I
Capítulo
Neste capítulo abordaremos a complexa mas aliciante
problemática do azulejo seiscentista português de padronagem polícromo a fim de
tentarmos compreender os azulejos seiscentistas que recolhemos e sugerimos o
seu mais correcto e fidedigno restauro, preservação e exposição museológica.
Tentaremos,
tanto quanto nos for possível, esboçar um panorâmica sucinta daquela
problemática, recorrendo, essencialmente a trabalhos especializados sobre a
matéria.
Fundamentalmente
“O azulejo é uma peça cerâmica de faiança vulgar, constituído por uma placa
geralmente quadrada de barro cozido e, vidrado na face nobre. Esta face vidrada
é o suporte da cor, do desenho ou do símbolo ornamental.[1]
Os
azulejos seiscentistas que recolhemos sendo lisos e padronados utilizam,
basicamente, o azul e o amarelo sobre um fundo branco esmaltado obtido através
do uso extensivo dos óxidos metálicos sobre base estanífera e pela acção do
fogo.[2]
É
importante que se saiba que “ O azulejo, tal qual o conhecemos, placa de barro
esmaltada a fogo, só nos aparece na Pérsia, por volta do séc.VIII, numa Pérsia
islamizada e sob o domínio mongol.”[3]
Desde
então e, até ao século XVII o azulejo dissemina-se por outras áreas
geográficas, sobretudo graças aos muçulmanos, e vai sofrendo, pequenas e
grandes modificações, derivando a azulejaria portuguesa que se fixa e
desenvolve durante todo aquele século das técnicas e dos modelos, segundo
Santos Simões, hispano-flamengos, adquirindo, quer pela sua monumentalidade,
quer pelos particularismos da sua escolha ornamental, e, finalmente, pelo seu
papel de complementaridade arquitectónica, um cunho e uma feição “sui generis”.[4]
Apesar
do azulejo ser de origem não-árabe, todavia, o vocábulo azulejo,
etimologicamente, deriva do árabe ”al zulej “ que significa ( literalmente )
pequena pedra lisa e polida. Imagem ligada de certo modo à da pedra
semi-preciosa, de intensa cor azul e remota procedência mesopotâmica, que os
gregos e romanos conheciam por “ lápis-lazuli ”[5]
E,
para avaliarmos a importância do azulejo português, Transcrevamos a afirmação
de Rafael Calado, aliás idêntica à de José Meco e à de Santos Simões, segundo a
qual “Portugal, pode hoje ser considerado o país do azulejo, não só pela
quantidade de exemplares que possui e da divulgação que lhe deu, mas sobretudo,
pela singular importância que lhe soube atribuir ao longo dos séculos”[6]
Os
azulejos seiscentistas em Portugal foram utilizados “Para revestir as vastas
superfícies parietais dos templos e, menos frequentemente, de algumas casas
nobres, ...”[7],cobrindo-as
com.”... grandes ou pequenos “ tapetes “ cerâmicos obtidos pela multiplicação
de um motivo ornamental básico a que
chamamos padrão.”[8]
Estes
“tapetes” de azulejos derivam da “...hábil imitação dos motivos da tapeçaria
oriental, [e]substituem as principais
tapeçarias, se não no conforto, pelo menos no efeito e no papel de
estabilizador das temperaturas e humidade e ambientes com a vantagem de ser em
material mais barato e mais durável, e , na altura, já fabricado localmente.”[9]
Os
primeiros padrões policromos seiscentistas fabricados em Portugal, simplesmente
“... copiam ou inspiram-se nos que constituíam o repertório semi-industrial das
alferarias sevilhanas e talaveranas, mas, em breve, os azulejeiros portugueses
adoptam modelos novos e , antes do meado do século XVII, encontra-se totalmente
renovado o velho sortimento de desenhos, alguns dos quais se vão manter durante
o resto da centúria. “[10]
José
Meco, porém, opina que só se mantém “...até próximo do quarto quartel do século
XVII, com os ornatos um pouco aligeirados ou com o seu contorno acentuado
através de um fino traço negro, realizado a manganês ”[11]
e, continuando na sua diferenciação, ainda que subtil, acrescenta :
“ Os
ornatos dos padrões da segunda metade do século são mais dinâmicos e frágeis,
como algumas das composições chamadas de “ camélia”( ou dália),...[12]
Em
todo o caso o século XVII produziu e criou “...algumas centenas de padrões, com
inúmeras cercaduras, barras, frisos, cantoneiras e outros acessórios, na sua
grande maioria catalogados por Santos Simões e Emílio Guerra de Oliveira...”[13]
Todavia,
as transformações operadas nos azulejos padronados seiscentistas (deixamos,
propositadamente, outros que concomitantemente se iam fabricando )
caracterizaram-se, fundamentalmente, “... pela longa manutenção de fórmulas e
processos decorativos e pela contenção das soluções inovadoras “[14],
seja mercê do isolamento do nosso país, seja pelas suas condicionantes
sócio-económico-culturais, seja, ainda,
pelo cunho acentuadamente conservador da igreja católica.[15]
Antes
de abordarmos aspectos, porventura, mais descritivos, no que concerne a
definição dos padrões e seus acessórios, debrucemo-nos na definição das suas
características essenciais, tal como as definiu e delineou José Meco.
Primeiro
do que tudo, destacam-se os inconfundíveis e originais revestimentos
monumentais de tapetes cerâmicos, “... marca mais característica do azulejo
seiscentista ...”[16]
Depois,
assiste-se, no século XVII, convém relembrar, à “... substituição total dos
azulejos lisos (brancos e de cor ) , dos enxequetados, por azulejos com ornatos
pintados, mantendo-se, porém, os esquemas e a posição típica do caixilho, que
conduziu ao monumental padrão de 12X12 azulejos (usado no primeiro terço do
século XVII. “[17]
Em
terceiro lugar, verifica-se o predomínio da posição dita normal, ao invés da
oblíqua”..., embora os ritmos diagonais desenvolvidos nos revestimentos
enxequetados tenham sido incorporados nos novos padrões e assumidos pelos
ornatos pintados, que mantiveram a dinâmica das linhas oblíquas ao longo das
paredes que revestem.”[18]
Igualmente
à margem das composições enxequetadas, os azulejos seiscentistas de padrão,
causam “[um]A sensação de escala obtida
através da divisão em andares...”[19]
Os
diferentes andares foram revestidos com padrões “... geralmente os de 2x2, 4x4 ou 6x6 azulejos, estando os
ornatos organizados em função do número de azulejos abrangidos, funcionando
como um contraposto harmónico à rítmica imposta pelas retículas que separam os
azulejos. “[20], e,
especifica que “ Os módulos menores eram geralmente colocados a revestir os
espaços mais reduzidos ou na parte inferior das paredes, ao passo que os de
módulo maior eram utilizados nos andares superiores dos espaços de maiores
dimensões, como as naves das igrejas ,...”[21]
e isto “para que a sua dimensão superior compensasse a diminuição provocada
pela distância a que se encontram do espectador “.[22]
Convém
ainda saber que os ornatos estão colocados em interligação contínua.[23]
Assim, “Apesar de organizados em função da ordenação diagonal, os ornatos
irradiam rotativamente do centro e dos cantos do padrão, criando uma malha
ornamental cerrada sobre a superfície revestida.”[24]
Porém,
conhecem-se algumas excepções, designadamente, em alguns padrões de módulo
rectangular ou ainda em outros inspirados em tecidos que fogem à organização
habitual acima referida, pois formam faixas verticais.[25]
Se, em
termos de azulejaria “... do século XVII estão quase ausentes as grandes
inovações e a sua evolução foi lenta, as obras realizadas e o tipo de
ornamentação revelaram um fortíssimo carácter e exprimem um encanto que é
acentuado pela ingenuidade do gosto e a fantasia das soluções.“[26],
porém, “Nada conservam do requinte estético, erudição da temática e dos ornatos
e o preciosismo técnico do século anterior.“[27]
Trata-se
de “...obras oficinais, produzidas em larguíssima escala na cidade de Lisboa (
de onde se difundiram a todo o país e às colónias ), realizadas por artífices
de formação empírica, trabalhando em regime não especializado e artesanal...”[28]
E,
classificando as complexas transformações operadas na azulejaria seiscentista,
José Meco opina que “... só [insista-se no só] formalmente se mantiveram
fiéis aos modelos e fórmulas maneiristas, esvaziando o seu formalismo através
da irreverência e da dissolução formal, características do sentimento
decorativo e anti-clássico que progressivamente se foi acentuando, até atingir
culminâncias dramáticas de expressão barroca na transição para o século XVIII.”[29]
A
maneira como se utilizou em Portugal o azulejo, quer seiscentistas quer
posterior, massiva, exacerbada e transfiguradoramente ”... pode ser
considerada, em toda a Europa, como tendo constituído um fenómeno
acentuadamente português, de onde se ramificou a áreas de influência portuguesa,
nomeadamente às Ilhas Atlânticas e ao Brasil, porque, em nenhum outro país do
continente, o azulejo teve um tratamento tão adaptado aos condicionalismos
económicos, sociais e culturais específicos, e foi utilizado de maneira tão
complexa e dilatada, com fins que ultrapassam um papel meramente decorativo, e
num período de tempo que abrange cerca de cinco
séculos.”[30]
Atribui,
José Meco, esta peculiaridade do nosso azulejo, a “...factores de natureza
estético - funcional - económica e por condições específicas de Portugal e da
sua implantação geográfica, não esquecendo questões de mentalidade e de gosto
igualmente determinantes.”[31]
Por um
lado, Portugal sempre foi “...carente em termos de industrialização e de
produção dos bens de consumo necessários “[32]
e , dependia largamente”... da precariedade e flutuações do comércio marítimo “[33],
daí que , “...os recursos limitados de Portugal[implicassem]uma economia sempre
deficitária e [limitassem]a tendência constante para a
euforia sumptuária...”[34].Por
outro lado, é um país”... onde o barro e os materiais cerâmicos abundam e se
alicerçam em tradições seculares, nomeadamente a fecunda herança da presença
muçulmana...[35].
Acresce ainda o facto “...[d] o modesto custo do azulejo
e a facilidade da sua preparação artesanal ( em moldes oficinais ) [ compensar ] admiravelmente essas
carências e necessidades pelas espantosas potencialidades ornamentais que [ apresenta ]e pela dinamização, cor e
espectáculo visual que [ empresta ] à arquitectura “[36]
Para
além do mais, “O azulejo constituiu um complemento perfeito da arquitectura
portuguesa mais tradicional, resultante da situação geográfica de Portugal numa
região de influência mediterrânica e nas proximidades do Norte de África ...”[37]
Naquela
região “... predominam a volumetria compacta, a redução das aberturas e a
utilização de materiais leves ou de pedra não aparelhada no enchimento dos
parâmetros “[38]
sendo determinantes “... os factores climatéricos contrastados (índices
pluviométricos irregulares, verões quentes, influências continentais nas
temperaturas baixas ) para a espessura e robustez das paredes e de outros
elementos.”[39]
Aqui,
o azulejo, tal como já foi referido, funciona como “... estabilizador das
temperaturas e humidade ambientes com a vantagem de ser material barato e mais
durável,...”[40]
O
ambiente sócio - económico - político envolvente da azulejaria seiscentista, ou
seja, a difícil fase do domínio filipino e o período de luta com Espanha,
traduziu-se, “grosso modo2, em isolamento e carências de toda a sociedade portuguesa.[41]
O
“...,corte no consumo sumptuário devido à ausência da corte, [a]pulverização e [o] depauperamento da nobreza,
e [a]crise geral que só nos
finais do século foi atenuada com a actuação política do Conde de Ericeira “[42]
ajuda a explicar, para o século XVII, a persistência e a “... manutenção de
fórmulas e processos decorativos e [a contenção das soluções
inovadoras]“[43]
Esta
persistência foi, tal como já disse, acentuada pelo carácter conservador da
igreja católica, de longe o maior consumidor de azulejos.[44]
Decorreu,
concretamente, da situação sócio - económica - política, acima esboçada, uma
situação de isolamento do nosso país ao exterior que “... favorecendo as “obras de oficina”, em detrimento, das
“obras de escala”...”traduziu-se na substituição dos mestres de formação mais
erudita por artífices decoradores, de formação empírica.[ [45]
Desconheço
a sua localização ]
[46]
Todavia,
e curiosamente, este aparente fecho ao exterior, e em torno de modelos já
ultrapassados na época, permitiu a expansão da criatividade de acordo com
padrões de gosto mais popularizados, mais informal, e contribui também, para a
expansão de revestimentos cada vez de maiores dimensões e mais complexos, onde
facilmente sobressai, nomeadamente, nos espaços religiosos, uma vincada e
inconfundível personalidade. Aí o azulejo aliado à talha dourada às esculturas,
às telas e à pintura ornamental dominam a arquitectura portuguesa.[47]
Quanto
às ilhas Atlânticas e, segundo Santos Simões, “...particularmente nas açorianas
-, a ocupação espanhola, violentamente imposta, trouxe larga pausa ao seu
desenvolvimento, é natural que tal contingência possa ter influído na escassez
de azulejos, tidos na época filipina como o objecto supérfluo para as
empobrecidas paróquias e famílias insulanas.“[48]
Porém,
e sem querer entrar em pormenores, aliás não directamente ligados ao assunto a
que nos propusemos no início do capítulo, julgamos que, recentes trabalhos de
investigação histórica sobre a economia do período filipino nos Açores,
designadamente o de Alberto Vieira sobre o ciclo de cerealicultura, nos apontar
o decréscimo da população cerealífera atribuída a causas independentes da
política filipina.[49]
Seja
como for, e ao que parece, só “ A partir de 1640, - ,e muito particularmente no
sexto e sétimo decénios [ tal como no continente português ], assistimos ao
rejuvenescimento dos conventos e igrejas as ilhas a beneficiam finalmente
daquela lealdade e constância com que se notabilizaram sempre na história
portuguesa .”[50]
E,
prosseguindo, acrescenta Santos Simões que, “ São deste período alguns famosos revestimentos azulejares
designadamente os da nave da igreja de Santa Clara do Funchal ... - ou de Santo
André, de Vila Franca do Campo,...” [51]
É, por
conseguinte, pelas razões acima expendidas que Santos Simões explica a
escassez, entre 1580 - 1640, das espécies azulejíisticas nas ilhas Atlânticas,
exemplificativas da génese da azulejaria polícroma do século XVII, ao invés,
porém, encontrou inúmeros exemplares que atribuiu à segunda metade daquele
século.[52]
Algumas
definições necessárias acerca da terminologia utilizada por Santos Simões para
o azulejo padronado
Referimo-nos,
já, a vários aspectos do azulejo seiscentistas, nomeadamente, entre outros
aspectos, do modo como eram utilizados, detenhamo-nos, agora, noutro aspecto,
ou seja na explicação detalhada de alguma terminologia técnica a ele ligada.
Santos
Simões denomina o “... motivo ornamental básico “[53]
de padrão e aos azulejos iguais do padrão uma unidade ornamental. A esta última
unidade ele designa “... “ repetição “ e ao azulejo cujo desenho se repete,
“elemento”.” [54]
Tendo em conta aqueles pressupostos ele define “...os padrões pelo módulo “da
repetição “exprimindo este pelo número de azulejos que o compõe: assim, por
exemplo, um padrão de 4 azulejos iguais será de 2x2 (= 4) e, porque nele entra apenas um elemento, indicaremos 2x2 /1, ou
seja “repetição” de dois por dois azulejos a um elemento”[55]
São
deste tipo “Os padrões mais antigos ...”[56],
que eram económicos e de fácil colocação, porém, seguiu-se-lhes, mais tarde,
“...padrões de repetição mais complexas: 4x4 /2, 4x4 /3, 4x4 /4, 6x6 /8 até
12x12 /14 que é o maior que se conhece ! “[57]
, segundo o mesmo autor, “ Para superfícies maiores ou para obter ritmos
decorativos de mais largo desenvolvimento ...”[58]
Limitavam
sempre os tapetes”... bordaduras constituídas pela repetição linear de fracções
rectangulares de azulejos - a que chamamos “ frisos”-, por um azulejo total -
“cercadura “- ou ainda por 2 azulejos sobrepostos que denominamos ”barras”.
Estes elementos acessórios dos tapetes tinham seus cantos próprios a fim de
estabelecer a continuidade ornamental noa ângulos de ligação. “[59]
Relembramo-nos
que “A marca mais característica do azulejo seiscentista encontra-se nos
gigantescos revestimentos repetitivos de padronagem, chamados “tapetes, devido
à semelhança entre o resultado obtido e o forro com tecidos ornamentais ricos.
É especialmente nos espaços internos das igrejas que os “tapetes” se dilatam
com maior facilidade, revestindo as paredes desde o chão até ao tecto,
envolvendo os arcos, cobrindo também vãos de portas e janelas, nichos, capelas,
abóbadas e todas as superfícies desadornadas...”[60]
Para
organizar e orientar o núcleo seiscentista da secção azulejística da casa de
Cultura da Ribeira Grande optamos por seguir à letra a classificação que Santos
Simões faz dos padrões, ou seja, no nosso caso, 4x4 = P35, 6x6 = P37 etc...,
ainda que o mesmo Santos Simões, noutros livros lhes dê outra numeração.[61]
Qualidade artística do
azulejo.
Atribuímos
a tudo o que vemos ou temos valor, e o azulejo não foge a esta regra, porém,
José Meco, a propósito, adverte-nos que, “A” qualidade artística “ de um
azulejo não pode ser questionada apenas como um problema de maior ou menor
correcção ou qualidade pictorial,...”[62]
já que ultrapassa “...largamente qualquer intenção de mera manifestação
plástica,...[63]”.
Isolar o azulejo “... do seu contexto
estrutural global...”[64]
é incorrer “[ n ] A parcialidade da análise...”[65]
do mesmo azulejo.
Esta falaciosa e incorrecta perspectivação,
“... tem conduzido variadas vezes à sua depreciação ou a uma compreensão muito
limitada e redutora da sua extraordinária riqueza, quanto à concepção ou ao
papel que desempenha. “[66]
Por estas razões esquece-se
frequentemente que o azulejo “ Não é apenas (mais) um “ suporte de pintura
“,...”[67]
e que, “... não se limita a ser uma
inofensiva “ arte menor “, porque o seu papel é demasiado vasto e complexo e
nunca o azulejo foi criado para estar dissecado em museus (onde só deverá
entrar quando não for possível a sua preservação no local original ).”[68]
É, concluindo adianta que, “ Muito
menos ainda o azulejo poderá ser considerado ( juntamente com a talha dourada )
um sinal da inferioridade cultural de Portugal, em relação a uma Europa mais
erudita e académica, constituindo, pelo contrário, a marca de personalidade, da
vitalidade criativa e da diferença portuguesa...”[69]
Onde eram fabricados os azulejos
padronados seiscentistas portugueses ?
A cidade de Lisboa foi o centro
produtor, exportador e inovador,
por
excelência, da azulejaria portuguesa, e, designadamente da seiscentista, a tal
ponto que “ Se o azulejo é uma arte caracteristicamente portuguesa, é também
uma arte predominantemente lisboeta.”[70]
Ao proferir esta afirmação, José Meco,
não só a fundamenta como igualmente delimita o local ou os locais precisos da
área lisboeta. As olarias dedicadas ao fabrico do azulejo na área de Lisboa
estavam “... situadas entre Santa Catarina, o Mocambo e a Rocha Conde de
Óbidos, as do Castelo Picão ou as que deram o nome ao sitio das Olarias “[71]
e isto”... porque a maior parte dos artistas de azulejos, até hoje
identificados, tiveram a sua oficina em Lisboa ;...”[72]
Todavia, sendo Lisboa o local
predominante do fabrico e da exportação do azulejo seiscentista, outros locais
do reino e , quiçá das ilhas, segundo alguns indícios, podem ter sido
igualmente outros tantos locais de fabrico, senão para exportação, pelo menos
para responder às necessidades de consumo local, designadamente a ilha de São
Miguel.
Santos Simões levanta esta hipótese ao
mencionar o Dr.º Hugo Moreira o qual lhe teria assinalado “... a existência “
de azuladores” na ilha [ de São Miguel no inicio do século XVII] ,entre os quais um Bartolomeu Fernandes
“asulador” ...” [73].
Ainda que e “Se a terminologia era a mesma que se usava no Reino, tratar-se-ia
de empreiteiros ou ladrilhadores e não necessariamente de fabricantes, os quais
são geralmente denominados, oleiros de vidrado, oleiros de azulejo,
malegueiros, pintores de azulejo...”[74].
Porém, e deixando em aberto a hipótese, conclui: “Seja como for, esta
documentação [adiantada pelo Dr.º Hugo Moreira ] comprova que nos princípios do
século XVII havia em Ponta Delgada pelo menos um “mestre azulejador” o que
pressupõe a utilização de azulejos de certa escala [o que de certo modo
contradiz, porventura, a sua escassez reconhecida anteriormente. Referir-se-ia
aos de padrão?] ou mesmo [repara-se] uma
fabricação local [nosso sublinhado].”[75]
e, corroborando os indícios arquivísticos-documentais acrescenta um exemplo:”...
na capelinha da Grimaneza [Ponta Delgada ], por exemplo , há azulejos lisos
cujas características se afastam das da azulejaria continental.”[76]
Em qualquer circunstância, porém, Lisboa ocupa
um local preponderante, por várias razões, a
saber:
Não só porque a maioria das “ fábricas”
ou oficinas, tal como já foi dito, se situavam na área lisboeta, mas também
porque “Lisboa foi, de longe, o maior
mercado consumidor de azulejos, e porque foi, finalmente, nas oficinas de
Lisboa que se operaram as transformações
que, do azulejo hispano-mourisco de importação do Levante Espanhol e de
Sevilha, e sob a influência das majólicas italianas e do azulejo holandês,
exportado em quantidades em finais do século XVII, conduziram à produção local
do azulejo português, no percurso de seiscentos e setecentos, com caracter
próprio e inconfundível.” [77]
As
transformações operadas nos azulejos e ocorridas em Lisboa são essenciais e
caracterizam-se, essencialmente, pelo papel que o azulejo passa a desempenhar
na arquitectura portuguesa.
Em suma é nas oficinas lisboetas “...
que o azulejo vai deixar de concorrer como simples elemento decorativo de
aplicação indeterminada, para se transformar num complemento arquitectónico,
preenchendo espaços, previamente determinados, criando perspectivas, realçando
molduras e artesoadas, em comunhão estrutural íntima com aquela, de tal forma
que não é possível abstrair qualquer palácio ou igreja seiscentista ou
setecentista do seu complemento azulejar, como perde muito do seu sentido o
revestimento de azulejo transformado em painel desligado do seu contexto
arquitectónico...”[78]
Algumas
linhas de força que se destacam do que foi atrás expendido.
1-Que o azulejo não tendo origem em
Portugal, todavia, pela extensão e integração arquitectónica, passou a ser
considerado uma arte portuguesa, tão nobre como as demais e não menos digna do
que as mais eruditas dos outros países do continente europeu, e, realce-se,
predominantemente lisboeta. Pelo menos no que concerne ao período seiscentista.
2-Que os azulejos de padronagem lisos e
polícromos atingiram, no nosso país, o seu auge, quanto à concepção, formulas e
desenhos em meados do século XVII, porém, mantendo-se até finais do 3º quartel.
3-Seja pela grandeza dos padrões
utilizados seja pelo aligeiramento das
formas e do recurso ao sublinhado a roxo de manganês distinguem-se dois
períodos no seu fabrico.
Deste modo os padrões mais pequenos (
2x2 ) e as formas menos ligeiras denunciam o primeiro período, enquanto os
maiores ( até 12x12 ), as formas aligeiradas e o traçado a roxo de manganês
exemplificam o segundo.
4-Os gigantescos tapetes azulejísticos
imitando as ricas tapeçarias orientais revestindo paredes de alto a baixo e
espalhando-se incessantemente caracterizam inconfundivelmente a azulejaria
portuguesa seiscentista e destacam-na das demais.
5-A permanência de soluções e de
concepções deve-se a condições “sui generis “ do nosso país, e ,ao invés do que
se pode julgar, motivou a emancipação do nosso azulejo.
6-É insofismavelmente uma manifestação
“ maneirista” ainda que se distanciando paulatinamente dela.
7-A apreciação do valor artístico do
azulejo deve pressupor uma leitura ligada ao seu contexto envolvente mais
vasto, e, do mesmo modo qualquer tentativa de musealização deve ter esta
característica fundamental em conta.
CAPÍTULO II
Tentativa de identificação e datação
dos azulejos por nós recolhidos [ 1]
Os números a negrito entre os parêntesis rectos os
nºs 1-2-3-4 , falta-lhes corrigir a sua ordem e localização no texto.
cotejando e analisando o estudo do eng.º
Santos Simões sobre a azulejaria nos Açores e na Madeira[2]
A datação e a identificação de azulejos
depende da análise e do manuseio de vários dados, entre este destacamos os
histórico que nos elucidam aspectos essenciais da sua “biografia”,
nomeadamente, o ano e o local do seu fabrico bem como o local a que se destinaram,
os “morfológicos “ que apareciam e estudam o aspecto cromático e os motivos
decorativos utilizados e , completando e aprofundando estes dois últimos, os
laboratoriais que se dissecam e identificam os materiais empregues.
Só da conjugação da informação colhida
através destas três perspectivas sairá a mais correcta e aproximada resposta à
questão enunciada.
Porém e, para o caso concreto dos que
recolhemos, não logramos descobrir, ainda que tivéssemos empreendido uma
exaustiva pesquisa arquivística quaisquer elementos ou sequer indícios
históricos que lançassem alguma luz sobre o assunto .[3]
Torna-se, pois, infrutífero esboçar uma
abordagem directa posto isto, ensaiaremos uma análise comparativa e indirecta.
Se, por um lado, numa análise
comparativa, possivelmente, obteremos algumas pistas acerca do seu tipo e do
período e local do seu fabrico por outro, dificilmente descobriremos o local a
que se destinaram.
Todavia, poder-se-à indiciá-lo através
do recurso a provas circunstâncias. Ensaiar-lo-emos, porém, no próximo
capitulo, circunscrevendo-nos neste ao esclarecimento do seu tipo e do período
e local do seu fabrico.
Como objecto de incidência da nossa
análise temos os azulejos por nós recolhidos, completamente órfãos do seu
contexto histórico e aqueles integrados no seu contexto estudados pelo eng.º
Santos Simões.
Afigura-se-nos, ainda, desnecessário e
inconveniente , procedermos à sua análise laboratorial, seja pela falta de
meios tanto económicos como técnicos, seja pela sua reconhecida vulgaridade.
Desnecessário porque, para os
identificarmos com uma certa margem de certeza, basta, queremos crer, tão-só,
proceder-se a uma análise morfo-histórico comparativa.
Analizá-los-emos, segundo de perto e
comparando-os aos que sendo reconhecidamente iguais, em outros locais das
ilhas, foram identificados e datados pelo eng.º J.M dos Santos Simões.[4]
Neste cotejo, entre os elementos
azulejísticos que recolhemos, descobrimos, tal como sugere no seu catálogo
Santos Simões,[79]
padrões 4x4, P35 ;6x6, P37 ( ambos denominados pelo eng. º Santos Simões como
tipo “Marvila “[80],
porém, João Saavedra Machado, só utiliza aquele designativo para o 6x6,
designando o 4x4 como “ Quadrilobo”.) [81];
2x2, P20 ( camélia para o eng. º [82]
e camélia ou dália para José Meco[83]
; 2x2, P 12 (maçaroca para o eng.º [84]
e alcachofra para o Dr.º Luís Bernardo Leite de Atayde [85]
; B2 [86];
Dentes de serra [87]; e
C3 [88].
Para além destes descobrimos uma barra de laçarias vegetalistas não
identificadas no catálogo. [89]
[Consulte quadro anexo n.º XIV, XV, XVI, XVII. ]
Compulsamos da dita obra locais que
possuíssem aquele tipo de azulejo polícromo e padronado seiscentistas e, para mais fácil apreensão, elaboramos quadros.
[veja-se quadro n.º I ao XII. ]
Para de facto e “in situ ”apuramos a
correspondência entre os identificados no livro e os nossos [90],
deslocamo-nos em visita de estudo aos locais no ilha de São Miguel onde eles
existem.
Não era viável vê-los todos “in loco”,
já que envolvia deslocações fora da ilha, assim, vi-mo-los todos, primeiro no
catálogo no final do livro e, de seguida, tal como acima referimos, fomos a
Vila Franca do Campo, Lagoa e Ponta Delgada, não nos fossemos ludibriar ou
deixar passar qualquer detalhe ou erro tipográfico, tão vulgar neste tipo de
azulejaria ou neste tipo de obra.
Não obstante todo o escrúpulo e
cuidado, temos, mesmo assim, de confessar que não nos consideramos imunes ao
erro e ás incertezas na apreciação que
esboçamos, até porque, e não só pelas razões acima expendidas, nos confessamos
aprendizes da vasta e complexa problemática da azulejaria seiscentista
portuguesa.
Assentando nestes pressupostos
lançamo-nos no estudo morfológico dos nossos e dos que estudamos tanto no livro
de Santos Simões como no local.
Verificamos que as dimensões se
aproximavam e que os motivos empregues e as características cromáticas
apresentavam uma quase perfeita correspondência.[Consulte-se quadro n.º XX ao
XXII.]
As ligeiras diferenças nas dimensões,
ainda que foram ínfimas, explicam-se pelo facto dos nossos, na sua maioria,
estarem incompletos nas margens, por conseguinte, com menos um ou dois
centímetros.[91]
As que se relacionam com as ligeiras
diferenças nas tonalidades cromáticas ou, pura e simplesmente, no uso de outra
cor, podem-se igualmente explicar.
Os elementos A do Padrão 37, por
exemplo, de Santo André de Vila Franca do Campo e os nossos são em tudo
semelhantes, (apesar da colocação divergir da sugerida por Santos Simões ),
porém, Santos Simões no desenho que apresenta daquele padrão utiliza o azul em
vez do branco para cobrir a nervura central do pequeno motivo floral do canto
do azulejo. O pormenor em ocre do elemento B sendo idêntico ao nosso e ao de
Santo André , porém, difere ligeiramente
do do dito esboço. Apesar de tudo o eng.º Santos Simões não hesita em
identificá-los como elementos constitutivos do padrão 37. [92]
Alguns elementos B do Padrão 35
existentes na Capela de Nossa Senhora do Cabo, na Vila da Lagoa, exibem no seu
canto superior pequenas formas lancionadas, tal como os nossos, porém em outros
elementos B, por vezes no mesmo padrão inclui no mesmo canto igualmente
pequenas formas mas curvilíneas. Santos Simões, apesar destas diferenças,
incluiu-os também na padrão 35 [93]
Para além destas ligeiras diferenças no
formato dos motivos ornamentais e nas suas cores, existem pequeníssimas
“nuances” cromáticas, coexistindo no mesmo local, no mesmo padrão e até no
mesmo elemento.
Tal deve-se, sem dúvida, à cozedura do
azulejo e, talvez, ao local onde foram colocados ou recolocados. Não só porque
a luz natural suscita uma percepção cromática diferente da da luz artificial,
mas também pela acção dos agentes de poluição e de desgaste que agem sobre
eles.
Após cuidadosa limpeza da superfície
esmaltada as tonalidades aproximam-se das primitivas.
Alguns dos nossos azulejos foram
encontrados entulhados em locais bastante húmidos, ( veja-se quadro n.º XVI e
XV ) por conseguinte, a superfície esmaltada estava impregnada de uma espessa
camada de sujidade que impedia a correcta percepção das suas tonalidades. Do
mesmo modo e mercê do fumo das velas, das poeiras suspensas e das mudanças
humidade / temperatura, bem como através da própria respiração humana, ainda
que me escala menor, encontramos os azulejos de Santo André como os da Capela
do Cabo sujos na superfície esmaltada.
Os elementos do Padrão 12 ( maçaroca )
( quadro n.º XVII E XX ) correspondem exactamente aos nossos.
Quanto aos de padrão 20, Santos Simões
refere dois locais nas ilhas ( Igrejas de São José em Ponta Delgada [94]
e Antigo Convento de Santa Clara no Funchal [95],
porém, por um lado, como só vimos os da ilha de São Miguel, pelas razões atrás
referidas e, por outro, como o padrão camélia da Igreja de São José ( São
Miguel ) não ser, como se depreende do seu cotejo com o catálogo, P20 mas na
realidade P18, circunscrevêmo-nos, assim, ao catálogo. [96]
Deste cotejo verificamos a
correspondência quanto à forma já que o não pudemos fazer quanto à cor e às
dimensões.
Os acessórios B2, C3 e dentes de serra
também coincidem. B2 vimo-lo no catálogo bem como os dentes de serra, o C3 na
capela da Rosa. Resta-nos uma barra não referida no catálogo, todavia, existe
correspondência morfológica entre esta barra e as identificadas. ( veja-se
quadro n.º XV )
O eng.º Santos Simões, um dos maiores
especialistas da matéria, e sobretudo estudioso da azulejaria dos Açores e da
Madeira, não considerou as pequenas diferenças referidas como obstáculos à sua
cabal identificação. Deste modo e, baseando-mo-nos, neste pressuposto ( diga-se
inseguro porque deste cotejo muita coisa relevante pode escapar), ensaiamos a
identificação dos nossos a partir dos dados morfo-históricos comparados. (
veja-se quadro n.º XXIII ao XXVI ).
Identifiquemos, deste modo, os nossos,
excluindo deste processo a identificação do seu local de destino que
ensaiaremos no capítulo seguinte.
Em primeiro lugar, trata-se de azulejos
de padrão polícromo seiscentista, provavelmente do terceiro quartel daquele
século. ( ver quadro n.º V ao X ). Até mesmo o azulejo ( quadro- XII )
sublinhado a traço de roxo de manganês se situa naquele período .[97]
Em segundo lugar, vieram, muito
provavelmente da cidade de Lisboa [98]
onde, segundo José Meco, eram produzidos em larga escala e daí difundidos a
todo o país e ás colónias. [99]
E isto apesar, da hipótese, de se terem fabricado azulejos no século XVII na
ilha de São Miguel [100]
ou noutras partes do reino [101]
Parece mais plausível e crível a Santos
Simões a sua origem Lisboeta.
CAPÍTULO III
Os azulejos que recolhemos vindos
provavelmente da cidade de Lisboa no
3º quartel do século XVII a que local
da Ribeira Grande se destinaram ?
Desconhecendo a existência de provas
quer coevas quer posteriores, resta-nos tentar percorrer um caminho inverso,
partindo dos locais onde os descobrimos tentaremos chegar ao(s) seu(s)
local(is) primitivo(s).
A maior parte do acervo azulejar que
recolhemos provém da fachada da Igreja Matriz ( Ribeira Grande ) e do
Ex-Externato Ribeiragrandense, os primeiros recolhidos na torre e os segundos
no armazém camarário na rua do Ouvidor. ( [102]
veja-se nota )
No primeiro caso “ Os azulejos que
havia na parte central da fachada [103]
da Igreja Matriz, como se pode ver nas fotografias anexas, sendo de padrão
policromo (branco, amarelo e azul ), ao gosto do século XVII, mostravam bem ter
sido ali recolocados, não só pela irregularidade das quinas e dos cantos mas
ainda pelo preenchimento ad hoc dos parâmetros, sem qualquer emolduração ou
contorno racional dos acidentes arquitectónicos” [104]
Quanto ao segundo, Santos Simões
adianta-nos que “ Em dependências interiores [ do Externato ] foram colocados
azulejos de padrão policromo, cuja proveniência se desconhece mas que bem pode
ter sido a mesma dos que ornamentaram a fachada da Matriz da Ribeira Grande. “[105]
Lamentavelmente, porém, desconhecemos
qualquer nota alusiva à sua colocação, recolocação e remoção. Possuímos,
tão-somente, alguns dados sobre as suas últimas remoções, pouco ou nada
esclarecendo a sua primitiva colocação. Acerca da remoção dos da Matriz Santos
Simões diz que “..., foram eles arrancados e destruídos em 1959, quanto das
obras de “ reintegração e beneficiação “ (?); “[106]
Porém, inclino-me para uma data
sensivelmente anterior. Em primeiro lugar, o P.e Manuel de Sousa, ex- Prior da
Matriz, iniciou o seu múnus sacerdotal naquela igreja em 1957, pouco antes do
falecimento do Prior Evaristo Carreiro Gouveia e, segundo me afiançou os
azulejos já estavam retirados.
Em segundo lugar encontrei uma
fotografia da procissão do Coração de Jesus de Setembro de 1956 ou de 1957 na
qual se notam cinco pormenores deveras relevantes. [107]
1- A estrutura norte que serve de
baptismos e colada à fachada encontra-se destelhada.
2- São visíveis andaimes na fachada,
bem como se nota a ausência de azulejos seja na parte superior do frontão
subposto à cruz cimeira, seja no mesmo frontão mas na parcela a norte da
janela.
3- A ponte cujo alargamento se
inaugurou em 1957 ( conforme data ali colocada ) ainda se encontra na forma
anterior a 1957.
4-O prior ainda se encontrava vivo,
como se pode ver no canto inferior esquerdo da fotografia ( f. em Outubro ou
Novembro de 1957 )
5-Quem leva o pendão do Coração de
Jesus é a proprietária da fotografia, tendo esta comungado em 1957 e 1958. Por
duas razões, porém, ela afirma ser de 1957. Primeiro porque o senhor prior
ainda estava vivo e, em segundo lugar porque, regra geral, quem repita,
normalmente, levava outro traje e não levava o pendão. Em todo o caso foi antes
de 1959.
Os do externato foram recolocados,
segundo o Dr.º Manuel Barbosa logo após a transferência do Externato para
aquele local, depois do verão de 1948 ou do de 1949, tendo sido removidos em
1984. (?) [108]
Em todo o caso só isso sabemos. O que
ensaiaremos não passará, pois, de um exercício de esgrima mental, para a qual
dispomos de pouca ou de nenhuma prova, todavia, mesmo assim, valerá a pena a
tentativa, nem que seja pelo exercício em si mesmo.
Neste momento, ocorre-me o pensamento
de Margarite Yourcenar sobre os historiadores:
“Os historiadores apresentam-nos, do
passado, sistemas excessivamente completos, séries de causas e efeitos exactos
e claros de mais para terem sido alguma vez inteiramente verdadeiros; dispõem
de novo esta dócil matéria morta, e eu sei que Alexandre escapará sempre mesmo
a Plutarco. “[109]
Tendo este pensamento em mente e, tal
como qualquer detective, o historiador nestas circunstâncias, começa por
rascunhar o perfil dos suspeitos.
A que locais no século XVII terem eles
possivelmente pertencido?
Partindo
do estudo do eng.º Santos Simões ficamos a saber que, no que concerne os
arquipélagos dos açores e da Madeira, o tipo e as espécies azulejísticas em
questão quase só se encontravam em religiosos, designadamente em Mosteiros,
conventos, Igrejas e Capelas.[110]
Efectivamente, compulsando o dito
livro, só encontramos o P37, P35, P20, P12, C3, B2 e dentes de serra, em
edifícios religiosos .[111]
Num universo de onze mosteiros e
conventos, oito eram de Franciscanos e de Clarissas, apenas dois de Jesuítas e
um de Gracianos.
Quanto às Igrejas e às Capelas, três
eram igrejas, sendo uma Sé Catedral ( Angra do Heroísmo ) e, somente duas
Capelas, ambas particulares. [112]
O que equivale, em termos estatísticos,
a um predomínio dos edifícios do clero regular ( c. de 69 % ) em relação aos do
clero secular ( c de 18%) e às capelas particulares ( c. de 12 %, apenas )
Por conseguinte, nesta ordem de ideias,
tornam-se mais suspeitos os edifícios do clero regular, no caso da Ribeira
Grande o Mosteiro de Jesus e o Convento de Nossa Senhora de Guadalupe, para
além do mais pertencendo ambos à família franciscana que num universo de onze,
detém 78%.
Estes dados estatísticos hierarquizam
potenciais candidatos, o que é vantajoso como hipótese de trabalho, porém, o
seu uso exclusivo, decerto trairia a imensidade de possibilidades.
Assim, discutiremos todos os indícios
conhecidos acerca de quaisquer candidatos, sejam eles os conventos e os
mosteiros, sejam as Igrejas e as Capelas, inclusive edifícios civis.
No século XVII a Ribeira Grande tinha
um convento de Franciscanos e um Mosteiro de Clarissas, uma igreja da
Misericórdia, várias igrejas e capelas.[113]
Um suspeito : A ermida de Nossa
Senhora da Caridade (s) ou da (s) Candeia (s).
Ao que sabemos foi o Dr.º Jorge Gamboa
de Vasconcelos quem primeiro lançou esta
suspeita: “... pergunto [ sic ] a mim mesmo se esse templo não seria a ermida
de Nossa Senhora da Caridade ( ou Caridades )...”[114]
Esta ermida, de acordo com testemunhos
orais e alguns parcos indícios poderá ter sido o local ( ou um dos locais) de
destino dos primitivos azulejos seiscentistas.
Todavia, nada nos impede ou desautoriza
de pensar que paralelamente à hipótese dum único local de origem deve e pode
acrescentar-se-lhe a de mais de um local da ex-Vila e quiçá, de fora dela.
Entre outros factos menos relevantes, a
nossa argumentação tem de elucidar as seguintes questões:
1- Possuiu ou não a dita ermida
azulejos seiscentistas?
2- Não sendo possível responder à
primeira questão, poder-se-à, ao menos, indicar a possibilidade de ela os ter
tido?
3-Se os teve, ou se é provável que os
tenha tido, teremos ainda que provar o seguinte:
a) Que tenha tido azulejos em número
suficiente para revestir a parcela azulejada da fachada da Matriz.
b) Que os seus hipotéticos azulejos
fossem do tipo e do padrão identificado.
c) E, por último, não basta provar que
os tenha tido ou que é provável que os tenha tido em número e no tipo dos
identificados, necessário se torna provar que foram parar à fachada da Matriz.
Só assim estabeleceríamos a prova de proveniência de parte dos que recolhemos.
Nada mais, porém, poderemos fazer do
que insinuar a possibilidade da existência naquela ermida de azulejos
seiscentistas e, talvez, indicar a sua possível recolocação na dita Matriz.
A ermida é referida por Fr. Agostinho
de Monte Alverne [115],sendo-o
igualmente por António Cordeiro, [116]
tanto um como o outro atribuem-lhe à invocação de Nossa Senhora da Caridade
acrescentando o segundo “ o...que era da muito nobre Julia Taveyra,...”[117]
Talvez mais de dois séculos depois, em
1858, o Prior da Matriz de então ‘Manoel Cabral de Mello’, escreve nas notas
para o livro do Tombo que existia (existia em 1858 )” 4ª no Adro da Igreja
Parochial,[sic] da invocação da senhora das Candêas,...”[118],
registe-se-lhe a diferente invocação, porém, igualmente”...fundada por Dona
Julia Taveira.”.[119]
Ao certo sabe-se que no adro da Igreja
da Matriz uma D. Julia Taveira herdara ou fundara ( ou até mesmo um seu
sucessor ou sucessora, não interessa para o caso ) uma ermida. Quanto à sua
aparente dupla invocação, poder-se-à tratar ou de erro [120],
ou de mudança, ou até mesmo, quiçá de duas ermidas distintas. Ao que parece tal
ocorrência teve lugar posteriormente.
É, porém muito provável, que a ermida
tenha sido construída no século XVII, já que Frutuoso que morre em 1591 nada
diz a seu respeito, [121]
e, no século XVII tanto Cordeiro como Monte Alverne se lhe referem [122]
Provável, muito, é também a sua
atribuição a D. Júlia Taveira, aliás, como veremos, D. Júlia Taveira de Neiva.[123]
É importante saber-se que já no século
XVII Cordeiro a atribuiu, tal como vimos, a D. Júlia Taveira.
Existe actualmente no altar de Nossa
Senhora da Piedade, na Igreja Matriz, um lampadário de prata atribuído aquela
ermida [124] que
contém a seguinte inscrição :”IVLIA TAVEIRA ANNO 1660”[125]
Partindo do principio que esta
inscrição é autêntica e coeva, igualmente pressupondo e aceitando que o
lampadário proveio da dita ermida, a data inscrita para além de revelar
provavelmente o ano do seu fabrico, pode insinuar, por um lado, a data da
construção da ermida a que pertenceu, ou então, por outro lado, refere-se a um
período de obras ou de beneficiações da mesma ermida.
A data, 1660, situa-se no período
atribuindo aos azulejos que recolhemos. [126]
Em qualquer dos casos, apesar de adiantarmos só indícios, não devemos excluir a
hipótese ou a do seu azulejamento.
Não seria um caso isolado, já que, em
1675, a ermida de Nossa Senhora do Cabo na Vila da Lagoa foi azulejada tanto no
interior como na fachada, constituindo este último facto um pormenor singular
no panorama da azulejaria portuguesa.[127]
Esboçaremos provar que a dita ermida
foi construída pela família Taveira de Neiva e que possivelmente foi azulejada
seguindo o exemplo de outras já azulejadas ou até mesmo servindo de exemplo.
Maria Olímpia da Rocha Gila diz que
“... foi Francisco Taveira de Neiva, falecido em 1624, na Vila da Ribeira
Grande, S. Miguel. Cavaleiro fidalgo, homem da governança da Vila onde morava,
junto do adro da igreja de Nª Sr.ª da Estrela,... “[128]
repare-se que era fidalgo e morador junto ao adro da igreja onde Cabral de
Mello situa a ermida fundada por D. Julia Taveira, aliás de Neiva, filha do
dito fidalgo [129].
Mais à frente acrescenta que “..., Francisco Taveira de Neiva ocupa lugar de
destaque entre esta aristocracia insular de grandes proprietários de trigo e de
pastel dos finais do século XVI, começos do século XVII. “[130]
É provável que a família Taveira de
Neiva grande proprietária exportasse os seus trigos e pasteis seja pela vila da
Lagoa, seja pela cidade de Ponta Delgada, tanto mais que a Ribeira Grande não
possuindo um porto de mar exportava a sua produção principalmente pela Lagoa.
“É, este dos Carneiros [ Lagoa], bom
porto [ diz Gaspar Frutuoso],principalmente de Verão, de que se serve a Vila [
Lagoa] para suas pescarias e necessidades e carregação, e nele se carrega todo
o pão que vai da banda do norte, como da Vila da Ribeira Grande e seu termo,
com a obrigação que têm ali de guardar, sem contradição, os despachos que pelos
oficiais da Câmara dela vão assinados, porque assim o tem a vila da Ribeira
Grande por sentença, em um litígio que sobre isso tiveram.”[131]
A estes inconfundíveis laços
comerciais, poderíamos acrescentar os laços sócio-culturais. Assim sendo, não
repugna supor que tivesse existido influência ao ponto dos Taveira de Neiva
terem influenciado ou sido influenciados pelo azulejamento da sua ermida.
Deve-se considerar relevante o fenómeno sócio-cultural de transmissão de
estilos e gostos artísticos entre estratos sociais afins. Era frequente, entre
os fidalgos e não só, construírem ermidas junto das suas residências. De meados
do século XVII, temos, neste caso, 1651, a ermida de Nossa Senhora da Salvação.
[132]
Sendo plausível esta hipótese, todavia,
não possuímos nenhum dado concreto. Acrescentamos a estas conjecturas uma
outra, se bem que ténue, oriunda da tradição oral, segundo a qual Jaime Cabido
Ferreira e Caetano da Silva Moniz teriam visto azulejos na dita ermida.
Estes testemunhos foram-me recentemente
transmitidos pelo Dr.º Jorge Gamboa de Vasconcelos que com ambos dialogou sobre
o assunto, nomeadamente, com o primeiro.
Seria óptimo se conseguíssemos obter as
seguintes informações :
1-A confirmação da existência de
azulejos na ermida.
2-Que estes foram retirados e
recolocados da fachada da Matriz.
Antes, todavia, temos de apurar se
ambos, ou um deles, teria, efectivamente
visto na dita ermida azulejos ?
Tê-los-iam, porém, visto colocados,
recolocados ou simplesmente armazenados, vindos de outro local ?
Teriam sido testemunhas da remoção e
recolocação na Matriz ?
É pouco provável que eles assistissem à
recolocação na fachada da Matriz, todavia, poderiam ter ouvido de alguém que
viu, podendo ainda ter visto azulejos colocados, recolocados ou armazenados na
dita ermida, neste caso azulejos que sobravam ou da ermida ou de outro local.
O que é certo é que eles não foram
testemunhas oculares da recolocação na Matriz, pelo menos na parte apresentada
por Cândido Abranches, já que o primeiro nasceu em 18/12/ de 1879 [133]
e o segundo em 2 ou 22 de Julho de 1875 [134].
Portanto,
treze e nove anos, pelo menos, após a recolocação. (?)
Com data de 23 de Setembro de 1866,
Cândido Abranches, remete ao seu patrocinador, o Sr Visconde da Praia, uma
cópia do seu Álbum que sairia do prelo em 1869. [135]
Nesta obra figura a gravura XXX onde se
vê esboçada a fachada da Matriz já azulejada, pelo menos quase toda a área que
foi revestida, há excepção, a julgar pela gravura, da parte superior do frontão
subposto à cruz cimeira, o que poderia ter ocorrido após Abranches ter
recolhido as suas notas.
Quando recolheu ele os dados sobre a
Matriz ? Não sabemos ao certo, porém na introdução Abranches confessa que o seu
livro era “...o fructo de aturados labores em bastantes annos,...”[136]
O facto de C.A. não nos parecer ter
esboçado a dita parcela da fachada deixa em aberto a hipótese de ela ter sido
revestida em data posterior à recolha de C.A. ;e por conseguinte, neste caso,
não seria improvável que uma ou as duas testemunhas o pudessem ter visto. [137]
Temos, porém, de convir que os azulejos
poderiam ter lá sido recolocados, vindos não se sabe bem de onde, num período
de tempo que vai desde o inicio do segundo quartel de setecentos, altura em que
a igreja foi reconstruída, [138]
até cerca de 1866 (?) data em que Cândido Abranches recolheu os elementos para
a elaboração da gravura XXX ( ele ou outro ).
Todavia, se porventura a parte superior
do frontão em 1866 ou perto ainda não estivesse azulejada, podemos supor duas
coisas:
1- Continuar a pensar que já, há muito
ou pouco tempo, tinha sido azulejada, mas que aquela parcela não o fora ou que
o tendo sido, por qualquer razão tenha perdido os azulejos.
2- Que em 1866 ou perto se estava a
proceder ao acabamento do azulejamento da fachada.
Mas, mesmo que as duas testemunhas
tivessem vivido muito perto da época em que se presume que os azulejos foram
recolocados, tal facto só por si não nos garante que tivessem transmitido a
noticia do ocorrido com exactidão.
Analisemos como se processou a
transmissão da informação. As duas pessoas que presenciaram ou que simplesmente
ouviram de quem ouviu ou viu, volvidos muitos ou poucos anos, não o sabemos,
transmitiram, sabe-se lá como e em que contexto, a informação a uma terceira
pessoa, tendo esta, por sua vez, transmitido a informação a uma quarta pessoa,
volvidos pelo menos vinte ou trinta e nove anos.[139]
A informação obtida através do recurso
às fontes da tradição oral é preciosa, sobretudo no nosso caso, quando se
desconhecem outras provas, porém, há que ter em conta a sua natureza. Para
obter o máximo de informação útil temo-nos que rodear de cautelas e munirmo-nos
de métodos adequados.
Além do mais “. Le discours sur le
passé enfin, et nous l’avons précédemment dit en filigrane, n’est pas forcément
“passeíste”. On le comprend aisément: le passé peut être conçu comme
définissant une dynamique à venir, un ressourcemente qui n’exclut pas les
donnés actuelles mais simplement les corrige, les repense et les enrichit,
cherche à les percevoir comme le fait d’une évolution et non d’une rupture.”[140]
Vejamos um caso concreto. A remoção dos
azulejos da Matriz ocorreu não há muito tempo, todavia, quer o pedreiro que lá
esteve, o mestre Almeida, quer alguns vizinhos da igreja seus frequentadores
assíduos, não me souberam precisar a data certa da remoção.
É, ainda, possível aceitar-se que
existiram azulejos ( seiscentistas ?) na e da dita ermida e que, creio eu, após
1858 e à volta de 1866, eles tenham ido para a fachada da Matriz, sendo, porém,
menos provável que o tivessem feito antes de 1858 e muito menos, antes de 1852.
Não obstante os fortíssimos abalos
sísmicos de 1852 [141]
o Prior Manoel Cabral de Melo em 1858, seis anos apenas após a ocorrência ainda
se refere à ermida nos seguintes termos:
“ 4ª No Adro da Igreja Parochial, da
invocação da Senhora das Candêas, fundada por Dona Julia Taveira. Não tem
serventuario. Tem de renda, proveniente d’un foro - 20$500 rs.”[142]
Ao que parece ela manteve-se de pé,
sendo provável que o Prior a não incluísse na lista se estivesse
irremediavelmente arruinada. Para além do mais a ermida dispunha de uma renda
que poderia ter sido utilizada para lhe reparar os danos do sismo. aquele foro
correspondia, pouco mais ou menos, à soma que vitaliciamente a Me Margarida
Isabel do Apocalipse recebeu até 1858 [143]e
do preço de uma das suas casas vendida na década de setenta daquele século [144].
Por conseguinte, tratava-se de algum dinheiro, talvez o suficiente para reparar
a ermida.
Tanto mais que em 3 de Maio de 1852 o
Prior da Matriz Francisco José Pacheco diz explicitamente que “ Em os dezeseis
dias do mez d’Abril do anno de mil oito cincoenta e dois, sendo pouco mais das
déz hóras da tarde, ou noite daquelle dia, se sentio em toda esta Ilha úm
grande abálo da terra, ou terramoto : todos os edifícios da Ilha sofrerão
ruinas, uns mais, outros menos: esta Matriz pouco sofrêo só apparecerão,
algumas fendas nos cantos das paredes do Côro junto ao frotìspico: desabôu
párte da cimalha do gradiamento de pédra da tôrre dos sinos, quebrando em baixo
degráos do ádro: algumas Pessoas morrerão de báixo das ruínas causadas pelo
terramoto, e outras ficarão feridas: nesta Villa só morrerão duas raparigas na
Rúa dos foros, da Freguezia da Conceição, sendo Irmãas, de idade, uma de
dezoito annos, e outra de quatorze: foi, horrorõso: duróu somte. doze segundos,
e á (?) continuár por mais alguns de cérto ficariá toda a Ilha reduzida a um
montão de ruinas e debaixo d’estas sepultadas os seus habitantes: não consta
que a Ilha em tempo algum sofresse outro igual, e para que os Vindoûros tenhão
conhecimento d’esta desastrosa calamidade, faço esta declaração, vále aentre
linha que diz ruínas. Ribrª. Grde. 3 de Maio de 1852 O Prior Francisco José
Pacheco “ Como se depreende nada aconteceu à ermida.[145]
Segundo os dados da genealogia da
família Taveira de Neiva da autoria do Dr.º Hugo Moreira aquela família foi ficando
sem descendentes legítimos e extinguiu-se em 1861 quando D. Angélica Joaquina
Taveira faleceu na vila de Corumbá no Brasil.[146]
Assim sendo, e sem ninguém para cuidar
da ermida, é provável que esta fosse, a partir de então, arruinando até que foi
demolida, segundo se crê, no final do século passado ou no início do presente.[147]
Deste modo se compreende que as ditas testemunhas a tenham conhecido.
Viram azulejos ? Podem muito bem ter
sido os que sobraram do revestimento da Matriz e que aí estivessem armazenados.
Teria tido a dita ermida azulejos suficientes para revestir a fachada da Igreja
?
Fizemos os nossos cálculos e achamos
que sim. Estiveram a revestir a Matriz cerca de 1800 azulejos [148].
Medindo uma ermida seiscentista, a de Nossa Senhora da Salvação, [149]
verificamos que tinha uma área parietal mais do que suficiente para levar muito
mais do que 1800 azulejos. [150]
Não pudemos, como é obvio, incluir nos
nossos cálculos, os imponderáveis e hipotéticos estragos do sismo de 1852.
Finalmente, numa análise aos elementos
constituintes dos padrões de grande dimensão P 37 (6x6), leva-nos a supor que
foram utilizados em grandes superfícies parietais. Ou o P37 (6x6) e o P35
(4x4), estavam decompostos em pequenos padrões 2x2 (aliás tal como já vimos no
caso do P35 para a capela de Nossa Senhora do Cabo e mesmo para a fachada da
Matriz) ou então é muito possível terem pertencido a edifícios maiores.
Se é impossível provar, com os dados
que dispomos, e com certeza que existiram azulejos seiscentistas na ermida e
que estes foram parar à fachada da Matriz, é igualmente impossível provar-se o
contrário.
Existem, porém, outros candidatos cujos
indícios são, porventura, mais perturbantes, nomeadamente o Mosteiro do Santo
Nome de Jesus na Ex-Vila da Ribeira Grande .
OUTRO CANDITATO: MOSTEIRO DE
JESUS DA EX-VILA DA RIBEIRA GRANDE
Foi,
”...,na era de mil e quinhentos e trinta e seis, pouco mais ou menos, que Pero
Roiz da Câmara e sua mulher, D. Margarida de Betencor, fundaram o mosteiro de
Jesus na Vila da Ribeira Grande, no assento e casas onde eles mesmo moravam. “[151]
Depois, sendo o mosteiro destruído, recolheram-se as freiras em 1563 a Ponta
Delgada “ E tornaram na de setenta e sete [ 1577 ]” [152]
Volvidos quase três séculos, em Junho
de 1832, [153] um
mês após o decreto de extinção das ordens religiosas de 17 de Maio de 1832, [154]
as freiras saiem definitivamente do Mosteiro.
“ Artº 1º - Ficam supprimidos os
seguintes Mosteiros de Religiosas, a saber:
... Na ilha de S. Miguel..., assim como
o de Jesus na Ribeira Grande”[155]
Aos quatorze de Dezembro de 1833,
conforme titulo publico passado em nome do Provedor Interino do Concelho da
Ribeira Grande, António Manuel da Silveira Estrella, o mosteiro e suas
dependências foram arrematados em haste pública. [156]
Estes bens de raiz, fazem parte do
património de Dona Mariana Amália Narciza, primeira esposa de José Maria da
Câmara Vasconcelos que aparece como seu inventariante num documento de 7 de
Janeiro de 1834.[157]
Em Agosto de 1858, o prior Cabral de
Mello diz que “ O frontispício da Igreja da Ribeira Sêca, era o da Igreja das
Freiras. “[158]
Independentemente de o interpretamos à
letra ou não, que a fachada tenha sido transferida e reposta tal qual ou se
somente parte ou tão somente que a fachada tenha sido transferida e reposta tal
qual ou se somente parte ou tão somente a pedra utilizada foi adaptada, o certo
é que, e é o que nos interessa provar, ocorreram, em qualquer dos casos,
demolições, em data desconhecida, mas provavelmente entre Junho ou Julho de
1832 e Agosto de 1858.
Assim sendo, e caso aí existissem
azulejos, estes teriam forçosamente de ser removidos.
Porém, não encontramos quaisquer
referências escritas, seja coevas seja posteriores, aludindo à existência
naquele estabelecimento religioso de azulejos seiscentistas, todavia,
encontramos, em vários locais onde se erigia o mesmo, centenas de fragmentos de
azulejos. [159]
É evidente que os fragmentos podem ter
lá ido parar posteriormente, neste caso, nada tendo a ver com o Mosteiro. Só
uma intervenção arqueológica poderia responder a essa dúvida.
“ Archaelogical excavations are
ultimately a process of recording subsurface features and the provenience, or
precise relationships, of the artifacts within the site.”[160]
O derrube das paredes da igreja e das dependências do Mosteiro de
Jesus, provocou, decerto, espaços vazios no terreno que tiverem de ser
preenchidos a fim de todo o terreno, ou parte, ser utilizado para fins agrícolas.
Este preenchimento pode ter sido feito,
em parte com o recurso aos entulhos do próprio Mosteiro recobrindo-os com a
terra adjacente.
Existem, nas paredes interiores da
ex-cerca do Mosteiro, sinais visíveis de remoção de terra, sobretudo no lado
nascente, onde parte da pedraria dos alicerces que deveria estar soterrada,
nalguns pontos, está mais de um metro acima do nível do terreno, indício de que
a terra que os cobria foi removida para as partes mais baixas do terreno
situadas do lado Norte e poente, precisamente no local onde deve ter estado
implantado o Mosteiro. (?) [161]
A suspeita acerca dos azulejos do
Mosteiro começou em finais de 1987, no último trimestre, quando encontrei numa
vala paralela ao passeio junto à parede norte, onde provavelmente outrora
ficava a fachada principal ou o adro do antigo Mosteiro [162]
e, designadamente entre o portão norte e o vértice formado pela rua de
Trás-os-Mosteiros e o murete gradeado do Ciclo Preparatório, alguns fragmentos
e azulejos seiscentistas assim como outros fragmentos cerâmicos. [163]
A vala, porém, fora aberta a pá
escavadora mecânica, a fim de se substituir a tubagem de chumbo abastecedora de
água às residências circunvizinhas por outra tubagem de material sintético.
Em todo o caso, inspeccionando os
estratos, num e no outro lado da vala, verifiquei que, logo a seguir à camada
de areia suporte dos paralelepípedos da calçada se encontrava uma camada de
barro da qual recolhi alguns fragmentos de azulejos.
Todavia, não me foi possível proceder a
qualquer registo estratigráfico, porque a vala tinha de ser fechada o mais
depressa possível.
Para além do mais a maioria do fragmentos
foram recolhidos da mistura de terras revolvidas pela pá mecânica.
Contactei com a Associação Arqueológica
que de Setembro a Outubro de 1988 promoveu uma campanha arqueológica, no
interior das terras do ex- Mosteiro, onde em camadas de entulhos e em achados
de superfície foram encontrados, segundo me foi dado a ver, fragmentos do mesmo
tipo de azulejo. Foram escavados dois hexágonos junto à traseira da casa do Sr
Pinheiro que confronta os terrenos do Ex-Mosteiro e abertas duas valas de
verificação, uma perto da antiga arquinha, no vértice sul-poente do terreno e a
outra no interior do “quarto” à entrada do portão virado a norte. [164]
A classificação, identificação e estudo do que foi recolhido está a decorrer.
E, mais recentemente, em Março de 1989,
quando se procedeu à correcção do nó viário da rua de Trás-os-Mosteiros com o
dominado “ Adro das Freiras”, perto do local onde pela primeira vez encontrei
fragmentos, a pá escavadora descobriu muitos outros. [165]
Parte do troço poente do muro do Ex-Mosteiro foi demolido e remexida a terra
que lhe ficava a nascente. Foi neste troço que os encontramos.[166]
Terão estes achados, mormente os
primeiros e os últimos valor científico ou pelo menos algum valor documental ?
Quanto aos fragmentos recolhidos no primeiro e no último caso, descobertos a pá
escavadora, terão pouco valor arqueológico visto que nos foi impossível
proceder ao adequado estudo e registo estratigráfico. Quanto ao segundo caso,
porém, objecto de estudo cuidadoso e metódico, o seu valor é mais seguro.
“ O estudo de uma estação arqueológica
não pára nas escavações. Antes de publicar os resultados de uma campanha - e
não só publicar equivale a destruir pela segunda vez aquilo que se devastou ao
escavar -, é preciso poder tirar conclusões. Ora, os elementos que uma
escavação fornece podem não ser suficientes. É necessário que o estudo
pormenorizado das amostras, dos objectos e de tudo o mais que se tiver
encontrado no local, venha em apoio das teses estabelecidas pelo arqueólogo. Os
estudos tipológicos, os exames das ossadas humanas e animais, o estudo
tecnológico dos objectos fabricados pelo homem, o estudo dos solos, das
condições do meio, do clima, a identificação dos pólens, etc., enfim, as
estimativas absolutas ou relativas das datas dos vestígios encontrados e o
estabelecimento de cronologias, são absolutamente necessários ao arqueólogo
para estabelecer um quadro exacto da vida durante as épocas estudadas e dos
acontecimentos cronológicos que tiveram lugar na estação escavada. Esta
informações são indispensáveis para fazer da arqueologia o que ela é
verdadeiramente, não uma vã escavação da terra para fazer a recolha de
testemunhos, mas um estudo racional dos modos de vida e das estruturas sociais,
económicas e culturais dos povos do passado. “[167]
Até ao momento, estas descobertas,
talvez só nos permitam concluir que há data das escavações, foram encontrados
naqueles locais fragmentos de azulejos seiscentistas, mas, em si mesmas, não
nos autorizam a concluir que aqueles fragmentos pertenceram a azulejos do
Ex-Mosteiro.
Desapareceram os Livros de Receita e de
Despesa do Século XVII do Mosteiro e desconhecemos a existência de quaisquer
notas sobre a compra e a colocação nele de azulejos seiscentistas, todavia, a
existência deste tipo de azulejos em quase todos os Mosteiros de Clarissas da
Custódia Franciscana da Puríssima Conceição das Ilhas de São Miguel e Santa
Maria, lança a suspeita que o Mosteiro de Jesus também os tivesse tido .[168]
Aqui o fenómeno da difusão de padrões
de gosto deve ter sido fortemente influenciado pelo gosto dos visitadores
Franciscanos que percorriam, um a um, todos os Mosteiros da Custódia. Não
admira, pois, que os Mosteiros da dita Custódia, no que concerne a azulejos,
apresentassem sinais de gostos idênticos.
É certo, porém, que o Mosteiro de Jesus
pode ter, neste contexto, constituído uma excepção à regra, porém, a tendência
uniformizadora deveria ter sido enorme e, para além dela, o facto de termos
encontrado nas suas terras fragmentos, ainda que de atribuição problemática.
Ambos constituem indícios de crédito a favor da sua existência no Mosteiro de
Jesus.
Os próprios locais onde encontramos os
fragmentos parecem insinuar que estes pertenceram ao Mosteiro. Vejamos. Ao
serem as paredes derruídas e, concomitantemente, retirando-se-lhes os azulejos
(?) , alguns fragmentaram-se, caíram ou foram atirados para o chão, sobradado,
térreo ou lajeado, seja para o interior do Mosteiro seja para a rua. Os que
caíram na terra foram sendo calcados pelos materiais amontoados e os que caíram
no sobrado ou no empedrado desviados para a terra ou simplesmente empilhados.
Tal como já foi atrás referido, é provável que mais tarde, tenham sido
espalhados pelos espaços vazios no terreno provocados pela demolição dos
edifícios e cobertos de terra arável.
A identificação de fragmentos
pertencentes a elementos do Padrão 37 (6x6), regra geral, utilizados em tapetes
que revestiam grandes superfícies parietais também sugere a sua utilização pelo
Ex-Mosteiro.
Porém, nada disso, é evidente, prova à
sociedade e sem ambiguidades que existiram azulejos no Mosteiro, todavia, lança
fortes suspeitas.
Mas, supondo que lá existiram azulejos,
ainda temos que esclarecer três pontos.
Primeiro, foi o Mosteiro efectivamente
demolido? Segundo, foi demolido no período em que se pensa que a fachada da
Matriz foi azulejada ? Terceiro, os azulejos da Matriz vieram do Ex-Mosteiro ?
Cabral de Mello em 1858 afirma que “...
havia um [ Mosteiro ] do sexo feminino, onde se chama o Adro das Freiras. “[169]
Em Junho de 1832 são as religiosas
expulsas, distribuídas e os bens de raiz inventariados:
“...
Houve por bem Supprimiar [ sic] o Mosteiro das Religiosas de Jezus desta Villa,
determino que Vossa Senhoria fassa invacuar o mesmo Mosteiro em trez dias
impreterivelmente, entregando as ditas Religiosas as Pessoas constantes da
Relação junta asignada pelo Escrivão José de Medeiros Souza outro sim [ sic]
determino que Vossa Senhoria passe a invatariar com o Sindico do Refferido
Mosteiro os Vasos Sagrados, Ornamentos e Vestiduras dos Artigos terceiro e
quinto, cuja copia também Remetto asignada [ sic ] pelo dito Escrivão fazendo
Remover tudo para a Matriz desta mesma Villa...” [170]
e mais adianta data: ...Villa da Ribeira Grande Seis Seis [ sic ] de Junho de
mil oito centos trinta e dois”...”[171]
Fica, por conseguinte, de Junho de 1832
até finais de 1833 mais de um ano, o Mosteiro abandonado e exposto a todo o
tipo de vandalismo e à incúria dos tempos. Na Quaresma de 1834, vemos José Maria da Câmara de Vasconcelos
a morar lá, [172]
saindo logo após, só regressando na Quaresma de 1847. [173]
Por um lado, provavelmente, os
edifícios, naquele lapso de tempo de treze anos, devem ter ficado entregues a
si mesmos, por outro lado, devem ter sofrido obras de adaptação a moradia. De
1832 até finais da década de quarenta, pelo menos, e segundo documentos do
Arquivo Municipal da Ribeira Grande, José Maria da Câmara Vasconcelos adquire e
vende bens de raiz, confessando, perto de 1850 que tem dificuldades económicas [174],
portanto, deve ter sido neste período que, para arranjar dinheiro, começou a
desmantelar o Ex-Mosteiro e a vender tudo aquilo que pudesse interessar.
Os violentos abalos sísmicos de 1852,
caso o edifício ainda se mantivesse de pé, e sem os devidos cuidados de
manutenção, podem ter sido o seu cântico de cisne, danificando-o
irremediavelmente ou mesmo derruindo o que lhe restava.[175]
Todavia a demolição pode ter sido feita
muito antes, Em 1858, o Prior Manuel Cabral de Mello, quando se refere à Ermida
das Caldeiras, que ostenta no seu frontispício a data de 1850, refere-se-lhe,
como tendo sido construída há muito poucos anos, sendo, porém, no tocante ao
frontispício da Igreja de São Pedro que atribui à Igreja do Mosteiro mais vago
na datação, o que, só por si, pode querer indicar, para a demolição da igreja,
um período de tempo algo anterior a 1850. [176]
O próprio Cândido Abranches ao declarar
que levara muitos anos a recolher os elementos para o seu Álbum, não sabemos
quantos, concluindo em 1866, de certo modo, parece corroborar tal conjectura.
As demolições podem ter sido, por
conseguinte, levadas a cabo a partir de 1832, mas muito provavelmente, na
década de quarenta, pelo menos em parte. Em todo o caso, antes de 1858 e perto
do período em que C. Abranches recolheu os dados para o seu “ Álbum”, no qual
já se vê os azulejos na fachada da Matriz.
Apesar de alguma evidência em relação à
existência de azulejos seiscentistas no Ex-Mosteiro, falta-nos estabelecer a
ligação deles aos da Matriz. Também neste caso não possuímos documentação, para
além da circunstância de os hipotéticos azulejos do Ex-Mosteiro estarem
disponíveis à data (?) do azulejamento da Matriz e dos próprios fragmentos
recolhidos nas terras do Ex-Mosteiro que, quanto aos P37, P35 e dentes de
serra, se assemelham aos que estiveram recolocados na Matriz.[177]
Não obstante a inexistência de provas
concludentes, assim como a vulgaridade deste tipo de azulejos leva-nos, mesmo
assim, por um lado, a procurar outros suspeitos e, por outro, a manter de pé a
hipótese que os hipotéticos azulejos do Ex-Mosteiro pudessem ter contribuído em
parte ou na sua totalidade para o azulejamento da Matriz.
OUTRO SUSPEITO: O Convento
de Nossa Senhora de Guadalupe, vulgo Convento dos Frades da Ribeira Grande
Assim,
examinemos outro candidato, o Convento de Nossa Senhora de Guadalupe. Situado
mesmo na entrada poente da Ex-Vila e construído no primeiro quartel do século
XVII.
“... em 30 de Abril do ano acima [ 1612
], se anteciparam clero e povo, em uma Segunda-Feira da Pascoela, em que se
rezava dos Prazeres de Nossa Senhora e botaram a primeira pedra no edifício
deste convento, ...”[178]
e, “..., cantou-se a primeira missa nesta igreja [ Nossa Senhora de Guadalupe ]
em 10 de Fevereiro de 1613 ...”[179]
.As provas que dispomos acerca da existência naquele convento de Franciscanos
de azulejos seiscentistas não são nem mais fortes nem melhores das que aduzimos
para os dois candidatos anteriores. Sem documentos históricos ou vestígios
arqueológicos só dispomos de alguns azulejos a ele atribuídos pelo Marquês de
Jácome Correia.
Num catálogo publicado em 1944, inserta
na secção de azulejos, sob os números 8 e 13 o Dr.º Luís Bernado escreve: “ N.º
8 - Quadro em 4 ornatos de 4 azulejos cada um, em azul e amarelo sobre branco,
e mais 2 azulejos em trechos separados; representando dois de eles, faixas e
outro, um mascarão composto de acantos estilizados. Época, século XVIII. Este
quadro foi oferecido ao Museu pelo Sr. Marquês de Jácome Correia em 1917- Os
primeiros 16 azulejos, formando 4 ornatos, vieram do vestíbulo do Convento da
Ribeira Grande, hoje Misericórdia, os outros, da antiga ermida de São Caetano
situada nas areias de São Roque desta Ilha. “[180]
E, no número 13 da secção refere:
“Nº 13- Quadro com uma faixa em
dentadura de 14 azulejos de diversos tamanhos e mais 5 ornatos de 4 azulejos
cada um e um de 5 .- A faixa é pintada em azul e amarelo sobre branco e os
ornatos em azul sobre branco, representando um mascarão e encadeamento de
acantos estilizados. Século XVIII. -Este quadro foi oferecido em 1917 ao Museu,
pelo Sr Marquês de Jácome Correia, tendo pertencido os azulejos da faixa ao
Convento onde hoje se acha instalada a Misericórdia da Ribeira Grande,...”[181]
Mais tarde, o eng.º Santos Simões, diz
em relação a azulejos que viu no dito museu “ Muitos outros azulejos fazem
parte da colecção museológica , a grande maioria pertencentes a grupos
decorativos de padronagem policroma do século XVII, provenientes de demolições
não só dos conventos da Esperança e de Santo André, de Ponta Delgada, como do
antigo Convento de S. Francisco de Ribeira Grande, e da ermida de S. Caetano,
nas Areias de São Roque.”[182]
Quanto ao n.º 8, e no que concerne nos
atribuídos ao Convento dos Frades, que corresponde ao Quadro n.º 384 [183]
Santos Simões diz que são” A ) Padrões do tipo maçaroca, vulgar 2x2 de
pontinhas, como os do quadro 398 “[184]
quanto ao n.º 13 ( Quadro n.º 389 ) e um dente de serra ligeiramente diferente
dos recolhidos na Matriz e no Ex-Mosteiro de Jesus mas idêntico aos da ermida
das Caldeiras. [185]
Trata-se, pois , segundo lemos e vimos
de elementos P12 ( maçaroca , para o n.º 8 ) e dentes de serra ( ligeiramente
diferentes para o n.º 13 ).
Ambos os quadros encontram-se,
presentemente, na arrecadação do museu. [186]
Portanto, segundo o Dr.º Luís Bernardo,
tais azulejos teriam, segundo informação do próprio marquês (?), vindo do
Convento dos Frades da Ribeira Grande, aliás, tal como um quadro setecentista,
representando o “ Cenáculo” que, se encontra no Palácio de Santana.
“ II -Nossa Senhora de Guadalupe, do
antigo convento de - Do refeitório do vetusto convento franciscano da Ribeira
Grande, adaptado agora a hospital, veio
o grande painel de 14x16 azulejos mostrando, na parte central a representação
do Cenáculo “[187] e
mais adiante acrescenta :
“... Tipológicamente poder-se-à colocar
em época vizinha de 1735 -45 a julgar pelo estilo dos enquadramentos que se
vêem em Santo André [ Vila Franca do Campo ]”.[188]
Teria o Dr.º Luís Bernardo ou o Marquês
de Jácome Correia feito confusão? Não o sabemos. Todavia segundo o testemunho
do Senhos Jaime Ferreira Cabido que transmitiu ao Dr.º Jorge Gamboa de
Vasconcelos o vestíbulo do Ex- Convento não teve azulejos, recordava-se, porém,
da troca de materiais para restauro das cozinhas (?) pelo painel setecentista.
A este testemunho aponho as mesmas
reservas que referi quando analisei a ermida da Caridade. Em todo o caso
registe-se a dúvida.
Existe, porém, um outro vestígio
circunstancial que, quiçá, pode reforçar as suspeitas Em 15 de Agosto de 1988
reparei, pela primeira vez, existir na ermida das Caldeiras, quer no seu corpo
principal quer na sacristia um rodapé de azulejos ( tipológicamente )
seiscentistas. Mais tarde, descobri na casa ao lado, propriedade do senhor
Humberto Viveiros, dois azulejos do mesmo tipo.
O grande impulsionador da edificação
daquela ermida foi, segundo Cabral de Melo, um ex-frade, egresso daquele
convento, cujo nome era Frei José da Purificação:
“10 a. Situada nas Caldeiras, a trez
quartos de Legoa [ ? ]ao sul da Parochia ;da invocação da Senhora da Saúde;
fundada, há poucos annos, por Dona Izabel Margarida Botêlho, na sua família e
outras pessoas devotas a instâncias do Sabio, e virtuoso Padre Mestre Frei José
da Purificação, da extincta Ordem Ordem de San Francisco, meu Sancto
Patriarcha. Não tem Serventário. Tem de renda proveniente d’um juro 2 400 rs. “[189]
Num
Acórdão da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, datado de 30 de
Setembro de 1839, o escrivão regista que pelas 10 horas da manhã daquele dia o
Administrador do Concelho tinha dado posse do Edifício do Ex-Convento de S. Francisco
aquela Santa Casa. Mais adianta se faz o diagnóstico do que se necessitava
fazer para adaptar aquele edifício a Hospital: “ Concerto da cozinha do novo
Edifício que vai servir de Hospital : desmanchando-se a Caza, que em outro
tempo servia de despejos por se achar já de molida (sic ), e esta ter parte dos
materiais, que se precisão para a mencionada cozinha.”[190]
. Depois enumera, entre outros, o arranjo da casa e da cozinha do Boticário, o
retelho geral de todo o edifício, o concerto da casa do Consistório que ficava
sendo o lugar da sacristia velha ficando o local da Capítulo a servir de
sacristia à igreja, arranjo de fechaduras novas para todas as portas.[191]
Se em finais da década de 30 o
ex-convento se encontrava a sofrer obras de restauro e adaptação, a julgar pela
data do frontispício da ermida das Caldeiras, na mesma altura ou pouco depois,
esta última, encontrava-se em construção. Não seria improvável que o egresso,
empenhado como vimos, na construção da ermida, levasse para lá azulejos do seu
ex-convento. Nada, porém, o impedia de os levar de outro local. Os conventos
franciscanos das ilhas utilizavam muito aquele tipo de azulejo.
Tendo desaparecido os Livros de Receita
e Despesa daquele convento, só nos resta, talvez, tentar descobrir zonas de
entulho do ex-convento e proceder a uma adequada intervenção arqueológica. Tal
seria como procurar uma agulha no palheiro já que desde 1839 até ao presente,
novos edifícios se têm implantado nos antigos terrenos.
Atentemos a dois pormenores curiosos.
1-
Os rodapés da dita ermida das Caldeiras são heterogéneos sendo constituídos por
elementos dos Padrões 37, 35, 20, 12, C3 e dentes de serra ligeiramente
diferentes dos que recolhemos nos outros locais.
Para além do mais estes últimos são
semelhantes aos existentes no museu Carlos Machado e atribuídos ao ex-convento
de S. Francisco.[192]
Quanto aos C3 só os encontramos na Capela de Nossa Senhora da Rosa.
2-O Sr Humberto Viveiros informou-me
que o seu avô construíra a casa onde veraneia junto à ermida há mais de
sessenta anos e que nos alicerces da casa anterior o avô encontrara muitos
fragmentos e azulejos iguais aos da ermida, entre os quais dois, que recolocou
na sala de estar junto à lareira. [193]
Entre as infindáveis questões sugeridas
por estes indícios tento ponderar nas seguintes, sem todavia, querer ou poder
esgotar as possibilidades:
1- Não se sabe quando o rodapé foi
colocado, sendo provável que o tenha sido na altura da construção da ermida (?)[194]
2-Pela heterogeneidade dos seus
elementos depreende-se que:
a) Sobretudo pelos elementos p37. (6x6)
que vieram dum edifício com grandes superfícies parietais. (
não existia naquele local, ermidas antes
da construção da que nos referimos )
b) Que iriam utilizar os conjuntos
completos mas que, por qualquer razão
que desconhecemos, não o fizeram.
3-Era intenção utilizar todos os que
vieram do ex-convento mas a Matriz
antecipou-se ? ( As Caldeiras pertencem à paróquia da Matriz ).
4- Não houve antecipação e foram
utilizados os que sobraram do
azulejamento da Matriz vindos.
a) do Ex- Mosteiro de Jesus ?
b) do Ex- Convento dos Frades ?
c) de outro local tanto na vila ou fora
dela?
O
que sabemos ao certo é que, ao tempo provável da recolocação dos azulejos
seiscentistas na Matriz, existiam na Ribeira Grande, e mesmo fora dela,
azulejos disponíveis, assim sendo, como saber quem contribuiu.
OUTRO SUSPEITO: A IGREJA DE
NOSSA SENHORA DA ESTRELA VULGO DA MATRIZ - R.G.
Teriam
os azulejos recolocados na fachada da Matriz pertencido ao edifício anterior
demolido em 1728 ?[195]
Antes, contudo, temos de ensaiar provar
que existiram, naquela igreja, azulejos seiscentistas do tipo dos que se
presume terem estado na dita fachada.
Foi o Dr.º Jorge Gamboa de Vasconcelos
quem pela primeira vez insinuou esta hipótese “ Devem ter pertencido, pois, ou
a outra dependência da igreja [ Matriz ] ou a outro templo, [ refere-se, neste
caso, à ermida de Nossa Senhora da Caridade (s) ou da(s) Candeia(s) ]...”[196]
Por um lado a Matriz, fundada no inicio
do século XVI, [197]
no século XVII, estava aberta ao culto e, por outro conhecem-se uma a outra
igreja nos Açores azulejada no século XVII com aquele tipo de azulejos [198]
Nos entulhos que “remexi” [199]
na sua torre, reconstruída em 1701, [200]
encontrei muitos azulejos e fragmentos do tipo em questão e, que tanto podem
ser restos dos hipotéticos azulejos removidos em 1728 da Matriz, como também
dos que sobraram (?) da sua recolocação ou ainda dos da remoção final em
1950’s.
Só, talvez, uma análise mais
aprofundada dos entulhos poderia ajudar a solucionar este enigma. Em qualquer
das circunstâncias registe-se a possibilidade de os entulhos serem, em parte ou
na sua totalidade, vestígios dos hipotéticos azulejos da dita igreja. O que não
é de todo improvável, porém é difícil fazê-lo.
Em primeiro lugar, os dados já
adiantados não passam de meros indícios circunstanciais, em segundo lugar,
desconhece-se a existência de Livros de Receita e de Despesa daquela igreja
anteriores a 1674, período provável do fabrico dos azulejos em causa.
Tanto quanto sei o Dr.º Luís Bernardo
consultou o livro que começa em 1674 [201]
( que não pude consultar por desconhecer o seu paradeiro ) tendo encontrado
referências a azulejos setecentistas e, [202]
das duas uma, ou ele consultou todos os livros de Receita e de Despesa,
nomeadamente a partir de meados do século XVII, e, nada encontrando se pode
deduzir que não existiram azulejos seiscentistas, ou então, não os consultou e,
mantem-se a possibilidade da Igreja os ter tido. Tanto mais que ele, por um
lado, pode os não ter procurado e, por outro, a informação acerca deles pode
ter sido inclusa noutro tipo de documentação. Temos vindo, por várias razões, a
compulsar toda a documentação existente no Arquivo Paroquial, porém, nada
encontramos.
Estaria a igreja capaz de, no período
em questão, de meados de seiscentos até finais do 3º quartel daquela centúria,
receber tais azulejos?
Vamos ver se, entre 1650 e 1680,
existiu algo que impedisse ou desaconselhasse o seu azulejamento.
1-” Em 28 de Setembro de 1612 caiu a
capela - maior da igreja desta Vila, sendo de maneira muito formosa e a melhor
obra que havia no bispado; e a 2 de Fevereiro de 1622 se cantou já missa nela,
por estar já feito de abóbada (1) ”[203]
2-” A
torre da Ribeira Grande (sic), desta vila, caiu em 15 de Janeiro de 1681, com
quebramento de seus sinos, mas, por indústria do licenciado reverendo padre
vigário, o licenciado Jerónimo Tavares Homem, em 19 de Março de 1701, por estar
de novo feita com sinos novos, se ouviram nela repiques (1)” [204]
Ao que
parece, entre 1622 e 1681, nada aconteceu que impedisse ou desaconselhasse a
encomenda e colocação de azulejos do tipo em questão.
Provamos
a disponibilidade da igreja e insinuamos a possibilidade da sua existência,
porém, há que provar que os hipotéticos azulejos foram recolocados na fachada.
Em
primeiro lugar, em 1681 a torre caiu “... pª. dentro da Igreja [ e ] quebrou
huma naue e aRuinou alguma das outras;...”[205].Sendo
as superfícies parietais das naves um dos locais prováveis de colocação de
azulejos ( tal como se vê em St André-Vila Franca do Campo ), até que ponto
aquele desabamento prejudicou os hipotéticos azulejos? Não me parece que a
capela- mor os tenha tido visto que, em 1622 foi reconstruída e saindo”... obra
tão excelente, como hoje se vê.”[206]
Segundo diz Monte Alverne, se manteve, pelo menos até inícios de setecentos.
Tanto mais que “ Em 1696, o licenciado António Pais de Vasconcelos ordenou que
se azulejasse a capela- mor da Matriz da Ribeira Grande (2), “[207]
acabando por sê-lo em 1710 [208].
Se os
teve então foram retirados antes de 1710. Quanto aos das naves (?), em parte,
alguns teriam caído com o desabamento da torre em 1681 e, outros, em 1728:
“
Começarão logo no desmancho dadtª. obra a qual aCharão toda deSpregada [ sic ]
jncapax [ sic ] deq .[ ? ] offiCiais SobiSem [ sic ] atirar oa maSSames [?] eSe
tinha empe por milagre.”[209]
Mas se
os azulejos foram retirados do interior da igreja, o mais tardar, ao que
parece, em 1728, ( assumindo que ela os tenha tido), porque se esperou muito
mais do que um século para os recolocar na fachada, já que, ao que suspeito, a
sua recolocação ocorreu à volta de 1866 ? A igreja foi inaugurada em 1736. [210]
Resta-nos,
porém, a hipótese, da recolocação ter ocorrido perto da inauguração.
Temos
ainda duas questões a resolver.
1-
Partindo do principio que a recolocação teve lugar logo após a inauguração em
1736 com os azulejos removidos do interior, ainda nos falta saber se foi
possível salvar azulejos em número suficiente, o que nos parece possível.
2-
Partindo dos mesmos princípios do ponto um, porém, situando a recolocação perto
de 1866, levantam-se outras questões.
a) Num
tão vasto lapso de tempo os azulejos da igreja poderiam ter sido destruídos.
b)
poderiam ter sido recolocados em outros locais como por exemplo na casa da Rua
do Botelho e da de São Vicente ) [211].
c)
Arrumados e mais tarde utilizados na fachada
d)
Utilizados com outros provenientes de outros locais no revestimento da fachada.
O que
acima se escreveu parece-nos plausível, porém, faltam-nos as provas.
OUTRO SUSPEITO: Igreja do
Espírito Santo, ou Igreja do Senhor dos Passos ou ainda da Misericórdia Velha
A igreja anexa ao antigo Hospital da
Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, bem como as suas dependências,
não deixa de ser um candidato plausível.
Conhecem-se inúmeros exemplos de
edifícios de Santas Casas com azulejos seiscentistas, destaco, o das Caldas da
Rainha e, ao que parece o de Ponta delgada, na ilha de São Miguel:
1-” ”Despendeo mais o pe. Almoxe. sento
E sessenta mil rs por compra de azulejo
com que se azulejou a Igreja e oratorios das enfermarias,
E capella da pia da ditta Igreja “”. [212][
1659 -
quadrilobos 4x4 e 2x2 / Caldas da
Rainha ] [213].
“. A designação explicita de “ mestre
dos azulejos “ dada ao defunto Matias Martins [ século XVII ] leva a
crer que ele foi o encarregado “
dos azulejos “ da própria Misericórdia os quais como é sabido, desaparecem com os edifícios. “[214]
[ Ponta Delgada ]
Gaspar Fructuoso ao enumerar as ermidas
sufragâneas de Nossa Senhora da Estrela diz que havia “... a do Espírito Santo,
que é um sprital para pobres e doentes, situado junto á praça,... “ [215]
Porém, só aos 7 de Novembro de 1592 a Câmara propõe e é aceite a ideia de se
fazer na vila uma Misericórdia assentando “... que fosse na igreja do Espírito
Santo, onde, de presente, estava o hospital, contíguo à praça, por ser sítio
bastante para as oficinas que a dita Casa havia mister.”[216]
Efectivamente os 24 “ mesteres” que
governavam o dito hospital, aos 17 de
Dezembro daquele ano, fizeram escritura pública de desistência a favor da nova
irmandade que se reúne logo no dia seguinte. [217]
Finalmente, a irmandade, obtém
autorização do bispo D. Manuel de Gouveia aos 14 de Fevereiro de 1593.[218]
Perto de meados do século XVIII e
prolongando-se até quase finais do mesmo, procedeu-se à reconstrução do templo,
suas dependências, bem como à construção dos passos Quaresmais de pedra e cal.
Já em 1748, ao que parece, começaram as
obras:
“ D. Com Pedreiros Cavo quei ros [ sic
] Car pin teiros [ sic ]e homens deSer uir [ sic]...”[219]
Aos 2 de julho de 1752”... por estar a
obra deSta Stª. Caza por aCabar [ sic] e Ser Comuiente [ sic ] dar Se lhe [ sic
] fim ...”[220] foi
proposto e aceite que “... fiCaCe ames ma. menZa [ sic ] por ter por pran
-Cipiado [ ? ] a mesma orbra [ sic ]...”[221]
Dois anos volvidos repete-se o mesmo e
justifica-se “..., que por eStar Varias obras por aCabar fronteSpiCio [ sic ],
adro, Coro, e mais obras neCeSSarios adicta j greja [ sic ] dami zeriCordia por
fazer, e Ser [ sic ] Conviniente [ sic ] dar Se lhe fim ; fiCaSSe a mesma
menza,...”[222]
No ano seguinte repete-se “... que por
eStar uarias [ sic ] obras por aCabar. Fronte adro Coro emais obras neCeSarias
[ sic ] adita Igreja [ sic ] da miZeri Cordia [ sic ] por Fazer e ler
Comveniente [ sic ] dar Ce lhe fim ...” [223]
Aos 22 de Dezembro de 1768 os irmãos
acham que “... eraividente aperSizão qe. tinha aCazado [ sic ] os pital [ sic ]
de Se fazer de novo por eStar totalmte. perjudiCada e Com perigo evidente
dehuma grde. Ruina pella inCapaSide. Com q-. Se aChava...”[224]
Aos de Outubro de 1773, dizem “...
pella nCiCide. [ sic ] em que a igreja [ ? ] deS ta Stª CaZa Se aChaCe
finde [ ? ] o Coro e adro e portas
dela...”[225]
Mas, quer no interior quer no exterior,
procedia-se a obras: “... o gasto q- fes Com a ComduSão da Agoa da fonte q-
Corre no fronteEspiÇio desta Stª CaZa que emportou em trinta e SinCo mil outo
Centos e outenta Reis e tambam aprezentou o gasto q- fes o Svalho da
Igreja [ sic ]...” [226],
ou ainda, “... aCordaraão[227]
Se fizeSe vestoria No Retabollo [ sic ]
do Altar de NoSa Senhora do Amparo Cujo fes o mestre dionizio de fontes e na
Sua prezenSa Se avaliou pella mesma Meza toda a obra...”
Finalmente, em 1790, os irmãos estendem
a sua acção aos Passos”...fazer os Santos Passos de pedra e Cal a emitação [ sic ] dos PaSSos daSide. e da Villa da
Lagoa...”[228]
Nesta conjuntura, parece-nos mais
“lógico” que, a terem existido azulejos seiscentistas na igreja e nas
dependências da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, decerto que eles
teriam de ser removidos.
Todavia, não dispomos de quaisquer
documentos, não obstante termos compulsado toda a documentação do seu
Consistório referente ao século XVII, [229]
daí sendo mais provável concluir-se que os não tenha tido ?
A não ser que esta informação tivesse
sido registada em outro tipo de documentação ou, ainda, quiçá, tratar-se-ia de
uma doação não registada.
Partindo do princípio que os teve,
ainda temos de explicar que eles foram removidos a tempo de serem recolocados
na fachada da Matriz, já que sem provas, não podemos provar que para lá foram,
ao menos se insinue que estavam (?) disponíveis.
Ora, as demolições em questão nos
diversos edifícios da Santa Casa ocorreram no século XVIII, a partir de 1740,
S, tendo-se prolongado, no que nos interessa, até finais do terceiro quartel
daquele século. Tudo isso ocorre, depois da inauguração da nova Matriz em 1736
e antes de 1866, data em que Cândido Abranches terá provavelmente acabado o seu
Álbum.
Neste período os hipotéticos azulejos
seiscentistas da Misericórdia estavam disponíveis.
Tudo pode ter acontecido, todavia, tudo
parece depender da data da recolocação dos azulejos na Matriz.
1-Se a Matriz já estivesse azulejada,
os disponíveis (?) da Santa Casa
poderiam ter sido disseminados por casas particulares, saído do concelho,
destruídos ou armazenados”. Para as duas primeiras hipóteses conhecem-se
precedentes:
a) Vestígios em algumas casas da
ex-vila [230]
b) Pelo menos o Marquês de Jácome
Correia levou alguns [231]
2- Se, porém, a Matriz ainda não
estivesse azulejada o mesmo acima referido poderia ter acontecido,
acrescentando-se todavia, a hipótese de:
a) terem sido eles na sua totalidade a
revestirem a fachada da dita igreja
ou:
b)de terem contribuído em parte.
Em todo o caso, mesmo que os tenha
tido, nada nos obriga a aceitar que tenham ido para a Matriz.
De entre, todos os suspeitos já
referidos, e de acordo com os dados que avançamos, parece-nos ser este o
candidato mais improvável.
Para além dos suspeitos já debatidos
insinuam-se outros, [232]
ainda que remotos, nomeadamente, algumas casas particulares.
OUTROS CANDITATOS: Casas
Particulares (?)
O eng.º Santos Simões que, “ in loco”,
estudou, queremos crer, a maioria dos azulejos dos Açores e da Madeira,
referindo-se às diversas manifestações artísticas insulares, entre as quais, o
azulejo afirma que estes existiram .
“ Nos velhos conventos, nas igrejas
paroquiais, nas ermidas e capelas particulares numa ou noutra casa nobre ou nos
prédios urbanos de algum porte... “[233]
Porém, compulsando o seu livro e, no
que concerne os azulejos seiscentistas dos Açores, a expressão “ numa ou noutra
casa-nobre, resume-se tão-somente a um espaldar de muro da Quinta do Pico da
Urze, na ilha da Terceira, onde ele encontrou um P28 raríssimo. [234]
Diz, textualmente que a dita quinta “..., possui vestígios de ter sido outrora
mimoso retiro ou freiria.” [235],
mas então “ Dispostos a granel...” [236],
sinal de que poderiam ter vindo de outro local.
A inexistência, ou quase inexistência
de vestígios seguros de utilização de azulejos seiscentistas nas casas
particulares Açorianas aconselha-nos e autoriza-nos a conjecturar que
provavelmente os que encontramos dispersos em casas particulares da Ribeira
Grande vieram de edifícios religioso ?[237]
Não repugna, porém, que pensemos o
contrário.
1-A Ribeira Grande pode ter constituído
uma excepção.
2-O eng.º Santos Simões pode ter visto
tudo.
3-Mesmo que visse tudo, isso só
provaria que ele somente viu os que sobreviveram, mas não todos aqueles que de
facto existiram. Em todo o caso, cada caso, deve ser estudado em si mesmo.
Por exemplo, caso se confirme a
correcção da data de 1948 ou 1949,[238]
adiantada pelo Dr.º Barbosa, no que concerne os azulejos que ele encontrou
soltos no edifício do Externato Ribeiragrandense, inclinámo-nos para esta
possibilidade, tanto mais que os azulejos da Matriz só foram removidos em data
incerta mas seguramente após Abril de 1952 e antes de finais de 1957. [239]
Terá feito confusão ?
No seu livro “ Memórias da cidade
futura”, ele diz que “ Formalizado este acto em 11 de Novembro de 1948,
procedeu-se à mudança do mobiliário e material didáctico para o edifício da Rua
Sousa e Silva, número sete, previamente arrendado pela Câmara, e à preparação
do novo ano lectivo. “[240]
Todavia, quer descrevendo o edifício
como o encontrara quer registando as diversas obras que foi sofrendo, mormente,
as de adaptação a instituição de ensino, nada diz a este respeito. Estes
azulejos estiveram recolocados na sala das alunas, disse-mos ele, porém, quando
a descreve nada diz:
“ A sala das alunas ficou situada no
primeiro andar, por cima da aludida aula, com janela voltada ao norte sobre os
recreios e entrada pela sala interior, esta uma espécie de plataforma que, além
da referida serventia, dava acesso a várias aulas, à sala dos professores, à
escada e ao recreio das alunas, através
do balcão exterior. “[241]
Para além do mais, instado noutra
ocasião, declarou que segundo ouviu foi o comandante Armando Soares, antigo
proprietário daquele edifício, quem os ali arrumara, provavelmente vindos da
Matriz e, que mais tarde ele ( Dr.º Barbosa ), por motivos estético -
didácticos os recolocara na sala das alunas. [242]
Registe-se que o edifício tem um cunho acentuadamente seiscentista.
Eram de lá ou foram lá parar ? Como
foram lá parar ? Quando? Para além do que já dissemos notamos que estavam a
esmo e incluíam elementos de padrões de grandes dimensões ( P37 6x6 P35 4x4 ) indiciando uma utilização em
grandes superfícies parietais.
Estando soltos e a esmo, em 1948 /
1949, antes das obras de restauro e, no chão da antiga cozinha, como nos disse
o Dr.º Barbosa, leva-nos a supor que, ou a casa estava desabitada há muito
tempo, o que não nos parece provável, e assim eles ter-se-iam conservado, ou
então não poderiam ter lá estado há muito tempo pois correriam o risco de
soltos e na cozinha se terem extraviado ?
Um outro indício desta hipótese é-nos
insinuada pela existência em casas da Rua do Botelho ( faz canto com a de São
Vicente Ferreira ) e da rua de São Vicente Ferreira ( quintais separados pelo
mesmo muro ) de azulejos seiscentistas que já lá se encontravam antes de 1932 [243],isto
apesar da primeira casa ser de cunho setecentista, já que naquele local poderia
ter existido uma do século anterior.
Esta informação foi-nos dada no dia 16
de Abril de 1989 pela senhora Maria das Mercês Rodrigues nascida aos 28 de
Março de1915 filha de António Rodrigues “ Batacão”.
Aos dezasseis anos de idade, em 1931, a
família Rodrigues foi morar para a casa dos “ azulejos” na Rua do Botelho, lá
permanecendo, pelo menos, até 1948. [244]
Afirmou-me que já em 1431 os encontrara
recolocados (?) no muro que faz a divisória com a casa da rua de São Vicente
Ferreira, ao fundo do quintal, dois ou três degraus abaixo do nível do terreno.
[245]
Para confirmar estes dados, primeiro
consultamos os Roes Quaresmais da Matriz e verificamos que o Sr António
Rodrigues “ Batacão” ( Moleiro e Farinheiro ) morara, efectivamente, na rua do
Botelho desde a Quaresma de 1932, onde se vê a nossa informadora com idade de
17 anos, até, pelo menos 1948. Na Quaresma de 1951 já lá morava o Sr Jacinto da
Silva Piques e a Senhora Maria de Lurdes Cabral.[246]
Em segundo lugar entrevistamos o actual
proprietário, o senhor Albano Cabral de Melo que nos afirmou tê-los arrancado
do local referido pelo senhora Maria das Mercês Rodrigues. [247]
O que resta deles foi-nos oferecido pelo Sr Cabral de Melo.[248]
Na casa ao lado, na rua de São Vicente
Ferreira, numa cozinha já desmanchada, o Mestre Augusto Rocha (Çafate) arrancou
azulejos que ,eram parecidos com os do Colégio ( Externato Ribeiragrandense) e
que, segundo ele eram do tempo da senhora Marquinhas Marota. Portanto, estavam
lá muito antes de 1940. Não os vi ainda. Aquele mestre teve oportunidade de
conhecer os azulejos do “ Colégio” já que era “... o carpinteiro da casa,
mestre Miguel ( depois, mestre Augusto Çafate ),...”[249]
Além do mais tendo trabalhado na casa do Sr. Luís Mota em Ponta Delgada viu um
painel 2x2 camélia ( P20 ) referiu ao mesmo que tinha igual na sua cozinha.
Todavia, sem os ver e sem os estudar
não me predisponho a aceitar a sua existência, ou melhor a existência de
azulejos seiscentistas de padrão. por um lado o Mestre Augusto pode ter
confundido por outro pode ter exagerado ou veiculado informações incorrectas.
Tentou, por exemplo me convencer que uma fotografia ( postal ) da Matriz que
mandara ampliar era de 1819 quando foi ele ou alguém da família que a lápis de
cor escreveu no original ( vi ambos na sua casa ) aquela data.
Por último, encontrei solto no quintal
da casa do falecido senhor Angelo Ledo, avô materno da minha esposa, um azulejo
e um fragmento de cercadura sublinhado a traço de roxo de manganês.[250]
Infelizmente, nem a viúva nem os familiares me souberam explicar a sua
proveniência, em todo o caso foi o senhor Angelo que os trouxe não se sabe de
onde. [251]
Não encontrei em mais nenhuma parte
aquele tipo de cercadura.
De onde vieram, então os azulejos, que
estiveram no Externato, na casa da Rua do Botelho e a cercadura da rua de Sousa
e Silva ?
Os primeiros dois provavelmente não
vieram dos removidos em 1950,s da fachada da Matriz. Podem ter tanto pertencido
a edifícios civis como a edifícios religiosos.
As hipóteses que se abrem são quase
infinitas.
De uma análise morfológica aos que
vieram da torre da igreja Matriz, do Externato ( encontrados na arrecadação da
Câmara ) e da casa da rua do Botelho, verificamos serem os azulejos em tudo
iguais. [252]
Ensaiando o mesmo através de
fotografias da fachada da Matriz azulejada [253]
e do que nos diz a esse respeito o Dr.º Luís Bernardo depreendemos que existiram
na fachada azulejos do tipo dos da torre dos do Externato e dos da casa do
Botelho.
1-
“Revestindo as paredes laterais da grade do côro baixo do convento da Esperança
[ verifiquei-os in loco “], aparecem alguns modelos, assim como na fachada da
Matriz da Ribeira Grande, na ermida da Caloura do Sr. António Albuquerque (
Fot. 27 e 28 ),... [ P37 e P20, pelo menos] ”.[254]
2-
Fotografias. É pelo menos visível elementos do P35. O que pensar então?
1-
Cartografam o itinerário dos azulejos e revelam um origem comum seja de Lisboa
seja do local onde estiveram primitivamente colocados ou posteriormente
recolocados ou posteriormente recolocados ?
2-Podem
deixar subentendido que vieram da Ribeira Grande ou mesmo de fora dela em
épocas e de locais diferentes ?
3-Insinuam
a sua utilização em edifícios particulares ?
Em todo o caso trata-se de azulejos
seiscentistas de padrão policroma, reconhecidamente de fabrico lisboeta do 3º
quartel do século XVII. (?)
CONCLUSÃO DESTE CAPÍTULO
É
relativamente seguro afirmar-se que a Ribeira Grande possui azulejos
seiscentistas encomendados e colocados naquele século, num ou em vários
edifícios daquela ex-vila. É seguro afirmar-se que os teve recolocados vindos
não se sabe de onde. [255]
Não é totalmente improvável que os que
foram recolocados na fachada da Matriz tivessem vindo fora do concelho, porém,
sendo mais provável que tenham vindo da própria ex-vila. por um lado, existem
vários candidatos suspeitos de poderem ter contribuído para o azulejamento da
Matriz, por outro, existem alguns vestígios arqueológicos e uma atribuição.
Os vestígios arqueológicos encontrados
nas terras do Ex-Mosteiro de Jesus ( Ribeira Grande ) atestam que ( ou podem
atestar ) neste local, ou muito próximo dele existiram azulejos seiscentistas
aí colocados primitivamente, já que ninguém de fora do concelho os iria aí
entulhar. Seria mais prático e mais económico, atendendo à carestia e
dificuldade de transporte, fazê-lo mais perto.
“ Pelas onze horas e meia da manhã de
21 de septembro 1848 punha pé dentro do barco Águia do Norte, e sahiamos do
caes da cidade de Ponta Delgada, caminho do porto da villa da Povoação, para o
nascente, onde saltámos pelas seis horas da tarde do mesmo dia.”[256]
Isto era o tempo que levava por via
marítima, mas mais à frente na mesma obra o autor refere que gastou ( salvo
erro, mais de onze horas (?) de burro no percurso da Povoação à vila de
Nordeste .[257]
E, quanto aos preços, Teodoro de Matos
adianta que “ sobre o custo do transporte terrestre em Portugal, muito pouco
pode concluir-se para o que importava conhecer, já que as pontes são escassas e
pobres e, a multivariedade de preços dificulta para já qualquer sistematização.
“[258]
Porém, conclui que, “ A deslocação terrestre, quando possível, era cara. “[259]
O local mais habitual de lançamento de
entulhos na Ribeira Grande é, e talvez o tenha sido também no passado, o mar e
a beira-mar. Aqui diz-se ( dizia-se ? ) frequentemente que se ia “ lançar lixo
pr’o calhau “.[260]
Inclusive foi para a beira-mar que foram levados os fragmentos e o reboco da
fachada da Matriz.[261]
Porém, hoje, tal como talvez outrora,
verifica-se que em certos locais onde se explorou tufo e cascalho, os
proprietários compram ou pedem entulhos de modo que, numa primeira fase, se
preencham as covas e, numa segunda, se recubram estes com uma camada de terra
arável.[262]
Todavia, sabendo-se que os edifícios do
Mosteiro foram demolidos, não seria mais lógico que os novos proprietários do
Ex-Mosteiro , tivessem utilizado os entulhos resultantes das demolições para
preencherem as covas e os vazios deixados pelas mesmas ?
Quanto ao fornecedor da fachada da
Matriz, apesar de muitas reticências e de nenhuma prova concludente, inclino-me
a pensar que o principal, se não o único, fornecedor teria sido o Ex-Mosteiro
de Jesus da então Vila da Ribeira Grande. Continua, porém, de acordo com as
provas que dispomos, bem como da interpretação que delas fizemos, a ser o
principal mas não o único suspeito.
Se assim for, os da fachada da Matriz,
situação curiosa de utilização oitocentista de padrões seiscentistas, em parte
ou na sua totalidade teriam vindo do Ex-Mosteiro. Ou então, para os não
convencidos e, eu sou um deles, dever-se-ia concluir que os da fachada da
Matriz espelham e reflectem todas as dúvidas que temos acerca do seu local primitivo.
Em todo o caso, terá valido a pena o
esforço ? Creio bem que sim. Nem que fosse só para tentar suavizar a visão
cinzenta e pessimista de Marguerite Yourcenar acerca da história e do
historiador de que este último “..., dispõe de novo esta dócil matéria morta, e
eu sei que Alexandre escapará sempre mesmo a Plutarco. “ [263],
teria já valido a pena. Ao menos verifiquei que, não obstante corrermos o risco
de Alexandre escapar sempre ou quase a Plutarco ( e com este era inevitável que
o fosse ) a matéria não é nem tão doce
nem tão morta quanto se possa supor.
A história, mesmo quanto dá resposta,
quase sempre parcial, a perguntas e a questões formuladas, estas nunca
constituem um fim mas um meio para atingir outros “ fins-meios” e, assim
sucessivamente.
É desta dinâmica ( natureza ) que
resulta o conhecimento histórico.
CAPÍTULO IV
Preparação, tratamento, conservação
e exposição museológica dos azulejos
seiscentistas de padrão policromo da
Casa da Cultura da Ribeira Grande
Visamos
nos capítulos anteriores, primeiro, o conhecimento dos nossos azulejos
seiscentistas, integrando-os no contexto histórico-artístico do nosso país e da
região, seguidamente, tentamos clarificar a sua “ biografia”, e, neste último,
discutiremos finalmente aspectos da sua conservação, tratamento, e exposição museológica, já que este estudo se
destina a orientar a musealização de um núcleo azulejístico a constituir na
Casa de Cultura, bem como a sugerir o roteiro azulejístico do concelho.
Antes, porém, convém esclarecer dois
conceitos indissoluvelmente interligados entre si e ao conceito de exposição, a
saber: Conservação e restauro.
Defino conservação como a aplicação da
ciência à análise e ao tratamento das obras de arte, quaisquer que sejam, e ao
estudo do ambiente em que se encontram inseridas.[264]
Restaurar, sendo uma parcela importante
e primordial da conservação, “ não implica reconstituir a obra de arte
devolvendo-a ao seu estado inicial mas sim impedir a deterioração dos materiais
originais respeitando a integridade material e estética da obra”.[265]
Abordaremos esta problemática almejando
a elucidação de aspectos concretos do restauro, conservação e exposição do
nosso núcleo permanente de azulejos seiscentistas, em dois locais distintos,
antes e após a exposição, quer na sala de exposição quer no depósito.
Primeiro encetaremos o restauro (
fixação dos esmaltes e remoção das argamassas ), entraremos na primeira fase
preparatória da exposição padrão em painéis, por exemplo, entre outras tarefas
), e, por última, tendo em conta as condicionantes ambientais de conservação
específicas ao azulejo e a todo o material utilizado, designadamente, madeira e
ferro inoxidável, alcançaremos a segunda e última fase do percurso. Nesta, à
exposição dos painéis, deverá presidir a criteriosa ponderação, quer de
aspectos objectivos de conservação, história e exposição, quer de aspectos
subjectivos de ordem estética.
Comecemos pela conservação dos azulejos
e do seu núcleo. Qualquer que seja a expressão artística esta pressupõe sempre
um suporte material e o seu envolvimento ambiental, no nosso caso, os azulejos
seiscentistas a expor na capela anexa à Casa de Cultura, defenindo-se este
último aspecto, em relação aos azulejos, “ como o conjunto de todas as
influências exteriores à mesma[ expressão artística do azulejo ]” [266]
A humidade, a poluição atmosférica e a
luz constituem os principais factores ambientais, que “ actuando em conjunto,
podem concorrer para a sua destruição”. A solução para que possam ser
estudadas, observadas e admiradas, será a criação de condições que possibilitam o mínimo de deterioração, o
que implica conhecer para cada caso concreto : o material, as condições
ambiente de exposição, as possibilidades de criação de máxima preservação”[267]
1.O azulejo e o seu suporte de
madeira e a humidade.
a) O suporte directo dos painéis de
azulejos será o acrílico, porém, estes painéis, assentar-se-ão numa pequena
estrutura em madeira sacada da parede e presa a quatro braçadeiras em T de aço
inoxidável, por conseguinte, há que conhecer a reacção ambiental daquele
material.
“O equilíbrio higroscópico da madeira é
um equilíbrio dinâmico, uma vez que o material lenhoso está continuamente a
perder ou a adquirir água, resultado da higroscopicidade das substâncias
fundamentais constituintes do lenho - a celulose e a lenhinha”[268]
“ Donde, a vantagem de se manter a
humidade dos locais onde estão armazenadas peças cujo o suporte é a madeira,
doutro modo haverá adsorsão e desadsorsão com resultados maléficos...”[269]
Temos ainda que considerar a espessura
e a densidade da madeira bem como o seu E. M. C (equilibrium moisture content)
com a H. R. (humidade relativa) e a temperatura ambiente, de modo a não alterar
o seu equilíbrio dinâmico [270]
Stolow apresenta em gráfico o estudo desta correlação [271].
No nosso caso, e mesmo antes de se proceder ao estudo da humidade, julgo que
uma taxa de 55% mais ou menos 5% e uma temperatura de 18º C mais ou menos 2º C,
contribuirá para manter o E.M.C. Além do mais, como o suporte é indirecto não
corremos o risco de prejudicar os azulejos. Há, todavia, que ter cuidado, não
vá a estrutura apodrecer e deixar cair o painel.
b) Os azulejos
Os azulejos constituem o material a
expor e a conservar já que se trata de um núcleo asulejístico, porém, os barros
sendo materiais que absorvem a humidade ambiente em menor extensão não variam
apreciavelmente em dimensões. Nestes materiais a “ absorção de humidade -
evaporação “, traduz-se por “ solubilização - cristalização “ de sais em
superfície ou para grandes variações de
temperatura, que não é o nosso caso, rupturas por gelificação, tudo se
mostrando por uma erosão de superfície.[272]
A superfície esmaltada dos nossos
azulejos é menos higroscópica, porém, tardoz, é mais vulnerável, ainda que
esteja colado ao acrílico, todavia, seja o local escolhido, o interior da
capela, seja a H. R. existente, mesmo sem leituras, permite-nos antecipar
tarefa fácil. Em todo o caso, deve-se estabelecer um padrão constante de
humidade e temperatura.
c) Fotografias e legendas
explicativas
O suporte de papel das legendas e das
fotografias também tem que ser considerado evitando-se os desequilíbrios
físico-químicos com o meio, além da tinta utilizada nas legendas e os químicos
fotográficos, que exigem cautelas mais complexas. Todavia, há que, para além da
luz, controlar a humidade e a temperatura.
d) Parafusos metalizados e
braçadeiras de aço inoxidável
Estes elementos de fixação dos painéis,
tal como os demais metais, em maior ou menor grau, podem sofrer os efeitos do
oxigénio, gases sulfurosos, sulfírico e impurezas salinas da atmosfera na
presença de humidade. “ O efeito corrosivo das impurezas salinas a elevada
humidade é importante” [273]
conhecendo a nossa altíssima taxa de humidade, e, sabendo que, ruindo estas
estruturas, caiem os painéis, devemos manter a humidade em taxas constantes e
médias ( 55 a 60% / 18% a 20ºC )
e) Cola e acrílico
Não nos devemos preocupar quanto ao
segundo, porém, quanto ao primeiro, há que ter cuidado.
2. A exposição destes materiais à
poluição atmosférica
“Além da humidade e temperatura devemos
encarar um terceiro factor - a composição atmosférica ambiente. De entre os
agentes de poluição repartidos pelos dois grupos: partículas poluentes (
fuligem, fumos, poeiras ),poluentes químicos ( dióxido de enxofre ), os
indicados são os mais importantes em problemas de conservação” [274]
a) Madeira b) Metais
O mesmo que se disse em relação à
humidade.
c) Azulejos
“ Como nos têxteis é importante a
deposição de partículas de carbono e alcatrão combinado com o ataque gradual de
SO2 convertendo o carbonato de cálcio em sulfato de cálcio. Não é tão marcante
o efeito nas peças de museu como nas de exterior expostas à chuva e a variação
de temperatura mais marcadas conjuntamente com os poluentes” [275]
Utensilagem técnica
“ O
conhecimento das condições do ambiente deve ser feito com material adequado, a
H. R. e a temperatura pelo uso de termohigrógrafos. Para os poluentes do ar U.
K. Air pollution Laboratory at Warren Sping tem um método semi-automático de
medida de partículas e SO2, por aspiração,
do ar ,primeiro através de um papel de filtro e depois através de uma
solução de peróxido hidrogénio tanto as partículas com o SO2 são registadas
diariamente precisando o aparelho ser
visitado apenas um vez por semana ”[276]
3.A luz e os objectos do museu
“ Dos efeitos de luz sobre as obras de
arte, -iluminação, valorização estética e degradação salientaremos este último
aspecto...” [277],
isolando-o, por conveniência de exposição, do contexto ambiencial do qual
impossível destacá-lo na prática. [278]
“ As radiações visíveis e invisíveis
sejam de origem natural ou artificial oferecem perigo a certas categorias de obras de arte. A pedra, a
cerâmica e os metais são pouco sensíveis à luz. Vidros e esmaltes ( azulejos
)expostos por grandes períodos e radiações intensas podem alterar-se.”[279]
As degradações sofridas pelos objectos
dependem da qualidade e quantidade de radiação a que estão sujeitas. Assim são
tanto mais graves as alterações se a radiação é tanto mais rica em azul,
violeta e ultra-violeta, se a radiação ultra-violeta é do comprimento de onda
mais curta, se o tempo de exposição é mais longo, se a intensidade da radiação
global ( em watts) na direcção do objecto é maior, se a uniformidade de
iluminação energética do objecto ( em watts por cm2) é má, e se a temperatura e
humidade são maiores, e conjugam a sua acção. [280]
Constituem fontes de iluminação, o sol,
as lâmpadas de incandescência ( lâmpadas vulgares, lâmpadas de halogénios ), e
as lâmpadas de descarga ( tubos fluorescentes, balões fluorescentes e luz mista
).
Em termos de exposição museológica “ há
a ter em conta o grau de iluminação, a composição espectral da luz e a natureza
do objecto”.[281]
Sabe-se que, quanto aos azulejos, é um
dos objectos praticamente insensíveis à luz, cujo máximo de valor de iluminação
recomendada é sem limite mas sujeito à exposição e aquecimento.[282]
Medição e análise da radiação
“ Para a conservação das obras de arte
sensíveis à luz ( não é esse o
caso
dos azulejos ) é necessário
conhecer-se as radiações recebidas pelos objectos. Estando o poder destruidor
não só ligado à intensidade da radiação como ao seu comprimento de onda, é
necessário não só conhecer a intensidade como analisar a sua composição
espectral. Deste modo, deve o conservador possuir três categorias de aparelhos:
Luxímetro, aparelho para detecção e medida da radiação U. V. e indicadores de
temperatura” [283]
“ Quando o conservador expõe as peças
no Museu, conhecendo-as sob o ponto de vista material, situação histórica e
qualificação estética, vai distribuí-las num espaço, como variável terá o
ambiente-humidade relativa, temperatura, poluentes do ar e a luz, factores com
os quais terá de jogar sabiamente para dar à obra e ao visitante o ambiente
adequado”[284]
Do que ficou acima exposto,
esclarecemos o modo como os azulejos e os materiais de apoio reagem a um dado
ambiente “tipo”, resta-nos, adequar aqueles conhecimentos ao ambiente
específico em que ficarão expostos e armazenados, tal como já se disse, na
Capela anexa à Casa de Cultura.
Os potenciais agentes de degradação
discutidos e analisados, influenciam muito pouco o azulejo e o seu material
auxiliar, já que os vamos expor no interior de uma capela, cuja amplitude
térmica e taxa de humidade ambientais, não é, para o primeiro caso muito
elevada, e para o segundo, apesar de elevada, entre 60 a 80%, mantém-se
constante, além do que o próprio azulejo ter tido sempre um “... papel de
estabilizador das temperaturas e humidade ambientais...”[285]
Por uma questão de se proporcionar um
ambiente agradável ao visitante, e até mesmo manter constante o ambiente,
julgamos que se deve recomendar uma temperatura ambiente constante à volta do
18 a 20º centígrados e evitar que a humidade suba acima dos 60%. Por
conseguinte é necessário adquirir material, designadamente, um termohigrógrafo
que regulará a temperatura e a humidade.
Quanto à iluminação
artificial, já que o interior da capela tem pouca iluminação natural,
dever-se-à proporcionar ao visitante uma ambiência que lhe permita uma leitura
fácil e agradável do material azulejístico exposto evitando-se as fontes
luminosas directas sobre os azulejos, não para evitar a degradação do material,
que tal como já vimos é insensível à luz, mas para evitar excessos de
reverberação que confundiriam e impossibilitariam a perfeita percepção dos
azulejos.
Não se deve, nem se pode de todo
eliminar o reflexo da luz sobre a superfície esmaltada do azulejo, até porque
eles foram concedidos para reflectirem a luz, seja a do sol, quando colocados
no exterior, seja a das velas, candeias, e das tochas, quando no interior.
Temos, pois, que conjugar os
imperativos estéticos com os inerentes à sua autenticidade histórica,
nomeadamente, aproximar a sua exposição museológica da sua primitiva ambiência
expositiva.
Sabendo que os nossos azulejos são
seiscentistas e que, muito provavelmente, estiveram primitivamente colocados no
interior de um edifício religioso temos que ponderar e decidir o tipo de
iluminação que mais se aproxime da primitiva, sem contudo, descurar nem o
visitante actual nem a segurança do edifício. Afigura-se-me quatro hipóteses.
1. A autenticidade quase absoluta seria
obtida através do recurso ao tipo de iluminação utilizada no interior dos
edifícios religiosos no século XVII. Obteríamos, assim, efeitos muito próximos
dos primitivos, mas, descuraríamos, de certo modo, o visitante e teríamos de
resolver problemas de segurança, o que aliás era viável.
2. Fazer-se tábua rasa do primeiro
ponto e optar por uma iluminação artificial, sem mesmo atender à proximidade da
luminosidade primitiva, é também defraudar o visitante.
3. Escolher uma luz artificial que
reflicta a intensidade das primitivas fontes de iluminação.
4.Conjugar a iluminação primitiva com a
iluminação artificial moderna.
Julgo que a exposição museológica se
deve aproximar o mais possível do contexto original, e como tal, se deve
combinar sensatamente as fontes de luz
primitivas e actuais.
A superfície esmaltada dos azulejos
deverá ser periódica e cuidadosamente limpa com um pano de lã embebido em água
destilada e ser recoberta por uma camada fina de resina incolor de modo a fixar
o esmalte.
Os azulejos que não serão expostos, os
que se repetem e ou os que estão muito danificados, destinar-se-ão ao “ armazém
do museu”, mas deverão igualmente ser resinados, sendo, porém, desnecessário, e
até desaconselhável, para estudo posterior, a remoção da argamassa do tardoz,
bastando o seu encaixotamento em local seguro.
Serão colocados em caixotes de madeira,
juntando-se superfície esmaltada com superfície esmaltada. A humidade e a
temperatura pode ser a H. R, sendo a luz desnecessária.
Mal recolhemos os nossos azulejos
tivemos o cuidado de pensar nas condições da sua preservação, mesmo antes da
sua exposição, e tendo apurado que as condições reais ambientais não eram
desfavoráveis, só nos preocupamos com a fixação da superfície esmaltada.
Seguiu-se-lhe o estudo, no qual se
inclui a preocupação de encontrar o local ideal para a sua colocação, tanto do
ponto de vista histórico como do ponto de vista da autenticidade ambiental.
Julgamos que, apesar das incertezas
quanto à primitiva proveniência dos nossos azulejos, o lugar que melhor se
aproxima, até porque disponivel, quer no aspecto histórico quer no museológico,
é o interior da capela de São Vicente Ferreira, anexa à Casa de Cultura, já que
manterá a ambiência religiosa a que, quase de certeza, eles pertenceram.
A escolha do local é norteada, por
conseguinte, pela preocupação de os devolver ao seu ambiente primitivo, mesmo
que a capela seja setecentista e os azulejos seiscentistas.
Em todo o caso a maior parte deles veio
de parte do frontispício da Igreja da Matriz da Ribeira Grande, que tal como já
se disse foi azulejada, em parte ou na sua totalidade, no século XIX com
azulejos seiscentistas.
Fomos igualmente confrontados com um
dilema, ou constituía-mos padrões, tal como o eng.º Santos Simões aponta no seu
livro, e teríamos de utilizar elementos recolhidos em locais diferentes e
quiçá, de origem diversa, ou então, teríamos uma multiplicidade de padrões
incompletos.
Para além deste facto, sabemos que nem
sempre os padrões foram colocados ou recolocados correctamente, ou melhor como
indica e propõe o catálogo do eng.º Santos Simões.
Muitas vezes, seja pelo desconhecimento
dos mestres que os colocaram ou por outros motivos, decompôs-se quer na altura
da sua colocação quer na recolocação padrões 4x4 P35 em desdobramentos de 2x2,
como se pode ver nos exemplos da capela de Nossa Senhora do Cabo, na Vila da
Lagoa, e como se via, através da fotografia, na fachada da Igreja Matriz da
Ribeira Grande ( Ver quadros XI e XII ) FOTO- 3
Mais por razões estético-pedagógicas do
que por razões historicamente comprovadas, ainda que seja plausível que tenham
sido correctamente colocados na Ribeira Grande, aliás, tal como sucede, e no
que concerne ao P 37, ao Ex-Mosteiro de Santo André de Vila Franca do Campo,
optamos pela sua exposição em padrões 4x4 P35 e 6x6 P 37.
Há, que ter em conta, igualmente que,
“... perde muito do seu sentido o revestimento de azulejos transformado em
painel desligado do seu contexto arquitectónico”[286]
“..., já que a qualidade pictorial” do azulejo é quase [sempre ? VER] secundária em relação à sua
inserção numa globalidade ornamental e, principalmente na maneira como
complementa, dinamiza, enriquece e transforma a arquitectura, integrando as
suas partes num todo e desempenhando, a vários níveis, um papel que nunca foi
passivo nem inocente, resultante essencialmente da escala dilatada da sua
aplicação e do profundo conhecimento, que os pintores, azulejadores e ladrilhadores
possuíam sobre as possibilidades expressivas e dinâmicas desses revestimentos.
“[287]
“ Para revestir as vastas superfícies
parietais dos templos e, menos frequentemente, de algumas casas-nobres,
utilizaram-se no decorrer deste século XVII grandes ou pequenos “tapetes”
cerâmicos obtidos pela multiplicação de um motivo ornamental básico a que
chamamos “padrão”. “ [288]
“ Para superfícies maiores ou para obter ritmos decorativos de mais largo
desenvolvimento passaram em Portugal a fabricar-se e a utilizar-se padrões de
repetição mais complexas: 4x4 / 2, 4x4 / 3, 4x4 / 4, 6x6 /8 até 12x12 / 14 que
é maior que se conhece : “ [289].
Para além destas advertências necessário se torna aludir e sopesar mais duas.
1. “ Em todos os conjuntos de azulejo,
o ornato, padrão ou composição não é normalmente livre, mas antes sujeito a
duas dimensões extremas, a de cada azulejo e a da totalidade da superfície a
revestir...” [290].
2. Que “ As escalas integradoras e a
divisão em andares tanto serviram para a diversificação dos revestimentos de
padronagem, nos quais os módulos de maiores dimensões se encontram colocados a
maior altura, nos espaços mais dilatados, de maneira a compensarem os erros de
paralaxe cometidos pela visão, que vê menor o que está distante, como
determinaram a organização das composições historiadas... “[291].
Porém, os azulejos não foram criados
para estarem dissecados em museus onde só deverão entrar quando não for
possível a sua preservação no local original.
Os nossos azulejos seiscentistas foram
recolhidos urgentemente, as condições dos locais onde se encontravam eram
péssimas, além do mais estavam dispersos, longe dos locais de origem, portanto,
órfãos do seu contexto. Atendendo ás advertências acima explanadas sugerimos
dois figurinos de exposição ( vejam-se propostas ). Quadros XXVII e XXVIII.
Num, que desaconselhamos, predominam os
critérios museológicos, no outro, que aconselhamos, predominam os critérios de
autenticidade. Assim sendo e, atendo-nos ao segundo, o P37 deverá ficar
colocado acima dos outros padrões (
veja-se proposta). Porque só temos um padrão de cada, e, porque, desse modo a
exposição museológica altera o contexto inicial, propomo-nos a incluir, por um
lado, fotografias e vídeo dos locais onde existam ainda colocados, e, por
outro, encorajar o visitante do museu a visitá-los. Deve-se, porém, aproximar a
colocação museológica das medidas reais da parede da Capela onde se destinam,
tendo em conta que se deve eliminar distâncias muito sensíveis entre o P37 e
o P 12 e o P 20, por exemplo.
Porém, e não nos supondo imunes ao
erro, iremos proceder à sua colocação em estruturas que permitam facilmente a
sua remoção.
Quanto ao uso de elementos de padrões
recolhidos em locais diferentes e cujo origem comum desconhecemos mas
suspeitamos, julgamos, por razões estético-pedagógicas, ser lícito e desejável
agrupá-los no mesmo padrão, deste que os diversos elementos constitutivos sejam
clara e inequivocamente referidos e identificados em quadro anexo à exposição (
veja-se quadro XXIX ).
O núcleo seiscentista da secção
azulejística da Casa de Cultura da Ribeira Grande será formado por diversos
painéis colocados sobre acrílico bem como fotografias e quadros explicativos
que, por um lado, elucidem o visitante do essencial sobre aquele tipo de
azulejo, e por outro lado, o transportem o mais fidedignamente possível à sua
autêntica ambiência primitiva. ( Veja-se o quadro da nossa proposta ) Quadro
n.º XXIII, XXIV, XXV, XXVII e XXVIII.
A exposição museológica não pode ser um
lacunar e distante epitáfio tumular, por mais bonito que seja, mas uma proposta
viva e próxima de contacto com o ambiente original da obra exposta.
As fotografias dos locais onde foram
recolhidos e dos locais onde presumimos terem pertencido ajudará e fornecerá
não só pistas biográficas preciosas como também sugerirá ambientes, o mesmo
farão as legendas.
Julgo até que se deve recorrer a uma
gravação explicativa em vídeo, com música gregoriana, e, cujo teor será
explicado em várias línguas, e a passar permanentemente.
Paralelamente, incluiremos alguns
expositores que exibam fragmentos - provas recolhidos, rodeando-se-lhes dos
mesmos cuidados expositivos. ( Quadro XXXI e
XXXII ).
Este núcleo azulejístico será exposto
obedecendo à ordem cronológica das espécies azulejísticas, já que a secção será
constituída por outros conjuntos do século anterior e dos séculos seguintes,
seja em fotografia, seja em fragmentos, seja em exemplares azulejísticos mais
completos, tal como os azulejos figurados setecentistas provenientes da
capela-mor da Igreja da Ribeira Grande, agora na Casa de Cultura.
Para aqueles que vieram de outras
ambiências, dar-se-lhes-à um tratamento ambiental adequado à sua origem,
nomeadamente, a sua exposição em sala distinta.
Neste, esboço, porém, só tratamos dos
seiscentistas de padrão policromo.
Pretende-se com a constituição desta
secção criar um roteiro azulejístico dos azulejos do concelho desde os mais
antigos aos mais recentes. A secção da Casa de Cultura deverá funcionar como o
núcleo central agregador do roteiro, sendo os vários locais onde existam
outros, pequenos museus “ in situ ”.Tal filosofia é não só recomendável do
ponto de vista museológico e histórico, como também turístico, já que convida o
visitante, sobretudo os de fora do concelho, a circular por todo o seu espaço
territorial, suscitando um melhor conhecimento do mesmo, não só do ponto de
vista dos azulejos, ou pelo menos terá mais motivos e mais oportunidades para
permanecer nele mais tempo, com todos os benefícios que daí advém.
Dever-se-à estabelecer protocolos
precisos com os diversos proprietários dos azulejos do concelho, quer no seu
espaço ou fora dele, como é o caso dos do palácio de Santana e dos do Museu
Carlos Machado, ambos em Ponta Delgada, a fim de se coordenar e preparar a
visita a estes locais e a torná-la enriquecedora.
Em todo o caso, e no que concerne
somente aos azulejos concelhios, a Casa de Cultura recolherá e exibirá na sua
secção toda a informação histórica e fotográfica relativa a todos os conjuntos
azulejísticos do concelho.
Dever-se-à recomendar e auxiliar
tecnicamente os proprietários dos azulejos do ponto de vista do restauro,
conservação e exposição.
Entendemos que esta perspectiva
museológica é aquela, entre outras, que concilia e que melhor permite a
conjugação eficaz do museu-edifício ao museu mais vasto que é a comunidade.
Sendo inúmeras as técnicas de
exposição, todavia, e para além dos considerados de conservação, sendo em
grande parte subjectivos, acabam sempre por exigir de cada conservador a última
palavra. Fi-lo entendendo e conjugando todos os factores acima expostos.
Entremos, agora, no domínio do
restauro. Antes de expormos os azulejos seiscentistas da Casa de Cultura
temos-lhes de remover completamente a argamassa do tardoz, fixar-lhes as
superfícies esmaltadas, colocá-los num suporte de acrílico e, finalmente,
expo-los na sala num suporte indirecto de madeira que assenta em quatro “
abraçadeiras “ metálicas. ( Vejam-se as fases de restauro Quadro XXX )
Os elementos em falha dos padrões não
serão preenchidos ou sequer substituídos por cópias, mas tão só se lhes pintará
o espaço vazio, não excluindo a hipótese de outra solução, utilizando uma cor
neutra, preferivelmente num tom algo parecido com a cor predominante dos
azulejos, de modo que, se por um lado não se fere o aspecto estético do
conjunto, por outro, não se introduza elementos que confundam a verdade
histórica.
O mesmo critério presidirá ao
tratamento dos elementos danificados ou incompletos. Em relação às falhas na
superfície esmaltada, nada se fará, a não ser, tal como já se disse, a sua
fixação através da resina incolor. Se, porventura, os “tardoz ”forem desiguais,
deve-se ponderar a maneira como os azulejos devem ser colados ao acrílico, de
modo que as superfícies esmaltadas não apresentem desníveis consideráveis. A
observação directa de superfícies azulejadas, mormente, nos seus, locais
primitivos, mostra-nos, frequentemente, superfícies sensivelmente desniveladas.
Há, contudo, que conciliar sensatamente os imperativos históricos com os
estéticos, assim sendo, não nos devemos preocupar com ligeiros desníveis.
Conclusão:
Destaco o seguinte:
1. A temperatura e a humidade devem ser
mantidas, respectivamente, entre 18ºC e 20ºC, e 55% e 60%.
2.A iluminação deve ser próxima da
existente no ambiente original.
3.A Sonorização deve reflectir a
Sonorização ambiental da época, nomeadamente a música sacra.
4.Deve haver um vídeo explicativo assim
como quadros e fotografias.
5.Os padrões policromos, restaurados e
não refeitos, devem ser colocados entre 1, 40 e 1,50m do solo, mas com os P37
em cima
6.O núcleo seiscentista ocupará o seu
lugar cronológico.
7.A secção azulejística da Casa de
Cultura da Ribeira Grande deve ser o núcleo agregador dos pequenos museus “in
situ” do roteiro azulejístico do concelho.
QUADRO I
TIPO DE EDIFÍCIO ONDE FORAM
COLOCADOS - CONVENTOS E MOSTEIROS
I
Convento de S. Francisco - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
II
Mosteiro de Stª Clara ( Clarissas ) - Funchal Madeira |
I
Convento de S. Francisco - Vila do Porto - Stª Maria Açores |
II
Mosteiro de Nª Sª da Esperança - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
II
Mosteiro de Stº André ( Clarissas ) - Vila Franca do Campo - S. Miguel Açores |
III
Colégio dos Jesuítas - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
III
Colégio dos Jesuítas - Funchal - Madeira |
I
Convento da Graça - Angra - Terceira - Açores |
I
Convento de S. Francisco - Angra do Heroísmo - Terceira Açores |
IV
Recoleta da Caloura - Lagoa - S. Miguel Açores |
II
Mosteiro de Stº André - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
OBS:
De 11 oito são de Franciscanos e Clarissas. Dos restantes dois são de Jesuitas e o ultimo de Gracianos.
A ligação dos Franciscanos e Clarissas
reforça a nossa tese da identificação dos existentes na Ribeira Grande como
pertencentes ao Convento de S. Francisco e Mosteiro de Jesus. Todavia a ermida
de Nª Sª da Caridade (?) também é uma candidata.
QUADRO II
TIPO DE EDIFÍCIOS ONDE FORAM
COLOCADOS - IGREJAS E CAPELAS
II
Sé Catedral - Angra do Heroísmo - Terceira Açores |
I
Igreja da Mãe de Deus - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
III
Capela de Nª Sª da Rosa - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
III
Capela de Nª Sª do Cabo - Lagoa - S. Miguel Açores |
I
Igreja de S.Pedro - Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
OBS:
Uso exclusivo em Mosteiros, Conventos (10) ( esta nota não encontro ) e
cinco em 3 Igrejas uma das quais a
Sé Catedral com mais duas Capelas Particulares.
QUADRO III
LOCAL ESPECÍFICO DA SUA
COLOCAÇÃO INICIAL
Convento
de Stª Clara Funchal Madeira |
Capela
da Ressurreição, parte do antigo claustro. Interior
da edicula, ( P20 ) |
Convento
de S. Francisco Vila
do Porto - Stª Maria Açores |
Templo
que seria de culto público. Interior
da Igreja ( B2 ) |
Sé
Catedral Angra do Heroísmo Terceira Açores |
Baptistério
( P10 ) |
Igreja
da Mãe de Deus Ponta
Delgada - S. Miguel Açores |
Interior
da Igreja ( P10 ) |
Capela
de Nª Sª da Rosa Ponta
Delgada - S. Miguel Açores |
Arco
da Capela mor. Por trás da mensa do altar mor ( P 10 ) |
Igreja
Paroquial de São José Ponta Delgada - S. Miguel Açores |
Sacristia
( P 10 ) |
Mosteiro
de Stº André Vila
Franca do Campo - S. Miguel Açores |
Nave
Sul e Norte da Igreja do Mosteiro ( P10 ) e ( P 37 ) |
Capela
de Nª Sª do Cabo Lagoa
- S. Miguel Açores
|
Fachada.
Forrando as paredes do interior ( P35 ) |
Colégio
dos Jesuitas Funchal Madeira |
Capela
mor e do Transepto. ( P37 ) |
Convento
da Graça Angra
do Heroísmo - Terceira Açores |
Refeitório
( 37 ) |
Convento
de S. Francisco Angra
do Heroísmo - Terceira Açores |
Refeitório
( 37 ) |
Recoleta
da Caloura Lagoa
- São Miguel Açores |
Subcoro
da igreja ( 37 ) |
Igreja
de São Pedro Ponta
Delgada - São Miguel Açores |
Sacristia
( P 37 ) |
Mosteiro
de Stº André Vila
Franca do Campo - S. Miguel Açores |
Nave
do lado Norte ( P 37 ) |
Mosteiro
de Stº André Ponta
Delgada S.
Miguel - Açores |
? |
Quadro IV
SÍTIOS ONDE FORAM
RECOLOCADOS E / OU TRANSFERIDOS
EDIFÍCIOS
ONDE SE ENCONTRAM |
ONDE ESTAVAM |
PARA
ONDE FORAM ( LOCAL NO EDIFÍCIO ) |
Convento
de S. Francisco Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Não Sabemos |
Sacristia
do mesmo Convento |
Marquês
Jácome Correia Ponta
Delgada S.
Miguel / Açores |
Antiga
Igreja da Mãe de Deus ( interior ) |
Escadaria
do Palácio de Santana Ponta Delgada |
Mosteiro
da Esperança Ponta
Delgada S.
Miguel / Açores |
não
sabemos de que pontos do Mosteiro vieram |
antiga
cozinha |
Convento
dos Jesuítas Ponta
Delgada S.
Miguel / Açores |
Desconhecemos |
Armário
da cozinha |
Museu
de Angra do Heroísmo Terceira Açores |
Refeitório
do Convento da Graça |
Painel no Museu de Angra |
Convento
de S. Francisco Angra / Terceira Açores |
Antigo
Refeitório |
Espaldar
dos bancos e dispersos em troços da parede |
Casa
do Senhor José Leão, Rua Ernesto do Canto Ponta
Delgada / S. Miguel Açores |
Sacristia
da Igreja de S. Pedro Ponta
Delgada |
No
interior da casa |
Quadro V
QUADRO - TIPO P 37 6X6 / 8
ILHA |
LOCAL |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS SIMÕES NA AZULEJARIA NOS AÇORES E MADEIRA |
Madeira |
Igreja
do colégio, de S. João Evangelista ( Jesuíta ) |
Estes
azulejos provam que a Capela - Mor já estava pronta antes de 1650 data que me
parece ajustar-se a este tipo de parâmetro, meados do séc. XVII |
Angra
do Heroísmo Terceira Açores |
Convento
da Graça ( actualmente no Museu de Angra ) |
Trata-se
de padrões do Século XVII, de repetição vulgar |
Angra
do Heroísmo Terceira
Açores |
Antigo
Convento de S. Francisco |
São
azulejos de padrão polícromo dos tipos vulgares usados no 3º quartel do
século XVII |
Lagoa S.
Miguel Açores |
Recolhimento
da Caloura Igreja
de Nª Sª das Dores |
São
do tempo do Conde Manuel
da Câmara que mandou fazer o coro em 1664 |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Igreja
de S. Pedro (
Seg .Tradição ) |
Não
adianta datas |
Vila
Franca do Campo S.
Miguel / Açores |
Mosteiro
de Stº André (
Clarissas ) |
Cerca
de 1650 - 1660 |
QUADRO VI
QUADRO - TIPO P 35
4X4/5 MARVILA - ( diz Santos
Simões )
ILHA |
LOCAL |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS S. NA AZULEJARIA NOS AÇORES E MADEIRA |
Lagoa S.
Miguel Açores |
Capela
de Nª Sª do Cabo |
Podemos
aceitar a data de 1675 para toda a azulejaria |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Mosteiro
de Nª Senhora da Esperança |
Não
adianta data |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Colégio
dos Jesuitas Igreja
de todos os Santos |
Não
adianta data |
QUADRO VII
QUADRO - TIPO P 20 CAMÉLIA
OU DÁLIA ( PADRÃO )
ILHA |
LOCAL |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS S. NA AZULEJARIA NOS AÇORES E MADEIRA |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Igreja
Paroquial de S. José Ex-Convento de S. Francisco |
Não
adianta datas Obs:
existe lá o P 18 e não P 20 como verificamos - 21.04.89 |
Funchal Madeira |
Antigo
Convento de Santa Clara |
Este
tipo de azulejaria aparece nos meados do séc. XVII atingindo maior
desenvolvimento cerca de 1660 |
QUADRO VIII
QUADRO - TIPO P12 - MASSAROCA
ILHA |
LOCAL |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS S. |
São
Miguel Madeira S.
Miguel / Vila Franca do Campo |
Mosteiro
de Stº André P. Delgada Capela de S. Filipe Igreja
do Mosteiro de Stº André |
??? Cerca
de 1666 Cerca
de 1650 - 1660 |
Obs: Existe P 12 no Mosteiro
de Stº André - lado Norte e Poente, e não P 10 como o Engº S. Simões afirma.
Observação in loco - 21.04.89
QUADRO IX
QUADRO - TIPO B 2
ILHA |
LOCAL |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS S. |
Vila
do Porto Santa
Maria Açores |
Igreja
de Nª Senhora da Victória Ex
- Convento Franciscano |
Bem
marcadamente dos meados do século XVII |
QUADRO X
QUADRO - TIPO C3 ACANTOS E
PÉROLAS COM DIAMANTES A OCRE
ILHA |
LOCAL |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS SIMÕES |
Caldeiras Ribeira
Grande S.
Miguel Açores |
Ermida
de Nª Senhora da Saúde |
O
Engº Santos Simões não sabia da existência destes azulejos, não os menciona |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Mosteiro
da Esperança |
Não
atribui data |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Capela
de Nª Senhora da Rosa |
1650
- 1660 (?) Não
atribui data |
QUADRO XI
TROCA ORIGINAL DA COLOCAÇÃO
DOS PADRÕES 4X4/5 (P35) E
6X6/8 (P37) POR 2X2
ILHA |
LOCAL |
LUGAR EXPECÍFICO |
PADRÃO CRIADO |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS SIMÕES |
Lagoa S.
Miguel Açores |
Capela
de Nª Senhora do Cabo |
Na nave da Capela-Mor |
Substituiu-se
os 4x4/5 por 2x2 |
Provavelmente
por ignorância da sua ordenação |
QUADRO XII
RECOLOCAÇÃO INCORRECTA DOS
PADRÕES 4X4 ( P35) E 6X6/8 (P37)
POR 2X2
ILHA |
LOCAL |
LUGAR EXPECÍFICO |
PADRÃO CRIADO |
DATA ATRIBUIDA PELO ENGº
SANTOS SIMÕES |
Ponta
Delgada S.
Miguel Açores |
Mosteiro
da Esperança |
Coro
baixo |
4x4/5 e 6x6/8 por 2x2 |
Por
ignorância ?? |
Ponta
Delgada S.Miguel Açores |
Colégio
dos Jesuítas |
Cozinha |
4x4/5
por 2x2 |
Mera
colocação utilitária |
Angra
do Heroísmo Terceira Açores |
Antigo
Convento de S.Francisco |
Do
refeitório passaram a revestir bancos |
6x6/8
por 2x2 |
??? |
NOTA
EXPLICATIVA
Os
quadros com as letras correspondem aos elementos dentro dos padrões de acordo
com a “Azulejaria nos Açores e na Madeira” bem como as notas do mesmo antes
endereçadas ao Museu Carlos Machado.
Os quadros numerados correspondem aos
quadros como os temos à espera de ser correctamente montados.
CONCLUSÃO
CARACTERÍSTICAS
MORFOLÓGICAS
A
técnica da inclusão das cores e a pintura do azul sobre o branco e do amarelo
sobre o azul.
Os traços desenhando as formas
geométricas ou fitomórficas são feitas a grosso na cor dos mesmos elementos.
Não há o mínimo vestígio de roxo de maganés, excepto no azulejo que tenho na
minha colecção e que não sei a origem.
As cores utilizadas são os tons de
amarelo ( torrado inclusive e laranja ) azuis, claro e anil, e branco.
Quanto às dimensões do lado os do
Padrão P37 variam entre 140mm a 150mm. A média é a seguinte:
LEGENDAS
(1)
- Nota Introdutória onde se explica o interesse dos azulejos seiscentistas bem
como a biografia dos que se encontram expostos.
(2)
- Padrão polícromo 37. Referir que se segue o indicado pelo Engº Santos Simões.
(3)
- Dentes de Serra. Cercadura usada nos padrões maiores, por conseguinte,
julgamos mais adequado a sua colocação abaixo de outro padrão.
(4)
- Nota explicativa do padrão, incluindo a menção de que alguns dos seus
elementos foram recolhidos em locais diferentes.
(5)
e (6) - Fotografia dos locais onde recolhemos e dos locais onde pensamos terem
estado colocados originalmente.
(7)
- Padrão 35. Não dispomos dos elementos centrais. Quer para o P35 quer para o
P37 desconhecemos se na origem estiveram colocados como indica o Engº S.
Simões. Porém, por razões didácticas e mesmo estéticas resolvemos agrupá-los em
padrões 4x4 e 6x6.
(8)
- B2 - Barra utilizada vulgarmente para emoldurar quer os paineis
individualmente quer os tapetes por isso colocámo-la por baixo de um padrão.
(9)
- Nota explicativa do P35 e do B2, incluindo a indicação do uso de elementos
provenientes de locais diferentes.
(10) (11) e (12) - Fotografias dos locais onde
foram revelados e daqueles que pensamos terem sido aqueles em que estiveram
colocados.
(13)
- O padrão 12, chamado de “massaroca”.
(14)
- Friso ou cercadura não identificado.
(15)
- Padrão 20 ou “camélia”.
(16)
- Explicação do P12 e P20, também da cercadura ou friso.
(17)
- Fotografias.
EXPLICAÇÃO
DA 2ª PROPOSTA
1 -
O padrão P37 6x6 deverá ser colocado
acima da linha média da superfície parietal onde será exposto, dado que, por
razões de erro de paralaxe, este padrão ter sido sempre aí colocado. Para além
do mais, só assim se poderá conciliar os imperativos museológicos, quer
estéticos quer históricos. Esta situação é comprovada, entre outros locais, na
Igreja de Stº André, Ex-Mosteiro do mesmo nome, na Vila Franca do Campo.
2 -
Quanto ao padrão P35 4x4; apesar de por vezes ter sido colocado em partes
altas, sobretudo em pequenas capelas, também foi colocado em partes baixas,
designadamente, em igrejas. Deste modo, tanto se poderia colocá-lo na parte
superior como na inferior. Não obstante, na proposta, o colocarmos na parte
inferior, podê-lo-emos colocar, mais tarde, na parte superior, desde que seja
mais estético.
3 -
Os padrões P20 e P12 foram geralmente colocados, nas igrejas, na parte
inferior, porém nas capelas, revestindo-as de alto a baixo. Desconhecendo-se o
local primitivo da sua colocação, o mesmo se poderá dizer do P35 e do P37,
porém, desconfiamos que, dada as características do 6x6, eles tivessem estado
colocados em grandes superfícies parietais. Em qualquer caso, e ressalvando
esta dúvida, propomos a sua colocação na parte inferior.
4 -
Quanto às barras B2 e não identificada, como era hábito usá-las nos padrões,
quaesquer que eles fossem, P37 ou P12, portanto, 6x6 ou mesmo 2x2, optamos,
aleatoriamente, por escolher o B2 para o P37 e o não identificado para
sublinhar os P12 e P20.
5 -
Quanto aos Dentes de Serra, também aleatóriamente, optamos pela sua colocação
junto ao P35. Todavia convém referir que este tipo, ou seja, os Dentes de
Serra, eram também utilizados tal como as barras.
CONCLUSÃO:
Esta
segunda proposta é aquela que melhor concilia os aspectos museológicos sejam os
estéticos sejam os históricos, já que, ainda que fragmentáriamente, é aquela
que melhor propõe o esboço da reconstituição original dos painéis.
As distâncias reais entre o B2 e o P37,
por um lado, e o P35, por outro, por exemplo, os primeiros na parte superior, e
, os segundos, na inferior, não devem, todavia, ser muito grandes, daí o bom
senso que se exige na exposição.
CÁLCULO DA
QUANTIDADE DE AZULEJOS QUE ESTIVERAM NA FACHADA DA IGREJA DA MATRIZ DA R.
GRANDE
1
Azulejo
( 0.14 x 0.14 ) m2
X______________________________
12 m2
Y
_____________________________ 3 m2
Z
_____________________________ 5,50 m2
X = _____12______ =
612.2449
0.14
x 0.14
Y = ______3_______
=153.06
0.14
x 0.14
Z = ______5,5_____
=280,6
0.14
x 0.14
X---------->
612.24 x 2 =1224.48
Y---------->
153.06 x 2 =306.12
Z----------> 280.6
TOTAL = 1811.2
Respingando os Fragmentos, grandes e
pequenos, bem como os azulejos inteiros danificados que temos em quadro e que
provêm de certeza, há excepção dos 7 danificados do Ex-Externato, fizemos um
quadro elucidativo da sua taxa de destruição.
Com isso pretendemos esclarecer que não
bastava à ermida de Nª Srª das Caridades (?) ter espaço de paredes para
fornecer os cerca de 1811 que estiveram recolocados na fachada da Matriz, há
que ter em conta, que, e não obstante os cuidados de quem os Hipotéticamente
retirara tendo em vista a sua posterior recolocação na Matriz, a taxa de
destruição.
Abordaremos um caso limite (?),
nomeadamente os que sendo recolocados na dita Igreja foram em meados deste
século retirados. Atende-se que a intenção não era preservá-los para, mais uma
vez, serem recolocados. mesmo assim vejamos:
AZULEJOS DANIFICADOS |
7 + 4 (1) |
FRAGMENTOS PEQUENOS |
66 |
FRAGMENTOS PEQUENOS |
54 |
(1) Quatro vieram do Ex-Externato e não
temos a certeza absoluta que vieram da fachada da Matriz.
Os cinquenta e quatro fragmentos
pequenos não correspondem necessáriamente a outros tantos azulejos, porém,
suponhamos que existe esta correspondência e adicionemos-lhes aos demais, visto
que, estes parecem equivaler, cada um, a um azulejo.
Deste modo obtemos cento e trinta e um
azulejos. Se antes de serem arrancados da fachada da Matriz, pelo menos, ao que
podemos apurar à lupa no confronto com uma fotografia de 1927, existiam 448
azulejos P35 agrupados em 2 x 2 ( dos elementos que formam um circulo tal como
se encontra na Ermida de Nª Srª do Cabo, na Lagoa ),os 131 do mesmo tipo,
evidentemente, equivalem a cerca de 29%, o que revela uma perda da ordem dos
70%. É uma questão em aberto.
ESBOÇO DO
ITENERÁRIO DE ALGUNS AZULEJOS SEISCENTISTAS ESTUDADOS
ATENÇÃO: ( FALTA INTRODUZIR
ESQUEMAS)
NOTA
CRONOLÓGICA EXPLICATIVA DE COMO E ONDE ENCONTRAMOS OS AZULEJOS
1-Algures
em Outubro de 1987 encontramos, com a coloboração e pistas de mestres, antigos
professores e o Srº Encarregado Geral da Câmara, no Armazém da Câmara Municipal
da rua do Ouvidor dois cestos de vimes cheios de azulejos seiscentistas
provenientes do Ex-Externato Ribeiragrandense, na Rua de Sousa e Silva, para
ali levados após as obras de adaptação daquele Ex-Externato de ensino
secundário a Serviços Judiciais em 1984 (?)
Graças à informação dos Srºs Drºs.
Jorge Gamboa de Vasconcelos, Manuel Barbosa, após os reconhecer
inequivocamente, já que o Padrão 2x2 que deveria ter sido P35, incluia um
elemento repetido que reconheceu, disse-me que os encontrara soltos na cozinha
na Externato no Verão de 48 ou 49 e que provavelmente teria sido o Comandante
Armando Soares, antigo proprietário do edifício que os levara para lá, de onde
não sabia, mas provavelmente da Igreja da Matriz .
2-Um mês ou dois após, encontrei numa
vala de saneamento básico no Adro das Freiras alguns fragmentos do mesmo tipo.
Nem os vizinhos mais antigos ou os mestres da Câmara me explicaram a sua
origem.
Conctatei o Drº Sousa de Oliveira,
arqueólogo, que mais tarde iria proceder a escavações no interior das terras do
Ex-Mosteiro, e, que veio propositadamente à Ribeira Grande.
3- Em 15 de Agosto de 1988, verifiquei
que no interior da Ermida das Caldeiras existiam azulejos daquele tipo.
4- Em Setembro daquele ano falei, pelo
telefone, com o Srº Humberto Viveiros, proprietário da casa junto à Ermida e a
zelar pela manutenção da mesma e referiu-me que na dita casa ele tinha dois azulejos
iguais aos da capela. Explicou-me que os descobrira o seu avô, no entulho
quando há mais de sessenta anos
reconstruira a casa.
A Ermida fora rebocada caiada e
retelhada recentemente e que, por incúria alguns dos mestres danificaram alguns
e os atiraram para o entulho.
Garantiu-me que fora a primeira vez que
tinha rebocado de novo a capela.
5- Em Setembro e Outubro de 1988, a
Associação Arqueológica de São Miguel procedeu a escavações arqueológicas nas
terras do Ex-Mosteiro de Jesus e encontraram-se novos fragmentos.
6-Em Novembro de 1988, segundo as
pistas de Srº Ildeberto Garcia e o Mestre Almeida que trabalhou na remoção dos
azulejos da Matriz, procedi a uma pequena intervenção na Torre da Igreja da
Matriz e encontrei muitos azulejos. A zona entulhada situa-se no primeiro andar
da torre e num fundão que parece ter sido uma escadaria em pedra que ía
desembocar onde presentemente se encontra o primeiro altar a contar do
guarda-vento, da nave lateral direita. Neste entulho também encontrei azulejos
setecentistas.
7- Em Dezembro daquele ano foi a vez de
encontrar um azulejo C3 e um fragmento ambos delineados a traço roxo de maganês
no quintal do Srº Ângelo Ledo, já falecido na rua de Sousa e Silva.
8- Em fins de Fevereiro e princípios de
Março encontrei muitos outros na correção do nó viarro da rua de
Trás-os-Mosteiros com o Adro das Freiras. Interior das terras do Ex-Mosteiro.
Como não pude proceder a uma intervenção arqueológica recolhi o que pude e
mandei transferir a terra para o quintal da Casa de Cultura onde tenho
“remexido e peneirado”. Já encontrei muitos fragmentos ali de séculos
anteriores.
A terra depois de “revistada” foi
utilizada para compor os canteiros botânicos da nossa secção botânica situada
entre o edifício da Casa de Cultura e o Barracão a poente.
9- Ainda em Março de 1989 encontrei na
Rua do Botelho, na casa do Srº Cabral de Melo, alguns azulejos deste tipo que
ofereceu à Casa de Cultura.
10- Em finais de Abril encontrei na
arrecadação do Museu Carlos Machado dois paineis atribuidos ao Convento dos
Frades que foram oferecidos ao Museu pelo Marquês de Jácome Correia.
11 e 12. Vi na casa de familiares, em
Ponta Delgada, do actual presidente da Câmara um painel de azulejos vindos da
Matriz e ouvi o Drº Jorge Gamboa dizer que também tinha alguns na sua casa da
Ribeira Grande.
13-Em Abril de 1989 o Srº Mestre
Augusto Rocha, morador na Rua da Salvação disse-me que tivera iguais na cozinha
da mãe, junto à sua e que os guardara na arrecadação.
Ainda não os vi.
INDICE TEMÁTICO
Nota
Introdutória
Capitulo
I - pag. 1 à 21
Capitulo
II - Tentativa de identificação e datação dos
azulejos por nós recolhidos cotejando e
analizando o estudo do Engº Santos
Simões sobre a azulejaria nos Açores e na Madeira
- pag. 22 à 31.
Capitulo
III - Os azulejos que recolhemos vindos provavelmente da cidade de Lisboa no 3º quartel do século XVII a
que local da Ribeira Grande se
destinaram ?
pag. 32 à 96
a) Um suspeito: A Ermida de Nossa
Senhora da Caridade (s) ou da (s)
Candeia(s) -pag. 36 - 48
b) Outro canditato: Mosteiro de Jesus
da Ex-Vila da Ribeira Grande -pag.
49 - 58
c) Outro suspeito: O Convento de Nossa
Senhora de Guadalupe, vulgo Convento
dos Frades da Ribeira Grande
-pag 59 - 64
d) Outro suspeito: A igreja de Nossa
Senhora da Estrela vulgo da Matriz da
Ribeira Grande
- pag. 65 - 69
e) Outro suspeito: Igreja do Espirito
Santo, ou igreja do Senhor dos Passos
ou ainda da Misericórdia Velha
pag. 70 - 73
f) Outros canditatos:Casas particulares
74 - 79
g)Conclusão deste capítulo - 79 - 82
Capitulo
IV - Preparação, tratamento, conservação e exposição museológica dos azulejos seiscentistas de padrão polícromo da
Casa de Cultura da Ribeira Grande 97 -
118.
INDICE DE
GRAVURAS E FOTOGRAFIAS
Nº
1- Gravuras XXX (1866) de Cândido Abranches - Matriz da Ribeira Grande ( azulejos )
Nº
2 - Postal s/ data - Matriz Ribeira Grande ( azulejos )
Nº
3 - Fotografia de 1927 - Matriz Ribeira Grande ( azulejos )
Nº
4 - Fotografia de 1952 - Matriz Ribeira Grande ( azulejos)
Nº
5 - Fotografia de 1956 (?) - Matriz Ribeira Grande ( remoção dos azulejos )
Nº
6 - Fotografia de 1959 - Matriz Ribeira Grande ( já sem azulejos )
Nº
7 - Interior das terras do Ex - Mosteiro de Jesus - Ribeira Grande
Nº
8 - Interior do Ex - Mosteiro junto aos locais escavados - Ribeira Grande
Nº
9 - Exterior do Ex- Mosteiro. Local incluído na rua pública - Ribeira Grande
Nº10
- Interior do Claustro do Ex - Convento de Nossa Senhora de Guadalupe - Ribeira Grande.
Nº
11 -Igreja do Espírito Santo - Ribeira Grande
Nº
12 - Ermida e casa do Senhor Humberto Viveiros. Caldeiras da ribeira Grande
Nº
13 - Externato Ribeiragrandense
Nº
14 - Casa de Cultura da Ribeira Grande ( Solar de S. Vicente Ferreira )
Nº
15 - Fachada da Igreja de S. Pedro,
Ribeira Seca da Ribeira Grande ( atribuida
ao Ex - Mosteiro de Jesus )
ÍNDICE DE
MAPAS
Mapa
I - Locais de São Miguel onde encontramos azulejos iguais aos estudados pela Casa de Cultura
MapaII
- Mapa onde se indicam os locais da Ribeira Grande onde encontramos os azulejos que recolhemos.
Mapa
III - Indica a localização das Caldeiras da Ribeira Grande de onde se situam a ermida e a casa do
Srº Humberto Viveiros.
Mapa
IV - Planta indicando os locais onde foram recolhidos os fragmentos de padrão nas ex - terras do Mosteiro
de Jesus.
INDICE DE
QUADROS
Quadro
I - Tipo de edifícios onde foram colocados - Conventos e Mosteiros.
Quadro
II - Tipo de edifícios onde foram colocados - Igrejas e Capelas
Quadro
III - Local específico da sua colocação inicial.
Quadro
IV - Sítios onde foram recolocados e / ou transferidos.
Quadro
V - Tipo P37 (6x6)
Quadro
VI -Tipo P35
Quadro
VII-Tipo P20
Quadro
VIII Tipo P12
Quadro
IX - Tipo B2
Quadro
X - Tipo C3
Quadro
XI - Troca original da colocação dos Padrões 4x4 e 6x6 por 2x2
Quadro
XII - Recolocação incorrecta dos padrões 4x4 por 2x2
Quadro
XIII -Quadro do tipo de azulejos que estudamos.
Quadro
XIV - Inventário dos azulejos recolhidos.
Quadro
XV - Idem
Quadro
XVI - Idem
Quadro
XVII - Idem
Quadro
XVIII - Casa de Cultura da Ribeira Grande. Mosaicos existentes (estudo
)
Quadro
XIX - Ermida de Nossa Senhora do Cabo ( estudo )
Quadro
XX - Igreja de Stº André Vila Franca do Campo ( estudo )
Quadro
XXI - Idem (estudo)
Quadro
XXII -Museu Carlos Machado ( estudo)
Quadro
XXIII - Padrão 37
Quadro
XXIV - Elementos em 2x2 do P37 ( E, B, A, F, D, C )
Quadro
XXV - Elementos decompostos do 4x4
P35 (A e B não tem o C)
Quadro
XXVI - P35 tal como temos e tal como deveria ser completo
Quadro
XXVII - 1ª Proposta de exposição.
Quadro
XXVIII - 2ª Proposta de exposição.
Quadro
XXIX - Identificação de cada um dos elementos dos Padrões e acessórios quanto ao local da sua recolha.
Quadro
XXX - Esboço das fases de tratamento / Exposição dos azulejos seiscentistas da Secção de azulejos da Casa de
Cultura da Ribeira Grande .
Quadro
XXXI - Fragmentos da vala do Ex - Mosteiro de Jesus.
Quadro
XXXII - Fragmentos da parte interior da cerca do Ex - Mosteiro de Jesus.
[1] Calado, Rafael Salinas, “cinco séculos do azulejo em Portugal “, in “ Diário de Noticias” , Funchal, Domingo, 26 de Março de 1989 , pag 8 .
[2] Simões, J. M. dos Santos, Azulejaria nos Açores e na Madeira, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1963, pag. 11
[3] Freitas, Paulo Fragoso de, “Azulejos. Itenerário duma exposição”, in Atlântico “, Madeira, nº 7 , Outono, 1986, pag 192
[4] O Simões, ibid, pag. 11
[5] O Calado, ibid, pag. 8
[6] Idem, ibid, pag. 8
[7] O Simões, ibid, pag 11
[8] Idem, ibid, pag 11
[9] Meco, José, Exposição: Azulejos de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, Fev. / Março; 1984, pag 10
[10] Idem, ibid, pag 12
[11] O Meco, ibid, pag 42
[12] Idem, ibid, 42
[13] Idem, ibid, pag 41
[14] Idem, ibid, pag 39
[15] Idem, ibid, pag 40
[16] Idem, ibid, pag. 41
[17] Idem, ibid, pag. 41
[18] Idem, ibid, pag. 41
[19] Idem, ibid, pag. 41
[20] Idem, ibid, oag. 41
[21] Idem, ibid, pag. 41
[22] Idem, ibid, pag. 41
[23] Idem, ibid, pag. 40
[24] Idem, ibid, pag. 40
[25] Idem, ibid, pag. 40
[26] Idem, ibid, pag. 40
[27] Idem, ibid, pag. 19
[28] Idem, ibid, pag. 19
[29] Idem,ibid,pag.19
[30] Idem,ibid,pag.19
[31] Idem, ibid, pag. 19
[32] Idem,ibid,pag.19
[33] Idem, ibid, pag. 19
[34] Idem, ibid, pag. 19
[35] Idem, ibid, pag. 19
[36] Idem, ibid, pag. 19
[37] Idem, ibid, pag. 10
[38] Idem, ibid, pags 30, 40
[39] Idem, ibid, pag. 40
[40] Idem, ibid, pag. 39
[41] Idem, ibid, pags. 45 e 46
[42] Idem, ibid, pag. 40
[43] Idem,ibid,pag. 40
[44] Idem, ibid, pag. 12
[45] Vieira, Alberto, A questão cerealífera nos Açores séculos
XV-XVII, [ tenho as provas oferecidas pelo autor em 1985
mas não o livro ]
[46] O Simões, ibid, pag 13
[47] Idem,ilid,pag. 13
[48] Idem, ibid, pag. 12
[49] O Meco, ibid, pag. 25
[50] Idem,ibid, pag. 25
[51] Idem, ibid, pag 25
[52] Idem, ibid, pag 25
[53] Idem, ibid, pag.25
[54] Idem,ibid, pag. 25
[55] Idem, ibid, pag. 25
[56] Idem, ibid, pag. 25
[57] O Simões, ibid, pag. 12
[58] Idem, ibid, pag. 12
[59] Idem, ibid, pag. 12
[60] Idem, ibid, pag. 12
[61] Idem, ibid, pag. 10
[62] Idem, ibid, pag. 10
[63] Idem, ibid, pag. 12
[64] O Meco, ibid, pag. 40
[65] Op. Cit.,[ catálogo ]
[66] O Meco, ibid, pag. 9
[67] Idem, ibid, pag. 9
[68] Idem, ibid, pag. 9
[69] O Simões, ibid, pag. 13
[70] Idem, ibid, pag. 13
[71] Idem, ibid, pag. 13
[72] Idem, ibid, pag. 13
[73] O Meco, ibid, pag. 9
[74] Idem, ibid, pag. 9
[75] Ver quadro que se refere os azulejos e a nota final.
[76] Simões, J. M. dos Santos, Ajulejaria nos Açores e na Madeira, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1963.
[77] Percorremos a seguinte
documentação:
1.
Arquivo da Igreja Matriz da Ribeira Grande
A
confraria do Santíssimo Sacramento
-
Livros de Receita e Despesa (séculos XVII, XVIII, XIX, XX)
-
Doações ( séculos XVII-XVIII-XIX-XX)
B.
Igreja Matriz
-
Notas para o Tombo
-Outras
notas
-
Receita e despeza (não tem o século XVII!)
-
Legados Pios
2.
Arquivo da Ouvidoria (na Igreja
da Nossa Senhora da Conceição)
-Pesquisamos toda a documentação desde o
século XVII, porém só começa em finais daquele século.
3.
Arquivo Municipal da Ribeira Grande
- Actas da Vereação
- Livros de Receita e despeza
4.
Arquivo Municipal de Ponta Delgada
-Alfândega (séculoXVII)
-Almoxarifado (século XVII)
-Mosteiro de Jesus (não tem documentação
pertinente ao assunto no século XVII)
- Convento de N. Sr ª da Guadalupe - (nada)
-Tablionato ( nada )
-Orfanológico ( nada )
5.
Arquivo da Santa Casa da Misericórdia
-Actas ( nada )
-Receita e despesa ( nada )
-Doações ( nada )
[78] O Simões, ibid
[79] Idem, ibid, pags 203 à 218
[80] Idem, ibid, pags 83 e132
[81] Machado, joão Saavedra, Azulejos do Hospital Termal das Caldas da Rainha - séculos XVI - XVIII, Instituto Português do Património Cultural, 1987, pag 32.
[82] O Simões, ibid, pag. 114
[83] Meco, José, Exposição Azulejos de Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, Fev. / Março, 1984, pag. 42
[84] O Simões, ibid, pag. 171.
[85] Atayde, Luís Bernardo Leite, Etnografia, Arte e Vida antiga nos Açores (Etnografia Arte e Vida Antiga dos Açores, Luís Bernardo Leite de Atayde.
[86] O Simões, ibid, pag. 142.
[87] Idem, ibid, catálogo.
[88] Idem, ibid, pag. 110.
[89] Veja-se quadro anexo nº XV. Aliás para toda esta questão
[90] Ver quadro anexo nº
[92] O Simões, ibid, pag 132. Quadro XXI
[93] Ibidem, ibid, pag 83 e 84 e também quadro XIX
[94] Ibidem, ibid, pag 114
[95] Ibidem, ibid, pag 167
[96] Ibidem, ibid, catálogo
[97] O Meco, ibid, pag 42
[98] O Simões, ibid, pag .132
[99] O Meco, ibid, pag .40
[100] O Simões, ibid, pag. 13
[101] O Meco, ibid, pag. 9
[102] Veja-se nota anexa sobre os locais em que os recolhemos - Nota cronológica e explicativa de como e onde encontramos os azulejos estudados, foto : nº3 e 13
[103] Vejam-se as fotografias anexas, de 1 a 5
[104] Simões, J. M. dos Santos, Azulejaria nos Açores e na Madeira, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1963, pag 128. Nota da autoria do Drº Jorge Gamboa vasconcelos
[105] Idem, ibid, pag. 129. Foto 13
[106] Idem, ibid, pag. 128.
[107] Veja-se fotografia nº 5
[108] Veja-se nota “ Cronológica, explicativa de como e onde encontramos os azulejos estudados.
[109] Yourcenar, Marguerite, Memórias de Adriano, Ulisseia, 6 ª edição, pag. 24.
[110] O Simões, ibid.
[111] Veja quadro da origem V, VI, VII, VIII, IX, X. Veja indicação do livro já citado do engº Santos Simões
[112] Vejam-se quadros I, II, III
[113] Monte Alverne, Frei Agostinho, Crónicas da Provincia de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1961, vol II, pag 297.
[114] O Simões, ibid, pag 128 ( Nota do Drº Jorge Gamboa de Vasconcelos )
[115] O Monte Alverne, Ibid, pag 297
[116] Cordeiro, Pe. António, História Insulana... S.R.E.C, 1981, Pag 142.
[117] O Cordeiro, ibid, pag 142, O Monte Alverne, ibid, pag 297.
[118] E (119) Notas para o Tombo da Igreja Matriz da Ribeira Grande, Collecção de quesitos dirigidos pelo governo aos Parachos em 1858 [ 15 / 08 / 1858] responde o Prior Manoel Cabral de Mello, Arquivo Paroquial da Matriz, fol. 137
[119] Idem.
[120] O Simões, ibid, pag 128 ( nota do Drº Jorge de Vasconcelos Gamboa ).
[121] Gaspar Fructuoso, Saudades
da Terra.
[122] Ob. cit. pag 297 e 142.
[123] Notas genelógicas cedidas pelo Drº Hugo Moreira.
[124] O Simões, ibid, pag 128 ( nota do Drº Jorge Gamboa de Vasconcelos).
[125] No altar de Nossa Senhora da Piedade.
[126] Veja-se o capitulo antecedentes. II
[127] O Simões, ibid, pag 84.
[128] Maria Olimpia da Rocha Gil, O arquipélago dos Açores no século XVII Aspectos sócio-económicos ( 1575-1675, Castelo Branco, 1979, pag 143
[129] Geneaologia cedida pelo Drº Hugo Moreira. D. Julia de Neiva filha de Francisco Taveira de Neiva e de Isabel Caldeira de Mendonça, batizou-se a 10 de Outubro de 1598 e faleceu aos 24 de Janeiro de 1672. ( Ribeira Grande Matriz )
[130]
Gil, ob. cit.... ,P 143
[131] Gaspar Fructuoso, Saudades da Terra , Livro IV, vol II, Ponta Delgada, 1981, pag 61.
[132] Rua de Nossa Senhora da Salvação Ribeira Grande. Quadro XXXV
[133] Jaime Ferreira Cabido. Vi o bilhete de identidade mostrado pelo seu filho.
[134] Caetano da Silva Moniz. Confirmei no arquivo Paroquial da Igreja Matriz
[135] J. Cândido Abranches, Album Michaelense , Ponta Delgada, Typographia de Manoel Corrêa Botelho, 1869, dedicatória.
[136] Idem, ibid, introdução.
[137] Veja-se fotografia da gravura XXX Fotocópia I
[138] pn a data da reconstrução da Matriz.
[139] Data do falecimento 1950 e 1971 (?)
[140] Jean-Claude, Tradition Orale et identité Culturel. Problémes et Méthodes, Centre National de la Recherche Scientifique, 1980, pags. 54 e 55.
[141] “ Açoriano Oriental”, sábado
24 de Abril de 1852, nº 899, Arquivo e Biblioteca Pública de Ponta Delgada.
[142] Ob. cit flo. 137
[143] Nota do test. de 20.000 rs.
[144] Livro para as notas do Tombo, Ar. P. da Matriz, v. da 31, 3/ 05 / 1852 Prior Francisco José Pacheco
[145] Preço de uma casa
[146] Dados geneológicos cedidos pelo Drº Hugo Moreira.
[147] Segundo testemunhos.
[148] Veja-se contas em anexo Cálculo da quantidade de azulejos que estiveram na fachada da Igreja da Matriz da Ribeira Grª.
[149] Tem na fachada a data de 1651
[150] Ver contas da ermida em anexo, XXXV, XXXVI, XXXVII
[151] Gaspar Fructuoso, Saudades da terra, Livro IV. Vol, III, Ponta Delgada, 1987, pag 47.
[152] Idem, ibid, pag 48.
[153] A ultima despeza do refeitório é deste periodo.
[154] Collecção de Decretos e Regulamentos Publicados Durante o Governo da Regencia do Reino Estabelecida na Ilha Terceira desde 15 de Junho de 1829 até 28 de Fevereiro de 1832 Lisboa, Imprensa Nacional, 1836.
[155] Idem, ibid.
[156] Inventario Orfanológico por falecimento de Dona Mariana Amália Narciza, inventariante seu marido Joze Maria da Camara Vasconcelos B. P. A. D. P. D. , R. E. Nº 1367 [ 1834], v. da 17 à 18.
[157] Idem ibid, v. da 17 à 18 .
[158] Ob. cit. fol 141. Foto 15.
[159] Veja-se quadro sobre os Quadros XIII, XVI, XXXII e Mapa IV framentos encontrados no Ex-Mosteiro. O quadro não regista os não identificados.
[160] Brian M. Fagan. , In the begining. An introduction to Archaelogy, fourth edit, Boston, 1981, pag. 179
[161] Nas escavações arqueológicas de Set / Out de 1988 que observei descobriram-se alicerces no lado norte e nascente. Mapa IV. Fotografias VII e VIII.
[162] Veja planta da zona. Mapa IV Fotografia IX, Nota cronológica explicativa de como e onde encontramos os azulejos estudados.
[163] Veja-se quadro que indica os azulejos estudados que descobrimos .
[164][164] Veja-se planta. Mapa IV, Fotografias VII e VII
[165] Veja-se planta. Mapa IV, Fotografia IX.
[166] Idem Mapa IV.
[167] Louis Frédéric, Manual
Prático de Arqueologia, Livraria Almeidina, Coimbra, 1980, pag 245.
[168] Veja-se Quadro dos Mosteiros I, II e Conventos de Franciscanos.
[169] Notas para o Livro do Tombo da Matriz. Collecção de quesitos dirigidos pelo Governo aos Parachos em 1858. ( Prior Manoel Cabral de Mello ), fol. 141.
[170] Auto de Inventário,B. P.A. A. II, cartório da Mitra de Angra, maço 567, doc. 25 ( cota provisória ).
[171] Idem.
[172] Rol Quaresma de 1834, Arquivo da Matriz da Ribeira Grande.
[173] Rol Quaresma de 1847, A. da Matriz da Ribeira Grande.
[174] - -
[175] O Prior Francisco Jozé Pacheco nada diz a este aspecto.
[176] Notas para o Livro do Tombo da Matriz.
[177] Veja-se Quadros XIV e XV.
[178] Monte Alverne, Fr. Agostinho de, Crónicas da Provincia de S. João Evangelista das ilhas dos Açores, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1961, vol II, pag 302.
[179] Idem, ibid, pag 303.
[180]Drº Luís Bernado Leite d’Atayde. As secções de arte e etnografia do museu de Ponta Delgada, ( Dr. Carlos Machado ). 1944, pag 51.
[181] Idem, ibid, pag 51.
[182] O Simões, ibid, pag 103
[183] O Simões, ibid, pag 102. Veja anotação nº 22 (rodapé)
[184] Simões, J. M. dos Santos, Delineamento da maneira de expor os azulejos do Museu “ Carlos Machado” de Ponta Delgada, ( Cópia das notas que fez para o Museu “Carlos Machado”), pag 7.
[185] Veja-se Quadro XVI.
[186] Vi-os, estudei-os e fotografei-os.
[187] Simões, J.M. dos Santos, Azulejaria nosn Açores e na Madeira, pag. 96.
[188] Idem, ibid, pag 96
[189] Notas para o Tombo da Matriz,..., fol. 139.
[190] Accordãos, Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, Livro 8, 1839-1851, 30 de Setembro de 1839, fol. 22, Arq. Santa Casa da Misericórdia da Rib. Grande.
[191] Idem, ibid, fol 22.
[192] Veja-se Quadro. XIV
[193] Veja-se Quadro. XIV
[194] O Srº Humberto Viveiros garantiu-me que, ao que sabe e se lembra, numca o interior da ermida tinha sido novamente guarnecida.
[195] Notas para o Tombo,..., v. 25.
[196] Simões, J. M. dos Santos, Azulejaria nos Açores e na Madeira,... pag 128.
[197] Gaspar Fructuoso, Saudades da Terra, vol II, Ponta Delgada, 1981, pag 105.
[198] Ver quadro II.
[199] Ver notas em anexo, nota cronológica explicativa de como e onde encontramos os azulejos estudados.
[200] O Monte Alverne, vol II, 1961, pag. 300
[201] O Ataíde, vol II, pag 108 XIII, XV
[202] Idem, ibid, pag 108.
[203]Monte Alverne, Frei Agostinho de, Crónicas da Provincia de S. João Evangelista das ilhas dos Açores. Ponta Delgada, vol II, 1961, pag 294.
[204] Idem, ibid, pag 300
[205] Notas para o Livro do Tombo da Matriz, Clareza dequando foi Re deficada a Igreja de NoSa Snrª. da Estrella, Arq, Paroquial da Matriz v. fol 25.
[206] O Monte Alverne, vol II, pag. 297.
[207] Ataíde, Luis Bernardo Leite de, Etnografia Arte e vida antiga dos Açores, vol II, Coimbra, 1974, pag 108.
[208] Idem, ibid, pag 109.
[209] Notas para o Livro do Tombo da Matriz, Clareza etc..., Arq Paroquial da Matriz, fol. 26.
[210] Idem, ibid, fol. 27.
[211] Veja-se Quadro XV.
[212]João Saavedra Machado, Azulejos do Hospital Termal das Caldas da Rainha - séculos XVI_XVIII, Instituto Português do património Cultural, 1987, pag 57.
[213] Idem, ibid, pag 32.
[214] O Simões, Azulejaria nos Açores e na Madeira, 1963, pag 13
[215] Gaspar Fructuoso, Saudades da Terra, 1981, Livro IV, vol II, pag 107.
[216] Frei Agostinho de Alverne Crónicas da Província de S.João Evangelista das ilhas dos Açores, 1961, vol. II, pag. 331. Foto nº II
[217]Idem, ibid, pag 331
[218]Idem,ibid,pag 331
[219]Receitas da Santa Casa da Misericórdia, 1725..., Arquivo do Consistório, Ano 1748, fol 96.
[220]Acordãos-1743-1815, L. 6, Arquivo do Consistório da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, v. 25.
[221] Idem, ibid, v. 25.
[222]Acordãos-1743-1815, L. 6, Arquivo do Consistório da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, v. 31 [ 2 de Julho de 1754 ]
[223] Idem ibid, [ 3 de Julho de 1755 ] v. 35.
[224] Idem, ibid, [ 22 /12-1768 ] fol. 55.
[225] Idem, ibid, [ 31/ 10/ 1773 ] v. 76.
[226] Idem, ibid, [ 4 de Julho de 1778 ] f. 94.
[227] Idem, ibid, [ 12 / 01 / 1775 ] ,f. 83 .
[228] Idem, ibid, [ 11 / 07/ 1790 ],v. 142.
[229] Livros de Receita e Despesa entre outros.
[230] Veja-se Quadro e Esboço do itenerário dos azulejos. XV, XVI, XVII.
[231] Idem.
[232] Veja-se Quadro Esboço Itenerário dos azulejos seiscentistas estudados.
[233] Simões, J. M. dos Santos, Azulejaria nos Açores e na Madeira, 1963, pag I.
[234] Idem, ibid, pag 53 .
[235] Idem, ibid, pag 53 .
[236] Idem, ibid, pag 53 .
[237] Veja-se Quadro I, II.
[238] Entrevista com o Drº Mnuel Barbosa .
[239] Pelas fotografias que temos.
[240] Manuel Barbosa, Memórias da Cidade Futura..., Ribeira Grande, 1988, pag 43.
[241] Idem, ibid, pag 55. Há quem diga que os azulejos estiveram no rés-do-chão e não no 1º andar. Porém em qualquer dos casos o Drº Barbosa não os mensiona. Info. óbtida posteriormente à elaboração do capítulo III.
[242] Entrevista posterior com o Drº manuel Barbosa.
[243] Conforme verifiquei no roes Quaresmais e entrevistas dos antigos proprietários.
[244] Dados biograficos colhidos do seu Bilhete de Identidade.
[245] Entrevista na sua casa da rua do Barracão Velho no dia 16 / 04 / 1989. ( outras seguiram-se-lhe ).
[246] Roes Quaresmais da Matriz de 1931 a 1952 Arquivo Paroquial da Matriz.
[247] Entrevista com o senhor Cabral de Melo em Abril de 1989. ( Houve outras antes e depois ).
[248] Veja Quadro. II, XV.
[249] Manuel Barbosa, Memórias da cidade futura..., Ribeira Grande, 1988, pag 69.
[250] Cercadura que não consegui identificar Quadro XVII Veja Quadro anexo.
[251] Entrevistei os famaliares.
[252] Veja-se Quadro XV.
[253] Veja-se Fotografia III.
[254] Luís Bernardo Leite de Ataíde, Etnografia arte e vida antiga dos Açores, Coimbra, 1974, vol II, pag 95.
[255] Esboço do Itenerário dos Azulejos seiscentistas Estudados Mapas II e III.
[256] José de Torres , Ensaios. Viagens no interior da ilha de San-Miguel, I , Ponta Delgada, 1849, pags, 9 e 10 .
[257] Idem, ibid.
[258] Artur Teodoro de Matos, Transportes e Comunicações em Portugal, Açores e Madeira ( 1750-1850 ), Ponta Delgada, 1980, pag, 419.
[259] Idem, ibid, pag 421.
[260] O Monte Verde foi feito de entulhos na década de quarenta (?).
[261] Segundo o mestre Almeida. Aliás, pela altura da sua remoção, os entulhos eram encaminhados para o Monte Verde onde eu próprio aos 4 anos ( 1961 ) os ia, com os adultos, numa carroça de mão, atirálos.
[262] Veja-se no Caminho das caldeiras a cova do tufo do senhor Aurino Tachinha, por exemplo.
[263] Margarite Yourcenar, Memórias de Adriano , Ulisseia, 6ª edição, pag. 24.
[264] Azevedo Alves, Luisa Maria Picciochi, O Ambiente e as obras de Arte, Instituto José de Figueredo, nº 11, Lisboa, 1980, pag 1.
[265] Idem, ibid, pag 1.
[266] Idem, ibid, pag 2.
[267] Idem, ibid, pag 2.
[268] Idem, ibid, pag 3.
[269] Idem, ibid, pag 5
[270] Idem, ibid, pag 4.
[271] Idem, ibid, pag 3.
[272] Idem, ibid, pag 6.
[273] Idem, ibid, pag 8.
[274] Idem, ibid, pag 6.
[275] Idem, ibid, pag 8.
[276] Idem, ibid, pags 8 e 9.
[277] Idem, ibid, pags 9 e 10.
[278] Idem, ibid, Idem.
[279] Idem,ibid,pag 10.
[280] Idem, ibid, pag 10
[281] Idem, ibid, pag 12.
[282] Idem, ibid, pag 14.
[283] Idem, ibid, pag 17.
[284] Idem, ibid, pag 9.
[285] José Meco, Exposição: Azulejos de Lisboa, C. M. L, 1984, pag 25.[ FALTA A NOTA Nº 23 , Idem, ibid, pag 9]
[286] Idem, ibid, pags 20 e 21.
[287] J. M. dos Santos Simões, Azulejaria nos Açores e na Madeira, F. C. Gulbenkian, Lisboa, 1963, pags 11 e 12.
[288] Idem, ibid, pag 12.
[289] O Meco, ibid, pag 24.
[290] Idem, ibid, pag 24.
[291] Idem, ibid, pag 10.
Comentários