimentos, e se empenhão as cazas, em prejuizo gravissimos dos seos membros, pois por aquelles faustos não se cuida da educação dos filhos, e menos ainda dos irmãos segundos, devendo estar nas Campanhas, e nas Universidades, em beneficio do Estado, gloria da Patria, e on-ra das suas familias.’ “

A este respeito Carlos Riley recomenda que se estude o grupo social a que Albuquerque faz parte, no qual se inserirá o pai e o irmão de Margarida e o cunhado deste último.Assim talvez se perceba a sua adesão ao exército liberal. Ou, no caso do pai a desavença com a mulher, ou com a família da mulher.A caracterização da sociedade de então ajuda-nos a perceber o endividamento de João Caetano e a reacção do sobrinho?

16 Set. 1798

Morte da avó materna, D.Guiomar.

1799

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de Madre Margarida antes de professar. Rua de S. Francisco, onde provavelmente nasceu.

“ O Alferes José Francisco (pai); D. Ignes (mãe); D.Margarida (ela própria); D.Anna (irmã mais velha que professaria com ela e morreria no convento em 1808) ; Theodoro (irmão nascido em 1780, um ano após o seu nascimento; Francisco pardo (criado)...” Rua de S.Francisco.

1 Fev.1798

Arquivo dos Açores, vol.10

O filho do capitão mór da Ribeira Grande fugiu num navio francês surto na baia daquela vila.

 “ Atesto debaixo de juramento, sendo necessario em que

sendo capitão da oredenança desta villa, sendo no dia 22 de Janeiro do prezente anno 98 (1798) chegando ao porto d’esta villa hum bergantim (de) nação franceza que chegando bem perto de terra sendo conhecido inemigo (sic) vi e prezenciei que por falta de aver guarnição nos lugares destinados para sentinellas e vegias sem ordem que tivesse do capitão mór d’esta villa só por ver o perigo em que estava este porto mandei a uns quatro pescadores que ficassem de sentinella emquanto vinha a dar parte ao meu capitão mór a tempo que os ditos quatro homens do mar vieram fugindo de hum escaler de francezes que com deligencia grande queriam apanhar os nossos n’este intervallo de tempo succedeo que varias pessoas d’esta villa fertassem hum barco e se fossem metter a bordo da embarcação franceza por não aver providencia de guarnição no dito porto e se achar ao dezamparo circunstancias estas porque ficando os nossos emprezados na dita embarcação franceza veio o piloto da dita embarcação a terra que esteve dia e meio em sua liberdade o qual no fim d’este tempo se embarcou para a dita embarccação levando consigo varios refrescos no qual barco se embarcou o filho do capitão mór d’esta villa e chegando o dito piloto a bordo da sua embarcação nos mandou os nossos todos para terra e só ficou o filho do dito capitão mór por não querer vir para terra emquanto a dizer-se que elle capitão dera parte de que segunda vez os ditos inimigos investiram ao mesmo porto he menos verdade... que me assignei junto com o capitão commandante João Caetano Botelho ( tio materno de Madre Margarida Isabel do Apocalipse )...”  

18 Ago. 1798

João Caetano Botelho é Síndico e Procurador Geral do Mostei-ro de Jesus

Jul-Set.1798

João Caetano Botelho almotacé

31 Dez 1799

João Caetano Botelho é Vereador mais Velho.

1800

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de Madre Margarida antes de professar. Rua de S. Francisco

Já só encontramos o pai e o irmão. A mãe está em S.Sebasti-ão. Em 1801 José Francisco está sózinho. Em 1802 não cum-pre o preceito pascal e é Capitão. No fim do rol diz-se que o capitão não veio dar obediência à Santa Igreja. O que se terá passado? Volta a repeti-lo em 1810, 1813,14, 15,16. Em 1814 diz “mulher ausente.”Entretanto em 1808 comungou.Não te-mos todos os anos seguidos. Foi o único que encontramos com esse tipo de atitude fora do comum.

1800

Os pais de Margarida separam-se. José Francisco permanece na rua de São Francisco e Inês vai para a rua de São Sebastião para a casa da mãe.

10 Fev 1800

Dote para o ingresso das novissas Margarida Isabel Narcisa e sua irmã Ana Jacinta Teodora no Mosteiro de Jesus da Vila da Ribeira Grande. Treze dias depois faria 21 anos.

Síndico- João Caetano Botelho (tio de Margarida)

19 Out. 1800

João Caetano Botelho almotacé

7 Mar. 1802

João Caetano Botelho Vereador mais Velho por ausência de Jorge Nunes Botelho.

Set 1802

Governo do Mosteiro

Abadessa- Mariana Joaquina do Sacramento

Provisora-Margarida Teodora de S.José

Madre da Ordem-Margarida Joana de Jesus

Madre da Ordem-Margarida Tomásia de S.José

Madre da Ordem-Eugénia Rosa de Jesus

Ex-Deffª e Prº Conf.Fr. Lázaro da Ressurreição

Vigaria-Joana Catarina

Discreta-Inácia Teresa de S.José

Escrivã-Francisca Teresa

Síndico- Capitão João Caetano Botelho ( tio materno de Madre Margarida)

Jan-Mar. 1803

João Caetano Botelho almotacé

26 Mar. 1804

João Caetano Botelho Vereador mais Velho

1805

Pai de Margarida

Crónica local pelo pai de Margarida.

“Sucesos acomtecidos em 1805 quais ção (sic) os segintes a-qui escriptos, p.a mimoria dos Vindouros

1805

Em Ceis de Julho de mil ouyo Centos e Sinco annos fuj Padrinho da Baptismo da mesticia ff.a da preta Serva de Antº Rapozo, a baptizada chamase Jzabel. Joze Fran.co Pa.co Pagou desta 327.

Todas as novidades do anno de 1805 Se perderam Com as mt.as Aguas que Xoveram nove Semanas sem Secarem, por Cuja Cauza se Venderam os vivres (sic), m.to Caros, trigo a mais de dez tostoens milho a Ceis vinhos a trezentos e vinte, as favas podres, feyjam veciado, e tudo mais á porpoção pello que Se Comcidera haver huma geral fome na Jlha m.to dilata-da.”

 

28 Jun.1806

João Caetano Botelho é Procurador do Concelho.

8 Set 1806

Governo do Mosteiro

Abadessa- Margarida Tomásia

Madre da Ordem-Mariana Joaquina

Discreta-Margarida do Vencimento

Vigária-Margarida Teodora de S.José

Discreta-Inácia de S.José

Escrivã-Eulália Querubina

Primeiro Confessor-Fr. Francisco do Menino Deus

Síndico-Alferes Caetano José Batista

19 Maio 1808

Pai de Madre Margarida

Divertimentos.E actos da vida corrente de um homem das milícias separado da esposa.

“ O Capp.am João Joze do Amaral m.or no lugar de Rabo de Peyxe Veio a esta V.a aos 19 de Maio de 1808 p.a as Contas da Caxa dos Auzentes Como fiança do Coronel da Jlha da Madeyra cujo hé m.to prendado em Instrommento e muzica moderna Sendo das p.as famillias da Cid.e do Fonxal.”

“Fran.ca Bixana quem tem Óvos p.a vender. Fran.co da Roxa sapt.ro tem em seu poder huma Plana hum frasco, huma lanterna huma albarrada, huma Saca dobrada, de a. e meyo. “

Nestas acompanha o que se passa no reino e entre os militares. além de nos parecer criticar veladamente certas pessoas da terra. Numa dessas notas regista a morte da sua querida filha Ana.

1808

Morre Ana Jacinta no mosteiro.

Jan.1808

Governo do Mosteiro

Abadessa-Mariana Madalena do Sepulcro

Vigaria-Joana Clementina

Madre da Ordem-Mariana Joaquina

Discreta- Ana Maria de Jesus

Escrivã- Eufrásia Peregrina do Deserto

Segundo Confessor- Fr. Bruno da Pureza

Síndico Jacinto José Moreira

20 Maio 1808

Falece o tio materno João Caetano Botelho.Foi um homem poderoso e influente na vila.

A administração dos pequenos morgadios de que fora admi-nistrador passa ao sobrinho da irmã mais velha que fora casa-da com o Sargento mór de Água de Pau. Teodoro não herda nada do tio.Herdará do pai. A casa da avó materna de Teodo-ro, por morte do tio Caetano será penhorada. teodoro a custo resgata-a. A avó esperara pelo regresso de um dos dois filhos que na década de sessenta do século dezoito fora para o Bra-sil. O mais velho, José Teodoro, enriquecera no Brasil, trans-formando-se num empresário e produtor de aguardente. Não quizera voltar. joão caetano que fora para receber ordens, afi-nal casa, ainda qe fugazmmente, e dedicara-se também aos negócios. Não fui porem tão bem sucedido como o irmão. Re-gressou e tomou conta da desordem da casa materna. Andou e ganhou libelos até para receber parte da herança do irmão Jo-sé Teodoro. Ambos haviam ido para o Brasil pouco depois do pai morrer sem lhes deixar grande coisa. Caetano é o exemplo do morgado descrito por Albuquerque. Ao que parece.

Teodoro tem que ir à vida e assim faz. Enquanto o tio viveu, não podia ocupar cargos na governança , por incompatibilida-de legal.

2 Jul.1808-2 Jul.1809

SCMRG

Teodoro José Botelho de São Paio- Eleito Escrivão da Santa Casa

Vereação 5 Out.1809

CMRG

Teodoro José Botelho de São Paio- Almotacé

“... ficaçe nestes tres mezes de outubro Novbrº Dezbrº Reconduzida p.a amotace (sic) Antonio Fran.co Cabral e no-mearão mmais p.ra o d.o Menesterio a Theodoro Joze Bottº...”

Out.-Dez.1809

Teodoro José Botelho almotacé

15 Dez.1809

Decima dos predios Urbanos

BPAAH

O Capitão José Francisco Pacheco de Sousa, pai de Margarida -Bens sobre os quaias recai a décima urbana.

Na rua de São Francisco:” Huns Graneis Altos Arrendados duas Logens por quatro mil reis...” Ainda na mesma rua: ” ...humas Cazas terrias Tilhadas aRendadas a Seis mil reis”

4 Set.1810

Theodoro José Botelho de São Paio - Alferes

Patente para prover Theodoro José Botelho de São Paio no posto de Alferes da Oitava Companhia do Regimento de Milícias da Villa da Ribeira Grande

Vereação 31 Dez 1810

Teodoro José Botelho, irmão de Margarida, assina um docu-mento sobre a derrama na eventualidade de sobrar milho ou trigo.Está presente o Povo, Clero e Nobreza. teodoro assina entre os da Nobreza. O pai como de costume não está presen-te.

17 Abr. 1812

O pai de Margarida é roubado.

“ Nesta pello mesmo ( Autos de Correição da Renda do Ver) Contra Joze Monis da Rª SeCa por Sua Mulher apanhar nabos na terra da Capã. (sic9 joze fran.co esperado e apergoado.”

Nesta  pello dº do mesmo Autor Contra Mel. das Almas por Suas filhas apanharem Nabos na terra do dº ....

Nesta pello dº Autor Contra Joze CaÇilhas por Sua Mulher apanhar nabos na terra do dº....”

2 Jul.1811-2Jul.1812

Teodoro José Botelho de São Paio-Eleito Escrivão da Santa Casa da Misericordia da Ribeira Grande.

Out-Dez- 1812

Teodoro José Botelho almotacé

23 Nov.1811

Governo do Mosteiro

Abadessa- Margarida Teodora de S.José

Madre da Ordem-Margarida Tomásia

Escrivã-Maria Ursula de S.José

Vigária -Eulália Querubina

Madre da Ordem-Mariana Madalena

Ex-Definidor e Prº  Confessor-Fr. António da Sagrada Família

Síndico- José Duarte Pacheco ( marido da prima Umbelina)

Cerca de 1813

Engº Francisco Borges da Silva, “Notas e estatística da Ilha de S.Miguel”

in“Revista Michaelense”

 

“ Tem uma Casa de Misericordia, fundada pelo Senado e povo da Villa em 1592; tem um ouvidor ecclesiatico; o governo ci-vil reside no Senado da Camara, cujo presidente é Juiz de Fó-ra; no Militar tem Capitão Mór; uma casa illustre de Portugal toma o titulo do Condado da Ribeira Grande.

É a maior Villa da Ilha; e o segundo logar em população, grandeza e riqueza; muito fertil em toda a qualidade de grâos, e legumes, gado, etc, tem grande numero de moinhos de agua, e os seus habitantes são os mais activos, robustos e industriosos da Ilha; houve n’esta Villa uma grande fabrica de pannos de lã, e teares de meias, aonde se fizeram excelentes pannos, superfinos droguetes etc. , ainda existem as casas em que trabalhava.”

Em 1813 moravam 7 508 pessoas em 3 053 fogos. Naquele ano houve um saldo positivo de 125 nascimentos. Um aumento de duas pessoas por ano, ao longo dos últimos 13 anos, mas a emigração cotara-se nas 1 106 pessoas.

Occupações dos habitantes

Em 1800: Corpo Ecclesiastico....71  Em 1813............164

                Corpo Civil.................23               ..............13

                Lavradores................135              ...............97

                Vivendo de rendas......80                ..............80

                Artistas.....................336             ..............170

                Trabalhadores.........  980            ..............1066

                Mendigos....................61               ...............90

                Homens do mar..........35             ..................32

  Em 1813, tinha o districto desta Villa:

Lettrados 1; Officiaes de justiça 18; Cirurgiões 1; professores regios 1; Boticarios 1; Carpinteiros 71; Forneiros 1; Serradores 30; Pedreiros 118; cabouqueiros 8; ferreiros 71; Serralheiros 17; Serradores 3 (sic); Cesteiros 11; Sapateiros 108 ; Alfaiates 115; Tecelões 32; Praticos da costa 6; e 9 092 almas.

Um regimento de milicianos de 800 praças; um capitão Mór de Ordenanças com 5 companhias com 1292 praças; tinha mais bestas cavallares 71; muares 49, jumentos 698; carros 44; barcos 12; fornos de telha e tijolo 13; gado vacuum 1988; e miudo 1433 cabeças. 

Producções

Em 1800 incluindo                   Em 1813            Exportação

as do logar de Rabo de Peixe 

Trigo........ 580 moios                   180 moios                100

Milho.......3004 “     e 30 alq.      5000                         1500

Cevada.......  37                                3

Linho..........360 quintais

Fava............682moios                   400                           347

Feijão......... 118 e 20 alq.              250                           200

Legumes......300 e 30 alq.         

Vinho..........600 pipas                    200

Fructa.........670 caixas                 1000

Aguardente....10 almudes     

Peixe...........360 barris                   100

              1813

 Captain Boid,“History of the Azores or the Western Islands,”Lon-don,SherwoodNeely,Jones, Paternoster Row, 1813,p.188-195

 

 

 

Trata-se de uma visita ao convento de Jesus da Ribeira Gran-de no ano de 1813. Madre Margarida seria uma delas. Mas não seria nenhuma das “faladas e comentadas.”Não seria a Laurino. Mas todo o amor pela música e pelo canto transborda no Arcano e na festra de São João Evengelista..

“Letter XXIX---- Tour through St. Michael’s continued-Ribeira Grande- Description of a monastic concert- Education of the nuns.

     We read in ancient story , that in the most polished court  of the most refined period, a reward was proclaimed to him, who should invent a new pleasure.This may justly be styled the last wretched effort of bungling and despairing luxury. The great desideratum which absorbs the whole soul ; a pleasure in which there is no satiety ; which cloys not by use , but gaions new vigor from enjoyment. The vulgar only need to be informed, that the pleasure here alluded to , is that primitive, that platonic tenderness which the substance of my last letter to you .

     Having  had to remain  a few days at Ribeira Grande, I had an opportunity of discovering that  religion and love are the main and the leading articles which compose both the business and the amusement of the place. The refined and virtuous passion of love and the enthusiastic affections of religion possess an influence that sinks any other consideration and makes this singular people regardless  of all the more varied pleasures  of fashionable worlds . Yhese reflections principally took

their rise from a concert  to which I was invited  by my friend, the Padre Guardian of the Saint Franciscans. I accompanied him to the principal nunnery or convent, where the concert was to be held. Numerous spectators occupied the chapel , and the orchestra of the performers  was in front of the large hall or study of the nuns, raised 20 feet above the level of the chapel, and separated from it, but not obscured, by a range of iron bars. The performers consisted exclusively of nuns .They were thirty in number , and besides the instruments common to their sex, they played on violins , French horns ,and flutes . The instrumental was judicial supported by vocal music ; and were it not that the general effect was somewhat injured  to an English eye by the appearance of flutes and violins in female hands , the concert might be said to be enchanting.There was one scene which was peculiarly delightful.  Between the grand divisions of the concert, a principal singer advanced towards the iron bars in front of the audience, and, on the unfolding of a gate in the center of the bars, sung a hymn , the chorus of which was mantained by the whole body of the nuns, who were seated on semi-circular benches behind the orchestra . On the appearance of each of these lovely creatures the audience manifested an extraordinary degree of pleasure and admiration; not, however, in shoutig and clapping of hands , but it could be seen, that the colour glowed in their cheeks, that their hearts throbbed  with joy, and that they listened to the air  as one would to the midnight song of the nightingale. The theatrical features of this scene , were considerably heightened  by the manner in which it was conducted . I shall describe a scene or two exactly as they were performed .

     The back ground from which the nun advances  is rather dark: so dark that the audience cannot distinguish whether it is their favorite or not . I shall now allude to a particular nun. As she approached a gentle gleam of light broke softly through the gloom , and exposed a being of angelic form to the sight of an audience who were as silent as if all nature were hushed  to repose, and dreaded  to disturb the melody of such an angel. On drawing near, and at the moment of the unfolding of the iron gate, she threw up her veil , and disclosed a countenance of sweetness and composure; su-ch a mixture, as arises from prudence and innocent united. She nevertheless sighed , and remained longer than usual  silent: her eyes glancing on that part of the audience where myself  and some other English visitors were anxiously attending to hear her voice. Never did I behold such a countenance , and when she began to sing , her beauty seemed to receive fresh lustre , and every eye dwelt upon  her with complacency and delight . When this interesting being had ceased and retired , the name of “Laurino” was uttered with a degree of adoration , and with an increase sentiment because of her story which was conveyed in the allegory of her song : a song composed by herself for the occasion, and which at once proved the powers of her genius, the sensibility of her heart , and the character of her misfortunes.

     The next personage who approached the grate formed a striking contrast  to the being I had just decribed . Laurino was in full bloom ; and it could be perceived  that she discovered a solicitousness to please in spite of the seeming negligence of her dress  and the vocation to which she was condemned . Her dress according to her order consisted of a grey frock , with a loose black robe all over it, open in the front and exposing the form to sight, ornamented with the cross  and other holy emblems of the order . Her head-dress consisted of a cap calculated rather to confine  than to hide the hair , over which was cast a long white veil, which gave the entire costume a graceful  and elegance appearance. But the nun who succeeded Laurino , came on with a perturbed  and melancholy step.: she wore a black veil , and black robe closed all round her, through which , nevertheless was easy to observe an uncommon dignity in all her motions. The sweet appearance of Laurino  was as pleasing , as he awful presence of this nun was distressing . Her looks as she lifted her veil, gave a check to every pleasu-rable transport . Some violent convulsions of nature had discomposed them  , and yet there was that exquisite charm of sensibility in her appearance which courted affection , and made the longing eyes of the spectators chide the calamity which faded  her frame and denied her power to sing  . With passions all at variance , and a mind inattentive to all surrounding objects, she first knelt , and then cast herself prostrate on the ground - not with a violent, but with such a character of devout compunction and devine meditation as could not be more feelingly expressed by a saint from Heaven .Had elemental fire stuck the audience , they could not have risen up with a more general impulse than they did on this occasion. Every personn with great vehemence called upon the blessed virgin , and upon all the host os saints, to, pardon and to comfort  the sufferer then lying prostrate  at the throne of Grace.

Cheered by this expression of love and sensibility in the audience, the fear and anguish of the amiable sufferer gave way to resolution of soul: she rose, and, after a short pause, performed the part assigned to her in the concert with a pathos and dignity , with a superior grace which should alone emanate from a virtuous mind. And yet, I had the morti-fication to learn, on enquiry immediatly after the concer , that her life teems with guilt and infamy. That she is a wre-tched outcast from her community , sunk into that most dre-adful of all human conditions, the acknowledgemments that she merits the exacration and contempt of the world .Her conduct blackened by every aggravation that can make it either odious or contemptible , and unrelieved by any single circumstance  of mitigation that could palliate its guilt, or retrieve it from abhorrence . Foremost in cruelty, in determi-nation and in stratagem , was a young Franciscan  when he first conceived an infamous passion  for the illfated subject of my pen. This noxious energy of character raised him from the low situation of a mendicant monk to be first chaplain or chief director of the convent  in which his intended victim was immured .Having first debauched her mind , he next violated her person, and for fear the fruits of so illicite an amour might bring both criminals to condign punishment, he prevailed upon her, to take drugs proper to produce abortion , but which failing , he compelled her to strangle it at its birth. The doctor of the convent, however, although he acted as confederate with the chaplain in disguising the true nature of the illness of the nun from the mother abbess, shewea an honorable indignation  on learning the fate of the child. He informed the corregidor , who sent him to the seat of govern-ment at Tercera  to be tried¸but the governor of Tercera , not willing to imbrue his handsin the blood of a priest, sent him to the government of Lisbon, and the government sent him to the supreme court  of the Brazils, where he will no doubt be acquitted  from want both  of evidence and inclination  to substantiate his crimes . In the mean while the wretched victim  of this Tarquin’s lust  remains in the convent with the threat of execution suspended over her head, and though excluded from the society of her sisters , is compelled to perform with them in their public devotions  and concerts, and dressed in a manner that denotes the commission of crime and the urgency of repentance  and shame

     As there is much of this letter  which conveys the higher notion  of the sensibility and intelligence of the convents than what I have hitherto given  you reason to expect they possess , I must here remark that the education of the nuns is cultivated here with the most  assiduous care. The convents of this islands are not mere places of negative seclusion , they are, on the contrary, seminaries of the first discipline and best education. Masters of languages, music, and drawing daily attend, and communicate in struction correctly though separated from their disciples by two iron railed gates . In this respect I know of no convents under better regulations, nor have I seen any where the nuns are so generally interesting  and so highly cultivated . Many of them speak the principal of the continental languages , and all of them are skilled in music and the principles of drawing , and designing paper flowers and patterns for lace.

     I must now pursue my journey; you want a topographic not an amatory account of the islands: but as religion  and love are the sole objects of business and amusement in Ribeira Grande, it would have been unpardonable in me to pass over those objects, and so deny you the means of forming a just estimate of the character and manners of the place.

Jan.1814

Governo do Convento

Abadessa-Eulália Querubina

Vigária-Maria Ursula

Madre da Ordem- Margarida Tomásia

Madre da Ordem- Margarida Teodora

Escrivã- Jacinta Flora do Prado

Madre da Ordem- Mariana Madalena

Primeiro Confessor- Fr. António de Santa Clara

Sindico- Jacinto José Moreira

5 Fev.1815

Governo do Mosteiro

O Síndico o Reverendo Beneficiado Jacinto José Moura de Medeiros renunciou ao cargo e as despesas e as cobranças das religiosas começaram a ser feitas pelo seu Procurador Geral António José da Ponte Tavares

27 Fev. 1815

Nasce Manoel Pedro de Mello e Silva filho da prima Ana Umbelina e de José Duarte Pacheco da Silva.

Jan.1817

Governo do Mosteiro

Abadessa-Ana Maria de Jesus

Vigária-Maria Ursula de S.José

Madre da Ordem-Mariana Madalena

Madre da Ordem-Eulália Querubina

Escrivã-Jacinta Flora do Prado

Em Julho de 1817 a Abadessa renuncia, sendo então presidente Margarida Teodora de S.José.

26 Jun. 1817

Falece o pai que entretanto se reconciliara com a mãe e fora morar para a rua de São Sebastião.

15 Set. 1817

Falece a tia materna solteira D.Maria Francisca.

13 Out.1818

Teodoro José Botelho de São Paio- Capitão

“Patente ... Há por bem Nomear a Theodoro Joze Botelho, Te-nente da 4ª Companhia do regimento de Milicias da Villa da Ribeira Grande da Ilha de São Miguel, no Posto de Capitão da Segunda Companhia do mesmo regimento, que se achava va-go...”

“..., e gozará de todas as honras, privilegios, liberdades, e izempções, que lhe são concedidas,...”

 

5 Maio 1819

Testamento da mãe no qual  Madre Margarida enquanto for viva o seu irmão ou seus descendentes ficam com a obrigação de lhe dar todos os anos vinte mil réis ”... para as suas nececidades (sic) religiozas.”

18 Jan. 1819

Primeiro casamento da irmão Teodoro Botelho de São Paio com  D.Helena Eufrásia Peregrina de Sá, viúva do Morgado José Leite de Arruda.A cerimónia relizou-se na Paroquial do Bom Jesus.

3 Ago. 1819

Falece a mãe D.Inês Eufrásia Botelho de São Paio.

Jan.1820

Governo do Mosteiro

Abadessa- Eulália Querubina

Vigária- Jacinta Flora

Madre da Ordem-Mariana Madalena

Escrivã-Joana Gertrudes

Síndico- R.do P.e Jacinto José Moreira.

1821

Mosteiro de Jesus

Mosteiro de Jesus alguns acontecimentos ao longo do ano. Para tentar perceber Madre Margarida Isabel do Apocalipse.

Janeiro- Duas capelas de Missas de Natal ( pagamento referen-te a Dezembro)

----------- Sermão de Jesus.

Fevereiro- Comadres, Compadres e amigas.

Março------ melhorias no Palratório, jogo de chá. Sítio onde se recebem convidados ou visitantes.

Abril--------- Sermão da Portada (Passos) e festa da Páscoa.

        --------- Quatro capelas de Missas por alma de uma freira/ abertura de sepultura etc...

Junho-------- Festa de Santo António (sermão e duas missas)

          --------São João Baptista.

Julho---------Sermão do Santíssimo

Agosto--------Festa de Santa Clara ( propina, sermão, missas etc)

Outubro------Festa de São Francisco de Assis.

Novembro---Festa de Todos os Santos e Santo André”

Em outros anos vimos menção a outras festas, tais como a São João Evangelista.Haveria igualmente pequenos cultos ou devoções pessoais. A variedade de festas dependeria também da personalidade da Abadessa e dos visitadores da ordem.

Década de vinte

Surgem as primeiras provas documentais das doenças de Madre Margarida

1821

“ A Ilha de S.Miguel em 1821”

John Webster

Para uma opinião de um estrangeiro sobre o que demais observou na ilha em 1821 leia-se este livro. Tem uma magní-fica descrição das procissões quaresmais.

“ A Ribeira-Grande é em tamanho a segunda povoação da ilha, e tem cerca de tres mil habitantes. Nobilita-a o título de cidade, e o seu nome deriva d’um pequeno ribeiro que a atravessa.As ruas são estreitas e irregulares, vê-se pouca gente n’ellas, e por toda a parte prevalece uma nota frizante de tristeza e abandono. As casas são construídas de lava, e são em todo o sentido similhante ás da capital, havendo dois conventos, um de freiras e outro de frades Franciscanos.”

29 Jul.1822

SCMRG

Teodoro José Botelho de São Paio e os irmãos Mauricio e Se-bastião de Arruda e Jose de Arruda foram riscados de Revisor de Contas do ano passado por se terem escusado ao mesmo e terem rejeitado os cargos para que tinham sido eleitos.

17 Set 1822

Ouvidoria/Ribeira Grande

APCRG

Egressos temporários? Madre Margarida em 1830 não estava a abrir nenhum precedente.

“ 17 Set- Carta de Sentença A.ca para o egreço da re.da Madre Anna Maria de Jesus do Mosteiro de Jezus desta Villa-

17- Mandado Ap.co p. (?) Re.do Primeiro Confessor do Oratorio do ditto Mosteiro p.a conforme elle indagar Sobre a Sua Conducta e Vesita a ditta rellegioza Anna Maria de Jesus ao menos huma Ves cada mes.

17- Carta de Sentença Ap.ca p.a o egreço da R.da Madre Anna Rita Maxima do Mostr.º de Jesus desta V.a

-17- Carta Mandº p.a  (?) Confessor do Oratorio do ditto Mostrº de Jesus por ... Conform.de Vigiar Sobre a Condutta da Rheverenda Madre Anna Ritta Maxima e Vesitalla huma Ves ao menos en cada mez.”

1822

“Corographia Açorica ou descripção ...”

João Soares de Albergaria

Descrição da Ribeira Grande.

Ribeiragrande, título de condado, villa consideravel, populoza e abastada, erecta em 1507, situada sobre a costa septentrional, e quasi em meio da ilha, n’uma planicie assaz agradavel; e lavada de bons ares, ao longo d’uma larga enseada; trez leguas ao nordeste ds Cidade, de boa estrada: ella he atravessada por uma larga ribeira que lhe dá seu nome. tem trez Parochias, Matriz dedicada a Senhora da Estrella, com Vigario, curas e collegiada, São Pedro, e Conceição com Vigarios, curas e Thezoureiros: um convento de franciscanos, outro de freiras, e seis ermidas filiaes: o seu Governo municipal he composto de 5 membros: tem um Juiz de fóra. A povoação da lomba, onde ha um cura paracho em a Ermida de Sancta Barbora (sic) ; e as das Gramas, Foros e quietação, fazem parte dos suburbios d’esta grande villa. Sua casa de Mizericordia e hospital tem 12$ cruzados de renda. A instrucção publica consta d’uma cadeira de latim, e outra de primeiras letteras.

Esta villa florecente (sic) he uma bella habitação para os estudiosos, e melancolicos que abhorrecem os tumultos: ella foi celebre pela sua grande fabrica de pannos de lan e algodão de que se vestiam os antigos e asizados Michaelenses, de que lhes ficavam grandes sommas que hoje enviam a Grãa Bretan-ha: a qual os inblezes compraram e queimaram. O seu porto he naturalmente defendido por um recife que borda quasi to-da a costa da villa, o seu commercio por isso he feito n’a Cidade; tem seu forte de 8 peças. A sua guarnição he feita por seu Regimento de milicia Nacional, que toma o nome da villa. seus habitantes ( os Ribeirenses )que sam 84250 tem grandes lavoras de milho, e trigo, fructas, fava e feijão; e alguma vinhaça; muitos gados; cultivam os melhores linhos; sam abastados de todas as producçoens da ilha.”

Vereação12 Jul.1823

CMRG

Teodoro assina em 10º lugar o documento que aceita a Carta Régia.Mantém uma distância que a esta distância no tempo nos parece prudente e calculista.

Vereação 12 Jul.1827

Teodoro, o nobre, assina o auto da cerimónia de posse do no-vo Presidente o juiz de Fora Doutor José Jerónimo de Fonse-ca Biker. Está presente o Povo, o Clero e a Nobreza.

8 Out.1827

Governo do Mosteiro

Abadessa- Mariana Madalena

Vigária- Josefa Micaela

Madre da Ordem- Eulália Querubina do Coração de Jesus

Madre da Ordem- Joana Catarina

Discreta- Eufrásia Peregrina do Deserto

Escrivã-Maria Ricarda Maxima

Segundo Confessor do Mosteiro- Fr. Plácido da Ponte Pulquéria

Procurador Geral-Luís António Tavares

Pregador e secretário de contas- Fr. José do Carmo

Vereação 15 Mar.1828

Teodoro não assina ou não está presente na sessão de regozi-jo pela chegada “ do serenissimo Senhor Infante Dom Miguel a capital do Reino.” Seria mais tarde um bom capital!

25 Ago. 1828

Segundo casamento do irmão Teodoro José Botelho de São Paio com D.Maria Augusta de Vasconcelos irmã de José Maria  da Câmara de Vasconcelos. A cerimónia teve lugar na Paroquial de Nossa senhora da Ajuda.

17 Jan.1829

Governo do Mosteiro

Presidente- Madre Margarida Tomásia

Abadessa- Madre Eulália Querubina

Escrivã- Madre Maria Ricarda

Síndico - Capitão Luís António Tavares

1829

Mosteiro de Jesus da Vila da rIbeira Grande

Um ano na vida do Mosteiro-Elementos para perceber Madre Margarida Isabel do Apocalipse  ( alguns exemplos).

20 Jan. Pagamento ao homem que trabalhou no Pomar do Mosteiro

24 “    - Destribuição pelas religiosas da “propina de Jezus “

       - Pagamento de dez arrobas de carne, e “moedinhas “de Janeiro e dias de jejum.

31 Jan- Pagamento a quem vigiou os figos do Pomar.

  5 Fev-  Compra de açucar e ovos e peixe para os padres do Oratório. ( padres Confessores)

10 Fev.  Compra de lenha.

17 Fev. Compra de peixe, café manteiga etc...

  1 Mar. ... dezasseis almudes de vinho

  2 Mar.    Pagamento dos homens que trabalharam para a co-munidade.

  6 Mar.-   Por bacalhau

  10 “   -   Distribuição pela comunidade das “moedinhas de Fevereiro”

17 Mar.    Para tratar um padre do Oratório doente a despesa da Botica e a alimentação especial.Pagamento a um carpintei-ro por concertos no convento.

24 Mar.   Couvinha para o Pomar.

25 Mar.   Vinagre

30 Mar.   Para distribuir-se pelas religiosas pelo “biscoito da Caza.”E cincoenta mil reis para distribuir pelas religiosas pe-los jejuns da Quaresma.por sal.

2 Abr.   Por azeite

10 Abr. Para o Sangrador que curou a Madre....

14 Abr. Por galinhas para a festa da Páscoa.

25 Abr. Para “agoardente para banhos a Madre Anna Clara..”

5 Maio “ Oitenta e quatro mil reis para Satisfazer dois moios de trigo as religiosas.”

2 Jun.  “ Moedinhas de Maio e Junho e dias de Jejum...”

13 Jul.  Para os retelhadores que trabalharam no convento.

10 Ago. Propinas e padinhas de Santa Clara para as religiosas. Doce do verão dos padres do Oratório.

19 Set-  Agua das Caldeiras ( a mesma que precisava Madre Margarida?)

3 Nov.   Propina dos Santos.

20 Dez. Para se distribuir pelas religiosas para o porco.

26 “      Propina do Natal

Vereação 5 Maio 1829

A Nobreza e o Povo reunidos assinam um documento.Teodoro não aparece. José Maria da Câmara Vasconcelos assina ,assim como muitos dos futuros “liberais”. Teodoro o “sortudo”, ou Teodoro o calculista?

27 Maio 1829

Teodoro José Botelho de São Paio-Sargento Mór das Ordenan-ças da vila da Ribeira Grande. Deu-lhe posse o cunhado José Maria que era o Capitão Mor.

“ Na Praça desta Villa tendo tomado o Juramento do estillo dei posse ao Sargento Mor nesta mencionado estando junto o Corpo : Ribeira Grande 17 de Julho de 1829.

Jose Maria Camera Vasconcellos

Capitão Mor”

 

Vereação 17 Out 1829

Nova Pauta  do período Miguelista. Teodoro não aparece mas aparece como Vereador o José Maria da Câmara Vasconcelos. Este surge como segundo vereador.

“ Pauta dos novos oficiais que hão-de servir nesta camara no presente ano e os mais que decorrerem de S.M.F. que Ds. G.de a Sirinissima Snrº D.Miguel ( RISCADO-) “

Vereação 23 Jan.1830

José António Casa Nova, outro colega de Teodoro e que des-empenhará cargos importantes no período liberal, obtém o partido médico da Câmara. É convocado , de acordo com os costumes antigos, o Clero, o Povo e a Nobreza. Para além do presidente e vereadores, logo a seguir aparece Teodoro José Botelho  de São Paio. Além do José Maria. Em 1823 Teodoro assinara a Constituição, subtilmente a fastara-se, agora apro-ximava-se, para de seguida se afastar. Diplomacia? Não fazer inimigos, sobretudo.

Vereação 30 Jan. 1830

José Maria da Câmara Vasconcelos é o terceiro vereador.

23 Abr.1830

Governo do Mosteiro

Abadessa- Eulália Querubina do Coração de Jesus

Vigária- Maria Ursula de S.José

Madre da Ordem- Joana Catarina

Madre da Ordem- Mariana Madalena

Discreta-Ana Rita Maxima

Escrivã-Maria Ricarda.

Vereação 15 Maio 1830

Reunião das três ordens para ouvir a comunidade sobre mel-horamentos e investimentos. Teodoro está presente. Bento Joaquim de Mello e Pedro de Araújo Lima, o entalhador.

1830-1831

Madre Margarida obtém Indulto Apostólica para ir a cura de banhos termais e passeios a pé ou a cavalo fora do con-vento.A cunhada e a prima Umbelina são as matronas responsáveis pelo seu acolhimento.

Vereação de...1831,fl.17v.-18

CMRG

Pauta onde não constava teodoro por não terem comparecido os vereadores” actuais para a Seção dezignada”

Teodoro foi uma segunda escolha. Não teve outra alternativa?

Vereação 5 Fev.1831,fl.18

CMRG

Teodoro José Botelho de São Paio- Nomeado em primeiro lu-gar na pauta  para vereadores pelo governo Miguelista. Acei-ta.Em 2 de Agosto mudaria.

“... foi aprezentada a Pauta dos novos Officiais que hande Ser-vir nesta Camara no prezente anno Anno (sic) e os mais que de Correrem, de S.M.F. que Deos Guarde, o serenissimo Senrº Dom Miguel,... a saber para Viriadores, em primeiro lugar; Theodoro Joze Boteilho São Pajo, em segundo...”

Não esteve presente na vereação de 12 de Março, todavia, na de 16 , 30 de Abril, 21 de Maio, 18 de Junho, 6, 9 e 17  de Julho está presente.Pouco ou nada se faz antes da Ladeira da Velha. Cautela e prudência?Por um lado não poderia dizer que não à autoriodade miguelista, por outro, não poderia fazer algo que comprometesse o futuro. Ganhou a aposta.Ele e o cunhado. Pensamos que sim. Já o tinha demonstrado em 1820.

O José Maria assinou.

23 Maio 1831

 

Nasce Teodoro, sobrinho de Madre Margarida Isabel do Apoca-lipse.É seu padrinho  o Capitão Mor José Maria da Câmara Vasconcelos cunhado do irmão.

2 Ago. 1831

Conquista da ilha de São Miguel pelos liberais. A batalha da Ladeira da Velha, a uma légua a nascente da vila.

Vereação 2 Ago.1831

CMRG

 

Golpe político certeiro?No diaseguinte ao desembarque Teo-doro José Botelho de São Paio  parace ter-se assumido como Juiz Vereador mais Velho, mais José Tavares Canto na falta do segundo, Bento Joaquim de Mello na falta do terceiro e o Procurador do Concelho Francisco Ignacio do Canto, clero, nobreza e povo. O que se terá passado? Teodoro como Sar-gento Mor deveria ter oposto resistência ao invasor, ele e o cunhado. O Juiz de Fora ( o presidente) deve ter fugido. Assim ele aproveita a ocasião e juntamente com as forças vivas do concelho redige, ainda o exército liberal não chegara, ou já chegara, um auto de adesão.Fabuloso! Grande jogada política.

“ ... por Ordem dos mesmos  Senadores foi mandado lavrar este Auto e que em Vertude delle ficasse o Povo desta Villa e seu Districto observando as Leys e Mandados do Governo novamente estallado (sic) pela Nossa Augusta Monarca a Senhora D.Maria Segunda, bem como a Carta Constitucional dada pelo Seu Augusto Paj o senrº D.Pedro quarto pelo que se rege o Rejno de Portugal a Algarves, e Sendo por mim lido este Auto por todos foi unanimemente aSeito e prometerão Cumprir I guardar, a vista do que Se detreminou que Se Remetesse Copiasa S.Exª o Ill.mo e Ex.mº Srº General Conde de Villa Flor, e a todos os Tribunais que Competir para constar a todo o tempo da Chegada daquelle Exmº S. a esta Villa de que fiz este Auto.... “ Teodoro é o primeiro a assinar.

Assinam alguns frades, muitos Beneficiados, Curas, o Casa Nova, o Bento Joaquim de Mello, José Duarte Pacheco.

2 Ago.1832

Arquivo dos Açores,p.98-103

vol.6

( relatório dirigido no dia 4 de Agosto ao Conde de Vila Flor)

O dia da invasão liberal.

“ O inimigo que desde o romper do dia observára as nossas velas dirigindo-se ao longo da costa, pôz em marcha simulta-neamente uma força na mesma direcção, e outra que existia no Valle das Furnas, ambas destinadas a estorvar o desem-barque.

... , guarneceo as alturas com toda a força que tinha na Cida-de, na Ribeira Grande, e em todas as suas imediações; força que avalio em dois mil e quinhentos, a tres mil homens. Erão seis horas da manhã, quando tendo observado...

..., até que, vencido o ponto culminante do contraforte pela nossa Columna, o observámos e perseguimos no vertente op-posto da montanha da montanha, não só em uma completa derróta, mas em uma absoluta fuga, e debandada.  Passado is-so, os nossos Corpos, dobrando a altura, vierão formar-se to-dos na estrada que conduz á Ribeira Grande, no extremo da qual estabeleci o campo,...O numero de mortos do inimigo de-ve ter sido consideravel; e pelo que respeita á sua perda, só posso dizer que foi completa; por quanto não reunirão mais um só pelotão da força que entrou em combate e todas as gu-arnições que tinhão nos differentes pontos da costa, envia-rão no dia seguinte a sua submissão, á descripção, tendo-os já abandonado a maior parte dos Soldados.

... No momento em que o General intruso, Prego, foi informa-do da nossa apparição sobre a costa do N., adiantou-se em carruagem até á Villa da Ribeira Grande; mas logo que soube que tinhamos effeituado (sic) o desembarque, e repellido a força destacada para nos impedir, voltou do mesmo modo pa-ra a Cidade; e terminando assim as suas operações militares, entregou as forças á direcção do Coronel Silva Reis, que foi o Commandante da acção que teve logar nos montes da Ladeira da Velha.

2 Ago.1831

Luna de Carvalho,p.125 in “Arquivo dos Açores”,vol.6

A chegada à Ribeira Grande do exército liberal

“ Ao declinar do sol já toda a  3 Divisão se achava reunida, e triunfante marchou em direcção à Villa da Ribeira Grande, onde chegamos sem que o inimigo nos tornasse a apparecer.Á

nossa chegada áquella Villa, foram logo abertas as portas da prisão onde se achavam alguns honrados Cidadãos Fayalen-ses, que o tyranno para ali tinha mandado para serem processados e executados!

Naquella mesma tarde, no meio do maior enthusiasmo e rigosijo Nacional, a bandeira bicolôr tremulou no pequeno forte que defende o ponto de desembarque junto á Villa da Ribeira Grande.”

Vereação 3 Ago.1831

CMRG

Teodoro de novo. Festa da Vitória na Vila.É um vencedor.No fundo se houvesse uma resistência mais activa o desfecho da Ladeira da Velha teria sido outro.Repare-se que ele tinha feito parte de uma vereação no período vintista. Gozaria deste prestígio.Socialmente não teria motivos para ser absolutis-ta.Seria um moderado de quem Sousa Prego, último representante Miguelista, precisara, e de quem a nova situação não poderia prescindir.Ele era hábil, ao que parece.

“... para se deliberar e dar se as dividas providencias ao novo restabelecimento de Governo nesta Villa e fazer Cumprir as Riais Ordens e Mandado da Nossa Augusta rainha a Senhora D.Maria Segunda..., visto haver se Instalado o Seu Governo, a quem todos geralmente a prometerão Cumprir e guardar a vista do que por tão grande Regozijo e inteira saptisfação nesta Villa foi deliberado que todo o Povo della e seu Districto Eluminassem as suas Cazas trez dias Sussecivos, sendo o pr.º hoje, amanhã, e depois, e no dia de Amanhã quatro Ouvesse The deum Laudamus na Igreja Matriz desta Villa....”

4 Ago. 1831

Arquivo dos Açores,vol.6

p.103-104

 

Carta do Conde de Vila Flor aos habitantes de São Miguel.

Dirige-se a todas as Câmaras e igrejas para se celebrarem fes-tas públicas e litúrgicas pela vitória da Carta e da rainha. Teo-doro antecipara-se.

“... 1º Nenhum paizano, ou militar de primeira ou segunda linha, se permittirá exercer qualquer prizão sem ordem da legitima Authoridade, salvo nos casos prescriptos na Carta Constitucional.

2º Todo o paizano, ou militar de primeira ou segunda linha, apprehenderá e conduzirá a esta Cidade, e ao meu Quartel General, sem por maneira alguma os ferir, espancar ou insul-tar, a quaesquer Officiaes, ou Soldados das Tropas recem der-rotadas, que for encontrado disperso, foragido, ou disfarçado.

3ºEm nenhum ajuntamento; que tenha logar em demonstra-ção do jubilo, e satisfação; em nenhuma acclamação feita em logar publico, ou particular, he licito reunir imprecações de vingança ou de insulto, ás demonstrações de puro jubilo, que deve animar todos estes leaes habitantes.

Quartel General em Ponta Delgada, 4 de Agosto de 1831.

Decreto 8 Ago.1831

Nomeação do dr.Bento Jozé d’Almeida Moura Coutinho para Juiz de Fora da Ribeira Grande

1831

Adesão do irmão Teodoro José Botelho de São Paio, vereador da câmara do período miguelista, e do cunhado deste, José Maria da Câmara Vasconcelos, ao liberalismo.São mantidos nos seus cargos.O primeiro era Sargento-mór e o segundo capitão-Mor das Milícias da Vila.

Vereação 27 Ago. 1831

CMRG

Teodoro-Juiz Vereador por bem da Lei e Presidente. Nesta se dá posse ao Bacharel Bento José de Almeida Moura Coutinho no lugar de Juiz de Fora. O novo poder, apesar de tudo manda um homem de confiança para conduzir o processo de eleição que ocorrerá pouco depois. A nova vereação, da qual fará par-te Teodoro tomou posse menos de um mês depois.O presi-dente seria o cunhado.

José Maria assina, Casa Nova também, Bento Joaquim igual-mente. A letra de Teodoro é hesitante.O Pedro Araújo Lima não está.

Vereação 3 Set.1831

CMRG

Teodoro eleito para presidente da Mesa da eleição da Junta de Paróquia da Conceição

20 Set 1831

Arquivo dos Açores,vol.6

“Discurso recitado na occasião da Eleição da Câmara Municipal da Villa da Ribeira Grande, no dia 20 de setembro de 1831, pelo Dr. Bento J.Almeida Moura Coutinho, Juiz de Fora da mesma Villa.”

“... As velhas Camaras, escóras do velho systema governativo, ainda assim forão valentes  para minarem a quéda da queda da Constituição, prepararam e apressarem, a usurpação!

...Sim, cidadãos, com as mesmas armas, mas virtuosamente manejadas, as actuaes camaras Constitucionaes podem, e hão de sustentar o Novo systema Governativo, e ser barreira á tyrannia, e usurpação!..., Eleição pura e livre, porque não el-les as vezes de bons pais? O povo,, que, em questão de factos, raras vezes se engana, não elegerá um cidadão indigno...Viva a Rainha a Senhora D.MariaII !- Viva a Constituição! -Viva a Regência !- Vivão os Ribeirenses !

Camara Constitucional da mesma Villa.

Presidente- José Maria da Camara Vasconcellos

Fiscal-José d’Arruda Botelho da Costa

Vereadores-Francisco Alberto Rego Junior

                -Theodoro José Botelho de Sam-Paio

                -José António Caza Nova

Escrivão    -Innocencio de Frias Coutinho” 

   Aqui vemos o irmão e o cunhado, além do médico que a tratou. O Frias Coutinho também era da família.

Como é que o José Maria sendo Capitão-Mór consegure dar a volta? O marido da prima Umbelina está presente.

Vereação 27 Set.1831

Teodoro José Botelho de São Paio é nomeado almotacé

26 Out. 1831

AMRG,Acordãos de 1831, fl. 43

Deliberação da edilidade para que todos os funcionários camarários apresentassem “ ...justificação autentica (sic) de Sua adezão ao Governo da Rajnha (sic) e carta Constitucional, sendo lhe intemado (sic) pela Secretaria da mesma, que o devem (viam) fazer athe ao fim de Dezembro do prezente anno para poderem receber seus emolumentos.”

!831/1832

Foreiro do Mosteiro de Jesus.Teodoro José Botelho de São Paio consta de uma “Relação das Pessoas desta Provincia dos Açôres, que devem ao extincto Convento de Jezus da Villa da Ribeira Grande de foros a trigo e a dinheiro ate ao anno de 1831 vencido em 1832 que dá o ex Sindico Cap.am Luiz Anto-nio Tavares.” Pagou os 35$500 que devia.Portanto era foreiro do mosteiro onde tinha estado a irmã. O pai também tinha negócios com o mosteiro e, na altura em que o cunhado, Cae-tano, toma conta das contas, ele devia ao mosteiro. Terá tam-bém sido por isso que surgem, aparentemente, incompatibili-dades entre ambos.

Vereação 14 Abr. 1832

Teodoro continua como vereador e a Câmmara nomeia-o pa-ra”... Admenistrador e inspector dos Expostos the o ultimo de Julho ao Veriador Theodoro Joze Botelho de São Paio...”

5 Maio 1832

Vereação CMRG

Mestre de Latim

“ Nesta foi aprezentada a partecepação de Frei Syprianno de Santa Roza Como Mestre de latim.”

Vereação 21 Maio 1832

Teodoro permanece durante o período febril da legislação de Mousinho, do encerramento do Mosteiro onde está a irmã Margarida.Ele e José Maria da Câmara Vasconcelos, registe-se.

Maio 1832

Estadia que D.Pedro fez na Ribeira Grande

Maio 1832

“A União”

R. Grande, nº 61

16, Dez. 1858

“Em 1832, aportando a esta Ilha Sua Magestade Imperial o Duque de Bragança.... avivou-se-lhe ( Madre Margarida ) no coração o amor que mostrava ter a Rainha a senhora Dona Maria segunda, e para mostrar-lho enviou ao dito Senhor um ramalhete de flores artificiais obra toda de sua mão...era um emblema; que por flores e grupos d’estas representava a mesma Senhora sustendada por seu Augusto Pai; e cercada pelos emigrados; e mais guerreiros, que a deffendiam ; rogando-lhe por carta acceital-o, e remettel-o foi acolhido e louvado por Sua Magestade Imperial, mas reenviado agradecendo-lho por escripta, e tambem pedindo o dividisse em partes  e fizesse encaxotar, juntando-lhe a explicação precisa, para então o enviar...Este pedido que tem em conta d’ordem foi exactamente saptisfeito (sic) mas- todo seu prazer se converteu em a mais possível consternação- expressão propria, porque se lhe figurou naquella divisão real, que passados annos explicava pelos partidos em que se agrupavam os liberaes, e com o que muito se affligia.”

2 Jun.1832

Vereação CMRG

Cadeira de Filosofia.

“ Despachou se ( a Câmara ) huma Petição e foi aprezentada a hum participação de Frei Joze do Monserrate para Mestre de Filozofia (sic)...”

Jun. 1832

Madre Margarida Isabel do Apocalipse e  a comunidade religi-osa de freiras clarissas do mosteiro de Jesus da então vila da Ribeira Grande abandonam o mosteiro que fora incluído na lista dos suprimidos pelo Decreto de 17 de Maio de 1832. Tin-ha feito cincoenta e três anos.

Obediência.

A este respeito veja-se as regras contidas no livro sobre Madre Francisca do Livramento. Era essencial a uma freira.Aos pais, ao marido. saira do “mundo” porque assim o tinham ordenado para se proteger do mundo. Os pais estavam brigados, Um barco francês atrevera-se a ancorar na baia, o piloto andara em terra, o filho do Capitão mór fora voluntariamente com eles. Ainda a este respeito será elucidativo a leitura  do livro de fr. Francisco do Coração de Jesus Cloots Vanzeller, intitulado “Orações Sagradas offereci-das á Serenissima D.Carlota Joaquina...” Lisboa, vol.2, 1791.

“ Por isso inspirado pelo espirito de Deos, que o dirigia, lhes

 ( São Pedro) diz expressamente, que devem ser sujeitos aos Principes, não só por temor de sua ira, mas por obrigação de consciencia; porque quem resiste ao seu poder, resiste á orde-nação de Deos.”

Ou então:

“... como Cordeiros ao meio dos ferozes lobos: e então mesmo só lhes recommenda para sua defeza a prudencia das serpen-tes unida á mansidão das pombas.” Seria assim Margarida e o irmão. Obedecer ao rei era obedecer a Deus, e ao pai a Deus e ao soberano e assim numa hierarquia que consubstancia a or-dem social de então. 

9 Jun.1832

 

Inventário “das Pratas, Ornamentos, Imagens, e mais Alfaias da Igreja do Mosteiro de Jesus da mesma Villa ( Ribeira Gran-de)  Suprimido ...” A pedido do Ouvidor Elisardo José da Sil-va.Depositadas na Igreja Matriz.Posteriormente algumas fo-ram distribuidas por igrejas paróquiais pobres.

Aqui interessa-nos saber os altares e as imagens arroladas.De-este modo  poderemos aceder aos cultos da comunidade. E aceder aos de Margarida.Depreender-se-ão as festas. O ênfase dado à quaresma e Páscoa.

“ Imagens na Igreja.

Uma Imagem do Senhor Crucificado de cinco palmos, de S.Jo-ão, de Nossa Senhora, de Santa Clara, de S.Francisco; do Sen-hor morto no Sepulcro, Santo António, Senhora da Vitória.”

No Coro de Cima

Um painel de S.João Evangelista em mau estado e sem vidro, outro de S.Jerónimo, S.Francisco Borja, Nossa Senhora.

No Coro Baixo

Imagem de S.Bento, de S.Sebastião, cristo Atado à Coluna, Senhor Crucificado, registos de vários Santos não especifica-dos, uma urna de madeira, um altar amovível, um esquife ( da Semana Santa ).

9 Jun.1832

Captain Boid na “Descrição dos Açores ou Ilhas Ocidentais.”

Descrição da Ribeira Grande em  Junho de 1832 por um inglês membro do exército de D.Pedro.

 “É a segunda localidade da ilha, em tamanho parecendo que conta entre doze e treze mil habitantes, incluindo os das duas aldeias adjacentes da Ribeirinha e Ribeira Seca, que são qua-se contíguas.É, porém, tristonha e mal edificada; suas casas espalham-se quase indiscriminadamente por sobre terreno pe-dregoso e acidentado, formando ruas estreitas e irregulares junto à costa.

É quase inacessível do lado do mar, defendida por baixios que se estendem a alguma distância da costa, desafiando os ata-ques por mar sem auxílio de um forte aparentemente impor-tante que ali está com oito quase inúteis canhões, e que faz lembrar a presença de um cachorro resmungão ao lado de um mastim, seu companheiro, que vigia a soleira da porta do do-no.

Claro está que não tem porto de mar nem se sabe, ao longo de toda esta parte da costa da ilha, de nenhum ancoradoiro ou coisa semelhante que ofereça tal comodidade à navegação. É a Ribeira Grande, todavia, regada por numerosas e pequenas ribeiras, sendo a terra mais própria para a cultura do que a do sul; mas está ainda por explorar e por conhecer, não me res-tando dúvida, em face da minha imperfeita observação, de que se adapta fácilmente a empreendimentos que possam ser sugeridos.

Fabricam os habitantes grandes quantidades de bom vinho vulgar, bem como uma espécie de grosseiro pano de lã, em re-sultado da abundância de cânhamo e linho cultivado nesta costa e também dos rebanhos de carneiros que aqui vimos em maior número do que em qualquer outra parte.

Volto a acentuar que os naturais muito raramente comem carne de carneiro, sendo estes animais criados apenas para aproveitamento da lã, o que explica o mísero estado em que se encontram.

Fabricam também os habitantes uma boa espécie de chapeus vulgares, de que fornecem as localidades vizinhas.

Há aqui quatro igrejas, a principal das quais chamada da Es-trela, se diz que é muito rica, existindo também dois conventos de freiras e três de frades, cujas loucuras e crimes cessaram há pouco em virtude do decreto imperial.

São as cercanias da Ribeira Grande extremamente férteis, rústicas e pitorescas. Formam uma espécie de vale em anfite-atro rodeado de uma cadeia de montes sempre cobertos de verde e onde se cultivam cereais, fruta, e toda a espécie de legumes, aparecendo com frequência, aqui e além, as vinhas e as quintas de laranja.

Todavia, grande parte de beleza dos arredores imediatos tem desaparecido com a derruba de todas as grandes árvores cuja madeira é aproveitada para fazer caixas para a exportação da fruta, visto haver cessado, por motivo da revolução, a impor-tação, de Portugal, da madeira própria para aquele fim.

No interior da região há abundância de perdizes e coelhos, voejando na costa enormes bandos de pombos bravos, que vivem entre as rochas.

A fruta destas redondezas é notávelmente saborosa, em espe-cial as laranjas e os limões. O mesmo não acontece, porém,  com as bananas em nenhum ponto deste lado da ilha, fruta esta inferior à da costa Sul, onde se produz com extraordiná-ria pujança.

Sendo a banana de natureza delicada, exige para a sua cultura sítios abrigados,expostos ao Sul. As plantas sempre verdes ou vivazes nestas ilhas são por toda a parte belas e exuberantes, mas o seu vigor e beleza parece que nestes arredores alcança-ram ainda maior perfeição.

O mirto cresce em tal profusão ( alcançando o tamanho e o vigor de uma árvore ) que é usado para curtir coiro. Em certa ocasião, impressionou-me vivamente o facto de ver um homem desbastando e cortando barbaramente, para aquele fim, alguns exemplares daquela árvore, tão belos que em In-glaterra dariamos uma pequena fortuna para os possuir.

Na manhã seguinte ( 10 de Junho ) a uma hora cedo, fomos de visita aos banhos quentes da Ribeira Grande, passeio encantador, com o tempo amainado depois do forte depois do forte temporal da véspera, o céu em grande extensão de azul firme, excepto no horizonte, para os lados do Nascente, onde um clarão doirado anunciava a aproximação majestosa da luz.

Ficam os banhos situados na direcção Sudeste a partir da vila, para o interior, sendo o caminho que para lá conduz muito pitoresco e interessante, ainda que pedregoso, difícil e perigoso, excepto para quem andar a pé.

...Fizemos caminho por entre esta paisagem até chegarmos a um vale profundo  cingido por montanhas e ao fundo do qual ficam as caldeiras, aolado de uma aldeola constituida por oito ou nove cabanas, com acomodações pouco melhores do que as Furnas.” 

 

1832

Francisco Machado faria Athayde Faria e Maia “ Novas paginas da Historia Micaelense ( subsidios para a Historia de S.Miguel) 1832-1895”, Ponta Delgada, 1947, p.93-94

Saindo o rei e o exército “Libertador” a situação mudou na ilha.As noticias eram desencontradas. Os micaelenses discor-davam da Prefeitura estar em Angra. Alguns desertores do exército liberal transformam-se para os lados do Nordeste em guerrilheiros miguelistas.A primeira situação é ultrapassada. S. Miguel consegue libertar-se da tutela de Angra. era neces-sário tomar providências quanto ao segundo caso. Vivia-se em guerra. Existiam todos os sindromes de uma sociedade em guerra. A vila contribuira com alguns mancebos para o exército libertador. as famílias andavam susspensas.Cada noticia ou boato de vitória ou de revez militar tinha enormes repercussões. Muitos na ilha estavam dependentes da vitória por várias razões práticas.Emprestarem dinheiro ao rei e tinham-se mais ou menos comprometido:O que seria se a sorte mudasse de campo? Fariam o que sempre tinham feito: mudavam teodoro talvez, mas o radicalizado José Maria como faria?

E é o mesmo José Maria que toma a iniciatuiva de pedir ao governadoe ( suspeito de simpatias absolutistas) de lhe dar tropa para ir combater os desertores. Este não lhe dá e José Maria lança uma campanha contra o governador.Os receios não eram infundados. Aos desertores juntaram-se falsários algunas da Ribeira Grande terra considerada hostil ao liberalismo. Apareceram cartazes a convidar à rebelião. É neste clima que é enviado para o Monte Escuro tropa.

“ Puzeram estes homens apertado cerco ao Monte, batendo-o em todos os sentidos. Depois de vinte horas, a percorrer de-balde o mato, resolveu o comandante caminhar para o vale das Furnas, donde sabia serem naturais 15 desertores, no pro-posito de, pelo terror, obrigarem as familias a fazerem com que aqueles guerrilheiros se apresentassem. Logo que chegou áquele vale mandou, pois, o oficial afixar um aviso, ameaçan-do os pais dos desertores de mandar pôr fogo ás suas casas se os filhos não se apresentassem no praso de 24 horas. A pre-sentaram-se então 14 soldados.Faltou um, a ameaça foi cum-prida. Como este processo dera resultado, o batalhão foi per-correndo a ilha, povoado apoz povoado, repetindo-se o aviso de que se mandaria lançar fogo ás casa das famílias dos deser-tores que não se apresentassem no tempo marcado. No fim de 60 dias tinham sido capturados cerca de 270. Á medida que iam sendo capturados eram encerrados no Convento da Gra-ça, com excepção do Sargento Forjaca e do soldado Cercal, assassinos do Manoel da Costa Noronha, que foram enviados para o Castelo de S.Braz, onde com outrois criminosos, devi-am aguardar o julgamento pelos crimes cometidos...Entrou assim em socêgo a ilha de S.Miguel: Até Abril de 1833 nada ocorreu que viesse perturbar atranquilidade pública.Nestee, porem, surgiram de novo atritos entre as autoridades locais eo Perfeito de Angra.”

Vereação 2 Ago. 1832

CMRG

 

Vitórias liberais e celebrações

Teodoro José Botelho de São Paio manter-se-à à frente da Câ-mara até às eleições de Setembro.Entretanto pouco depois da Ladeira da Velha fora nomeado, como vimos um Juiz de Fo-ra.A situação era delicada.

“... pelo dito Prezidente foi dito e proposto que em comse-quencia das apraziveis noticias chegadas a esta Ilha no dia de hoje, de se achar, Senhora da maior parte de Lisboa a Tropa defençora dos Direitos da Nossa Augusta Rajnha a Senhora Donna Maria Segunda; e da Cartta Constitucional, hera Con-veniente que Serrendessem (sic) Solenes Graças, e que os Ha-bitantes desta Villa focem convidados a Eluminar tres dias Sucssivos (sic), principiando do dia dois do Corrente, as Suas moradas;.... que foi comunicada a esta Camara pelo Sub Perfeito...”

17 Out.1832

Vereação

CMRG

Doença contagiosa atinge a Ribeira Grande.

“ Attendendo ao Comtagio que começa a Graçar nesta Villa e Seu Districto, e ao abandono em que por total falta de meios existe , e pode Existir... Sejão secorridos (sic) todos os que sendo afetados (?) do mesmo Contagio não tiverem meios de se tratarem dando pello Curativo, e tratamento...”

3 Nov 1832

O governo do Mosteiro fora do espação físico.Governo no exílio? Era obrigatório o estado pedia contas.

Abadessa- Maria Ursula de S.José

Ex-Vigária-Joana Gertrudes

Ex-Discreta-Ana Rita Maxima

Ex-Discreta-Maria Ricarda

Ex-Discreta-Clara Jacinta

Joana Catarina, Jacinta Flora do Prado.

Vereação 14 Nov.1832

CMRG

Oferta de medicamentos da Botica do ex-Mosteiro para acudir às doenças que grassavam na vila.

“ ... , e pelo mesmo foi declarado que tendo procurado por compra para Se acudir aos doente (sic) desta Villa o não have-rem na Botica algums Medicamento (sic) lhe constou ter a Ex abadeca (sic) do Mosteiro do Convento de Jezus desta Villa el-la os franquiava graitutamente (?) o que tinhão feito munto obzequi a Camara, e Serviço Publico, pois Valião oito ou nove mil reis e não Se achava em outra parte por cuja Razão deter-minavão escrever a dita aBadeça o que tudo Consta da Archi-vo e Registo.”

Vereação 29 Dez.1832

Novo elenco municipal. Teodoro sai. José Maria da Câmara Vasconcelos passa a Provedor do Concelho. Maurício de Arru-da, parente de ambos, entra como presidente. Surge o Antóni-o Manuel da Silveira Estrela. Este será uma personagem que marcará a Ribeira Grande  até falecer em 1879.Na década de quarenta até à de sessenta vê-lo-emos e ao José Maria jun-tos.Aliás também neste período intenso e cheio de peripécias. casou na ermida de São Vicente Ferreira ( hoje Museu munici-pal) em 18 de Julho de 1853 com Teresa Jacinta Amaral Mo-reira, com quem já vivia há muito e de quem já tinha filhos. Ele estará na fundação do Açoriano Oriental, na repressão dos Calcetas, e nos melhoramentos posteriores. O comportamen-to deste personagem, de José Maria, presumívelmente mação e de Teodoro, deveria ser estudado. Têm algo de diferente.O enterro de Teodoro seria sóbrio. José Maria não se confessava nem comungava. Eram comportamentos novos.O António Ma-nuel estará ligado ao projecto da ponte dos oito arcos e dos mercados novos.

Vereação 22 Jan.1833

Reunião para tratar da moeda de bronze que circulava. Teodo-ro não está, mas estão lá o José Maria, o Casa Nova e o José Duarte Pacheco, marido da prima Umbelina.

13 Fev.1833

Vereação CMRG

Professor interino de gramática latina

“...e mais Requerim.to, de F. Cyprianno de S.ta Roza Proffes-sor Interino de Gramatica Latina nesta Villa, ...”

Quaresma de 1833

Madre Margarida está numa casa da rua das Pedras na freguesia da Matriz da Ribeira Grande

Vereação 13 Abr.1833

CMRG

Destruição de símbolos considerados de opressão: Pelourinho e enxovias

“... pelo Prezidente ( José Maria da Câmara Vasconcelos ) foi proposto que em Vertude da Carta que felismente nos rege, hera indicorozo o existir a Pilourinho na Praça Publica e Se-gredos nas Cadêias desta Villa, pelo que Unanimemente foi deliberado fosse quanto Antes abolido o Pilourinho e intupido ( ás Inxovias ) os Segredos, ....”

21 Abr.1833

Chronica dos Açores,nº15

Moral ao serviço da Sociedade.

“ da instrucção depende muitas vezes a tranquilidade publica, e actividade da administração, o estabelecimento da liberda-de, e independencia, e para se tirarem della todos os resulta-dos, que necessariamente se devem esperar, he preciso que a Religião , e a Moral seja a sua principal base; pois que he es-sencial, que o coração, e espirito dos homems seja continua-mente dirigido para Deos, como a fonte da Moral...”

Vereação 12 Jun.1833

CMRG

Por oficio do sub-Perfeito  e por Portaria do Ministério da Fazenda Luto por quatro meses, dois pesados e dois aliviados pela morte da Infanta D.Paula irmã da Rainha reinante D.Maria II

Vereação 15 Jun.1833

CMRG

Apesar de ser do dever da Câmara, por falta de verbas a Câma-ra não pôde mandar celebrar um Ofício fúnebre na Igreja Ma-triz pela alma da Infanta D.paula, irmã da rainha

Vereação 25 Jul.1833

CMRG

Notícias da guerra civil e celebrações de regozijo durante três dias. Independência de S.Miguel face à Terceira.

“... hum oficio do Provedor deste Concelho em que enviava a Copia d’hua Carta enviada pelo Comandante do Corpo Provi-zorio de Voluntarios desta Villa em que dava a felis noticia da independencia desta Ilha p.a com a Terceira, a tomada da Es-coadra (sic) Miguelista, e o progresso que tem feito os nossos Irmos (?) no Reino do Algarve, e Provincia do Alemtejo, como tambem no porto. E em consequencia destas noticias tambem propoz ( o presidente) de haver Illuminação em todo o Concel-ho, como tambem Solennes (sic) Graças ao Altissimo pelos be-neficios recebidos digo que nos tem Concedido.A que a Cama-ra anuio a excepção do te Deum por circonstancias atendivil ( falta de dinheiro). E isto nos trez dias continuos começando houje.”

 

Vereação 31 Jul.1833

CMRG

Festa do 2 de Agosto. A falta de verba  impede a Câmara de fazer o novo encanamento da Água Real.Finalmente chegara algum dinheiro para o pagamento das moeadas suprimidas, ditas “malucas”Dividir-se-ia publicamente a partir de tres de Agosto

“...em o dia dois do fucturo Agosto pelo Anniverçário (sic) da Restituição do legitimo Governo da Snrª D.Maria Segd.a e Carta Constitucional nesta Ilha, ouvesse Illuminação em todo o Concelho na noite daquelle dia, por tão aplauzivel motivo; “

Vereação Ago.1833

CMRG

Chegada de D.Pedro à cidade de Lisboa e festividades na vila.

“... da plauzivel noticia da chegada de S.M.I. á Cidade de Lis-boa, havia officiado ao Provedor Intirino (sic) deste Concelho em Regozijo por tão Justo motivo,.... se desse as providenci-as necessarias afim de haver as Festividades dividas em todo este Concelho, e The deu (sic) em acção de Graças logo que Officialmente fosse noticiado pela authoridade competente a esta Camara.”

7 Set 1833

Madre Margarida arrenda por três anos e com possibilidade de fazer obras e de lhe ser descontado da renda uma casa da rua de João d’Horta Pedras na freguesia da Matriz da Ribeira Grande.

6 Out.1833

Chronica dos Açores,nº39

“ A todo o clero, e a todos os Fieis deste Patriarchado Sau-de....

...Cumprimento da sagrada obrigação que temos de prestar mais prompta obediencia e submissão a todas as ordens e disposições do Augusto regente, em Nome de S.M.F. , e as Au-thoridades que elle constituir, ou tiver constituido.he esta uma obrigação que nos impõe a mesma Santa religião que te-mos a felicidade de professar, de que o Seu Divino Autor nos deo o exemplo, e os seus Discipulos pregarão em todo o Mundo, dizendo-nos o Apostolo S.Paulo, que quem resiste às suas determinações resiste á disposição de Deos Qui resistit (?) potestati, dei ordinationi resistit (ad Rom. C. 13. v.9) ; que os seus Mandados, e as Suas Leis, revestidas de um caracter Sagrado, estendem o seu Imperio até á consciencia do homem; e que por isso devem ser obedecidos, não só pelo temor do castigo, mas tambem porque tanto nos obriga a Lei Divina.”

Madre Margarida obedece e crê em tudo o que a Igreja lhe diz para acreditar? Sim. Ela deve ter aceitado o argumento da usurpação de D.Miguel, mais nada. Ela é uma cristã conserva-dora e o Arcano reflecte o espírito da igreja de então. Ela acredita, por exemplo, na intercessão dos Santos.Coimo se sentiria ela depois da sua oferta não ter sido bem acolhida? Depois de ter sido mais as demais expulsa do convento? Quanto ao primeiro caso sabemos o que nos transmitiu o José Maria da Câmara Vasconcelos: magoada. Quanto ao segundo? Ela cá fora, já nos seus cinquenta, consegue uma projecção que não conseguira no convento.Por outro ladfo, no convento as suas moléstias só se agravaram. Intuo (?) que ela se sentiria melhor cá fora.

O testamento e o Arcano comprovam-nos .Madre Margarida era uma cristã conservadora. Uma cristã tridentina.

Vereação14 Dez.1833

CMRG

Celebração pela vitória liberal.

“ Ultimamente foi deliberado se officiasse ao Provedor deste Concelho afim de dar com tempo as Providencias a respeito da festividade que esta Camara deliberou se fizesse com todo o explendor na ultima dicizão da Cauza da legitimidade e liberdade da Nação Portugueza; querendo esta Cammara que haja na Egreija (sic9) Matriz no dia terceiro da Illuminação Missa cantada- te deum , e Sermão,...”

18 Dez.1833

José Maria da Câmara Vasconcelos, cunhado do irmão, com-pra o Mosteiro de Jesus através de António Manuel da Silveira Estrela que era Provedor Interino do Comcelho. José Maria, entretanto, suspendera o seu mandato.

Vereação 11 Jan.1834

Novos eleitos. José António Casa Nova, um dos médicos que lhe prescreveu a saída temporária do convento, foi eleito presidente. Surge o Ildefonço Climaco Rapozo que irá ser um opositor ao grupo do José Maria. O Provedor Interino era António Manuel da Silveira Estrela, José Maria pedira a suspensão do cargo. Pouco antes António Manuel comprara para o amigo o antigo convento de Jesus.José Maria esteve presente, Teodoro não.

Vereação 24 Maio 1834

O que se teria  passado? O Casa Nova passa a Vereador, O Il-defonço ascende a presidente e o José Maria volta a Provedor do Concelho?

1833-34(?)

O chamado “Pequeno Cisma” entre Portugal e a Santa Sé du-raria 10 anos.

1834

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“Me Anna Maxima e M.e Maria Ricarda- 1834-1840- Rua de Vale Verde-Matriz.” Moram sós excepto em 1839. Em 1842 estão na Rua do rego, em 1842 e 1843 na Rua do Adro, em 1845 de novo no Rego , em 47 e 48 no Adro, 49 na rua Direita de Santo André. Pelo menos a Madre maria Ricarda está viva em 1858 quando morre madre Margarida Isabel. Estas ruas distam pouco das casas desta última.Sobrevive-lhe.

 

1834

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“Madre Francisca Candida ( vive acompanhada tal como Ma-dre Margarida) na rua do Vale Verde” Isto até ao falecimento de Margarida.Sobrevive-lhe.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Antónia Joaquina...” De 1834 a 1838 na rua Direita da Conceição. Acompanhada.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Maria Jacintha e Madre Albina Joanna...” De 1834 a 1839 estão na rua de São Francisco.Moram acompanhadas.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“ Madre Marianna Margarida...” Em 1834 na rua das Rosas.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“ Madre Catarina...”em 1834 está no Cabo dos Foros.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“ Madre Jacintha Flora e Madre Joanna Getrudes...” De 1834 a 1839 vivem na rua de S.Sebastião acompanhadas.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Anna...” De 1834 a 1839 na rua de S.Sebastião. Vive acompanhada.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“ Madre Catharina Leonor e Madre Maria Carlota....” Vivem acompanhadas. De 1834 a 1839 estão na Conceição Velha.De 1850 até 1872 estão na rua de S.Sebastião.

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“Madre Maria Clementina e Madre Jacinta Marieta....” De 1834 a 1839 na  Conceição Velha.Em 50 até 53 ainda estão lá..

1834

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Theresa Jacinta...” Mora acompanhada na rua Direita da Conceição.Vêmo-la aí até 1839.

1834

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“Madre Clara Jacinta.. “ Até 1836 na rua das Espigas.Em 1838 na rua da Bica, em 1839 na de Espirito Santo de 1840 a 1850 na rua da Bica. Tem sempre companhia, tal como Madre Margarida.

2 Mar.1834

Chronica Constitucional d’Angra,n10

O clero e a politica

“...: trespassão temerariamente estes sagrados limites, intromettendo-se em materias politicas, dando conselhos perversos de rebelião contra os direitos da Nossa Augusta, e muito amada Rainha , e contra a fidelidade, que lhe he devi-da, com que em lugar de promover, como devem, ao contrario concorrem criminosamente para que se perturbe a boa ordem publica, que a Santa Religião protege, e de que ella mesma he o mmais firme alicerce: Nós para ocorrermos a um abuso tão pernicioso, e escandaloso, no caso de o ter havido, para que não continue.

Privamos a todo o confessor, que no sagrado tribunal da Penitencia der conselhos de tal perversidade, e lhe suspendemos a jurisdicção de absolver os Penitentes, a quem os der naquelle Acto, ficando os mesmos Penitentes, a quem tais conselhos forem dados, na certeza, de que não podem ser absolvidos por elle; de que foi inutil Sua Confissão; e de que outro sim os devem denunciar os seus respectivos Parochos;”

Vereação 25 Mar.1834

CMRG

Anos de D.Maria.

...foi deliberado que em todo este Concelho ouvesse illuminação geral em memoria dos annos natalicios da Nossa Augusta rainha, a senhora Dona Maria Segunda, no dia quatro d’Abril do corrente anno, precedendo (sic) primeiro nas Cazas deste Concelho no dia vinte e dous, e vinte trez illuminação a melhor possivel digo no dia dous, e treze (?) Foi mais deliberado que haja te Deum Missa Canatada, e Sermão na Igreja Matriz deste mesmo Concelho,...”

Vereação 24Maio 1834

CMRG

Procissão do Corpo de Deus a cargo da Câmara. José Maria é o Provedor do Concelho, em Abril do ano seguinte já estará em Ponta Delgada.A esposa, tinha entretanto, falecido.

“ Foi acordado que para a Sollene Purcição do Corpo de Deos em o dia vinte nove do corrente se officiasse ao Provedor deste Concelho Jose Maria Camara Vaz Concellos para se servir convidar Cidadâos afim de acompanharem e levarem o Pallio e mais Incignas (sic) ....outro Sim se requizitasse ao Commandante do Corpo de Volluntarios para dar Suas Ordens afim de o mesmo Corpo acompanhar á purcição,...”

Vereação 31 Maio 1834

CMRG

Caldeiras

“... sobre a falta de tarinbas para as cazas dos banhos das Caldeiras, que se fizessem estas ...”

1 Jun.1834

Chronica Constitucional d’Angra,nº24

Clero e crendice.

“Os Sacerdotes dos antigos oraculos illudião com a amphy-bologia de suas respostas a credulidade daquelles que os con-sultavão como orgãos da Divindade: a dupla ... de seus vatici-nios prolongava o imperio da impostura, e os preservava da indignação do povo, em quanto estes mais esclarecido não rasgou a funesta venda, que lhe vedava o conhecimen-to de seus prejuisos, e innocente ignorancia, a cuja sombra media-vão milhares de Sagrados Parasitos.”

29 Jun.1834

Crime Ribeira Grande

Maço 3 Proc. 113

Lutas liberais na vila-Boatos e suspeições.Vivas a favor e contra a situação pelo mesmo indivíduo.

“Candido José de Bulhões casado Pescador desta mesma Vil-la, em razão de Haver dado vivas ao ex Infante Dom Miguel”

Tendo-se provado que o réu embriagado dera vivas a Dom Mi-guel de mistura com as Augustas pessoas da Rainha e do Re-gente .Suspeitam-lhe alienação mental por ter estado preso durante seis meses.

 

6 Ago.1834

Crime Ribeira Grande Maço 3, proc 127

Lutas liberais.Boatos e suspeições.Aparecimento de Pasquins

“Auto de noticia da apariçam de dois Pasquins.”Ambos colo-cados, em dias diferentes, na porta lateral da igreja Matriz da Ribeira Grande.

17 Ago.1834

Chronica Constitucional d’Angra,nº35

11 d’Agosto.Anniversario da Batalha da Praia.

 

Set. 1834

“Notas para o Livro do Tombo da Matriz da Ribeira Grande”

“Em os cinco de 7 bro. de 1834 desabou o tecto do centro desta Matriz pelas 11 horas do dia, e he de notar; que princi-piando-se os enterram.tos no Cemiterio no mez d’Abril do di-to anno hum certo Antonio Francisco Alves Cabral desta fre-guezia, disse, que visto não ser já permittido enterrasse (sic) alguem na Igreja, que a Matriz cahisse no dia , em que elle morresse, o que de facto aconteceo; ...”

24 Set 1834

in Chronica Constitucional d’Angra,19 Out 1834,nº45

Morte de D.Pedro.

“Boletim

Paço de Queluz 24 Setembro de 1834

Sua Magestade Imperial, O Duque de Bragança, falleceu ás duas horas e meia da tarde!!! “

Vereação 17 Out.1834

Luto pela morte de D.Pedro.Funera, sermão e seis meses de luto.

“ Foi deliberado unanimemente que em demonstração de tão funesta morte do Imortar (sic), e Sempre lembrado o Augustis-simo Libertador do Reino do Reino (sic) O Snrº Duque de Bra-gança que esta Câmara tomasse Luto por Seis mezes sendo trez mezes Rigorozo e trez aliviado, fazendo-se Publico p.r Editaes em todo o Districto á Portaria do Ministerio do reino em que anuncia aquella fatal e doloroza morte, e que em o dia trinta e hum do corrente ouvesse na Igreja Matriz com a maior pompa possivel Funeral e Sermão; para o que fosse remetido...”

Vereação 16Dez.1834

CMRG

Rei morto rainha posta. Casamento de D.MariaII. A Família real era a família de todos, tal como a família Celeste.Obede-cer a uma era obedecer á outra.Pela primeira vez o rei e a família real eram palpáveis na Ribeira Grande?

“ Foi unanimemente deliberado que por tão grande felicidade da Nação pelo Cazamento da Nossa Augusta rainha ouvesse nas Cazas desta Camara com a maiór (sic) pompa possível em os trez dias dezignados no Officio da Perfeitura, 19, 20, e 21 do Corrente Eluminação, bem assim em todo esse Concelho, havendo, em o ultimo dia te Deum em acção de Graças ao todo Poderozo por tão grande beneficio, sendo Celebrado na Igreja de N.S. da Conceição, ...”

Vereação 3 Jan.1835

CMRG

Construção de vias de comunicação.

“..., e ultimamente achando-se Rematadas (sic) as Estradas q.e vai para Ponta Delgada e Chã do rego d’Agoa q.e se dirige a Villa da Alagoa...”

Vereação 21 Fev. 1835

Novo Procurador do Concelho a pedido do anterior, José Ma-ria da Câmara vasconcelos que foi ocupar um cargo superior para Ponta Delgada. Assim aparece Pedro José Baptista que mais tarde o irá substituir em circunstâncias mais amargas.

Em Janeiro Teodoro falecera. Teria estado até então doente? Nomes como Manoel Pedro de Mello ( primo?) e José Duarte Pacheco, pai deste último(?) , apareccem riscados. Mais tarde aparecerão associados a José Maria.

1835

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Clara Joaquina...” rua dopVencimento.

“Madre Anna Ritta ...”rua Direita da Conceição.

1835

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Antónia Pontes...” Rua do Vale Verde (?)

1835

Rois de Confissão

Conceição Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Maria Ursula...” Ex-abadessa. Na rua do Alcaide antes de ir para a Matriz.Está em casa do Síndico e Procurador Ge-ral do Mosteiro de Jesus, o capitão Luís António Tavares.

25 Jan.1835

Falece o seu irmão Teodoro Botelho de São Paio. Decerto Ma-dre Margarida assistiu às exéquias do irmão. Ele contaria 55 anos a irmã teria quase mais um.

1835

Início do Arcano Místico. Segundo José Maria da Câmara Vas-concelos, cunhado do irmão.Tinha cinquenta e seis anos.O Arcano será pois a obra de uma mulher madura. Em nosso en-tender será igualmente como que um deleite ou enterteni-mento ou sublimação “jovem/adolescente” de uma mulher madura.As estruturas de “casas de boneca ou de teatrinhos” parecem-no indicar.Técnicamente já madura e  ainda amadu-recendo, numa atitude de perfeccionismo.A obra tornar-se-ia uma obsessão.E transformá-la-ia numa figura pública presti-giada e poderosa como pensamos nunca ter sido no convento. Parecendo ser uma personalidade forte e determinada, en-quanto viveu no convento, viveu na obscuridade da mediania, ou pelo menos na obscuridade documental, ou talvez mesmo na obscuridade real, fora do convento, sublimar-se-ia através da sua consagração pública.Apesar do muito incomodo dos vi-sitantes que acorriam à sua casa, no fundo ela nunca preten-deu verdadeiramente livrar-se do público.Pedia-lhes sómente que lhe dessem descanso para se tratar e acabar a obra. Preci-sava do público para o seu reconhecimento.Assim foi com a procissão, assim fora com o Arcano, assim deveria ser com o seu enterro. 

Vereação 11 Fev.1835

CMRG

Chegada do Principe Augusto Duque de Leuchetemberg espo-so da rainha D.Maria II .Festa.

“... em 13, 14 e 15, e neste The Deum na Igreja matriz em acção de graças ao todo Poderozo, convidando o Revdº Ouvedor (sic), e Mestre da Capella p.a q.e seja com a maiór pompa possivel, bem assim ao Com-te dos Volluntarios Provizorios p.a se servir asistir com o Seu Corpo e dar as discargas do estillo...”

12 Fev.1835

Chronica Constitucional d’Angra,nº7

Sobre os verdadeiros apostolos.

“Religião

Os imitadores dos Apostolos, os verdadeiros Sectarios da Religião de Jesus Christo, espalhando a sua Doutrina, ...”

Abril 1835

Surge em Ponta Delgada o primeiro jornal da ilha de São Miguel, “ O Açoriano Oriental”, por iniciativa de um grupo de pessoas, entre as quais José Maria da Câmara Vasconcelos e seu irmão Manuel António, além de Luís Bernardo da Silveira Estrela.Todos companheiros do  defunto Teodoro José Botelho de São Paio.

22 Abr.1835

Crime Ribeira Grande

Maço 3, proc 140

Lutas liberais-Boatos e suspeições.Vivas contra a situação.

“Contra o Mestre António pementel de Rabo de Peixe por ha-ver dado vivas ao exInfante Dom Miguel”

Foi pronunciado culpado em 4 de Maio de 1835.

Vereação 22 Abr.1835

CMRG

Morte do princepe D.Augusto Marido de D.Maria II. Casamen-to meteórico.Luto.Os Miguelistas levantaram a cabeça.

“... pelo que foi deliberado se tomasse luto por seis mezes sendo trez Rigorozo e trez aliviado,...”

 

Abr. 1835

Revolta dos Calcetas e sua implicação na Ribeira Grande considerada “ninho dos absolutistas.”Os presumíveis implicados na vila são presos e julgados até Agosto daquele ano.Ninguém é condenado.Há gente da sua família em ambos os lados.

Vereação 28 Abr. 1835

A primeira depois da Revolta dos Calcetas.Medidas de emer-gência..

O presidente era o Ildefonço. Suspenderam o Juiz da Paz da Freguesia da Conceição e nomearam em seu lugar Luís Fran-cisco Tavares do Canto. Suspenderam igualmente o carcereiro por constar ser contra o actual governo e “achar-se macamul-ado (sic) com os inimigos do mesmo governo” Francisco Ma-chado Faria e Maia fala disso e de várias prisões, incluindo a de uym ex-frade. Para este autor a Ribeira Grande seria consi-derada um perigoso centro de reação Miguelista.Assistem às reuniões pessoas diferentes das que habitualmente apareci-am. O que quer isso dizer?O que se passará com Margarida? O papel das mulheres é muito secundário. veremos algumas denunciantes nos processos. Há notícia de uma freira liberal num convento Faialense e pouco mais. As demais fizeram pouco mais do que Margarida. Este ofereceu flores e desaba-fou delicadamente em privado. à mulher cabia obedecer ao pai , a Deus, ao homem. até mesmo as que denunciaram os suspeitos da revolta fizeram-no em “substituição” do homem-A haver penas seriam menores?

1835

De Abril a  Agosto

José Maria da Câmara Vasconcelos e António Bernardo Costa Cabral dirigiram-se à Ribeira Grande para conterem a presu-mível revolta.

Participação de A.B.C.Cabral datada de 24 de Abril de 1835 ao Juiz de Direito da R.Grande” a dar conta da autorização extraordinária que lhe dera o Prefeito da Provincia para obter a segurança pública na vila e de que tinha mandado prender Individuos que constão de uma relacção no verso por serem conhecidamente desafectos ao Governo da Rainha, e por terem, Segundo colligi pelas mmais exactas informações, mostrado nos dias passados estar ao facto dos dezastrosos acontecimentos que haverão logar no Castello de S.Bras no dia 23 (?) do corrente,...” A lista: “Florencio Joze da Motta, Francisco Júlio da Motta, António Joze da Ponte, Manoel da Ponte Arruda, Francisco Joaquim da Ponte, João Cabrita, Clarianno Ferreira Mardº, Padre Francisco Caloniati (?) da Ponte, Manuel Tavares do Canto, João Cavaco Joze Rapozo Pombeiro; Joaquim d’Oliveira Simões. “Evadirão-se para fora da Villa  receando ser prezos pelo que antes tinhão dito contra o Governo, Sistema reinante. Manuel Duarte e Silva ( parente de Madre Margarida?) , Francisco Joaquim, Francisco Jeronimo, Ferreira Unção, Jacinto Teixeira.”

O mesmo Costa Cabral fornece ao Juiz da Comarca, apedido deste, a 26 de Abril, a lista dos informadores.” Angelina de S.Jozé, Rita Joaquina, Manoel de Souza Cabral, Francisco de Souza Cabral, João Vital/ Serralheiro, António Martins tavares de Souza, António Estrella, Joze Tavares do Canto (ir-

mão de um dos réus)”

Coloca irmãos contra irmãos e baseia-se no ouvir dizer, toda-via deixa avila suspensa durante meses a fio. O pedro de Araújo Lima também aparece como testemunha abonatória.

 

Julgamento dos presumíveis absolutistas da Ribeira Grande .

Freiras de regresso aos conventos? Boatos.

Testemunho de Rita Joaquina de 33 anos de idade e morado-ra na vila.

“ estando ella em sua caza ali entrara huma mulher que ella testemunha não conhecia e perguntara a ella testemunha e a sua irmã se querião vender os capotes porque ouvira dizer que as Freiras se recolhião outra vez aos Conventos, e perguntando ella testemunha a razão porque as Freiras se recolhião outra vez aos Conventos, lhe dissera a dita mulher que ouvira dizer a huas mulheres que Don Miguel determinava outra vez isto,...”

Um dos réus- António Pinto Taveira.  Membro das principais famílias da vila.Quadra anti-liberal?

Acusado de num baile , na noite declarada no auto, com mais pessoas, “...e que entrando no dito baile ali Cantara a Segun-da cantiga. Oh! que noite tão alegre; cheia de toda a razão, amigo? inimigo? os que não querem Liberal Constituição, e nada mais acrescentou.”

O Procurador do Concelho, José Duarte Pacheco, marido da prima Umbelina, fora o seu defensor.Argumentou que :1-Não se teria distinguido bem a palavra;2-que o réu era morigera-do;3 que sempre fora amigo de homens liberais.” Foi absolvi-do.

Vereação 3 Maio 1835

Dar posse a novos eleitos.

António Manuel da Silveira Estrela , amigo constante e fiel de José Maria,é presidente.

10 Jun.1835

Governo fora do Convento

“ Nós Abbadeça , Vigaria, Escriv~e mais Relig.as de definitorio d’extincto Convento de Jezus da Villa da Ribr.a Grande abaixo assignadas. Attestamos que no anno de mil oito Centos trinta e hum tempo em que ainda existiamos no Convento Se destribuio por Cada hua das Religo.as dous moios de trigo pelo haver nesse anno Com abondancia, vindo assim a consumir-se q quantia de Settenta moios, em Consequencia de haverem trinta e cinco relegiozas Professas: Em firmeza do que mandamos pagar q prezente nesta d.a Villa em 10 de Julho de 1835.”

Assinaram: Madre Maria Ursula de S.José -Abadessa; Joana Gertrudes-Vigária; Jacinta Flora do Prado, Ana Rita-Discreta do Mosteiro, Joana Catarina, Madre da Ordem e Clara Joaquina Micaela-Escrivã.Não há sinais de Madre Margarida .

11 Set. 1835

Crime Ribeira Grande

Maço 3, pro.131

Lutas Liberais. Boatos e suspeições. Desertores.

“Auto contra um desertor que ferira o Voluntario Manoel Vic-torino Moniz. Dezertor Marianno da Vicencia” Foi sentencia-do em Janeiro de 1836.

10 Out.1835

Açoriano Oriental,nº25

Egressos com fome.

“ Ao egresso com fome

Benedicamus Domino.Tens fome, queres ser pago das presta-ções, que te devemos Segue o meu conselho: dirigete (sic) ao Sr.Damazo, e serás attendido. Mas espera: outro conselho tal vez mais seguro; por que te não baptizas Socio da Associação das Notabilidades. O Compadecido.”

12 Out.1835

Crime Ribeira Grande

Maço 3, pro.155

Crimes.

“ Contra Joze Francisco Soares Coadjuctor do Santíssimo Da Igreja Matriz desta mesma Villa”.Foi condenado por arromba-mento.

28 Nov.1835

Crime Ribeira Grande Maço 3, proc158

Crimes.

“Em consequencia do arrombamento feito no Granel do Dizimo sito no Adro do Extincto Mosteiro de Jezus desta mesma Villa”

“...feito no Granel das Freiras, e arrombamento feito no mes-mo, de vinte cinco, para vinte seiz de Novembro proximo pas-sado...... no Adro do Extincto Convento de Feras (sic) desta V.a...”

Vereação 31 Jan.1836

CMRG

Novo casamento da Rainha.Agora seria para durar.Depois do casamento com o tio, com o D.Augusto.Por razões de estado o seu casamento fora urgente.O pai morrera muiti cedo após a derrota dos Miguelistas.Mais festas de regozijo.

“... Illuminação Geral em todo o Concelho, em os dias de hoje the dois de Fevereiro proximo e neste ultimo dia The Deum em ação (sic) de Graças na Igreja Matriz, sendo convidado o Revdº Priór (sic), e o Mestre da Capella para o mesmo fim, cuja festividade será feita Com todos os Signais de Regozijo Publico...”

 

Vereação 29 Mar.1836

CMRG

Anos da Rainha.

“... em regozijo dos Annos Natalicios de S.M.F. a rainha em todo o dia quatro do corrente, ouvesse nas Cazas desta Camara e em todo o Concelho Illuminação Geral pela que fosse remetido...”

Vereação 3 Abr. 1836

Nova posse de elenco municipal de acordo com o Decreto de 18 de Julho de 1835

Mauricio de Arruda Botelho da Costa, parente de José Maria, é presidente.No auto de posse está presente o marido da pri-ma Umbelina. Surgem novos nomes. Quem seria esta nova gente?

Vereação 27 Abr.1836

CMRG

Aniversário da Carta Constitucional

“... a Eluminação que deve haver na noite daquelle dia para que os povos tenham sempre em lembrança tão plauzivel dia que deve servir de memoria aos Portuguezes, devendo o Prezi-dente Ordenar (sic) Illuminação nas Cazas da Camara.”

Vereação 29 Abr.1836

CMRG

Chegada a Lisboa de D.Fernando e ratificação do consórcio com D.Maria II.Festas.

“ em trez dias subsequentes ouvesse Illuminação e no ultimo sendo no primeiro de Maio se cantasse na Igreja Matriz hum Sollene thedeum (sic) em ação de graças...”

 

1836

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Anna Clementina (?)...rua das Freiras.” Vive só.

1836

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“Madre Margarida.... rua das Pedras”:Vive acompanhada e a dois passos da nossa Madre Margarida Isabel do Apocalipse.

1836

CMRG

Representação feita a S.M.F. e Rainha sobre a reforma das Escolas de primeiras letras.

“ ...O abandono em que se acha a instrução primaria neste Concelho ( Ribeira Grande ) não pode ser maior;...”

Vereação 31 Ag.1836

CMRG

Calçada na rua Direita e do Vencimento da Ribeira Grande

“... que vesse (sic) de Ponta Delgada o Mestre mais inteligente em fazer Calçada, afim de calcular a dispeza q.e esta Camara podia fazer em toda a calçada da Rua dereita e Vencimento desta Villa.”

 

Vereação 5 Out.1836

Auto de Proclamação e de Juramento da Constituição política da monarquia de 23 de Setembro de 1822 com as modifica-ções que as Cortes Gerais da nação portuguesa “ ouverem de Decreto

O comandante dos Cívicos juntamente com o corpo do seu comando prestou juramento defronte dos Paços do Concelho. José Duarte Pacheco, esposo de Umbelina, assina.O que pare-ce estranho é o conjunto dos outros subscitores:clero etc, in-cluindo conservadores. Passo calculado?Em tempos contur-bados é normal.

Vereação 29 Dez.1836

CMRG

Tratamento do relógio público arrematado pelo serralheiro José Paulo da Rocha.

“... por não haver outro mais capaz”

1837

Registo de Ofícios1831-37

Pedido à rainha de troca  de edifícios. O Hospital para o extin-to convento de frades franciscanos e a Admnistração do con-celho para o antigo Hospital para nele dispor de sala de audi-ências judiciais e de escolas.

“ ... sendo de grande utilidade a troca de todo o edificio e Cerca do extincto Convento dos Franciscanos da m.ma Villa para nelle se colocar o Hospital e Caza da Mizericordia pelo actual Edificio desta com seu Granel; servindo este com grande vantagem da lucalidade (sic) e Capacidade para Salla das Audiencias Judiciais e Escolas de ensino ...”

8 Fev.1837

Compra a casa que arrendara.

30 Set.1837

Açoriano Oriental,nº687

Agradará o teatro litúrgico a Deus? O articulista crê que não. Madre Margarida Isabel do Apoccalipse, pelo que sabemos, não subscreveria tal artigo. Ela deseja a decência mas esta tinha que ter alguma pompa e circunstância. O que é pois a festa de São João e o seu altar, ou até o próprio Arcano.

“ O povo inquieto ondêa pelas naves, cruza incessante as portas abertas de par em par; como que num theatro ao começar do espectaculo se apinha e agita no atrio do edificio. Foi pomposa a festa religiosa; mas subirão preces de alguns labios até ao trono de Deus?- talvez apenas as que pronun-ciou o ministro dos altares: o povo assistiu á solemnidade, como as representações da Scena. E acabou o ruido, e o templo ficou deserto, e o musico... Que fez pois o abastado dispendendo uma somma avultada para converter a casa do senhor n’um logar de folguedo, e o culto n’um trafico de estipendiarios? Aos olhos da boa razão perpetrou acaso um crime, fez talvez uma affronta ao Creador. O Sacrificio mais agradavel a Deus não é o do ouro profusamente gasto em fes-tas ruidosas, em pompas sem unção, e sem aquella Singelleza propria do Christianismo, o que Deus mais apraz é o dividir o homem os dons da fortuna, que lhe elle concedeu, com aquel-les que não teem um bocado de pão para se alimentar, um tecto...”

1838

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“Madre Maria Leonor.... “ Em 1838 na rua da Praça, a partir de 1843 até 1850 na rua do Vale Verde. è cabeça do agregado. Sobrevive a Madre Margarida Isabel do Apocalipse.Em 1862 está na rua da Bica.

1838

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“Madre Eufrazia Peregrina...” Em 1838 na rua do Botelho.Vive acompanhada.

Vereação 13 Dez.1838

CMRG

Festa pelo nascimento de um Infante

“...nos dias treze quatorze e quinze haverem Illuminação Geral em todo o Concelho, e te Deum em Acção de Graças no dia quinze ao meio dia na Igreja Matriz devendo esta Camara assistir ao Thedeum e que o Prezidente fizesse Illuminar as Cazas do Concelho...”

15 Dez.1838

O governo do Mosteiro fora do espação físico.Governo no exílio? Era obrigatório o estado pedia contas.

Abadessa- Maria Ursula de S.José

Ex-Vigária-Joana Gertrudes

Ex-Discreta-Ana Rita

Ex-Discreta-Maria Ricarda

Ex-Discreta-Clara Jacinta

Escrivã-Clara Joaquina Micaela

1839

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“Madre Maria Izabel e Madre Margarida Luciana...” Entre 1839 e 1863 alternam entre a Rua do Rego e a do Adro. Em 1863 separam-se?

1839

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Maria Ursula.. “ Última abadessa do mosteiro.Em 1839 está na rua do Valverde e aí a vemos inclusive em 1848.Em 1834 estava na rua do Alcaide, na Conceição.Vive acompanhada.

1839

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“ Madre Ana Micaela..” Em 1839 na rua das Pedras, em 40, na do Adro, em 42 na rua da Praia, em 1843 no Adro, de 45 a 48 surge na rua Direita de Santo André e em 1850 na do Vale Verde.

1839

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas

“Madre Anna...”Na rua do Saco. Vive acompanhada.

1839

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residencia de freiras egressas

“ Madre Maria Violante.....”( a que o drº Urbano Mendonça Dias confundiu com a Madre Margarida Isabel do Apocalipse)

Rua de Santa Luzia.Em 1845 está na rua da Praça, em 47 na do Vale Verde, em 1850 na do Adro e em 1862 na rua das Pe-dras.Sobrevive a Madre Margarida Isabel e vive acompanha-da.

Vereação 19 Fev.1840

CMRG

Os adelos ambulantes estrangeiros pagavam mal e indevida-mente as suas licenças

Vereação 8 Abr.1840

CMRG

Ninguém poderia ser obrigado a prestar um serviço público a não ser que tal seja reconhecido de interesse. Tal parecer dado pela Câmara a pedido do regedor deveu-se à recusa de algumas pessoas terem recusado limparem umas quebradas ocasionadas pela abundância de chuva ainda que quizesse o regedor pagar-lhes o jornal

1839

 Para ter uma ideia do ambiente social , económico e cultural da ilha neste ano de acordo com a visão de um estrangeiro, aconselha-se a leitura do livro dos irmãos Bullar. Aqui são descritas procissões, enterros,  e demais festas.

31 Out.1839

Governo Civil nº60 N91

A Reverenda Madre Eufrásia Peregrina religiosa do suprimido Convento de Jesus “ para que quanto antes satisfaça ao an-nuncio d’esta Adm.ao Geral de 4 do corr.te, que foi enviado a V.Sª em off.o de 5 do m.mo sob pena de não ser abonada de seus vencimentos, q.do não satisfaça...”

Vencimentos, ameaças e resistência? Madre Margarida não resiste, adere. Também não é de extremos. Não é gentil ao ponto de permitir amores freiráticos, não é mística, não é bruxa, é uma pessoa mediana que obedece porque tem de obe-decer.Mas guardando uma aurea de prestígio e de poder.Ao contrário das colegas, fora do convento ela impôe-se.É notá-vel o modo como ela consegue a fama positiva que conseguiu sendo freira e tendo o mosteiro tão má fama. Como podere-mos ler nas notas de Thomas Ashe ou mesmo na tradição oral ainda hoje sobrevivente. Como conseguiu ela manter a sua imagem e dignidade? Personalidade forte e delicada para co-locar cada coisa e cada qual em seu lugar.Este é um dos tra-ços mais importantes e fascinantes da sua personalidade.Tal qual o irmão Teodoro que conseguiu navegar sem grandes so-bressaltos através das águas agitadas do período revoluci-onário. fazia-se respeitar, dimanando um carisma especial? Uma atitude superior tal qual o tio? Cultura de “um compor-tamento social” da elite adequado ao  sucesso desejado na go-vernança.

Vereação 11 Abr.1840

CMRG

Luís Bernardo da Silveira Estrela recusa-se a permitir que a Câmara tire cascalho de uma sua cascalheiro que se destinari-a à estrada pública para Ponta Delgada.Grande patriota fez escrever violenta e ironicamente a Câmara !

“ ...concorrer para o riparo de hua Estrada que tanto Contri-bui para a felecidade deste Concelho, e mesmo para o Comer-cio da Ilha; deliberou por isso a Camara, que se Conservasse no Archivo desta mesma Camara, para, a todo o tempo Cons-tar, o quanto elle é amante publico; por isso mesmo que na-quella recuza manifesta seu grande patriotismo!!”

20 Maio 1840

Vereação CMRG

Mestre de primeiras letras no lugar de Rabo de Peixe.

“... sobre a pertenção do Mestre de Primeiras Letras do Lugar de Rabo de Peixe Joze de Souza Sa Fortes, requerendo a gratificação de vinte mil reis por estar ensinando pelo ensino Mutuo;...”

Vereação 14 Jun.1840

CMRG

Festa do Corpo de Deus a cargo da autarquia na manhã do dia 18 de Junho.

Vereação 1 Jul.1840

CMRG

Tratamento dos expostos

Vereação 4 Jul.1840

CMRG

Higiene pública e Matadouro municipal

Ladrilhamento do Matadouro das reses da vila”... por motivo do mao alito, que exala, quando ali se matão as rezes pela estagnação de sangue das mesmas.”

Vereação 19 Ago.1840

CMRG

Havia na praça do município a casa da Guarda Nocturna da freguesia da Matriz.

7 Out. 1840

Conta da Farmácia

1840-1844

Contas da farmácia.

“Madre Margarida...Gom. arab. $600”

Vereação 19 Maio 1841

CMRG

Mudança da casa das Audiências para o edifício que foi da Misericórdia

“... que quanto antes mudasse as Adm.as do Julgado passe aquelle Edificio com a brevidade possivel.”

24 Jun.1841

“Visitas Pastorais”lv. 4

APMRG

Esta Pastoral determina preces por tres dias por causa dos terramotos da 3ª

Deus castiga os nossoa pecados.

 

20 Ago.1841

Conta da Farmácia

D.Ana Umbelina.Prima Madre Margarida Isabel do Apocalipse.

“D.Anna Umbelina- Receita$90” ( Nos dias 26 de Agosto, 7 e 10 de Setembro daquele ano, 18 Dezembro de 1843 e 12 Ja-neiro de 1844)

15 Dez.1841

Vereação CMRG

Duas cadeiras de primeiras letras.

“ Deliberou a Camara se reprezentasse ao Governo, ... a nece-ssidade que há de promover a instrucção publica nesta Villa, attendendo a sua grande população requerendo se o augmen-to do ordenado as duas Cadeiras de primeiras letras, visto que estas Com o simples Ordenado de noventa mil reis, não pos-são ser exercidas por pessoas habeis; assim como hua outra Cadeira de Filosofia visto que antigamente avião duas, que se achão acabadas, e ser a mesma necessaria para a instrucção publica e evitar ociozidade na mocidade.”

12 Fev.1842

A.Oriental,356

Contra o abuso do recurso aos santos e não a Jesus Cris-to.Madre margarida não pensava assim

“ Não consintais, que se nutra a piedade aos Fieis com falsas lendas, nem que lha entretenhão com devoções ...mas vigiai, para que se lhe ensine a recorrer continuamente a Jesu Chris-to, como ao nosso unico Mediador, e não a honrar os Santos, senão com relação a elle mesmo. Foi vos confiado o ensino, e deveis saber, o que se ensina.”

Vereação 6 Abr.1842

CMRG

Comércio ambulante de estrangeiros equiparado aos nacio-nais.

Os judeus Fortunato e Elias Sabagh vendedores ambulantes pedem reembolso à câmara da Ribeira Grande pelo que a mais pagaram de acordo com uma Ordem superior que os equipara aos adelos portugueses.

3 Nov.1842

Contas da Farmácia

“Manuel Pedro de Mello e Silva- Receita-$470” (primo de Madre Margarida.Também fez despesas nos dias 5 e 8 daquele mês. Em 16 de Dezembro tem mais uma despesa e 2 de Abril de 1843)

28 Jan.1843

Vereação CMRG

Instrução na Ribeira Grande.

“ Mais foi proposto pelo Administrador deste Concelho Antonio Manoel da Silveira Estrla, que sendo a população deste Concelho numerosa se achava a mocidade delle sem meios alguns de Instrucção, e tem em outro tempo muitas Aulas prezentemente so tem hua Aula de Latim e alguas de Primeiras Letras, que Seria bem a Camara olhar sobre este importante objecto;

Vereação 6 Maio 1843

CMRG

Extinção de pássaros daninhos

“... officio da Sociedade Promotora d’Agricultura Michaelense que acompanhou hum projecto de postura e regulamento para a extinção de passaros daninhos,...”

Vereação 17 Maio 1843

CMRG

Taxas sobre o comércio fixo e ambulante.

 

1843

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas ( na mesma rua de Madre Mar-garida Isabel do Apocalipse )

“ Madre Maria carlota e Madre Catharina Leonor...” Em 1847 estão na rua do Botelho.

1843

Rois de Confissão

Matriz da Ribeira Grande

Residência de freiras egressas.

“Madre Thereza...” Mora na rua de São Vicente no agregado de António Manuel Estrella ( será o Silveira Estrela?)

Vereação 21 Ago.1843

CMRG

A Rainha deu á Luz huma Infanta

“... que os dias vinte dous vinte trez e vinte quatro erão (sic) de grande gala em consequencia da noticia acima referida e que os habitantes deste Concelho deverão por luminarias nos referidos trez dias ...”

Vereação 4 Nov.1843

CMRG

Sineira da Misericórdia Velha demolida.

Demolição das paredes e sineiras “ dos mesmos sinos ( Mise-ricordia Velha) , fazendo remover dali toda a pedra, e material com que estavão construidas as mesmas paredes, ficando por esse modo desobstruido  aquelle logar; que fica fazendo parte da praça desta Villa, ficando mais formoza, evitando com esta demolição hum esconderijo aos mmalfeitores que ao abrigo daquelle Edificio podem commeter alguns attentados,...”

Vereação 11 Nov.1843

CMRG

“..sobre o meio de obstar ao grande prejuizo, que nos predios alheios Cauzão os rebanhos de Cabras,...”

Vereação 17 Fev.1844

CMRG

Higiene pública

“ ... hum officio da Junta de Parochia da Ribeira Secca ... fa-zer hua Postura afim de Prohibir o abuso que ha em deitarem os animaes mortos no sítio do Bandejo daquella freguezia.”

20 Mar. 1844

Compra uma casa na Travessa dos Cabidos junto à sua.

Vereação 27 Abr.1844

CMRG

Doença dos laranjais que viria a ajudar ao declínio da laranja na economia local.

“ ...Copia da parte d’ Acta da Sessão do Concelho de Districto acerca da extinção da Loccus hesperidum, que afecta as La-ranjeiras de Ponta Delgada, afim de esta Camara tomar as me-didas para prevenir o progresso e desenvolvimento do dito in-secto...”

18 Nov. 1844

Fortunato de Almeida

,História da Igreja em Portugal, Porto, Livraria Civilização, vol.3, 1970, p.446

Dogma da Imaculada Conceição.

D. Maria II, num documento assinado por António Bernardo da Costa Cabral, pede ao Santo Papa certas graças relaciona-das com o mistério da Imaculada Conceição.

24 Dez.1844

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

Crisma.

“ Adeministrar o sancto Sacramento do Chrisma, bem alto vos falamos sobre a necessidade, para a Salvação vossa, e de vossos filhos, de Serem instruidos na Doutrina Christam, e Cuidadozamente educados no Santo temor e amor de Deus, por vós e pellos vossos reverendos parochos.reconhecei, pois, que toda a responsabilidade fica recahindo sobre as nossas Consciencias.”

1844

Altercação  pública violenta entre dois individuos  por causa de milheiros.

Tiros e alteração da ordem pública por palavras que o criado de um lavrador dirigiu a António Lopes Albardeiro.

Vereação 26 Mar.1845

CMRG

Nascimento de mais uma Infanta. Festas.

 

7 Maio 1845

D.Teodora Moniz de Vasconcelos, sobrinha de Madre Marga-rida Isabel do Apocalipse, casa na igreja de Nossa Senhora da Conceição com Caetano Moniz de Vasconcelos.

12 Jan.1846

A prima D.Ana Umbelina faz o seu testamento. declara ter cinco filhos, dois rapazes e duas raparigas. O marido está vivo.Mora na rua Direita da Vila. Nomeia o marido e o filho Manoel Pedro de Mello e Silva por seus testamenteiros.

Vereação 20 Jun.1846

CMRG

Festas pela queda do governo passado.

“...haver illuminação em todo o Concelho nos dias d’houje vinte e vinte hum e vinte dous do corrente com te Deum n’este ultimo dia em regozijo pela queda do governo pasado que tanta opressão causou à Nação Portuguesa,...”

 

Vereação 6 Maio 1847

José Maria regressa de novo vindo de Ponta Delgada e é eleito presidente juntamente com o Maurício d’Arruda e o Casa No-va. António Manuel da Silveira Estrela é Administrador do Concelho.

8 Set.1847

Cai a Câmara presidida por José Maria da Câmara Vascon-celos há pouco empossada. Caiem o Casa Nova e o Estrela.

Pedro José Baptista substitui José Maria por Alvará do Go-verno Provisório. José Maria não comparecerá à posse do novo elenco por se considerar “desconsiderado como incom-petente.”

8 Set.1847

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[Pastoral de Sua Exª Rd.ª sobre o Jubileo concedido por Sua Sanctidade nas letras Apostolicas acima exaradas]

16 Out.1847

Madre Margarida compra outra casa anexa à primeira na rua de João d’Horta

1847

AMRG

“ Da Madre Eufrazia Perigrina, pela concessão de terreno, que obteve para um jazigo no Cemetério da Freguezia Matriz, ...”

31 Dez.1847

Auto de apuramento e nomeação dos vogais que têm de for-mar o Conselho Municipal que servirá com a Câmara para o biénio de 1848/1849

O Administrador era o Diogo Tavares do Canto Taveira. Vogais efectivos o Ildefonço , Sebastião e Mauricio d’Arruda, Francisco de Paulla Mello Velho Cabral, entre outros.

Vereação 6 Fev.1848

Período de estabilidade.

Auto de eleição de três Procuradores à Junta Geral do Distrito pelo Concelho da Ribeira Grande.

André do canto, Diogo Taveira e António José de Vasconcelos ( parente de José Maria . Este está em Ponta Delgada?)

29 Abr. 1848

(A..Oriental)

António d’Oliveira Morais administrador e Boticário da Botica do Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, natural do continente, aplica o clorofórmio como anestesia a uma intervenção cirúrgica a uma perna.

22 Jul.1848

“O Correio Michaelense” nº98

Escola de educação de meninas na Ribeira Grande.

“ Edital

Pelo Conselho Superior d’Instrucção Publica se hade prover, procedendo concurso de 60 dias,... a Escola d’Educação de meninas estabelecida na Villa da Ribeira Grande, com o orde-nado que lhe competir. As pessoas do sexo femenino que per-tenderem ser providas na dita Escola, se habilitarão com cer-tidão de idade de 30 annos completos, attestado de bom com-portamento moral, politico e religioso, passado pela camara, Juiz de Paz, ou Administrador do Concelho....”

9 Set. 1848

(A. Oriental)

Ponta Delgada

Madre Margarida faz publicar naquele jornal um “Aviso” a pe-dir ao público para não visitar a sua casa enquanto não aca-bar o “Arcano, ou como melhor nome se lhe possa dar, em que mostra, com pequenas figuras ao seu modo, os misterios da Lei Natural escripta, e da Graça, a fim de que, livre por em-quanto (sic) da grande affluencia (sic) de pessoas desejosa (sic) de o ver, e conseguintemente de continuados exterroz (?), o possa completar, aperfeiçoar, e collocar; e que tendo a for-tuna de conseguir o que deseja a este respeito, protesta com satisfação franqueal-o para a relegiososa (sic) edificação das pessoas que lhe fizerem a honra de o verem.” Mas também pela “... sua avançada idade, e molestias incuraveis,...”

9 Set 1848

A.Oriental,nº710

Roubos nas capelas do Santíssimo Sacramento

“ Mais um attentado horroroso! mais um nefando Sacrilegio!

Que tal diria! A ilha de S.Miguel ha sete annos a esta parte conta já cinco desacatos ao Santissimo sacramento, quaes são os perpetrados no fenaes de vera Cruz, Ponta garça, Rosto de Cão, fajã de Baixo, e agora o do Pico da Pedre, commettido em a noite de 3 para 4 do corrente mez! ...  depois de arrom-barem uma das paredes da Capella da Sacramento... fizeram o mesmo ao sacrario, arrancando-lhe a fechadura, que roubaram juntamente com a Pixide,...”   

7 Out. 1848

(A. Oriental)

Estragos causados por chuvas torrenciais no concelho da Ribeira Grande. Na Ribeira Seca desabaram pontes, ficaram arruinadas quintas, muitas casas e quintais. Na vila, os moinhos de Félix José Ferreira, sofreram consideráveis estragos. “A ribeira grande, que dá o nome á Villa, subio até ao barracão do peixe, levando à praya uma grande porção do quental (sic) de um Tanoeiro - destruindo a mãi dos moinhos pertencentes a Antonio Joze Rebello , e arrazando a caza  d’um homem conhecido pelo Poucaxinho- assim como mais duas que lhe ficavam pela banda de cima. A ponte de João d’Almeida, na mai d’Agua (sic) foi aniquilada, e muitos muros derribados, e bastantes terrenos alagados. Na Longaia, os moinhos do mesmo João d’Almeida foram destruídos pere-cendo nesta occasião uma pequena de 16 annos.No Caminho das Caldeiras, alem de consideraveis estragos, perto de dois alqueires de terreno de Manoel  Ferreira Grota, plantada de vinha, foram inteiramente destruidos, achando se um lado de todo o caminho arruinado, vindo agua até a praça, na qual subiu quatro palmos, grande prejuizo a caza de António moraes na rua da Praça: muitas madeiras e grandes plantas foram arrojadas á praia pelas caudalosas torrentes. ...O Vistozo Cazal do Sr. Luiz Freitas no val das Caldeiras, consta que tanbem fora aniquilado”

7 Out.1848

A.Oriental,n714

Desrespeito pelo Santíssimo Sacramento.

O bispo exprime o seu repúdio pelos “ desacatos ao Santíssimo Sacramento se (tornarem) tornou cada vez mais frequentes nesta ilha.”

4 Nov.1848

“Açoriano Oriental”,nº718

“Occorrencias

Tremores de Terra.Desde as 7 horas da tarde do dia 30, tremores de terra se fiseram sentir amiudadamente até o dia 1º do corrente, sendo mais sensíveis suas ruinas, nas freguezias dos Ginetes- Feiteira, Mosteiro, e Varzea, nesta as habitações de seus consternados habitantes ficaram quasi  de todo destruidas: assim como a sua Egreja.”

6 Nov.1848

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[Manda fazer preces por trez dias, por causa de tremores de terra]

“... em fim tanta immoralidade sem remorso, Sanctificada por móda, amortecida de Deos! e desafiando úm gravíssimo Cas-tigo?!!! se a nossa teimozia Sob frivolos pretextos, presistir rebélde e orgulhosa, em não reconhecer nestes abalos physi-cos, e Sobterraneos, um açoute da Divindade Com que pune a nossa Contumacia, e Castiga a perfidia de Corações corrumpidos (sic) ou Como avisos do Céo, que pervinem a Sua Conversão, e no entanto o mesmo Ceo permittir um abálo Serio, e Completamente decedido, poderemos neste horrivel conflicto, soltal (sic) um suspiro de Contrição, que agrade a Deos, Sem que ouçamos da Sua boca esta terrivél Sentença:- agora é que me busccais?!!! morrêi no vosso peccado!!! por-que sempre desprezastes, e nunca ouvir quizestes meus avi-sos!!! não as tentemos, pois, de espiritos fortes, Amados fil-hos, na presença de um Deos Terrivel, e Vingador, ainda que Benigno, quando manda que a terra trema á vehemenciade...”

25 Nov.1848

Açoriano Oriental,nº721

Consultas gratuitas para oa pobres na rua das Pedras (vizinho de Madre Margarida.

“ Antonio Marianno Thavares; Douto em Medecina, Medico do Partido do Hospital da santa Caza da Mizericordia da Villa da Ribeira Grande, onde se acha estabelecido, desejando tornar de maior utilidade o exercício de sua profissão aos habitantes deste Concelho, a quem é devedor de obséquios ... fás publico que o virá gratuitamente nas casas de sua residencia rua das Pedras numero... os doentes indigentes e pobres, que quize-rem consultar:; e bem assim offerece seus serviços a todas quaesquer outras pessoas que delles se queirão utilisar.”

Finais da década de quarenta e inícios da seguinte

Aconselha-se a leitura das Memórias de Júlio de Castilho, entre outras sugestões.Contém descrições de procissões que nos ajudam a perceber os letreiros do Arcano e o êbfase dado à Paixão. Também fala de presépios.

18 Jan.1849

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[A seguinte Pastoral mmanda fazer preces por tres dias, por causa do desterro do Sumo Pontifice]

24 Fev 1849

“Correio Michaelense”, nº126

Despedida de António Feliciano de Castilho - Pedagogo

“... tendo repentinamente decidido ir a Lisboa, ... carecendo de tempo para pessoalmente se despedir dos seus consocios, e amigos, nesta Cidade, a todos, e a cada um d’elles envia, por este modo, a sua affectuosa saudação, e offerecimento do seu pequeno prestimo na Corte.”

1849 (?)

O jovem José Joaquim de Sena Freitas, futuro cónego, visita  no Natal,  Madre Margarida Isabel do Apocalipse.Na década de noventa iria escrever um artigo sobre a dita.

1849

Fundação da Sociedade Escolastico-Philarmonica da Ribeira Grande por ribeiragrandenses.Dois anos antes, em 1847, por iniciativa de António Feliciano de castilho, fundara-se em Ponta Delgada a “ Sociedade dos Amigos das Letras e das Artes.

25 Ago.1849

Correio Michaelense, nº152

Aproveitam-se os padres dos pulpitos e das vidas dos santos para interpretarem o quotodiano político

“Mais algumas palavras ao clero.

O pulpito continua a ser um campo de combate entre o clero, e a imprensa.Passa-se isso já até mesmo diante do Bispo da diocese, e elle consente-o! É porque lhe apraz.Pois bem; não seremos nós que recearemos, em quanto tivermos accusações a fazer.sabemos que fez uma liga para no meio da vida de cada Santo, aparecer uma polemica connosco.Continuae, continuae, ministros da verdade! “

“ Fev 1849

Fortunato de Almeida, Op. cit. , p.446-448

Dogma da Imaculada Conceição.

“ Pela encíclica Ubi primum de 2 de Feveeiro de 1849, o Santo Padre Pio IX encarregou os ordinários diocesanos de ordenarem preces públicas, para que Deus inspirasse o Sumo Pontífice no negócio do declarar por juízo solene que foi imaculada a Conceição da Virgem Maria; e ao mesmo tempo lhes recomendar que o informassem das tradições e dos sen-timentos do clero em tal matéria. Não era difícil aos prelados portugueses darem ao Santo Padre os mais consoladores testemunhos, porquanto neste reino era antiquíssima, geral e consagrada nos mais solenes factos e monumentos, a piedosa crença na Imaculada Conceição de Nossa Senhora.”

16 Fev. 1849

Nascimento de Teodoro Moniz de Vasconcelos, filho da so-brinha Maria Teodora.

23 Jul. 1849

Fortunato de Almeida, Op. cit. , p. 451

Dogma da Imaculada Conceição.

“ Do Bispo de Angra. Em carta datada de ponta Delgada a 23 de Julho de 1849. Atestava a Sua Santidade que, de todos os verdadeiros católicos da sua diocese, quer eclesiásticos, quer leigos, nem um só havia que não professasse a crença na Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, e que não desejasse de todo o coração e do fundo de alma que essa piedosa crença fosse definida como dogma da Igreja Católica. Expondo os seus próprios sentimentos, professava que a Sa-grada Escritura, a tradição, os Santos Padres e os concílios depõem em favor desta verdade, que considerava absoluta-mente certa. E acrescentava:’ Que mais  se pode dizer, Santís-simo Padre? Nada mais agradável nem mais doce ao meu co-ração, do que ver a santa Sé prestar o mais breve possível à Virgem Mãe de deus a honra que lhe é devida, proclamando-a Imaculada na sua Conceição. Parece-me que hoje nada se pos-sa opor a esta definição, visto que as vontades de todos, os sentimentos, os votos, os desejos de todos se encontram admiràvelmente concordes neste ponto.’ “

11 Out.1849

Registo de testamentos,lv.12

AMRG

Testamento de Madre Micaela do Carmo, egressa do ex-Mos-teiro de Jesus, moradora na Matriz da Ribeira Grande.(freira pobre. O enterro é menos “decente”)

“Disse ella Testadora que quer ser conduzida, de sua caza para a Igreja de sua Freguezia, sendo acompanhada de dez Padres; celebrando-se ahi com assistencia dos mesmos somente o Officio da Sepultura: Com Missa Cantada; e depois com o mesmo acompanhamento, conduzida ao Logar da Sepultura: Celebrando os referidos Padres n’esse dia Missas de Corpo presente, de esmolla de trezentos reis, cada huma; e sendo dia impedido.... que quer que seu herdeiro e Testamenteiro a mande sepultar em hum caixão, como he do costume, e que se não deem esmolla á porta em rasão de ser pobre.”

Vereação 2 Jan.1850

Manoel Pedro de Mello e Silva, filho da prima Umbelina é eleito vereador para o biénio de 1850/1851. O presidente é ainda o Pedro Baptista. Aliás ir-se-à manter por muitos mais. Como seria a sua relação com José Maria?

Vereação 3 Fev 1850

Eleição de Procuradores à Junta Geral

António Manuel da Silveira Estrela é preterido. São eleitos Diogo Taveira e João Soares do canto Albergaria e João Machado Faria e Maia, ambos de Ponta Delgada.

1850

Consagração pública de Madre Margarida Isabel do Apocalipse pela ocasião da comemoração do 1º aniversário da Sociedade Escholastico-Philarmonica da Ribeira Grande por João Albino Peixoto.

“... se a Ribeira-Grande nunca houvera tido outras prerogativas que a ennobrecem, bem nobre se-tornaria só com a gloria de ser mãi de tão illustre filha, que produziu a magnifica Obra, a que dá o nome de arcano,...”

20 Abr.1850

Açoriano Oriental,nº794

Aniversário dos “Philarmonicos da Ribeira Grande.”

“Falla-se que os philarmonicos da Ribeira Grande, se preparam airosamente para o seu festim no dia 20 do corrente, a fim de celebrarem o seu anniversario; e que o seu baile será dado nas cazas do Administrador do Concelho: tambem se diz, que o Club no dia anniversario da Carta da monarchia, haverá baile de estrondo.”

12 Jun.1850

AMRG, Acordãos de 1850-52

Pedido de Madre Margarida para meter “ Hum anel dagoa con torneira do encanamento que vem pella rua do quental da Senhora Thereza Ritta, vezinha em frente, ...”

Década de cincoenta

(1852?)

“Revista Açores”nº39, p.155

Cadeira de Latim na Ribeira Grande. Antonio dos Santos Dias tomou posse da Cadeira de Latim da Villa da Ribeira Grande para “ o magistério não basta saber, é indispensavel saber descer ao nível dos que não sabem, para que a doutrina produza verdadeiros resultados;...”

Década de cincoenta

A praça passa para o local hoje conhecido por “Cascata”, no Largo Dr. Gaspar Frutuosa e em seu lugar constroi-se um “Passeio Público.”

2 Jul.1850

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[Esta Pastoral manda ccantar o Te Deum em acção de graças pelo restabalecimento (sic) do S.P.]

“ A humilde e incepiente (sic ) oração d’afflita, Consternada Esposa do Cordeiro immaculado penetrou em fim as nuvens; Deos ouvio compassivo Seus Lamentos, Cordeas ( sic) gemidos, ternos suspiros em favor do exilado Representante, na terra d’este manso Cordeiro.Sim, o chefe Visivel da Sua Sancta Igreja, o Vigario de seu charo Filho, que mão inimiga, atroz e vehementemente outra óra (sic) fez arrebatar da Sede da Orbe Catholico ja á esta regressou no dia doze d’Abril ultimo com magnificencia, Solemnissima pompa, no meio de regosismo (sic) digo regosijo, justo aplauso, e vivissimo Contentamento.”

7Set.1850

“O Açoriano Oriental”,nº813

Enterramentos

“ Decreto de 21 de setembro de 1835-Diz o artigo 132: - O Paracho, ou qualquer Ecclesiastico beneficiado, que desde que o cemiterio estiver designnado, e benzido, consentir que algum cadaver seja enterrado dentro dos templos, ou fóra do cemitério, será pelo simples facto privado do beneficio, e ficará inhabil para obter outro.”

 

5 Out.1850

Açoriano oriental,nº817

Feiticeiras.

“A Freguezia da Achada, e outras contiguas, estão innundadas de feiticeiras. A desmoralização vai ali em um progresso assustador. E a causa está onde devia estar o remedio.”

28 Dez.1850

Açoriano Oriental,n830

História do Antigo e Novo Testammentos...

“ Acham-se, de novo á venda, em casa do senhor Cardoso e Albergaria, numero 2, os Apontamentos geraes da Historia do antigo, e novo testamento, e Historia Ecclesiastica...”

28 Fev.1851

Conta de Farmácia

Madre Margarida Isabel-Conta de Farmácia.

“ D.Margarida Izabel do Apocalipce de---- $480” Seria o Francisco Maria Supico Boticário?

26 Abr.1851

Açoriano Oriental,nº847

O conto do vigário nas ruas da vila.

“Á autoridade competente pedimos providencias sobre o que se segue; afim de evitar a continuação d’enganos e ilusões com que algumas pessoas teem sido ultimamente mimose-adas, e prevenir incautos para que se não deixem illudir. Ha dias que andam por essas ruas uns rapazes a vender cordões que dizem ser d’ouro, mas que deste precioso metal só teem o nome; devendo notar-se, que quando isto se faz na cidade, que não irá por essas freguesias ruraes! Não ha muito tempo na Ribeira Grande impingiram n’uma casa um ou dois cordões, e o que admira e uma das mulheres, donas de casa, não querendo proceder de leve em tal compra, foram mostrar o supposto ouro a um ourives d’aquella villa, e elle disse ser bom ouro!...

Eis aqui o que succede ahi por fora, e o que talvez continuará a succeder aqui mesmo na cidade, se não forem punidos severamente esses rapazes ociosos e vadios, que andam especulando com os incautos, roubando-lhes dinheiro a troco de metal amarello.”

5 Jun.1851

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[Pastoral a respeito do Jubileo de 1851]

“ Cumpre insinuar aqui o que em cada úma (sic) d’estas vesitas haveis de fazer para Lúcrar as superabundantes graças d’indulgencia, que da inexhausta (?) fonte de merecimentos do salvador vão correr sobre vossas penitentes almas. Que é que deveis fazer e praticar  nos templos sagrados- nas casas d’oração- diante da Magestade Divina, que ahi habita sacra-mentado, como no Céo, em Throno de gloria, cercado de Seu explendor, acom- Acompanhado d’Anjos e santo, que inces-santemente o respeitão, adorão e Louvão?... Penetrados do mais vivo sentimento do vosso nada; confiados nas misericor-dias do Senhor, cobertos de Lucto quaes outros antigos peni-tentes, banhados em pranto por vossas ingratidões tantas á elle feitas,...”

7 Nov.1851

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[ Transfere o JeJum de S.Mathias, e concede o uso d’ovos, e lacticinios na quaresma futura. ]

9 Dez,1851

Registo de testamentos, lv.15

AMRG

Testamento de Madre Maria Candida de Assis, religiosa egres-sa do Mosteiro de Jesus da Ribeira Grande. (moradora na Vila)

 

24 Dez.1851

“Revista Açores.”,nº52, p.205-206

Artigo de Luiz Filippe Leite intitulado “ A Noite do Natal.”

“..., uns braçados de feno em presepe mal colmeado, o desemparo e humildade, em quanto os Cezares em sua omnipotencia ephemera dispõe da orbe. Porem que inefavel não é a harmonia dos Ceos! O Unigenito do Eterno, o salvador que as alturas radiantes da immensidade celebram com hosanas, vêde-o nos braços da Virgem-Mãe; vêde quanta innocencia e magestade, amoravelmente se confundem nesta vinda do Homem-deus!...

Alli, ao pé do altar, as florinhas que o hinverno reservou a exparzirem fragranciasa misturarem os seus perfumes...as nuvens d’incenso que o ancião faz subir em redor do berço do recemnascido! O orgão a encher as naves do templo, com mysticos devaneios, o povo ajoelhado e feliz, os sinos lá do alto do campanario, ...a levarem com a viração da madrugada, que já vem perto, um echo de saudade e esperança ao velho enfermo que no leito de dor, e com os olhos no céo aguarda pela confirmação do que o seu  bom anjo lhe tem promettido quando resa com fervor.”

Vereação 4 Jan. 1852

 Manoel Pedro de Mello e Silva aparece como Presidente In-terino.

18 Abr. 1852

Registo de Alvarás

Manoel Pedro de Melo e Silva está a construir um moinho e pede autorização a José Maria da Câmara Vasconcelos para junto ao aqueduto que foi das freiras fazer uma ponte.

Duas observações:

1- Por esta altura surgem inúmeros moinhos aproveitando o fim do monopólio do Conde da Ribeira Grande (1766 ?). Exis-tem discussões com os reprersentantes deste que parecem fazer tudo para dificultar a vida aos novos moinhos. A autar-quia toma partido pelos novos moinhos.

2- José Maria surge num documento da época a confessar que estava em dificuldade financeira. O filho era dono e senhor de muita coisa. José Maria comprara o Convento por uma pe-chincha, ao que parece, comprou vários matos. ( outro documento notarial), porém as coisas não lhe teriam corrido bem. Seria só a aparência? Seria necessário, estudar e seguir o percurso destes novos liberais. Daí ainda em 1856 a sua tirada contra os vínculos? Ele parece saber o que fazer. É de acordo com o fim de todos os vínculos, com o abaixamento de impostos, com o livre comércio baseado nas exportações do que a terra produz. Até diz que há progresso.

24 Abr. 1852

“Açoriano Oriental”,nº899

Terramotos

“O terror que deixou impressionados todos os animos ainda se não dissipou de todo, nem é possível, por quanto o terramoto violento da noite de 16 de Abril, que ameaçava subverter todo esta ilha causou impressão e effeitos terríveis.”

30 Out.1852

Visitas e Pastorais,nº4

APMRG

[Pastoral sobre a Bulla da Cruzada]

17 Mar. 1853

Conta da Farmácia

Madre Margarida Isabel do Apocalipse-Conta da farmácia.

“ Madre margarida do apocalipce--- $400”

 

Vereação 19 Maio 1853

A vereação condena as faltas sistemáticas e injustificadasde comparência às reuniões de Manoel Pedro de Mello e Silva

21 Set 1853

Madre Margarida escreve uma carta  à sua única sobrinha, Dona Maria Teodora,filha do seu irmão Teodoro José e da sua mulher D.Maria Augusta de Vasconcelos ,Fala das suas moléstias, da sua idade, lamenta-se do incómodo que lhe causam as visitas ao Arcano.A sobrinha viera visitá-la e “gratificara-lhe” por ter visto o Arcano. A tia relembra-lhe que não o faz com ninguém e aproveita a ocasião para relembrar-lhe e à mãe, viúva  de seu irmão Teodoro José do legado que a família do irmão é obrigada:” Recebi trinta e dois alqueires de trigo a presso de sinco sentos reis a conta de vinte mil reis de lagado (sic) que são obrigados a pagar os Herdeiros de meu Irmão Theodoro.... e para Clareza de Contas ficão Suas S.as deuendo (sic) quatro mil reis ,, Vençido a dois de Agosto de mil outo Senttos a Sincoenta e tres, passo a prezente quitação ..”  Manterá Madre Margarida com a sobrinha uma relação pelo menos cordial, já que em seu testamento, lhe deixa algo. O mesmo não poderemos dizer da cunhada, a julgar pelo silêncio da  documentação que dispomos. Ou pela ausência de referência à cunhada no seu testamento.O não pagamento de toda a quantia estipulada por testamento pôde querer dizer que a cunhada experimentou-a.Estava velha e preparava-se para fazer, como fez, o testamento, decerto poderia perdoar o que restava. Mas não o fez.

Vereação 16 Dez.1853

CMRG

Morte de D.Maria II. Exéquias locais.

“...fazer a maior decencia e pompa um funeral pela morte da mesma Augusta senhora, praticando-se n’essa occasião o que for d’estilo e hoje conveniente fazer se por morte dos Senho-res Reis de Portugal, tudo quanto as forças do Cofre deste Mu-nicipio comportaremm...”

 

1853 (?)

Construção da ermida de Nossa Senhora da Saúde nas Caldeiras por influência dos moradores e frequentadores do local ( Madre Margarida foi uma frequentadora ) em torno de um antigo frade franciscano.

“...; da invocação de Nossa Senhora da Saude; fundada ha poucos annos fundada ( o prior Cabral de Mello escreve em 15 de Agosto de 1858) por Dona Izabel Margarida Bottêlho, sua família e outras pessoas devotas, a instancias do Sabio, e virtuoso Padre Mestre Frei José da Purificação da extincta Ordem de San Francisco, meu Sancto Patriarcha .Neste Inventario tem de renda d’um juro 2 4oo rs.”

1854

Madre Margarida consegue obter  licença e posse  de uma ca-pela que pertenceu aos antepassados do Morgado Gil Gago da Câmara. Pretende utilizar a capela para promover o culto da sua Imagem de São João Evangelista.

21  Mar.1854

Testamento de Madre Margarida Isabel do Apocalipse.

No livro do Padre Jesuita Estevão de Castro “ Breve Appa-relho, e modo facil para ajudar a bem morrer hum Christão”, Évora, 1672, vemos a importancia que a igreja dedica aos testamentos como veiculos de salvação das almas. O de Madre Margarida parece ter seguido um modelo semelhante ao ali proposto. Este livro encontrava-se na Igreja da Concei-ção. Mostra Margarida como uma cristã formalista e obediente.

Deixa  por seu  “ Universal herdeiro Gelazio Silverio Botelho de Sampaio, meu parente, assistente em parte do Brazil, e declaro por meu Universal herdeiro de tudo o que não se a-char abaixo désta Verba declarado em hum rol feito por min-ha propria Mão,... , Conformando-me em tudo que o aponta-mento declarar, como eu neste meu Testamento fica explicado para outras pessoas, assim como deixo a Dona Maria Theodora, filha de meu Irmão Theodoro José Botelho de Sampaio já defunto, huma linha de Aljófar; hum Christo de ouro fino, huns armarios de pão preto com effeites (sic) de Marfim, huma Bandeija grande de chá com o seu trem, e mais alguns moveis.... , deixo à Santa Caza da Misericordia d’esta Villa, alguma Roupa branca de linho para tracto e limpeza de meus irmãos doentes,...elêjo por meus testamenteiros o reverendissimo senhor Padre prior da Matriz désta Villa, e minha Prima Dona Anna Umbelina...” Adiante descreve o modo como pretende ser sepultada. Descreve igualmente o altar e a festa de São João Evangelista.Doa à Confraria do santíssimo sacramento da Igreja Matriz da Ribeira Grande as três casas que possui para “ os Administradores da contem-plada Confraria do santissimo pôr o seu valor em rendimento, e dísse dar par a alampada da Capella do sagrado Evangelista São João, azeite doce annualmente, de noite e dia; e na Se-gunda Outava da Festa de todos os natais vindouros, haverá Missa Cantada com Sermão,...”  Refere muito de raspão o Arcano Místico. No rol alarga o âmbito dos beneficiários do seu testamento às suas criadas, a uma Ana Jacinta da Ribeira Seca. Exprime carinhosamente a amizade que a une à prima Ana Umbelina “... em lembrança do Amor, com que me tratou com propria caridade, sem interesse ( contraste com a cunhada ?), nem dependencia que de me precizasse a minima gratidão...” Ainda em contraste, surge Jé em 1858, pela voz do irmão da cunhado uma acusação ao modo como o testamento teria sido feito sob a influência perniciosa do confessor e das crises de loucura que a consumiram tempos antes da sua morte.

10 Maio 1854

Visitas e Pastorais

APMRG

[Pastoral sobre a guarda dos Domingos e dias sanctos]

“... ,Levámos ao vosso conhecimento a benigna deliberação que tomou este Summo Pontifice que então presidia á Igreja de Deos, de vos dispensar d’ouvirdes Missa numa grande par-te dos dias santificados do anno, para se empregarem nos trabalhos servis, aquelles que possua indigencia...” 

2 Jun.1854

Acordão da SCMRG

Festa da Visitação a Santa Isabel a cargo da Santa Casa da Misericordia da Ribeira Grande.

Verreação 7 Jul.1854

José Duarte Pacheco, marido de Umbelina, pai de Manoel Pedro, participa numa reunião  de aprovação de orçammento suplementar.

8 Dez.1854

Fortunato de Almeida,Op. cit. , p.449-450

Dogma da Imaculada Conceição

“ Finalmente o dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo Sumo Pontifíce, co grande solenidade, no dia 8 de De-zembro de 1854, em presença de numerosos cardeais, arce-bispos e bispos do mundo católico. Também estava presente um prelado português, o Patriarca D.Guilherme.”

20 Fev.1855

Visitas e Pastorais

APMRG

[ Trata d’um Edital do Commissario geral da honesta Crusada]

16 Mar.1855

Fortunato de Almeida, Op. cit. , p.450

Dogma da Imaculada Conceição.

“ não tardou que fosse dado o beneplácito régio às letras apostólicas inneffabilis Dei sobre a definição dogmática  da Imaculada Conceição. Autorizada o beneplácito por lei de 16 de Março de 1855, foi ele concedido por aviso régio de 16 do referido mês. Nele se determinava que aquele notável docu-mento pontifício fosse publicado na folha oficial do governo no texto latino e em vulgar; e inculcava-se aos prelados que nas respectivas catedrais, e do mesmo modo em todas as co-legiadas, paróquias e templos das casas religiosas e de quaisquer estabelecimentos pios, se fizessem festivas de-monstrações de júbilo e se rendessem graças a Deus, ‘ por ha-ver inspirado, com a luz do seu santo espírito, ao Pai comum dos fiéis... “ Diz que Maria é uma poderosa intercessora do reino de Portugal. Margarida não era a única.

7  Maio 1855

Conta de Farmácia

Madre Margarida Isabel do Apocalipse-LEGADO

“ Madre Margarida Izabel do Apocalipse.. por hum Lega-do....$24o “

       19 Jun.1855

    Visitas e Pastorais

APMRG

[ Encyclica de Sua Santidade, com Indulgencia plenaria em forma de Jubileo]

“... a Mae de Deus a Immaculada Virgem Maria, a qual é a mais porpria (sic) e a mais poderoza Intercessora na prezença do Altissimo e é ao mesmo tempo Mãe da Graça e de misericordia, invoquenos depois o patrocinio dos bem aventurados Apostulos (sic) Sam Pedro, e Sam Paulo, e de todos os Santos da Corte do Ceu, que vivem com Jezus Chris-to na morada Celeste=“ 

30 Jun.1855

Açoriano Oriental,nº1065

Procissão penitencial pela falta de chuva na Ilha Terceira.

“ Na ilha Terceira Soffria-se falta de chuva; mas os fieis protegidos pelo seu clero, fizeram preces e procissões de penitencia; ás quaes muita gente de... lavada concorreo, e com felicidade tal, que seus rogos, sendo ouvidos, o Pae do Céo mandou que chovesse; pelo que ... fizeram cantar na igreja da misericordia um Te deum em acção de graças pelos beneficios recebidos, assistindo o governador civil, e mais algumas auctoridades, povo, mulheres, e senhoras, etc etc...”

 

14 Jul. 1855

“O Açoriano Oriental”,nº1067

“ Dizem-me da Villa da Ribeira Grande, que dando-se alli ha mais d’um mez á terra os cadavares de Francisca de Jesus e de Francisco do Rego, por alcunha o Maroto; que ha poucos dias foram desenterrados, fazendo-se-lhes recolher as entranhas a um vaso, e que não obstante os mortos não serem criminosos, lhe metteram por cautella os restos mortaes na cadêa.”

14 Jul. 1855

“O Açoriano Oriental”,nº1067

Chegada do orgão da Matriz da Ribeira Grande.

“ Não posso deixar de lhe communicar a satisfatoria noticia de ter chegado de Lisboa o orgão de Nossa Senhora da Estrella, da villa da Ribeira Grande, ha muitos annos encom-mendado ao padre fr. Agostinho. Finalmente chegou, e parece que lá foi conduzido para a villa acompanhado por pessoa que, primeiro que ninguem, quer ouvir guinchar os canudos.”

19 Jul. 1855

“Requerimentos”

AMRG

“ D.Maria Roza do Rego-Matriz-Pedindo terreno no Cemiterio da Freg.a p.a um jazigo-Defferido.”

26 Jul.1855

“Requerimentos”

AMRG

“ Manoel José d’Almeida- Conceição- Pede licenca p.a lancar p.la rua de S.Sebastião abaixo a agua da rega afim de derregar com esta 5 alq. de terra que tem por sua na m.ma rua-Defferido”

12 Ago. 1855

Visitas e Pastorais nº4

APMRG

[Trata da definição do Dogma da Immaculada Conceição de Maria]

“ A Immaculada Conceição da Santissima Virgem, Mãi (sic) do Divino salvador, fica sendo d’ora em diante, um artigo explicito da Santa Fé Catholica, no qual todo o fiel Christão tambem fica obrigado a acreditar com tal firmeza, que aquelle que se ... em contrario ao decreto Referido por palaura, por escrito, ou por qualquer outro modo, fique entendendo que se condemna por seu proprio Juizo naufraga na fé separa-se da unidade da Igreja e incorre nas pennas estabelecidas em Decreto digo em Direito:”-dada em Ponta delgada por Frei Estevão, bispo de Angra.

Vereação 24 Set.1855

CMRG

Aclamação de D.Pedro V (manoel Pedro Mello e Silva, filho da prima era vereador)

“... que sejão de grande galla os dias vinte seis- vinte sete e vinte oito do corrente mez ....que houvesse illuminação nos Pacos (sic) do Concelho nos referidos dias...”

 

3 Nov 1855

Visitas e Pastorais nº4

APMRG

[Dá providências sobre a admidssão a ordens.]

Vereação 6 Dez.1855

CMRG

Construção de uma doca no porto de Santa Iria.

“Constando a Camara que a Junta Geral d’este Districto existe hum Mappa ou plano da Construcção de huma Doca no Porto de Santa Iria com seu competente orçamento de Despe-za, feito pelo Enginheiro Jozé Luiz Lopez Director d’Obras Pu-blicas n’este Districto...”

17 Fev. 1856

Caetano Moniz de Vasconcelos marido da sobrinha Teodora, membro do Conselho Municipal, aparece a assinar um auto de eleição de três Procuradores à Junta Geral.

28 Fev.1856

Visitas e Pastorais nº4 APMRG

[Dá novas providencias sobre as Missas pro populo, explicação do Evangelho, e Doutrina; e manda transferir os jejuns dos dias santos supprimidos para o Advento.”]

Vereação 7 Mar.1856

CMRG

Mau estado dos caminhos vicinais devido às chuvadas dos dias anteriores.

“... houje os Concertos indispensaveis nas Estradas Visin-haes, quasi completamente arruinadas pelas chuvas d’estes ultimos dias, ...”

Vereação 11 Abr.1856

Atente-se .

A Câmara presidida por Bernardo Manuel da Silveira Estrela aconselha-se acerca da aquisição de uma nesga de terra junto à ponte da praça, hoje parte integrante dela, única até então, com Luiz Alberto de Medeiros Machado, Reverendo Padre José Caetano Dias ( está no testamento de Madre Margarida ) Francisco de paula Mello Velho Cabral, José Duarte Pacheco ( marido de Umbelina ) José Maria da Câmara Vasconcelos ( o nossso José Maria) José Paulo da Rocha ( que irá arrendar a casa de Madre Margarida) Manoel Pedro de Melo e Silva ( que ser´+a testamenteiro de Margarida), Bento Joaquim Soares de Mello ( parente deste último, participante em diversos episódios do liberalismo e fiador de Madre Margarida quando esta arrendou a casa ao sair do convento) , José d’Arruda Botelho e Jorge Botelho Pacheco.

Madre Margarida, como se depreende, estava  bem relaciona-da.

Vereação 18 Abr.1856

CMRG

Calçadas.Especialmente na rua das Pedras, a dois passos da casa de Madre Margarida Isabel do Apocalipse.

“... foi authorizado o Prezidente a mandar fazer a Calçada da rua das Pedras da Freguezia Matriz desta Villa a mandar fazer o Concerto do caminho e Val das Caldeiras, e a mmandar os Reparos no caminho Novo no Sítio do Monte de Paullo Mello,...”

Maio de 1856

Maio

Ribeira Grande

Tanto quanto sabemos,“A Estrella Oriental” da Ribeira Grande, é o primeiro jornal açoriano a surgir, fora dos concelhos de Angra e de Ponta Delgada. Era seu redactor, a julgar pelo número três, Francisco Maria Supico.Ficando então a tipografia na antiga rua do Valverde, hoje troço nascente da rua do Passal. 

Vereação 31 Maio 1856

CMRG

Novo Mercado.Começa-se a querer mudar o antigo. ( este ficará mais próximo da casa de Madre Margarida Isabel do Apocalipse)

“... para se arrematar para sempre a Caza e quintal dos herdeiros de Antonio Pinto Taveira, situada junto ao Adro da Matriz d’esta Villa, onde a Camara Municipal da mesma tem projectado fazer hum Mercado,...”

 

11 Jun. 1856

“Estrella Oriental”,nº3

Ribeira Grande

Mais uma consagração pública de Madre Margarida.Félix José da Costa que teve “ a fortuna de entrar na caza nº4, da rua direita de João d’Orta,...” assina um artigo no número três do nóvel Jornal “A Estrella Oriental” intitulado “ O Arcano da Freira” no qual descreve a sua experiência.

18 Jul. 1856

“Estrella Oriental”, nº4

Noticias locais.(Ribeira Grande)

O imposto de bebidas “espirituosas” rendeu nas freguesias da Matriz e da Conceição da vila 208 130 reis. A mortalidade no mês de Maio atingira as 21 pessoas, a saber: na Matriz, sete homens, uma mulher, na Conceição, um homem e duas mulheres , em São Pedro, três homens e quatro mulheres, duas mulheres no Hospital e uma Exposta.

Em Janeiro falecera na Maia um viúvo com 110 anos chamado Pedro João de Rezendes.Constaria do Registo Civil do mesmo lugar.

No comércio local os preços variavam. Os preços dos cereais por alqueire variavam entre um minimo de 460 reis o alqueire de milho e os 850 de trigo. A fava andava nos 500 reis, o feijão branco  como o de cor custava 900 reis. A farinha de milho valia 480 reis. Quanto aos chamados “Generos armazenados” o açucar de lasca valia 200 reis a libra, a caixa custava 160 e o mascavo 130. O chá variava entre os mil e mil e oitocentos reis. O café custava 200, a libra de arroz 100 e a canada de azeite doce 800.O peixe a 720, o vinho a 320, o vinagre a 240, a aguardente a 960  e o libra de velas de sebo variava entre 200 e 240 reis.

Leilão

“ Nos dias 29 e seguintes do corrente mez, na rua do Valverde e caza nº 31 hade haver leilão de mobilia, que consta de cadeiras e bancas de sala maogne- leito á franceza de maogne- dito de vinhatico- meza de jantar para doze pessoas, de maogne, dito de vinhatico para quatro- banca para escriptorio- lava mãos- cadeirado de vinhatico- trem de chá- louças- vidros-cama e mais objectos que serão patentes.”

Um desastre. Hontem 16 do corrente seriam nove horas e meia da manhan pouco mais ou menos, quando nesta Villa se sentio um estrondo semelhante a um tiro de peça de artilharia simultaneamente acompanhado d’um pequeno aballo que fez tremer os edifícios. Muitos habitantes julgaram que aquelle estrondo seria devido a rebentação de pedreira a fogo, na proximidade da vila, e outros que seria alguma erupção volcânica.Hoje porem consta-nos que a causa daquelle estrondo, foi a terrivel explosão que houve no Paioal de polvora da cidade de Ponta delgada, ficando este reduzido a um montão de ruínas. foi grande o susto e a consternação que causou um tal acontecimento a todos os habitantes da cidade e suas immediações, muitos edificios ali ficaram arruinados, calculando-se em grande somma os estragos que sofreram. Não sabemos ao certo o numero de victimas que desgraçadamente pereceram naquela explosão, constando-nos tão somente terem morrido 3 soldados, o Capitão Figueiredo, e o Major santos, encontrando-se o cadaver de alguns destes a 50 paços de distancia do sitio da explosão.”

2 Jul. 1856

“ A Estrella Oriental”,nº6

“ Festas de São João.- No dia 23 de Junho passado, na praça d’esta villa houve um lindo e variado fogo de vistas; foi grande a concurrencia de expectadores. A praça achava-se embellesada com grande numero de bandeiras, e arvorisada; notando-se no centro uma grande e linda roseira do Japão, tendo 4 metros d’altura, e 8 a 0 de circunferencia, parecendo aos expectadores um novo Eden á margem da grande ribeira. No dia 24 na Egreja Mizericordia velha, celebrou-se com toda a pompa e solemnidade, uma missa cantada; acompanhada de Piano e Rabecão, cantou o Illmº Sr. Antonio Julio Mello, a pedido de varios amigos, do que em geral muitissimo agradou a todos os concorrentes. A igreja estava ricamente ornada, e foi numeroso o concurso de pessoas d’um e outro sexo.

No dia 23 á noite houve egualmente fogo de vistas na freguesia de S.Pedro na Ribeira Secca, tocando a Philar-monica variadas peças de muzica nos entervalos, ao que fez concorrer grande numero de expectadores. No dia seguinte teve logar a festa de São João, na Egreja Parochial da mesma freguezia; que se achava decentemente ornada, havendo muzica cantada acompanhada de muzica instrumental Philarmonica, foi orador o reverendo ...” Todo este ambiente se reflecte no Arcano Místico. São os músicos, são os ambientes festivos de interiores, são ainda a própria celebração de certos santos.

“Festividade de S. Pedro. - No dia 28 á noite houve arraial no largo da Egreja, ornado de muitas bandeiras e fogo de vistas. A Philarmonica tocou muito bonitas e variadas peças de musica (sic) , sendo numerosa a concurencia tanto d’esta villa, como das immediações.”

Atente-se na primeira descrição que conhecemos das Caval-hadas de São Pedro.

“No dia seguinte houve missa cantada acompanhada pela Philarmonica, sendo orador o reverendo benevides, Beneficiado da Matriz de ponta Delgada. Acabada a função reuniram-se os festeiros da primeira Dominga do Espirito Santo d’aquella freguezia e Lomba de santa Barbara ricamente vestidos, e montados em cavallos com as  bandeiras do Espirito Santo largas, assim percorreram as ruas de todas as freguezias d’esta villa, sendo seguidos d’um variado numero de mascaras.

No mesmo dia ( 29) pegou fogo n’um molho de girandolas no Eirado da torre da Igreja de S.Pedro, as quaes incendiando-se todas ao mesmo tempo, produziram uma explosão, que se ia tornando funesta aos individuos, que alli se achavam, mas felizmente não houve acontecimento algum desagradavel.

Incendio. -No dia 28 houve um incendio em 2 cafuões de lenha no lugar da Lomba de santa Barbara, suburbio d’esta villa ao qual acudiram os habitantes do mesmo lugar que promptamente se extinguiu, não havendo prejuizo consideravel.

destacamento.- Hontem 1 de Julho, passou por esta villa o que vai render o da villa do Nordeste, commandado pelo sr. Tenente Rapozo.

Suicidio.- Consta-nos, que, ha dias, suicidou-se uma mulher no Logar da Achadinha, lançando-se ao mar.dizem que antes fizera algumas disposições por sua alma.

9 Jul. 1856

“A Estrella Oriental”

Ribeira Grande, nº7

Aviso de Madre Margarida no jornal ribeiragrandense para que o público perceba que “... attendendo á avançada edade ( 77 anos feitos em Fevereiro ), e molestias d’esta Senhor, carece dos socorros da medicina, assim como de tempo, e repouso para completar, e aperfeiçoar o seu Arcano, pelo que muito sentimento tem em não poder desde já franquear sua habitação, como d’antes; esperando ser benignamente attendida à vista das actuaes circunstancias.”

Festa de S.Isabel Rainha de Portugal no Domingo 6 de Julho.

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N’esta Typographia na rua do valverde nº2 vendem-se os seguintes livros de instrução: Breve Compendio de Doutrina Christã- Principios de Arithmetica, para uso d’aquelles que frequentam as escholas d’instrução primaria- Grammaticas Portuguezas, pelo Padre Jeronimo Emiliano de Andrade- O Expositor Portuguez- resumo da Historia de Portugal....”

 

16 Jul. 1856

“A Estrella Oriental”, nº8

“Advertencia. Para os que desejam a erudição.” Artigo de João Albino Peixoto que surgirá, capítulo a capítulo, em diversos números do jornal e que versará sobre conhe-cimentos bíblicos e a sua relação com episódios e tendências intelectuais da contemporaneidade de então com os quais o autor discorda. Tornam-se interessantes para penetrarmos na mente de então.

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“Manoel Pedro Teixeira Gaipo com tenda aberta na rua Direita d’esta Villa Loja nº29, annuncia ao respeitavel publico que faz caixões com o maior aceio possivel, dando todos os necessarios para os mesmos; quem d’ora em diante os quizer dirija-se ao mesmo, que será servido com pontualidade, e por preço commodo.”

24 Jul.1856

Oficios Recebidos

CMRG

Vias de comunicação.Melhoramento po pavimento.

“ ...macadamisação da Rua que da praça vai até a pr.a fonte na Estrada da Ribeirinha”

30 Jul. 1856

“A Estrella Oriental”,nº10

Noticias Locaes.

Procissão- Temos noticia que o senhor santo Christo dos Terceiros e a senhora da Piedade d’esta villa, saem á tarde em procissão para os Christãos emplorarem á Sua Divina misericordia o socorro de chuva; por causa da grande sêcca, que se sente.

Um desastre.- no dia 15 do corrente no logar do Porto Formozo, ficou submergido debaixo d’uma pedreira, joão d’Araújo do dito lugar, que alli se encontrava tirando um pouco de tetim, sendo depois tirado o corpo despedaçado.

Cartas existentes no correio d’esta villa: António Joaquim de Miranda, D. Margarida do Rego Quintanilha...”

Correspondência de Francisco Maria Supico:

“ A Cintra Michaelense, esse lindo e pittoresco Valle das Furnas, principal maravilha que a natureza a esta terra offertou para conquistar o respeito aos naturaes e admiração aos estranhos, acha-se presentemente abrilhantada pela concorrencia da principal Sociedade d’esta Ilha. N’esta quadra, é sempre procurado aquelle prodigio da natureza, pedindo-lhes uns a rehabilitação da saude perdida; e outros um refrigerio á imteperie (sic9 calmoza, ou uma innocente distração aos cuidados domésticos.”

16 Ago.1856

Açoriano Oriental,nº1124

Falta de chuva na ilha e na  Ribeira Grande e preces públicas.

“ Parabens! Parabens! Eram as palavras que os habitantes des-ta cidade trocavam uns aos outros na manhã de Sabbado pas-sado! E na verdade, 3 horas de chuva ao anoitecer da sexta-feira, fez desapparecer, quasi de todo, a crise alimenticia! Não teve logar a procissão de penitencia, nem tão pouco orou na Matriz o Rogerio, e o Borges em Sam-Pedro; comtudo (sic), sempre prégou na Estrella o J.Albino.” (Peixoto)

20 Ago. 1856

“ A Estrella Oriental”, nº 13, Ribeira Grande

Artigo de João Albino :” Ribeira Grande! amavel ninho do reverendo Eloi, a cuja ampla esphera tem dignammente honrado uma luminosa côrte! tu, que não menos te podes gloriar de ter dado á illustre Auctora do admiravel Arcano,...”

Barco para o Brasil.

Annuncios. Para o Rio de Janeiro.

Seguira com brevidade o Patacho Alfredo, surto no ancora-douro de Ponta Delgada: quem quizer ir de passagem dirija-se ao escriptorio de Germano ...”

23 Ago.1856

Açoriano Oriental,nº1125

Cholera Morbus na vila.

“ Pedro José Baptista, bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, substituto em actual exercicio do administrador do concelho da villa da Ribeira Grande  aos seus habitantes. Por quanto é sabido que pelo peccado her-dado do primeiro homem commettido no Paraiso, foi imposta a pena de que a par da sua vida com ella seria congenita a semente da morte, mas que para gloria do Seu Creador, reconhecimento e gratidão das creaturas, deviam estas a bem da maior duração da sua existencia, repulsar tudo quanto a esta se opozesse,... por isso estando nos em geral, e em particular habitantes deste concelho, ameaçados hoje d’um flagelo, que com quanto congenito, todavia insolito neste archipelago- a Cholera morbus.-”

27 Ago. 1856

“A Estrella Oriental”,nº14

Roubos.

“Luiz Bento, da Lomba de Santa Barbara, annuncia ao publico, que vai por abrolhos em uma quinta sua, sita á Mediana.”

3 Set. 1856

“Estrella Oriental” nº15

“Remedio Espiritual para a cholera-morbus.”.Todos sabemos que somos filhos de um Deus Todo-Poderoso, infinito em sabedoria, Providencia, Sanctidade, e Misericordia. Somos filhos seus, e não do acaso. Esta ordem natural de sucessos, que a cada instante vemos seguir-se no Universo, em nada procede da fatalidade; por mais que algumas vezes o-queiram assim suppor.”

“Deus, que é a Origem de tudo, ao mesmo tempo, que por uma ordem de causas, e effeitos, é quem por sua livre vontade produz todos os flagellos, quando a seua altos designios convem; pela mesma maneira os termina quando é do seu altissimo beneplacito...” Os castigos e são adver-tências para nosso bem, diz João albino Peixoto, o autor do artigo. Devemos nos arrepender. Caso contrário Deus redobrá-los-à.Este temática será continuada em outros números.

Vereação 10 Set.1856

Em sessão extraordinária, com a assistência do Administrador do Concelho, o Doutor Pedro José Baptista, José Maria, como “ cidadão inteligente e habilitado, participa, esquecido da afronta que sofrera em 1847. Brandos costumes. A idade e o tempo atenuaram as divisões. Além do mmais estava lá Bernardo Manuel da Silveira Estrela, parente do António Manuel com quem andara desde sempre.O que dizer de Mano-el Pedro , do pai e do tio que também participaram? E de novo na vereação seguinte. Naquela José Maria, Manoel Pedro, António Manoel da Silveira Estrela, o reverendo José Inácio Ferreira, José d’Arruda Botelho e Jorge Botelho Pacheco foram convidados a formar uma comissão para estudar alguns quesitos enviados pelo governador do Distrito. Responderam sobre o quesito sexto que tratava das subsis-tências.

Primeiro, opinaram eles, que a liberdade de comércio trará simultâneamente a felicidade e a desgraça. Os desprotegidos tinham que ser protegidos pelo estado com o produto dos impostos.Invectivaram os vinculos que ainda persistiam , foram contra o excesso de taxas, contra a falta de protecção dos pescadores de Rabo de Peixe.A falta de liberdade de comércio produz o contrabando. Desaconselhavam o espírito centralizador  e concluiaram que “ a legislação actual é filha da ditatura ressente-se da sua origem...” Comércio livre, sim senhor, mas protecção aos que inevitavelmente sofrerão com isso. Tal não seria posto em prática em vida de nenhum deles. Desenvolverão estas ideias em torno de um projecto que se exprimirá através do Jornal “A União”

18 Set.1856

Registo de testamentos lv.13

AMRG

Testamento de outra freira moradora na rua Direita da vila da Ribeira Grande-Parecenças com o de Margarida

(Sustentação do culto de uma imagem; enterro com colegia-das, obras da Misericordia...).

Testamento de Dona Eufrasia Peregrina do Dezerto, freira egressa, tal como Margarida, do Convento de Jesus da Ribeira Grande. Tal como Margarida também Madre Eufrasia destina o seu enterro com as colegiadas etc. Todavia comprou um jazigo no cemitério. de Margarida nada sabemos.

Tal como Margarida também fez um trato com uma Confraria do Santíssimo:

“Disse que deixa á Confraria do Sanctissimo da Matriz da São sebastião da Cidade de Ponta Delgada, a quantia de cem mil reis, que a respectiva meza dará a Juro da Ley com segura Hypotheca, para que este Juro se applique nos ornatos e culto da Igmagem  (sic) de Nossa Senhora da Soledade que ella Testadora cedeo á dita Confraria em troca de uma outra Igmagem da dita invocação; e quando de foturo (sic ) por alguma Ley, ou Ordem do Governo se pretenda dar à dita quantia alguma applicação diversa da aquella que ella Testadora determina, em tal caso, passará immediatamente a mencionada quantia para a Mizericordia d’esta Villa, cuja Meza a dará a Juro da Ley para ajuda do tractamento dos enfermos do Hospital da dita Mizericordia. ... deixa à Parochial de Nossa senhora da Conceição d’esta Villa, uma Igmagem de Nossa Senhora da Soledade, que possue, assim como deixa a Abigail Theodora de Mello, da Cidade de Ponta Delgada, um Oratorio com todos os seus pertences, imagens, ornatos e alfaias.”

24 set. 1856

“Estrella Oriental” nº18

Ainda o artigo de João Albino Peixoto.Curiosas as imagens utilizadas pelo articulista, designadamente a destruição do poderoso faraó e seus exércitos engolidos pelo mar que se abriu para proteger os desprotegidos dos seus algozes. tal qual o quadro do Arcano Místico nº 69 b, c, d-1 (1)

Eis aqui a projecção do passado bíblico no presente de então? 

1 Out 1856

“Estrella Oriental” nº19

Annuncios

“ O padre José Leonel Paiva previne o Publico que vai abrir aula de Instrucção Primaria no dia 6 deste mez, na Rua Direita de Santo André, caza nº5; todas as pessoas que quizerem mandar seus filhos para lá pagarão 480 reis mensaes.”

“Consta-nos chegará da Ilha Terceira um barco, dando por noticia terem havido n’aquella Ilha barulhos serios por causa dos cereaes.”

8 Out. 1856

Estrella Oriental nº20

“Noticias Locaes

Festividade- celebrou-se domingo na Igreja Matriz desta Villa, a da Senhora do Rosario. Foi em tudo digna do caracter religioso dos nossos conterraneos; operando n’ella com toda a dignidade do pulpito Michaelense, o reverendo Vigario da Maia.

Posse- Tomou-a no dia 4 do corrente, de juiz de Direito desta Commarca o Ill.mo Sr. dr. Lucio Albino Garcia Mascarenhas,...

Attentado inaudito- No dia 1º do corrente, no lugar da Ribeira Secca, foi propinado veneno a toda a familia de Manoel de Souza, constando de 7 pessoas, não temos felizmente de chorar nenhuma victima.Ignora-se a causa que motivara semelhante crime. Ignorando-se por em quantoquem seja o culpado. A moralidade pede um prompto desagravo.

Destacamento- Passou por esta Villa, hontem, 7 do corrente, o que vai render o que se acha no Nordeste Commandado pelo sr. Lemos.”

15 Out. 1856

Estrella Oriental,nº21

Despedida de Félix José da Costa, autor de um artigo sobre Madre Margarida .

“Hei vivido algum tempo nesta antiga e grande villa...”

Festa de S. Francisco

No Domingo 12 do corrente celebrou-se esta festa na Igreja de S.Francisco, a cargo da Irmandade Terceira, sendo desempen-hada com todo o explendor e decencia. Foi orador o reverendo Padre Benevides de P. Delgada, e grande a conccor-rencia (sic)...

Procissão- Teve no Rosario o dito de Rabo de Peixe sendo a-companhado pela Charanga do Batalhão do 5 de Infantaria e uma escolta do mesmo Batalhão, foi inumera (?) a concor-rencia de pessoas de todos os logares visinhos, e cidade.

Destaccamentos- Passou por esta villa regressando do Nor-deste no dia 11 do corrente, e foi aboletado na Ribeira Secca o destaccamento que se achava naquella villa, commandado pelo sr. Capitão Costa.

Roubo. Na tarde do dia 13 do corrente foi roubado António bento Çapateiro (sic) na caza de sua residencia na canada nova desta villa; o ladrão entrou pela porta do quintal e levou-lhe 14$00 rs. pouco mais ou menos.

Annuncios.- João Soares Gamboa d’Albergaria- querendo destruir o effeito que no animo das pessoas que o conhecem, pode ter produzido um annuncio (?)- deixar progredir a execu-ção, sem que consentisse na arrematação dos mesmos bens porque antes pagou a divida

22 Out. 1856

Estrella Oriental,nº22

“A Sociedade Philarmonica d’esta villa precisa d’um Continuo, que saiba ler, e escrever com o vencimento mensal de tres mil e seis centos reis. Quem estiver nestas circunstan-cias dirija-se a Manoel Pedro Rapozo.

Festividade- Domingo 19- Nossa Senhora do Rosario nos Fenais da Luz, de manha missa cantada e sermão e de tarde Procissão com a riqueza dos andores e a Charanga da Infantaria nº5.

Medidas sanitárias.

“ Circular. Illmº Sr. - Havendo-se observado que os depositos de estrumes, e immundicies junto ás habitações, e na proxi-midade dos povoados tem sido a causa das febres miasmati-cas que actualmente affectam os povos dos Arrifes e Relva do Concelho de Ponta Delgada, e convindo evitar por todos os meios possiveis que nos povoados d’este Concelho se desenvolvam taes molestias...  mandar intimar sem perda de tempo, todas as pessoas que na Freguezia a seu cargo tenham depositos de estrumes junto às habitações, a fim de que im-mediatamente os removam para os campos,...”

12 Nov. 1856

Estrella Oriental,nº25

“ Vende-se duas moradas de casas numeros 7 e 8, sita na rua das Pedras; quem as pertender dirija-se a seu dono morador nas mesmas.”

10 Dez.1856

Estrella Oriental,nº29

“No dia 8 do corrente celebrou-se n’esta Villa a Festividade de N.S. da Conceição na Parochial Igreja de sua invocação; foi muito concorrida por ambos os sexos apezar do máo tempo, que fez, a muzica vocal estava melodiosa; o sermão foi excellente, e desempenhado com toda a elloquencia, e primor pelo reverendo Moraes, deixando extasiados, e plenamente satisfeitos todos os ouvintes, que com o maior prazer escuta-vão, e attendião aos elevados pensamentos com que os mimo-searam com a differença da letra, que é nova, mas que em nada fez diminuir a belleza (sic) de tão primorozas matinas, pela pericia, e arte com que se achava metido pelo digno Mes-tre de Capella d’esta Villa; a concurrencia foi tambem nume-rosa, e a muzica esteve bôa apezar do fraco auxilio, que pres-tava o Orgão, que a acompanhava.”

24 Dez.1856

Estrella Oriental,nº31

Criada. ( Madre Margariga teve várias)

“ Preciza-de d’uma boa creada de 30 a 40 annos, que saiba gommar e cozinhar, quem estiver n’estas circunstancias diri-ja-se a esta Imprensa.”

Usos Sociais. (Importante para se perceber o modo como Madre Margarida recebia as suas visitas.Aliás evidente na carta  dirigida à sua sobrinha.

“Lucio Albino Garcia Mascarenhas, duvidoso se agradeceo a todas as pessoas, que o honraram vizitando-o na sua chegada a esta Villa, assim o faz por este meio, e espera que lhe desculpem uma falta involuntaria.

1856

“ A Estrella Oriental”, nº32, 31 Dez. 1856

 

Ainda outra consagração. O prestigio e o poder de Madre Margarida Trasladação da Imagem para o altar de São João. e a primeira Festa no dia 27 de Dezembro de 1856.

“toda a Villa e seus arredores concorrerão á chamada do sino, que lhes anunciou, na vespera do dia a solenidade... nos enlevou, o vermos um brilhante acompanhamento, animado pelos soms armoniosos, e bem executados da Philarmonia Ribeirense, elegancia e delicadeza dos ornatos do andor do Apostolo amado, do Apostolo Virgem: ... tudo foi o esforço e empenho o esmero da boa Freira; celebre, não só pela Raridade do seu engenho, na imcomparavel (sic) obra do Arcano, mas pela sua exemplar moralidade.Deos abençôe, e proteja este zelo, e elle continuará a desabrochar do seu seio, flores, que, bem sejão acolhidas pelas da terra, e pelos estranhos; e a Ribeira Grande não será esquecida.”

A instituição de uma festa por alguém pode ser entendida como uma relação de poder. Mas, no caso de uma festa católica, neste caso concreto de Madre Margarida, significará a partilha do ofício e do espaço do sagrado pelos leigos.A igreja com as suas confrarias permitia-o, ainda que controla-damente, aos seus fiéis. O padre acabava por desempenhar sempre um papel importante nestas associações de leigos, designadamente nas Confrarias, nas Misericordias e nos pró-prios Conventos. 

4 Fev.1857

Estrella Oriental,nº37

José Maria da Câmara Vasconcelos aparece como presidente de uma “Associação há pouco fundada n’este Concelho para promover os melhoramenntos materiaes e moraes do Paiz, tendo em vista fraternizar, e adoçar a sorte das classes operarias que sendo as mais uteis são por ventura as mais desgraçadas, emcumbio (sic) a alguns dos seus membros formalizar as bazes d’aquelle trabalho, e desejando proceder em materia de tanta ponderação com o maior... Três são as instituições de Caridade, que com mais ou menos vantagem, se podem estabelecer n’esta Villa em utilidade das classes operarias de todo o Concelho, a saber, uma Sociedade de Beneficencia, Caixa economica, e Montepio.”

Preços de géneros alimentício no “Mercado da Villa da Ribeira Grande.”

O trigo custava 960 reis o alqueire, milho 520, feijão 960, fava 720 . O  preço do açucar oscilava entre 130 reis o Mas-cavo e os 200 pelo de lasca, passando pelo branco  que pode-ria valer 150 a 160 reis.

O café entre 1 200 e 1 440 reis e o arroz 90. Os azeites:doce, 800 e o de peixe, 720. O vinho podia valer 400 a 480 reis, a a-guardente 950, o ninagre, 320 e o sal 240 reis.

19 Fev. 1857

“A União”, nº1

O segundo jornal mais antigo da Ribeira Grande.José Maria da Câmara de Vasconcelos, poucos números depois, transformá-lo-ia no orgão oficial ou oficioso de uma associação para o progresso da Ribeira Grande. 

22 Fev. 1857

Estrella Oriental,nº39

Caça na Vila.

“N’esta imprensa se diz quem tem para vender pelo seu primeiro custo uma boa Espingarda Ingleza de 2 canos, e de bom autôr, a qual ainda não teve uso algum.

Francisco Pinto Taveira e Neiva declara aos senhores caça-dores d’esta villa, que promptifica a chave da sua quinta e vinha, sita á Mafoma d’esta dita villa aos mesmos senhores que, alli queiram ir caçar; usando o contrario, recorrera á authoridade competente, para evitar a que os mesmos sen-hores lhe abram o portão com chaves falsas, ou derrubam al-gum muro para entrar para a mesmo quinta...”

16 Mar. 1857

Codicilo ao testamento para legar o Arcano e “ todos os seus pertences...” à Confraria do Santíssimo responsável pelo culto que instituira a São João Evangelista. Sabe que a obra é importante, escrevera-o no seu testamento em 1854, mas só a doaria em 1857, ao que podemos inferir, porque “... não tendo nessa epoca collocado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrella désta sobredita Villa, como houje existe ao Lado da capella do Santissimo da mesma Igreja, a Imagem  de Sam João Evangelista, por isso ( repare-se ) não dispozera do Arcano,...o que agora vai fazer por este Codicillo em additamento no dito Testamento,...”Além de prestigiada, poderosa e habilidosa, era prudente e sagaz nos seus negócios.Confirmámo-lo pela  leitura da carta à sobrinha. Voltamos a confirmá-lo pelo modo como habilmente negociou com os descendentes do Morgado Gil Gago da Câmara , a cedência da capela, pelo modo como obteve a compartici-pação da Junta de Paróquia nas despesas de restauro do altar da capela e, pelo modo como conseguiu com que  a Confraria do Santíssimo, jogando de novo habilmente o seu prestigio e o da sua obra prima, que este organismo se comprometesse a realizar a festa. Mas descrente das palavras, vincula-os após a sua morte através de mecanismos legais e morais. Se não cumprirem que Deus e as justiças terrenas vos acusem e persigam.

No fim da vida Madre Margarida  parece estar decaída física e psiquícamente. Em contrapartida a sua crença no além mantem-na moralmente sólida.Prepara com minúcia e escrúpulo a sua morte. Quer perpetuar a memória do seu padrinho e dilecto Apóstolo São João, tal como terá perpetuada a memória da sua obra. Pretende um enterro tal como os pais o tiveram. Talvez lhe angustiasse o facto de já não haver enterramentos nas igrejas mas numa outra entidade surgida na década de quarenta na vila, o cemitério.

A salvação da sua alma exigia uma preparação adequada, da qual fazia parte o testamento e a orientação do seu director espiritual.  

19 Mar. 1857

“A União”,nº5

Ribeira Grande

Porto de S.Iria.

“Em 11 do corrente o Senhor Director das obras publicas visitou o nosso porto, (S.Iria) a fim de, cumprindo ordens superiores e juntamente os impulsos do seu coração, como acreditamos, pelo beneficio que resulta da obra, ... ; pois que conhece optimamente as relações, que ha entre-taes obras e o desenvolvimento do commercio e prosperidade geral,... temos pois em andamento as obras que devem segurar a subsistencia ás classes dos pescadoras n’esta Villa, o abastecimento de peixe á mesma, a salvação em cazo d’aperto a todos os barcos d’esta Costa, e mesmo qualquer embarcação, que se veja em perigo nestes mares, minorar as faltas d’alimento a tantas familias, cujos sustentaculos se vão ali empregar, e finalmente abrir um novo vehiculo de commercio de cabotagem tão commodo e precizo á vista da difficuldade das estradas, e externo, que tannta economia de tempo, e vantagens deve trazer a esta Villa, e logares de Leste, muito principalmente, quando os ventos sopram rijo do quadrante do sul.Estas considerações alimentam todos os animos; e na esperança d’uma nova era, por ventura mais afortunada,...”

 

“Reuniu-se a Sociedade Promotora dos melhoramentos d’este Concelho no dia 8 do corrente, como se havia annunciado.- “

 

O pavor do Cometa Haley.

“ O pavor de que se deixão preocupar parte do povo, e algumas pessoas menos illustradas pela proxima apparição d’um Comêta, que, passando bem perto da orbita, ou circulo annual da Terra, inundara este globo, conforme calculou um Astronomo Alemão (noticia publicada na Estrella Oriental, nº41) me obriga a fazer algumas breves reflexões, baseadas na sagrada Biblia, e em razões naturaes para desvanecer este terror panico.Instruindo Jesus Christo os Apostolos sobre os signaes, que devem preceder o fim do mundo, declarou-lhes com tudo, que, a respeito d’este ultimo dia ou hora, ninguem sabe quando hade ser, nem os Anjos do Céo, nem o Filho; ( isto é no fôro de o revelar) mas só o Eterno Pai - S.Marc.13,v.32. ..... etc”

 

22 Mar.1857

Estrella Oriental,nº43

“Procissão- Fez-se n’esta villa domingo passado 15 do corrente, com toda a magnificencia a Procissão dos Passos. O dia esteve excellente, havendo muita concorrencia de povo de fóra da villa.Foram oradores, á sahida da Procissão o reverendo Prior da Matriz da cidade de Ponta Delgada, e ao recolher o Reverendo Cura de São Pedro da mesma cidade, deixando satisfeitos os devotos, que attentos os escutavam.- Abrilhantou a Procissão a Philarmonica d’esta villa.”

26 Mar. 1857

A União,nº6

Editorial do jornal no qual se lamenta a falta de informação oficial correcta acerca da quantidade de milho (base da alimentação das populações) produzido a menos naquele ano agricola. tal poderá contribuir para aumentar a crise frumentária. Advoga para o futuro estudos mais minuciosos e correctos.

2 Abr. 1857

A União,nº7

Caracterização da situação sócio-económica da Ribeira Gran-de.

 

“A riqueza mais solida de qualquer Paiz é a que nasce da pro-pria agricultura; porque falhando todas as outras, ou sendo possivel falharem, aquella é perene:

...Não temos (Ribeira Grande) minas de qualidade alguma; não possuimos fabricas, em que se manipulem materias primas, vindas d’alem mar; temos sim os mais bellos campos; delles tiramos o nosso sustento, e sobre os seus productos se exerce nossa tal, ou qual industria; o excedente de nossos generos alimenta o commercio; e em fim, se bem pensarmos, a mate-ria prima de todos os trabalhos  e lucros é a sua producção. O avantajado valor, que, por diferentes motivos, tem obtido ( ha alguns annos para cá ) estes mesmos productos, animando os cultivadores, tem feito com que estes procurem augmental-os; e por isso não só são as terras melhor cultivadas, mas tem-se alargado, quanto possivel, o seu limite. Esta elevação de cultura, e mais ainda de producção, abastecendo os que a emprehendem, enriquece os proprietarios, sustenta os jornaleiros e artistas, dobra o commercio por todas as formas, em fim proporciona a todas as classes mais commodos para a vida, por isso mais satisfação, e augmenta indubitavelmente todas as fontes de receita publica.

Os terrenos d’este Concelho são dos que mais se prestam a este augmento de producção, não só em as proximidades da Villa, mas, mais ainda, nas visinhanças dos logares de leste.

Attrndendo aos beneficios, que d’esse incremento resultam, como temos innumerado; e alem d’isso a que esse augmento de emprego de braços e de capitaes, será um dos meios indirectos e mais proprios a diminuir a emigração; julgamos ser um dever das competentes Auctoridades o promovel-o; e para tanto entendemos que as boas estradas seriam o mais seguro meio.

As terras proprias á lavoura são divididas em chapadas, tratos, ou lombas, correndo pela maior parte do littoral ou dos povoados para as serras do centro da Ilha; e da mesma forma se dirigem os caminhos do seu serviço; os maninhos são no cimo d’aquellas; quanto mais nos apartamos das povoações, mais cáro ficará o seu cultivo, e mais custoso; porque são peiores (sic) os mesmos caminhos: as demais perto, as mais baixas, as de mais facil amanho, são agricul-tadas pelos proprios donos, ou por algum Cidadão mais favo-recido da fortuna; ficando somente á classe mais pobre as mais fracas, mais altas, mais distantes, em fim as que menos produzem e mais cuidados carecem; porque pagando pela maior parte com os jornaes as suas rendas, d’ahi tiram o infe-sado sustento de suas famílias. Favorecer esta classe, alem de ser um dever, será, nos parece, um lance de politica. Ella é essencialmente integral da sociedade, sem ella definhará agri-cultura, e consequentemente toda a nossa prosperidade; e se-ria muito vantajoso, que amasse a Patria, a fim de não largal-a” A Câmara deveria, pois, dentro das suas possibilidades, fo-mentar a construcção e melhoria de “vias de penetração.”  

 

26 Abr. 1857

“ A Estrella Oriental”,nº48

“Anniversario da Philarmonica. (Ribeira Grande)

-Segunda feira 20 do corrente, festejou a Philarmonica d’esta Villa o seu oitavo anniversario. Assistimos a esta festa, alegrando-nos... Cantaram-se outras com acompanhhamento da mesma Banda, e de outros instrumentos; rematando este recreio um baile muito decente em que tomaram parte todos os Cavalheiros e Senhoras sem distinção de classes, concorrendo para abrilhantar estes folguedos, o aceio e o bom gosto com que se achava ornada aquella caza... Era manhãa quando se retirou a Sociedade,...

3 Maio 1857

Estrella Oriental,nº49

Fome e trabalhos públicos.

Artigo de João Albino Peixoto no qual refere várias estradas e  a um tal engº João Luís Lopes. Como o aumento do preço dos productos alimentícios prejudicasse os mais pobres seria ne-cessário tomar providências. Assim “...manda el-rei que se fa-çam obras nas estradas e em outros pontos para empregar gente pobre...”

 

Sociedade para o aperfeiçoamento da música.sugestão para que seja criada uma na Ribeira Grande.

 

João Albino Peixoto toma posições mais conservadoras que  José Maria da Câmara Vasconcelos. Basta comparar os artigos da “União”, onde pontua o segundo, e os da “Estrella Orien-tal”,  onde escreve o primeiro.

 

24 Maio 1857

Estrella Oriental,nº52

Egoismo.

“Ouvimos que um empregado  publico se amofinará muito lendo as considerações que fisemos em nosso ulltimo numero a respeito da emigração para o Brazil, allegando que semilhantes doutrinas se não deviam propagar, por desfalcarem os emolumentos que naquellas repartições se recebem dos passaportes que são obrigados a tirar os emigradores!!!... Custa a acreditar!...”

 

Enterro ( Comparar com o de Madre Margarida e de Teodoro, seu irmão)

“Teve logar no dia 20, o de um soldado de infantaria 5, que no antecedente dia fallecera no hospital de Ponta Delgada. Quatro camaradas condusiam em muito decente caixão os restos do finado, e mais de oitenta compunham as alas do sahimento. A charanga do batalhão acompanhava o prestito tocando uma linda marcha funebre.”

21 Jun.1857

Estrella Oriental,nº56

Procissão. Fez-se n’esta Villa em muito explendor a Procissão de Corpus Christi, a cargo da Câmara Municipal, percorrendo o giro do costume, e levando grande numero de convidados.

Festividade- No dia 7 do corrente celebrou-se na parochial de Nossa Senhora da Conceição d’esta Villa uma missa cantada, em honra do Divino Espirito Sancto. Foi orador o Reverendo Francisco Alberto Lopes, de Ponta Delgada.

Incendio.

Na noite de 10 para 11 do corrente deram as torres signal de fogo, o qual se verificou ser na rua da Praça, ardendo tres casas de palha.

Procissão.

Fez-se no Domingo passado co toda a magnificencia a Procissão do santíssimo sacramento da Matriz d’esta Villa. de manhã houve missa cantada, orando o reverendo Benevides de Ponta Delgada, e á sahida da procissão o reverendo Cura Joaquim Guilherme da Costa. A Philarmonica abrilhhantou a Procissão.

Festividade. No dia 19 festejou-se na Igreja Matriz d’esta Villa a Senhora d’Afflicção e o Coração de Jesus com uma solemne missa cantada. Foi orador o reverendo Prior de Ponta Delga-da.”

Francês.- Ensina-se o Francez, Geographia e Chronologia. as pessoas a quem isto convier, inscrevam seus nomes n’esta ty-pographia.

Vende-se uma meza de jantar, e uma banca de sala de madeira de maogny, em bom uzo, quem as pertender falle nesta im-prensa.

Caetano Augusto Moniz marido da sobrinha de Madre Margarida) e Clemente António de Vasconcellos ( filho de Manoel António de vasconcelos e de D.Eudviges. Morarão na casa que  Madre Margarida doará à Confraria do Santíssimo. repare-se ainda na etiqueta social.) agradecem por este meio a todas as pessoas que tiveram a bondade de acompanhar ao Cemiterio d’esta Villa os restos mortaes de sua Tia D.Maria Fortunata da Fonseca...”

28 Jun.1857

Estrella Oriental.nº57

Abusos nas festas do Espirito Santo.Polémica entre Francisco Maria Supico que foi redactor deste jornal e o prelado dioce-sano. Repare-se no modo como algumas pessoas se divertiam.

“Ora todos convimos em que o Prelado Açoriano é digno do maior respeito, se somos conformes em que as folias e os balhos perante os emblemas da divindade são condemnáveis, é claro que a nossa divergência fica somente constando no modo da  distribuição das esmolas, objecto esre, que entendo não vale a pena de com elle pejarmos as columnas dos Jornaes.” assinado Mariano José Cabral.

5 Jul. 1857

Estrella Oriental,nº58

Roubos de Milho

“Na noite do dia 2 do corrente, roubaram d’um granel con-tiguo ao adro da Matriz de Nossa Senhora da Estrella d’esta Villa, um moio de milho, pouco mais ou menos; achando-se  já prezos nas Cadeias d’esta dita Villa, dois homens e duas mulheres.”

“festividade. celebrou-se Domingo passado, 31 de Maio, com toda a solemnidade na Parochial Igreja de Nossa Senhora da Conceição uma missa cantada, em honra do Divino Espirito Sancto...”

 

12 Jul.1857

Estrella Oriental,nº59

Vacinas.

“Annuncios.

Damaso José Ferreira ( O drº Dâmaso de que fala Sena Frei-tas?), Facultativo do partido da Câmara- faz público que todos os Domingos e Quintas-feiras desde as 11 horas até á uma da tarde, está prompto a vaccinar todas as pessoas, que se lhe apresentarem, no escriptorio de sua morada.”

João Albino Peixoto oferece-se como pintor a preços melho-res do que anteriormente .

“ João albino Peixoto faz saber que presentemente se acha desembaraçado para se incumbir de qualquer obra de pintura, e douramento feito com a maior segurança, e nitidez possivel, e por preço mais accomodado que até então.Se alguem de Ponta Delgada pretender alguma encommenda, pode dirigir-se ao Sr. Eduardo Thomaz ...”

 

26 Jul.1857

Estrella Oriental,nº61

Anúncio de Caixões.

“Manoel Moreira, official de marceneiro, faz publico que quem precizar de caixões para defuntos, grandes ou pequenos, e com todos os preparativos que quizerem, dirijam-se á sua loja na Rua de João do Outeiro número 1.”

30 Ago. 1857

Estrella Oriental,nº66

Temporal: vendaval.

“ Temporal de 24- Grandes e incalculaveis foram os prejuizos do vendaval de 24. Os milhos que promettiam esperançosa colheita foram destruidos pela força do vento, muitas arvores foram derrubadas, e cahiu immensa fructa. Eis como num momento se perderam trabalhos e esperanças de longo tem-po.”

4 Out.1857

Estrella Oriental,nº71

“Estão a vagar os empregos de Pharmaceutico, ( Francisco Maria Supico teria sido ou ainda era ) e Enfermeiro do Hospi-tal d’esta Villa da Ribeira Grande, em consequencia doa actuaes pedirem sua demissão, quem pertender os mencionados empregos...”

12 Nov.1857

Acordão SCMRG

Crise da laranja

“ ... que não convindo de forma algua conservar por mais tempo na companhia as frutas d’este Hospital em consequencia das perdas que a Sancta Casa tem sofrido nos annos preterito, que fosse posta em arrematação no dia Vinte e dous do corrente precedendo os indispensaveis annuncios pelos Periodicos d’esta Villa.”

2 Jan.1858

“Açoriano Oriental”, nº1196

Istrução pública. ( útil para penetrarmos no pensamento reli-gioso de madre Margarida )

“Convencidos de que sem a instrucção religiosa não ha verdadeira educação moral, e que se torna bem sensivel a falta d’um livro elementar em que a mocidade se instrua na historia sagrada do antigo e novo testamento, emprehen-demos este trabalho que dividimos em tres poartes, e cada uma das quaes para facilidade, é subdividida em pequenas lições, que depois do texto apresentam exercícios de memoria mui faceis á instrucção dos meninos. vamos por conseguinte imprimir a nossa -Cartilha Sagrada- depois d’approvada competentemente pelas  respeitaveis Auctoridades acima indicadas; e para que melhor se conheça a materia que contem aqui especificamos os titulos de cada uma das lições.

                              PRIMEIRA PARTE

                            O Velho Testamento

                         ( dividido em 14 Lições )

Lição 1ª - Da creação

        2ª-  Do peccado do 1º homem

        3ª-  Do diluvio e da Lei natural

        4ª- D’Abrahão e dos outros Patriarchas

        5ª- Da Escravidão do Egypto

        6ª- Da viagem no deserto e da lei escripta

        7ª- Alliança de Deos com os Israelitas

        8ª- Da Idolatria

        9ª-De David e do Messias

      10ª-Do Scismo da Samaria

      11ª-Dos Prophetas

      12ª-Do Captiveiro de Babilonio

      13ª- Da situação dos Judeus depois do captiveiro

      14ª-Dos Judeos Espirituaes e dos Judêos Carnaes

                               SEGUNDA PARTE

                             O Novo Testamento

                        ( dividido em 15 lições )

Lição 1ª - Do Nascimento de Jesus Christo

Lição 2ª-  De S.João Baptista

        3ª - Da vocação dos Appostolos

        4ª - Da Pregação de Jesus

        5ª - Dos inimigos de Jesus Christo

        8ª - Da Resurreição de Jesus Christo

        9ª - Da vinda do Espirito Sancto sobre os Apostolos

       10ª- Da vocação dos gentios

       11ª-  Da fundação da Egreja

       12ª-  Da tradição e da escriptura

       13ª-  Da destruição de Jerusalem

       14ª-Das perseguições

       15ª-da Liberdade da Egreja e dos Monges

                        TERCEIRA PARTE

                       Da Doutrina Christã

                     ( dividida em 25 lições )

Lição 1ª-Fé, esperança, e caridade

        2ª-Da Trindade

        3ª-Da Encarnação do Verbo, e da Redempção do genero               humano

        4ª-Da descida de Jesus Christo aos infernos, da sua resurreição, e Ascenção

           5ª-Do Juizo

           6ª-Do Espirito Sancto

           7ª-Da Egreja

           8ª-Da Communicação dos Sanctos

           9ª-Da Remissão dos peccados

         10ª-Da Ressurreição da carne e da vida eterna

         11ª-Da Oração dominical

         12ª-Das outras orações

         13ª-Dos mandamentos da lei de Deos ( os tres primei-ros)

         14ª-Dos outros Mandamentos

         15ª-Dos Mandamentos da Santa Madre Egreja.

         16ª-Dos Sacramentos

         17ª-Do Baptismo

         18ª-Da Confirmação

         19ª-Da Eucharistia

         20ª-Da Communhâo

         21ª-Do Sacramento da Penitencia

         22ª-Continuação da precedente

         23ª-Da Extrema Unção

         24ª-Da Ordem

         25ª-Do Matrimonio”

O que acabamos de transcrever deverá, queremos crer, ser levado em conta na nossa apreciação das mensagens e do programa de Madre Margarida Isabel do Apocalipse.   

19 Jan.1858

“Receita Extraordinária da Farmácia-1858-1867”

ASCMRG

Medicamentos para Madre Margarida ?

“Madre Margarida Izabel em 19 de Janeiro de 1858- 6$420”

24 Jan.1858

Estrella Oriental,nº87

Moinhos

“ O Morgado Antonio Pedro Bettencourt Galvão d’esta Villa da Ribeira Grande, vendo annunciado no Periodico - A União- de quinta-feira 14 do corrente mez de Janeiro de mil outo centos cincoenta e oito, que hia á praça a propriedade d’um moinho, tres alqueires de terra, ou essa que fôr, nos Fenaes d’Ajuda por virtude de Execução que no juizo de Direito d’esta Comarca move Nicoláo Maria Rapozo do Amaral, a José de Mello Affonso e sua mulher do dito Logar dos Fenaes, declara que o dito terreno, lhe é foreiro no que pro rata lhe ficar, para que de futuro, qualquer arrematante ou adjudicatario não allegue ignorancia, por que não desiste do direito que lhe assiste, não só para haver foro respectivo, mas tambem os respectivos laudemios- ...”

 

28 Fev.1858

Estrella Oriental,nº92

Duas palavras á cerca da Eschola Publica d’Instrucção Primaria, da Villa da Ribeira Grande...

Esta eschola acha-se a concurso,...”

7 Mar. 1858

Estrella Oriental,nº93

Miséria dos pobres.

“ A miseria das classes pobres, vae merecendo a attenção de todos. A authoridade, se alguma cousa concorreo, como mui-tos asseveram, para a aggravação do mal do povo, por falta de medidas que em tempo (?) a crise alimenticia que temos atravessado,não tem dormido ao som dos clamores”Assinado Francisco Maria Supico

21 Mar.1858

Estrella Oriental,nº93

Moda das saias de balão e varandas. (refere-se o autor, talvez Supico, a Ponta Delgada)

“É um grande arco de tonel, formando uma incommensuravel circumferencia, com uns poucos de raios que iam formar ponto em A. que era a cintura da bella, dei dois pulos de contente por me ver desembaraçado do enigma que tanto tempo havia pertendia decifrar, e a pachorra com que estava aberta posta na varanda vendo quem a admirava, digo quem passava.Varandas haviam  em que difficultosamente cabiam tres madamas, vendo-se essas mesmas entre a cruz e a caldeirinha, para amainarem as furias aos balões, que se empolavam á maneira de bexigas de boi, com as amiudadas refegas de vento, tendo juntamente cautella, alguns dos arcos não servisse de intertenimento aos rapazes, é uma das modas que muito honra a quem usa, eu cá por mim dou tudo por ver uma saia-balão...

Tivemos segunda-feira eclipse do sol, visivel, eu não dava pela cousa, se não fosse uma alma charidosa, que m’o disse, sendo em seguida auxiliado por um meu amigo ...”

 Teatro na Filarmónica.

“ Theatro na Philarmonica.Quinta-feira. 25 de Março.

A 2ª recita pelos Actores Pinheiro e Profirio (sic).

A comedia ornada d’arias- Um Primo nocturno.A comedia ornada de couplets- Os dois maridos d’uma mulher.O entre-acto comico ornado de musica- O Maestro e o seu Gallego.- Composição do actor Pinheiro.Preços- Galeria 240rs.- Platéa 240rs. Principia às 8 horas.”

 

6  maio  1858

Madre Margarida falece a 6 de Maio de 1858 com 79 anos de idade.Estava física e psiquícamente diminuída. Todavia, estava preparada, pois preparara-se para a morte.Todos os colégios das três igrejas paroquiais da Ribeira Grande e vizinhança foram convocados. Os irmãos da Santa Casa, os pobres, os sinos, enfim toda a comunidade saberia que morrera alguém da sua situação: uma freira egressa famosa e considerada artistica e moralmente, filha dos Botelho Sampaio.E Deus também saberia.

Vivera num meio rural no seio de uma família da governança. A sua religião, a sua mentalidade as suas imagens encontram-se neste quadro. Até as estruturas dos quadros do Arcano parecem assemelhar-se às casinhas que decerto brincou em criança. Os montes verdejantes cheios de cabras e ovelhas existiam em seu redor, as ribeiras e oa animais e moluscos marinhos igualmente. As festas, o ênfase dado à Paixão de Cristo e à natividade também. Fora uma pessoa bem sucedida no seu tempo. Moral e artisticamente. Pelos padrôes da época.

2 Jul.1858

Estrella Oriental

Festas de S.João- No dia 23 de Julho passado, na praça do Municipio d’esta Villa houve um lindo e variado fogo de vistas; foi grande a concorrencia de expectadores. A praça achava-se embellesada com grande numero de bandeiras, e arvorisada; notando-se no centro uma grande e linda roseira do japão, tendo 4 metros de altura, 8 a 9 de circunferencia, parecendo aos expectadores um novo Edem (sic) á margem da grande ribeira. No dia 24 na Egreja Mizericordia velha, celebrou-se com toda a pompa e solemnidade, uma missa cantada; acompanhada de Piano e Rabecão, cantou o Illmº Sr. Antonio Julio Mello, a pedido de varios amigos, do que em geral muitissimo agradou a todos os concorrentes. A igreja estava ricamente ornada, e foi numeroso o concurso de pessoas d’um e outro sexo.

No dia 23 á noite houve egualmente fogo de vistas na freguesia de S.Pedro na Ribeira Secca, tocando a Philar-monica variadas peças de muzica nos entervalos, ao que fez concorrer grande numero de expectadores. No dia seguinte teve logar a festa de São João, na Egreja Parochial da mesma freguezia; que se achava decentemente ornada, havendo muzica cantada acompanhada de muzica instrumental Philar-monica, foi orador o reverendo ...” Todo este ambiente se reflecte no Arcano Místico. São os músicos, são os ambientes festivos de interiores, são ainda a própria celebração de certos santos.

“Festividade de S. Pedro. - No dia 28 á noite houve arraial no largo da Egreja, ornado de muitas bandeiras e fogo de vistas. A Philarmonica tocou muito bonitas e variadas peças de musica (sic) , sendo numerosa a concurencia tanto d’esta villa, como das immediações.”

Atente-se na primeira descrição que conhecemos das Caval-hadas de São Pedro.

“No dia seguinte houve missa cantada acompanhada pela Philarmonica, sendo orador o reverendo benevides, Beneficiado da Matriz de ponta Delgada. Acabada a função reuniram-se os festeiros da primeira Dominga do Espirito Santo d’aquella freguezia e Lomba de santa Barbara ricamente vestidos, e montados em cavallos com as  bandeiras do Espirito Santo largas, assim percorreram as ruas de todas as freguezias d’esta villa, sendo seguidos d’um variado numero de mascaras.

No mesmo dia ( 29) pegou fogo n’um molho de girandolas no Eirado da torre da Igreja de S.Pedro, as quaes incendiando-se todas ao mesmo tempo, produziram uma explosão, que se ia tornando funesta aos individuos, que alli se achavam, mas felizmente não houve acontecimento algum desagradavel.

(REPETIDO DO DE 1857 OU SERÁ O CONTRÁRIO!!!!)

2 Nov.1858

Estrella Oriental

Vistas em camara Optica

“ Francisco Rodrigues Gomes, ultimamente chegado a esta Villa morador na rua- da Praça numero 2- e de nação Hespan-hola, offerece ao respeitavel publico requissimas (sic) vistas de camara optica, todos os dias, e de noite desde as 8 até às 9, sendo o preço de 50 reis.”

14 Nov.1858

Estrella Oriental

Loja.

“ Francisco Pereira Garcia tem bom sortimento de bixes (?), proprios para fatos de inverno; quem pertender comprar dirija-se à sua loja na rua de Santo Andre numero 33.”

5 Dez. 1858

Estrella Oriental,nº131

Teatro na Filarmónica.

“ Theatro na Philarmonica d’esta Villa da Ribeira Grande, no dia 12 de Dezembro- Peças  1ª Um Como Ha Muitos, comedia em um acto, 2ª A Aposta Ganha, ornada de musica pelo Sr. J.P. Gomes  (?) em um acto.

Começa às 8 e meia horas da noite. Preço da entrada.. para os Socios 120 reis- para os não Socios 240 reis. Os bilhetes estão á venda na Sociedade.”

16 Dez. 1858

A União,nº61

“Tributo de Gratidão”- Elogio fúnebre de Madre Margarida Isabel do Apocalipse feito provavelmente por José Maria da Câmara Vasconcelos.- 1ª parte

 

28 Dez.1858

A União, nº62

Tributo de Gratidão”- Elogio fúnebre de Madre Margarida Isabel do Apocalipse- Conclusão.

 

 


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