Onda
de Santa Iria - XIX
Verão dos Milheiros. Tarde de sol. Mar grosso.
Em Santa Bárbara ninguém na água. No Monte Verde ninguém na água. Em Santa Iria,
nove pontinhos negros flutuam nas ondas. Tomei o caminho de terra do Lameiro. Daí
a cinco minutos, parei o carro na entrada da vereda.[1]
Contei seis carros e uma carrinha. Um surfista que já arrumara a prancha. Australiano.
Meio tímido. Como é que soubeste desta
onda? Internet. Como estava a onda? Superb. Para baixo fiz o caminho em 20 minutos, na volta, 30 minutos. Sou lento.’
Três viaturas adiante, chegava outro. Um alemão do sul. Louro. De olhos azuis.
Sorridente. Sociável. Como soubeste desta
onda? Disseram-me. Excelentes ondas.
De 2 metros e meio. Tem cuidado se fores lá baixo. As pedras estão
escorregadias. Escolhe a maré vazia antes do meio-dia de amanhã.[2]
No dia seguinte, comecei pelo Monte Verde. Tive sorte em encontrar lugar para
estacionar. As escolas do Xolim, do João Rodrigues e do Triki estavam em aulas.
Vou ao miradouro de Santa Iria. A custo, descobri um pontinho negro na água. Fui
lá. Troquei atalhos. Até que vi alguém. Era o Carlo, italiano de Roma que mora na
Ilha. Ondas? Fracas.[3]
Que
nomes deram (dão) ao que se vê do miradouro? Entre este, a que deram
o nome de Santa Iria (inaugurado em 1941 na Ponta que Frutuoso chamou de
Santiago) e a Ponta do Cintrão (onde se vê o Farol e não há muito tempo houve
uma vigia de baleia) fica a baía de Santa Iria (cujo nome – dado muito mais
tarde -, derivará de uma ermida que em tempos João do Outeiro quis erguer no
cimo do Piquinho: um ilhéu rente ao porto). Emoldurando a baía, as prainhas
(morada das ondas), o calhau do Ferreiro, a boca da ribeira do Salto, o calhau
do Esguicho e o (infeliz) porto de Santa Iria. E a História
Geológica daquilo por ali?[4]
‘Essa costa faz parte do limite nascente do graben da
Ribeira Grande. As lindas
prainhas são reentrâncias de erosão preenchidas por areias vulcânicas.
As bases dessas praínhas são enormes
penedos de basaltos acinzentados que aceleram as ondas, terra dentro.’[5]
Diz Vítor Hugo
Forjaz. ‘As prainhas são ‘praias mistas
de areia e calhau rolado, rodeando domos e cones strombollianos.’[6] Diz
um folheto que tem mão de Vítor Hugo Forjaz. O que disse das prainhas em quinhentos o cronista
Frutuoso? ‘de
areia, de um tiro de mosquete de comprido ao longo da água do mar, com que se
vai misturar alguma doce das fontinhas da alta rocha (…).’[7] Dá-se
o caso que essas prainhas
descritas no século XVI
pelo cronista Frutuoso, hoje (até prova em contrário) estão mais a poente do
local onde Frutuoso as colocou.[8]
E, se as contas estiverem
próximas, a praia não só estará noutro local como terá o dobro da extensão da
do século XVI: rondará os 290 metros (mais coisa menos coisa).[9] Em
suma, trata-se de um Calhau de Areia (a exemplo de outros). Às vezes com areia.
Outras, não.
Quem (primeiro) avistou e decidiu surfar aquela onda? Para
me aproximar de uma resposta, descobri
duas versões. A de um
grupo de adolescentes frequentadores do Pópulo e ligados ao Clube Naval de
Ponta Delgada, em que um deles, Francisco Cabral de Melo (Chico Moleza), apesar
de numa segunda conversa não ter dúvidas de ter sido em 1984, numa primeira, havia
vacilado entre 1983 e 1984. E outro grupo de adolescentes frequentadores e
(excepto um) residentes no Pópulo, em que um deles, Pedro Medeiros (Pedro
Violante), tem dúvidas se foi em 1986 ou em 1987. Francisco (do primeiro grupo):
‘Nasci em 1967, teria uns 14 anos quando em 81 ou o mais tardar em 82, no
Verão, comecei a surfar. Dois ou três anos depois, por isso, talvez em
1983/4 chegámos à onda.’ Insistindo noutra ocasião, indicou 1984:
‘tinha já 17 anos, portanto 1984.’
Como deram com a onda? ‘O Guy, eu e o Luís Ferreira vimos do miradouro a onda lá em baixo. Não
fomos daquela vez. Voltámos noutra ocasião. Fomos pelo caminho de terra do
Lameiro no Fiat 127 do pai do Guy
Fraião Costa (já tinha 18 anos e o pai emprestava-lhe o carro).[10]
Perguntámos o caminho a um pescador que se dirigia para o calhau. Fomos atrás
dele. Entramos na água. Apesar de a onda não estar boa, ainda surfamos.’[11] Na versão de Pedro Violante (segundo
grupo), como é que descobriram a onda? ‘Do miradouro viu-se ondas a quebrar lá em
baixo. Como é que se chega ali? Entrámos na carrinha e – se não me engano -,
tomamos o caminho de terra do
Lameiro. Devemos ter perguntado a alguém como é que se ia lá para baixo. Foi-se
perguntando.[12] Quem
então a descobriu? ‘Um grupo
grande que foi à procura de ondas na carrinha do Zé Vítor da Espelhadora.’ Quem fazia parte desse grupo? ‘Dos que me
lembro, além do Zé Vítor e de mim, lembro-me do Minhoca – o José Albergaria, o
Luís Português. Mas atenção havia lá outros. Naquele grupo ninguém tinha lá ido. Atenção pode ter havido quem lá
tivesse ido antes de nós, mas aquilo das ondas funcionava dentro de um segredo tal qual
nos descobrimentos marítimos portugueses. Quem sabia, não dizia. Nessa primeira vez, saímos da água
depressa. Pareceu-nos ver uma barbatana de cação. Foi fugir.’
Em
que pé ficamos, quanto a quem e quando foi descoberta a onda?
Para responder sem dar topadas irremediáveis na verdade, convém olhar para a
História. A partir de 1941, data em que o Miradouro de Santa Iria foi
inaugurado, qualquer visitante que ‘se pelasse por ondas’ e que olhasse para as
Prainhas poderia reclamar: ‘Ei, ali está
uma onda boa. Para a próxima trago a prancha!’ Ou que alguém (civil ou
militar, português ou anglo-americano), que espreitasse o mar pela janela do
avião que se dirigia a Santana, tivesse reparado na onda de Santa Iria. Não
esquecer que desde 1940s’ ali funcionou a base aérea (portuguesa) n.º 4 e ali
iam pilotos das forças aéreas inglesas e americanas (gente oriunda das mais
díspares partes dos Impérios coloniais Europeus, onde se surfava à grande). E
que (apesar de a base ter sido transferida para as Lajes) o aeroporto ali se
manteve até 1969. Há ainda ter em conta os que de fora da Ilha (portugueses ou
não) iam ‘procurar ondas,’ como
aconteceu com João Luís Pires dos Santos que surfou a Viola (ou a Maia?) em
81/82. E desse (pouco ou nada) se sabe. Ora, mesmo sem o ano certo/certo, certo é que
o primeiro grupo é anterior ao segundo. Como é certo que ambos testemunharam a
agonia do porto de Santa Iria.
Onda para surfistas e bodyboarders? ‘Mais para surfistas. Por ser uma onda mais
vertical. Mas depois foi descoberta uma que rebenta da direita. Que é a melhor.
A da esquerda foi a que nós descobrimos.’[13] É uma onda considerada por
alguns como do ‘Top 10 mundial.’
Outros, nem por isso. Por que foram (então)
à cata de ondas? ‘Quando a Ribeira Grande estava a
chatear, a castigar, a dar porrada com ondas grandes e Rabo de Peixe ainda não
estava a quebrar. Rabo de Peixe precisava de mar maior para quebrar.’[14]
Foi por isso. Isso que diz Pedro Medeiros (Violante), diria outro surfista (ou
bodyboarder). Como é descer e
subir a ladeira e atravessar o calhau até às prainhas? ‘Aquilo
é um esticão e pior ainda é subir com os fatos molhados e as pranchas às
costas. E perigoso. Por causa das derrocadas. E quando o mar está muito grande
é difícil regressar. E se a maré cheia estiver muito cheia, torna-se ainda mais
difícil passar a ponta. Uma vez tivemos que trepar por uma encosta. Fomos safos
por pescadores. Lá há sempre um ou outro. Ajudaram-nos com as pranchas.’[15]
Há (por isso) – uns poucos – que preferem fazer o trajecto num barco do Porto
Formoso.[16]
Deixar as viaturas no caminho, foi uma má experiência: ‘Houve uma vaga de assaltos. Vandalismo. Era malta da droga. Chegámos a
deixar o carro mais junto da Freguesia. Um ia lá, deixando o resto à entrada da
vereda. Era cá uma estopada!’[17]
História (possível) da zona da ribeira do
Salto (o caminho da onda).[18] Além de dar o nome à ribeira também dá (ou
dava?) o nome a uma área mais vasta. Que era (pelo menos no tempo de Frutuoso)
tratada de forma (algo) distinta da Ribeirinha. Ficava pelo caminho que do
centro da Ribeira Grande se dirigia à Ladeira da Velha, Porto Formoso e ao
Nordeste. Onde começava e terminava?
Da primitiva ermida do Salvador (mandada construir por António Rodrigues da
Câmara no primeiro quartel do século XVI) à Grota do Sombreiro? Ou abrangia
ainda a Ladeira da Velha?[19]
Há provas de que (pelo menos) até ao último quartel do século XVI, a área não só
era habitada como era um importante centro abastecedor de matérias-primas e bom
produtor agro-pecuário.[20]
Em 1508, Fernão d’Alvres (casado) morava ali. E cultivava trigo. Diz-nos
Frutuoso. Em 1525, a Câmara da Ribeira Grande contratou Fernão Álvares o Grande (para o distinguir do mestre da ponte do
Paraíso no centro da então Vila) para construir o caminho de acesso ao porto de Santa Iria.[21] É provável que esse Fernão fosse o
que morava na Ribeira do Salto.[22]
Fernão, para rasgar o caminho (de modo a facilitar a tarefa de arrastar terras,
juntou as águas das ribeiras do Salto e da Ribeirinha). Na epidemia de peste de1526/27,
quando a população do centro da Ribeira Grande foi evacuada, parte dela foi
morar para a Ribeira do Salto onde construiu um moinho (de água) de cereais.[23]
Gonçalo Fernandes e Pedro Gonçalves, também moradores da Ribeira do Salto,
criavam galinhas. Fernando Eanes, outro morador, criava gado vacum. Junto à
Grota do Sombreiro, na Fajã do Bulhão, ‘dava
muito trigo e algum pastel.’[24] Numa
pedreira que houve junto ao salto (queda) da ribeira do Salto extraía-se ‘boa pedra de cantaria, quase branca [traquite], que serve para edifícios.’[25] Na
foz, ‘no cabo desta ribeira (como diz
Frutuoso), ao longo do mar, está um topo
de terra alto, onde está uma tufeira.’ Tufo (considerado o melhor da ilha)
era usado não só para chaminés mas para outras obras. Onde morariam os mestres (e operários) da pedra e do tufo? Onde guardariam
ferramentas e materiais? É provável que (por comodidade e segurança,
alguns, pelo menos) morassem perto do local de trabalho. Que, vendo por hoje,
distaria ainda uns dois mil metros da ermida do Salvador (no início da
Ribeirinha de então). Há (ou houve) vestígios que permitem admitir essa
possibilidade. Na década de trinta, segundo um testemunho, ainda se viam ruínas
de fornos espalhados pela ladeira da ribeira do Salto abaixo (como julgo ter
percebido).[26]
Restos de construções ligadas às actividades extractivas? Ou também restos de
fornos domésticos? Havia bastante espaço para hortas. Peixe e marisco nos
calhaus. Água ali mesmo. Por
que razão (em ocasião que desconheço) se deixou de extrair pedra e tufo dali? Esgotamento
da tufeira e da pedreira? Já não se usava o tufo para caldear com a cal?
Preferira-se o basalto à traquite? Por que abandonaram as (hipotéticas) casas? Havendo
cessado a exploração, não se justificaria morar fora do centro da Ribeirinha e
da ermida (velha, a nova uns trezentos metros abaixo foi iniciada em 1826 e
concluída em 1861)? Hoje, havendo-se perdido a memória do que foi aquilo por
ali, só uma intervenção arqueológica poderá (eventualmente) resgatar (ou negar)
algum daquele passado. Aí por meados do
século XIX, dominando já a área os senhores do Lameiro, José Jácome Correia
fez ali uma (excepcional) granja experimental. Foram introduzidas novas raças
de gado vacum, de espécies arbóreas, de chá. Até à primeira metade do século
XX, as ladeiras que descem à ribeira do Salto (onde outrora se situaram as
tufeiras e as pedreiras de traquite e por onde hoje vão os surfistas) produziam
‘agricultura de subsistência: fava,
feijão, batata, batata-doce. Eram pedaços de terra muito fértil mas devido ao
seu declive difíceis de trabalhar: ‘eram cavadas a sacho ou lavradas a
arada.’[27]
As fajãs sobranceiras as prainhas davam chicória, batata-doce. Passaram, quase
sem excepção, umas e outras, a pastagem.[28]
Alguma
vida à volta da Baía de Santa Iria? A gritante ruína (actual) do porto
de Santa Iria (no entanto) não há muito foi (para muitos) o melhor porto da
costa Norte da ilha.[29]
Seguramente desde meados do século XX, as suas águas foram procuradas por
banhistas. Em provas de destreza física, os mais corajosos, atiram-se à água do
Piquinho (o ilhéu encostado ao porto) ou nadam até às baixas a meio da baía ou
chegam às prainhas.[30]
Há quem regresse a nado. Outros, preferem vir pelo calhau. Uns poucos, ainda, sobem
a ladeira da ribeira do Salto. Não longe da foz, onde vários piqueniques ainda se
fazem, ficam as Poças (uma excelente piscina natural quase desconhecida). Que fazer para melhorar aquilo por ali? Construir
um caminho que chegue à foz da ribeira do Salto com estruturas de apoio aos
surfistas e banhistas lá em baixo (como por exemplo, acontece no Lombo Gordo em
Nordeste)? Foi o que se pretendeu num projecto anterior a 2005 e que
(felizmente para alguns) ficou na gaveta. Fazer um trilho, como se chegou a
tentar? Em outro, depois de 2005, ‘fez-se um trilho até que a dona do
Lameiro veio queixar-se. E parou
tudo.’[31]Deixar
mais ou menos tudo como está, como parece preferir uma parte dos surfistas? Luís
Melo (veterano das ondas) responde de pronto: ‘Era bom que
se fizesse um trilho.’[32]
Seja como for, há que ter (sempre) cuidado. João Rodrigues sugere ‘degraus no estilo dos da Lagoa do Fogo e a sinalização
dos perigos que o surfista vai encontrar.’ Teme que (e falará por outros)
que ‘se algo de trágico vier a suceder é
muito capaz de prejudicar os profissionais do surf.’ Xolim
lança o alerta: ‘agora
com as chuvadas ainda é pior. Já houve quem partisse pernas. E quem tivesse de
ser resgatado.’[33]
João Rodrigues sugere outra opção: ‘fazer
o percurso de barco. O Paulo do Porto Formoso tem feito estes percursos.’ Sem
dispensar um painel explicativo no miradouro de Santa Iria, o local certo, a
meu ver, para ‘interpretar’ a vida e
a história (geológica e humana) da baía (e monitorizar a qualidade da água), seria
no porto de Santa Iria. Porto, cuja recuperação e revalorização não poderá
(seja por que razão ou pretexto for) ser (ainda) mais adiada. Seguindo o bom
exemplo da Praia de Santa Bárbara, há que criar ali um espaço âncora, não só para
os banhistas que a frequentarem no período estival, mas para assegurar uma frequência
(de não banhistas) ao longo do ano.[34]
De outro modo, será entregar o ‘toucinho
a Maio.’ Como dizia a minha avó Deodata.
Prainhas, Ribeira do Salto
(Ribeirinha – Cidade da Ribeira Grande)
[1] Que por ser
usada desde o início do povoamento por calhauzeiros, pescadores, tufeiros e
pedreiros, será servidão pública ou algo que o valha. Conversas com Luís
Furtado e José Amaral (17 de Novembro de 2024).
[2]
Mário Moura, 7 de Novembro de
2024: Para baixo levei 15 minutos para
cima uns vinte.
[3] Mário Moura, 8 de Novembro de 2024
[4] Mário Moura ao Professor Victor Hugo Forjaz, 8
de Novembro de 2024: Mais uma vez peço a sua perícia científica. Estou a tentar
perceber a baía de Santa Iria - sobretudo as prainhas (Nirvana de surfistas).
As arribas parecem-me semelhantes às da descida e cercanias do porto de Santa
Iria. Estarei certo? Abraço
[5] Victor Hugo Forjaz, 10 de Novembro de 2024.
[6]A diversidade na
Orla Costeira. Praia de Santana – Baía de Santa Iria – Ribeira Grande, Açores,
Património antrópico e geológico (principais), 2015.
[7] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro IV: ‘Logo
está uma pequena ponta, chamada de Santiago, e a grota do Sombreiro (…) pegado
com esta grota, está a fajã do Bulhão (…) e vai continuando uma baía com a fajã
de Mateus Vaz, em que estão as fresquíssimas, claras e doces fontes do calhau
do Ferreiro, em que se fazem ricas pescarias. Adiante, sai ao mar uma ponta de
terra, sobre a qual tinha um homem, chamado o Picão, sua eira, pelo que se
chama a eira do Picão, que também foi do Bulhão, e ao longo da água está um
ilhéu e bom pesqueiro, em que pescam de cana. Logo se seguem as prainhas (…).’
Pelo que, hoje, as prainhas estarão no local onde no século XVI esteve o calhau
do Ferreiro, que hoje se encontra na posição das prainhas do século XVI. A
julgar pela leitura comparativa que faço de Frutuoso e das plantas actuais.
[8] Victor Hugo Forjaz, 10 de Novembro de 2024. E a ciência explica-o pela boca de Victor Hugo
Forjaz: ‘A
senhora geologia tem alçapões e a baixa citada é um deles — deveriam
existir mais três ou quatro alinhadas, mas não há ou foram muito bem
lavradas pelas maresias. O mar tem uma potência bestial. Estudamos isso na
geomorfologia.’
[9][9] Medido no SIG –
Ribeira Grande
[10] Segundo o Bruno Brum Bruninho o Gui terá 60 ou 61, pois é mais novo uns dois anos do que ele que faz em breve 63.
[11] Testemunho de Francisco Cabral de Melo
(Chico Moleza), 9 de Novembro de 2024: ‘Claro
que mais tarde (sabendo já o caminho) regressamos. Não conheço ninguém antes de
nós.’ Então o grupo do Vítor foi depois? Sim, o Vítor foi
depois do Pedro Violante. Vocês mantinham segredo da onda? Sim.’[11]
[12] Testemunho de Pedro Medeiros Violante, 7 de Novembro de 2024.
[13] Testemunho de Pedro Medeiros Violante, 7 de Novembro de 2024.
Alguém
pôs entraves à ida pela vereda? Ninguém. E era seguro deixar os vossos veículos
na estrada? No meu tempo era. Já mais para 2000 (atenção interrompi o surf e
retomei em 2000) as coisas mudaram. Malta da Ribeirinha toxicodependente
assaltava. Cartela com os surf spots da Ilha,
destacando os do Concelho da Ribeira Grande (Santa Bárbara, Monte Verde, Santa
Iria, Baixa da Maia, Baixa da Viola) Ribeira Grande - Capital do Surf: O que dizem as informações disponíveis? ‘A praia pequena da bela baía de Santa Iria é
de difícil acesso. Devido à sua morfologia, fica protegida de grandes
ondulações dos quadrantes oeste e sudoeste. Apresenta um pointbreak de longas
esquerdas e direitas, oferecendo assim ondas para todos os tipos de surfistas. Vento: Sul, sudoeste e oeste. Direcção sweel: Noroeste, oeste. Tipo de onda: pointbreak de esquerda e
direita. Fundo: rocha. Experiência: alguma. Maré: todas as marés.’ Cartela
editada pela Câmara Municipal da Ribeira Grande: Baixa da Maia. Em 2018 ou já
em 2019, numa altura depois do registo da Marca Ribeira Grande – Capital do
Surf, numa cartela (iniciativa da Câmara) contendo cinco mapas descritivos de
Surf Spots da Ilha, com especial destaque para os do Concelho. Nota de 13 de
Dezembro de 2024, testemunho de Marco Medeiros: ‘Depois da Capital do Surf, no tempo da Nélia Branco, o Sérgio Aparício
e eu seleccionámos e descrevemos aquelas cinco. Deixamos de propósito a das
Calhetas – manter um secret spot.’
[14] Testemunho de Pedro Medeiros (Violante), 11 de Novembro
de 2024:
[15] Testemunho de
Pedro Medeiros (Violante), 7 de Novembro de 2024.
[16] Testemunho de Paulo Jorge ‘Tabaco’, 17 de Novembro de
2024: ‘Levo 150 euros por 5/6 pessoas. As escolas ligam-me. Ou estrangeiros.
Fico è espera. Pesco por ali. Acontece umas quatro ou cinco vezes por ano. Mais
em Setembro. O Bom Barqueiro também faz.’
[17] Testemunho de Pedro Medeiros (Violante), 11 de Novembro
de 2024: ‘Meu irmão, eu e o Henrique Areias (que morava em Ponta Delgada mas vinha ter
connosco ao Pópulo), numas férias, meu irmão – mais velho três anos do que eu
-, e o Henrique estavam na água e viram um casal – ele de cabelo liso ruivo -,
ele a surfar e bem. Não havia ondas e subimos mais eles a canada Duarte Borges
apanhar boleia para a Ribeira Grande. No Monte Verde não havia ondas e fomos a
Santa Bárbara. Vi-os surfar. O meu irmão e o Areias estavam a dar os primeiros
passos e seguiram o João Luís que sabia e bem. Isso terá sido em 81/82 (só
meti-me a aprender um ano ou dois depois). Durante o período em que estivemos
juntos, lembro-me de o João Luís ter dito que surfara uma onda na Maia. Muito
certamente a da Viola.’Para colocar no Blogue e no Recantos: Em que pé ficamos, quanto a quem e quando
foi descoberta a onda? Para responder sem dar topadas irremediáveis na
verdade, convém olhar para a História. A partir de 1941, data em que o
Miradouro de Santa Iria foi inaugurado, qualquer visitante que ‘se pelasse por
ondas’ e que olhasse para as Prainhas poderia reclamar: ‘Ei, ali está uma onda boa. Para a próxima trago a prancha!’ Ou que
alguém (civil ou militar, português ou anglo-americano), que espreitasse o mar
pela janela do avião que se dirigia a Santana, tivesse reparado na onda de
Santa Iria. Não esquecer que desde 1940s’ ali funcionou a base aérea
(portuguesa) n.º 4 e ali iam pilotos das forças aéreas inglesas e americanas
(gente oriunda das mais díspares partes dos Impérios coloniais Europeus, onde
se surfava à grande). E que (apesar de a base ter sido transferida para as
Lajes) o aeroporto ali se manteve até 1969. Há ainda ter em conta os que de
fora da Ilha (portugueses ou não) iam ‘procurar
ondas,’ como aconteceu com João Luís Pires dos Santos que surfou a Viola
(ou a Maia?) em 81/82. E desse (pouco ou nada) se sabe.
[18] Na cintura no
interior da Ribeira Grande, em 1789, no Salvador existem 37 fogos; nas Gramas,
29, nas Caldeiras, 7 e na Longaia, 6.
[19] Já em 1789, não vem mencionada no mais
antigo Rol Quaresmal da Matriz sobrevivente. Talvez em seu lugar, digo-o por
ficar mais perto, figura o Salvador.
[20] A documentação da vereação assim a tratava bem como Frutuoso
(ainda que nem sempre) na sua crónica. Até mais tarde, talvez até ao século
XIX, a área da ribeira do Salto era identificada como uma área (algo) distinta
da Ribeirinha (a exemplo como ainda sucede com as Gramas).
[21] Frutuoso,
Gaspar, Saudades da Terra, Livro Quarto, IV Volume, Ponta Delgada, 1998, p. 186
[22] Apesar de Frutuoso não o dizer,
tratar-se-á do próprio ou de um familiar de Fernão Álvares o Grande. Tudo o
parece indicar.
[23] Apesar de o
cronista não aludir a moinhos na ribeirinha ou na do Salto na crise de 1563/64,
seria imprudente excluir essa hipótese. Um desenrasque apenas. Em 1525, as
águas da ribeirinha e da ribeira do Salto haviam ajudado a rasgar o caminho
para o porto da Vila da Ribeira Grande: porto de Santa Iria.
[24] Na Fajã de
Martim Vaz, havia (e ainda persistem algumas) ‘fresquíssimas, claras e doces fontes do Calhau do Ferreiro [hoje
local das prainhas? Frutuoso parece situá-las mais à frente, ‘tufeira da ribeira do Salto’] em que fazem ricas pescarias.’
[25] São exemplos
disso, a antiga e actual igreja de Nossa Senhora da Estrela, a do Espírito
Santo, de Santo André, a primitiva ponte do Paraíso, entre outros exemplos.
[26] Testemunho de
Laureano Almeida, 87 anos, 11 de Novembro de 2024.
[27] Testemunho de
José Afonso, 82 anos, 11 de Novembro de 2024.
[28]Diz-se que (não confirmei) o Lameiro ira plantar
criptoméria.
[29] Ali houve movimento de cabotagem e de longas distâncias de
gentes e de mercadorias: laranja, por exemplo. Pescou-se à baleia. Pescava-se o
peixe que abastecia a Ribeira Grande. Houve projectos para no século XIX o
tornar a alternativa a norte do porto de Ponta Delgada a Sul. Pelos calhaus ‘do
Esguicho’ e do Ferreiro abundam moluscos de toda a espécie. Pescam-se maravilha
de vejas, moreias, sargos. Os calhauzeiros e pescadores de caniço usam o
caminho da ladeira da ribeira do Salto.
[30] Casos de José
Morgado Pixela – para os saltos; e para a família Gomes/Figueiredo para as
aventuras de natação.
[31] Testemunho de Cláudio
Terceira, 15 de Abril de 2024.
[32][32] Testemunho de Luís Melo, 14 de Abril de 2024
[33] Em 2013 (à volta desse) disse o Marco Medeiros, fez-se uma simulação de derrocada, conclusão: nesse caso, os surfistas ficam encurralados.
[34] Facultando-se (pequenos) espaços para café/bar, em que se
acopla um espaço de interpretação da vida daquela magnífica baía, espaços para
alugar a empresas ligadas ao mar: ligação (através de barco ou de outra via) à
onda das prainhas; pesca à superfície e submarina. E, não se julgue que
envolveria fortunas, há soluções simples e muito em conta: uma pequena marina
(que ligaria a ilha inteira)?
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