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Cidade Ribeira Grande 1852 - VIII

 

Por onde haveria de começar Loureiro? – VIII

Pela eleição de dois novos deputados Distritais. Era vital. Tratou do assunto logo a 17 de Março, no próprio dia em que tomou posse.[1] Pede-o na Câmara dos Senhores Deputados. [2] A Câmara acede. A 20 de Março, o governo de Rodrigo da Fonseca Magalhães, obtém o Decreto assinado pela Rainha.[3] Seria a primeira vitória de Loureiro. E ter-lhe-á encorajado a prosseguir na sua missão. Na ilha, para elaborar o relatório e acudir aos estragos do Terramoto de 16 de Abril, só a 11 de Maio, o Governador Civil haveria de marcar a ‘eleição dos dois Deputados,’ para o ‘dia 30 do corrente mês de Maio.’ Por qualquer motivo que desconheço, a eleição seria ainda adiada para o dia 9 de Junho.[4] Saíram então eleitos João Soares de Albergaria (n. 30-06-1817 Vila do Porto f. -1902) e Pedro Jácome Correia (n. 1817 PDL - f. 1896 – PDL.[5] João Soares (talvez por temer o eminente fecho da Câmara) não seguiu para Lisboa, Pedro Jácome seguiu e ‘prestou juramento a 3 de Julho de 1852.’[6]  Quando na Câmara dos Deputados já se discutia os termos da sua suspensão.[7] E, de facto, encerraria a 26 de Julho.[8] Loureiro a 22 de Agosto já estava de volta na Ilha.[9] Só voltaria àquela Câmara em 1865.

Ainda naquela sessão de 17 de Março, Loureiro iniciaria ‘com garra’ a defesa do Tribunal de Relação dos Açores sediado em Ponta Delgada. Do primeiro ao último dia da sua curta estadia na Câmara dos Deputados, seria esse o assunto que mais prenderia a sua atenção e esforço. Em sua defesa, recorreria a todos as figuras instrumentais de que dispunha na Câmara dos Deputados: fez constantes interpelações, apresentou diversas representações, fez pedidos de segundas leituras. E, no entanto, no Diário das sessões da Câmara dos Deputados, omitindo-se quem havia feito a entrega,’ apenas se diz representação da Camara Municipal de Ponta Delgada, da ilha de S. Miguel, reclamando contra o Projecto que tem havido em diversos tempos, de extinguir o Tribunal da Relação dos Açores.’ Dando-se aí ainda conta do envio ‘à comissão da Reforma Judiciaria.’[10] Sendo provável que a reunião da Câmara de Ponta Delgada que votou o assunto tenha terminado antes do navio de Loureiro partir, a ‘Representação’ (contendo matéria urgente) poderá ter-lhe sido entregue em mão.[11] Justiça feita em O Diário do Governo, que sobre a mesma matéria, já diz que o ‘Sr. Silva Loureiro’ mandou ‘para a Mesa (…).’[12] Processo (tanto quanto sei) ‘posto de novo em andamento’ na sessão de 21 de Fevereiro da Câmara Municipal de Ponta Delgada.[13] Pelo Presidente da Câmara (e deputado eleito desistente) Nicolau António Borges de Bettencourt (e colegas vereadores). Nessa mesma sessão decidem pedir apoio às outras Câmaras do Distrito.[14] Quanto à sua adesão? Consegui confirmar, em São Miguel, além do apoio da Ribeira Grande, os de Água de Pau e da Lagoa.[15] E o de Vila do Porto, em Santa Maria.[16] Porque terão (aparentemente, pois careceria de uma busca mais fina e profunda) ficado de fora metade das Câmaras de S. Miguel? A metade oriental da Ilha. Por que razão (aparentemente ainda) terá Vila Franca ficado de fora? Já ficara de fora do Colégio eleitoral.[17] E o Nordeste e a Povoação? Para estes seria (talvez) assunto que tanto fazia à 10.ª Ilha? E as Capelas? Já viveria a convulsão dos últimos anos de Concelho? A confirmarem-se as hipóteses que levanto, levar-me-ia a pensar que o eixo Ponta Delgada-Ribeira Grande continuava activo? É possível.

Saltando alguns dias, na sessão de 26 de Março Loureiro apresentou um projecto de lei que propunha criar a Comarca de Vila do Porto da Ilha de Santa Maria.[18] Porquê? Loureiro explica-o. Era ‘uma das primeiras necessidades daqueles Povos e, de certo, a administração de Justiça.’ E acrescenta: ‘As causas que excedem a alçada dos Juízes ordinários, e que dependem da ida do Juiz de Direito à Ilha, o qual tem de fazer a inquirição das testemunhas, não se podem decidir com brevidade.’ A situação exigia-o: ‘Além disto há uns poucos de anos que naquela Ilha não há administração de Justiça, e sem ela a desgraça è manifesta.’ Vai daí e conclui: ‘Parece-me por tanto que o Projecto não pode deixar de ser considerado como urgente, para os devidos efeitos.’ A Câmara decidiu que ficaria ‘para segunda leitura.’ Assunto que tem eco nos Diários do Governo de 27[19] e de 29 de Março.[20] Só a 29 de Abril, o jornal A Ilha, do conservador (Cartista), Manuel José de Morais, dava a notícia.[21] A Comarca seria criada em 1855, já Loureiro não era deputado.

E foi tudo o que Loureiro apresentou nas duas primeiras semanas como único Deputado do Distrito de Ponta Delgada na Câmara de Deputados. Vou agora tentar ‘esmiuçar’ (um nada mais) estas primeiras iniciativas de Loureiro. A convocação urgente de eleições explicar-se-á pela própria urgência do caso. Nada mais haverá a acrescentar. É (bastante) provável que no dia em que se soube da desistência de José do Canto e de Nicolau António Borges, o Governador Civil (que tinha competência para o fazer) e a Comissão Eleitoral (que o recomendaria) tenha dado essa tarefa a Loureiro. No caso do Governador, é provável que tenha usado (sobretudo) ‘os canais oficiais.’ A segunda tarefa, contudo, afigurar-se-ia bem mais complicada. Loureiro não a iria resolver. Tratava-se da defesa do Tribunal da Relação dos Açores. Os Juízes, regra geral, tudo faziam para evitar a sua colocação em Ponta Delgada. E quando para lá iam parar, recorriam a todo o pretexto e mais subterfúgios para de lá sair quanto antes. Para eles, era mais um exílio do que uma promoção. Angra espreitaria (sempre) a oportunidade de o transferir para a Terceira.[22] Opondo-se à saída do Tribunal, estariam as (mais importantes) autoridades Distritais, os funcionários do Tribunal, os advogados e os que na Ilha precisavam daquele Tribunal. Loureiro, como advogado, beneficiaria. A permanência do Tribunal, sem dúvida, assegurar-lhe-ia uma carteira de clientes das nove Ilhas dos Açores. Para contrariar a saída do Tribunal, alguém (ou um grupo de) entre os lesados terá ‘ido bater’ à porta do centro do poder: o Governador Civil. Que terá achado disso o Governador? Que sim, mas que evitaria expor-se, optando, antes, por agir na sombra? Pensou consigo próprio. Tanto mais que devia lealdade política ao governo que o nomeara. Sendo assim ou de outra forma que desconheço, o que parece é que Félix não saiu nada beliscado do assunto. [23] Permaneceria mais dezasseis anos à frente do Distrito. Mais, e sendo demitido do de Ponta Delgada pelo faialense António José de Ávila, logo no ano a seguir, foi para o de Angra, onde faleceria no cargo. Apesar de ser a pessoa mais poderosa do Distrito, ao mesmo tempo que usava punhos de ferro calçava luvas de lã, como foi o caso da suspensão da Câmara de Ponta Delgada.[24] Até prova em contrário, tendo a ‘admitir’ que depois do capitão-do-donatário (até à criação das Vilas), nunca alguém reunira poder (de iure e de facto) igual ao dos governadores civis do tempo do liberalismo: mandavam nas Câmaras, nos jornais, em tudo. Nunca, também desde aí, uma Vila ou Cidade (antes Vila Franca, então, Ponta Delgada) tivera tanto poder sobre a Ilha como então. Apesar de (para o público) não ‘encabeçar’ a luta contra a saída do Tribunal, mexeria ‘os cordelinhos.’ Já com a Câmara de Deputados encerrada, a 29 de Julho, António Teixeira de Macedo (personagem de grande poder), o secretário-geral do Governo Civil, em nome do Governador, que estaria ocupado, doente, de férias ou simplesmente desejaria resguardar-se, pedia ao Presidente da Relação dos Açores elementos para o bom sucesso da pretensão.[25] E o Conselho de Distrito?[26] Estava dependente do Governador Civil. E os Procuradores à Junta Geral? Esses (alguns deles, eventualmente) poderiam ter feito algo nesse sentido, no entanto, à altura, não reuniam. O Governador (por qualquer motivo) acharia ‘inoportuna’ a sua convocação? Restava (então) apenas a Câmara Municipal interessada: a de Ponta Delgada. Mais do que a ilha, a Cidade de Ponta Delgada não poderia ‘abrir mãos’ daquele Tribunal, não só por ele, mas por toda a (em linguagem ‘marxista’) ‘mais-valia’ que gerava á sua volta. Em 1852, haviam somado 770, ‘as causas pendentes e as distribuídas.’ Número (porventura) excelente para a época. Quem era então o Presidente da Câmara de Ponta Delgada? Nicolau António Borges de Bettencourt (n. 9-071801 - S. Pedro PDL – f. 16-11-1875 Matriz PDL). Fora um dos dois Deputados (eleito com Loureiro) que desistira de ir para Lisboa.[27] A questão era tão importante para a ‘a economia e o orgulho’ da cidade de Ponta Delgada que, não obstante Nicolau ter sido substituído a 18 de Março por João Leite, este último não hesitaria em prosseguir a luta.[28] Assim se percebe que, dois dias depois de ter tomado posse, não só acusasse a recepção da ‘Representação que esta Câmara [Ribeira Grande] fez às Cortes contra o projecto da extinção do Tribunal da Relação dos Açores,’ mas também ‘participando que na primeira oportuna ocasião a enviará ao Deputado Loureiro, para que a apresente às Cortes da Nação.[29] João Leite Pacheco de Bettencourt (n. 19-11-1825 - S. José de Ponta Delgada – f. – 15-12-1874),[30] havia sido nomeado pelo Governador Civil. Reaberta a Câmara dos Deputados a 20 de Maio, Loureiro retoma o combate pelo Tribunal. Que iria manter-se até quase ao dia do encerramento daquela Câmara dos Deputados. [31] A 19 de Junho, na primeira página, O Correio Micaelense informava os seus leitores do ponto da situação sobre o Tribunal.[32] Com altos e baixos, aquele Tribunal só viria a ser extinto em 1910.

E quanto à proposta de criação da Comarca de Vila do Porto da Ilha de Santa Maria? Se o argumento que decidiu o apoio de (algumas) Câmaras da Ilha de S. Miguel (e no caso da de Santa Maria) à campanha para manter o Tribunal da Relação em Ponta Delgada fora o de se evitar delongas, despesas e distâncias, fazia todo o sentido alegar motivos semelhantes para propor a criação de uma nova Comarca na ilha vizinha que fazia parte do Distrito. E como terá surgido a ideia de propor a criação da Comarca de Vila do Porto da Ilha de Santa Maria? Seria a contrapartida ao apoio de Santa Maria ao Tribunal da Relação em Ponta Delgada? É (bem) possível. Vamos regressar ao Colégio Eleitoral de 1852? Sigam-me: ‘Vieram com efeito os eleitores de Santa Maria.’ Quem eram? ‘Guerra, Freitas e Luís Duarte, que no colégio eleitoral representaram aquele concelho, bem como o sr. Albergaria que já se achava em S. Miguel.’[33] António Bonifácio Júlio Guerra (n. 1803- Setúbal – f. 25-09-1858 - ?) e Albergaria iriam ser dois dos três eleitos à Câmara dos Deputados em 1853. O terceiro seria Carlos Maia. A Comarca de Vila do Porto de Santa Maria viria a ser legalmente criada no tempo destes deputados pelo Decreto de 24 de Outubro de 1855.[34] E extinta em 2014. Guerra, natural da Vila de Setúbal, era um militar liberal várias vezes condecorado. Havendo combatido em 1823 contra os absolutistas, em 1829, teve foi forçado a exilar-se. Vindo depois juntar-se aos liberais nos Açores. Daqui partiu para o continente integrado na (inadequadamente) chamada expedição do Mindelo.[35] Se em Abril de 1851 estava em Setúbal no Batalhão n.º 2, a 10 de Dezembro de 1851 assinava em Vila do Porto o último dos quatro trabalhos sobre a Ilha de Santa Maria que a Revista dos Açores lhe publicou.[36] Publicação da Sociedade dos Amigos das Artes e das Letras de que José de Torres era o responsável. Loureiro pertencia a esta sociedade.[37] Loureiro e o Distrito não enjeitariam os bons ofícios de Guerra na Câmara dos Deputados. Abriria portas. E dissiparia ‘áreas sombrias’ do seu passado. No próximo trabalho, vou seguir os ecos na ilha e em Lisboa do terramoto de 16 de Abril em S. Miguel. As prioridades de Loureiro?

Lugar das Areias – Rabo de Peixe



[1] Actas da Câmara dos Deputados, sessão de 17 de Março de 1852, p.207.

[2] Actas da Câmara dos Deputados, sessão de 18 de Março de 1852, p.236: ‘Pedi ontem [17 de Março] para apresentar o seguinte requerimento;’ Diário do Governo, Março, N.º 67 [19 de Março], p. 6.

[3] A Ilha, Ponta Delgada, 29 de Abril de 1852, pp. 2-3: ‘Sendo necessário proceder-se com urgência à eleição de dois deputados pelo círculo eleitoral de Ponta Delgada, a fim de se preencheram as vacaturas, verificadas na câmara dos Senhores deputados da nação portuguesa em resultado da renúncia dos deputados eleitos por aquele círculo José do Canto e Nicolau Borges Bettencourt: hei por bem (…) 20 de Março de mil oitocentos e cinquenta e dois – Rainha -  – Rainha – Rodrigo da Fonseca Magalhães.’

[4] BPARPD, Registo de Ofícios do Governo Civil de Ponta Delgada, Livro 18, 1849-1854, Carta do Governador Félix Borges de Medeiros aos eleitores da Província, 11 de Maio de 1852, fl. 123; BPARPD, Registo de Ofícios, Governo Civil Ponta Delgada, n.º 18, fl. 124.

[5] A Ilha, Ponta Delgada, N.º 12, 11 de Junho de 1852, fl. 3.

[6] Pedro Jácome Correia, in Dicionário Biográfico Parlamentar – 1834-1910, Volume I (A-C), (coordenação Maria Filomena Mónica), p. 831.

[7] Correio Micaelense, Ponta Delgada, 31 de Julho de 1852, p. 4: ‘Até à sessão do dia 16 de Julho continuava na Câmara dos Senhores Deputados a discussão do projecto sobre os actos da ditadura, e sobre o que se tem apresentado sobre a questão de fazenda.’

[8] Correio Micaelense, Ponta Delgada, N.º 306, 7 de Agosto de 1852, fl. 1.

[9] Correio Micaelense, Ponta Delgada, N.º 309, 28 de Agosto de 1852, fl. 4.

[10] Actas das sessões da Câmara dos Deputados, 19 de Março de 1852, p. 328.

[11] Auto de posse da Comissão Municipal, Actas das sessões da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Dezembro de 1851 a Agosto de 1853, 18 de Março de 1852, fls. 64 v: teve início às onze da manhã. Seria costume realizar as sessões por aquela hora. O barco de Loureiro saiu às 4 da tarde.

[12] Diário do Governo, Março, N.º 67 [19 de Março], p. 6.

[13] Diário das Sessões do Parlamento, 26 de Maio de 1852: a da Câmara Municipal da cidade de Ponta Delgada, apresentada no mês de Março do corrente ano [1852]; a da mesma Camará, apresentada na Sessão de 20 de Janeiro de 1845

[14] Vereação de 21 de Fevereiro de 1852, Vereação de 4 de Fevereiro de 1852, Actas das sessões da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Dezembro de 1851 a Agosto de 1853, fls. 46 v. -47 v.

[15] Actas da Câmara dos Deputados, 26 de Junho de1852, p. 30: ‘as das Câmaras Municipais de Vila da Lagoa, e da Vila de Água de Pau, apresentadas na Sessão do 21 de Fevereiro do mesmo ano [1845].’

[16] Actas da Câmara dos Deputados, 1 de Junho de1852, p. 9: ‘uma representação da Camará da Ilha de Santa Maria, pedindo a conservação do Tribunal de Segunda Instancia nos Açores.’ Não pesquisei nos Arquivos das restantes Câmaras Municipais da Ilha.

[17] Vi hoje (16 Novembro), em Vila Franca, o Livro de Actas de 1849-1854: nada encontrei, Revista Micaelense, 19 de Fevereiro de 1852, p. 1: ‘Não estiveram representados os Concelhos de Vila Franca do Campo e Água de Pau, por não terem aparecido votantes nas respectivas assembleias primárias.’

[18] Actas da Câmara dos Deputados, sessão de 26 de Março de 1852, p.316.

[19] Diário do Governo, Março, N.º 74 [27 de Março], p. 2.

[20] Diário do Governo, Março, N.º 75 [29de Março], p. 3

[21] A Ilha, n.º 1, 29 de Abril de 1852, p.3: O Sr. Loureiro apresentou um projecto para a criação de uma nova comarca na ilha de Santa Maria.’

[22] Silva, Susana Serpa, Problemas da justiça insular no tempo do Liberalismo: o Tribunal da Relação dos Açores, in Actas do Colóquio O Liberalismo nos Açores: do Vintismo À Regeneração. O Tempo de Teotónio de Ornelas Bruges (1807-1870), IAC, Angra do Heroísmo, 2008, pp. 439-441.

[23] Dediquei o sábado (dia 12 de Novembro de 2022) a pesquisei 10 livros do Arquivo do Governo Civil (de correspondência expedida e recebida) que me parecerem capazes de dar alguma informação. Nada encontrei relativo ao assunto.

[24] A Ilha, n.º 2, 1 de Abril de 1852: Nota do Governador Civil, Félix Borges de Medeiros, 12 de Fevereiro de 1852, p. 3: direi à Câmara, que deve usar com cuidado no emprego de suas expressões para com a Autoridade que na Jerarquia Administrativa lhe é superior (…).’

[25] BPARPD, Registo de Ofícios dirigidos às autoridades Judiciais, Governo Civil Ponta Delgada, Julho 29 de 1852. De S. S. serv. De Governado Civil A. P. de Macedo n.º 137, fl. 15 v: ‘(…) uma ‘relação demonstrativa do número de processos que a esse Tribunal subiu desta Ilha (S. Miguel nestes três anos), declarando-me igualmente, qual o número de processos vindos de todas as outras Ilhas dos Açores nos indicados três anos.’

[26] BPARPD, JGPDL, [Governo Civil] Livro de Actas das sessões do Conselho de Distrito, Liv. 59, 1850-1855. Vi e revi ontem, dia 10 e hoje dia 11 de Novembro, e nada encontrei a esse respeito. Deduzo que tenha sido assim?

[27] Rodrigo Rodrigues, Genealogias das Ilhas de S. Miguel e Santa Maria

[28] Auto de posse da Comissão Municipal, Actas das sessões da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Dezembro de 1851 a Agosto de 1853, 18 de Março de 1852, fls. 64 v. – 65.

[29]AMRG, Sessão de 31 de Março de 1852, Livro N.º 30 (1852-1853), fl. 31 (?):‘Mais apresentou e leu um ofício do Presidente da Comissão Municipal da cidade de Ponta Delgada de vinte e seis do corrente acusando ter recebido a Representação que esta Câmara fez às Cortes contra o projecto da extinção do Tribunal da Relação dos Açores participando que na primeira oportuna ocasião a enviará ao Deputado Loureiro, para que a apresente às Cortes da Nação que esta Câmara ficou inteligenciada mandando arquivar o citado ofício.

[30] Rodrigo Rodrigues, Genealogias de S. Miguel e de Santa Maria

[31]Considerando ser um passo importante, requer à mesa para que ‘as representações (…) das Câmaras Municipais da Vila da Ri­beira-grande, e da vila de Água de Pau, da ilha de S. Miguel, pedindo a conservação do Tribu­nal da Relação naquela ilha,’ que acabara de apresentar,’ fossem ‘remetidas à comissão de reforma judiciária (…). (Diário do Governo, Março, N.º 123 [26 de Maio], p. 3.) A 1 de Junho, sempre com o Tribunal em mente, envia relatórios favoráveis à sua pretensão, para as ‘segundas leituras de requerimentos e projectos de lei.’(Diário do Governo, Março, N.º 128 [1 de Junho], p. 2) A 9 daquele mesmo mês, chegou do Ministro da Justiça os relatórios que Loureiro havia pedido ‘das presidências das Relações de Lisboa, Porto, e Açoes.’ (Diário do Governo, N.º 135, [9 de Junho] de 1852, p. 3.) A 12 de Junho, sempre no faro da questão da Relação dos Açores na cidade de Ponta Delgada, Loureiro, diz que ‘lhe constava que, estava, satisfeita a pri­meira parte do seu requerimento, achando-se aqueles relatórios na secretaria da Câmara, pedia agora à Mesa que os mandasse remeter aquela comissão. Assim se resolveu. (Diário do Governo, n.º 137, de 12 de Junho de 1852, p. 2.). A 14 de Junho, continuando com o Tribunal da Relação, requer ‘que as cópias dos relatórios dos presidentes das Relações do reino e ilhas, remetidas à secretaria da Câmara, sejam enviadas à comissão da reforma judicial, para as tomar na devida consideração.’ (Diário do Governo, n.º 138, de 14 de Junho de 1852, p. 2.) A 16, um dia antes da proposta para elevar a Ribeira Grande a Cidade, ainda e sempre por causa do Tribunal da Relação e da reforma da justiça, Loureiro, requereu ‘que  fossem  remetidos  aquela  comissão  os  relatórios dos  presi­dentes  das  Relações  do  reino  e  ilhas  adjacentes, sobre  este  importante  assumpto. (…) O requerimento ficou para segunda leitura. (Diário do Governo, n.º 140, de 16 de Junho de 1852, p. 2.)’ Mas não acabara a luta pela Relação. No mesmo Diário, na mesma página, duas colunas antes da proposta da elevação da Ribeira Grande a cidade, tendo obtido uma segunda leitura, Loureiro requereu o pedido à ‘secretaria competente,’ para que fosse ‘remetida a esta Camara a consulta do Supremo Tribunal de justiça, sobre o projeto de lei apresentado pelo ex-Ministro da Justiça, em 18 de Junho de 1850. Sendo admitido foi aprovado.’ Diário do Governo, n.º 141, de 17de Junho de 1852, p. 3.).’  

[32] O Correio Micaelense, 19 de Junho de 1852, p.1.

[33] Revista Micaelense, Ponta Delgada, 19 de Fevereiro de 1852, p. 2

[34] Cf. https://www.pgdlisboa.pt/distrito_velho/modelounidade.php?comarca=vilaporto: Era uma das quatro comarcas do Distrito Administrativo de Ponta Delgada, com a denominação. Tinha o círculo de jurados e o julgado com cabeças na Vila do Porto.

[35] António [Bonifácio Júlio] Guerra [J.M.S (José Miguel Sardica), António Bonifácio Júlio Guerra, Dicionário Biográfico Parlamentar – 1834-1910, Volume II (D-M), (coordenação Maria Filomena Mónica), 2004, pp. 376-377.

[36] Guerra, António Bonifácio Júlio, A Ilha de Santa Maria, Revista dos Açores, 14 de Janeiro de 1852, pp. 217-218; Guerra, António Bonifácio Júlio, A Ilha de Santa Maria II, Revista dos Açores, 21 de Janeiro de 1852, pp. 221-222; Guerra, António Bonifácio Júlio, A Ilha de Santa Maria III, Revista dos Açores, 28 de Janeiro de 1852, pp. 225-226; Guerra, António Bonifácio Júlio, A Ilha de Santa Maria IV, Revista dos Açores, 4 de Fevereiro de 1852 pp. 229-230.

[37] Revista Micaelense, 19 de Fevereiro de 1852, p. 1.

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